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TCC Gabriel Almeida Bispo Guimarães D36JCf8

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1 
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIEL ALMEIDA BISPO GUIMARÃES 
D36JCF8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESAFIOS DOS NOVOS MEIOS DE LOCOMOÇÃO DA CIDADE DE SÃO 
PAULO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2020 
2 
 
PROFESSOR SÉRGIO BRAGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESAFIOS DOS NOVOS MEIOS DE LOCOMOÇÃO DA CIDADE DE SÃO 
PAULO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso DE Jornalismo, 
apresentado ao curso de Comunicação Social da 
Universidade Paulista – UNIP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2020 
 
 
3 
 CATALOGAÇÃO NA FONTE 
 UNIVIERSIDADE PAULISTA – UNIP 
 
 
Guimarães, Gabriel DESAFIOS DOS NOVOS MEIOS DE LOCOMOÇÃO DA CIDADE 
DE SÃO PAULO / Gabriel Guimarães. - 2020. 130 f. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Graduação) apresentado ao Instituto de Ciência Sociais e Comunicação da 
Universidade Paulista, São Paulo, 2020. Área de Concentração: Comunicação 
Social. Orientador: Prof. Me. Sérgio Braga. 1. Mobilidade Urbana, Locomoção, São 
Paulo. I. Braga, Sérgio (orientador). II.Título 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autorizo apenas para fins acadêmicos e científicos a reprodução total ou parcial desta 
dissertação, desde que citada a fonte. 
 
 
GABRIEL ALMEIDA BISPO GUIMARÃES 10 de Outubro de 2020 
_______________________________ _________________ 
Assinatura Data 
 
 
GABRIEL ALMEIDA BISPO GUIMARÃES 
 
 
 
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DESAFIOS DOS NOVOS MEIOS DE LOCOMOÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_____________________________________________ 
Presidente: 
 
_____________________________________________ 
2º Membro: 
 
_____________________________________________ 
3º Membro: 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo , 10 de Outubro de 2020. 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
Considerada a maior cidade do Brasil, São Paulo carrega responsabilidades que fazem jus ao seu posto 
de megalópole. É automático associar a capital paulista a trânsito, carros, agitação, caos etc. E isso se deve 
ao fato de que, quanto maior a cidade, mais vias ela receberá e, logo, mais movimento e congestionamento 
ela enfrentará. Em seus 465 anos de história, completados em 2019, São Paulo já apresentou diversos 
avanços quando se diz respeito a mobilidade urbana, segundo a Confederação Nacional de Transporte 
(CNT). Extensão dos corredores de ônibus, aumento de linhas e estações de metrô, instalação de 
ciclovias, legalização de transportes particulares (Uber, Cabify, 99) e investimento em patinetes elétricos 
são alguns dos exemplos mais familiares desses progressos. Porém, mesmo com tantos avanços, a 
cidade ainda enfrenta dificuldades para atingir um nível adequado no sistema de transporte urbano. Em 
pesquisas realizadas com os paulistanos, publicadas pela Rede Nossa São Paulo em 2017, concluiu-se 
que os problemas de mobilidade urbana é o principal motivo de insatisfação dos cidadãos. Estão previstos 
para os próximos anos a criação de 750 mil metros quadrados de novas calçadas, implantação de 150 
quilômetros de novos corredores de ônibus e 16 terminais. Infelizmente, os moradores da capital não veem 
isso tudo sendo colocado em prática. Para muitos, como Rafael Calabria, pesquisador de mobilidade 
urbana do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a causa disso tudo é a falta de recursos e 
investimentos que não se efetivam e nem saem do papel. De acordo com a Política Nacional de Mobilidade 
Urbana (PNMU), comparada ao Sistema Único de Saúde (SUS) por exemplo, a mobilidade não possui 
nenhuma estrutura pré-organizada para investimento. Cabe ao governo e prefeitura se organizarem para 
tratar do principal assunto que São Paulo enfrenta diariamente. 
 
 
Palavras-chave: Mobilidade, Cidades, São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Considered the largest city in Brazil, São Paulo carries responsibilities that live up to its status as a 
megalopolis. It is automatic to associate the capital of São Paulo with traffic, cars, agitation, chaos, etc. And 
this is due to the fact that the bigger the city, the more roads it will receive and, soon, the more traffic and 
congestion it will face. In its 465 years of history, completed in 2019, São Paulo has already presented several 
advances when it comes to urban mobility, according to the National Transport Confederation (CNT). 
Extension of bus corridors, increase in lines and subway stations, installation of cycle paths, legalization of 
private transportation (Uber, Cabify, 99) and investment in electric scooters are some of the most familiar 
examples of this progress. However, even with so many advances, the city still faces difficulties to reach an 
adequate level in the urban transport system. In surveys conducted with São Paulo residents, published by 
Rede Nossa São Paulo in 2017, it was concluded that urban mobility problems are the main reason for 
citizens' dissatisfaction. The creation of 750 thousand square meters of new sidewalks, the implementation 
of 150 kilometers of new bus corridors and 16 terminals are planned for the coming years. Unfortunately, 
residents of the capital do not see it all being put into practice. For many, like Rafael Calabria, a researcher 
on urban mobility at the Consumer Protection Institute (Idec), the cause of all this is the lack of resources and 
investments that do not take effect or even leave the paper. According to the National Urban Mobility Policy 
(PNMU), compared to the Unified Health System (SUS) for example, mobility does not have any pre-
organized structure for investment. It is up to the government and city hall to organize themselves to deal with 
the main issue that São Paulo faces daily. 
 
Keywords: Mobility, Cities, São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE IMAGENS 
 
 
Imagem 1 – Ciclovia Faria Lima...................................................................pg 72 
Imagem 2 – Ciclofaixa localizada no bairro de Moema ................................pg 72 
Imagem 3 – Bicicletário no Largo da Batata..................................................pg 73 
Imagem 4 – Estação Bike Sampa Cinemateca..............................................pg 75 
Imagem 5 – Campanha paulista aberta ........................................................pg 85 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Linhas do Metrô e trens da cidade de São Paulo.......................pg 15 
Figura 2 – Esquema do Ciclo Perverso.......................................................pg 19 
Figura 3 – Comparação entre o espaço viário ocupado por automóveis 
ônibus............................................................................................................pg 27 
Figura 4 – Demandas de mobilidade em São Paulo....................................pg 29 
Figura 5 – Região Metropolitana de São Paulo.............................................pg 56 
Figura 6 - Rede cicloviária de São Paulo....................................................pg 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Extensão da infraestrutura cicloviária em km do municípcio de São 
Paulo.............................................................................................................pg 76 
Tabela 2 – Dados selecionados dos municípios da Grande São 
Paulo...........................................................................................................pg 128 
a pg 130 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃOser observado, são os PGV – Polos Geradores de Viagem. 
Segundo a Rede Íbero-Americana de estudo em Polos Geradores de Viagens 
(http://redpgv.coppe.ufrj.br/), os PGV são instalações ou lugares de diversas naturezas 
que apresentam atividades em uma escala capaz de exercer grande atratividade sobre a 
população, produzindo ou atraindo um número significativo de viagens. 
Sendo assim, demanda grandes espaços de carga e descarga, estacionamento, 
embarque e desembarque e isso tudo gera, consequentemente, potenciais impactos como 
a piora na circulação viária do entorno imediato e em alguns casos chegando a prejudicar 
toda a acessibilidade de uma região. 
Alguns exemplos de PGV (que também podem ser denominados PGT – Polos 
Geradores de Tráfego) são os hipermercados, as universidades, shoppings, hospitais, 
estações de transporte público, entre outros. 
 Para a implementação de um PGV é importante a realização de estudos 
apropriados, respaldados tecnicamente, para que os impactos sejam previstos e tratados, 
minimizando os negativos a níveis aceitáveis e maximizando os positivos. 
Um sistema de transportes e uso do solo urbano sustentável deve: fornecer acesso 
à bens e serviços de forma eficiente para todos os habitantes da área urbana; proteger o 
ambiente, o patrimônio cultural e ecossistemas para a presente geração; não colocar em 
risco as oportunidades das gerações futuras para atingir pelo menos o mesmo nível de 
bem-estar daqueles que vivem agora, incluindo o bem-estar que deriva do ambiente 
natural e do patrimônio cultural (BLACK et al., 2002). 
Para atingir uma mobilidade urbana sustentável é necessário um processo 
participativo. O envolvimento ativo e aberto de todas as partes é muito mais efetivo do que 
qualquer meio convencional de persuasão. 
Deveriam ser formados grupos de debate incluindo especialistas, acadêmicos, 
políticos, pesquisadores e ativistas relacionados em diversas áreas como uso do solo, meio 
ambiente, questões urbanas transporte, ecologia e saúde pública. 
 Apenas quando esses grupos se formarem que será possível um debate verdadeiro 
sobre mobilidade urbana sustentável. É preciso vontade de mudar e aceitação de uma 
http://redpgv.coppe.ufrj.br/)
46 
 
 
responsabilidade coletiva (BANISTER, 2007). 
Com intuito de atingir a real efetividade de uma mobilidade sustentável, os governos 
precisam perceber que suas estratégias devem ser baseadas em grupos de medidas 
eficazes, em que cada uma reforce os efeitos das demais. 
Entende-se assim, que medidas isoladas são ineficientes para atingir o ideal de 
sustentabilidade e que apenas um conjunto de ações, associando esforços de todos os 
atores urbanos, como investidores, gestores e, principalmente, a população é capaz de 
atingir esse objetivo. 
 
 
 
3.3 MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL NO BRASIL 
 
 
Primeiro é preciso entender o panorama geral da mobilidade brasileira nos últimos 
anos. Nos últimos sessenta anos observa-se o quanto a mobilidade urbana vem se 
modificando, principalmente devido ao crescimento acelerado e desordenado dos grandes 
centros urbanos e ao aumento da motorização da população. Estudando um pouco nossa 
história política vê-se como esse cenário foi montado. 
Desde o governo de Juscelino Kubitschek e seu Plano de Metas tem-se o sistema 
rodoviário como opção preferencial em detrimento do incipiente sistema ferroviário que 
estava em funcionamento. Além disso, o desenvolvimento da indústria automobilística 
brasileira e o consequente crescimento da frota de automóveis gerou inúmeros 
investimentos em infraestrutura rodoviária por todo território nacional. O Regime Militar e 
seu “milagre econômico” reafirmou a opção rodoviarista como principal no país o que 
ajudou a consolidar a indústria automobilística brasileira (DUARTE, 2007) 
Simultaneamente outro fenômeno ocorria, o modelo econômico adotado possuía 
um caráter concentrador de renda o que gerava grandes desigualdades regionais, que por 
sua vez estimulava o êxodo rural e a migração das cidades menores para as capitais, 
gerando o inchaço dessas cidades, o que resultou na periferização da malha urbana e 
maior intensidade no processo de favelização. Assim crescia a demanda, mas a oferta de 
47 
 
 
transporte público não acompanhou esse crescimento. 
Com o fim das linhas de bondes urbanos e com o serviço precário do transporte 
ferroviário, o ônibus se consagrou como mobilidade principal de transporte público. Nos 
anos seguintes, as principais cidades foram tomadas pela gestão rodoviarista e com ela 
começou a proliferação de viadutos, vias expressas, túneis e o alargamento das vias para 
tentar desafogar os pontos críticos da malha viária (DUARTE, 2007). 
O crescimento desordenado das cidades e a ascensão do transporte rodoviário, 
ambos abordados acima, resultaram na perda do padrão de sustentabilidade dos sistemas 
de mobilidade urbana. “O Brasil deixou de ter sistemas de transporte urbano que 
privilegiavam os deslocamentos coletivos, públicos, eletrificados e sobre trilhos para ter 
sistemas que privilegiavam os deslocamentos privados, individuais, rodoviários e 
carbonizados” (IPEA, 2014). 
Recentemente, a indústria automobilística brasileira viveu uma nova fase de 
expansão, aumentando ainda mais a taxa de motorização da população. Enquanto o 
sistema viário urbano não sofria significativas mudanças nos últimos quinze anos, a frota 
de motocicletas aumentou cinco vezes e a frota de automóveis quase que triplicou. 
Infelizmente, nossas políticas públicas adotadas nesses últimos anos facilitaram o 
transporte individual motorizado em relação ao transporte coletivo público (IPEA, 2014). 
O conceito de mobilidade urbana sustentável, aqui no Brasil, vem sendo discutido 
do âmbito das políticas públicas pelo Ministério das Cidades. 
 Esse considera a mobilidade urbana sustentável “o conjunto de políticas de 
transporte e circulação que visa proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço 
urbano, através da priorização dos modos não-motorizados e coletivos de transporte, de 
forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e 
ecologicamente sustentáveis, ou seja, baseado nas pessoas e não nos veículos” (BRASIL, 
2004). 
Importante considerar que todos os níveis de governo, federal, estadual e municipal 
desempenham um papel essencial na educação dos usuários de transporte no que diz 
respeito à necessidade de conservar energia, de reduzir a poluição e se engajarem em 
práticas de direção segura (RICHARDSON, 2005). 
48 
 
 
Para que essa mobilidade urbana sustentável seja implantada e assim possa 
propiciar uma melhora não só na qualidade de vida da população, mas também no 
mercado para o transporte público, é preciso a ação unificada do setor, e o mais 
necessário, superar os corporativismos e os interesses imediatistas. 
O Ministério das Cidades estipula que a elaboração de Planos Diretores de 
Transporte e da Mobilidade são obrigatórios em cidades com mais de 500 mil habitantes, 
são fundamentais para cidades com mais de 100 mil e muito importante para todos os 
municípios brasileiros. Sendo assim, foi elaborado um guia, chamado PlanMob, que orienta 
e estimula os municípios a elaborarem seus próprios planos (BRASIL, 2007). 
O PlanMob segue os princípios de duas diferentes Políticas Nacionais, a de 
Mobilidade Urbana Sustentável e a de Desenvolvimento Urbano e, assim, ele pretende ser 
um instrumento importantíssimo na construção de cidades mais eficientes, de cidades 
democraticamente geridas, ambientalmente sustentáveis, socialmente includentes e com 
maior qualidade de vida para a população (BRASIL, 2007). 
Essa nova abordagem da gestão de políticas de mobilidade urbana tem um ponto 
fundamental que unifica qualquer cidade do país, independentemente de sua localização, 
de sua economia e do seu tamanho. 
Esse ponto em comum é que todo e qualquer planejamento para qualquer cidade 
deveser orientado para as pessoas que ali habitam. O objetivo, então, é implementar um 
processo de desenvolvimento econômico sustentável, alterar significativamente o padrão 
de circulação e de urbanização dos municípios e garantir a inclusão social (BRASIL, 2007). 
 
 
3.4 MOBILIDADE URBANA: COMO AVALIAR? 
 
 
Cada vez mais os conceitos de sustentabilidade, as considerações de impactos 
sociais, ambientais e econômicos de longo prazo são incorporadas na tomada de decisão. 
Isso resulta em uma crescente demanda por ferramentas de planejamento adequadas e 
entre elas estão os indicadores. 
49 
 
 
 Esses indicadores ajudam na determinação de como as decisões de curto e médio 
prazo afetam, a longo prazo, os objetivos estratégicos. Esses indicadores devem ser 
selecionados cuidadosamente para serem capazes de refletir diversos impactos e 
perspectivas, e devem ser factíveis tanto na coleta de dados quanto em sua análise 
(LITMAN, 2008). 
Os indicadores são ferramentas que ajudam no esclarecimento de conceitos, na 
análise de políticas e na tomada de decisão. No campo da mobilidade urbana, têm sido 
feitas muitas tentativas para especificar e aplicar esses indicadores. 
O ponto principal é que não existe abordagem padrão e nem aplicação genérica, a 
função dos indicadores vai depender de cada contexto específico, podendo servir para 
diferentes usuários com preocupações e prioridades diferentes. Além disso, não se deve 
assumir que os indicadores fornecem respostas definitivas para problemas complexos. 
Os indicadores são guias, eles orientam a exploração de áreas complexas onde 
não há pleno conhecimento disponível, mas onde as ações são necessárias apesar de 
tudo. O melhor é que os indicadores podem ajudar na redução da complexidade de 
comunicação e de operação (GUDMUNDSSON, 2004). 
Para a implementação de uma política de mobilidade urbana sustentável, é 
fundamental que diversas outras políticas entejam articuladas de forma a auxiliar na 
construção de uma gestão integrada. A gestão integrada possui muitos aspectos a serem 
considerados em sua aplicação e um deles é a construção de indicadores de mobilidade 
adequados. 
Espera-se que os indicadores sejam capazes de captar não só a complexidade dos 
sistemas de mobilidade, mas também os fatores determinantes das escolhas de 
mobilidade feita por cada pessoa. Os indicadores devem ser instrumentos que facilitem a 
comunicação entre o estado e a sociedade (BRASIL, 2005). 
Os indicadores são muito variados quanto os tipos de sistemas que eles monitoram, 
mesmo assim existem algumas características em comum entre os indicadores mais 
eficazes: 
 
 Relevância. Os indicadores apontam algo sobre o sistema que é 
50 
 
 
necessário saber; 
 Compreensível. Sua mensagem é facilmente compreendida pelo 
público, mesmo os não especialistas; 
 Confiável. O indicador fornece informações confiáveis sobre o sistema 
que ele está medindo; 
 Dados acessíveis. Os indicadores devem fornecer informações 
enquanto ainda há tempo para ação (SUSTAINABLE MEASURES, 
2006). 
 
Outro fator importantíssimo que é preciso destacar sobre os indicadores de 
sustentabilidade urbana é que esses se diferenciam de indicadores tradicionais. Enquanto 
os indicadores tradicionais consideram isoladamente os aspectos econômicos, sociais e 
ambientais, os indicadores de sustentabilidade buscam abordar em sua formulação 
características como a integração dos aspectos citados acima, a participação de 
diferentes atores e a visão a longo prazo (COSTA, 2008). 
Na política de transporte é muito frequente o uso de indicadores para avaliação e 
monitoramento, principalmente para comparar o desenvolvimento de políticas ou 
sistemas ao longo do tempo e no espaço. 
Mesmo ambos os processos, avaliação e monitoramento, dependendo muitas 
vezes de indicadores de desempenho, eles são muito distintos entre si. A avaliação é 
tipicamente um evento único, enquanto que o monitoramento é um processo contínuo que 
fornece diversos feedbacks para ajudar na tomada de decisão (GUDMUNDSSON, 2004). 
Segundo a Agência Europeia do Ambiente (European Environment Agency) 
existem diferentes tipos de indicadores e cada um deles transmite tipos de mensagens 
diferentes. Abaixo segue essa distinção feita pela Agência e que pode ser encontrada 
citada no trabalho de GUDMUNDSSON (2004): 
 
 Indicadores de desempenho: comparam tendências ou 
estados com normas, padrões ou referências; 
 Indicadores de efetividade de políticas: acompanha o papel da 
política nas mudanças observadas; 
51 
 
 
 Indicadores descritivos: medem tendências ou situações de 
alguma área ou de alguma entidade; 
 Indicadores de eficiência: incluem relações, combinações ou 
proporções de tendências descritivas; 
 Índices: agregam diversos indicadores com o objetivo final de 
transmitir uma mensagem. 
 
Independentemente do tipo de indicador, todos eles possuem as mesmas 
características operacionais importantes, como a prestação de um cenário representativo; 
a fundamentação teórica baseada em termos técnicos e científicos; a capacidade de 
respostas às mudanças; a adesão a normas internacionais e ao consenso internacional 
sobre a sua validade; a redução da complexidade e a atualização em intervalos regulares, 
de acordo com procedimentos confiáveis (GUDMUNDSSON, 2004). 
Indicadores devem ser utilizados com o objetivo de conhecer as limitações do 
planejamento além de suas perspectivas. Mas, para LITMAN (2008), os indicadores são 
apenas um componente do processo global de planejamento, uma vez que esse inclui 
inúmeras outras etapas, como: consulta pública, identificação de metas e objetivos, 
definição dos problemas, identificar e avaliar as opções, implementação de programas, 
desenvolvimento de planos e políticas, estabelecimento de metas de desempenho e 
medição dos impactos. 
 Fica entendido que, para atingir os objetivos esperados, é necessário um esforço 
em conjunto de diferentes grupos da sociedade e em todas as fases, como planejamento, 
execução e avaliação dos resultados. 
 
 
3.5 ÍNDICE DE MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL – IMUS 
 
 
O objetivo do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS) é ser uma 
ferramenta de avaliação e monitoramento da mobilidade urbana, usada para revelar as 
atuais condições e mensurar os impactos de medidas e estratégias, visando a mobilidade 
52 
 
 
urbana sustentável (COSTA, 2008). 
O IMUS foi criado levando em consideração os princípios do desenvolvimento 
sustentável e foi adaptado à realidade das cidades brasileiras. Antes de começar a 
construção do índice, foi necessário estabelecer um referencial de mobilidade urbana 
sustentável. Para isso, foram chamados técnicos, gestores e especialistas de onze 
cidades brasileiras. 
Esse referencial buscava identificar o enfoque que tem sido dado à abordagem das 
questões de mobilidade nas cidades pesquisadas; identificar as diferenças entre a 
abordagem tradicional e o novo paradigma da mobilidade urbana em desenvolvimento; e 
caracterizar o conceito de mobilidade urbana sustentável com foco nas especificidades do 
contexto analisado (COSTA, 2008). 
O workshop realizado nas onze diferentes cidades do Brasil (Porto Alegre, 
Florianópolis, Belo Horizonte, Vitória, Goiânia, Aracaju, Maceió, Recife, Fortaleza, Palmas 
e Manaus), com o objetivo de construir esse referencial de mobilidade urbana sustentável, 
utilizou a metodologia Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista (Multicriteria Decision 
Aid – Constructivist ou MCDA-C). 
Essa metodologia é uma técnica de avaliação que leva em consideração os muitos 
aspectos que o decisor considera importante. Esse método costumar ser muito utilizado 
em processos de tomada de decisão, pois ele permite que o decisor consiga identificar com 
clareza seus objetivos, consiga também mensurar esses objetivos e enxergar o impacto 
de todas as alternativas nos objetivos(COSTA, 2008). 
O IMUS utilizado como ferramenta de avaliação e monitoramento permite que os 
gestores urbanos aprendam com as experiências desenvolvidas por outros gestores e 
técnicos. Torna-se necessário reconhecer um referencial em planejamento, pois esse é 
bastante útil em gerar parâmetros de comparação entre diferentes cidades. Esse processo 
é chamado benchmarking. 
Benchmarking é um método no qual o melhor desempenho de uma determinada 
área é identificado e utilizado como base de comparação e possíveis transferências de 
práticas eficazes (GUDMUNDSSON, 2004). Ou seja, é essencial, através do IMUS, 
encontrar uma cidade que não só se torne referência às demais, mas que também auxilie 
53 
 
 
a submeter o próprio método a uma avaliação de desempenho. 
 
Desse modo, as principais características do IMUS: 
 Hierarquia de Critérios. A partir do workshop (atividade de 
capacitação promovida pelo Ministério das Cidades) realizado 
com técnicos e gestores de nível municipal e metropolitano de 
onze cidades, foi possível criar essa hierarquia a partir de 
conceitos e elementos identificados por eles; 
 Sistema de Pesos para os Critérios. Revela sua importância 
relativa. Cada tema avaliado considera ainda a importância das 
dimensões da sustentabilidade (Econômica, Social e 
Ambiental). Isso permite a avaliação dos impactos das ações 
setoriais sobre o sistema de mobilidade; 
 Adoção de um Modelo de Agregação dos Critérios. O modelo 
permite sua compensação. Um conjunto de critérios de maior 
qualidade pode compensar um critério de baixa qualidade; 
 Ferramenta de compreensão fácil e de aplicação simples. Não 
é necessário conhecer modelos matemáticos complexos e nem 
o uso de programas computacionais específicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
4 A QUESTÃO URBANA E DA MOBILIDADE URBANA EM SÃO PAULO 
 
O município de São Paulo é dotado de números expressivos: ocupa uma área de 
1.521 km², é habitado por mais de 12 milhões de pessoas e possui uma frota de veículos 
superior aos 8 milhões, sendo 70% automóveis, 13% motos, 1,9% caminhões e 0,5% 
ônibus. É a maior metrópole brasileira e uma das maiores do continente americano. Numa 
cidade com estas dimensões um dos principais desafios é garantir a mobilidade cotidiana. 
Diversos autores – a exemplo de SPECK, 2016; HARVEY, 2012 E GEHL, 2010 – 
cada um a sua maneira, têm realizado a crítica ao urbanismo e buscado possibilidades 
para alterar a realidade das cidades. 
Parece não haver qualquer dúvida a respeito dos diversos problemas ocasionados 
pelo uso massivo de modais motorizados de transporte, especialmente, os carros. Tais 
males atingem diversas esferas, como a circulação viária, a saúde da população e, num 
plano mais abrangente, o meio ambiente. 
Para GEHL (2010:3): Por décadas, a dimensão humana tem sido um tópico de 
planejamento urbano esquecido e tratado a esmo, enquanto várias outras questões 
ganharam mais força, como a acomodação do vertiginoso aumento do tráfego de 
automóveis. Além disso, as ideologias dominantes de planejamento – em especial, o 
modernismo – deram baixa prioridade ao espaço público e às áreas de pedestres e ao 
papel do espaço urbano como local de encontro dos moradores da cidade. 
O conceito de dimensão humana está assentado na crença de que as pessoas 
devem ter a primazia no uso do espaço. Assim, é necessário criar e/ou reconfigurar 
espaços e planejar práticas espaciais nas quais os veículos motorizados não sejam os 
pro- tagonistas. Mais que isso, é importante criar espaços vivos, seguros, sustentáveis e 
saudáveis (GEHL, 2010). Acreditamos que a reapropriação do espaço urbano pelas 
pessoas é um fator essencial para assegurarmos tais atributos. 
O trabalho de SPECK (2016) é um dos que contribuíram fortemente para essa 
55 
 
 
forma de pensar que ora defendemos. Tendo como referência um conjunto de cidades 
estadunidenses de diversos portes, SPECK (2016:20) reflete sobre a necessidade de se 
criar ou remodelar os espaços urbanos que permitam a circulação de pedestres de 
maneira proveitosa, segura, confortável e interessante, pois em suas palavras. 
O pedestre é uma espécie extremamente frágil, o canário da mina de carvão da 
habitabilidade urbana. Sob as condições corretas, esta criatura se desenvolve e se 
multiplica. SPECK (2016:10) 
Há a necessidade de se produzir ambientes capazes de atrair as pessoas e criar 
mecanis- mos que estimulem, antes de tudo, o encontro. Criar estratégias que visem à 
vitalidade urbana ou a mobilidade ativa, isto é, aquela na qual os deslocamentos se 
utilizam da energia humana, como nos deslocamentos a pé e de bicicleta, por exemplo. 
Dessa maneira, reverter a tendência à atomização que o automóvel proporciona. 
Apesar de nunca ter sido declarada uma guerra, muitas cidades americanas 
parecem ter sido feitas e refeitas com a incumbência de derrotar os pedestres. Vias 
alargadas, calçadas diminuídas, árvores suprimidas, guias rebaixadas para dar acesso às 
lanchonetes e drive-thru e imensas áreas de estacionamento de quarenta mil metros 
quadrados reduziram nossas paisagens urbanas a zonas de automóveis, nas quais a vida 
dos pedestres é apenas uma possibilidade teórica. Speck (2016:26) 
As afirmações se referem às cidades americanas, mas é possível assegurar a 
existência de paralelos no município de São Paulo. São abundantes os exemplos de novas 
vias abertas e/ou a cessão de espaços ajardinados ou não asfaltados para a ampliação 
do número de faixas de rolamento. Tais práticas trafegam na contramão da dimensão 
humana e reforçam a tendência à cidade para o automóvel. 
Em sua trajetória de desenvolvimento urbano, ocorrida ao longo do século XX, o 
automóvel gradativamente ascendeu à condição de protagonista deixando às pessoas os 
papeis coadjuvantes, no que diz respeito às políticas de mobilidade. 
 
 
4.1 DESAFIOS À VISTA: A CRISE DA MOBILIDADE COTIDIANA EM SÃO PAULO 
 
 
56 
 
 
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é uma classificação administrativa 
de uma área composta por 39 municípios, sendo o município de São Paulo o maior e mais 
rico. Embora a mancha urbana seja contínua, os municípios têm administrações 
independentes. A área metropolitana foi criada no final dos anos 60 e atualmente não há 
uma agência de desenvolvimento integrado. 
 
Figura 5 – Região Metropolitana de São Paulo 
 
Fonte: IBGE19 
 
A maior parte da infraestrutura é resultado de planejamento e investimentos 
realizados pelos municípios individualmente (ver anexo ), porém existem consórcios 
intermunicipais e investimentos estaduais e federais em infraestrutura compartilhada por 
vários municípios. 
São Paulo é o sexto maior aglomerado urbano do mundo, comparável em 
 
19 Disponível em Acesso em 07 out 2020. 
57 
 
 
população a metrópoles como Cidade do México, New York, Shanghai e Mumbai 
Enquanto Mumbai, Shangai e Nova Iorque apresentam altas densidades em áreas 
centrais, com rápida redução em direção às periferias, já São Paulo segue um padrão 
distinto de densidades, mais parecido com a Cidade do México, no qual grande parte 
mancha urbana tem densidades em patamares similares. 
Comparando Nova Iorque com São Paulo, a primeira cidade apresenta altas 
densidades em uma área relativamente pequena, de aproximadamente 7 por 12 km, e os 
bairros periféricos apresentam uma rápida queda de densidades. Já a mancha urbana de 
São Paulo possui áreas adensadas em patamares médios espalhados de forma 
descontínua em um raio de até 30 km do centro histórico. 
 
 
4.2 CRESCIMENTO 
 
 
O núcleo urbano que originou a metrópole foi criado em meados do século XVI, em 
um planalto entre a junção dos rios Tamanduateí e Anhangabaú, 700 m acima do nível do 
mar e 70 km para o interior do continente. A topografia e hidrografia do localforneciam 
mobilidade e de defesa para os nativos, que já ocupavam a área antes da colonização. No 
século XVI, três grupos religiosos portugueses se estabeleceram na região, definindo o 
embrião do núcleo histórico de São Paulo. 
O poder religioso e político, juntamente com a boa acessibilidade da área, fizeram 
desse núcleo urbano o mais importante de sua região (BARBOSA, 2001). No entanto, a 
maioria da população era rural e vivia de uma agricultura de subsistência, cercado por 
tribos nativas, enquanto que a aldeia era um lugar para ocasiões religiosas, sociais e 
políticas (Barbosa, 2001; Taynay, 1953). 
Durante os três primeiros séculos de sua existência, foram construídas uma série 
de estradas que ligam o núcleo para o litoral e interior. Em meados do século XIX, a 
localização estratégica da cidade no cruzamento permitiu torná-la uma zona de comércio 
regional durante o crescimento do comércio interno no Brasil, concentrando as atividades 
58 
 
 
religiosas, administrativas e comerciais. 
Nesse momento, a pequena vila ainda não apresentava distinções funcionais ou 
sociais de áreas urbanas: edifícios civis e religiosos foram cercados por habitações 
(Villaça, 2001). Casas urbanas eram espaços de produção e de residência para família, 
agregados e os escravos, e o comércio era realizado principalmente nas ruas. 
Do lado de fora do núcleo urbano, dois cinturões concêntricos foram desenvolvidos: 
o primeiro consistia principalmente em casas onde as famílias ricas viviam 
temporariamente ou permanentemente (Rolnik, 1997) e o segundo consistia em fazendas 
forneciam alimentos para a cidade e atividades que exigiam muito espaço ou eram 
consideradas repulsivas, tais como hospitais, cemitérios e fábricas de pólvora (Lagenbuch, 
1971 apud Barbosa, 2001). 
O crescimento da cidade se acelerou no século XIX devido ao crescimento 
econômico regional. Naquela época, o estado de São Paulo tornou-se cada vez mais 
importante no contexto nacional devido à sua alta produtividade de café, principal produto 
de exportação nacional na época. 
 Mais uma vez, a posição da cidade de São Paulo como um ponto nodal de 
transporte e o comércio que se seguiu que fomentaram o desenvolvimento de ferrovias 
para transportar a produção de café para exportação. Essas ferrovias, construídas a partir 
da década de 1870, permitiram o desenvolvimento de outros tipos de infraestrutura urbana 
e o início da industrialização brasileira. 
No final do século XIX, o crescimento econômico atraiu um número crescente de 
pessoas para o local: agricultores e industriais se mudavam para a cidade para realizar 
atividades sociais e econômicas, enquanto os camponeses buscavam trabalho nas 
fábricas. O núcleo histórico foi se tornando cada vez mais comercial e de entretenimento, 
se consolidando como a primeira e mais importante centralidade da metrópole, enquanto 
outros usos se expandiram principalmente na horizontal. 
A população mais rica foi para o oeste, evitando congestionamentos e más 
condições de saneamento do núcleo histórico, habitando terras com melhor topografia. As 
fábricas e população mais pobre seguiram para o leste, devido à mobilidade fornecida 
pelas ferrovias e disponibilidade de água para a produção industrial. A partir do final do 
59 
 
 
século XIX até a década de 1980, a economia de São Paulo cresceu baseada 
principalmente em suas indústrias. 
Um elevado número de imigrantes nacionais e internacionais foi atraído para 
trabalhar em fábricas, fazendo a população da cidade de São Paulo crescer 130 vezes 
entre 1890 e 1980 (IBGE, 2014). Nesse século, a região metropolitana sofreu uma 
conurbação de centralidades urbanas. 
Na primeira metade do século XX, o centro histórico cresceu em tamanho, 
expandindo verticalmente e horizontalmente, e iniciou um processo de partição. O núcleo 
histórico perdeu afluência e passou a ser conhecido como "Centro Velho", enquanto um 
"Novo Centro" surgiu em continuação ao anterior e começou a servir as classes mais altas 
(Villaça, 2001). 
Outros novos subcentros comerciais destinados à população mais pobre emergiram 
mais longe do centro histórico. Áreas residenciais mais próximas aos centros velho e novo 
cresceram verticalmente. Nesse período, classes mais altas viviam no sudoeste, classes 
médias viviam entre as classes superiores e a área central e a população mais pobre vivia 
no centro histórico, no leste, perto das fábricas e em áreas cada vez mais periféricas. 
 As ferrovias também possibilitaram o espalhamento das fábricas para fora 
município de São Paulo. Nesse período, a região do ABC, a sudeste do município de São 
Paulo, se tornou o polo industrial mais forte fora desse município na RMSP. 
Esse crescimento foi influenciado pelos tipos de transporte presentes em diferentes 
períodos da história da metrópole. Até os anos 1900, os bondes de tração animal eram os 
únicos fornecedores de transporte coletivo na metrópole. No início do século 20, a 
operação de bondes elétricos possibilitou uma expansão inicial da área urbana. No 
entanto, da década de 1920 em diante, o modal rodoviário tornou-se o foco das políticas 
de desenvolvimento. 
 A capacidade de tráfego rodoviário era a principal preocupação da administração 
pública para a mobilidade. Os automóveis e ônibus tornaram-se os principais fornecedores 
de transporte, ao mesmo tempo que os bondes elétricos foram abandonados. Por um lado, 
o transporte rodoviário proporcionou mais flexibilidade para o crescimento do tecido 
urbano em todas as direções, mas também trouxe os impactos negativos que vemos hoje 
60 
 
 
na metrópole. O modal rodoviário também mudou a localização de fábricas, que passaram 
a se localizar perto das novas avenidas de alta velocidade. 
Outro aspecto importante do processo de crescimento de São Paulo é sua forma 
descontínua de ocupação da terra. A urbanização da metrópole foi marcada pelo processo 
chamado de especulação imobiliária, no qual lotes urbanizados ou não eram deixados 
vazios como investimentos, enquanto os lotes em áreas periféricas, longe de linhas de 
transporte e outras infraestruturas, eram vendidos para a população mais pobre. 
Esperava-se que, quando houve densidade populacional suficiente, as linhas de 
ônibus seriam estendidas para aquelas áreas, fazendo com que os lotes se valorizassem. 
Esse processo levou a um crescimento fragmentado espalhado da cidade (Bacelli apud 
Barbosa, 2001). 
Na segunda metade do século 20, o "Centro Velho" sofreu um processo de 
deterioração, no qual houve um aumento no número de cortiços. As atividades comerciais 
e de negócio se expandiram em direção ao sudoeste, com edifícios mais adequados às 
novas tecnologias e o shopping centers. Indústrias começaram a deixar o município de 
São Paulo e alocar em outras cidades da região metropolitana e a construção vertical 
difundiu-se na área metropolitana como um todo. 
Durante as últimas duas décadas do século XX, a economia da metrópole se tornou 
crescentemente baseada em serviços para empresas, tais como serviços financeiros, 
serviços, consultorias, escritórios de advocacia e agências de publicidade (Meyer, 
Grostein e Biderman, 2004). 
Isso porque a cidade fornece um ambiente altamente diversificado, com muitos 
clientes em potencial e força de trabalho especializada. Com a mudança da economia de 
São Paulo de industrial para serviços, cidades industriais da região metropolitana estão se 
tornando cidades dormitórios, enquanto as fábricas estão se mudando gradualmente para 
cidades menores no interior do estado. 
 
 
 
4.3 PROBLEMAS E PROPOSTAS NO SÉCULO XXI 
 
61 
 
 
 
O modelo de crescimento de São Paulo teve como consequência a redução da 
acessibilidade espacial, com um grande número e extensão de congestionamentos, 
superlotação do transporte coletivo e periferização da população mais pobre. 
A somatória dos problemas de saúde provocados pelas condiçõesambientais e 
redução de horas destinadas a descanso e atividades de lazer devido ao tempo gasto em 
locomoção têm impacto direto sobre a qualidade de vida, afetando não apenas os 
cidadãos, mas também toda a atividade produtiva e o sistema de saúde. 
CINTRA (2014) estima que os prejuízos em produtividade e saúde dos atuais níveis 
de congestionamento na metrópole chegue a 1% do PIB brasileiro anualmente. O 
crescimento populacional sem expansão da infraestrutura adequada como escolas, postos 
de saúde e equipamentos culturais e de lazer para atender à demanda crescente, 
associado ao espalhamento da metrópole e falta de infraestrutura de transporte adequada 
levam ao cenário descrito por Rolnik (1999) como exclusão territorial: a população mais 
pobre enfrenta a viagens longas e desconfortáveis para trabalhar e acessar os 
equipamentos urbanos. 
 
Por concentrar qualidades num espaço exíguo e impedir que 
elas sejam partilhadas por todos, os espaços mais bem 
equipados da cidade sentem-se constantemente ameaçados 
por cobiças imobiliárias, por congestionamentos, por assaltos. 
(Rolnik, 1999, p. 2) 
 
Em 2012, a Secretaria de Transportes Metropolitanos do município de São Paulo 
realizou simulações computacionais da capacidade de suporte da infraestrutura 
considerando o crescimento da cidade no modelo atual e com uma descentralização de 
empregos com adensamento no entorno do transporte sobre trilhos para o horizonte de 
2025. 
 O estudo conclui que não há mudança significativa para os dois cenários nos 
indicadores de: saturação de vias, lotação do transporte sobre trilhos; e utilização de 
automóveis. 
62 
 
 
 O espalhamento de empregos gerou um balanceamento dos usuários nos dois 
sentidos das linhas de transporte sobre trilhos, menor concentração de poluentes no 
centro expandido e maior nas periferias, e leve redução de tempo de viagem e distância 
residência- trabalho para população de renda mais alta. Esses resultados reforçam a 
necessidade de modais menos poluentes de transporte. 
Existe uma grande quantidade de grupos sociais com diferentes propostas para 
melhorar a vida em São Paulo. Em 2012, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento 
Urbano de São Paulo realizou um compêndio com diagnósticos e propostas de políticas 
públicas para o desenvolvimento de São Paulo nas próximas décadas. 
As ações são separadas tematicamente nos itens: coesão social, desenvolvimento 
urbano, melhoria ambiental, mobilidade e acessibilidade e oportunidades de negócio. 
Além disso, são propostos projetos catalizadores para essa mudança. Com relação à 
estrutura espacial, o plano advoga por uma cidade compacta e policêntrica, com 
equidade social. Para isso ele considera necessário: 
 
1. Incremento das atividades produtivas para as áreas mais periféricas, onde são 
escassas; 
2. a criação e a estruturação de centralidades de uso misto em todo o tecido urbano; 
e 
3. O adensamento populacional em áreas mais centrais, especialmente, no centro 
expandido, onde há grande oferta de trabalho e emprego. (são paulo, 2012, p.251). 
 
O novo plano diretor, aprovado em 2014, apresenta uma resposta a essas propostas. 
 
 
4.4 INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE 
 
 
O sistema viário da Região Metropolitana de São Paulo é composto de avenidas 
63 
 
 
radiais que se interceptam no centro histórico e anéis centralizados na mesma região. 
Destacam-se as vias 
 Marginal Tietê (1) e 
 Marginal Pinheiros (2), que seguem os rios de mesmo nome, e as 
 Avenidas dos Bandeirantes (3) e 
 Salim Farah Maluf (4), que definem o centro expandido da capital com as vias 
anteriores. A área do centro expandido da capital é sujeita ao rodízio municipal de 
veículos. 
Esse programa proíbe uma parcela dos carros de circular no local nos horários de 
pico e foi implantado em 1997 com o objetivo de reduzir a poluição atmosférica, mas hoje 
tem como principal mérito a redução dos congestionamentos nos horários de pico. 
O sistema de transporte coletivo sobre trilhos é composto atualmente por 4 linhas 
de metrô e 6 linhas de trem. As linhas de trem são remanescentes das linhas de trem 
instaladas na região no final do século XIX. 
No entanto, apenas no final do século XX iniciou- se um esforço para o aumento do 
nível de serviço e o aumento da densidade de estações nas áreas mais centrais da 
metrópole, mudando seu foco de uma escala interurbana para uma escala mais local. Já 
a implantação do sistema de metrô foi iniciada na década de 1970, com o foco de 
transporte local. O transporte coletivo na metrópole também conta com corredores e faixas 
exclusivas de ônibus 
No início do século XXI, transporte coletivo recebeu grande quantidade de 
investimentos públicos em de transporte. No entanto, grande parte desses investimentos 
foram gastos em subsídios em vez de aumentar a capacidade de transporte (Rolnik e 
Klintonwitz, 2011). De 1997 a 2012, houve um aumento de 72% de comprimento nas linhas 
de metrô enquanto houve um aumento de 90% em viagens. 
Em comparação com outras megacidades, São Paulo apresenta uma realidade 
mais próxima da Cidade do México, com predominância de automóveis e transporte 
coletivo insuficiente (LSE Cities, 2011). Casiroli (2008) mostra que, mesmo na Praça da 
64 
 
 
Sé, em um dos pontos de maior acessibilidade por transporte coletivo em São Paulo, para 
um mesmo tempo de viagem, chega-se a uma distância consideravelmente mais longe de 
automóvel do que de ônibus. 
Em 2014, o município de São Paulo iniciou um amplo processo de realização de 
ciclovia. Apesar de críticas sobre a falta de necessidade dessas ciclovias em alguns locais, 
isso é um passo importante no esforço da promoção do transporte em bicicleta na cidade 
de São Paulo. 
 
 
 
 
4.5 REGULAÇÃO DA TERRA NO SÉCULO XXI 
 
 
Os municípios da região metropolitana de São Paulo possuem legislação própria 
para a regulação da terra. Nesse trabalho, vamos analisar apenas a legislação do 
município de São Paulo devido à sua maior importância em termos de tamanho, 
população, geração de empregos e centralidade. 
Ao longo da sua história, a regulamentação da terra no município de São Paulo 
esteve focada em suas áreas centrais e mais ricas. Ela se destinava a excluir usos 
indesejados de nessas áreas e formalizar os usos de terra existentes, ao invés de planejar 
um futuro diferente (Rolnik, 1997). 
Em 1997, o uso do solo no município de São Paulo era regido pelo zoneamento 
aprovado em 1972, que permitia maior densidade e usos mistos em torno do centro novo 
e velho, onde a maioria das atividades terciárias era localizada até a década de 1960, e 
no leste, onde havia uma quantidade maior de população mais pobre e as fábricas. No 
entanto, esse zoneamento restringia densidade e usos em direção ao oeste, onde a 
população mais rica residia (Feldman, 2005). 
A cidade de São Paulo aprovou em 2014 um novo plano diretor e a lei de 
zoneamento está sendo revista no momento da redação desta pesquisa. Esse plano 
estabelece as bases para políticas e regulamentos para o desenvolvimento da cidade 
pelos próximos 16 anos. Uma das principais questões abordadas pelo plano diretor é a 
65 
 
 
direção do crescimento que será permitido no município. Seus principais objetivos para a 
estrutura espacial da cidade são: 
 
(i) Conter o crescimento horizontal (expansão) 
(ii) Promover o adensamento das áreas subutilizadas com 
infraestrutura 
(iii) Reduzir os deslocamentos, equilibrando a relação entre o emprego 
local e habitação 
 
Este plano pretende manter densidades mais elevadas ao longo das linhas de 
transporte coletivo, seguindo uma abordagem mais orientada para o transporte coletivo do 
que anteriormente, que concentrava o crescimento em torno de grandes avenidas (Figura 
21). Nessas áreas, é permitido o coeficiente de aproveitamento máximo de 4. Fora dessas 
áreas, o coeficiente máximo é 2. Apesar de melhor distribuídos,esses coeficientes são 
semelhantes aos do regulamento anterior. 
O novo plano diretor traz alguns instrumentos inovadores sobre os eixos de 
adensamento: 
(iv) Incentivos para edifícios de uso misto e os usos não-
residenciais no piso térreo de edifícios residenciais, tornando as 
calçadas mais interessantes e proporcionando espaços comerciais 
em bairros residenciais. 
(v) Requisitos e incentivos para edifícios de doar parte do seu lote para 
uso público, em troca de maior área construída acima da parte doada, 
aumentando o espaço para o transporte não motorizado. 
(vi) Quantidade mínima de unidades por lote, o que reduz a 
diminuição da densidade esperado devido à construção de unidades 
maiores. 
(vii) Restrição do número de lugares de estacionamento não 
considerados na área total construída permitida, reduzindo o incentivo 
ao uso do automóvel. 
 
66 
 
 
No entanto, o plano segue a tradição da regulação do solo de São Paulo de se 
desestimular o adensamento em bairros centrais da metrópole (Figura 22). O plano define 
os seguintes objetivos de desenvolvimento para a “Macroárea de Urbanizacao 
Consolidada”, uma área com alta quantidade de empregos e infraestrutura de transporte: 
 
I - controle do processo de adensamento construtivo e da 
saturação viária, por meio da contenção do atual padrão de verticalização, 
da restrição à instalação de usos geradores de tráfego e do desestímulo às 
atividades não residenciais incompatíveis com o uso residencial; II - 
manutenção das áreas verdes significativas; III - estímulo ao adensamento 
populacional onde este ainda for viável, com diversidade social, para 
aproveitar melhor a infraestrutura instalada e equilibrar a relação entre oferta 
de empregos e moradia; IV - incentivar a fruição pública e usos mistos no 
térreo dos edifícios, em especial nas centralidades existentes e nos eixos de 
estruturação da transformação urbana (São Paulo, 2014, grifo nosso). 
 
A ambiguidade contida no texto a respeito do estímulo ao adensamento nessa zona 
mantém o paradigma de proteção de bairros centrais do adensamento. Resta saber como 
o novo zoneamento tratará as áreas. 
Já as áreas mais periféricas da metrópole são classificadas como “Macroárea de 
Redução da Vulnerabilidade Urbana”, com objetivo de: 
 
I - fortalecer as capacidades de proteção social a partir de melhorias 
nas condições de vida, de convivência e de acesso às políticas públicas; II 
- incentivar usos não residenciais nos Eixos de Estruturação da 
Transformação Urbana e centralidades de bairro, para gerar empregos 
e reduzir a distância entre moradia e trabalho; III - incentivar a 
consolidação das centralidades de bairro existentes, melhorando a oferta 
dando prioridade à implantação de serviços, comércios e equipamentos 
comunitários, mediante participação da população local nas decisões; IV - 
promover a urbanização e regularização fundiária dos assentamentos 
urbanos precários, dotando-os de serviços, equipamentos e infraestrutura 
urbana completa e garantindo a segurança na posse e a recuperação da 
67 
 
 
qualidade urbana e ambiental; V promover a construção de Habitação de 
Interesse Social; VI - melhorar e completar o sistema de mobilidade urbana, 
com a integração entre os sistemas de transporte coletivo, ferroviário, viário, 
cicloviário e de circulação de pedestres, dotando-o de condições adequadas 
de acessibilidade universal e sinalizações adequadas, nos termos da 
legislação vigente; VII - minimizar os problemas existentes nas áreas com 
riscos geológico-geotécnicos, de inundações e decorrentes de solos 
contaminados e prevenção do surgimento de novas ocupações e de 
situações de vulnerabilidade; VIII compatibilizar usos e tipologias de 
parcelamento do solo urbano com as condicionantes geológico-geotécnicas 
e de relevo; IX - proteger, recuperar e valorizar os bens e áreas de valor 
histórico, cultural, paisagístico e religioso. (São Paulo, 2014, grifo nosso). 
 
O incentivo a usos não residenciais é válido para a geração de diversidade e 
comércio local. No entanto, é questionável se as empresas que são o carro chefe da 
economia da metrópole terão disposição de se afastarem de seus pares, reduzindo de 
forma significativa as distâncias entre moradia e trabalho. 
A configuração socioespacial do município de São Paulo resultou em um espaço 
prenhe de problemas para a realização da mobilidade cotidiana, no qual algumas parcelas 
da população encontram uma condição de sérias dificuldades para a realização de seus 
deslocamentos cotidianos, o que configura a chamada crise da mobilidade cotidiana. 
Uma parcela da crise da mobilidade urbana em São Paulo decorre da primazia que 
os automóveis possuem em relação aos outros modais de transporte no uso do espaço 
urbano. Em 2012, estimava-se que nos horários de pico mais de 70% do leito carroçável 
era utilizado pelos carros, o restante se dividia entre os ônibus, os caminhões e as motos. 
A alta quantidade de automóveis utilizando o espaço viário é um ponto importante 
para a análise sobre a crise de mobilidade, uma vez que esses veículos possuem pequena 
capa- cidade de transporte e, mormente, levam apenas uma pessoa, acarretando a 
ampliação no tempo dispendido para a realização dos deslocamentos cotidianos. 
O Inventário de emissões atmosféricas do transporte rodoviário de passageiros no 
Município de São Paulo, estudo desenvolvido pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente 
(IEMA), aponta que os carros respondem por 1/3 das pessoas deslocadas, mas são 
68 
 
 
responsáveis por 72% dos gases de efeito estufa jogados na atmosfera, enquanto os 
ônibus transportam 40% das pessoas, mas respondem por apenas 3,1% da carga de 
poluentes. A desproporção é assustadora. 
Entretanto, centrar a análise apenas sobre a opção pelo uso do automóvel é um 
equívoco, é necessário considerar que as adversidades na realização da mobilidade 
cotidiana decorrem de um conjunto de causas diversas e complexas, cujas origens são 
assincrônicas e resultam, por fim, nas péssimas condições para a circulação viária. 
Compreendemos que os congestionamentos, apontados como os vilões da 
mobilidade, são apenas a expressão mais visível de um processo socioespacial mais 
amplo que envolve, por exemplo: 
1. a localização dos polos geradores de emprego e a distância das moradias dos 
trabalhadores; 
2. a condição precária do serviço de transporte coletivo público, especialmente, nas 
áreas mais periféricas e o estímulo contínuo para a aquisição de carros por toda a 
população; 
3. as diferentes densidades populacionais presentes no município de São Paulo; 
4. o estímulo à densificação de algumas parcelas do espaço urbano – realizada por 
meio da difusão do processo de verticalização – sem a necessária contrapartida 
uma melhor oferta de meios de transporte coletivo; e 
5. a interação entre os homens, as máquinas e as vias que compõem o ambiente de 
condução. 
Em São Paulo, os principais polos geradores de trabalho se localizam nas áreas 
mais centrais da cidade em contrapartida a maior parte da população vive distante dessas 
áreas. A título de exemplo, em 2007, as áreas correspondentes as subprefeituras da Lapa, 
de Pinheiros, da Móoca, da Vila Mariana e da Sé, geravam 46% dos empregos da cidade 
de São Paulo em contrapartida detinham apenas 16% da população. 
A desigual distribuição dos meios de transportes contribui para compreender os 
diferentes tempos de deslocamento casa-trabalho verificados no município. Outros 
69 
 
 
trabalhos como os Antico (2003), Currie (2004), Gabriel et al. (1996) e Minocha et al. 
(2008) indicam na mesma direção e colocam em tela outras variáveis como a questão 
racial. 
Esse quadro de deficiência de provimento dos meios de transportes coletivos nas 
áreas mais populosas e mais associado ao longo tempo de deslocamento e às políticas 
de aquisição de automóveis fez com que houvesse um salto tantona aquisição quanto no 
uso dos automóveis para a realização dos deslocamentos cotidianos. 
O conjunto de dados e informações trazidos à luz, quando associados às 
dimensões espaciais do município, permitem traçar um quadro que exprime a 
heterogeneidade e a complexidade que constituem a realidade do município de São Paulo. 
Tais informações servem de subsídios para refletir sobre as dificuldades existentes 
na formulação de políticas públicas de mobilidade cotidiana que sejam efetivas para todo 
o conjunto da população. 
 
 
 
4.6 PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DA PNMU E OS PLANOS DE 
MOBILIDADE URBANA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. 
 
 
A Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída em 2012, regulamentou o 
inciso XX2 do artigo 21º e o artigo 182º3 da Constituição Federal Brasileira bem como 
atende a dispositivos previstos no artigo 2º e no artigo 40º do Estatuto da Cidade (Lei 
10.257/2010). Considerando que a Constituição Federal foi promulgada em 1988, 
passaram mais de duas décadas até que os desígnios relativos à mobilidade urbana 
fossem finalmente regulamentados. É relevante ressaltar que a PNMU conferiu aos 
municípios a prerrogativa de construir seus próprios planos de mobilidade urbana. 
A seguir apresentamos os princípios, as diretrizes e os objetivos da Política 
Nacional de Mobilidade Urbana: 
 
70 
 
 
Art. 5o A Política Nacional de Mobilidade Urbana está fundamentada nos seguintes 
princípios: 
 
I - acessibilidade universal; 
II - desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões 
socioeconômicas e ambientais; 
III - equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; 
IV - eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de 
transporte urbano; V - gestão democrática e controle social do 
planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; 
 1. Esse inciso trata das diretrizes para o desenvolvimento urbano, 
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos. 
2. Esse artigo se refere à política de desenvolvimento urbano, executa- 
da pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, 
tem por objetivo ordenar 
o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir 
o bem- estar de seus habitantes. 
VI - segurança nos deslocamentos das pessoas; 
VII - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos 
diferentes modos e serviços; 
VIII - equidade no uso do espaço público de circulação, vias e 
logradouros; e IX - eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. 
 
Art. 6o A Política Nacional de Mobilidade Urbana é orientada pelas seguintes 
diretrizes: 
 
I integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas 
políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e 
gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; 
IIprioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os 
motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o 
transporte individual motorizado; III - integração entre os modos e serviços 
de transporte urbano; 
IVmitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos 
deslocamentos de pessoas e cargas na cidade; 
V incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias 
renováveis e menos poluentes; 
VI priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores 
do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; e 
VII integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira 
com outros países sobre a linha divisória internacional. 
 
Art. 7o A Política Nacional de Mobilidade Urbana possui os seguintes objetivos: 
 
71 
 
 
 
I - reduzir as desigualdades e promover a inclusão social; 
II - promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais; 
III - proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que 
se refere à acessibilidade e à mobilidade; 
IV - promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos 
custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e 
cargas nas cidades; e 
V - consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da 
construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. 
VI - segurança nos deslocamentos das pessoas; 
VII - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos 
diferentes modos e serviços; 
VIII - equidade no uso do espaço público de circulação, vias e 
logradouros; e IX - eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. 
 
Os princípios, as diretrizes e os objetivos constituem o elo que une os planos de 
mobildade urbana, de caráter municipal, à Política Nacional de Mobilidade Urbana. 
Servem assim para transpor para escalas menores, mais próximas ao local e ao cotidiano, 
os conceitos mais abstratos cuja formulação ocorrem numa escala superior, de caráter 
mais generalizado porque serve de parâmetro para todo o país. 
 
 
4.7 EM DIREÇÃO À DIMENSÃO HUMANA: O PLANO DE MOBILIDADE DO MUNICÍPIO 
DE SÃO PAULO (PLANMOB/2015) 
 
 
Em seu célebre livro, Cidade para as pessoas, Gehl (2010:3) afirma: Uma 
característica comum de quase todas as cidades – independente da localização, economia 
e grau de desenvolvimento – é que as pessoas que ainda utilizam o espaço da cidade são 
cada vez mais maltratadas. 
Lançado em 2015, após dois anos de construção, o Plano de Mobilidade do 
município de São Paulo traçou metas para a realização da mobilidade urbana em São 
Paulo por um período de 15 anos. Seu conteúdo é coerente com o Plano Diretor 
Estratégico de São Paulo e as bases sob os quais estão assentadas as propostas são 
alinhadas às dire- trizes, aos princípios e aos objetivos da PNMU e dialogam tanto com as 
72 
 
 
perspectivas de GEHL (2010) como de SPECK (2016) porque visam tanto a dimensão 
humana quanto à mobilidade ativa. As ações destacadas a seguir foram implantadas no 
município de São Paulo a partir do ano de 2013. 
 
 
4.8 EM PROL DA MOBILIDADE ATIVA: OS ESPAÇOS PARA AS BICICLETAS 
 
 
O modal cicloviário, geralmente, não é planejado para ser o principal modal de 
transporte. Pensa nas bicicletas para a realização de trajetos curtos e para uso 
complementar nas pontas do deslocamento, ou entre a casa e o modal de transporte 
coletivo e/ou entre o modal e o trabalho. 
Os espaços voltados a este uso foram valorizados nas políticas públicas 
implantadas a partir de 2013. Àquela época, o município contava com 70 km de vias 
destinadas à circulação de bicicletas. 
A partir de então, a gestão municipal ampliou de modo expressivo as áreas 
destinadas à circulação de bicicletas. Ao final do ano de 2016, o município de São Paulo 
dispunha de 498 km de vias permanentes destinadas à circulação cicloviária. Destes, 468 
km eram de ciclovias ou ciclofaixas e outros 30 km de ciclorrotas distribuídas por diversas 
áreas da cidade; além de contar com bicicletários e outros espaços de apoio para os 
ciclistas. 
As imagens a seguir, demonstram como são as ciclofaixas espalhadas pela cidade: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
73 
 
 
Imagem 1 – Ciclovia Faria Lima 
 
Fonte: VÁ DE BIKE (2016)20 
 
 
 
Imagem 2 – Ciclofaixa localizada no bairro de Moema 
 
 
Fonte: G1 (2014)21 
 
20 Disponível em Acesso em 07 
out de 2020. 
21 Disponível em Acesso em 07 out 2020. 
74 
 
 
 
Imagem 3 – Bicicletário no Largo da Batata 
 
Fonte: MOBILIZE22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 Disponível em Acesso em 07 outubro de 2020. 
75 
 
 
Imagem 4 – Estação Bike Sampa Cinemateca 
 
 
Fonte: CET23As ciclorrotas correspondem a apenas 30 km das estruturas a disposição dos 
ciclistas, pois são aquelas que oferecem menor segurança aos ciclistas, pois trata-se de 
pista compartilhada com outros veículos e cuja sinalização horizontal informa a preferência 
para ao ciclista. Estes espaços não estão especificados no Código Brasileiro de Trânsito 
(CBT) e são indicados apenas para vias secundárias, com baixo fluxo de circulação e limite 
de velocidade. Espera-se que os motoristas guardem distância dos ciclistas e realizem a 
ultrapassagem em baixa velocidade. 
Por outro lado, as ciclofaixas e as ciclovias são estruturas contidas no Código 
Brasileiro de Trânsito e possuem características capazes de garantir maior segurança aos 
 
23 Disponível em Acesso em 07 out 2020. 
76 
 
 
ciclistas, pois são sinalizadas e possuem elementos de separação específica do espaço 
para os ciclistas. 
As ciclofaixas são parte da pista de rolamento destinada a circulação exclusiva de 
ciclos, delimitada por sinalização específica. Já as ciclovias são pistas próprias destinadas 
à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum IPTD (2015:5). A bicicleta 
tem um papel essencial numa política de mobilidade ativa e na qual a dimensão humana 
é valorizada, pois trata-se de um veículo movido à propulsão humana, cujo uso massivo 
tem o condão de redistribuir o espaço viário levando o modo não motorizado a ampliar seu 
espaço sobre os modais motorizados. 
 Em 2017, a malha cicliviária paulista, possuia cerca de 619,1 km de vias que 
possuem o tratamento específico. Porém, são 468 km de ciclovias e ciclofaixas 
permanentes (CET, 2017) 
 
Tabela 1 – Extensão da infraestrutura cicloviária em km do municípcio de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
Fonte:MALATESTA (2014) 
 
O PlanMob prevê, ao todo, a construção de 1.300 km de malha cicloviária até o ano 
de 2030, o que, se concretizado, deixaria, em termos mundiais, a cidade numa posição 
confortável em relação a disponibilidade de espaços para usos bicicletas nos 
77 
 
 
deslocamentos cotidiano. 
 
 
4.9 BICICLETAS E PATINETES PASSARAM A SER CADA VEZ MAIS UTILIZADAS 
COMO ALTERNATIVA DE TRANSPORTE 
 
 
No início desta década, a implementação de ciclovias na cidade de São Paulo se 
tornou rotina, especialmente no centro expandido da cidade. Todavia, não devemos 
esquecer que a bicicleta não passou a ser utilizada como meio de locomo ção apenas em 
2010. Ela é utilizada desde o século XIX nas cidades brasileiras, com grande popularidade 
no século XX. Só que o seu uso era marginalizado 
As políticas públicas encaravam a bicicleta como um instrumento de recrea ção, 
uma vez que os espaços destinados de forma exclusiva para ela eram encontrados 
predominantemente nos parques da cidade. Trabalhadores, que muitas vezes utilizavam a 
bicicleta como principal meio de locomo ção, tinham que dividir as avenidas com carros, 
ônibus e motos, que, muitas vezes, não respeitavam os espa ços mínimos para um 
ciclista andar com seguran ça. 
Inspirado em cidades como Amsterdã e Copenhague, que utilizaram e 
implementará políticas públicas voltadas para a bicicleta como instrumento de 
mobilidade urbana, a cidade come çou a implementar as ciclofaixas. Como toda 
mudança de direcionamento de políticas públicas, houve muitas reclamações no início, 
mas logo as ciclofaixas passaram a ser mais aceitas e utilizadas pelos cidadãos da 
cidade. 
 
 
 
 
78 
 
 
Figura 6 - Rede cicloviária de São Paulo 
 
Fonte: CET24 
 
Junto a isso, começaram a surgir diversas iniciativas privadas que contribuíram 
para popularizar o uso da bicicleta como meio de locomoção na cidade, tão importante 
quanto o carro, moto, ou qualquer outro elemento. As bicicletas compartilhadas são um 
 
24 Disponível em 
Acesso em 07 out de 2020. 
79 
 
 
belo exemplo disso. É possível alugar uma em vários pontos da cidade, assim como 
deixá-las em diversos pontos. 
De forma mais recente, especialmente em meados do ano passado e neste ano, 
o patinete elétrico entrou em evidência. Eles se mostraram excelente alternativa de 
transporte, especialmente para curta distância. Várias empresas ao redor do mundo 
passaram a oferecer o servi ço, especialmente nas grandes cidades, como São Paulo. 
Assim como ocorreu durante o início da implantação das ciclofaixas, houve muita 
resistência. Só que dessa vez a resistência não veio da popula ção de maneira geral, mas 
sim do próprio poder público. Vários foram os argumentos utilizados para tentar 
inviabilizar o patinete elétrico. 
Eles chegaram a ser apreendidos e uma série de restrições sobre o seu uso foram 
feitas. Os motivos alegados foram os riscos que estes causam ao usuário, assim como a 
má utilização e armazenamento dos mesmos em um espaço público da cidade, as 
cal çadas. 
Todavia, podemos perceber o claro viés parcial destas afirmativas, uma vez que 
a maioria dos acidentes envolvem os carros, mais do que qualquer outro instrumento de 
transporte, como a bicicleta, moto ou mesmo o patinete. Além disso, são os carros que 
ocupam maior parte do espa ço público em nossas cidades. 
Dessa maneira, os patinetes elétricos e bicicletas vieram para ficar. Apresentam 
uma solução muito eficiente de mobilidade urbana, especialmente para curta e médias 
distâncias. O empreendedorismo do setor, assim como a utiliza ção de tecnologia 
disruptiva para a populariza ção destes elementos tem sem mostrado fundamental para a 
sua rápida popularização. Afinal, quase todas as pessoas possuem smartphone, 
independentemente da classe social. 
Sendo assim, estes novos modais devem ser vistos não como uma barreira a 
mobilidade urbana na cidade de São Paulo, mas como um instrumento para otimizar e 
reduzir os problemas de mobilidade na cidade, especialmente substituindo o uso dos 
automóveis particulares para curta e médias distâncias. 
Medidas para mesclar o uso destes elementos com outros importantes meios de 
locomoção, como ônibus e metrô, devem ser pensados e estudados. Somente dessa forma 
80 
 
 
teremos uma maior efetividade da mobilidade urbana na cidade de São Paulo: 
otimizando velhos elementos com a incorporação de novas tecnologias e ideias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
81 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
 
5 A ‘MICROMOBILIDADE’ QUEBRANDO BARREIRAS 
 
 
A Grow Mobility, fusão entre a mexicana Grin e a brasileira Yellow, opera mais de 
135 mil bicicletas e patinetes elétricos no mundo todo. A empresa foi a responsável por 
identificar um nicho de mercado e uma solução para esses percursos menores. Pouco 
tempo depois dessa inovadora ideia no mercado da mobilidade, as viagens de curta 
distância passaram a ser cada vez mais comuns. 
Portanto, é nítido notar que esse tipo de tecnologia vem quebrando barreiras para 
melhorar a acessibilidade e as condições de transporte nas grandes cidades, resultando 
em uma solução bastante eficaz. Essa ‘’micromobilidade’’ transforma o jeito de se 
deslocar e reflete em uma menor dependência dos veículos tradicionais, voltando ainda 
para uma mobilidade mais sustentável e saudável em cima, apenas, de 2 rodas. 
Surpreendentemente, a cidade de São Paulo teve a taxa de adesão mais rápida 
entre as cidades onde a Grow Mobility opera, segundo Milton Acher, diretor executivo 
de relações governamentais da empresa. 
A micromobilidade urbana se tornou um dos maiores interesses de grandes 
indústrias do mundo inteiro. Em 2018, a frota desses tipos de veículos ultrapassoua 
marca de 300 milhões. Especialistas explicam esse crescimento com base na 
preferência das pessoas por um meio de transporte que reduza o congestionamento, 
além de ser mais sustentável, diminuindo a emissão de carbono e gases de efeito estufa. 
Infelizmente, o maior problema que o brasileiro ainda enfrenta é a burocracia para 
e regulamentação de fatores que auxiliem na rotina do cidadão. As autoridades ainda 
vivem na ‘’idade da pedra’’ e não estão preparadas para o mínimo de regularidade, como 
na Europa e nos Estados Unidos por exemplo. 
 Isso desencadeia problemas graves, inclusive de segurança, já que não existe 
82 
 
 
normas adequadas para o uso desses equipamentos nas ruas paulistanas, gerando risco 
de acidentes entre pedestres, carros, ônibus etc. 
Conforme dito, o crescimento desenfreado do número de patinetes é um fato real, 
digno de preocupação quando se trata de São Paulo. Os especialistas temem que a 
falta de legislação e infraestrutura leve a capital paulista no mesmo parâmetro de 
desperdício da China, por exemplo, que possui um número alarmante de bicicletas 
compartilhadas estocadas em depósitos e sem uso. 
Para Lucian de Paula, não existe uma preparação específica para receber esses 
equipamentos, o que não significa que eles não possam ser utilizados. Ademais, a 
cidade está em evolução constantemente, precisando de melhorias em diversos outros 
fatores, como os ônibus e metrôs, e isso não os impede de funcionar normalmente na 
capital. 
Os benefícios que os patinetes e as bicicletas elétricas trazem a sociedade, vão 
além de melhorias na mobilidade, deslocamento, sustentabilidade, poluição sonora, 
economia etc. 
Trata-se de uma forma de recreação que tomou conta do dia a dia do cidadão 
paulistano, que busca diariamente maneiras de facilitar sua rotina agitada. Além de ser 
uma maneira do indivíduo se movimentar mais, é um jeito divertido e diferente de se 
deslocar pela cidade, saindo da monotonia enfrentada pelas pessoas, que normalmente 
precisam encarar ônibus e metrôs lotados ou congestionamento e horas dentro do 
carro. Esse fato se volta para a questão dos ‘’pingentes’’, mencionados anteriormente, 
podendo ser relacionados aos usuários de patinetes e bicicletas. 
Todavia, ainda há alguns pontos a serem ajustados. Segundo a jornalista 
Gabriela Stela, esse tipo de veículo é efetivo para o problema da mobilidade urbana 
apenas nos bairros mais ricos de São Paulo. 
 Já nos pontos mais afastados e nas periferias, o trânsito continua caótico com 
transportes públicos desumanos. ‘’A melhor forma de fazer esses transportes 
competirem de verdade para a mobilidade, é aumentando o alcance deles’’ afirmou. 
A empresa mexicana de patinetes elétricos Grin chegou no Brasil depois de uma 
parceria com o aplicativo de entregas Rappi. O projeto, que começou em São Paulo, 
83 
 
 
tem o objetivo de alcançar 12 mil patinetes em todo o país. 
Em relação aos patinetes da Grin, os usuários só precisam acessas o aplicativo 
da Rappi, ou da própria Grin, e se cadastrar. Nos 3 primeiros minutos de uso, a taxa de 
cobrança é de 3 reais e, depois disso, é cobrado 0,50 centavos para cada minuto que o 
passageiro usar. 
Além disso, quem usar pela primeira vez tem direito a uma viagem de 10 minutos 
sem pagar nada, uma forma que a empresa encontrou de permitir que os usuários façam 
um ‘test-drive’. Os patinetes da empresa Yellow funcionam da mesma forma. Porém, só 
podem ser utilizados entre as 8h e 20h, caso contrário, o usuário será taxado em 100 
reais. 
Depois de instalar um dos aplicativos, o usuário deve fazer o desbloqueio do 
patinete a partir do seu QR Code para começar a pilotar. 
Além dessas empresas, atualmente as mais conhecidas, existe a Scoo, que 
chegou em São Paulo em 2018. Até então, os veículos dessa empresa ficam 
concentrados na Avenida Paulista, Faria Lima e na região do Ibirapuera, considerados 
os locais de mais presença de patinetes na cidade. Para usar um patinete da Scoo, 
também é só baixar o aplicativo e desbloquear pelo QR Code. A diferença é que, nos 
primeiros quatro minutos o usuário paga 1 real, após isso será cobrado 0,25 centavos 
por minuto. 
Em 2017, entrou em vigor o decreto do ex Prefeito João Dória, que regulariza o 
sistema de compartilhamento de bicicletas na cidade, com o mesmo modelo dos 
serviços de Uber, por exemplo. As bicicletas são dos banco Itaú e atualmente também 
é possível alugar bikes do Bradesco. 
 
 
5.1 DOS CARROS ÀS PESSOAS: AS RUAS ABERTAS À POPULAÇÃO 
 
 
Em consonância com o Inciso I, do artigo 23 da PNMU, que diz respeito a restrição 
84 
 
 
e ao controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados 
em locais e horários predeterminados, o poder público municipal instituiu formalmente uma 
ação com o objetivo de abrir o espaço aos pedestres e restringir a circulação de veículos 
em algumas vias da cidade. 
Em 28 de junho de 2015, a Avenida Paulista, um símbolo da cidade de São Paulo, 
foi fechada para a circulação automobilística. No lugar dos veículos, as faixas foram 
ocupadas por famílias e grupos de pessoas que realizavam piqueniques e por crianças 
que brincavam na pista; artistas de rua faziam shows, ambulantes estendiam tecidos no 
chão e vendiam produtos enquanto muitas pessoas andavam a pé, de skate, de bicicleta, 
etc pelas faixas cotidianamente ocupadas por carros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
85 
 
 
Imagem 5 – Campanha paulista aberta 
 
Fonte: PAULISTA ABERTA25 
 
Enfim, a abertura da Avenida Paulista para as pessoas simboliza a possibilidade de 
outras formas de ocupar o espaço. Quatro meses depois da experiência piloto, a Prefeitura 
institucionalizou a ação e a Avenida Paulista passou a ficar aberta aos pedestres aos 
domingos, das 10 às 17 horas. 
Ao final do ano de 2016, após longa tramitação foi publicada a lei 16.607/16 que 
sintetiza essa prática com a instituição do programa Ruas Abertas. O segundo artigo da 
referida lei explica que o programa Ruas Abertas consiste na destinação temporária ou 
 
25 Disponível Acesso em 07 out 2020. 
86 
 
 
permanente de trechos de vias públicas, praças e largos para atividades de lazer, esporte, 
cultura e engloba três modalidades: Ruas de Cultura e Lazer. 
As ruas de Cultura e Lazer tem como objetivo designar a ocupação de alguns 
espaços viários à ocupação por pedestres, em horários regulados, entre as 10 e as 16 
horas, em domingos e feriados. Iniciativas dessa natureza são essenciais porque 
permitem aos moradores fortalecerem seus vínculos com os vizinhos, possibilitam ainda 
que pontualmente a realização de práticas aeróbicas além de fomentar uma cultura de uso 
e ocupação dos espaços públicos. 
 
 
5.1 VISANDO A COLETIVIDADE 
 
 
Outra iniciativa importante foi a criação e a difusão por diversas áreas da cidade de 
faixas exclusivas para ônibus, à direita das vias por onde circulam esses veículos. Estas, 
em sua grande maioria, possuem horários regulados nos quais os fluxos são privativos 
aos ônibus. Em geral, nos horários de pico da manhã ativam-se as faixas que funcionam 
na direção bairro-centro e no horário de pico da tarde são acionadas as faixas que se 
voltam à direção centro-bairro. 
Em 2013, a cidade possuía 90 km de faixas exclusivas para ônibus, ao final de 2016 
eram 500 km, um aumento de 450%. A opção pela política de faixas tem contornos 
conjunturais: de um lado trata-se de uma iniciativa menos custosa – e também menos 
eficiente – de reduzir o tempo de deslocamento que a instalação de corredores de ônibus, 
cujos projetos lançados em 2013 (mesmo ano de um conjunto grande de manifestações 
populares cujo estopim foi a elevação no preço das tarifas de transporte) foram 
questionados por instâncias administrativas, como o Tribunal de Contas do Município etambém por membros da Câmara de Vereadores. 
Os resultados de medidas dessa natureza ultrapassam escalas, pois a opção de 
exclusividade para os ônibus tem o condão de ampliar a velocidade média dos ônibus, o 
que pode estimular o uso do transporte coletivo ao invés do individual e também reduzem 
o volume de materiais poluentes que são dispersados no ar e concorrem para a 
87 
 
 
deterioração da qualidade do ar (Iema, 2014). Em uma escala macro é possível verificar 
benefícios. 
Em microescala as batalhas são outras, há que se dialogar com os agentes 
envolvidos amiúde. Houve muita reclamação de parte de comerciantes que tinham vagas 
para automóveis em frente aos seus estabelecimentos e também de donos de carros que 
antes podiam estacionar seus carros em faixas agora convertidas em espaços exclusivos 
para o modal coletivo. 
 
 
5.2 A VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO E O CAMINHO PARA REALIZAR MORTES 
 
 
Outra política adotada pelo poder público municipal foi a redução das velocidades 
médias das vias de circulação. Embora a adesão a proposta de redução de velocidade 
tenha ocorrido em 2011, o compromisso de atender às metas foi encampado 
sistematicamente pela municipalidade apenas a partir do ano de 2013. 
Os debates decorrentes do Programa Década de Segurança Viária, proposto pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) após estudos realizados pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS), apresentaram dados alarmantes, em 2011 a cidade ostentava 
o índice de 12 mortos/100.00 habitantes e se comprometeu a reduzir esse número pela 
meta- de até o ano de 2020 (CET, 2016). A redução das velocidades foi parte do pacote 
de medidas que visava alcançar esse objetivo. 
O marco simbólico da redução das velocidades médias foi apresentado em 20 de 
julho de 2015 quando as vias Marginais dos rios Tietê e Pinheiros tiveram seus limites de 
velocidades revistos para baixo. Essas duas vias por conta do volume e do papel que 
desempenham na articulação dos fluxos viários marcaram a colocação de uma bandeira 
nessa temática. 
Em dezembro de 2015 foi concluída a padronização do valor da velocidade máxima 
permitida nas vias arteriais da cidade em 50 km/h, restando poucas exceções a este valor 
(pistas expressas e centrais das marginais – 70 e 60 km/h, parte do eixo norte-sul– 60 
km/h, e pista expressa da Av. Prof. Abraão de Morais – 70 km/h). CET (2016:1) 
88 
 
 
A medida tinha como caráter essencial a segurança viária, uma vez que em 
velocidades menores é possível manter a velocidade média no deslocamento com níveis 
maiores de segurança. Em menor escala também se pode aferir a redução dos níveis de 
poluição atmosférica e sonora. 
A segurança viária foi o fator que essencialmente guiou a política de redução de 
velo- cidade, pois o grau de lesão no corpo humano não é proporcional à velocidade. Os 
efeitos são exponenciais. Outro fator essencial em relação à velocidade é a relação entre 
a capacidade física de realização da frenagem e a compatibilidade velocidade na via. 
Também nesse indicador a curva não é proporcional, mas exponencial. 
Assim, numa frenagem a 50 km/h um veículo percorre 65 metros até conseguir 
cessar seu movimento, mas a 100 km/h a distância não é o dobro, 130 metros, mas sim 
200 metros. A diminuição de velocidade proporciona tempos menos exigentes de 
percepção e reação, além de exigir distâncias menores para manobras seguras, o que 
diminui significativamente a formação de “ondas” no tráfego (o famoso “anda e para”). 
 E, ao diminuir a intensidade e a frequência dos conflitos de troca de faixas e de 
acessos, harmoniza o tráfego inclusive nas transposições entre pistas. Além disto, os 
ganhos com a redução da gravidade e da frequência dos acidentes impactou direta e 
positivamente na fluidez viária. CET (2016:7) 
As medidas implantadas tiveram êxito parcial, pois verificou–se uma redução 
gradativa no número de acidentes e de mortes nas vias da cidade. Com a implantação da 
política de redução de velocidades médias, gradativamente o número de mortes foi caindo, 
permanecendo estável num primeiro momento, entre os anos de 2012 e 2014. 
 Posteriormente os números foram caindo até patamares próximos à meta da ONU 
para a década que é de 6 mortos por 100 mil habitantes. Um dado, porém, é essencial, 
nas vias marginais dos rios Tietê e Pinheiros, onde os limites de velocidade foram revistos 
em 2016, o número de mortos aumentou. 
A revisão dos limites de velocidade para baixo redundou em acentuada queda no 
número de mortes em dois, a volta aos limites anteriores redundou em aumento no vítimas 
fatais, revertendo a curva verificada nos meses anteriores quando vigoravam limites 
menores de velocidade. 
89 
 
 
5.4 CONTRAMÃO 
 
 
O ano de 2017 simbolizou a realização de mudanças de direção administrativa do 
município de São Paulo. Essas mudanças dizem respeito tanto às propostas políticas, em 
âmbito mais geral, quanto às políticas de mobilidade urbana, em particular. 
A nova administração mudou a rota estabelecida, aquela contida no Plano de 
Mobilidade Urbana da cidade de São Paulo. Ainda que termos-chave, como mobilidade 
ativa, continuem presentes nos planejamentos atuais, tais como o Plano de Metas (2017- 
2020), construído pela atual administração, as ações até agora implantadas seguem em 
direção oposta. 
Estão na contramão, pois as políticas que tinham a mobilidade ativa em seu âmago 
estão sendo senão destruídas ao menos descontinuadas. O resultado mais visível foi o 
crescimento da insegurança e da violência para aqueles que não circulam na cidade 
empregando modais motorizados. 
Uma primeira impressão de que ocorreriam mudanças na condução dessas 
políticas é o fato de que as informações sobre a extensão e a localização das estruturas 
voltadas a esse modal deixaram de ser atualizadas pela prefeitura com constância. 
A política de valorização de circulação do modal cicloviário por exemplo passa por 
alterações que significam a supressão de ciclofaixas e a eventual transformação em 
ciclorrotas. Aparentemente, continua-se a valorizar o ciclista, mas as ciclorrotas não são 
segregadas, o que faz com que as bicicletas tenham que disputar espaços com modais 
motorizados. 
Tais iniciativas potencialmente ampliam o espaço dos modais motorizados por que, 
nessa situação, carros e bicicletas vão disputar o mesmo e a força dos motores, associada 
ao histórico de acidentes fatais envolvendo carros e bicicletas, aumentam a insegurança 
dos ciclistas, grupo que aferiu um aumento de letalidade da ordem de 23% em 2017. No 
ano de 2016 foram 30 vítimas de acidentes fatais, envolvendo bicicletas, o número saltou 
para 37 em 2017. 
90 
 
 
Ao longo do ano de 2017, muitas reportagens denunciaram a prática de apagar 
ciclo- faixas por diversas áreas da cidade (Diógenes, 2017). Gradativamente, algumas 
ciclo- faixas foram sendo desestruturadas sem que houvesse diálogo ou nova 
contabilização das estruturas existentes. 
Outra atitude que caminha em direção contrária às políticas de valorização do 
modal cicloviária foi a criação da lei 16.738/2017 cujo escopo altera a lei 14.266/2007 que 
versa sobre o Sistema Cicloviário do Município de São Paulo. As alterações propostas, de 
certo modo, formalizam as práticas que vinham sendo denunciadas, pois o artigo 6º 
passou a ter a seguinte formulação. 
O Sistema Cicloviário do Município de São Paulo deverá ser composto 
preferencialmente por faixas compartilhadas e ciclovias, sendo que a opção por ciclofaixas 
deverá ser adotada apenas quando não houver indicação técnica para a implantação de 
faixas compartilhadas e quando houver disponibilidade de espaço físico ou de recursos 
financeiros para a construção de uma ciclovia, desde que as condições físico-operacionais 
do tráfego motorizado sejam compatíveis com a circulação de bicicletas. 
Também o artigo 4º, parágrafo único recebeu nova redação, A implantação dos 
trechos cicloviários............................................................................................................ 13 
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 14 
2 APURAÇÃO DE DADOS ............................................................................................ 14 
2.1 O QUE É MOBILIDADE URBANA?....................................................................... 17 
3. CIDADE, ACESSIBILIDADE E ESTRUTURA URBANA ....................................... 19 
3.1 BENEFÍCIOS DE AGLOMERAÇÃO ...................................................................... 19 
3.1.1 ECONOMIAS DE ESCALA EXTERNAS ÀS ORGANIZAÇÕES ........................ 20 
3.1.2 COMPARTILHAMENTO DE RECURSOS ......................................................... 20 
3.1.3 DIVERSIFICAÇÃO ............................................................................................. 21 
3.1.4 APRENDIZADO ................................................................................................. 21 
3.1.5 ECONOMIAS DE ESCALA INTERNAS ÀS ORGANIZAÇÕES .......................... 22 
3.1.6 DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES .............................................................. 23 
3.1.7 CIDADE, ACESSIBILIDADE E DECISÕES DE LOCALIZAÇÃO ........................ 25 
3.1.8 ESTRUTURA ESPACIAL E FORMA URBANA .................................................. 33 
3.1.9 TRANSPORTE SUSTENTÁVEL ........................................................................ 34 
3.1.10 DA ESTRUTURA ESPACIAL URBANA .......................................................... 35 
11 
3.1.11 ESCALA .......................................................................................................... 36 
3.1.12 ARRANJO DE DENSIDADES ......................................................................... 36 
3.1.13 ARRANJO DE ATIVIDADES ........................................................................... 37 
3.1.14 ESTRUTURA ESPACIAL PARA UM TRANSPORTE SUSTENTÁVEL .......... 40 
3.2 MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL ............................................................. 42 
3.3 MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL NO BRASIL .......................................... 46 
3.4 MOBILIDADE URBANA: COMO AVALIAR? .......................................................... 48 
3.5 ÍNDICE DE MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL– IMUS ............................... 51 
4 A QUESTÃO URBANA E DA MOBILIDADE URBANA EM SÃO PAULO ............... 54 
4.1 DESAFIOS À VISTA: A CRISE DA MOBILIDADE COTIDIANA EM SÃO PAULO. 55 
4.2 CRESCIMENTO..................................................................................................... 57 
4.3 PROBLEMAS E PROPOSTAS NO SÉCULO XXI.................................................. 60 
4.4 INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE ............................................................... 62 
4.5 REGULAÇÃO DA TERRA NO SÉCULO XXI ......................................................... 64 
4.6 PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DA PNMU E OS PLANOS DE 
MOBILIDADE URBANA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. ........................................ 69 
4.7 EM DIREÇÃO À DIMENSÃO HUMANA: O PLANO DE MOBILIDADE DO MUNICÍPIO 
DE SÃO PAULO (PLANMOB/2015)............................................................................. 71 
4.8 EM PROL DA MOBILIDADE ATIVA: OS ESPAÇOS PARA AS BICICLETAS ....... 72 
4.9 BICICLETAS E PATINETES PASSARAM A SER CADA VEZ MAIS UTILIZADAS 
COMO ALTERNATIVA DE TRANSPORTE ................................................................. 77 
5 A ‘MICROMOBILIDADE’ QUEBRANDO BARREIRAS ............................................... 81 
5.1 DOS CARROS ÀS PESSOAS: AS RUAS ABERTAS À POPULAÇÃO ................. 83 
5.1 VISANDO A COLETIVIDADE ................................................................................ 86 
5.2 A VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO E O CAMINHO PARA REALIZAR MORTES 87 
5.4 CONTRAMÃO ........................................................................................................ 89 
6 UM IDEAL DE MOBILIDADE URBAMA ................................................................ 93 
6.1 CIDADES CAMINHÁVEIS ..................................................................................... 93 
12 
6.2 A CIDADE PLANEJADA ........................................................................................ 96 
6.3 O MODELO DO ESPAÇO COMPARTILHADO ..................................................... 99 
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 101 
9 APÊNDICES ....................................................................................................... 111 
9.1 MOBILIDADE NO DIA A DIA: PAUTA E ENTREVISTAS ................................ 111 
9.1.1 PAUTAS ............................................................................................................ 111 
9.1.1.2 PAUTA FONTE 1 – LUCIAN DE PAULA ......................................................... 111 
SUGESTÃO DE PERGUNTAS: ................................................................................... 112 
SUGESTÃO DE PERGUNTAS: ................................................................................... 113 
9.1.1.3 PAUTA 3 - MARCO PAGETTI ...................................................................... 113 
SUGESTÃO DE PERGUNTAS: ................................................................................... 114 
SUGESTÃO DE PERGUNTAS: ................................................................................... 115 
SUGESTÃO DE PERGUNTAS: ................................................................................... 116 
9.2 ENTREVISTAS ................................................................................................ 117 
9.2.1 ENTREVISTA 1 - LUCIAN DE PAULA MEMBRO DA CAMÊRA TÉMATICA DE 
BICICLETA DE SÃO PAULO.................................................................................. 117 
9.2.2 ENTREVISTA 2 JORNALISTA E ESCRITORA GABRIELLA STELLA .......... 120 
9.2.3 ENTREVISTA 3 – JORNALISTA MARCO PAGETTI ..................................... 122 
9.2.4 ENTREVISTA 4 – JORNALISTA RENAN FIUZA........................................... 124 
9.2.5 ENTREVISTA 5 – JORNALISTA MATHEUS TEIXEIRA ................................ 125 
10 ANEXOS ............................................................................................................. 128 
10.1 DADOS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO 128 
 
13 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A mobilidade urbana é um tema que está cada vez mais familiarizado ao cidadão. 
Os gestores das nossas cidades têm tentado enfrentar essa questão de diversas formas, 
especialmente nas grandes metrópoles como São Paulo. Isso não ao acaso, mas devido 
aos problemas de mobilidade se fazerem mais presentes em grandes cidades, uma vez 
que há mais pessoas e a logística para a sua locomoção se torna mais complexa. 
O modo como as pessoas se locomovem pela cidade muda bastante dia após 
dia. Inicialmente, os barcos eram os principais meios de transporte. Eles eram utilizados 
tanto pelos nativos, quanto pelos colonizadores, jesuítas e, posteriormente, 
Bandeirantes. Junto às carroças movidas a tração animal, foi o meio de locomoção mais 
utilizado até meados do final o século XIX e início do século XX, quando o modelo 
ferroviário (trens e bondes elétricos) — inicialmente, e rodoviário — posteriormente, 
passou a ser privilegiado. 
Com o crescimento da cidade de São Paulo, que em 1900 contava com 200 mil 
pessoas e atualmente conta com mais de 12 milhões, os problemas para transportar 
tanta gente para um lado ou outro da cidade aumentaram. Muitas solu ções foram 
apresentadas ao longo deste tempo, como o aumento das vias da cidade, criação e 
extensão das linhas de metrô, entre outros. Entretanto, uma nova solu ção temdeverá ser precedida pela realização de audiências públicas e pela 
apresentação de estudos de demanda, de viabilidade e de impacto viário, os quais 
deverão ser integralmente divulgados em sítio eletrônico próprio. 
O principal motivador das críticas à nova redação diz respeito à necessidade de 
apresentar estudos de demanda, viabilidade e impacto viário. A massificação do uso de 
modais de transporte ocorrem quando o poder público utilizando suas prerrogativas de 
construção e de controle do espaço cria políticas e produz espaços capazes de induzir a 
demanda pela bicicleta. Trata-se de instilar o modal não-motorizado em relação aos 
modais motorizados. 
A criação de mecanismos, como a necessidade de apresentação de estudos de 
demanda, contribui para a imobilização ou descontinuidade da política de valorização do 
modal cicloviário. Ações desse jaez não apenas não contribuem com a mobilidade ativa e 
a dimensão humana como caminham em desacordo com as diretrizes da Política Nacional 
de Mobilidade Urbana. 
91 
 
 
Da mesma forma que as ciclofaixas foram sendo retiradas, o Programa Ruas 
Abertas também passou a sofrer com descontinuidades e/ou falhas no processo de 
execução. Primeiramente, avenidas importantes como a Avenida Sumaré, que deviam ser 
abertas aos pedestres deixaram de receber os agentes responsáveis por executar essas 
ações. 
Posteriormente, outras vias, em outras áreas do município passaram a ter os 
mesmos problemas. Em matéria publicada em maio de 2017, o Jornal Folha de São Paulo 
reportava que outras vias pertencentes ao programa Ruas Abertas, como a Engenheiro 
Luiz Gomes Cardim Sangirardi, localizada na Aclimação, na zona central e a Avenida 
Koshun Takara, no Jardim Peri, na zona norte da cidade de São Paulo também não 
recebiam mais os agentes responsáveis por realizar as intervenções que barram os 
veículos e libera o espaço aos pedestres. A desmobilização para a sustentação das ações 
em áreas menos simbólicas que a Avenida Paulista resulta em abandono do programa, 
sem que haja muito alarde. 
Por fim, em desacordo com as indicações de ordem técnica que indicavam a 
eficácia da política de redução de velocidade máxima dos carros nas vias marginais ao 
rios Tietê e Pinheiros, foi realizada a revisão dos limites de velocidade, voltando aos 
valores vigentes até o primeiro semestre do ano de 2015. 
É possível considerar que a alteração de uma única variável, o limite máximo de 
velo- cidade, não responde plenamente a todas as causas de acidentes que redundam em 
vítimas fatais nessas vias. A realidade, porém, não deu sustentação a esta hipótese, pois 
o número de óbitos nessas vias aumentou após a reedição dos antigos limites máximos 
de velocidade. 
Em 2016, as vias marginais tiveram 26 vítimas fatais, no ano seguinte foram 
contabilizadas 32 vítimas, um aumento de 23%. A defesa da redução dos limites de 
velocidade de circulação viária é uma prática que tem sido adotada em diversas 
metrópoles. 
 Nas áreas urbanas mais movimentadas de Londres, o limite é de 32 km/h; em Nova 
York, 40 km/h; Roma e Barcelona, estabeleceram o limite de 50 km/h e as cidades 
Santiago e Buenos Aires, estipularam o limite máximo de 60 km/h. São Paulo conduziu na 
contramão e, em duas artérias essenciais à articulação viária da cidade, a velocidade 
92 
 
 
máxima foi para 90 km/h. Coincidentemente, nessas duas vias a letalidade aumentou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
93 
 
 
CAPÍTULO 4 
 
 
6 UM IDEAL DE MOBILIDADE URBAMA 
 
 
6.1 CIDADES CAMINHÁVEIS 
 
 
A proposta de construção de “comunidades caminháveis” se insere em uma 
estratégia de compactação urbana, principalmente no que se refere à redução das 
distâncias e dos deslocamentos, dando prioridade ao deslocamento a pé ou por bicicleta, 
propondo a distribuição dispersa dos núcleos (comunidades caminháveis) interconectados 
e conformando uma rede na escala da cidade e da região. Essa proposta é pautada na 
ideia de definição limite para ocupação contínua do território e na interpenetração cidade-
natureza (Lemos, 2015). 
De acordo com o TOD (Transit Oriented Development)26, o Instituto desenvolvido 
pela Associação de Trens de Alta velocidade dos Estados Unidos da América (US High 
Speed Rail Association - USHSR) – instituição que trabalha para promover e acelerar a 
implantação de comunidades sustentáveis, de uso misto, viáveis em torno de estações 
ferroviárias – define que o raio caminhável de uma estação está entre ¼ a ½ de milha, o 
que corresponde de 400m a 800m. 
 A rota a pé precisa ser segura, confortável e agradável para estimular a caminhada 
e o ciclismo de, e para a estação. Espaços públicos bem definidos, salas exteriores, 
bancos e mesas que convidem o pedestre a descansar, bares com ambientes externos 
que ocupem e deem vida à cidade devem constar do projeto urbano. O Instituto ainda 
sugere dez princípios a serem desenvolvidos. São eles: 
 
1. Implantar estações em locais com maior potencial de número de 
 
26 http://www.tod.org/home/about.html 
 
http://www.tod.org/home/about.html
94 
 
 
passageiros e oportunidades de desenvolvimento; 
 
2. Definir um raio de meia milha ao redor da estação como maior 
densidade, desenvolvimento de uso misto; 
 
3. Criar uma faixa de densidades altas ao redor da estação, reduzindo 
as vizinhanças existentes; 
 
4. Implantar a estação em local estratégico para que haja o 
desenvolvimento em todo seu perímetro; 
 
5. Criar uma praça pública diretamente em frente a um ou mais lados do 
edifício da estação; 
 
6. Criar ruas de varejo e cafés que levem às entradas das estações ao 
longo das principais conexões para pedestres; 
 
7. Reduzir o estacionamento na estação, localizá-lo a um ou dois 
quarteirões de distância, direcionando o fluxo de pedestres ao longo 
das ruas de varejo; 
 
8. Melhorar as conexões multimodais, tornando as transferências fáceis, 
diretas e confortáveis; 
 
9. Incorporar bikeshare, uma rede de bikeway abrangente, e grandes 
áreas de estacionamento de bicicletas; 
 
10. Utilizar a estação como um catalisador para o desenvolvimento 
principal da área e grande comércio ao redor da estação. 
 
A mobilidade urbana se inicia ao se caminhar pelas calçadas, ciclovias e acessos 
ao sistema de transporte público. A caminhabilidade é um indicador da sustentabilidade 
como paradigma do desenvolvimento urbano e humano. 
95 
 
 
 Faz-se necessário que o indivíduo tome consciência e considere sua locomoção 
como parte da energia produzida e consumida por si próprio, indispensável para a sua 
saúde e para o sucesso do planejamento urbano: 
As cidades devem criar modelos de circulação em que o trânsito seja 
compreendido como “um meio para se chegar a um destino e não um fim em si mesmo, 
de sorte que os espaços públicos acolham o tráfego de veículos, o convívio entre as 
pessoas e outras funções espaciais em contínuo equilíbrio”. (Monderman apud 
Pinheiro, 2018, p.2) 
Como garantir a mobilidade urbana? Como implantar transporte de média 
capacidade, inteligente, resiliente em cidade caminhável? Como incentivar o uso do 
transporte público? Como torná-lo atrativo? É possível obrigar o indivíduo a usar o 
transporte público? Para Speck (2017), os 10 passos da caminhabilidade são os 
seguintes: 
 
o Passo 1: Utilizar o automóvel em ocasiões 
adequadas 
o Passo 2: Mesclar os usos para que a caminhada 
seja útil 
o Passo 3: Adequar a localização dos 
estacionamentos 
o Passo 4: Investir em transporte de alta capacidade 
o Passo 5: Adequar a geometria viária à proteção do 
pedestre 
o Passo 6: Acolher as bicicletas 
o Passo 7: Criar espaços agradáveis para 
caminhar 
o Passo 8: Plantar árvores 
o Passo 9: Criar faces de Ruas Agradáveis e Singulares 
o Passo 10: Eleger prioridades dos locais mais apropriadosà caminhada 
 
 
96 
 
 
 
6.2 A CIDADE PLANEJADA 
 
 
A cidade deve ser caminhável, com acessibilidade, ser adensada (de forma a ter o 
custo e o benefício adequados para investimentos em sua infraestrutura), preservar o meio 
ambiente e a saúde da população, e trazer benefícios à sua governança. 
No Brasil, existem várias cidades planejadas: Brasília, Goiânia, Belo Horizonte. No 
Rio de Janeiro, o bairro da Barra da Tijuca é outro exemplo. Seus traçados são 
planejamentos modernistas, onde o conceito de caminhabilidade é praticamente zero. 
Nesse modelo, as grandes vias de automóveis são estruturais e proporcionam conforto 
para as pessoas que trabalham no Centro e moram no subúrbio. 
 Em alguns casos, os polos geradores de viagens encontram-se a distâncias 
significativas, e muitas vezes o transporte público não alcança esses locais.Em 
decorrência disso, os problemas provocados pela má conservação do ambiente levaram 
organizações e comissões mundiais a protagonizarem movimentos em favor da emissão 
de carbono zero. Os automóveis passaram a ser vistos como os “vilões” das cidades, por 
emitirem maiores quantidades de carbono em grandes engarrafamentos. 
 O esforço mundial para a diminuição das emissões de carbono incentiva a 
utilização de transportes considerados limpos, ou seja, aqueles que utilizam a energia 
limpa, reduzindo as emissões de poluentes. De acordo com a Organização das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente (ON Enviramental)27, o transporte é responsável por cerca 
de um quarto das emissões de poluentes, e aumenta mais rápido que qualquer outro setor, 
chegando a um terço até 2050. 
O Plano de Ações da Organização das Nações Unidas (ONU)28 determina a gestão 
sustentável dos recursos naturais do planeta, principalmente medidas para diminuir as 
emissões de carbono, com foco nas mudanças climáticas 
A cidade sustentável é geralmente fortalecida se grande parte do seu transporte 
 
27 https://www.unenvironment.org/news-and-stories/story/seven-ways-fix-warming-planet 
28 nacoesunidas.org 
http://www.unenvironment.org/news-and-stories/story/seven-ways-fix-warming-planet
97 
 
 
puder se dar por meio da mobilidade verde, ou seja, deslocar-se a pé, de bicicleta ou 
por transporte público. 
Esses meios proporcionam acentuados benefícios à economia e ao meio 
ambiente, reduzem o consumo de recursos, limitam as emissões e diminuem o nível 
de ruídos. 
 Outro aspecto sustentável importante é o aumento da atratividade exercida 
pelos sistemas de transporte público, quando os usuários se sentem seguros e 
confortáveis caminhando ou indo de bicicleta para e a partir dos ônibus, trens e 
veículos sobre trilhos. 
Um bom espaço público e um bom sistema público de transportes são 
simplesmente, os dois lados da mesma moeda. (Gehl, 2015, p. 7) 
As cidades vêm se modernizando através de aplicativos e rastreadores, chips e 
outros tipos de identificadores de comportamento, de maneira a atender às necessidades 
tecnológicas e às formas de relacionamento. Porém, não há nenhuma solução tecnológica 
que seja eficaz sem que esta trabalhe em parceria com a educação e a civilidade. 
A mobilidade é um componente essencial à saúde das cidades. Essas não podem 
ser pensadas para os carros. O ritmo do encontro é o ritmo da caminhada. 
 É preciso desenhar a nossa cidade para que o espaço do pedestre seja 
determinante, e os outros modos leves de deslocamento, como a bicicleta, também sejam 
favorecidos. O transporte público precisa ser de qualidade, e oferecer confiabilidade, 
conforto e dignidade ao usuário (Lerner apud Gehl, 2015, p. XII). 
 Em muitos casos internacionais, experiências bem-sucedidas comprovam a 
importância do planejamento sistêmico na qualidade do ambiente urbano. 
Aqui versamos sobre conceito de caminhabilidade ao planejamento do transporte 
público, ou seja, vislumbra a democratização do espaço da cidade onde as pessoas não 
precisem usar o carro no dia a dia, uma vez que terão sua mobilidade garantida, com 
qualidade e conforto. 
98 
 
 
O Estatuto das Cidades (2004)29 determinava que fosse elaborado, para cidades 
com população maior que 500 mil habitantes, um Plano de Mobilidade Urbana para 
garantir o deslocamento de pessoas e de bens no espaço urbano. 
 O conceito para elaboração do Estatuto das Cidades propõe quatro diretrizes 
estruturais da política desenvolvida pelo Ministério das Cidades: a inclusão social, a 
sustentabilidade ambiental, a gestão participativa e a democratização do espaço público. 
Para cumprir essa lei, foi regulamentado, em 2007, um plano federal de mobilidade 
urbana, o PlanMob 2007-2015. 
Através dos planos de Mobilidade Urbana, a cidade deve propor seu 
desenvolvimento levando em consideração modelos do pensamento sustentável, 
inteligente, resiliente, caminhável. O planejamento do transporte público de massa é parte 
fundamental do projeto de funcionamento da cidade. O eixo estrutural do município deve 
ser projetado para que o cidadão obtenha o maior índice de mobilidade possível: 
 
PlanMob é uma contribuição do Ministério das 
Cidades para estimular e orientar os municípios no processo 
de elaboração dos Planos Diretores de Transporte e da 
Mobilidade, obrigatórios para as cidades com mais de 500 mil 
habitantes, fundamental para as com mais de 100 mil 
habitantes e importantíssimo para todos os municípios 
brasileiros. (PLANMOB, 2007, p. 5) 
 
Renato Boareto, diretor de Mobilidade Urbana e do Departamento de Mobilidade 
do Ministério, responsável pela elaboração do documento PLANMOB (2007), esclarece as 
diretrizes: 
 
O compromisso do Governo Federal com a construção de um 
país para todos, tendo o direito à mobilidade como meio de se 
atingir o direito à cidade. O primeiro afirma o compromisso do 
Governo Federal com a construção de um país para todos, 
tendo o direito a mobilidade como meio de se atingir o direito 
à cidade. O segundo demonstra a preocupação com as 
 
29 Lei Federal 10.257 de 10 de julho de 2001. 
 
99 
 
 
gerações futuras e com a qualidade de vida nas cidades. O 
terceiro traduz a busca pela construção da democracia política, 
econômica e social. E o quarto complemento se refere ao 
princípio da equidade no uso do espaço público A importância 
estratégica desta nova abordagem é tanta, que o Ministério 
das Cidades decidiu avançar na obrigação legal e incentivar 
a elaboração do PlanMob por todas as cidades com mais de 
100 mil habitantes e as situadas em regiões metropolitanas e 
em regiões de desenvolvimento integrado. (PLANMOB, 2007, 
p. 15) 
 
A Lei nº 12.587, da Mobilidade Urbana, estipulou até 2015 o prazo para que toda 
cidade com mais de 20 mil habitantes apresentasse seus projetos. Já para as cidades 
maiores que 100 mil habitantes, ficou regulamentada que, para que seus projetos 
entrassem em programas de financiamento, seria necessária a apresentação do plano de 
Mobilidade Urbana. Atualmente, a cidade de qualquer tamanho que não tem projetos de 
mobilidade urbana não consegue recursos para a área. 
O papel do transporte no planejamento das cidades é estrutural, uma vez que 
somente o transporte público de massa é considerado democrático em relação à ocupação 
do espaço de circulação e compartilhamento das vias. 
 
 
6.3 O MODELO DO ESPAÇO COMPARTILHADO 
 
 
O desenho urbano deve ser pensado – como no exemplo do espaço compartilhado 
do urbanista Hans Monderman (Delaqua, 2012) aplicado na Holanda– integrando a 
estrutura do transporte público de massa aos carros e à atividade humana. A 
caminhabilidade beneficiará a segurança do indivíduo, e o uso e a ocupação do solo 
projetarão o desenvolvimento do município e beneficiarão o transporte de forma 
equilibrada: 
 
O modelo do “espaço compartilhado” (“Shared Space”) 
planejado por Hans Mondeman aposta numa mudança no10
0 
 
 
desenho urbano que procura integrar o tráfego e as atividades 
humanas e não ser isoladas a partir daquele, como 
geralmente acontece. O projeto do “Espaço Compartilhado” 
nasceu em 2004 e foi financiado em parte pela União 
Europeia, para ser implantado na Alemanha, Bélgica, 
Dinamarca, Holanda e Inglaterra. (Delaqua, 2012, p.1) 
 
O espaço compartilhado enfatiza a equivalência entre o veículo motorizado e o 
pedestre, o carro deixa de ter prioridade no espaço e passa ter a mesma prioridade que 
todos os outros usuários da rua, estejam eles a pé, de bicicleta ou motorizados. A retirada 
do sinal de trânsito dá ao motorista uma responsabilidade em verificar o entorno e negociar 
com os outros usuários a sua posição na rua. 
Um dos trabalhos emblemáticos de Monderman é a transformação de uma junção 
de cinco ruas em Oosterwolde (Holanda) em uma praça pública, onde circulam 
tranquilamente pedestres, ciclistas e condutores. O pavimento vermelho é uma 
característica de todos os desenhos e destaca os limites do “Espaço Compartilhado”. 
 A filosofia por trás desse conceito expressa a crença na convicção de que um 
espaço livre de regulações encoraja um comportamento responsável por parte de cada 
usuário. 
 Em consequência, pode promover uma maior segurança e qualidade urbana no 
lugar do que com a sinalização convencional, onde antes apenas circulavam dezenas de 
automóveis em uma praça pública, faixas de pedestres com sinais de trânsito impõem a 
ordem do trânsito. O desenho urbano é restruturado, e ciclistas, pedestres e motoristas 
passam a circular tranquilamente. 
 O revestimento em cor vermelha no piso destaca os limites do “espaço 
compartilhado”. Sem sinalização de travessia em um ponto específico, ao adentrarem no 
pavimento diferenciado os motoristas diminuem a velocidade e passam a negociar a 
ordem de passagem 
 
 
 
10
1 
 
 
7 CONCLUSÃO 
 
O crescimento desordenado das cidades é um dos principais problemas do Brasil, 
e soluções sustentáveis de sistema de transporte são discussões fundamentais para a 
melhoria da mobilidade nas cidades brasileiras. Já é evidente que uma cidade baseada 
em transporte individual é inviável e que medidas de compartilhamento de vias e 
transportes inteligentes são as discussões que devemos provocar em busca do 
planejamento sustentável. 
A falta de investimentos em modais de alta capacidade e a sobrecarga nos 
sistemas de ônibus provocam a rede clandestina de lotações e sistemas de vans 
ilegais, ou muitas vezes a compra de um carro velho que vai sobrecarregar ainda mais 
o sistema viário. As cidades precisam de redes de transportes, iniciando pelas calçadas 
com inclinações eficientes para idosos e deficientes, pavimentação segura e paisagem 
agradável, sistemas de ciclovias e praças de uso compartilhado com sinalização 
eficiente. 
Uma questão que deve ser levada em consideração é a estrutura que a cidade 
deve investir no desenho urbano para que torne atrativa a caminhabilidade: tornar as 
áreas centrais e as áreas ao redor da estação atrativas e confortáveis é a forma que o 
município tem de adensar áreas prioritarias para investimento de redes de água, luz, 
internet e outras facilidades necessárias ao desenvolviemnto sustentável. O 
planejamento de ciclovias, calçadas, praças, ruas iluminadas e atrativos durante as 
caminhadas irá incentivar o usuário do transporte individual a optar pelo transporte 
publico. 
O planejamento sistêmico é a forma mais completa de se pensar a gestão de 
uma cidade. A complexidade de seus fluxos devem ser analisados de forma a envolver 
o urbanismo e o desenvolvimeto econômico do município, prevendo a integração de 
todos os modais disponíveis , incluindo pontos de maior densidade e planejando a 
inserção de edificações abandonadas para a revitalização da cidade e o seu 
desenvolvimento. Quanto maior for o número de viagens que o cidadão fizer, maior 
será o índice de mobilidade do município. 
A chegada dos carros compartilhados, das bicicletas elétricas, dos patinetes e 
10
2 
 
 
de vários outros transportes que inovam a maneira de se deslocar por São Paulo, 
trouxeram um debate muito importante sobre o papel deles dentro da capital. 
Aos poucos, o Estado vai entendendo qual a sua responsabilidade dentro 
dessa logística. O poder público deve se preparar para o futuro com tecnologias que 
ofereçam serviços simples e de custo reduzido para os cidadãos. 
Para os entrevistados que tocaram no assunto de mobilidade e urbanismo, o 
sucesso da mobilidade depende de parcerias público-privadas que devem ser 
estabelecidas com o objetivo de fornecer e gerenciar informações de maneira 
regulada. 
 
 
 
 
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111 
9 APÊNDICES 
 
 
9.1 MOBILIDADE NO DIA A DIA: PAUTA E ENTREVISTAS 
 
 
9.1.1 Pautas 
 
 
9.1.1.2 Pauta Fonte 1 – Lucian De Paula 
 
 
Retranca: Mobilidade Urbana 
Data: 5/09/2019 
Horário: 14:00 Horas 
Pauteiro: Gabriel 
Guimarães Repórter: 
Gabriel Guimarães 
Tema: Desafios dos novos meios de locomoção na cidade de São Paulo 
Histórico: O Entrevistado Lucian de Paula Possui graduação em Arquitetura e 
Urbanismo pela Universidade de São Paulo (2012). Se especializando em 
Economia Urbana e Gestão Pública pela PUC-SP. Atualmente é arquiteto da 
Pró-Reitoria de Planejamento da Universidade Federal de São Paulo. Tem 
experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Planejamento 
Urbano e Políticas Públicas de Mobilidade. 
Enfoque: Através destas informações, eu busquei perguntar sobre assuntos 
relacionados a visão do urbanista em relação ao que ele pensa sobre o 
encaixe que bicicletas e patinetes podem ter em reação ao espaço que São 
Paulo tem. 
 
112 
Fonte: Urbanista Lucian de Paula 
Sugestão de Perguntas: 
 
 A cidade está preparada para os novos meios de locomoção que estão 
chegando? Em uma cidade tão grande como São Paulo, as bikes e patinetes 
podem concorrer com transportes mais rápidos de que forma? 
 As ciclofaixas em São Paulo estão em um bom estado? No que elas podem 
melhorar? 
 A cidade comporta uma só via exclusiva para patinetes? 
 Qual meio de locomoção você acha mais atraente no quesito rapidez? 
 Você acha que bikes e patinetes podem ser um impulso para temas se ter 
menos trânsito na cidade? 
 Você acha que vai demorar quanto tempo para que bicicletas e patinetes 
caiam no gosto popular? 
 
 
9.1.1.2 Pauta Fonte 2 – Gabriella Stella 
 
 
Retranca: Mobilidade Urbana 
Data: 18/09/2019 
Horário: 12:00 Horas 
Pauteiro: Gabriel 
Guimarães Repórter: 
Gabriel Guimarães 
Tema: Desafios dos novos meios de locomoção na cidade de São Paulo 
Histórico: A Entrevistada Gabriella Stella nasceu no dia 5 de novembro de 
1991, é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Foi colaboradora nas 
revistas TPM, Claudia, Marie Claire, Cult, e Guia Quatro Rodas. 
 
113 
Enfoque: Através destas informações, eu busquei perguntar sobre assuntos 
relacionados a visão com olhar de periódico que ela tem por ter traçado sua 
carreira em revistas e em relação ao que ele pensa sobre o encaixe esses novos 
meios de locomoção podem ter com a cidade de São Paulo. 
Fonte: Jornalista Gabriella Stella 
 
Sugestão de Perguntas: 
 
 A Mobilidade Urbana em São Paulo é boa? 
 O que você acha que pode melhorar Na mobilidade Urbana? 
 Você aprovou os novos meios de locomoção que estão hegando? Qual 
destes, bicicleta ou patinete, é mais útil? 
 No quanto São Paulo pretende evoluir para termos um uso total deste 
meio de locomoção? 
 Você acha importante leis para este transporte? 
 Essas novas tecnologias são positivas para a diminuição do número de 
carros De que forma as bikes e patinete podem competir com transportes 
considerados tradicionais? 
 
 
9.1.1.3 Pauta 3 - Marco Pagetti 
 
 
Retranca: Mobilidade 
Urbana Data: 
1/10/2019 
Horário: 19:30 
Pauteiro: Gabriel Guimarães 
Repórter: Gabriel Guimarães 
 
114 
Tema: Desafios dos novos meios de locomoção na cidade de São Paulo 
Histórico: O Entrevistado Marco Pagetti é Jornalista, Locutor e Mestre de 
Cerimônias. Atua na área desde 2006 realizando diversos trabalhos em Rádio 
e TV, tendo passado por diversas áreas. No momento é apresentador de 
telejornais na VTV, afiliada do SBT. 
Enfoque: Através destas informações, eu busquei perguntar sobre assuntos 
relacionados a visão do jornalista em relação ao audiovisual que é seu forte com 
o que a mobilidade urbana em São Paulo ainda pode evoluir. 
Fonte: Jornalista Marco Pagetti 
 
Sugestão de Perguntas: 
 
 São Paulo está preparada para esses novos meios de locomoção que 
foram introduzidos na sociedade? 
 As leis para bikes e patinetes serão mais resistentes ao poder público? As 
ciclofaixas podem ser divididas tanto para bikes como para patinetes? 
Quais equipamentos seriam ideais para evitar acidentes? 
 O estado de São Paulo está recebendo bem esses novos meios de 
locomoção? Quais estabelecimentos poderiam servir de parceiros e 
serviriam de terminal para esses transportes? 
 Vocês acham que esses aplicativos de transporte estão ajudando as 
pessoas e praticar mais atividade física? 
 Um estado do tamanho de São Paulo tem espaço para novos meios de 
locomoção? Áreas residenciais precisam de quais tipos de ajustes para 
também serem também lugares que a população utiliza bikes e patinetes? 
 
9.1.1.3 Pauta 4 – Renan Fiuza 
 
 
Retranca: Mobilidade 
 
115 
Urbana Data: 
6/10/2019 
Horário: 13:00 Horas 
Pauteiro: Gabriel 
Guimarães Repórter: 
Gabriel Guimarães 
Tema: Desafios dos novos meios de locomoção na cidade de São Paulo 
Histórico: O Entrevistado Renan Fiuza é funcionário da TV Tribuna afiliada 
da Rede Globo 
Enfoque: Através destas informações, eu busquei perguntar sobre assuntos 
relacionados a visão do jornalista a respeito do que ele pensa sobre os novos 
meios de locomoção e sabendo que ele conhece sobre assuntos buscando 
dados sobre o tema e como eles podem somar para saber o quão eles podem 
ser importantes para a cidade. 
Fonte: Renan Fiuza 
 
Sugestão de Perguntas: 
 
 A cidade está preparadapara os novos meios de locomoção que estão 
chegando? Em uma cidade tão grande como São Paulo, as bikes e 
patinetes podem concorrer com transportes mais rápidos de que forma? 
 As ciclofaixas em São Paulo estão em um bom estado? No que elas 
podem melhorar? 
 A cidade comporta uma só via exclusiva para patinetes? 
 Qual meio de locomoção você acha mais atraente no quesito rapidez? 
 Você acha que bikes e patinetes podem ser um impulso para temas se ter 
menos trânsito na cidade? 
 Você acha que vai demorar quanto tempo para que bicicletas e patinetes 
 
116 
caiam no gosto popular? 
 
 
9.1.1.4 Pauta 5 – Matheus TeixeiraData: 20/10/2019 
Horário: 19:00 Horas 
Pauteiro: Gabriel 
Guimarães Repórter: 
Gabriel Guimarães 
Tema: Desafios dos novos meios de locomoção na cidade de São Paulo 
Histórico: O Jornalista Matheus Teixeira é Mestrando em Mídia e Tecnologia 
pela Unesp e pesquisador do Grupo de Pesquisa Periódicos de acesso aberto, 
comunicação científica e escrita jornalística (Universidade Federal do Tocantins). 
Especialista em Comunicação Empresarial e Governamental, e bacharel em 
Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Atualmente trabalha na 
Rede Bandeirantes. 
Enfoque: Através destas informações, eu busquei perguntar sobre assuntos 
relacionados a visão do jornalista em relação a como ele utiliza estes meios de 
locomoção e como a sociedade deve se comportar com esta novidade. 
Fonte: Jornalista Matheus Teixeira 
Sugestão de Perguntas: 
Qual o ponto fraco na sua opinião a respeito das bikes e bicicletas? 
Quais são os equipamentos essências para uso destes meios de locomoção? 
Qual código de trânsitos as bicicletas usam para seguir um padrão? 
Quais dicas você dá para os ciclistas e quem usa patinete que estão iniciando? 
Porque você escolheu a bicicleta como meio de locomoção para ir trabalhar? 
 
117 
As regras para patinetes estão sendo regulamentadas, quais são as principais 
leis? Qual a percepção que você tem sobre os patinetes? 
 
 
 
9.2 ENTREVISTAS 
 
 
9.2.1 Entrevista 1 - Lucian de Paula membro da Camêra Tématica de 
Bicicleta de São Paulo 
 
Gabriel: A cidade está preparada para os novos meios de locomoção que estão 
chegando? 
Lucian: Não há uma preparação específica, mas isso não significa que eles não 
possam ser utilizados desde já. Toda a cidade está sempre em evolução 
constante. Há necessidade de melhoria para pedestres, bicicletas, ônibus, etc. 
mas eles podem operar hoje. Com patinetes é a mesma coisa. 
 
Gabriel: Em uma cidade tão grande como São Paulo, as bikes e patinetes podem 
concorrer com transportes mais rápidos de que forma? 
Lucian: Claro que sim. Porque as bicicletas e patinetes já são mais rápidos. Em 
São Paulo já tivemos 14 edições do Desafio Intermodal, onde várias equipes 
saem da Berrini rumo à prefeitura de São Paulo num dia útil com saída às 6 da 
tarde. A bicicleta ganhou praticamente todas as edições (já perdeu para o 
Helicóptero, mas também já ganhou do Helicóptero). O carro é sempre um dos 
piores tempos. Até a caminhada é mais viável. A capacidade de aceleração não 
se traduz num meio de transporte mais rápido, apenas mais letal em caso de 
colisão. 
 
 
118 
Gabriel: As ciclofaixas em São Paulo estão em um bom estado? 
Lucian: Primeiro é preciso deixar claro que qualquer ciclofaixa, por pior que 
seja, é melhor do que andar na rua disputando espaço com carros. O principal 
fator de segurança que a ciclofaixa oferece é a delimitação do espaço. Não é o 
tachão que está protegendo, é a segregação. As ciclofaixas da cidade 
apresentam variados estados de conservação, mas nunca receberam 
manutenção nestes últimos 3 anos de gestão Dória/Covas. Agora teve início 
um programa de manutenção que deve refazer mais de metade das ciclovias. 
 
Gabriel: No que elas podem melhorar? 
 
Lucian: As ciclofaixas existentes precisam melhorar na largura. Foram feitas de 
maneira tímida, com o mínimo viável, de modo a retirar o mínimo possível de 
espaço dos automóveis. Mas as ciclovias são como calçadas, elas são passeio 
público. É necessária largura para que as pessoas possam se ultrapassar 
tranquilamente, e é necessário espaço para que se possa andar lado a lado 
com alguém, mantendo uma conversa. 
O sistema como um todo precisa melhorar em termos de dar continuidade 
à implantação e fazer a conexão de todos os trechos existentes. Com as 
dimensões de São Paulo é necessário melhorar simplesmente expandindo a 
malha, independente da forma que for feita. Melhorias podem vir depois do uso, 
mas é urgente simplesmente expandir e alcançar novos lugares. 
 
 
Gabriel: A cidade comporta uma só via exclusiva para patinetes? 
Lucian: A cidade comporta, nós só precisamos definir o uso do espaço. Mas 
não haveria motivo para uma via exclusiva para patinetes. O trânsito urbano 
tem que ser de baixa velocidade para ser receptivo e seguro para todos. Nos 
 
119 
locais com maiores velocidades (e "maior", dentro de uma cidade, deveria ser 
40km/h) devem existir ciclovias para a proteção dos usuários. Patinetes e 
bicicletas são suficientemente próximos que podem perfeitamente dividir a 
infraestrutura de segurança, não há motivo para uma via segregada 
exclusivamente para patinetes. 
 
 
Gabriel: Qual meio de locomoção você acha mais atraente no quesito rapidez? 
Lucian: Indiscutivelmente a bicicleta para a maioria dos deslocamentos. Os 
dados da pesquisa Origem e Destino 2017 mostram que, dos deslocamentos 
motorizados privados (carros, motos, táxis, uber, escolares e fretados) 15% são 
de menos de 1km, 50% são de menos de 3,5km e 70% das viagens são de 
menos de 7km. Distâncias perfeitamente caminháveis ou cicláveis. E a bicicleta 
é consistentemente mais rápida e prática do que o automóvel. Para 
deslocamentos mais longos o metrô é mais atraente, mas ele conecta partes 
específicas da cidade. 
 
Gabriel: Você acha que bikes e patinetes podem ser um impulso para temas 
se ter menos trânsito na cidade? 
Lucian: Já são. 
Gabriel: Você acha que vai demorar quanto tempo para que bicicletas e 
patinetes caiam no gosto popular? 
Lucian: Bicicletas já fazem 200.000 viagens por dia em São Paulo. A ciclofaixa 
de lazer atrai 100.000 pessoas todos os domingos para andar de bicicleta. Os 
parques ficam cheios de pessoas pedalando. O gosto já existe. Faltam 
condições seguras para que o grosso da população possa usar a bicicleta para 
as atividades cotidianas, simplesmente porque é um modal extremamente 
prático. Falta a infraestrutura deixar de ser hostil 
 
 
120 
 
9.2.2 Entrevista 2 Jornalista e escritora Gabriella Stella 
 
 
Gabriel: A Mobilidade Urbana em São Paulo é boa? 
Gabriela: Se for comparar com outras cidades de outros países, acho a 
mobilidade complicada, mas se tratando de Brasil e das longas distâncias, acho 
que ela se desenvolve bem no meio caótico e desfavorável geograficamente. 
 
 
Gabriel: O que você acha que pode melhorar Na mobilidade Urbana? 
Gabriela: São Paulo foi pensada para carros, onde o espaço que resta fica com 
os outros modelos de deslocamento. Uma maneira de melhorar a cidade e 
pensar na visão do pedestre, tanto para o ir e vir, como para o viver comunitário, 
o metrô precisa ser ampliado de todas as pontas, e maneiras colaborativas de 
mobilidade precisam ter espaço de desenvolvimento. 
 
 
Gabriel: Você aprovou os novos meios de locomoção que estão chegando? 
Gabriela: Os novos meios de locomoção como patins e bicicletas? Acho 
bacana, mas só posso considerar como mobilidade urbana no momento em 
que saírem dos bairros elitizados e forem para todas as camadas da cidade, 
afinal, são Paulo não é apenas Pinheiros e o entorno da paulista. 
 
Gabriel: Qual destes, bicicleta ou patinete, é mais útil? 
 
121 
Gabriela: Acho o patinete mais útil pela leveza, as bicicletas são mais 
fáceis de desregular e sempre pego algumas mais pesadas que o 
normal. 
 
Gabriel: No quanto SP pretende evoluir para termos um uso total deste 
meio de locomoção? 
Gabriela: Não vejo a cidade querendo ampliar o uso desses veículos, 
justamente por não pensarem no pedestre, nem fora do ambiente elitizado da 
cidade. 
 
Gabriel: Você acha importante leis para este transporte? 
 
Gabriela: Acho importante alguma regulamentação de segurança e ações 
públicas para conscientização das pessoas no seu uso cotidiano. 
 
Gabriel: Essas novas tecnologias são positivas para a diminuição do número de 
carros Gabriela: A penas são efetivas para diminuição de carros nos bairros ricos 
da cidade, como faria Lima, Pinheiros,Berrini e paulista, fora isso, a cidade 
continua com trânsito caótico e transporte público desumano. 
 
Gabriel: De que forma as bikes e patinete podem competir com 
transportes considerados tradicionais? 
Gabriela: As melhores formas de fazer esses transportes competiram de 
verdade para mobilidade é aumentando o alcance deles fazendo com que 
estejam em todas as pontas e disponibilidade da cidade. 
 
 
122 
 
9.2.3 Entrevista 3 – Jornalista Marco Pagetti 
 
 
Gabriel: São Paulo está preparada para esses novos meios de locomoção 
que foram introduzidos na sociedade? 
Marco: Acredito que não. Uma cidade como São Paulo precisa de 
infraestrutura para comportar tantos novos meios de locomoção. Porém, só se 
faz necessário a partir do uso, então, creio que as adequações serão feitas. 
 
 
Gabriel: As leis para bikes e patinetes serão mais resistentes ao poder público? 
Marco: Pelo contrário, deverão ser resistentes com ajuda do poder público. 
 
Gabriel: As ciclofaixas podem ser divididas tanto para bikes como para 
patinetes? Marco: Acredito que tendo regras e tendo um maior respeito 
acho que não teria problema 
 
Gabriel: Quais equipamentos seriam ideais para evitar acidentes? 
Marco: O ideal é que, tanto bike quanto patinete, tosos tenham 
sinalizações de segurança, e o usuário use equipamentos próprios, 
como capacete 
 
Gabriel: O estado de São Paulo está recebendo bem esses novos 
meios de locomoção? 
 
123 
Marco: Sim, a evolução tecnológica rompe as barreiras burocráticas. 
 
Gabriel: Quais estabelecimentos poderiam servir de parceiros e serviriam de 
terminal para esses transportes? 
Marco: Acredito que terminais rodoviários, grandes shoppings, hipermercados, 
ou qualquer lugar que disponha de uma vaga dedicada para ser exclusiva para 
a entrega e retirada desses transportes. 
Gabriel: Vocês acham que esses aplicativos de transporte estão ajudando as 
pessoas e praticar mais atividade física? 
Marco: Não. Pelo contrário, eles automatizam algo que exigiria esforço 
físico, como pedalar ou "remar" no patinete. 
 
Gabriel: Um estado do tamanho de São Paulo tem espaço para novos meios de 
locomoção? 
Marco: Sim. Todo tipo de facilidade em transporte num estado com população 
como a de São Paulo é bem vida. 
 
Gabriel: Áreas residenciais precisam de quais tipos de ajustes para também 
serem também lugares que a população utiliza bikes e patinetes? 
 
Marco: Acredito que asfaltamento e rampas de acesso já falicitariam a 
mobilidade 
 
 
 
 
124 
9.2.4 Entrevista 4 – Jornalista Renan Fiuza 
 
 
 
Gabriel: Quantos quilômetros de ciclovias a cidade de São Paulo possui? 
Renan: São Paulo Já conta com mais de 140 quilômetros de ciclovias 
implementadas pela Prefeitura entre junho e 10 dezembro deste ano. Somados 
aos 63 quilômetros de vias exclusivas para bicicletas que já existiam, o município 
conta agora com 204 quilômetros em operação. 
 
Gabriel: E quais são as condições dessas ciclovias em relação a 
segurança, integração de ciclovias de um bairro para o outro? 
Renan: São Paulo possui uma boa malha de ciclovias. Vejo que, em alguns 
pontos, elas estão mais cuidadas e seguras de que em outros. Principalmente 
em bairros nobres e comerciais a estrutura é melhor. 
 
Gabriel: Poucas linhas de metrô e trem possuem bicicletário ou são integradas 
com as ciclovias. Como fazer com que as linhas de trem e metrô já existentes e 
as que estão em construção sejam integradas de várias maneiras com as 
bicicletas? 
 
Renan: Acredito que um sistema integrado e havendo uma motivação por parte 
de quem cuida do metrô eles podem conviver e se integrar nos próximos anos. 
 
Gabriel: Pensando nos terminais de ônibus e nas linhas de trem e metrô que 
possuem bicicletário, como fazer uma melhor integração onde o passageiro 
 
125 
possa levar a bike dentro do ônibus, pegar o trem ou metrô e usar a ciclovia? 
Renan: Incentivar o público por meio de campanhas pode ser uma opção. 
Desde que haja estrutura para a utilização das bikes. 
 
Gabriel: Levando em consideração a bicicleta como um novo meio de 
transporte mais barato e prático, como fazer com ele seja seguro em meio ao 
caos que é o trânsito de São Paulo? 
Renan: Infelizmente vivemos em uma cidade extremamente perigosa e riscos 
de roubos sempre assombrarão que anda de bicicleta, o que resta é se prevenir 
e andar em grupo e torcer por uma política de segurança mais forte. 
Gabriel: Tendo em vista o crescente uso da bicicleta como meio de transporte 
e aliado ao sucessivo uso dos aplicativos, o que dizer sobre as empresas que 
alugam bikes e a forma como elas atuam em São Paulo? 
Renan: Acho que deveriam ter mais pontos de parada e crescer o número de 
lugares em que esses aplicativos atuam. 
 
Gabriel: Considerando o alto crescimento dos transportes alternativos como 
patinete e skate, como fazer com que as ciclovias que foram, inicialmente, 
projetadas para o uso das bikes, possam dar conta dessa alta demanda das 
ciclovias, além das pessoas que utilizam as ciclovias para a prática de corrida? 
 
Renan: A tecnologia terá sempre espaço. Agora há a necessidade de todos se 
adaptarem às novas formas de meios de locomoção existentes. 
 
 
9.2.5 Entrevista 5 – Jornalista Matheus Teixeira 
 
126 
 
 
Gabriel: Qual o ponto fraco na sua opinião a respeito das bikes e bicicletas? 
Matheus: Risco e falta de fiscalização. A ausência de regulamentação de 
veículos compartilhados, como patinetes elétricos e bicicletas, pode 
comprometer a segurança do paulistano. 
 
Gabriel: Quais são os equipamentos essências para uso destes meios de 
locomoção? Matheus: os equipamentos devem ter buzina, espelho, 
sinalização. Entretanto, não exigem que o ciclista use capacete. Não há regras 
para equipamentos para o uso do patinete elétrico só a do capacete . 
 
Gabriel: Qual código de trânsitos as bicicletas usam para seguir um 
padrão? Matheus: No caso das bicicletas, o usuário pode contar com o 
Código de Trânsito Brasileiro. 
 
Gabriel: Quais dicas você dá para os ciclistas e quem usa patinete 
que estão iniciando? 
Matheus: O usuário precisa ter uma percepção de risco e saber se vai 
conseguir dominar todas situações, como uma batida ou um desvio. Além 
disso, é necessário que se tenha um plano de trajeto e não improvisar, 
porque isso gera imprevistos. 
 
Gabriel: Porque você escolheu a bicicleta como meio de locomoção para ir 
trabalhar? Matheus: Nem sempre há ônibus disponível na minha região. Quando 
vejo que vai demorar a passar, pego a bicicleta e vou direto. No caminho de volta, 
faço a mesma coisa. 
 
127 
 
Gabriel: As regras para patinetes estão sendo regulamentadas, quais são as 
principais leis? 
Matheus: Ficou estabelecido o uso obrigatório de capacete. Além disso, a 
norma proíbe circulação desses veículos nas calçadas. Eles podem andar 
apenas nas ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas ou em ruas com limite de 
velocidade de até 40 km/h. 
Gabriel: Qual a percepção que você tem sobre os patinetes? 
Matheus: As pessoas devem compreender que, principalmente, os patinetes 
elétricos não são brinquedos. Agora, você tem esses veículos entrando no 
espaço comum das pessoas, públicos. É necessário ter a consciência de que 
estão se deslocando junto a outras pessoas, veículos e ciclistas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
128 
10 ANEXOS 
 
10.1 DADOS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO 
PAULO 
 
Tabela 2 – Dados selecionados dos municípios da Grande São Paulo 
 
 
 
 
 
129 
 
 
130 
Fonte: RMSP30 
 
 
 
 
30 Disponível em Acesso em 07 out 2020. 
	1 INTRODUÇÃO
	CAPÍTULO 1
	2 APURAÇÃO DE DADOS
	2.1 O QUE É MOBILIDADE URBANA?
	3. CIDADE, ACESSIBILIDADE E ESTRUTURA URBANA
	3.1 BENEFÍCIOS DE AGLOMERAÇÃO
	3.1.1 Economias de escala externas às organizações
	3.1.2 Compartilhamentode Recursos
	3.1.3 Diversificação
	3.1.4 Aprendizado
	3.1.5 Economias de escala internas às organizações
	3.1.6 Desenvolvimento das Cidades
	3.1.7 Cidade, Acessibilidade e Decisões de Localização
	3.1.8 Estrutura Espacial e Forma Urbana
	3.1.9 Transporte Sustentável
	3.1.10 da Estrutura Espacial Urbana
	3.1.11 Escala
	3.1.12 Arranjo de densidades
	3.1.13 Arranjo de atividades
	3.1.14 Estrutura Espacial para um Transporte Sustentável
	3.2 MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL
	3.3 MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL NO BRASIL
	3.4 MOBILIDADE URBANA: COMO AVALIAR?
	3.5 ÍNDICE DE MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL – IMUS
	4 A QUESTÃO URBANA E DA MOBILIDADE URBANA EM SÃO PAULO
	4.1 DESAFIOS À VISTA: A CRISE DA MOBILIDADE COTIDIANA EM SÃO PAULO
	4.2 CRESCIMENTO
	4.3 PROBLEMAS E PROPOSTAS NO SÉCULO XXI
	4.4 INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE
	4.5 REGULAÇÃO DA TERRA NO SÉCULO XXI
	4.6 PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DA PNMU E OS PLANOS DE MOBILIDADE URBANA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.
	4.7 EM DIREÇÃO À DIMENSÃO HUMANA: O PLANO DE MOBILIDADE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (PLANMOB/2015)
	4.8 EM PROL DA MOBILIDADE ATIVA: OS ESPAÇOS PARA AS BICICLETAS
	4.9 BICICLETAS E PATINETES PASSARAM A SER CADA VEZ MAIS UTILIZADAS COMO ALTERNATIVA DE TRANSPORTE
	5 A ‘MICROMOBILIDADE’ QUEBRANDO BARREIRAS
	5.1 DOS CARROS ÀS PESSOAS: AS RUAS ABERTAS À POPULAÇÃO
	5.1 VISANDO A COLETIVIDADE
	5.2 A VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO E O CAMINHO PARA REALIZAR MORTES
	5.4 CONTRAMÃO
	6 UM IDEAL DE MOBILIDADE URBAMA
	6.1 CIDADES CAMINHÁVEIS
	6.2 A CIDADE PLANEJADA
	6.3 O MODELO DO ESPAÇO COMPARTILHADO
	7 CONCLUSÃO
	9 APÊNDICES
	9.1 MOBILIDADE NO DIA A DIA: PAUTA E ENTREVISTAS
	9.1.1 Pautas
	9.1.1.2 Pauta Fonte 1 – Lucian De Paula
	Sugestão de Perguntas:
	9.1.1.2 Pauta Fonte 2 – Gabriella Stella
	Sugestão de Perguntas: (1)
	9.1.1.3 Pauta 3 - Marco Pagetti
	Sugestão de Perguntas: (2)
	9.1.1.3 Pauta 4 – Renan Fiuza
	Sugestão de Perguntas: (3)
	9.1.1.4 Pauta 5 – Matheus Teixeira
	Sugestão de Perguntas: (4)
	9.2 ENTREVISTAS
	9.2.1 Entrevista 1 - Lucian de Paula membro da Camêra Tématica de Bicicleta de São Paulo
	9.2.2 Entrevista 2 Jornalista e escritora Gabriella Stella
	9.2.3 Entrevista 3 – Jornalista Marco Pagetti
	9.2.4 Entrevista 4 – Jornalista Renan Fiuza
	9.2.5 Entrevista 5 – Jornalista Matheus Teixeira
	10 ANEXOS
	10.1 DADOS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOchamado a 
atenção, e reflete um movimento global: patinetes elétricos e bicicletas compartilhas. 
Com o intuito de contextualizar esse novo desafio da mobilidade urbana em São 
Paulo, assim como destacar o seu histórico neste desafio, fizemos este breve artigo 
sobre o assunto. Falaremos um pouco sobre o histórico de mobilidade urbana da cidade, 
assim como o contexto em que estas novas solu ções surgiram. 
14 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
2 APURAÇÃO DE DADOS 
 
Antes de dar início ao tema principal deste trabalho, vamos focar rapidamente 
nos números apurados em relação a transporte e mobilidade em São Paulo. Em relação 
aos ônibus da capital paulista, os moradores contam com um sistema operado por 17 
consórcios que são formados por empresas e cooperativas. 
Dentro disso, 14 mil veículos funcionam e há mais de 1.300 linhas em operação 
atualmente. Por dia, quase 2 milhões de pessoas circulam nos terminais urbanos da 
capital. Segundo dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, 
aproximadamente 7 milhões de passageiros são transportados por dia, número bastante 
significativo. 
Porém, por mais linhas e veículos que existam na capital, o cidadão ainda 
encontra dificuldades na hora de pegar um ônibus. Diversos fatores estão ligados a isso: 
falta de manutenção, congestionamento, tarifas altas, difícil acesso para deficientes etc. 
Voltando o foco para os outros meios de transporte comuns em São Paulo, os carros 
são o tipo de veículo que mais roda nas vias paulistas. 
Segundo o IBGE, só em 2016 foram registrados mais de 5 milhões de carros 
viajando pela capital. Depois deles, estão as motos, motonetas, caminhões, 
caminhonete, camioneta, utilitário, micro-ônibus e tratores. Os carros, conforme dito, são 
os veículos que mais ocupam espaço nas vias, um total de 88%. Porém, eles transportam 
apenas 30% das pessoas na cidade. 
Ou seja, motoristas que poderiam compartilhar a viagem em um transporte 
público, preferem viajar sozinhos em seus carros particulares, causando mais caos e 
congestionamento nas rodovias da cidade. Os ônibus, por exemplo, transportam 40% 
dos cidadãos, mas ocupam apenas 3% das vias. Estima-se que, em média, o paulistano 
gasta três horas por dia no congestionamento, levando em conta todos os 
15 
 
 
deslocamentos pela capital. 
Em 2019 a cidade e São Paulo também conta com quase 500 km de ciclofaixa 
exclusivas para ciclistas, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego). 
Mas, para conseguir viajar de bicicleta, o cidadão precisa de vagas especiais para esse 
tipo de transporte, já que não é possível estacionar a bicicleta em qualquer local da 
cidade como um carro, por exemplo. 
Por isso, a capital possui cerca de 6.200 vagas em bicicletários públicos, dentre 
elas, 121 estão instaladas nos terminais de ônibus e nas estacoes do Metrô e CPTM. 
Apesar da teoria ser consideravelmente boa, na prática, ciclistas ainda estão entre os 
índices de maiores acidentes causados no trânsito. 
 
Figura 1 – Linhas do Metrô e trens da cidade de São Paulo 
Fonte: METRÔ EM SP (2012)1 
 
1 Disponível em Acesso em 07 out 2020. 
16 
 
 
 É importante mencionar, que o metrô de são paulo é composto por cinco linhas, 
que seriam: 
 Linha 1 – Azul (Norte-Sul): Essa é a maior entre as linhas do metrô em São Paulo, 
e vai da Zona Norte até a Zona Sul. Apresenta um total de 23 estações e integração 
com as linhas amarela, vermelha e verde. É nessa linha que estão algumas das 
estações mais movimentadas, como a Portuguesa-Tietê e Sé, que faz a integração 
com a linha 3. 
 Linha 2 – Verde (Avenida Paulista à região Sudeste): Quem deseja conhecer a 
Avenida Paulista, uma das mais famosas de Sampa, provavelmente vai usar 
bastante a linha verde. Ela conta com 14 estações da Vila Madalena até a Vila 
Prudente, na região Sudeste da cidade. 
 Linha 3 – Vermelha (Barra Funda – Itaquera): Essa é a linha Leste-Oeste. Ela é 
bastante extensa, com 18 estações que vão da Barra Funda (na Zona Oeste) até 
Itaquera (na Zona Leste). Ela faz integração com a linha amarela e também exibe 
conexões com as linhas da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. 
 Linha 4 – Amarela (Butantã – Luz): A linha 4 vai da estação Luz até o Morumbi e é 
composta por 10 estações, faltando apenas uma para ser finalizada. Certamente 
essa é a linha mais moderna da América Latina. Traz a integração com as linhas 
vermelha e verde, fazendo conexão com a linha 9 da CPTM. 
 Linha 5 – Lilás (Capão Redondo – Largo Treze): Essa linha está em constante 
expansão e conta, atualmente, com 16 estações. Ela vai de Adolfo Pinheiro até o 
Capão Redondo, fazendo conexão com a linha 9 da CPTM. 
 
Em 2018, segundo dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de 
Acidentes de Trânsito de São Paulo), o número de acidentes com ciclistas subiu mais 
de 9%. No último ano, 393 acidentes envolvendo ciclistas foram registrados. O número 
de pessoas que transitam de bicicleta cresce ano após ano e, infelizmente, o número de 
mortes também. 
 Em 2018, 16 ciclistas morreram atropelados de janeiro a setembro. Na maioria 
dos casos, os acidentes envolvem automóveis. Isso porque, por mais que existam 
ciclofaixas em diversos pontos da capital, ainda não há uma estrutura totalmente favorável 
para esse tipo de transporte. Com isso, os cidadãos de bicicleta são obrigados a se 
17 
 
 
arriscar no meio dos carros. 
Em entrevista realizada com o urbanista Lucian de Paula, a ciclofaixa, por pior 
estado que se encontrem, é uma opção muito mais viável do que disputar espaço com 
os carros. ‘’O principal fator de segurança que a ciclofaixa oferece é a delimitação do 
espaço’’ contou. Para ele, essas vias ainda têm muito no que melhorar, pois foram feitas 
com investimentos tímidos para não tomar muito espaço dos carros nas ruas da cidade. 
É necessário, principalmente, que as ciclofaixas melhorem na largura, garantindo 
a segurança e a facilidade do ciclista. 
 Além disso, ela completou dizendo que ‘’o sistema como um todo precisa 
melhorar em termos de dar continuidade à implantação e fazer a conexão de todos os 
trechos existentes. Com as dimensões de São Paulo, é necessário melhorar 
simplesmente expandindo a malha, independente da forma que for feita. ’’ 
 
 
 
2.1 O QUE É MOBILIDADE URBANA? 
 
 
A expressão ‘’mobilidade urbana’’ carrega consigo alguns conceitos importantes 
a serem ressaltados. Embora pareça ser um conceito simples, ela engloba vários 
componentes que a influenciam diretamente: idade, posse de carro, renda, tamanho da 
família fazem parte desse grupo estrutural. 
Quando se analisa detalhadamente e afundo a mobilidade urbana, considerando 
os fatores citados, se chega à conclusão de que as crianças e os idosos, por exemplo, 
se movimentam menos do que pessoas com faixa etária produtiva. Outro dado curioso 
é que, uma família com menos pessoas se desloca mais do que um grupo familiar com 
mais integrantes. Isso porque se torna mais difícil dividir certas tarefas entre menos 
pessoas. 
Além disso, não é surpresa para ninguém que a posse de carro possui enorme 
18 
 
 
impacto no exercício da mobilidade individual, visto que um motorista com carro próprio 
se desloca muito mais por vários pontos da cidade. Logo, considerando a faixa 
econômica, os pobres se movimentam menos do que os ricos. 
Portanto, é possível concluir que a crise econômica é outro fator que gera 
problemas na mobilidade urbana de São Paulo. Uma vez que uma sociedade enfrenta 
cada vez mais desemprego e cada vez mais subempregos, a população viaja menos e 
pratica menos atividades. 
Outro índice importante de ressaltar é o aumento nos preços das passagens de 
ônibus, que já causou inúmeras manifestações entre os paulistanos, como no caso de 
janeiro de 2019, quando manifestantesse reuniram na Praça do Ciclista na Consolação 
para protestar contra o aumento da tarifa do transporte público. Esse aumento possui 
relação direta com a queda do número de passageiros que utilizam esse tipo de 
transporte público. 
De acordo com dados da NTU (Associação Nacional das Empresas de 
Transportes Urbanos), o ônibus perdeu 35,6% de usuários pagantes em pouco mais de 
20 anos. Consequentemente, com menos pessoas pagando para dividir o custo 
operacional e quase nenhum subsídio para as empresas controladoras, o valor da tarifa 
aumenta. Por outro lado, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada), entre 2003 e 2008, a sociedade viu o índice de pessoas pobres cair 
consideravelmente. No início dos anos 2000, muitos acreditavam que, com a ascensão 
da internet, as pessoas teriam menos necessidade de deslocamentos. 
 Atualmente, existe no mundo, um padrão de ordenameno viário e de mobilidade, 
que se baseia essencialmente na dependência do veiculo motorizado. Os sistemas que 
priorizam carros motorizados, propõem um modelo do coleivo em detrimento do 
individual, formando o esquema do ciclo perverso: 
 
 
 
 
19 
 
 
Figura 2 – Esquema do Ciclo Perverso 
 
Fonte: CNT (2017) e JACOBS (2011) 
 
Embora tenha trazido incontáveis facilidades, a conectividade também 
influenciou no compartilhamento de informações sobre determinados lugares, trânsito, 
cidades e o espaço social de um modo geral. Com isso, a internet foi capaz de 
proporcionar um aumento na mobilidade, que foi desencadeada pela melhora na renda 
brasileira e na facilidade para comprar um carro. 
 
 
3. CIDADE, ACESSIBILIDADE E ESTRUTURA URBANA 
 
 
3.1 BENEFÍCIOS DE AGLOMERAÇÃO 
 
 
As interações promovidas no meio urbano levam a ganhos sinérgicos, ou 
economias de escala, para pessoas e organizações públicas e privadas. Esses 
ganhos podem ser relacionados ao contato entre diferentes atores, ou a ganhos 
20 
 
 
internos às organizações. 
 
 
3.1.1 Economias de escala externas às organizações 
 
 
Segundo JACOBS (2000, p. 130), “Um dos maiores trunfos de uma cidade, 
se não o maior, é formar comunidades com interesses comuns.” As economias 
de escala externas às organizações são caracterizadas pelos benefícios dos 
quais as organizações usufruem por estarem próximas umas das outras. 
 Essas economias de escala são o resultado das decisões realizadas por 
uma grande quantidade de pessoas e empresas buscando seus próprios 
interesses e acontecem por meio do compartilhamento de recursos, 
diversificação e aprendizado (FUJITA E THISSE, 2013). Apesar de serem 
analisados pela ótica das organizações, esses benefícios também podem ser 
avaliados para o caso de pessoas e contatos sociais. 
 
 
3.1.2 Compartilhamento de Recursos 
 
 
 
Um grande número de empresas possibilita uma maior especialização do 
trabalho com a criação de empresas intermediárias nas cadeias produtivas que 
permitem a terceirização de serviços (p. ex. contabilidade, limpeza). Isso aumenta 
a produtividade dos setores finais, possibilitando aumento de salários para a força 
de trabalho. 
Esse raciocínio também é válido para mercados consumidores e a 
viabilização de infraestrutura, serviços públicos e atividades sociais. Por exemplo, 
é necessária uma cidade consideravelmente grande para a viabilização da 
operação de uma orquestra. 
 
21 
 
 
3.1.3 Diversificação 
 
 
Uma grande aglomeração proporciona um maior número de profissionais 
para as empresas e um maior número de empregos para os profissionais. Com 
isso, é possível uma melhor compatibilização do posto de trabalho com as 
competências dos trabalhadores. 
As pessoas se beneficiam dessa diversidade por poderem escolher as 
atividades que mais as satisfazem e as empresas se beneficiam por poderem 
escolher pessoas mais produtivas para as funções. Além disso, o aumento de 
produtividade das empresas permite que essas paguem salários maiores a esses 
funcionários. O mesmo raciocínio pode ser aplicado para os mercados 
consumidores: um grande número de vendedores e compradores viabiliza a 
comercialização de uma maior diversidade de produtos e serviços. 
 
 
3.1.4 Aprendizado 
 
 
O compartilhamento de informações aumenta o capital humano do local – 
tornando o trabalhador mais produtivo – e faz com que diferentes ideias sejam 
compartilhadas e combinadas facilitando a criação de novas ideias e a inovação. 
O compartilhamento de informações entre as pessoas pode ser realizado 
de forma explícita, com informações estruturadas, ou de forma tácita, com a 
transmissão informal e iterativa de informações não estruturadas. Enquanto a 
comunicação explícita pode ser realizada pelos atuais meios de telecomunicação, 
a comunicação tácita requer o contato face-a-face. 
 
Por exemplo, os primeiros passos no desenvolvimento de uma 
nova tecnologia requerem contatos repetidos entre os atores 
envolvidos para desenvolver uma forma comum de comunicação 
através de códigos comuns, para descobrir como interpretar 
informações personalizadas e para torná-las operacionais. Tal 
22 
 
 
processo é facilitado pela proximidade espacial. Além disso, a 
comunicação face-a-face é muitas vezes a origem de novas 
ideias, combinando conhecimentos de cada uma das partes que 
são cruciais para inovações. Atividades de pesquisa e 
desenvolvimento também exigem longos períodos de troca e 
discussão, durante os quais o conhecimento é gradualmente 
estruturado através de tentativas e erros. Essas trocas de ideias 
são eficazes de fato apenas na forma de encontros face-a-face 
frequentes2 (Fujita e Thisse, 2013, p. 190, tradução nossa). 
 
3.1.5 Economias de escala internas às organizações 
 
 
As economias de escala internas às organizações são benefícios que 
decorrem de grandes investimentos voltados para o aumento da eficiência 
produtiva, o que incentiva a concentração da produção em um pequeno número 
locais de locais com plantas, instalações ou infraestrutura que permitem alta 
produtividade. Isso também é válido para a provisão de serviços públicos, como 
grandes hospitais e universidades. 
 Essas economias de escala só trazem benefício para a organização caso 
a produtividade provida pela infraestrutura exceda os custos de transporte dos 
insumos para o local de fabricação e dos produtos para os locais de consumo. 
Segundo Fujita e Thisse (2013, p. 13, tradução nossa, grifo do autor), “altos 
custos de transporte promovem a dispersão das fontes, ao passo que baixo 
custos de transporte promovem sua concentração espacial”3. 
 
 
2 For example, the initial steps in the development of a new technology require repeated contacts between 
the actors involved to develop a mutual way of communication through some common codes, to figure out 
how to interpret personalized information, and to make them operational. Such a process is facilitated by 
spatial proximity. Moreover, face- to-face communications are often the origin of new ideas, combining 
insights from each party that are crucial for innovations. Research and development also requires long 
periods of exchange and discussion, during which knowledge is gradually structured through repeated trial 
and error. Such exchanges of ideas are truly effective only in the form of frequent face-to-face meetings” 
(Fujita e Thisse, 2013, p. 190). 
3 “high transport costs promote the scattering of sources, whereas low transport costs foster their 
spatial concentration” (Fujita e Thisse, 2013, p.13) 
23 
 
 
Em termos mais concretos, antes da Revolução Industrial, 
na indústria siderúrgica [na Europa], era possível para 
uma empresa ter uma posição competitiva com um 
tamanho muito pequeno. O pequeno tamanho do 
mercado, devido aos altos custos de transporte, tornava 
ainda mais fácil a operação em uma escala muito 
pequena. As coisas mudaram depois da primeira metadedo século XIX. O tamanho mínimo de uma empresa 
cresceu por causa do uso de equipamentos cada vez mais 
especializados, que, em contrapartida, requerem muito 
mais trabalhadores. Este crescimento no tamanho das 
empresas foi sustentado pela expansão do mercado, que 
por sua vez foi possível por causa da forte queda dos 
custos de transporte. Em resumo, as interações entre 
estas mudanças levaram a uma redução gradual do 
número de empresas, cujo tamanho aumentou4 (Fujita e 
Thisse, 2013, p. 13, tradução nossa). 
 
 
3.1.6 Desenvolvimento das Cidades 
 
 
As primeiras aglomerações humanas surgiram há 7.000 anos, quando 
desenvolvimentos tecnológicos começaram a gerar produção agrícola excedente, 
liberando uma parcela da população para outras atividades. Essas pessoas 
passaram a se especializar em outras atividades e habitar pequenos 
assentamentos humanos, que permitiam ganhos de escala em atividades 
econômicas e na provisão de serviços públicos (Fugita e Thisse, 2013). 
 
4 “In more concrete terms, before the Industrial Revolution, in the steel industry it was possible for 
a firm to have a competitive position with a very small size. The narrowness of the market, due to 
high transport costs, made it even easier to operate at a very low scale. Things changed after the 
first half of the nineteenth century. The minimal size of a firm grew because of the increasingly 
specialized equipment, which then required many more workers. This growth in the size of firms 
was sustained by the expansion of market areas, which in turn was possible because of the strong 
decline in transport costs. In brief, the interactions between these changes led to a gradual 
reduction in the number of firms, whose size increased” (Fujita e Thisse, 2013, p. 13). 
24 
 
 
Evidências históricas mostram que a existência de 
cidades aumentou a eficiência do comércio, indústria e governo, 
elevando-a a um nível inatingível com uma população dispersa. O 
exemplo de Adam Smith de agricultores nas montanhas 
escocesas, que trabalhavam em um grande número de atividades 
diferentes para sobreviver, fornece uma ilustração da validade 
desta afirmação. Uma vez que o impacto de retornos crescentes 
é reconhecido, as cidades podem ser vistas como “multiplicadores 
econômicos", ampliando o impacto das decisões individuais5 
(Fugita e Thisse, 2013, tradução nossa). 
 
O crescimento das primeiras cidades foi baseado nas atividades comerciais 
em locais com grande fluxo de pessoas - como entroncamento de vias de 
transporte terrestre, portos – ou nos quais ocorriam encontros sociais religiosos 
ou da elite, que buscavam o conforto provido pelo meio urbano e maior interação 
com seus pares. Esses locais forneciam um grande mercado para a compra e 
venda de produtos agrícolas e manufaturados. Com o tempo, atividades 
complementares – como bancos, seguradoras e transportadoras - passavam a 
se desenvolver nessas cidades (O’SULLIVAN, 2012; FUJITA E THISSE, 2013). 
Após a revolução industrial, as indústrias passaram ser um novo indutor de 
crescimento das cidades. Elas podiam se localizar próximas às matérias-primas, 
ao seu mercado consumidor, a um terminal de transportes ou no meio do 
caminho, dependendo de onde os custos de transporte seriam minimizados (Zipf, 
1949 apud Glaeser e Gottliebe,2009). 
As cidades industriais também se aproveitavam do compartilhamento de 
atividades complementares para a redução de custos de produção. Nesse 
período, enquanto detentores de meio de produção e operários se localizavam 
 
5 “Historical evidence shows that the existence of cities has increased the efficiency of 
trade, industry, and government, raising it to a level unattainable with a scattered 
population. Adam Smith’s example of farmers in the Scottish Highlands, who had to work 
at a large number of different activities to survive, provides a contrary illustration of the 
validity of this assertion. Once the impact of increasing returns is recognized, cities may 
be “viewed as economic multipliers” magnifying individual decisions” (Fugita e Thisse, 
2013).s 
25 
 
 
em cidades industriais, grandes centros urbanos e políticos atraíam detentores 
de capital que, assim como as elites da sociedade pré-industrial, buscavam o 
conforto e a vida social provida pelas grandes cidades (Fujita e Thisse, 2013). 
Na sociedade pós-industrial, a globalização e a facilidade de transporte e 
comunicações separaram atividades de concepção de produtos e produção em 
massa. 
 Existem concomitantemente cidades de caráter comercial e influência 
local, cidades industriais vinculadas a sistemas de produção interurbanos ou 
internacionais, e grandes metrópoles nacionais ou globais, onde ocorrem grande 
parte das decisões gerenciais e inovação tecnológica. Além disso, a 
concentração populacional das grandes cidades aumenta a viabilidade de uma 
série de serviços locais, aumentando as opções de consumo da população e 
gerando uma grande quantidade de empregos no setor de serviços. 
 
 
3.1.7 Cidade, Acessibilidade e Decisões de Localização 
 
 
A acessibilidade entre agentes necessária para as interações sociais e 
econômicas pode ser considerada uma função de três componentes: proximidade 
das atividades, descrita pela alocação espacial das atividades; pela mobilidade, 
deslocamento realizado pelos agentes; e pela conectividade permitida pela 
telecomunicação6 entre os agentes. 
Os parâmetros de mobilidade e proximidade interagem de forma 
antagônica. Conforme a proximidade entre atividades é reduzida, a necessidade 
de deslocamento aumenta. Já o parâmetro de conectividade permite um 
distanciamento de atividades sem a necessidade de deslocamento. 
O desenvolvimento das telecomunicações possibilitou o distanciamento das 
cadeias produtivas e o fenômeno da globalização: enquanto atividades de 
 
6 Interação via meios eletrônicos, como a internet (Levine et al, 2012). 
 
26 
 
 
pesquisa e desenvolvimento de produtos são realizadas em grandes metrópoles 
de nações desenvolvidas, a produção é realizada em países com menores custos 
de produção (FUJITA E THISSE, 2013). 
Porém, o contato físico ainda é de extrema importância para as interações 
humanas devido à facilidade de transmissão de informações não estruturadas e 
à natureza física das infraestruturas, atividades sociais e de uma grande parte 
dos produtos e serviços entre empresas e para consumidores finais. 
A proximidade de atividades apresenta uma série de impactos no nível de 
sustentabilidade da área urbana. 
Considerando os mesmos hábitos de deslocamento, a proximidade gera 
menor custo, impacto ambiental e social dos deslocamentos de forma geral. 
Quando atividades estão mais próximas, os deslocamentos necessários para as 
interações são menores, requerendo um menor uso de recursos naturais e tempo 
da população, redução da poluição gerada por esses deslocamentos e redução 
dos custos das viagens. 
Além disso, a proximidade viabiliza a utilização de modais de menor 
impacto ambiental e social conforme mostra a representação da imagem abaixo. 
A aproximação de atividades gera uma demanda viável para o transporte coletivo 
e faz com que os deslocamentos sejam curtos o suficiente para o transporte não 
motorizado 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
Figura 3 – Comparação entre o espaço viário ocupado por automóveis e ônibus 
Fonte: Via Trólebus, 20127 
 
 Por exemplo, BERTAUD (2004) compara Atlanta e Barcelona: ambas tem 
populações semelhantes, mas a primeira é muito mais espalhada. Isso resulta 
em um número irrisório de viagens a pé em Atlanta, enquanto 25% das viagens 
são feitas a pé em Barcelona. 
Outros benefícios relacionados à proximidade são: uso mais eficiente da 
terra urbanizada, redução dos custos de infraestrutura eserviços públicos e 
aumento da eficiência energética (UNHABITAT, 2013a). 
No entanto, a proximidade pode gerar efeitos negativos. Considerando os 
mesmos hábitos de deslocamento, a utilização de automóveis e veículos movidos 
a combustíveis fósseis em ambientes urbanos densos pode gerar 
 
7 ia Trólebus. Frase de José Serra que diz que “mais linhas de ônibus só vão engarrafar a cidade” irrita 
Urbanistas. Disponível em: . Acesso em: 07 out 2020. 
http://viatrolebus.com.br/2012/05/frase-de-jose-serra-que-diz-que-mais-linhas-de-onibus-so-vao-engarrafar-a-cidade-irrita-urbanistas/
http://viatrolebus.com.br/2012/05/frase-de-jose-serra-que-diz-que-mais-linhas-de-onibus-so-vao-engarrafar-a-cidade-irrita-urbanistas/
28 
 
 
congestionamentos, que aumentam as emissões de poluentes e gastos de tempo 
e outros recursos, e concentração de poluição atmosférica impactando 
negativamente a saúde da população. 
Outros efeitos negativos relacionados à proximidade de atividades são 
problemas sociais - ganhos de escala também se aplicam ao crime, diminuição 
da qualidade ambiental local por falta de áreas verdes e geração de ilhas de calor, 
e pouco espaço para a realização de atividades (GLAESER, 2011). 
Buscando mitigar esses efeitos negativos, as pessoas procuram se afastar, 
aumentando sua necessidade de deslocamento para a realização de interações. 
Os meios e a infraestrutura de transporte utilizados para os deslocamentos 
urbanos impõem uma restrição geográfica ao distanciamento das atividades. 
 
de transporte moldam nossas comunidades... As 
conexões que definem cidades sempre implicaram alguma forma 
de transporte... Em geral, cada novo tipo de transporte bem 
sucedido passa por três fases. Em primeiro lugar, os avanços 
tecnológicos permitem a produção em grande escala de uma 
maneira mais rápida de se mover, como um trem a vapor ou um 
carro. Em segundo lugar, se necessário, uma nova rede de 
transporte é construída para acomodar esta nova tecnologia. Em 
terceiro lugar, as pessoas e as empresas mudam suas 
localizações geográficas para tirar proveito desta nova 
modalidade de transporte8 (Glaeser, 2011, p. 167, tradução 
nossa). 
 
As escolhas de localização das pessoas e organizações dentro do tecido 
urbano são, portanto, determinadas pelas suas preferências no trade-off entre 
proximidade e mobilidade. 
A fim de maximizar as possibilidades de interação, os agentes tendem a se 
 
8 Transportation technologies shape our communities, and modern sprawl is the child of the automobile. The 
connections that define cities have always entailed some form of transportation... Each successful new type 
of transportation generally goes through three phases. First, technological breakthroughs enable the large-
scale production of a faster way to move, such as a steam-powered train or a car. Second, a new 
transportation network is built, if needed, to accommodate this new technology. Third, people and companies 
change their geographic locations to take advantage of this new mode of transport” (Glaeser, 2011 p. 167). 
29 
 
 
localizar onde o deslocamento necessário para executar essas interações requer 
menos esforço, considerando a infraestrutura de transporte disponível e a 
quantidade de espaço construído que se quer utilizar. Tal medida de esforço no 
deslocamento inclui custos financeiros, perda de tempo e desconforto. 
 Desse modo, pesquisas indicam qual é o nível de satisfação do paulistano 
em relação aos diversos aspectos da sua cidade, o que inclui principalmente a 
questão de transportes; 
 
Figura 4 – Demandas de mobilidade em São Paulo 
Fonte: Pesquisa de qualidade de vida e serviços em SP – Rede Nossa São Paulo e IBOPE, 20169 
 
Modais de transporte com velocidades diferentes facilitam a conexão de 
áreas mais afastadas geograficamente. Já acidentes geográficos dificultam as 
conexões entre locais geograficamente próximos. 
 Essa relação também é afetada por diferentes modais de transporte 
utilizados por grupos de classes sociais e preferências distintas. GLAESER 
(2007) coloca que, nas cidades norte-americanas, as pessoas pobres são 
 
9 Rede Nossa São Paulo. Dia Mundial Sem Carro - Pesquisa de qualidade de vida e serviços em SP. 
Disponível em: . 
Acesso em: 07 out de 2020. 
30 
 
 
atraídas para os centros das cidades enquanto os ricos vão para as periferias 
(GLAESER, 2007, p.11, tradução nossa). 
 
Normalmente pensamos que os custos de transporte são maiores 
para os ricos do que para os pobres, porque os ricos tem maior 
custo do tempo já que seus salários são maiores. Afinal, o tempo 
perdido é um dos elementos mais importantes dos custos de 
transporte... Essa lógica sugere que os ricos deveriam pagar mais 
por menores custos de transporte no centro da cidade, no entanto 
eles não são os maiores pagadores por essas áreas. 
Há duas explicações para esse fenômeno. Uma é dada por Becker 
(1965) que argumenta que o maior valor do tempo para o rico pode 
compensar o fato de que os ricos também quer viver onde a terra 
é barata, nas bordas da cidade... 
Uma visão alternativa é que os ricos e os pobres usam tecnologias 
de transporte diferentes (LeRoy and Sonstelie, 1983). Se os ricos 
usam automóveis e os pobres utilizam transporte coletivo, então 
os ricos podem ter custos menores de transporte por distância 
mesmo que seu tempo tenha um custo maior. [Uma evidência 
disso é o fato que] as taxas de pobreza parecem aumentar em 
áreas próximas às paradas de metrô. 
 
 
 
Essa competição pela terra foi teorizada por uma série de modelos 
econométricos, dos quais destacamos os modelos de Von Thünen e Alonso-
Muth-Mills. O modelo de Von Thünen, teorizado em 1823, busca explicar o padrão 
de ocupação do solo por atividades agrícolas (NADALIN, 2011). Segundo Nadalin 
(2011, p. 223), “a grande inovação deste modelo é propor os custos de transporte 
como variável-chave na decisão de localização ao longo do espaço”. 
Considerando uma região geograficamente homogênea com um centro 
consumidor pontual, o modelo descreve que, se forem produzidos dois produtos, 
o mais caro gerará uma renda maior em relação à distância centro consumidor, 
aumentando o aluguel pago pela terra no local. 
 Além disso, custos de transporte maiores levam a uma queda mais rápida 
31 
 
 
da renda em relação à distância. Com isso, formam-se os “anéis de Von Thünen”, 
“que correspondem a discos concêntricos que mostram a ocupação do espaço” 
(Monasteiro & Cavaltante, 2011). 
A teoria relacionada ao modelo de Von Thünen foi aplicada para a análise 
intraurbana com o modelo de Alonso (1964), posteriormente adaptado por Muth 
(1969, 1972) e Mills (1972) (Nadalin, 2011). 
 O modelo, aplicável a cidades monocêntricas, busca mensurar a troca que 
as pessoas fazem entre os custos residenciais e os benefícios do bairro ou custos 
de transporte (Glaeser, 2007). 
Esse modelo introduziu o conceito do bid rent para o contexto urbano. Bid 
rent é definido “como a máxima disposição a pagar pela moradia em determinada 
localização”(Nadalin, 2011). Rodrigue et al (2013, tradução nossa) define a curva 
de bid rent como: 
 
Um conjunto de combinações de preços da terra 
e distâncias entre os quais o indivíduo (ou empresa) é 
indiferente. Isso descreve os preços que a família 
(empresa) estaria disposta a pagar em locais diferentes, 
a fim de atingir um determinado nível de satisfação 
(utilidade / lucros). A atividade com o maior lance em um 
ponto é, teoricamente, a atividade que irá ocupar este 
local.8 
 
Esse conceito leva à conclusão de que “indivíduosenfrentam a decisão 
dupla do tamanho do lote que eles devem comprar e quão próximos ao centro 
eles devem se localizar”10 (Alonso, 1964, tradução nossa). 
 Segundo NADALIN (2011), “a inclinação [da curva de bid rent] indica que 
quanto mais distante do centro, o aumento nos custos de transportes diminui a 
disposição a pagar ao mesmo tempo que será melhor consumir lotes maiores. 
 
10 “Individuals face double decision of how large a lot he should purchase and how close to the center of the 
city he should settle” (Alonso, 1964). 
32 
 
 
Ou seja, haveria uma disposição a trocar o aumento nos custos de 
transporte pela possibilidade de consumir mais espaço.” Para BERTAUD (2004), 
o formato dessa curva é influenciado pela cultura local. 
Isso leva a uma estratificação dos usos do solo com base na renda. Como 
usos comerciais normalmente se beneficiam mais de estarem próximos de outras 
empresas e têm maior renda que as famílias individuais, eles tendem a se 
aglomerar em pontos de interesse formando centralidades, enquanto residências 
vão sendo expulsas para locais mais periféricos. 
Este processo também induz a utilização mais intensiva das terras, com a 
utilização de parcelas menores de solo e verticalização. Segundo GLAESER 
(2011, p.11, tradução nossa), “quando a demanda por uma cidade sobe, os 
preços vão subir a menos que mais casas sejam construídas. Quando as cidades 
restringem novas construções, elas se tornam mais caras”11. 
Outra característica dessa competição pela terra é a destruição da 
diversidade. 
 
Em virtude do sucesso do lugar, que invariavelmente se 
deve a uma diversidade emergente e atraente, 
desenvolve-se nessa localidade uma concorrência 
acirrada por espaço... 
Os vencedores da concorrência por espaço 
representarão apenas uma pequena parcela dos muitos 
usos que geraram o sucesso conjuntamente. Sejam quais 
forem, o uso ou os usos que se destacam como mais 
lucrativos na localidade se reproduzirão cada vez mais, 
expulsando e suplantando os tipos de usos menos 
lucrativos...Assim, nesse processo, um ou alguns usos 
dominantes vencem...Esse processo destrói um 
organismo mais complexo e mais efetivo de sustentação 
econômica e social mutua. 
A partir daí, a localidade será abandonada pelas 
pessoas que a utilizam com fins outros que não os que 
 
11 “when demand for a city rises, prices will rise unless more homes are built. When cities restrict new 
construction, they become more expensive” (Glaeser, 2011, p.11). 
 
33 
 
 
venceram a concorrência – pois os outros fins não existem 
mais (Jacobs, 2000, p. 269). 
 
Apesar de ter sido concebido inicialmente para cidades monocêntricas, o 
modelo foi estendido para considerar centros de emprego múltiplos 
(HENDERSON & MITRA, 1994 apud GLAESER, 2007). 
Esse modelo prevê que, em cidades com empregos descentralizados, há 
uma tendência de queda mais fraca dos preços em relação à distância do centro. 
BERTAUD (2004) apresenta a hipótese de que essa queda ocorre apesar da 
descentralização dos empregos porque, no centro geométrico da aglomeração, a 
soma das distâncias das viagens para todos os destinos em potencial será menor 
do que nos outros locais da cidade, o que definirá um maior valor da terra. 
 
 
 
3.1.8 Estrutura Espacial e Forma Urbana 
 
 
O termo estrutura espacial urbana pode ser entendido como relação entre 
alocação de atividades e padrão de viagens resultante (Bertaud, 2004; Rodrigue, 
2013). É importante, porém, diferenciar esse conceito da forma urbana. Rodrigue 
(2013, tradução nossa, grifo do autor) conceitua os termos da seguinte forma: 
 
Forma urbana. Refere-se à impressão espacial de um sistema de 
transporte urbano, assim como as infraestruturas físicas 
adjacentes. Em conjunto, eles conferem um nível de arranjo 
espacial para as cidades. 
 
Estrutura (espacial) urbana. Refere-se ao conjunto de relações 
decorrentes da forma urbana e suas interações subjacentes de 
pessoas, mercadorias e informações. Ela tenta avaliar em que 
medida estruturas urbanas específicas podem ser 
34 
 
 
conseguidascom sistemas de transporte específicos12. 
 
 
Descrevendo o processo urbano, HILLIER E VAIGHAN (2007, p. 1, 
tradução nossa) colocam que "A cidade social é o outro lado da cidade física: ela 
a traz à existência, e então age dentro dos limites que impõe"13. 
É importante observar que a cidade construída (forma) e a cidade social 
(estrutura) têm velocidades diferentes de mudança: o ambiente construído tem 
uma velocidade muito mais lenta de mudança e é mais permanente do que as 
atividades realizadas nele (WEGENER, 2004). 
Esses aspectos podem tornar a existência física e social da cidade 
incompatíveis. Por exemplo, áreas totalmente desenvolvidas da cidade podem 
estar subutilizadas devido a mudanças tecnológicas ou sociais, enquanto outras 
áreas podem ser mais densamente povoadas, mesmo sem infraestrutura 
adequada. 
Ao descrever os processos de mudança urbana, Wegener (2004) aponta 
aspectos da cidade física (redes, uso do solo, lugares de trabalho e habitação) 
com transformação muito lenta, e da cidade social (empregos, população, 
transporte de bens e viagens) com velocidade de transformação indo de lenta a 
imediata. 
 
 
3.1.9 Transporte Sustentável 
 
 
12 “Urban form. Refers to the spatial imprint of an urban transport system as well as the adjacent 
physical infrastructures. Jointly, they confer a level of spatial arrangement to cities. 
“Urban (spatial) structure. Refers to the set of relationships arising out of the urban form and its 
underlying interactions of people, freight and information. It tries to evaluate to what extent specific 
urban structures can be achieved with specific transport systems (Rodrigue, 2013). 
13 “The social city is either side of the physical city: it brings it into existence, and then acts within 
the constraints it imposes.” (Hillier e Vaighan, 2007, p. 1) 
 
35 
 
 
 
O nível de sustentabilidade dos deslocamentos em uma área urbana está 
ligado aos hábitos de transporte de sua população, que descrevem a quantidade 
e modos dos deslocamentos realizados pelas pessoas. Eles são influenciados 
por uma série de fatores espaciais – forma e estrutura urbana-, e não espaciais 
Atualmente não existe um consenso sobre a causalidade entre os hábitos 
de transporte e fatores espaciais. As preferências modais das pessoas podem 
ser fruto das características dos bairros onde elas moram, ou elas podem 
selecionar bairros mais adequados por suas preferências- auto- seleção (LEVINE 
et al,2012). De qualquer forma, é importante que a cidade forneça elementos que 
possibilitem escolhas modais mais sustentáveis. 
Além da alocação de atividades, os hábitos de transporte estão 
ligados a (HICKMAN et al, 2009): 
 
 Características socioeconômicas: o uso de automóveis está 
ligado à população de renda mais alta, enquanto a população 
de renda mais baixa prefere modos coletivos e não 
motorizado. 
 Características culturais e pessoais 
 Infraestrutura de transporte: existência de infraestrutura e 
desenho urbano adequados para diferentes modais 
 Custos associados às viagens: custos fixos e variáveis 
relacionados com os modais, como custo da passagem, 
posse ou aluguel do veículo, custo do combustível, custo do 
estacionamento, etc. 
 Propósito da viagem: viagens com o propósito de trabalho 
são menos flexíveis em termos de destino e modo. 
 
 
3.1.10 da Estrutura Espacial Urbana 
 
36 
 
 
 
A estrutura espacial urbana pode ser caracterizada pelos seguintes fatores: 
 
 Escala: medida pela densidade média em toda a área urbana 
 Arranjo de densidades: distribuição das densidades dentro da área 
urbana 
 Arranjo das atividades: distribuição das atividades dentro da 
áreaurbana Esses fatores interagem gerando impactos diferentes 
balanceamentos entre proximidade de atividades e mobilidade dos 
atores. 
 
 
3.1.11 Escala 
 
 
A medida da escala da mancha urbana pode ser obtida pela 
densidade populacional média da área urbanizada. Manchas urbanas mais 
compactas, com maior densidade média, promovem maior proximidade 
entre as atividades. 
 
 
3.1.12 Arranjo de densidades 
 
 
O arranjo de densidades pode ser medido pelo nível de 
centralização e agregação as atividades (Rodrigue, 2013, tradução nossa, 
grifo do autor). 
 
Centralização. Refere-se à alocação das atividades em relação a 
toda a área urbana. Uma cidade centralizada tem uma parcela 
significativa de suas atividades em seu centro, enquanto uma 
cidade descentralizada não tem. Grandes empregadores, como as 
37 
 
 
instituições financeiras são os principais motores da centralização. 
Agregação. Refere-se à alocação das atividades em relação a 
uma parte específica da área urbana. Um conjunto de atividades é, 
portanto, uma concentração em torno de um ponto focal específico, 
que tende a ser infraestruturas de transporte, como um nó 
rodoviário, um terminal de transporte coletivo ou uma cidade menor 
que tenha sido absorvida pela expansão da metrópole14. 
 
Diferentes arranjos de densidade afetam de formas distintas o 
padrão de viagens. Bertaud (2004) realiza uma simulação esquemática de 
vários arranjos espaciais para demonstrar a diferença entre as distâncias 
das viagens : 
 
 Distância média ao centro (ADC): representa a distância 
média por pessoa até centro de gravidade da aglomeração, 
mostrando o desempenho da forma urbana no caso do 
padrão de viagens ser monocêntrico; 
 Distância média entre pontos aleatórios (ADR): representa 
distância média por pessoa entre pontos aleatórios da 
aglomeração, mostrando o desempenho da forma urbana no 
caso do padrão de viagens policêntrico. 
 
 
3.1.13 Arranjo de atividades 
 
 
14 “Centralization. Refers to the setting of activities in relation to the whole urban area. A 
centralized city has a significant share of its activities in its center while a decentralized 
city does not. Large employers such as financial institutions are the main drivers of 
centralization. 
“Clustering. Refers to the setting of activities in relation to a specific part of the urban 
area. A cluster of activities is therefore a concentration around a specific focal point, which 
tend to be transport infrastructures such as a highway interchange, a transit terminal or a 
smaller town that has been absorbed by the expansion of the metropolis” (Rodrigue, 2013). 
 
 
38 
 
 
 
O arranjo de atividades pode ser medido pela relação de relação de 
empregos por habitantes nas diferentes unidades territoriais da mancha urbana. 
Burger e Meijers, 2012, consideram esse fator por duas abordagens: 
 
 Abordagem morfológica: analisa a importância absoluta de 
um centro urbano em termos de tamanho e variedade de 
funções que ele oferece. 
 Abordagem funcional: considera os fluxos entre 
centralidades, classificando centralidades por sua 
capacidade de atrair viagens da região metropolitana. Esta 
abordagem analisa a importância relativa de um centro 
urbano em termos de fornecimento de bens, serviços e 
empregos além daqueles equivalentes ao número de 
habitantes. 
 
 
Bertaud (2004) considera os padrões de deslocamentos diários para 
caracterizar esse arranjo de atividades: 
 
A. representa um modelo funcionalmente monocêntrico; 
B. representa um modelo morfologicamente policêntrico, 
com baixo nível de policentrismo funcional, ou seja, alta 
fragmentação; 
C. representa um modelo funcionalmente policêntrico, com baixa 
fragmentação; 
D. representa um nível de desenvolvimento entre o 
monocentrismo e o policentrismo funcional. 
 
Essas características das estruturas espaciais, porém, nem sempre 
são facilmente distinguíveis e dependem da escala de observação (Anas, 
Arnott e Small, 1998). De acordo com Bertaud (2004, p. 9, tradução nossa), 
“cidades monocêntricas e policêntricas são animais da mesma espécie 
39 
 
 
observadas em tempos diferentes de seu processo evolucionário”15. 
De forma geral, modelos monocêntricos geram maior proximidade 
já a somatória da distância de todos os pontos para o centro geométrico é 
menor de para qualquer outro ponto ou para vários destinos. No entanto, 
esses modelos podem gerar movimentos pendulares e gargalhos na 
infraestrutura de transporte. 
Modelos policêntricos são defendidos como forma de aproximação 
de empregos e residências, já que as pessoas poderiam morar nas 
proximidades de seus empregos, reduzindo suas distâncias de viagem. 
Segundo LEVINE (1998), fatores como famílias com rendimento de 
casal, mobilidade profissional e outros fatores que afetam a decisão 
residencial reduzem a disposição das famílias a se mudarem para locais 
próximos aos empregos. 
Além disso, a disposição das empresas se afastarem é 
questionável. Em metrópoles cuja economia é majoritariamente ligada a 
inovação e serviços, a proximidade entre empresas é essencial. 
 Essas empresas pagam altos valores de terra para ficarem juntas 
de seus clientes - outras empresas - e fornecedores. Algumas atividades 
podem ser afastadas, como telemarketing, produção industrial, mas áreas 
de novos negócios e pesquisa e desenvolvimento se beneficiam com a 
proximidade gerada pelas estruturas monocêntricas e compactas (Fujita e 
Thisse, 2013; Burger e Meijers, 2012). 
Segundo Bertaud (2004), o conceito de vilas urbanas requer a 
fragmentação da área urbana, portanto a redução dos benefícios de escala 
trazidos por ela. O autor também afirma que o modelo nunca foi observado 
na realidade. 
 
 
15 Monocentric and polycentric cities are animals from the same species observed at 
different times during their evolutionary proces. (Bertaud, 2004, p. 9) 
 
40 
 
 
As cidades satélites construídas em torno de Seoul e Shanghai 
são outros exemplos do conceito de vila urbana: pesquisas mostram que 
a maior pare das pessoas vivendo nessas novas cidades viajam para 
trabalhar na cidade principal, enquanto a maior parte dos empregos nas 
cidades satélites são desempenhados por pessoas vivendo na cidade 
principal16 (Bertaud, 2004, tradução nossa). 
A capacidade de uma megacidade manter um mercado unificado 
de trabalho é o verdadeiro limite a longo prazo de seu tamanho. A 
fragmentação do mercado devido a falhas de gestão ou infraestrutura 
deveria, portanto, resultar inicialmente em queda econômica e, 
finalmente, em uma perda de população (Bertaud, 2004, tradução nossa). 
 
 Já HICKMAN et al (2009), apresentam uma opinião mais favorável 
a esse balanceamento. Segundo os autores, essa é uma condição 
necessária, mas não suficiente para reduzir as distâncias de viagens. 
“Correspondência qualitativa entre as habilidades, aspirações e tipo de 
trabalho é muito importante, assim como seu equilíbrio numérico”17 
(Hickman et al, 2009, p.27, tradução nossa). 
Considerando uma escala mais local, a mistura de usos é ligada a 
uma maior vitalidade da área urbana e favorecimento do transporte não 
motorizado, tanto pela proximidade entre atividades diferentes quanto pela 
maior atratividade da rua. 
 
 
3.1.14 Estrutura Espacial para um Transporte Sustentável 
 
 
Como resultado da análise realizada anteriormente, acreditamos 
 
16 “The satellite towns built around Seoul and Shanghai are another example of the urban village 
conceit: surveys are showing that most people living in the new satellite towns commute to work to 
the main city, while most jobs in the satellite towns are taken by people living in the main city” 
(Bertaud, 2004). 
17 “Qualitative matching between skills, aspirations and jobtype is critically important, as well as numerical 
balance” (Hickman et al, 2009, p.27). 
41 
 
 
que grandes metrópoles podem se beneficiar com a promoção de uma 
estrutura com uma área central compacta, com grande densidade de linhas 
de transporte coletivo, restrição de espaço para automóveis e 
infraestrutura para pedestres e bicicletas. Há uma tendência que essa área 
central contenha uma grande quantidade de empregos e residências para 
a população de mais alta renda. 
Clusters de alta densidade no entorno estações transporte coletivo 
de alta velocidade disponibilizam terra para classes médias e baixas e 
empresas voltadas a serviços locais e produção menos dependente dos 
ganhos de aglomeração entre empresas, mantendo a facilidade de acesso 
com a área central. 
Além disso, pessoas de maior renda com preferência por viverem 
em bairros de menor densidade podem viver nas proximidades desses 
clusters. 
Acreditamos ser vantajoso um planejamento multimodal como forma 
de reduzir as viagens individuais da população de maior renda e aumentar 
o acesso da população de menor renda, mais afastada das infraestruturas. 
Isso pode ser obtido com a provisão de estacionamentos e locação de 
bicicletas nas estações periféricas de transporte coletivo. Também é 
importante o investimento em conforto, segurança, gestão de gargalos e 
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. 
 A prática comum advoga pelo desenvolvimento compacto, com 
níveis de densidade mínima que permitam o transporte coletivo e não 
motorizado (Embarq, 2014; Unhabitat, 2013a) e um maior adensamento e 
alocação de infraestruturas importantes nas áreas adjacentes ao 
transporte coletivo (Hickman et al 2009, Embarq, 2014). 
No entanto, os níveis de densidade mínimos e as distâncias que as 
pessoas estão dispostas a percorrer em modos não motorizados é fruto de 
debate. 
O Manual de Desenvolvimento Urbano Orientado ao Transporte 
42 
 
 
Sustentável (Embarq, 2014), sugere maior adensamento em distâncias de 
até 650 dos pontos de transporte coletivo e existência de ponto de 
transporte coletivo a uma distância máxima de 1.000 metros e ideal de 500 
de qualquer moradia, equivalente a 15 minutos (máx)/ 7 ou 8 minutos 
(desejável) de caminhada ou 5 minutos (máx)/ 3 minutos (desejável) em 
bicicleta. 
Outras características importantes para o desenvolvimento urbano 
sustentável são: fomentar o uso mistos, com a manutenção de elementos 
essenciais às comunidades - como supermercados, escolas e bancos – 
próximos às residências (Hickman et al 2009); e adotar um modelo de 
crescimento em continuidade com a mancha urbana com sistema viário 
aberto, ruas integradas à malha existente e quarteirões de comprimento 
máximo de 250 m (Embarq, 2014). 
 
 
3.2 MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL 
 
 
Quando se fala em Mobilidade Urbana Sustentável, é preciso antes falar sobre 
alguns conceitos como qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e transporte 
sustentável. Todos esses conceitos levam ao melhor entendimento de como atingir essa 
mobilidade. 
O desenvolvimento sustentável, sucintamente, é um desenvolvimento que 
responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações 
futuras de responder as suas próprias necessidades (AFFONSO, 2004) 
Desvendando um pouco mais esse conceito, primeiro é preciso entender a palavra- 
chave: desenvolvimento, ela incorpora ideais coletivos e pessoais além de aspirar um 
crescimento de uma sociedade evoluída. Tradicionalmente, a meta do desenvolvimento é 
o aumento da renda per capita, que se entende como um dos aspectos que caracteriza o 
padrão de vida de uma comunidade. 
43 
 
 
É importante ressaltar, quando se fala de renda, que a renda e o índice de 
mobilidade são diretamente proporcionais. Quanto maior a renda, maior o índice de 
mobilidade. Conforme o poder aquisitivo de uma população aumenta, aumenta também 
o número de viagens geradas, e aumenta a participação do transporte individual e isso 
independe do crescimento populacional (MAC DOWELL, 2015). 
Quando se busca desenvolvimento sustentável na literatura percebe-se que o 
ponto em comum são os meios para atingi-lo e esses meios são: conservação do 
ambiente; maior horizonte de tempo (futuro); equidade. Segundo Albano e Senna (1996) 
o primeiro mostra que o desenvolvimento sustentável precisa de uma cultura ambientalista. 
Não se pode considerar o meio ambiente como um fardo e sim como fonte de nosso 
bem-estar e de nossa existência. 
Atualmente, a produção de bens e serviço utiliza indiscriminadamente e com muito 
desperdício os recursos naturais. Buscando o desenvolvimento sustentável é necessário 
impor limitações na qualidade e na quantidade dos processos de produção, transporte 
e consumo. A deterioração do meio ambiente impede as melhorias do bem-estar social. 
O segundo meio diz respeito ao prazo do planejamento e das políticas. Além das 
ações de curto e médio prazo é preciso considerar principalmente as de longo prazo. Não 
se pode penalizar as gerações futuras com as más ações da geração atual. 
Uma boa ação política conjunta é indispensável para garantir um futuro para as 
próximas gerações. Por último, o terceiro meio, a equidade deve ser interpretada em dois 
sentidos muito importantes. O desenvolvimento sustentável preza a igualdade entre as 
pessoas, ou seja, reserva atenção especial aos menos favorecidos e busca a igualdade 
em relação ao tempo, ou seja, a geração atual e a futura. 
O próximo conceito a ser abordado é o de transporte sustentável. Segundo a 
definição da OCDE: 
 
“É um transporte que não coloca em perigo a saúde 
pública e os ecossistemas e que respeita as necessidades de 
mobilidade. É compatível com; uma utilização de fontes 
renováveis a uma taxa inferior àquela necessária à sua 
regeneração; utilização das fontes não renováveis a uma taxa 
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inferior àquela necessária ao surgimento de fontes renováveis 
de substituição.” 
 
 
Já o Centro para um Transporte Sustentável do Canadá (Centre for Sustainable 
Transportation18) define que: 
 
 
“Um transporte sustentável é aquele formado por um 
sistema que permite as pessoas e as sociedades de 
satisfazerem suas principais necessidades de acesso de uma 
maneira consistente e compatível com a saúde dos seres 
humanos e dos ecossistemas, sob o signo da equidade, para 
as gerações e entre elas; funciona eficazmente, oferece 
escolhas dos modos de transportes e apoia uma economia 
dinâmica; limita as emissões e os dejetos de maneira a não 
ultrapassar a capacidade do planeta em absorvê-los, reduz ao 
mínimo o consumo de fontes não renováveis, reutiliza e 
recicla seus compostos e reduz ao mínimo ruídos e a 
utilização da terra.” 
 
 
Debater sobre transporte sustentável é extremamente necessário para alcançar o 
desenvolvimento sustentável, pois ao mesmo tempo em que o transporte é uma atividade 
indispensável para o bom funcionamento de uma economia, de uma sociedade, 
promovendo a integração, ele também é um dos maiores consumidores de reservas de 
energia e de recursos naturais. 
Além disso, é notória a relação entre o crescimento econômico e os padrões de 
mobilidade. É importante perceber que, quando se fala de implementação do 
desenvolvimento sustentável, a produção de transporte tem grande interferência, 
principalmente na conservação do meio ambiente e consequentemente na projeção futura 
com qualidade de vida (ALBANO e SENNA, 1996). 
 
18 2 Centre for Sustainable Transportation – O centro foi formado para ajudar a superar as barreiras para a realização 
de um transporte sustentável, no Canadá, através de informações e análises. Ele começou a funcionar em 1996 e é 
uma organização federal com sede em Winnipeg, Manitoba. 
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Um dos pontos importantes da interação entre o sistema de transporte e o uso e 
ocupação do solo que precisa

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