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Vigilância Epidemiológica das Infecções Bacterianas 
 
1. Microbiologia 
 
1.1. Diferença entre procariotos e eucariotos 
 
O que determina a diferença entre um ser procarioto e eucarioto é a unidade 
fundamental da vida: a célula. 
A principal diferença entre as células desses seres é a existência ou ausência 
de envoltório envolvendo o núcleo, podendo ser classificadas em eucarióticas e 
procarióticas. As células eucarióticas possuem um núcleo contendo vários 
cromossomos circundados por uma membrana nuclear. Já o nucleoide das células 
procarióticas consiste em uma molécula circular única de DNA, que não está envolto 
por uma membrana, ficando em contato direto com o citoplasma (fig. 1). Dentre os 
microrganismos, é importante saber que bactérias são procariotas e fungos são 
organismos eucariotos1, 2. 
Além dessas diferenças do núcleo, outros aspectos distinguem uma célula 
eucariótica de procariótica, tais como: 
− Células eucarióticas contêm organelas, como as mitocôndrias e os 
lisossomos, e seus ribossomos, são maiores (subunidades 60S e 40S), 
enquanto as células procarióticas são desprovidas de organelas e seus 
ribossomos são menores (subunidades 50S e 30S). 
− A maioria dos procariotos possui sua parede celular composta por 
peptideoglicano (polímero de aminoácidos e açúcares). Os eucariotos não 
possuem peptideoglicano. Estes podem ser envoltos por uma membrana 
celular flexível ou, no caso dos fungos, a parede celular é composta por 
quitina, ou ainda nos vegetais, que contêm celulose em sua parede celular. 
− A membrana celular dos eucariotos contém esteróis (colesterol) que 
aumentam sua resistência. Já os procariotos não possuem tal membrana. 
− Em bactérias, é possível encontrar moléculas circulares de DNA, 
denominadas plasmídeos, o que não ocorre em eucariotos 3. 
 
A tabela abaixo resume as principais diferenças entre as células procarióticas e 
eucarióticas: 
 
 Células procarióticas Células eucarióticas 
Envoltório nuclear Ausente Presente 
Cromossomos Único Múltiplos 
 
 
Célula Eucariótica 
Organelas Ausente Presente 
Parede Celular Peptideoglicano Quitina em fungos, 
celulose em vegetais 
Ribossomos Menores Maiores 
Membrana celular Sem esteróis Com esteróis 
Plasmídeos Presente Ausente 
 
 
 
Fig.1. Diferenças entre célula procariótica e célula eucariótica( e 
). 
 
1.2. Estrutura e classificação bacteriana 
 
1.2.1. Forma e arranjo 
As bactérias podem apresentar-se de forma esférica, chamadas de cocos, 
cilíndrica, que são os bacilos, e de espiral, os espiralados 2. 
Os cocos são redondos e podem ser encontrados em diferentes arranjos 
dependendo do seu plano de divisão: diplococos, estreptococos, estafilococos, 
tétrade e sarcina 2 (fig. 2). 
Ao contrário dos cocos, o plano de divisão dos bacilos é limitado, dividindo-se 
somente em sentido vertical. Dessa forma, são poucos seus arranjos ou 
agrupamentos: diplobacilos, que aparecem aos pares e estreptobacilos, que 
ocorrem em cadeias. Alguns bacilos são alongados, porém um pouco esféricos, 
sendo denominados de cocobacilos 2 (fig. 3). 
Bactérias espiraladas podem ter um ou mais espirais. Os vibriões são como 
vírgulas (possuem uma curvatura) e seu corpo é rígido. Os espirilos possuem mais 
Célula procariótica 
 
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1.2.3. Estruturas bacterianas e suas funções 
 
As bactérias apresentam várias estruturas essenciais para sua sobrevivência: 
 
Membrana citoplasmática 
Essa estrutura forma uma barreira responsável pela separação do meio 
interno (citoplasma) e externo, sendo vital para a célula. A membrana é composta de 
proteínas imersas em uma bicamada de lipídeos. Os ácidos graxos dos lipídeos são 
responsáveis pela condição hidrofóbica da porção interna da membrana, enquanto a 
parte hidrofílica deles fica exposta ao meio externo 2. 
A barreira é altamente seletiva, impedindo a passagem livre de moléculas e 
íons, possibilitando a concentração somente de metabólitos específicos dentro da 
célula. Além disso, a membrana citoplasmática também é responsável pela excreção 
de substâncias inúteis à célula 2. 
O transporte de substância através da membrana do meio externo para o 
interno e vice-versa ocorre com o auxílio de “proteínas de transporte de membrana”. 
O mecanismo de transporte passivo é o que envolve uma proteína transportadora e 
que ocorre sempre a favor de um gradiente, sendo denominado de “difusão 
facilitada”. Quando os solutos são transportados contra um gradiente de 
concentração e envolve gasto de energia, esse transporte é ativo. Há ainda o 
mecanismo de translocação de grupo, em que a substância é alterada quimicamente 
durante sua passagem pela membrana 2. 
A membrana citoplasmática é responsável também pela biossíntese de 
algumas macromoléculas e pela duplicação do DNA 2. 
 
Parede celular 
As bactérias possuem água em seu interior e, geralmente, a pressão 
osmótica é superior à do meio externo. Devido a isso, se não fosse à parede celular, 
as bactérias estourariam. Além disso, a manutenção da forma bacteriana deve-se a 
essa estrutura. A parede celular também desempenha um papel importante na 
divisão celular 2. 
As paredes de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas apresentam 
diferenças marcantes. A parede das Gram-negativas é mais complexa que a parede 
das Gram-positivas que, apesar de mais espessa, apresenta predominantemente 
um único tipo de macromolécula, o peptideoglicano 2.complicações, quando diagnosticadas, apresentam-se como: meningite, 
colecistite aguda, Síndrome de Guillain–Barre (mais rara, com sintomas de fraqueza 
muscular, podendo se tornar paralisia) 30 e aborto séptico. As vias de transmissão 
são alimentos mal cozidos como carne de frango e leite, e contato com animais 
como: gado, moscas, entre outros que estejam contaminados, como filhotes de 
cachorros e gatos, além da água (fig. 31). A incubação é de 2 a 5 dias após a 
contaminação 2, 29. 
 
É necessário notificar à Vigilância Epidemiológica Municipal, em caso de surtos 
29. 
 
 
Fig. 31. Transmissão de bactérias do gênero Campylobacter através de moscas 
 
(). 
 
1.9. Patologias causadas por bacilos Gram-negativos 
 
1.9.1. Familia Enterobacteriaceae 
Na maioria das bactérias desta família há presença de flagelos e diferentes 
tipos de fímbrias. São anaeróbios facultativos e estão entre os principais agentes 
patogênicos de infecção hospitalar e intestinal 2. 
 
1.9.2. Escherichia coli 
 Existe a E. coli que habita o intestino humano e de vários outros animais, e a 
patogênica, que provoca infecções. As patogênicas apresentam grupos como: E. coli 
enteropatogênica, E. coli enteroemorrágica, E. coli enteroinvasora, E. coli 
enteroagregativa, E. coli enteroxigênica e a E. coli que provoca infecções 
extraintestinais 2 (figs. 32 e 33). 
Em humanos provoca: 
• A E. coli patogênica tem origem intestinal, faz migração por vários órgãos até 
atingi-los produzindo toxinas, causando: pielonefrite, infecção urinária, 
gastroenterite, cistite (infecção da bexiga), meningite, bacteremia, 
septicemias, diarreia infantil com presença de muco, em que a criança pode 
sofrer desidratação e apresentar febre, deixando sequelas ou levando, em 
alguns casos, à morte. Isso acontece quando a doença torna-se mais severa 
2,31. 
 
 
Fig. 32. E. coli patogênica (). 
 
 
 
Fig. 33. A seta indica as fímbrias 
(). 
 
• Essa bactéria não atinge apenas os humanos, provoca colibacilose em 
suínos, enterite do desmame, causando diarreia anorexia e febre, ambas 
levando leitões à morte; doença entérica em bovinos; ovinos apresentam 
colibacilose entérica e bacteriâmica e, quando menos severas, provocam 
menigite e artrite. Provoca abortos em equinos, bacteremia em filhotes 
caninos e felinos, a colibacilose atinge também as aves, com presença da 
chamada diarreia viária, devido à inalação de poeira e fezes contaminados 32. 
• Vias de transmissão: hospitais com uso de cateteres, mãos, objetos e 
alimentos contaminados fecal-oral. As mulheres são as mais suscetíveis, 
devido à proximidade da uretra com o ânus 2. 
• Reservatório: humanos e animais como ovinos e bovinos. 
• Diagnóstico: exame de urina e fezes. Em caso de surtos é necessário notificar 
a Vigilância Epidemiológica Municipal 31. 
 
1.9.3. Salmonella 
Essa bactéria não fermenta lactose, algumas são imóveis, outras, porém, 
possuem flagelos. As espécies pertencentes a este grupo são: S. entérica e S. 
bongori, entres outras 2 (fig. 34). 
 
 
 
Fig. 34. Salmonella entérica (). 
 
As Salmonellas podem provocar: 
 
• Gastroenterites, a famosa intoxicação alimentar, que atinge a mucosa 
intestinal com infecção aguda, diarreia, náuseas, dor de cabeça, febre e 
vômitos, dores abdominais. Os sintomas podem apresentar de 12 a 72 horas 
após a contaminação 2, 33. 
• Febre tifoide: infecção sistêmica que tem início na mucosa intestinal. Causa 
febre prolongada, dores de cabeça e incômodo abdominal. Em alguns casos, 
há perfuração do intestino delgado, sendo uma das formas mais severas. As 
pessoas mais suscetíveis são as crianças 2. 
• A Salmonella faz parte do trato natural de aves e de vários outros animais, 
com isso a contaminação do ovo é facilitada, dentro do ovário da galinha ou 
quando se quebra a casca e contamina gema e clara. Devido a este risco, o 
ovo é considerado principal alimento responsável pela salmonelose 33. 
• Essa doença pode levar a óbito pessoas mais suscetíveis, como grávidas, 
crianças, idosos e imunocomprometidos, que adquirem essa doença e não 
passam por tratamento adequado, devido à severidade com que podem ser 
atingidos 33. 
• Vias de transmissão: alimentos crus, carnes, ovos, leite mal preparados. 
• Prevenção: hábitos higiênicos corretos no tratamento de aves, refrigeração 
correta de ovos e verduras que também podem estar contaminados. Lavar 
bem as mãos ao entrar em contato com ovos crus e realizar o cozimento 
correto dos alimentos 33. 
• Diagnóstico: exames laboratoriais para identificar a colônia isolada e o 
tratamento. Quando são casos mais graves como febre tifoide, são utilizados 
antibióticos 2. 
 
1.9.4. Shigella 
 
A
principa
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sonnei 
E
aquosa
aquosa
serem 
sinais 
devido 
gênero
 
 
 A
prepara
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2 (fig. 35).
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Fig. 35
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outros 
 
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eamento 
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ospitais 
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Fig.37. Falta de saneamento básico, disseminação da doença 
Foto A – . 
Foto B – . 
 
 Prevenção: higiene pessoal, tratamento da água, controle dos vetores e 
principalmente educação e conscientização da população 34. 
 A incubação é de 12 a 48 horas e o tratamento em casos leves, é a reposição 
de líquido, e em casos mais severos, utilização de antibióticos 2. 
 
1.10. Patologias causadas por bacilos Gram-positivos 
 
1.10.1. Gênero Clostridium 
 Bactérias desse gênero são esporuladas. Seu habitat natural é o solo e o 
intestino. Algumas são anaeróbias obrigatórias e outras aerotolerantes 2. 
 
1.10.2. Clostridium perfringens 
 Essas bactérias produzem toxinas letais para os animais e enterotoxinas, 
responsáveis por causar diarreia no homem. Formam esporos, habitam o trato 
intestinal de humanos e animais e também são encontradas no solo 2, 35 (fig. 38). 
 
A B 
 
 
Fig. 38. Clostridium perfringens (). 
 
Clostridium perfringens pode provocar: 
 
• Gangrena gasosa: devido à sua toxidade destroem músculos, considerada 
uma infecção rápida, está associada a traumas de cirurgias, corpos estranhos 
e infecções associadas com outros agentes patogênicos 2. 
• Toxinfecção alimentar: apresenta diarreias. Em casos graves pode causar 
enterite necrótica 2, 35. 
• Vias de transmissão: alimentação contaminada, com incubação de 6 a 24 
horas após a ingestão desses alimentos2, 35. 
• Prevenção: é necessária a refrigeração adequada dos alimentos, 
principalmente se o consumo não for imediato 2. 
• Tratamento: hidratação e, em casos mais graves, utilizar antibióticos. Em 
caso de surtos é necessário notificar a Vigilância Epidemiológica Municipal 34. 
 
1.10.3. Clostridium botulinum 
 Essas bactérias apresentam esporos ovais subterminais, são anaeróbias. Seu 
habitat natural é o solo, poeira e sedimentos marinhos. Em produtos frescos e 
industrializados, produz toxina botulínica, uma das mais potentes que se conhece. 
Assim, causam o botulismo, sendo considerada uma doença de alta letalidade 2 (fig. 
39). 
 A toxina tem ação no sistema nervoso, sendo considerada um veneno 
biológico. Bloqueia as transmissões neuromusculares e paralisa a musculatura 
fazendo com que a haja dificuldade na respiração, levando então à morte por parada 
cardiorrespiratória 2. 
 Quando há colonização no intestino ou se ingere alimentos com a toxina 
botulínica pré-formada, essa toxina chega à corrente sanguínea, causando paralisia 
aguda flácida, alterando a liberação de acetilcolina, que é um neurotransmissor 2. 
 Outros sintomas que podem ser citados são: mudança na voz, alteração na 
visão, dificuldade de movimento, entre outros. No início da doença, pode apresentar 
diarreia e vômito 36. 
 
 
 
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1.10.4.
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Fig. 40. 
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Pode provocar: 
 
• Hipertonias musculares como: masseteres que provocam o riso sardônico, 
pescoço, retos abdominais, paravertebrais ocasionando opistóteno e 
diafragma gerando insuficiência respiratória 2. 
• Os estímulos visuais, auditivos e táteis também são prejudicados, gerando 
espasmos que podem ser desencadeados pela luz, sons e movimentos. A 
evolução desses espasmos pode levar o paciente a uma parada respiratória 
ou fratura de vértebras 2. 
• Outras manifestações são as arritmias cardíacas, taquicardia, hipotensão ou 
hipertensão arterial 38, 39. 
• Vias de transmissão: os esporos entram no organismo por ferimentos (fig. 
41). Eles germinam e produzem a exotoxina tetanospasmina, que atinge o 
sistema nervoso central 2. 
 
 
Fig. 41. Ferimento, porta de entrada para o tétano (). 
 
• Prevenção: a principal é a vacinação (tríplice) 2. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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2003. 
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. Acesso em: 15 mai. 2010. 
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. Acesso em: 05 mai. 2010. 
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34. SOCIEDADE BRASILEIRA de Infectologia. Shigelose. Disponível em: 
. Acesso em: 07 mai. 2010. 
35. CENTRO DE VIGILÂNCIA Epidemiológica (CVE). Clostridium perfringes: 
intoxicação alimentar. Disponível em: 
. Acesso em: 07 mai. 2010. 
36. CENTRO DE VIGILÂNCIA Epidemiológica (CVE). Clostridium botulinum: 
botulismo. Disponível em: . 
Acesso em: 07 mai. 2010. 
37. BOTULISMO: características gerais. Disponível em: 
. 
Acesso em: 07 mai. 2010. 
38. CARVALHO, Cláudio A. R. Tétano. Disponível em: 
. Acesso em: 07 mai. 2010. 
39. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA em Saúde (SVS). Guia de vigilância 
epidemiológica. Brasília, 2005. Disponível em: 
. Acesso 
em: 07 mai. 2010.O peptideoglicano é formado pelo conjunto de macromoléculas que são 
formadas pela ligação de N-acetilglicosima (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM). 
A este último, encontram-se ligadas cadeias laterais de tetrapeptídeos (CLT). A todo 
esse conjunto chamamos de muropeptídeo. O conjunto de vários muropeptídeos 
forma uma estrutura como se fosse uma “rede”, que é o peptideoglicano, conferindo 
rigidez à parede celular 2. 
 
Protoplastos e esferoplastos 
 
 O peptideoglicano pode ser hidrolisado pela ação de uma enzima chamada 
lisozima, também encontrada em secreções dos animais como lágrimas, saliva, 
muco nasal, entre outros, ou no citoplasma de células fagocitárias. Essa enzima 
rompe as ligações glicosídicas entre o NAG e o NAM, destruindo, 
consequentemente, a parede celular 2, 4. 
Desprovidas de parede, as bactérias Gram-positivas transformam-se em 
“protoplastos” (formas esféricas), ficando extremamente vulneráveis às variações da 
pressão osmótica. A mesma coisa ocorre com as bactérias Gram-negativas, 
transformando-se em “esferoplastos”, porém nestas é conservada a membrana 
externa 4. 
A ação do antibiótico penicilina conduz ao mesmo efeito, porém não por 
destruir o peptideoglicano, mas por inibir sua síntese durante o crescimento 
bacteriano 4. 
 
1.2.3.1. Componentes da parede celular de bactérias Gram-positivas: 
 
Nas bactérias Gram-positivas, 70 a 75% da parede são compostos de 
peptideoglicano. Apresentam também ácidos teicoicos, ligados ao peptideogliano e 
os ácidos lipoteicoicos, ligados à membrana citoplasmática. Esses ácidos facilitam a 
ligação e a regulação da entrada e saída de cátions nas células, regulam a atividade 
das autolisinas, que são enzimas que atuam no peptideoglicano no sentido de 
romper seus componentes em pontos específicos, permitindo assim a inserção de 
novos muropeptídeos, permitindo o crescimento da bactéria. Os ácidos teicoicos 
também constituem sítios receptores de bacteriófagos, também conhecidos como 
fagos (vírus que infectam bactérias) e servem de sítio de ligação com o epitélio do 
hospedeiro em algumas bactérias patogênicas. Ainda constituem, graças a sua 
localização na célula, importantes antígenos celulares, tornando possível a 
identificação sorológica de muitas bactérias Gram-positivas 2 (fig. 5). 
 
1.2.3.2. Componentes da parede celular de bactérias Gram-negativas: 
 
A parede celular destas bactérias apresenta uma camada menos espessa de 
peptideoglicano, mas é mais complexa 2. Possuem membrana externa, formada por 
dupla camada lipídica. Na parte interna possui uma camada composta basicamente 
de fosfolipídeos e uma externa contendo lipopolissacarídeos e proteínas 2. 
Os Lipopolissacarídeos (LPS) são constituídos de um lipídeo complexo 
(lipídeo A), ao qual está ligado um polissacarídeo chamado antígeno O, que é 
responsável pela característica antigênica em bactérias Gram-negativas. O LPS é 
tóxico, provocando muitas vezes respostas fisiológicas, como febre em animais, 
incluindo o homem 2. 
A membrana externa é um mosaico fluido, com um conjunto de proteínas 
imersas na matriz lipídica. As principais proteínas e suas funções são: 
 
 
a) Porinas: proteínas triméricas que permitem a entrada de solutos de forma 
passiva desde que sejam do mesmo tamanho de seus poros 2. 
b) Proteínas da membrana externa: também estão envolvidas no transporte de 
alguns solutos, além de funcionarem como receptores da fímbria sexual e de 
fagos 2. 
c) Lipoproteínas: proteínas com função estrutural, que ligam o peptideoglicano à 
membrana externa, fazendo uma ponte entre os dois componentes 2. 
 
A membrana externa confere algumas vantagens às bactérias Gram-
negativas, como evasão destas bactérias à ação de células fagocitárias. Age 
também como uma barreira adicional à entrada de algumas substâncias como: 
antibióticos, detergentes, metais pesados, alguns corantes, entre outras. Mas não 
constitui barreira para todas as substâncias do meio, assim, ela age com uma 
permeabilidade parcialmente seletiva, que se deve, sobretudo, às porinas 2. 
Espaço periplasmático é o espaço compreendido entre as membranas 
externa e citoplasmática 2. Além do peptideoglicano, contém uma série de enzimas e 
proteínas, tais como: 
 
a) Enzimas hidrolíticas (proteases, nucleases, lipases) são responsáveis pela 
quebra de macromoléculas, às quais a membrana citoplasmática é 
impermeável, produzindo moléculas menores para que possam entrar para o 
interior da célula 2. 
b) Enzimas capazes de inativar drogas, tornando as células resistentes a elas. 
c) Proteínas transportadoras de solutos, que participam do transporte de 
substâncias para o interior das células 2 (fig. 6). 
 
 
Fig. 5. Parede celular de bactéria Gram-positiva 
(). 
 
 
 
Fig. 6. Parede celular de bactéria Gram-negativa 
(). 
 
Algumas bactérias não possuem parede celular, como os Micoplasmas, ou 
sua composição não é de peptideoglicano, como as Arqueobactérias 2. 
 
Cápsulas 
Vários procariotos sintetizam polímeros orgânicos que são depositados para 
fora da parede. A cápsula é restrita a uma camada que fica ligada à parede celular 
como um revestimento externo de extensão limitada e estrutura definida 2. 
Apesar de não essenciais à vida das células, as cápsulas desempenham 
papéis muito importantes para as bactérias: 
 
a) Reservatório de água e nutrientes: devido a serem formadas por 
macromoléculas muito hidratadas, servem como proteção contra dessecação 
do meio e podem ser fonte de nutrientes 2. 
b) Aumento da capacidade invasiva de bactérias patogênicas: devido a 
escaparem da ação de fagócitos 2. 
c) Aderência: as cápsulas possuem receptores específicos que servem como 
sítios de ligação com outras superfícies, facilitando a formação de biofilmes, 
que são aglomerados microbianos 2. 
d) Aumento da resistência microbiana a biocidas: pois os biofilmes tornam-
se mais resistentes à ação destes 2. 
 
Flagelos 
A principal função dos flagelos é permitir a locomoção das bactérias. São 
formados por uma estrutura basal, um gancho e um longo filamento externo à 
membrana. O filamento é composto por uma única proteína: a flagelina 2. 
A localização (polares ou peritríquios) e o número de flagelos são utilizados 
na classificação das bactérias em certos grupos taxonômicos 2. 
 
O movimento que algumas bactérias realizam, estimuladas por fatores físicos 
ou químicos, é chamado de taxia 2. 
Há ainda o endoflagelo, que está localizado internamente na célula, 
conferindo a esta um movimento de contração, semelhante ao movimento dos 
espiroquetas 2. 
 
Fímbrias ou pili 
Estruturas filamentosas não relacionadas à mobilidade e sim à adesão da 
bactéria na célula do hospedeiro. Outra função do pili é a transferência de material 
genético de uma bactéria para outra através de um processo chamado “conjugação” 
5. 
 
Plasmídeos 
 Algumas bactérias podem ter situados no seu citoplasma os plasmídeos, 
moléculas de DNA circulares extracromossomais cujos genes não determinam 
características essenciais às bactérias, contudo, conferem vantagens seletivas às 
células que os possuem, como a resistência aos antibióticos. Os plasmídeos são 
capazes de autorreplicação, independentemente da replicação cromossômica da 
bactéria e podem existir em número variável 2. 
 
Esporos bacterianos 
Os esporos bacterianos, denominados endósporos, são estruturas formadas 
por algumas bactérias Gram-positivas, sobretudo quando o meio se torna carente de 
água ou de nutrientes essenciais. São altamente resistentes aos agentes físicos e/ 
ou químicos 2. 
O processo de formação do esporo dentro de uma célula vegetativa é 
chamado de esporogênese. Bactérias capazes de esporular são mais comumente 
encontradas no solo 2. 
Assim, a formação do esporo em bactérias é um tipo de diferenciação celular 
que ocorre como resposta a uma situaçãodesfavorável do meio ambiente. 
 
1.2.4. Nutrição 
 
O objetivo de toda bactéria é crescer e multiplicar. A perpetuação das 
bactérias é garantida pela divisão, mas para se dividirem elas precisam 
primeiramente crescer. 
O crescimento de uma bactéria é garantido pelo aumento de suas estruturas, 
que crescem devido ao aumento de proteínas, provenientes dos nutrientes e de seu 
metabolismo. 
Os macronutrientes totalizam 90% dos constituintes das bactérias (dentre as 
massas secas). Dentre estes, a principal fonte é o carbono. Dependendo da 
 
capacidade de nutrir-se de fontes orgânicas ou inorgânicas, as bactérias podem ser 
heterotróficas ou autotróficas respectivamente 2. 
Para as autotróficas, a única fonte de carbono é o CO2 ou o íon bicarbonato, a 
partir dos quais conseguem sintetizar destes compostos inorgânicos todos os 
compostos orgânicos de que necessitam 2. 
As heterotróficas exigem fontes orgânicas de carbono, como os carboidratos, 
lipídeos, aminoácidos, álcoois, até mesmo amido e celulose podem ser utilizados. 
Os elementos químicos oxigênio e hidrogênio geralmente fazem parte dos 
compostos orgânicos 2. 
O nitrogênio é outro nutriente essencial às bactérias. Suas fontes podem ser 
divididas em três categorias. Algumas bactérias retiram o nitrogênio diretamente da 
atmosfera (N2) e o converte em nitrogênio orgânico. A maioria das bactérias utiliza 
compostos inorgânicos de nitrogênio, principalmente sais de amônio e 
ocasionalmente nitratos e raramente nitritos. Outras bactérias exigem fontes 
orgânicas de nitrogênio, representadas por um número variável de aminoácidos. De 
modo geral, a adição de aminoácidos favorece o crescimento de bactérias 
heterotróficas 2. 
O enxofre faz parte de alguns aminoácidos e vitaminas, também complexa-se 
com determinadas proteínas 2. 
O fosfato tem atuação estrutural, propiciando formação de ligações ricas em 
energia. 
Além desses macronutrientes, as bactérias utilizam como fonte de nutrientes 
os micronutrientes, como o cobre, cobalto, zinco, manganês, sódio, entre outros. O 
papel de cada micronutriente não é tão bem conhecido, dadas às dificuldades de 
seu estudo 2. 
 
Observações: 
 
Fatores de crescimento: são compostos orgânicos indispensáveis às bactérias, 
mas que elas não conseguem sintetizar, retirando estes fatores do meio para que 
possam crescer. Muitos desses fatores são vitaminas, principalmente do complexo 
B, aminoácidos, nucleotídeos e ácidos graxos. Quando um microrganismo exige um 
determinado fator, seu crescimento será limitado pela quantidade deste fator 
presente no meio. Assim, seu crescimento será proporcional ao teor do composto 
limitante 2, 6. 
 
Fermentação: processo metabólico para obtenção de energia que ocorre em meio 
anaeróbio, por não necessitar de oxigênio. Neste processo, as bactérias 
transformam alguns substratos, como glicose, em piruvato, que depois é 
transformado em algum outro produto, como álcool e lactato 7. 
 
Água: não constitui um nutriente, mas é absolutamente indispensável para o 
crescimento das bactérias. Estas nutrem-se pela passagem de substâncias em 
 
solução através da membrana citoplasmática, o que é mediado pela água,que ainda 
proporciona a regulação da pressão osmótica e a regulação térmica da bactéria 2. 
 
1.2.4.1. Meios de culturas 
Nos laboratórios, o crescimento de bactérias é conseguido pela semeadura 
destas em “meios de cultura”. A composição destes meios deve atender aos 
princípios dos nutrientes citados no item anterior. 
Em meios de cultura é possível visualizar as bactérias a olho nu devido à 
formação de “colônias”, que se formam através de sua multiplicação (fig. 7). 
Há diversos tipos de meios de cultura que irão variar conforme a necessidade 
nutricional de cada tipo de bactéria. Por exemplo, um meio de cultura para bactérias 
heterotróficas não é ideal para o crescimento de bactérias autotróficas 2, 6. 
Basicamente, existem dois grandes grupos de meios de cultura: os 
sintéticos, cuja composição química é totalmente conhecida, e os complexos, cuja 
composição química não é inteiramente conhecida 6. 
Há também os meios seletivos e diferenciais. Os seletivos são aqueles 
cujas suas características impedem o crescimento de determinados microrganismos 
e favorecem o crescimento de outros. Essa seletividade depende, muitas vezes, da 
adição de algum composto inibidor dos microrganismos indesejáveis. Por exemplo: 
em um meio de cultura aonde deveram ser estudadas somente as bactérias Gram-
positivas, deverão ser eliminadas as bactérias Gram-negativas. Isso é possível 
através da adição de azida sódica, que inibe o crescimento das Gram-negativas 2. 
Os meios diferenciais são aqueles que conferem características especiais às 
colônias, sendo possível diferenciá-las. Por exemplo: em uma mesma cultura é 
possível diferenciar bactérias fermentadoras de lactose das não-fermentadoras, 
através de um indicador que é adicionado ao meio de cultura 2. 
 
 
Fig. 7. Colônias de Salmonella sp em meio de cultura seletiva Oxoid Xylose Lactose Tergitol™ 
4 (XLT-4) Agar (). 
 
 
 
1.2.4.2. Crescimento bacteriano2 
1)O crescimento individual de uma bactéria requer observações cuidadosas, 
pois o processo de crescimento é rápido se comparado aos organismos 
multicelulares. Apesar de o aumento em tamanho ser uma característica de 
crescimento, não é uma condição suficiente, pois uma bactéria acumulando 
substâncias, por exemplo, não está crescendo 2. 
O crescimento ocorre devido aos processos metabólicos progressivos, que 
depois conduzem à divisão (reprodução). A divisão bacteriana ocorre, na grande 
maioria, por divisão binária, quando uma célula mãe origina duas células filhas 
idênticas. Entretanto, algumas espécies formam brotos que crescem até atingir o 
tamanho da célula-mãe e, então, destacam-se 2. 
2)O crescimento da populacional das bactérias pode ser observado em meios 
de cultura. Esse crescimento é dividido em fases e observado em uma curva de 
crescimento (fig. 8): 
 
a) Fase lag: nesta fase, bactérias estão se adaptando ao meio de cultura e , por 
isso, praticamente não ocorre divisão celular. 
b) Fase log ou exponencial: fase de aumento da população, em que a divisão 
ocorre a uma velocidade máxima e constante. 
c) Fase estacionária: velocidade da multiplicação diminui. A taxa de 
crescimento nesta fase é igual à taxa de morte. Essa diminuição no 
crescimento populacional pode ser, principalmente, por falta de nutrientes e 
mudanças no meio de cultura, devido aos produtos de excreção. 
d) Fase de declínio ou de morte: A taxa de morte nesta fase é maior que a de 
crescimento 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 8. Curva de crescimento bacteriano (QUEIROZ, Alexandre). 
 
1.2.5. Oxigênio atmosférico 
 
Lag 
Log 
Estacionária 
Morte 
Tempo 
 
O oxigênio atmosférico também não é um nutriente, mas funciona como receptor 
final de hidrogênio nos processos de respiração aeróbia. As bactérias têm 
comportamentos diferentes na presença de oxigênio livre, assim podemos classificá-
las 2: 
a) Aeróbias: exigem a presença de oxigênio livre. 
b) Microaerófilas: exigem oxigênio em pequena quantidade, não tolerando 
pressões normais de O2 atmosférico. 
c) Anaeróbias estritas: morrem rapidamente na presença de oxigênio livre. 
d) Anaeróbias não estritas: não utilizam o oxigênio atmosférico, mas este não 
é tóxico a elas. 
e) Facultativas: podem crescer tanto na presença quanto na ausência de 
oxigênio livre 2. 
 
1.2.6. Temperatura 
A absorção de nutrientes está intimamente ligada à temperatura ótima das 
bactérias, relacionando-se também ao crescimento e desenvolvimento das culturas 
2. As bactérias podem ser: 
a) Psicrófilas: crescem melhor entre temperaturas de 0°C a 18°C. 
b) Mesófilas: crescem melhor entre temperaturas de 25°C a 40°C. 
c) Termófilas: crescem melhor entre temperaturas de 50°C a 80°C. 
 
1.3. Métodos de controles microbiológicos 
 
O maior interesse para praticaro controle microbiano é inibir a propagação de 
agentes patogênicos entre os homens e os animais e evitar a contaminação de 
alimentos. Para isso, são empregados métodos de controle microbiológicos que 
podem ser por agentes químicos ou físicos. É importante citar alguns conceitos 
antes de falarmos dos agentes de controle microbiológico: 
 
 Definição 
Esterilização 
Processo de destruição, inativação definitiva e/ou remoção de 
todas as formas de vida de um objeto ou material, incluindo os 
esporos. 
Desinfecção Eliminação de microrganismos na forma vegetativa, em um 
material inanimado (detergentes). 
Antissepsia Desinfecção química da pele, mucosa ou tecidos vivos 
(destruição de patógenos vegetativos em tecidos vivos). 
Assepsia Conjunto de técnicas utilizadas para impedir a penetração de um 
 
microrganismo em um determinado local. 
Degerminação Remoção mecânica de microrganismos de uma área limitada. 
Microbicida Agente físico ou químico capaz de matar bactérias, fungos, vírus 
e esporos. 
Microbiostático Agente físico ou químico capaz de inibir a multiplicação de 
fungos e bactérias. 
 
1.3.1. Agentes físicos 
 
Os principais agentes físicos que promovem o controle microbiano são: 
temperatura, radiação, filtração, dessecação, entre outros. 
 
a) Temperatura: pode-se utilizar temperaturas altas ou baixas como método de 
esterilização e/ou desinfecção. 
 
Alta (calor): uso disseminado desde épocas remotas, correspondendo ainda 
a um dos agentes físicos mais práticos e eficientes para a esterilização e/ou 
desinfecção. Louis Pasteur empregou o uso do calor para fazer a primeira 
pasteurização, em 1864. 
O calor pode dividir-se em duas formas: calor úmido e calor seco. Dentre 
suas vantagens, podemos ressaltar o emprego de basicamente dois 
parâmetros a serem controlados: o tempo e a temperatura. A desvantagem 
deste método é que seu uso é limitado, ou seja, pode ser utilizado somente 
em objetos resistentes ao calor. 
O calor atua nos microrganismos oxidando ou desnaturando suas proteínas e 
compostos celulares, ou seja, essas moléculas perdem sua estrutura e 
capacidade funcional. 
 
• Calor úmido: age desnaturando proteínas e ácidos nucleicos, podendo 
também romper membranas. 
– Água fervente a 100° C (10 min.): mata microrganismos na forma 
vegetativa, mas requer em torno de 5 horas para eliminar esporos. 
– Água aquecida ou pasteurização ( 100°C): realiza a esterilização a 121°C (15 min.), sendo 
capaz de eliminar também esporos. 
• Calor seco: seu mecanismo principal é a oxidação de compostos 
celulares. 
 
– Fornos ou estufas: são bastante utilizados em vidrarias e demais 
materiais. São menos eficientes que as autoclaves e requerem mais 
tempo. 
– Flambagem: muito utilizado para esterilizar alças de platina em 
laboratórios diretamente na chama do fogo, queimando os 
microrganismos. 
– Incineração: queima dos microrganismos até se tornarem cinzas 2, 8. 
 
Baixa (frio): a baixa temperatura age como microbiostático, pois reduz o 
metabolismo das bactérias e pode ocasionar possíveis alterações nas 
proteínas. A refrigeração e o congelamento profundo são muito utilizados 
para conservação de alimentos e drogas 2, 8. 
 
b) Radiação: terá seu efeito dependente do comprimento de onda, da 
intensidade, da duração e da distância da fonte. Existem dois tipos: as 
ionizantes e as não-ionizantes 2, 8. 
 
• Ionizantes: raio-X e radiações gama, que possuem comprimento de onda 
mais curto e de altíssima energia e penetrabilidade. Agem promovendo a 
ionização de átomos, fazendo-os perderem elétrons, gerando radicais 
livres extremamente reativos, que podem destruir até mesmo o DNA 2, 8. 
 
• Não-ionizantes: possuem comprimento de onda mais longo e a mais 
empregada é a luz ultravioleta (UV). Agem formando dímeros de 
pirimidinas (timina), que alteram a replicação do DNA no momento da 
reprodução. A desvantagem do uso deste método é a baixa 
penetrabilidade, não atravessando vidros, filmes sujos e outros materiais, 
além de seu efeito poder ser revertido por eventos de fotorreativação, ou 
seja, enzimas de reparo das bactérias podem ser ativadas pela luz 2, 8. 
 
c) Filtração: atua impedindo a passagem de microrganismos através de filtros, 
que possuem poros suficientemente pequenos capaz de retê-los. É eficiente 
na remoção de bactérias e fungos, deixando passar, entretanto, a maioria dos 
vírus. Método muito empregado na esterilização de soluções termossensíveis 
(vacinas, antibióticos) e na entrada de salas ou ambientes hospitalares e 
laboratoriais, por exemplo 2, 8. 
 
d) Dessecação: o método mais empregado de dessecação é a liofilização, no 
qual a água é totalmente dessecada, impedindo o desenvolvimento dos 
microrganismos, sendo por isso, microbiostático. Entretanto, quando a água é 
novamente reposta, os microrganismos readquirem a capacidade de 
crescimento 2, 8. 
 
 
Além desses principais, há outros métodos físicos utilizados no controle 
microbiano, como: micro-ondas, osmoralidade (muito empregado para o controle 
microbiológico de doces e compotas), vácuo e pressão de oxigênio. 
 
1.3.2. Agentes químicos 
 
 Na metade do século XIX, o médico Ignatz Semmelweiss institui a lavagem 
das mãos na maternidade em que atuava com hipoclorito de cloro, pois percebera 
que as constantes mortes das gestantes poderiam estar relacionadas com algo que 
as mãos dos médicos traziam, uma vez que estes realizavam autópsias e partos 
sem lavar as mãos de um para outro. Entretanto, ainda não se sabia da existência 
dos microrganismos, o que levou aos médicos que trabalhavam com Semmelweiss a 
não acreditarem que as mortes das gestantes estariam relacionadas com as mãos 
deles. 
 Em 1865, Joseph Lister iniciou uma nova era no campo da cirurgia, pois 
começou a utilizar ácido carbólico (fenol) como um agente antisséptico para a 
higienização das mãos, o que reduziu o número de mortes por infecções pós-
operatórias. 
 O processo de esterilização por agentes químicos vem sendo cada vez mais 
amplamente utilizado. Os agentes químicos agem em alvos letais da bactéria, como: 
altera a permeabilidade da membrana, inibe seu metabolismo, desnatura proteínas e 
pode inibir síntese de ácidos nucleicos. Abaixo serão citados os principais agentes 
químicos 2, 8: 
 
a) Álcoois – seus principais grupos são: etanol e isopropanol. Seu mecanismo 
de ação é desnaturar proteínas e causar lesão na membrana citoplasmática, 
devido a serem solventes lipídicos. São usados como desinfetantes e 
antissépticos e agem sobre células vegetativas de fungos, bactérias e vírus 
com envelope lipídico 2, 8. 
 
b) Fenóis e derivados – seus principais grupos são: fenol, cresol (criolina), 
timol e derivados halogenados. Seu mecanismo de ação é causar lesão na 
membrana citoplasmática e desnaturar proteínas. São usados como 
desinfetantes e antissépticos, agindo como bactericidas ou bacteriostáticos 
(incluindo Micobactérias – responsáveis pela tuberculose), fungicidas ou 
fungistáticos e viricidas 2, 8. 
 
c) Aldeídos e derivados – seus principais grupos são: formaldeído e 
glutaraldeído. Seu mecanismo de ação é a destruição de proteínas 
(incluindo enzimas) e ácidos nucleicos. São usados como desinfetantes e 
esterilizantes, capazes de aniquilar até mesmo esporos. Estes agentes são 
altamente perigosos à saúde humana dependendo das concentrações e 
tempo de exposição 2, 8. 
 
 
d) Halogênios e derivados – seus principais grupos são: iodo e cloro. Seu 
mecanismo de ação é a oxidação de componentes celulares e inibição da 
função de proteínas. São usados como antissépticos e desinfetantes. Agem 
como bactericidas, fungicidas e viricidas e também sobre algumas 
micobactérias 2, 8. 
 
e) Biguanidas – seu principal grupo é a clorexidina, que é antisséptico e atua na 
alteração da permeabilidade citoplasmática, desnaturaproteínas e inibe o 
metabolismo (glicólise). Dependendo de sua concentração pode ser 
microbicida ou microbiostático 2, 8, sendo um dos agentes químicos que mais 
se aproximam das características de um agente químico ideal. 
 
f) Agentes de superfície – os principais são os sabões e os detergentes. Estes 
agentes realizam uma interação química com as estruturas celulares, lisando 
a membrana citoplasmática e desnaturando proteínas, além remover 
mecanicamente os microrganismos. Agem como descontaminantes, 
desinfetantes e antissépticos 2, 8. 
 
g) Conservantes químicos dos alimentos – seus principais grupos são o ácido 
sórbico e o propionato de cálcio. Agem na interferência do metabolismo e 
na membrana citoplasmática como microbiocidas e microbiostáticos. São 
utilizados principalmente em pães, queijos e refrigerantes 2, 8. 
 
h) Quimioesterilizantes gasosos – óxido de etileno, que inativa as proteínas, 
enzimas e ácidos nucleicos promovendo esterilização. Muito utilizado para 
esterilizar ambientes como hospitais e espaçonaves 2, 8. 
 
i) Peroxigênios – principais grupos são ozônio e peróxido de hidrogênio. 
Realizam oxidação de compostos orgânicos, através de desinfecção ou 
antissepsia. São muito utilizados em água de piscinas e limpeza de 
ferimentos 2, 8. 
 
j) Metais pesados – prata, mercúrio e cobre. Desnaturam enzimas e possuem 
efeitos microbicidas. Utilizados para infecções oculares gonocócicas (nitrato 
de prata) e desinfecção de pele 2, 8. 
 
1.4. Mecanismo de variação genética bacteriana 
 
É graças à variação genética que existem indivíduos com características tão 
distintas e é devido a ela que podemos estudar e observar o processo de evolução 
biológica de todo organismo vivo, dada pelas alterações sofridas no seu material 
genético. Além disso, a variabilidade genética permite a seleção natural daqueles 
 
indivíduos mais adaptados, uma vez que fatores de adaptação, como resistência a 
antibióticos, são passados através de mecanismos que serão citados mais abaixo 2. 
A informação contida no material genético está codificada na grande maioria 
dos organismos, pelo ácido desoxirribonucleico (DNA), e em alguns vírus pelo ácido 
ribonucleico (RNA) 2. 
O DNA das bactérias é uma macromolécula em forma de fita dupla circular, 
medindo em torno de 1,1 mm, altamente empacotado e dobrado para se manter 
dentro da célula, que mede em torno de 1 a 2 µm de comprimento 2. 
A variabilidade genética pode ser proporcionada por mecanismos que alteram 
o DNA: mutações e transferência genética horizontal. 
 
1.4.1. Mutações 
 São alterações químicas ou físicas que ocorrem na molécula de DNA 
deixando-a diferente da original. Podem ser ocasionadas por agentes físicos ou 
químicos chamados mutagênicos ou agentes genotóxicos. As mutações podem ser 
ainda espontâneas, causadas por erro durante a replicação do DNA, ou induzidas, 
causadas quando o organismo é exposto à ação de um agente genotóxico 2. Tipos 
de mutações que podem ocorrer nos genes: 
 
a) Mutação pontual: quando ocorre a substituição dos pares de base no DNA. 
Existem dois tipos de substituição: a transição, quando ocorre a substituição 
de uma pirimidina por outra pirimidina (C por T ou T por C) ou de uma purina 
para outra purina (A por G ou G por A), e a transversão, quando ocorre a 
substituição de uma purina para uma pirimidina ou vice e versa (A por C, por 
exemplo). O esquema abaixo resume os tipos de substituição: 
 
 Transição 
 T C 
 
 Transversão Transversão 
 
 A G 
 Transição 
 
b) Inserção: ocorre pela adição de um ou mais nucleotídeos na sequência de 
DNA 2. 
c) Deleção: ocorre pela remoção de um ou mais nucleotídeos da sequência de 
DNA 2. 
 
Tipos de mutações que ocorrem nas proteínas: 
 
 
a) Mutação sem sentido: quando o produto do códon não especifica para 
nenhum aminoácido, sendo reconhecido pelos ribossomos como sinal de 
terminação da tradução 2. 
 
b) Mutação de fase de leitura: afeta a sequência da leitura de códons como um 
todo, pois é produto de deleções ou inserções numa sequência 2. 
 
c) Mutações supressoras: são mutações que ocorrem para suprimir outras 
mutações, a fim de não ocasionar danos à bactéria 2. 
 
1.4.2. Transferência genética horizontal 
Os mecanismos envolvidos na transferência horizontal são: transformação, 
conjugação e transdução. Esses mecanismos permitem a recombinação 
genética, garantindo que diferentes combinações de genes sejam possíveis. 
 
a) Transformação: quando uma bactéria morre, algumas enzimas se tornam 
ativas para fragmentar o seu DNA, ocorrendo a lise da célula. Esses 
fragmentos de DNA exógenos ficam livres no meio, o que chamamos de 
“DNA nu”. Algumas bactérias, chamadas competentes, conseguem capturar 
este DNA e integrá-lo, caso seja homólogo, ao seu DNA cromossômico. Nem 
todas as bactérias são competentes e, devido a isso, em laboratório, 
induzimos a entrada do DNA, tratando-as com cálcio para desestabilizar a 
parede da bactéria. Após, utilizamos a técnica de eletroporação, em que se 
aplicam choques na bactéria, formando poros em sua parede, permitindo a 
entrada do DNA exógeno (fig. 9). 
 
 
Fig. 9. Mecanismo de Transformação. 
 
b) Conjugação: mecanismo pelo o qual ocorre a transferência de material 
genético de uma bactéria doadora para uma bactéria receptora. As bactérias 
doadoras serão aquelas que possuírem o plasmídeo F. Essas bactérias 
 
d
s
s
 
 
 
 
 
 
(
éria que 
bo” que 
smídeo) 
mples de 
as duas 
ar e se 
então, a 
ency of 
bém irá 
). 
>). 
 
c) Transdução: processo no qual o DNA bacteriano é transferido entre células, 
mediado por um bacteriófago. A transdução pode ser generalizada ou 
especializada. 
 
Generalizada: quando os fagos infectam as bactérias ocorre um ciclo chamado 
ciclo lítico. Neste ciclo, os fagos introduzem seu material genético nas bactérias 
e interrompem as funções normais das células hospedeiras, pois utilizam do seu 
DNA. Ocorre a síntese de DNA viral e proteínas e a destruição do cromossomo 
bacteriano neste momento. Eventualmente, durante o empacotamento do DNA 
viral em capsídeos, pode ocorrer o empacotamento de DNA bacteriano. Neste 
momento ocorre a lise da célula e a liberação dos fagos, inclusive daquele 
contendo DNA bacteriano. 
Este fago, agora com DNA bacteriano, pode infectar outra bactéria ocasionando 
o ciclo lisogênico. Neste ciclo, o fragmento de DNA bacteriano depositado na 
célula por um fago, irá se integrar ao DNA desta célula. Assim, uma célula doou, 
através de um fago, um fragmento de seu DNA para uma célula receptora 2 (fig. 
12). 
 
Especializada: quando no ciclo lítico ocorre o empacotamento de DNA viral e 
este é liberado depois da lise da célula, ele pode entrar no ciclo lisogênico, ou 
seja, infectar uma bactéria, e agora incorporar o seu DNA no DNA da bactéria 
hospedeira. Temos, agora, um DNA viral integrado ao DNA bacteriano, ao qual 
chamamosde profago. Devido a certos estímulos, este profago pode se 
desintegrar do DNA bacteriano e entrar novamente no ciclo lítico. Ocorre por 
vezes que, ao se desintegrar, leva consigo fragmento de DNA bacteriano. Agora 
este vírus poderá transferir este DNA bacteriano para outras células 2 (fig. 13). 
 
 
Fig. 12. Transdução Generalizada. 
 
Linhagem doadora 
infectada 
Linhagem recombinante Linhagem receptora infectada 
Fago contendo 
DNA bacteriano 
 
 
Fig. 13. Transdução Especializada 
. 
 
 A incorporação de nova informação genética em um DNA, como observado 
na transformação e transdução, só ocorre devido ao processo chamado de 
Recombinação Gênica. Neste processo, regiões homólogas dos DNAs 
cromossomais e exógenos se pareiam, possibilitando a incorporação de informações 
genéticas, o que proporciona a variabilidade genética. 
 
1.4.3. Transposons 
 São segmentos móveis de DNA e reguladores que se deslocam de um sítio a 
outro no genoma, afetando a expressão gênica 2. 
 A transposição dos elementos móveis é um processo de intercâmbio do DNA, 
como se fosse uma recombinação, mas se difere da recombinação descrita 
anteriormente, que é realizada entre regiões homólogas, uma vez que não é 
necessária a ocorrência de homologia 2. 
 Esses elementos de transposição possuem sequências repetidas de 
nucleotídeos e, entre elas, algum ou alguns genes que são codificados em algo a 
ser utilizado pelas bactérias, no seu metabolismo, por exemplo (fig. 14). 
 A enzima transposase é responsável pela movimentação do transposon no 
genoma. Essa enzima cliva o transposon nas sequências repetidas e o insere em 
outra região ativa do DNA (fig. 15). 
 Existem os transposons tipo Sequências de Inserção (do inglês, Insertion 
Sequences –IS), e os do tipo Tn, que são os transposons complexos e compostos. 
Estes tranposons são distintos quanto ao tamanho e a quantidade de informação 
que contêm 2. 
 As Sequências de Inserção são menores e contêm apenas a informação 
necessária para promover sua transposição. Em geral não contêm marcadores 
genéticos (genes adicionais), como de resistência a antibióticos. 
profago 
DNA 
bacteriano 
DNA fago 
DNA bacteriano 
DNA do 
fago 
Linhagem doadora 
DNA do fago + DNA 
da bactéria doadora 
 
 Os Transposons Tn são mais complexos e maiores. Além da informação 
genética necessária para sua transposição, trazem genes adicionais relacionados 
com resistência a antibióticos, toxinas e metabolismo. 
 O transposon pode também estar no plasmídeo e ser incorporado no DNA 
cromossomial da bactéria. Ou ainda, existem transposons capazes de se transferir 
de uma célula a outra sem o auxílio de um plasmídeo, através do contato direto 
entre as células doadoras e receptoras, chamados de transposons conjugativos. 
Esse tipo de transposon é amplamente difundido entre Streptococcus 2. 
 Tais elementos de transposição são responsáveis por 80% das mutações 
espontâneas em alguns organismos. Os tranposons têm papel fundamental na 
variabilidade genética, uma vez que podem ter sido importantes na organização 
genômica e na evolução molecular dos organismos hoje existentes. Além de terem 
um significado médico importante também, uma vez que estão entre os 
responsáveis pela resistência bacteriana aos antibióticos 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 14. Imagem didática de um transposon. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 15. Transposon sendo inserido na região ativa do DNA. 
 
Genes para Transposição 
Sequências repetidas 
DNA genômico 
da bactéria 
Transposon 
TGACTAA
ACTGATT
TGACTAA
ACTGATT
ATTCG ATTCG
TAAGC TAAGCTGACTAA
ACTGATT
TGACTAA
ACTGATT
Sítio alvo da inserção 
Tranposon inserido no sítio alvo 
ATTCG
TAAGC
 
 
1.5. Antimicrobianos 
 O primeiro antibiótico foi descoberto, ao acaso, pelo bacteriologista Alexander 
Fleming (1881-1955). Fleming já pesquisava, há algum tempo, substâncias capazes 
de matar ou impedir o crescimento de bactérias. Essa preocupação se justificava, 
principalmente, pela sua experiência durante a Primeira Grande Guerra (1914-1918), 
quando muitos combatentes morreram devido à infecção em ferimentos profundos 9. 
 Em 1922, Fleming descobriu que a lisozima agia como uma substância 
antimicrobiana. Todavia, o primeiro antibiótico foi descoberto em 1928, quando 
Fleming desenvolvia pesquisas sobre estafilococos. No mês de agosto daquele ano, 
Fleming tirou férias e, por esquecimento, deixou algumas placas com culturas de 
estafilococos sobre a mesa. Quando retornou no mês seguinte, observou que as 
placas estavam contaminadas com mofo e que havia um halo transparente em torno 
do mofo, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância 
bactericida 9. O fungo foi identificado como pertencente ao gênero Penicilium, donde 
deriva o nome penicilina, substância por ele produzida 9. Desde então, os 
antimicrobianos são usados a fim de matar (bacteriocidas) ou inibir o crescimento 
(bacteriostáticos) de microrganismos patógenos. 
 Os antimicrobianos são substâncias que, quando naturais, chamamos de 
antibióticos ou, quando sintéticos, de quimioterápicos, sendo utilizados com fins 
terapêuticos ou profiláticos 10. 
 
1.5.1. Mecanismos de ação dos antimicrobianos 
 Os antimicrobianos precisam atingir alvos específicos das bactérias para se 
obter a ação desejada. Esses alvos são descritos abaixo: 
 
• Antimicrobianos que atuam na parede celular: dos antimicrobianos que 
atuam neste nível, os mais empregados são os β-lactâmicos (penicilinas, 
amoxicilina, cefalosporinas, entre outros). Os β-lactâmicos ligam-se às 
proteínas chamadas PBPs (Proteínas Ligadoras de Penicilina). Essas 
proteínas são as responsáveis pela reação de ligação entre o NAG e o NAM 
para que seja sintetizada a parede celular. Quando os β-lactâmicos ligam-se 
a essas proteínas, essa reação é inibida, impedindo a síntese da parede 
celular 2. 
• Antimicrobianos que atuam na Membrana Citoplasmática: o 
antimicrobiano principal responsável por essa ação é a polimixina B. Esse 
antimicrobiano assemelha-se aos detergentes catiônicos. Eles desestabilizam 
a parede celular, entram na célula e interagem com os componentes da 
membrana citoplasmática, provocando sua desorganização e extravazamento 
dos componentes celulares e consequente morte da bactéria 2. 
• Antimicrobianos que interferem na síntese de proteínas: os 
aminoglicosídeos e a tetraciclina agem na subunidade 30S do ribossomo, 
bloqueando a etapa de iniciação da síntese proteica. Já o cloranfenicol e os 
macrolídeos agem na subunidade 50S do ribossomo. O cloranfenicol impede 
 
a união dos aminoácidos e os macrolídeos impedem o movimento de 
translocação para que ocorra a síntese proteica 2. 
• Antimicrobianos que inibem a síntese de ácidos nucleicos: os 
antimicrobianos quinolonas (ciprofloxacina, por exemplo), inibe a ação de 
uma enzima que participa da replicação dos ácidos nucleicos, a DNA girase. 
A rifampicina bloqueia a transcrição do RNA e as sulfonamidas associadas ao 
trimetoprim, inibem a síntese do ácido fólico, que é necessário para a 
formação das bases nitrogenadas do DNA 2. 
 
1.5.2. Mecanismo de resistência aos antibióticos 
 As bactérias possuem mecanismos de resistência contra os antimicrobianos, 
podendo ser classificadas como sensíveis ou resistentes a eles. A resistência pode 
ser natural ou adquirida. A natural corresponde a uma característica de uma 
espécie, em que todas as bactérias dessa espécie possuem essa mesma 
característica. Na adquirida, somente algumas possuem a resistência, que pode 
advir de mecanismos descritos anteriormente, como mutações e transferências 
horizontais 2. Os mecanismos de resistência são descritos abaixo: 
 
• Alteração dos alvos: algumas bactérias são capazes de alterar os alvos de 
ligação dos antibióticos de tal forma que estes não conseguem se ligar 2. 
• Enzimas inativadoras: bactérias podem produzir enzimas que inativam a 
ação de um antibiótico. A produção de β-lactamase éuma delas. Na 
produção dessas enzimas, os β-lactâmicos ligam-se a elas ao invés de se 
ligarem às PBPs, e elas hidrolisam o anel β-lactâmico, tornando estes 
antibióticos inativos 2. 
• Alteração na permeabilidade de membrana: essa resistência é adquirida 
através de alteração estrutural, por exemplo, quando as bactérias deixam de 
produzir porinas, que são as proteínas pelas quais os β-lactâmicos penetram 
na membrana 11. 
• Produção de efluxo: essa resistência dá-se devido a proteínas denominadas 
Tet (Tet A, B, C e D) que, quando formadas, localizam-se na membrana 
citoplasmática provocando a saída quase que imediata do antibiótico da 
célula. Ocorre contra o antibiótico tetraciclina 2. 
 
1.5.3. Uso indevido dos antimicrobianos 
 O uso abusivo dos antibióticos é uma das principais causas do aumento da 
resistência bacteriana, sendo um dos maiores problemas de saúde pública em 
muitos países pelo mundo. O uso indevido de antibióticos resulta no 
desenvolvimento de bactérias resistentes à infecção por elas ocasionada 12. Já é 
possível prevermos que, no futuro, muitos dos antibióticos usados hoje não terão 
eficácia no tratamento das infecções 12. 
 Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 75% dos 
antibióticos são prescritos inapropriadamente, acarretando o crescimento da 
resistência dos microrganismos devido ao seu uso excessivo 12, 13. 
 
 A escolha correta do antibiótico pelos médicos para tratar a infecção e a sua 
prescrição somente em real necessidade são medidas que devem ser tomadas para 
diminuir o uso indevido dos antibióticos e aumentar sua eficácia. Além disso, a 
população deve ter a conscientização e a responsabilidade de não se automedicar, 
ou seja, antibióticos só devem ser ministrados com a orientação de um médico e o 
tratamento deve ser seguido até o final. Os hospitais também devem adotar medidas 
para restringir o uso dos antibióticos considerados mais fortes e monitorar a 
resistência bacteriana. 
 
1.6. Microbiota endógena 
 
 As bactérias que beneficiam o ser humano formam a maior parte da 
microbiota normal. A formação dessa microbiota normal, com a qual o homem 
conviverá por toda a sua vida, tem início no seu nascimento, pois, ao passar pelo 
canal do parto, ele recebe os primeiros componentes de sua microbiota 2. 
 A microbiota normal do corpo humano inclui cerca de 100 trilhões de bactérias 
e distribui-se pelas partes do corpo que estão em contato com o meio externo, como 
pele e mucosas, além da microbiota intestinal, que é a maior e a mais importante. A 
relação das bactérias com o ser humano e os animais é de extrema importância, 
uma vez que estes necessitam dos micróbios em seus intestinos para a digestão e 
síntese de vitaminas 14. Vejamos abaixo as regiões do corpo humano em que as 
bactérias habitam e quais benefícios estas trazem: 
 
a) Pele: há microrganismos distribuídos por toda a extensão da pele e, nas 
regiões mais úmidas e quentes como axilas e períneo, há uma concentração 
maior. Predominam as bactérias dos gêneros Staphylococcus, Corynebacterium 
e Propionibacterium. O Staphylococcus epidermis é encontrado em 90% das 
pessoas e o S. aureus é encontrado com frequência na vulva (60% das 
mulheres), nas fossas nasais de indivíduos que trabalham em hospitais (50% a 
70%) e em pacientes portadores de dermatoses (80%). A Propionibacterium 
acnes é encontrada em associação com a atividade secretora das glândulas 
sebáceas e, por esta razão, não é encontrada na pele de crianças com menos de 
dez anos de idade 2. 
 Algumas bactérias estão mais superficiais na pele, outras residem mais 
profundamente. Estas últimas são responsáveis por recolonizar a pele quando as 
bactérias mais superficiais são removidas, por exemplo, após uma lavagem 
cuidadosa 2. 
 
b) Cavidade oral e vias aéreas superiores: a microbiota da cavidade oral é 
bastante grande e bem diversificada. Os principais agentes que fazem parte 
dessa microbiota são: Staphylococcus, Streptococcus, Neisseria, Bacteroides, 
Actinomyces, Treponema, Mycoplasma, entre outros. A composição da 
microbiota encontrada na faringe é semelhante a da encontrada na cavidade 
oral. Nas fossas nasais, predominam Staphylococcus e Corynebacterium. 
 
 A microbiota da cavidade oral tem grande importância na odontologia e na 
medicina. A cárie dentária, as doenças periodontais e as endocardites 
subagudas são doenças causadas pela microbiota da cavidade oral 2. 
 
c) Vagina: a microbiota vaginal varia com a idade, pH e secreção hormonal. No 
primeiro mês de vida e no período da puberdade até a menopausa, há 
predomínio de Lactobacillus sp. Entre o primeiro mês de vida até a puberdade e 
também no período da menopausa, há predomínio das bactérias 
Staphylococcus, Corynebacterium e Escherichia coli. Essa microbiota da vagina 
inibe o crescimento do fungo Candida albicans, pois mantém o pH entre 3,5 e 
4,5, e este fungo não pode crescer nesse tipo de ambiente. Se a microbiota 
bacteriana da vagina for eliminada por antibióticos ou duchas excessivas, por 
exemplo, o pH da vagina torna-se neutro, favorecendo o crescimento da Candida 
albicans, causando infecção vaginal 14. 
 
d) Conjuntiva: pode ser estéril ou estar colonizada por Corynebacterium xerosis, 
S. epidermidis e por outras bactérias 2. 
 
e) Ouvidos: a microbiota do ouvido externo é semelhante à da pele 2. 
 
f) Intestinos: o número de bactérias no intestino é dez vezes maior que o 
número de células que formam os nossos órgãos e tecidos. A microbiota 
intestinal desempenha inúmeras funções e podemos encontrar bactérias nos 
intestinos delgado e grosso, e este último é o mais densamente colonizado 2. 
 As espécies mais representadas colonizando o intestino delgado são: 
estafilococos, estreptococos e lactobacilos e raramente são encontradas 
bactérias anaeróbias 2. 
 No íleo distal, o número de bactérias é ainda maior e são mais diversificadas, 
uma vez que passam a abranger coliformes e várias espécies de bactérias 
anaeróbias. Depois da válvula íleo-cecal, a concentração bacteriana aumenta 
bruscamente 2. 
 No intestino grosso, as bactérias anaeróbias superam as demais (facultativas 
e aeróbias). Os lactobacilos, estreptococos, clostrídeos e enterobactérias são 
também bastante frequentes 2. 
 A microbiota intestinal compreende em torno de 500 espécies pertencentes a 
200 gêneros, mas desses somente em torno de 20 possuem representação 
significativa 2. 
 Além desta distribuição descrita, a microbiota intestinal também se distribui 
pela luz intestinal, camada de muco e superfície epitelial. Esta distribuição 
chamamos de horizontal e a descrita anteriormente de vertical 2. 
 Várias espécies de bactérias são encontradas também no estômago. Apesar 
de estas não fazerem parte da microbiota intestinal, são de grande importância 
médica. A maioria são Gram-positivas e tolerantes à acidez gástrica. Entretanto, 
a Helicobacter pylori, que é Gram-negativa, habita o estômago de muitas 
 
pessoas e, em algumas, causa gastrite, úlceras e até carcinoma neste órgão. 
Contudo, também é encontrada em 30% a 50% das pessoas sem apresentar 
qualquer sinal de doença 2. 
 Alguns fatores controlam a microbiota intestinal para que esta confira 
vantagens e não desvantagens aos hospedeiros, como a acidez gástrica, por 
exemplo 2. 
 A microbiota intestinal exerce função metabólica, realizando fermentação de 
substâncias da dieta não digeridas, produzindo ácidos graxos de cadeia curta, 
principal fonte de energia para o cólon. Também atua na produção de algumas 
vitaminas (K e B12, por exemplo) e síntese de aminoácidos, amônia e ureia. 
Realiza função protetora, formando uma barreira contra bactérias patogênicas e 
outros microrganismos exógenos. Além disso, controla a proliferação e 
diferenciação das células epiteliais, na manutenção da estrutura dos linfócitos, 
das estruturas foliculares especializadas e na regulação da produção das 
imunoglobulinas 15. 
 Há estudos que relacionam um dos fatores da obesidade com o desequilíbrio 
da microbiotaintestinal, devido a exercer também a absorção de gorduras. As 
fibras são ótimas reguladoras da microbiota intestinal 16. 
 
CUIDADO: o uso prolongado e indiscriminado de antibióticos pode eliminar muitos 
microrganismos da microbiota normal, podendo provocar distúrbios gastrointestinais, 
como diarreia e constipação 17. 
 
1.7. Patologias causadas por cocos Gram-positivos 
 
1.7.1. Staphylococcus aureus 
 A Staphylococcus aureus pode ser encontrada na microbiota normal do ser 
humano, mas muitas vezes apresenta-se como uma das bactérias patogênicas mais 
importantes, agindo em uma ampla gama de infecções, variando desde aquelas 
localizadas, geralmente superficiais, até algumas disseminadas 2 (fig. 16). 
 
 
Fig. 16. Staphylococcus aureus (). 
 
 
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 Fig. 17. Terçol causado por S. aureus Fig. 18. Furúnculos 
 
 
1.7.2. Streptococcus pyogenes 
 A espécie S. pyogenes tem alto poder de adaptação ao hospedeiro, atuando 
como importante agente etiológico de uma série de doenças, como a orofaringe. A 
partir da década de 1980, observou-se um aumento de casos e gravidades de 
infecções com destruição de tecidos tendo esta bactéria como responsável (fig. 19). 
Em virtude disso, a S. pyogenes chegou a ser referida pela imprensa como flesh 
eating bacteria (bactéria que come carne) 2. 
 A S. pyogenes possui constituintes celulares, como cápsulas, proteínas e 
enzimas, que junto com as diversas substâncias que produzem, contribuem para 
maior ou menor grau de sua virulência 2. 
 
 
Fig. 19. Streptococcus pyogenes 
(). 
 
 A maioria das infecções causadas por esta bactéria tem início nas vias aéreas 
superiores ou na pele 2. Abaixo falaremos sobre as principais doenças: 
• Faringite: causada geralmente por vírus, mas pode ser causada por bactérias, 
sendo 90% pela S. pyogenes. A infecção é transmitida por gotículas 
infectadas provenientes de pacientes já infectados e o período de incubação 
é de 2 a 3 dias 2,23. 
• Piodermites: infecção purulenta da derme, que acomete principalmente 
crianças com hábitos de higienização precários. A bactéria penetra na derme 
através de lesões, até mesmo as de picadas de insetos. A transmissão ocorre 
através de pessoas infectadas. Muito comum também em cães 2,24 (fig. 20). 
• Erisipela: infecção aguda da pele, caracterizada por vermelhidão na área 
afetada, dor local, febre e calafrios 2 (fig. 21). 
• Fascite necrosante: infecção profunda do tecido conjuntivo subcutâneo, 
caracterizada pela destruição do tecido muscular e gorduroso. A fascite é 
uma doença grave, que evolui com elevados índices de mortalidade 2. 
 
• Síndromes tóxicas: as mais comuns são a escalartina e o choque tóxico 
estreptocócico. A escalartina é uma complicação da faringite e o choque 
estreptocócico caracteriza-se por febre, calafrios, mal-estar geral, náuseas, 
hipotensão e choque, ocasionando a falência múltipla de órgãos 2. 
 O paciente que contrai uma infecção por S. pyogenes, especialmente das vias 
aéreas superiores, pode ter algumas sequelas pós-estreptocócicas, ou seja, após a 
infecção. Essas sequelas são causadas por natureza imunológica, mas pouco se 
sabe sobre isso ainda. Podem ser febre reumática ou glomerulonefrite 2. 
 
 
Fig. 20. Cachorro com piodermite Fig. 21. Erisipela 
 . 
 
 
1.7.3. Streptococcus pneumoniae 
A S. pneumoniae é uma espécie constituída por cocos que se dispõem aos 
pares ou em cadeias curtas. É comumente encontrada no trato respiratório dos 
humanos, mas pode apresentar patologias, sendo responsável, em particular, por 
infecções graves em crianças e idosos 2 (fig. 22). 
Os principais fatores de virulência da S. pneumoniae incluem a cápsula, a 
parede celular e várias proteínas da superfície da célula ou do citoplasma. A 
infecção pneumocócica tem início com a colonização do patógeno na nasofaringe. 
Através dessa região os microrganismos podem alcançar o ouvido médio e os 
pulmões, podem ainda entrar na corrente sanguínea por mecanismos ainda não 
totalmente definidos 2. 
 
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neonatos 2 (fig. 24). Seus fatores de virulência estão relacionados principalmente à 
parede celular, cápsula e enzimas 2. 
 O S. agalactiae pode colonizar a vagina de mulheres sem apresentar 
quaisquer sintomas, mas pode causar infecções graves em recém nascidos, 
contribuindo para que estes tenham uma imaturidade do seu sistema imunológico. 
Essas infecções podem ser causadas pela aspiração do líquido amniótico ou 
durante a passagem pelo canal do parto 2. 
 
 
Fig.24. Streptococcus agalactiae (). 
 
 Estudos in vitro feitos com esta bactéria demonstraram que elas são capazes 
de penetrar e sobreviver no interior de células humanas, o que ajuda a bactéria 
vencer as barreiras imunológicas do organismo 2. 
Dentre as manifestações clínicas que podem causar em recém-nascidos, 
citamos: 
• Síndromes precoces: ocorrem na primeira semana de vida. Essas infecções 
são adquiridas ainda no útero. As manifestações clínicas mais comuns nesse 
estágio são: pneumonia, artrite séptica, sepse e meningite 2. 
• Síndromes tardias: ocorrem a partir do sétimo dia de vida até 90 dias. A 
manifestação clínica mais comum é a bacteremia associada à meningite 2. 
 Em parturientes, a S. agalactiae pode causar infecções urinárias, sepse 
grave, trombofeblite séptica, meningite, osteomielite e endocardite. Pode ocasionar 
ainda síndromes não invasivas durante a gravidez e após o período do parto, como: 
infecções intra-amniótica (corioamnionite), endometrite, infecções de ferida cirúrgica 
(pós cesariana e outros), celulite e fascite 2. 
Em homens, pode ocasionar pielonefrite (infecção dos rins) e prostatite. Além 
dessas patologias, em adultos pode ocasionar ainda: meningite, pneumonia, artrite 
séptica e endocardite 2. 
 
Observação: os gêneros Streptococcus e Staphylococcus são imóveis, com 
raras exceções. 
 
 
1.8. Patologias causadas por bactérias do gênero Listeria, gênero Brucella e 
gênero Campylobacter 
 
1.8.1. Patologias causadas por bactérias do gênero Listeria 
 As bactérias desse gênero são cosmopolitas (presentes em diversos 
ambientes), Gram-positivas, não esporuladas, não capsuladas, em forma de 
bastonetes pequenos ou regulares, em algumas vezes cocoides; possuem 
mobilidade devido à presença de flagelos. São resistentes ao congelamento e ao 
calor, encontrado no solo, iodo e água. Alguns estudos sugerem que faça parte da 
flora intestinal humana e de alguns animais silvestres e domésticos 2,26. 
 O gênero apresenta seis espécies, mas a Listeria monocytogenes, em 
especial, surte muito interesse de pesquisadores e médicos, pois é considerada uma 
das principais bactérias transmitidas via alimentação 2 (fig. 25). 
 
 
Fig. 25. Listeria monocytogenes (). 
 
 O primeiro órgão a ser atingido é o intestino, podendo se propagar para a 
placenta e Sistema Nervoso Central (SNC). Causa desordens do tipo 
gastroenterites. Outras desordens são: meningite, septicemia, bacteremia, infecção 
ultra-uterina em mulheres grávidas, levando ao parto prematuro ou aborto 
principalmente nos três primeiros meses 2, 26 (fig. 26). 
• Gastroenterites – com sintomas gastrointestinais como: diarreia, náuseas, 
vômito e febre 2. 
• Bacteremia – apresenta o quadro de febre, mialgias, e pode ocorrer diarreia e 
náuseas 2. 
• Septicemia – leva a infecção generalizada do organismo, interferindo na 
circulação sanguínea, presença de febre alta, pode ocasionar confusão 
mental e feridas na pele 27. 
 Os indivíduos mais suscetíveis são pacientes imunocomprometidos, adultos 
debilitados em decorrência de alguma enfermidade, mulheres grávidas e recém-
nascidos. A prevenção vem do consumo de alimentos bem cozidos, de preferência 
preparados todos os dias. É necessária a higienização correta de alimentos crus 
como verduras e ter conhecimento de sua procedência e tratamento da horta. Aos 
criadores de animais, é importante que fiquem atentos às precauções, às mortes e 
 
abortos de suas criações. Quando houver, evitar o contato, principalmente o grupo 
mais suscetível, como as gestantes. O diagnóstico é feito por exame bacteriológico, 
isolando o agente infeccioso 2, 26. 
 
 
Fig. 26. Células invadidas pela L. monocytogenes 
(). 
 
 Os principais alimentos de transmissão são os industrializados e frutos do 
mar. O período de incubação dura em média três semanas. Quando há ocorrência 
de surtos, é necessário informar a Vigilância Epidemiológica Municipal, para que as 
providências de investigação e controle de transmissão sejam tomadas 2, 26. 
 
1.8.2. Patologias causadas por bactérias do gênero Brucella 
Estas bactérias podem ter o arranjo de cocobacilos ou bacilos. São 
responsáveis por zoonoses, sendo B. abortus, B. melitensis, B. suis e B. canis, 
consideradas causadoras de doenças em humanos. A principal doença é a 
brucelose, encontrado casos no mundo inteiro 2, 28 (fig. 27). 
 
 
 
Fig. 27. Hemocultura de Brucella sp (). 
 
 As bactérias desse gênero têm algumas variações. Podem apresentar 
colônias lisas e rugosas, e suas diferenças são as capacidades de virulência de 
cada colônia. As lisas são virulentas, mas sofrem mutação tornando-se rugosa 
avirulenta 2. 
 Essas bactérias invadem células de alguns órgãos como fígado, baço, medula 
óssea, entre outros órgãos que fazem parte do sistema reticuloendotelial. Os 
sintomas que podem ocorrer são: febre, calafrios, dor de cabeça forte, mialgias e 
artralgias. O indivíduo pode apresentar hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e 
do baço) (fig. 28), anorexia, dor abdominal, diarreia, vômitos, bronquite e 
broncopneumonia. Quando há complicações, o indivíduo pode desenvolver 
meningite, endocardite, abscessos hepáticos e esplênicos, infecção da próstata, 
osteomielite e artrite 2, 28. 
 
 
 
Fig. 28. Hepatoesplenomegalia febril (). 
 
 As vias de contato são: vias respiratórias, ingestão de alimentos como carnes 
e produtos lácteos contaminados, contato direto com animais contaminados e, em 
casos mais raros, pode haver contaminação por via sexual 2, 28. 
 A incubação é de 2 a 3 semanas, sobrevivem no solo por 40 a 60 dias, no 
leite por 10 dias e 2 meses em queijos. Os bovinos, suínos, caprinos e ovinos, são 
reservatórios de três espécies: B. abortus, B. melitensis e B. suis, e os cães da 
espécie B. canis 2. (fig. 29). 
 
 
Fig. 29. Reservatórios de bactérias do gênero Brucella (). 
 
 O diagnóstico é feito por exames bacteriológico e sorológico e a prevenção é 
feita com a pasteurização correta do leite e laticínios, além da imunização de 
animais 2. 
 
1.8.3 Patologias causadas por bactérias do gênero Campylobacter 
 Bactérias desse gênero são Gram-negativas. Possuem a forma de S ou 
espiralados, não formam esporos, são flagelados, portanto, móveis. Estão 
associadas a doenças em humanos e animais 2 (fig. 30). 
 
 
 
Fig. 30. Bactéria C. jejuni (). 
 
 A espécie mais conhecida desse gênero é a que tem maior frequência em 
isolamento, a C. jejuni, que é enteropatogênico, responsável pela doença 
Campilobacteriose, provocando infecções em vários órgãos, devido à invasão na 
circulação, sendo este um quadro inicial da doença. Quando a infecção invade os 
intestinos delgado e grosso, onde há proliferação bacteriana, ocorre diarreia líquida, 
podendo ser verificada a presença de sangue, muco e de leucócitos fecais. Causa 
ainda dores de cabeça, dores abdominais e febre 2, 29. 
 As

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