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PSICANALISE OBJ DE ESTUDO: inconsciente MÉTODO: associação livre - método clínico CONCEPÇÃO DE HOMEM: homem privado Freud desenvolveu a psicanálise no final do século XIX, num ambiente intelectual marcado por mecanicismo, determinismo, positivismo, empirismo e materialismo (o mesmo contexto de Wundt). Ele queria dar à psicanálise uma base científica, mas ao mesmo tempo não abriu mão da subjetividade: o sujeito do conhecimento é também o objeto (ou seja, quem conhece é também o que é conhecido) e o “eu” não é senhor absoluto da própria subjetividade, uma boa parte dos processos psíquicos opera no inconsciente. Por isso Freud aceita que o ser humano não é totalmente livre: estamos em parte “presos” ao inconsciente e a impulsos que trazemos filogeneticamente. APARELHO PSÍQUICO O aparelho psíquico tenta manter um equilíbrio das vivências e das cargas afetivas. As nossas experiências ficam registradas como memórias; na rotina isso gera uma tensão equilibrada (uma oscilação/controlada). Quando uma vivência é muito intensa e desagradável (desprazer extremo), ela pode desestabilizar o aparelho e se tornar um trauma, provocando um “surto” ou a necessidade de descarregar essa tensão para restaurar o equilíbrio. Para manter o equilíbrio, o aparelho psíquico precisa descargar (liberar/processar) o desprazer. A forma de descarregar não é necessariamente imediata, existe uma diferença entre princípio do prazer (impulso por descarga imediata) e princípio da realidade (adiar/mediar a descarga para adaptar-se ao mundo real). Recalque (repressão) Recalque = repressão é o mecanismo pelo qual representações e afetos intoleráveis são excluídos da consciência e empurrados para o inconsciente. Afeto muito negativo e intenso → tende a provocar memória de vivência traumática (mais difícil de integrar) → o aparelho pode recalcar essa vivência. • Afeto condensado (menos intenso), negativo, ruim mas não traumático → pode gerar uma memória substitutiva (uma lembrança transformada, menos perturbadora). Importante: muitas das nossas memórias não são literalmente verdadeiras; elas são reconstruídas, substituídas ou deslocadas pelo trabalho do aparelho psíquico. Quando algo fica parcialmente recalcado, um pequeno afeto que sobrou na memória verdadeira pode gerar um sintoma por isso o sintoma frequentemente indica algo que não foi totalmente “recalcado”. Tudo o que fazemos ou dizemos pode manifestar algo: sintomas, sonhos e atos falhos são formas pelas quais o inconsciente se expressa. Assim: • Sintomas: comportamento, dor ou alteração corporal/psíquica que “representa” conteúdo recalcado. • Sonhos: via régia do inconsciente (conteúdo simbólico). • Atos falhos: lapsos de linguagem ou comportamento que revelam desejos inconscientes. Esses são os dados que o analista usa para acessar o inconsciente. Histeria (exemplo clínico) A histeria (termo clássico: “histeria / conversão”) não é psicose. Quando um evento traumático incide sobre o aparelho psíquico, o aparelho se defende (por exemplo, por negação) e muda a memória real por uma substitutiva, irreal — em outras palavras, há uma transformação da lembrança e conversão em sintoma. Por isso o histérico apresenta sintomas que guardam relação com conflitos inconscientes, sem perder o contato com a realidade como nas psicoses. Estrutura: Id, Ego e Superego • Id (isso): completamente inconsciente; fonte dos desejos, pulsões e cargas libidinais; funciona pelo princípio do prazer (procura descarga imediata). • Ego (eu): parte em contato com a realidade (tem aspectos conscientes e inconscientes); atua como mediador, organiza a vida de vigília, memórias, e funciona segundo o princípio da realidade (adiar ou transformar a descarga para adequar ao mundo). O ego processa os impulsos (“bateu → processou na mente → agiu”). • Superego: internaliza normas, ideais e proibições; tem aspectos conscientes e inconscientes; atua como consciência moral, podendo ser rígido ou equilibrado, impõe exigências e pode gerar culpa. o ego não é soberano; ele media forças (id ↔ mundo ↔ superego) mas está sujeito a constrangimentos inconscientes. Níveis de consciência e método Três “lugares” das vivências: • Consciente — o que está presente no aqui e agora. • Pré-consciente — material acessível à consciência (lembranças, ideias que podem emergir). • Inconsciente — não lembramos, mas “vivemos”; para acessar é preciso acompanhar a trajetória (associações, sonhos, sintomas). • Observação: Hipnose não é método da psicanálise. Mecanismos de Defesa São formas da mente lidar com coisas difíceis. Exemplos: • Recalque: empurrar para o inconsciente. • Projeção: colocar nos outros algo que é nosso (“o que eu não gosto em mim, crítico no outro”). • Sublimação: transformar impulsos em algo útil (arte, trabalho, esporte). • Cisão: dividir coisas em “tudo bom” ou “tudo ruim” (muito comum em psicoses). Pulsões Freud falava em pulsões, que são nossos impulsos básicos (não exatamente instintos animais). Nascemos com eles, mas a vida vai ensinando como direcioná-los para o bem (positivo) ou para o mal (negativo). Resumo Bem Simples Mente = aparelho psíquico → tenta manter equilíbrio entre prazer e desprazer. Trauma = algo muito ruim que desestabiliza a mente → ela esconde isso no inconsciente (recalque). O que foi reprimido pode voltar como: • Sintoma • Sonho • Ato falho Partes da Mente • Id → desejos, impulsos, funciona só pelo prazer. • Ego → “eu”, negocia com a realidade para satisfazer desejos de forma aceitável. • Superego → consciência moral (certo e errado). Níveis da Consciência • Consciente → o que sabemos agora. • Pré-consciente → lembranças acessíveis. • Inconsciente → lembranças/desejos escondidos. Mecanismos de Defesa • Recalque → empurra para o inconsciente. • Projeção → colocar nos outros o que é meu. • Sublimação → transformar impulso em algo positivo (arte, trabalho). • Cisão → ver algo como totalmente bom ou ruim. Pulsões Nascemos com impulsos. A vida ensina a direcionar para o bem ou para o mal.