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FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS - FINOM
BACHARELADO EM DIREITO - 5ºPERÍDO
CAMPUS PARACATU-MG
DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL II – SOCIETÁRIO
PROFª: Ma. BRUNA PINOTTI GARCIA
ALUNO: JULIMAR DOS SANTOS SOUSA
FICHAMENTO CRITICO DO FILME “O LOBO DE WALL STREET”. Filme de Martin Scorsese, 2013.
Paracatu-MG, julho de 2014.
JULIMAR DOS SANTOS SOUSA
FICHAMENTO CRITICO DO FILME “O LOBO DE WALL STREET”. Filme de Martin Scorsese, 2013.
Fichamento Critico apresentado à disciplina Direito Empresarial II, da Faculdade do Noroeste de Minas – FINOM, referente à avaliação bimestral de conhecimento. Orientador: Profª. Ma. Bruna Pinotti Garcia.
Paracatu-MG, julho de 2014.
Análise critica do filme “O Lobo de Wall Street”, [de Martin Scorsese, 2013] frente ao Direito brasileiro.
Percepção de detalhes técnicos do filme
O filme mostra um pouco de como é a realidade da comercialização de valores mobiliários na bolsa de valores de Wall Street. Também revela os riscos que os investidores assumem ao adquirirem ações, haja vista, que a volatilidade é muito grande, isto porque, pode-se amanhecer afortunado e dormir totalmente desprovido de todo o investimento que se fez.
Pois bem, o filme também revela uma faceta critica, qual seja o da conduta dos corretores que estão a operacionalizar a venda e o consequente investimento dos clientes. Os mesmos fazem uso de artifícios enganosos e até fraudulentos, quando criam situações fictícias contactando clientes informando de valorização de ações de empresas quando na verdade nada disso estava acontecendo, bem como informando desvalorização para que os clientes se desfizessem ou mudasse de investimento e por ai vai, a mercê de suas ganancias. 
Outro ponto bastante notável demonstrado pelo filme é a condição de vulnerabilidade na qual o investidor se encontra. Isto porque, com se não bastasse estarem na dependência dos corretores, ainda estão o tempo todo à mercê de fatores externos o qual nem os corretores nem as empresas que põem suas ações a venda tem o total controle; fatores como politica cambial nacional, intemperes, em fim toda uma conjuntura internacional, determinam o ritmo do andamento da solidez ou não das empresas que disponibilizam seus papéis no mercado de valores mobiliários.
O filme aborda também a classificação das ações. Vê-se com clareza ações as quais podem e são negociadas no mercado de valores - bolsas de valores, logo, formalmente legais e, ações que são negociadas na clandestinidade (ações tostão), logo fora do mercado de valores, por serem de baixo valor comercial, além de não passarem pelo crivo da formalidade legal. 
É mostrado que as operações efetivadas nas bolsas de valores, recebem tanto autorização como fiscalização de seu funcionamento por órgãos estatais, como o FBI e a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos. Revelando que tanto as empresas como os corretores devem estar devidamente regularizado para que possam assim, atuarem no mercado de valores. 
Abordagem dos detalhes técnicos frente ao ordenamento jurídico brasileiro
Inicialmente, ações, são papéis, valores mobiliários, conforme preceitua o art. 2º, inciso I, da Lei nº 6.385/76, que normatiza o mercado de valores mobiliários no ordenamento jurídico brasileiro. As ações são postas no mercado de valores mobiliários por empresas do tipo sociedade por ações, que no Brasil tem sua previsão e regulamentação no Código Civil (arts. 1.088 e 1.089) e especificamente pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações - LSA).
De acordo com a referida lei (LSA), as companhias serão abertas ou fechadas, a depender de poderem ou não colocar no mercado de valores mobiliários suas ações para negociação ao público, conforme dispõe o caput do art. 4º da LSA, que assim reza:
Art. 4º. Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. (grifos nosso).
Logo, a lei já estabelece que somente as companhias abertas, podem ter suas ações negociadas no mercado de valores mobiliários, devendo as mesmas estarem devidamente registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para que assim, possam ter suas ações negociadas (art. 4º, § 1º da LSA).
O mercado de valores mobiliários comercializados na bolsa de valores, no ordenamento jurídico brasileiro é uma atividade financeira normatizada pela Lei nº 6.385 de 07 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme se lê no caput do art. 1º e os incisos I, II, e IV, referente às atividades no mercado de valores mobiliários, e no CAPITULO II, em seu art. 5º que trata da Comissão de Valores Mobiliários:
Art. 1º. Serão disciplinadas e fiscalizadas de acordo com esta Lei as seguintes atividades: 
I - a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; 
II - a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; 
[...]
IV - a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Valores;
[...]. 
Art. 5º. É instituída a Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária.
Portanto, compete à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a disciplina e fiscalização do funcionamento no mercado de valores mobiliários, efetivados pelas bolsas de valores. O paragrafo primeiro do artigo primeiro da Lei nº 6.385/76 estabelece que “somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários”. Ainda a respeito da competência da CVM, o art. 8º da citada lei, em especial o caput e incisos I, III e V, estabelece que:
Art. 8º. Compete à Comissão de Valores Mobiliários:
I - regulamentar, com observância da política definida pelo Conselho Monetário Nacional, as matérias expressamente previstas nesta Lei e na lei de sociedades por ações;
[...]
III - fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, de que trata o Art. 1º, bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participem, e aos valores nele negociados;
[...]
V - fiscalizar e inspecionar as companhias abertas dada prioridade às que não apresentem lucro em balanço ou às que deixem de pagar o dividendo mínimo obrigatório. (grifos nosso).
Assim, fica bastante evidente a competência tanto regulamentadora quanto fiscalizadora da CVM junto ao mercado de valores mobiliários, tudo isso, tendo sua subordinação ao Conselho Monetário Nacional, conforme estabelece o art. 3º da Lei nº 6.385/76, in verbis:
Art. 3º. Compete ao Conselho Monetário Nacional:
I – definir a política a ser observada na organização e no funcionamento do mercado de valores mobiliários;
[...]
III – fixar, a orientação geral a ser observada pela Comissão de Valores Mobiliários no exercício de suas atribuições;
IV – definir as atividades da Comissão de Valores Mobiliários que devem ser exercidas em coordenação com o Banco Central do Brasil;
[...]. (grifos nosso).
Porém, não apenas tem-se atenção voltada para a politica, organização, funcionamento, orientação, e definição das atividades da CVM, também o texto legal expressamente trata da questão da pratica, do dia a dia, da proteção dos investidores, haja vista a inegável carga de risco o qual naturalmente as operações de investimento em ações na bolsa de valor representam. Assim, é que o art. 4º da Lei nº 6.385/76, disciplina que o Conselho Monetário Nacional e a CVM deverão focar sua atuação visando à promoção da expansão e funcionamento com eficiência e regularidade do mercado de ações e, consequentemente do mercado da Bolsade Valores, além de proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores contra emissões irregulares, atos ilegais, uso de informação relevante que se não divulgada no mercado de valores mobiliários, possam vir gerar algum prejuízo; evitar e inibir fraudes e manipulações que visem criar condições fictícias de demanda, entre outros. Dessa forma, é que in verbis descreve o art. 4º e seus incisos:
Art. 4º. O Conselho Monetário Nacional e a Comissão de Valores Mobiliários exercerão as atribuições previstas na Lei para o fim de:
[...]
II – promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações, e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais;
III – assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da Bolsa e do balcão;
IV – proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra:
a) emissões irregulares de valores mobiliários;
b) atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários;
c) o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários.
V – evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinada a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado;
VI – assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido;
VII – assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários;
VIII – assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. (grifos nosso).
Portanto, a atividade no mercado de valores mobiliários, especificamente na Bolsa de Valores, ocorre sob uma rigorosa regulamentação. Não poderia ser diferente, já que o mesmo faz parte da proteção que o texto constitucional traz no que toca a ordem econômica e financeira e a economia popular (art. 173, § 5º, CF/88).
No que toca à hipótese de fraude e ou manipulação no mercado de valores mobiliários, em especial na Bolsa de Valores, conforme descreve o inciso quinto do art. 4º da Lei nº 6.385/76 que estabelece como competência da CVM e do Conselho Monetário Nacional que os mesmos, em sua atuação devem envidar esforços para “evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinada a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado”; também o Código Penal, em seu art. 177, traz descrito como tipo penal condutas que direta ou indiretamente refletem na Bolsa de Valores, ligadas a fraudes e ou manipulação relacionada diretamente ao ato de se utilizar de fundação de sociedade por ações, conforme se lê in verbis o referido dispositivo:
Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º. Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: 
I – o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II – o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
[...]. (grifos nosso).
Porém, a Lei nº 6.385/76 em capitulo próprio – DOS CRIMES CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS -, tipifica condutas especificas ligadas à manipulação do mercado, uso indevido de informação privilegiada e exercido irregular de cargo, profissão, atividade ou função junto ao mercado de valores, conforme se lê in verbis: 
Manipulação do Mercado
Art. 27‑C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em Bolsa de Valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros:
Pena – reclusão, de um a oito anos, e multa de até três vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.
Uso Indevido de Informação Privilegiada
Art. 27‑D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa de até três vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. 
Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Função
Art. 27‑E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento:
Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 27‑F. As multas cominadas para os crimes previstos nos artigos 27‑C e 27‑D deverão ser aplicadas em razão do dano provocado ou da vantagem ilícita auferida pelo agente.
Parágrafo único. Nos casos de reincidência, a multa pode ser de até o triplo dos valores fixados neste artigo. (grifos nosso).
Pois bem, dessa forma, no ordenamento jurídico brasileiro, tem-se tipificado condutas que direta ou indiretamente possam causar prejuízos no mercado de valores mobiliários. Isso porque, embora seja uma atividade eminentemente de risco, seja pela natural instabilidade a qual se submete esse segmento da economia, quanto também pela possibilidade de manobras escusas, fraudulentas e manipuladoras que muitas empresas e seus representantes praticam no afã de lucrarem cada vez mais a despeito do impacto que isso pode vir a acarretar na vida dos investidores, não poderia ficar sem a atenção da norma incriminadora, haja vista a importância que o mercado da Bolsa de Valores tem para a economia nacional. 
Fato que não pode ser deixado de se considerar é o risco natural que se corre ao investir em mercado de capitais através da Bolsa de Valores. Porém, em caso de se ter prejuízo, em razão de alguma das condutas típicas descritas pela Lei nº 6.385/76, o lesionado tem como recorrer inicialmente à via administrativa, já que o mercado de capitais via Bolsa de Valores é dotado de auto-regulação, conforme o art. 9º, da citada lei.
Para tentar guarnecer e proteger os investidores, àqueles lesionados em razão de infrações às normas do mercado de valores mobiliários via Bolsa de Valores, dispõem de um Fundo de Garantia para que se operacionalizem possíveis ressarcimentos. No entanto, esgotada a via administrativa e sem a devida resolução, pode sim, recorrer ao Judiciário. Inclusive trazemos julgado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, onde se vê tal hipótese:
EMENTA: AÇÃO MONITÓRIA - AGRAVO RETIDO -SUSPEIÇÃO DE PERITO - ARGÜIÇÃO APÓS A ENTREGA DO LAUDO PERICIAL - EXTEMPORANEIDADE - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 138, §1º DO CPC - RECURSO IMPROVIDO - APELAÇÃO CÍVEL - INVESTIMENTO NA BOLSA DE VALORES - AUTORIZAÇÃO VERBAL PREVISTA EM CONTRATO - NOTIFICAÇÃO IMPEDINDO INVESTIMENTOS - AUSÊNCIA - VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM - RECURSO PROVIDO. [...] A Bolsa de Valores é mercado de risco, onde se pode ganhar ou perder, e é dotada de poder de auto-regulação. Em caso do investidor se considerarvítima de fraude, poderá oferecer reclamação administrativa. Se procedente a reclamação, há um Fundo de Garantia para ressarcimento do investidor lesado. Quando a reclamação não for acolhida, o investidor poderá recorrer à Comissão de Valores Mobiliários - CVM (in Ciclo de Palestras sobre o Mercado de Capitais, promovido pela Escola Nacional da Magistratura e BOVESPA, São Paulo, 31 de maio a 02 de junho de 2007). Não consta dos autos que o ora apelado tenha se valido de tais providências no âmbito administrativo. Embora seja investidor em bolsa e conhecedor da rapidez e informalidade vigorante nos procedimentos do mercado de capitais, preferiu recorrer diretamente ao Poder Judiciário [...]. (Apelação Cível 1.0701.05.125401-2/001, Relator(a): Des.(a) Rogério Medeiros , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/07/2011, publicação da súmula em 30/08/2011). (Grifos nosso). Disponível em: <http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia >. Acessado em: 09 de jul. 2014.
O referido julgado trata-se de investidor que em virtude de contrato com corretora de valores mobiliários, no qual, o mesmo tinha clausula autorizando o contratado a proceder verbalmente autorização para efetivação de investimento na Bolsa de Valores. Porém, o investidor alega não ter dado autorização para a corretora para a mesma efetivar o investimento. Assim, ignora as providencias administrativa e ingressa diretamente junto ao Poder Judiciário, pleiteando a resolução, que, pelo desenrolar do processo, o mesmo não logrou êxito, haja vista o entendimento de que ocorreu autorização tácita, em razão das comunicações – Aviso de Negociação de Ações (ANAs) – emitidas pela BOVESPA que lhe eram enviadas, sempre que uma negociação estava sendo operacionalizada em seu nome.
Considerações finais
O mercado de valores mobiliários, operado via Bolsa de Valores, é uma atividade de risco. Por isso, exige de seus pretensos investidores um conhecimento apurado de causa. Conhecimento esse tanto da parte normativa, como da prática real, de como acontece no dia a dia da Bolsa, qual a tendência, as táticas e as projeções que o mercado estar a ditar. Sem tal conhecimento, o interessado em investir, apesar de toda a normativa que visa sua proteção, se mostrará como que verdadeiro cego em tiroteio, como diz o ditado popular.
O drama cinematográfico, base dessa análise, além de demostrar um pouco de como se operacionaliza o mercado da Bolsa de Valores, também serve para alertar de que os riscos não são apenas da conjuntura econômica (interna ou externa), mas sim, e principalmente da conduta humana. Ou seja, os operacionalizadores credenciados, é que muitas das vezes estão a representar o maior risco, haja vista, a gama de artimanhas, argumentos e manobras que os mesmos muitas das vezes se utilizam, seja em interesses próprios ou das companhias que representam, a despeito de com isso estarem causando verdadeiros desastres tanto a pessoas físicas quanto jurídicas e por que não dizer a toda à coletividade.
No ordenamento jurídico brasileiro, têm-se normas (Lei 6.404 de 15 de dezembro e 1976 e Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976) que disciplinam tanto as companhias quanto o mercado de capitais respectivamente, com o intuito de dar alguma margem de segurança, especialmente aos que se utilizam dos investimentos na Bolsa de Valores, em virtude de toda a influencia que essa modalidade de investimento econômico sofre. E não poderia ser diferente, pois, os interesses em questão não são apenas os individuais, mas sim de toda a coletividade, daí o rigor que se exige para ingressar e manter-se - no caso das companhias e as empresas corretoras de valores - em operação no mercado de valores mobiliários, em especial na Bolsa de Valores, lugar que tem servido de palco de alegria e de tristeza para muitos.
Referências
BRASIL. Constituição Federal da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6385original.htm>. Acesso em: 25 de jun. 2014.>. Acesso em: 25 de jun. 2014.
BRASIL. Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6385original.htm>. Acesso em: 25 de jun. 2014.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 25 de jun. 2014.
BRASIL. Portal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Consulta de Jurisprudência. Disponível em: <http://www.tjmg.jus.br/portal/jurisprudencia/consulta-de-jurisprudencia/>. Acesso em: 9 jul. 2014.
O Lobo de Wall Street. Direção: Martin Scorsese. Paramount Pictures, 2013. 1 DVD (2h59min). Título original: The Wolf of Wall Street.
O Lobo de Wall Street, sinopse e detalhes. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-127524/>. Acesso em: 25 de jun. 2014. 
PAULA, Áureo Natal de. Considerações sobre os crimes contra o mercado de capitais. Jus Navigandi, Três Marias, ano 8, n. 64, 1 abr. 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/3960>. Acesso em: 6 jul. 2014.
WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. O Lobo de Wall Street. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Lobo_de_Wall_Street>. Acesso em: 10 de jul. 2014.

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