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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Campus Tijuca - RJ Análise e Desenvolvimento de Sistemas A genealogia da moral em Nietzsche: O rastreamento do bem e do mal na história humana Aluno: Marcos Vinícius Pereira de Paula Professor: Andre Luiz Nogueira Batista Disciplina: Construção do Pensamento Rio de Janeiro - RJ 20/08/2025 A genealogia da moral em Nietzsche: O rastreamento do bem e do mal na história humana A filosofia de Friedrich Nietzsche representa uma ruptura radical com os valores que sustentaram a tradição ocidental desde Platão. Em A genealogia da moral, o filósofo se propõe a rastrear a origem do bem e do mal não como conceitos universais e eternos, mas como construções históricas, situadas em contextos específicos. Nesse sentido, sua crítica se dirige à metafísica platônica, que estabeleceu uma divisão entre o mundo sensível — transitório e imperfeito — e o mundo inteligível — eterno e perfeito. Para Nietzsche, tal duplicação levou à negação da vida terrena em favor de uma realidade transcendental inexistente, abrindo espaço para a moral do cristianismo, que ele chamava de “platonismo para o povo”. O niilismo, em sua perspectiva, não é apenas a descrença nos valores supremos, mas o resultado de uma civilização que construiu seus fundamentos sobre a negação do corpo, da natureza e da própria vida. A sociedade ocidental, ao priorizar a moral de obediência e submissão — a chamada moral de escravos —, negou as forças ativas da existência. O cristianismo, ao prometer um além-mundo, reforçou a ideia de que o verdadeiro sentido da vida não está aqui, mas em um horizonte inalcançável. Nesse sentido, Nietzsche denunciava a decadência dos valores, mostrando que o “bem” e o “mal” não são verdades universais, mas categorias produzidas historicamente para controlar os indivíduos. Sua crítica permanece atual, pois vivemos em uma sociedade que ainda lida com valores herdados de tradições que relativizam a vida em favor de ideais transcendentes ou abstratos. No entanto, em tempos de crise ética, a proposta nietzschiana convida à criação de novos valores, fundados na afirmação da vida, na vontade de potência e na superação das antigas formas de submissão. Filmes como O Poço (2019) demonstram a força dessa crítica, ao retratar uma sociedade estruturada na desigualdade e na obediência cega, expondo a necessidade de repensar valores. Assim, a filosofia de Nietzsche não apenas desvela os mecanismos que historicamente aprisionaram o pensamento, como também oferece caminhos para a libertação, sustentando a dignidade humana ao propor a reinvenção dos valores em prol da vida. Diante disso, a filosofia nietzschiana é profundamente relevante para os dias atuais. Num mundo marcado pela relativização de verdades, pelo avanço tecnológico e pelo enfraquecimento de instituições tradicionais, o chamado de Nietzsche para que sejamos criadores de novos valores ressoa como convite à autonomia e ao fortalecimento do ser humano. Sua crítica não nega os direitos humanos, ao contrário: busca resgatar a potência da vida, rompendo com a submissão e a opressão histórica que sustentaram sistemas de dominação. Dessa forma, a genealogia da moral não é apenas um diagnóstico do passado, mas também uma provocação ao presente, para que possamos reinventar nossas formas de viver, pensar e conviver.