Buscar

O aparelho psíquico - 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 1/55
O aparelho psíquico
Maria Thereza Toledo
Descrição
O aparelho psíquico e a teoria freudiana acerca do funcionamento
mental em seus diferentes vieses e conformações.
Propósito
Compreender o aparelho psíquico e os fenômenos mentais a partir do
olhar de Freud é fundamental para o estudo da Psicanálise e para
atuação profissional como psicólogo.
Objetivos
Módulo 1
O aparelho psíquico
Analisar o aparelho psíquico a partir da primeira tópica freudiana e a
relação entre inconsciente, pré-consciente e consciente.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 2/55
Módulo 2
A importância e o funcionamento do
inconsciente
Definir o conceito de inconsciente, sua importância na teoria
psicanalítica e seu modo de funcionamento.
Módulo 3
A segunda tópica freudiana e suas relações
Descrever a segunda tópica freudiana e a relação entre id, ego e
superego.
Módulo 4
A compreensão do funcionamento psíquico
Reconhecer a contribuição do texto O mal-estar na civilização para a
compreensão do funcionamento psíquico.
Introdução
Aparelho psíquico é o nome dado à organização proposta por
Freud para compreender a dinâmica mental. Descrever o aparelho
psíquico foi uma forma de tornar compreensível o funcionamento
psíquico, dividindo-o e atribuindo uma função específica a cada
parte constitutiva.

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 3/55
A concepção do aparelho psíquico é uma construção teórica de
Freud, que traduzia para a teoria a sua vivência clínica. Essa
prática teorizada da Psicanálise nos permite observar várias
alterações e/ou aprimoramentos dos conceitos freudianos ao
longo do tempo. Freud foi construindo sua trama conceitual à
medida que caminhava em sua experiência clínica. Dessa forma,
temos duas propostas para compreender o aparelho psíquico:
Primeira tópica: Dividida em inconsciente, consciente e pré-
consciente;
Segunda tópica: Consiste na tríade id, ego e superego.
1 - O aparelho psíquico
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o aparelho psíquico a partir da primeira
tópica freudiana e a relação entre inconsciente, pré-consciente e consciente.
A primeira tópica freudiana:
inconsciente, pré-consciente e
consciente
Teoria fundamental para realizar o ponto de partida de Freud na
compreensão do psiquismo, a primeira tópica de Freud designa a
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 4/55
primeira concepção do aparelho psíquico e é composta por três
sistemas:
(Ics)
Inconsciente
(Pcs)
Pré-consciente
(Cs)
Consciente
Trata-se de uma noção de aparelho psíquico como um conjunto
articulado de moda lugares (virtuais), que são explicitados no capítulo
sétimo de A interpretação dos sonhos, intitulado “A Psicologia dos
Processos Oníricos”. Freud relaciona a consciência à função de um
órgão sensorial capaz de distinguir qualidades psíquicas (prazer e
desprazer, por exemplo). A excitação chega à consciência de duas
direções: do sistema perceptivo e do interior do próprio aparelho, ou
seja, os estímulos vêm de dentro ou de fora, na percepção do sujeito.
Freud promove uma quebra de paradigma ao a�rmar que a
consciência é apenas “a ponta do iceberg” quando se trata
de conhecer as reais motivações e desejos de alguém.
Segundo Gracia-Roza (1993):
Todo o pensamento moderno, de
Descartes a Hegel, tem na
Consciência uma referência central.
Com Freud a Cons-ciência perde
esse estatuto. Passa a representar
uma pequena parte da totalidade
psíquica, além de deixar de ser a
sede da verdade.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 5/55
(GARCIA-ROZA, 1993, p. 219)
A verdade passa a ser relacionada ao desejo (logo, ao inconsciente) e a
consciência passa a ser o lugar da ilusão. A imagem a seguir mostra a
relação entre esses três sistemas para Freud:
Representação dos sistemas de Freud pelo iceberg.
Podemos perceber que o funcionamento inconsciente é a principal fonte
para a compreensão dos fenômenos psíquicos. Entretanto, os dois
outros sistemas são fundamentais para a estrutura psíquica,
proporcionando o desenvolvimento de um bebê até sua inserção no
meio social. Veja o detalhamento a seguir:
Estão as representações mentais das quais estamos plenamente
conscientes no momento, o que faz com que esse sistema
psíquico esteja em permanente transformação, pois há uma
grande circulação de representações na consciência, de acordo
com a vivência de cada pessoa.
Consciente 
Pré-consciente 
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 6/55
Localizam-se aquelas representações que podem vir à tona na
consciência, mas que não estão disponíveis no momento. Sobre
o pré-consciente, podemos pensá-lo ainda como algo entre o
inconsciente e o consciente, filtrando as informações que
passarão para o consciente. O sistema pré-consciente foi
concebido como um sistema articulado ao consciente (Pcs-Cs),
funcionando, assim, como uma espécie de peneira. O pré-
consciente também funciona como um tipo de arquivo de
registros e, embora as ideias pré-conscientes possam estar fora
do alcance da consciência, elas não são inconscientes, ou seja,
não foram recalcadas. Dessa forma, os pensamentos pré-
conscientes podem ser recordados sem a resistência da
censura.
Estão as representações que já ocuparam o consciente e/ou o
pré-consciente, mas que foram expulsas porque causavam
angústia. São representações que sofreram recalque e, dessa
forma, não podem mais se tornar conscientes sem que se
aplique um intenso trabalho.
O inconsciente merece destaque como conceito fundamental
para a compreensão da proposta psicanalítica, não somente
como uma das instâncias psíquicas.
O inconsciente
A ideia de inconsciente surge associada ao conceito de recalque, ambos
derivados do tratamento da histeria. Freud começou a tratar as
pacientes histéricas juntamente com Josef Breuer, utilizando o método
catártico, com o auxílio da hipnose.
O que nos interessa entender aqui, entretanto, não é o
método e sim a operação psíquica sobre a qual ele incidia.
Por meio da hipnose, a qual provocava um estado de rebaixamento da
consciência, a paciente lembrava do trauma que originou o sintoma. A
partir dessa lembrança, a paciente podia reagir da forma como não
reagiu no momento exato do trauma. Freud e Breuer chamaram de ab-
Inconsciente 
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 7/55
reação essa emoção que funcionava como uma catarse; daí o nome de
“método catártico” conferido a essa prática.
Exemplo
Para exemplificar brevemente o tratamento exposto, vamos abordar o
caso de Anna O., paciente de Breuer, cuja história causou grande
interesse em Freud e deu margem a vários desdobramentos teóricos.
Anna O. era uma mulher de 21 anos que adoeceu enquanto cuidava de
seu pai enfermo. Sua doença começou como uma tosse intensa,
evoluindo para vários outros sintomas.
Em determinado período de sua doença, durante algumas semanas,
Anna O. recusava-se a beber água e saciava sua sede apenas com
frutas. Certa vez, durante um estado de hipnose, ela descreveu uma
cena em que ficara enojada ao ver um cachorro bebendo água de um
copo. Após lembrar e reagir ao episódio traumático, pôde beber água
normalmente.
Esse é apenas um exemplo dentro de uma questão muito mais
complexa, não só o caso de Anna O., mas também essa relação entre
trauma e sintoma.
Por que Anna O. não podia recordar essa cena sem o auxílio da hipnose?
Por que todos os relatos das primeiras pacientes histéricas seguem
essa mesma lógica?
Lembrando que essa prática de Freud foi a base para seus primeiros
conceitos, vamosentender, a partir do exemplo, o que é o inconsciente.
As pacientes não tinham acesso às lembranças traumáticas, não se
tratava de um esquecimento. O esquecimento relaciona-se à seleção de
representações que registramos ao longo da vida. Muitas vezes, pode
estar associado ao tempo decorrido entre o fato e a lembrança deste ou
à importância de tal fato. É possível, entretanto, que o contato com
determinados estímulos leve à lembrança do que foi esquecido.
Exemplo
Você não lembra de uma colega de infância, mas, ao se deparar com o
cheiro do perfume que ela usava, pode vir a lembrar-se dessa amiga,
sem muitas dificuldades.
No caso da histeria, não se tratava de um simples esquecimento, o que
estava em questão ali era o recalque, um mecanismo de defesa que
impede a lembrança. Estamos diante da distinção entre inconsciente e
pré-consciente.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 8/55
No pré-consciente,
estão as
representações que
podem vir à
consciência, mas não
estão no momento,
como no exemplo da
amiga de infância.
No inconsciente, estão
representações que
foram expulsas do
sistema pré-
consciente/consciente
por causarem mal-estar,
como o cachorro
bebendo água no copo,
no caso de Anna O.
O recalque, dessa maneira, é uma forma de proteção diante da dor do
trauma ou do mal-estar causado em face das normas sociais vigentes.
Assim, podemos compreender o inconsciente como uma consequência
do recalque. As lembranças traumáticas perdem o investimento afetivo
e se tornam inconscientes.
Atenção!
Não é possível lembrar da ideia que subjaz ao trauma, entretanto, o
conteúdo recalcado continua a exercer força por meio das formações
do inconsciente. O sintoma do caso aqui exemplificado ilustra o retorno
do recalcado, uma formação patológica do inconsciente.
Nota-se que a primeira tópica teve como um dos seus eixos a natureza
das representações mentais que causavam angústia e sofriam recalque.
Outra característica foi a abordagem do ponto de vista econômico, que
veremos a seguir.
Princípio do prazer e princípio da realidade
Para abordar esses dois princípios, é necessário associá-los à oposição
entre processo primário e processo secundário. Eles correspondem às
duas formas de circulação de energia no psiquismo:
Energia livre (processo primário)
No processo primário, a energia escoa livremente de uma representação
para outra, como nos processos de condensação e deslocamento dos
sonhos, e tende a investir aquelas representações associadas a
experiências de satisfação.
Energia ligada (processo secundário)

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 9/55
No caso do processo secundário, a energia está “ligada” antes de
escoar e a satisfação pode ser adiada. O processo primário caracteriza
o sistema inconsciente e o processo secundário diz respeito ao sistema
pré-consciente/consciente.
O processo primário está relacionado à descarga de excitação imediata,
sem barreiras, enquanto o processo secundário se relaciona ao
pensamento de vigília, ao juízo, à atenção. Os processos psíquicos
primários funcionam sob a égide do princípio do prazer:
Pelo qual a realidade externa cede
lugar à economia pulsional, ou seja,
à regulação prazer-desprazer. E
aparecem sob a forma de sonho ou
do fenômeno neurótico, pois são
incapazes de conduzir sua
existência.
(FREUD, 1989g, p. 192)
De fato, os bebês nascem imersos no princípio do prazer, sem
dispositivos para lidar com as exigências da realidade. O princípio da
realidade começa a operar à medida que o desenvolvimento permite.
Nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), Freud observa
que o bebê “alucina o seio”, repetindo a experiência de satisfação
advinda da amamentação. Mas é quando o bebê chora, comunicando ao
meio externo a sua demanda, que existe a possibilidade do encontro
com um objeto real, que vai satisfazê-lo naquele momento.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 10/55
Apesar de o bebê, nos primeiros meses, não distinguir o seio de si
mesmo, ele está em contato com uma via real de satisfação. Vemos aí a
ação do processo psíquico secundário, que envolve uma ligação —
catexia — do ego com um objeto externo real.
Atenção!
O ego, nesse contexto, não é o ego da segunda tópica, que veremos
mais adiante; aqui o ego surge como um fator de ligação dos processos
psíquicos, associado ao sistema pré-consciente/consciente.
Freud assinala que a mais primitiva satisfação pulsional está
relacionada à nutrição e “não é sem boas razões que, para a criança, a
amamentação no seio materno torna-se modelar para todos os
relacionamentos amorosos” (FREUD, 1989j, p. 209). A amamentação
imprime uma marca de prazer no bebê que vai além da necessidade
biológica. Nesse sentido, Freud afirma que a satisfação humana vai
além das necessidades. Entretanto, é necessário que o bebê saia do
circuito da energia livre, no qual impera absoluto o princípio do prazer,
para que a vida aconteça. “Em última análise, é preciso amar para não
adoecer” (FREUD, 1989i, p. 101).
Essa frase do texto Sobre o narcisismo: uma introdução, de 1914, é
bastante difundida nas redes sociais com uma conotação romântica.
Mas, na verdade, é disto que Freud está falando: é preciso fazer ligação
com objetos reais, mesmo que revestidos de fantasia, para não adoecer
psiquicamente.
O desenvolvimento do princípio da realidade é o que permite a inserção
no meio social. Por exemplo: um bebê de três meses urina na fralda
como descarga de tensão imediata. Seria impossível esperar dele algo
diferente, uma vez que não existe desenvolvimento cognitivo, perceptivo
ou psicomotor para outra ação. No entanto, de uma criança de 5 anos,
pode-se esperar que segure a descarga imediata de urina e aguarde sua
vez para ir ao banheiro (dentro de um limite aceitável, é claro), assim
como compreenda que é necessário adquirir esse comportamento.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 11/55
Por vezes, entretanto, o princípio do prazer pode imperar também no
funcionamento psíquico de um adulto. É uma forma de explicar a
drogadição, outras compulsões e até mesmo determinadas formas de
se relacionar.
O equilíbrio entre princípio do prazer e princípio da
realidade, nesse sentido, está associado à saúde
psíquica e à vida em sociedade, na qual normas
precisam ser introjetadas e o prazer muitas vezes
precisa ser adiado.
O desenvolvimento do princípio da
realidade
O prof. doutor Luciano de Souza Dias aborda o processo de saída do
ego do circuito da energia livre, no qual impera absoluto o princípio do
prazer, para que a vida aconteça, além de falar sobre o equilíbrio entre
princípio do prazer e princípio da realidade, associado à saúde psíquica.

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 12/55
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Durante a quarentena provocada pela pandemia da covid-19, muitas
mudanças e adaptações foram necessárias. Algumas famílias
ficaram em casa, com os pais trabalhando em home office e as
crianças estudando on-line. A dificuldade de concentração nas
tarefas escolares, o confinamento e a distância da escola, amigos e
familiares foram motivos que deixaram as crianças mais irritadas e,
em alguns casos, agressivas. Débora é uma mãe que se encontra
nessa situação. Está trabalhando em casa e fica o dia inteiro com
suas duas filhas, Laura e Nina, sem contar com ajuda o tempo todo.
Laura tem 7 anos e Nina é um bebê de 3 meses. Na hora de
amamentar Nina, Laura pede a atenção da mãe em uma tarefa
escolar. Quando Débora responde que não pode ajudá-la naquele
momento, a menina chora e diz que a mãe não gosta dela. Ao
mesmo tempo, Nina chora no berço.Débora segura Nina no colo
para amamentá-la e diz a Laura que vai conversar com ela mais
tarde e ajudar em toda a tarefa escolar.
Como podemos justificar a decisão da mãe em relação às duas
filhas que pediam sua atenção ao mesmo tempo? Marque a
alternativa que apresenta a resposta correta.
A
Laura pode prescindir da atenção da mãe, pois o
desejo inconsciente já não se faz tão presente na
idade dela.
B
O processo primário é mais dominante no
comportamento de Laura do que no comportamento
de Nina.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 13/55
Parabéns! A alternativa C está correta.
O princípio da realidade se desenvolve com o processo de
amadurecimento. Um bebê de 3 meses é regido pelo princípio do
prazer, que não suporta o adiamento da satisfação. Assim, a filha
mais velha, mesmo experimentando certa frustração, é capaz de
lidar com a espera pela atenção da mãe.
Questão 2
Entre as primeiras histéricas tratadas por Freud, ainda com o
método da hipnose, encontra-se o caso de Emmy von N. A seguir,
temos um trecho do tratamento descrito por Freud nos Estudos
sobre a histeria:
“Em seguida, coloquei-a em hipnose e perguntei mais uma vez: Por
que a senhora não consegue comer mais? A resposta veio
prontamente e consistiu, mais uma vez, numa série de razões
dispostas em ordem cronológica a partir de seu acervo de
lembranças: Estou pensando em como, quando eu era criança,
muitas vezes acontecia que, por malcriação, recusava-me a comer
carne ao jantar. Minha mãe era muito severa a esse respeito e, sob
a ameaça de um castigo exemplar, eu era obrigada, duas horas
depois, a comer a carne, que era deixada no mesmo prato. A essa
altura a carne já estava muito fria e a gordura, muito dura (ela
demonstrou sua repulsa) …. ainda posso ver o garfo na minha
frente… um de seus dentes era meio torto. Sempre que me sento à
mesa vejo os pratos diante de mim, com a carne e a gordura frias.”
(FREUD, S. Estudos sobre a histeria (1893-1895). Rio de Janeiro:
Imago, 1989, p. 42).
C
O princípio da realidade já se faz presente na vida de
Laura, o que faz com que ela consiga lidar com o
adiamento do prazer.
D
No caso de Laura, o princípio do prazer não se faz
mais presente.
E
O processo secundário é o funcionamento
primordial na idade de Nina.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 14/55
Dentre as opções abaixo, assinale aquela que explica corretamente
esse fragmento clínico.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O recalque, mecanismo na base do inconsciente, impede a
lembrança de uma situação traumática, a não ser pelo trabalho da
análise. Não se trata do esquecimento de uma representação que
pode vir à consciência caso algum estímulo a essa lembrança
aconteça. Esse tipo de representação esquecida diz respeito ao pré-
consciente, não ao inconsciente. Ainda, nesse contexto, não se
falava em transtorno alimentar.
A
Emmy von N. tinha dificuldades alimentares que
poderiam se transformar em um transtorno
alimentar, como a anorexia.
B
Freud tentava, por meio da hipnose, ter acesso ao
pré-consciente de Emmy von N.
C
O recalque incide sobre o fato traumático, mas esse
processo não tem relação com os sintomas.
D
Emmy von N. relata sua lembrança mais facilmente
por meio da hipnose, porque, estando no
inconsciente, a história não estava esquecida, mas
sim recalcada.
E
Mediante o recalque se forma o pré-consciente, no
qual estão representações que podem ser
acessíveis à consciência.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 15/55
2 - A importância e o funcionamento do inconsciente
Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir o conceito de inconsciente, sua importância
na teoria psicanalítica e seu modo de funcionamento.
As formações do inconsciente:
sonhos, atos falhos e chistes
As formações do inconsciente são efeitos dos processos psíquicos
inconscientes. Trata-se de uma elaboração psíquica e simbólica que
tem relação com o conteúdo recalcado.
Os sonhos
Em sua obra A interpretação de sonhos, publicada em 1899, Freud
(1989a, p. 99) escreveu que “O sonho é a estrada real que conduz ao
inconsciente”. O trabalho com os sonhos o levou a uma compreensão
profunda do psiquismo, que foi fundamental para a criação da
Psicanálise.
A essência do sonho é um desejo que fora recalcado durante a infância.
Nesse sentido, o sonho é sempre uma realização de desejo. Podemos
entender os sonhos como processos primários que produzem o modelo
da experiência de satisfação do princípio do prazer (GARCIA-ROZA,
1993).
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 16/55
Segundo Freud, sempre haverá dois conteúdos básicos intrínsecos na
interpretação do sonho: o conteúdo manifesto do sonho e os
pensamentos oníricos latentes. O material do primeiro corresponde ao
sonho lembrado, que pode ser relatado pelo sonhador. Já o material do
segundo é o que há de oculto e inconsciente no sonho, o que se
pretende atingir pela interpretação. Afirmamos, então, que há uma
distância entre o sonho sonhado (conteúdo latente) e o relato do sonho
(conteúdo manifesto).
Entre esses dois conteúdos, impera a censura, impedindo
que o conteúdo latente seja acessado pelo sujeito, exceto
pelo trabalho de interpretação analítica.
Podemos explicar a censura como uma tendência que domina a
consciência de uma pessoa, com a finalidade de inibir outra tendência
que lhe é oposta, mantendo, assim, o conteúdo inconsciente fora do
alcance da consciência. A censura atua, dessa forma, como uma força
que impede o acesso ao fato traumático.
Quando adormecemos,
desligamo-nos dos
estímulos externos, que
permanecem
parcialmente afastados,
Ao acordarmos e
lembrarmos do sonho,
entretanto, a censura se
faz presente entre o que

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 17/55
ocorrendo um
relaxamento da
censura.
foi sonhado e o que
pode ser lembrado.
Nisso consiste o trabalho do sonho ou elaboração onírica.
Ainda assim, apesar do trabalho da censura, Freud afirma que os sonhos
são sempre realização de desejo, especificamente de desejos que estão
na contramão das imposições sociais, como os costumes, a educação,
a religião, os tabus e as normas. Aquilo que lembramos do sonho passa
pelo trabalho da censura, assim, essa realização de desejo pode não ser
percebida por aquele que sonha.
Quando falamos do pesadelo, essa relação entre o que pode ser
percebido e o que se sonha fica mais evidente. O que ocorre nos
pesadelos é uma falha no processo de trabalho do sono. Um conteúdo
inconsciente não teria sido suficientemente deformado ao ponto de
poder habitar a consciência. Segundo Absáber (2005):
Sendo assim, o pesadelo tomaria
vantagem da diminuição da censura
para fazer existir na consciência um
conteúdo recalcado, o qual no
estado de vigília não estaria
‘autorizado’ a estar lá.
(ABSÁBER, 2005, p. 46)
Ou seja, a realização de desejo relacionada ao sonho não diz respeito a
uma sensação percebida pela consciência, mas ao próprio mecanismo
do conflito psíquico, que se atualiza no embate entre desejo e censura.
Atenção!
É importante ressaltar que, para Freud, esses desejos inconscientes se
ligam a restos diurnos. São fatos, afetos, acontecimentos
experimentados durante o dia ou no dia anterior. O desejo inconsciente
atravessa a barreira da censura no momento do sonho e se articula a
esses elementos, que no sonho ganham um sentido diferente daquele
vivenciado quando estamos acordados. Por isso, muitas vezes, os
sonhos são absurdos, não “fazem sentido” para nossa consciência:
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 18/55
diversos elementos se fundem e o sonho não obedece à lógica da
consciência.Para chegar à narrativa do sonho, faz-se necessário o trabalho da
elaboração onírica, por intermédio dos quatro mecanismos
fundamentais do trabalho do sonho: condensação, deslocamento,
figuração e elaboração secundária, sendo esta última um segundo
momento da elaboração onírica, na tentativa de conferir inteligibilidade
ao sonho.
Os elementos que lembramos dos sonhos são resumidos se os
compararmos aos elementos oníricos dos quais eles se
originaram. Vários elementos vivenciados se combinam em uma
só ideia. O conteúdo manifesto é menor do que o conteúdo
latente; o contrário nunca acontece. Assim, pode ocorrer o
ocultamento de alguns acontecimentos do sonho latente,
passando apenas alguns fragmentos para o sonho manifesto. A
combinação de vários elementos em um só passa por uma
espécie de filtro, sob o comando da censura.
Um exemplo de condensação é quando sonhamos com uma
pessoa que conhecemos, mas no sonho ela é outra pessoa, tem
a imagem de outra pessoa, conhecida ou não. No sonho
sonhado, esses dois elementos estiveram presentes, mas, com o
trabalho da condensação, lembramos da fusão entre os dois, a
princípio ininteligível.
Consiste na inversão da intensidade psíquica de alguns
elementos do sonho. O aspecto mais significativo do sonho
ganha menos importância, enquanto os elementos secundários
podem aparecer com riqueza de detalhes. A intensidade é
deslocada para elementos que não carregam significados mais
profundos.
Ao narrar o sonho, muitas vezes, nos damos conta da presença
de determinada pessoa, por exemplo, que apareceu no sonho
sem que tivesse muita importância, muitas vezes não vemos
nenhum sentido em sua presença. Podemos dizer que essa
lembrança sem intensidade carrega, no sonho, um significado
importante no que diz respeito ao desejo inconsciente. Mais uma
Condensação 
Deslocamento 
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 19/55
vez, é compreensível a ação desse mecanismo quando
lembramos do funcionamento da censura sobre o sonho.
Consiste na seleção e transformação dos pensamentos dos
sonhos em imagens. A figuração, por si só, é um mecanismo
responsável pela distorção resultante da elaboração onírica.
Ocorre a modificação do sonho, de forma que ele pareça uma
história coerente e compreensível. Esse mecanismo faz com que
o sonho perca parte de sua aparência de absurdidade. Acontece
na narrativa do conteúdo manifesto.
Conteúdos básicos intrínsecos na
interpretação do sonho
O prof. doutor Luciano de Souza Dias esclarece, neste vídeo, que os
sonhos são processos primários que produzem o modelo da experiência
de satisfação do princípio do prazer; abordando o conteúdo latente e o
conteúdo manifesto do sonho e o papel da censura.
O ato falho
Quando Freud substitui a técnica da hipnose pela associação livre, a fala
do paciente toma um valor ainda mais imprescindível na clínica. A partir
daí, Freud percebe que o inconsciente insiste e surge também na fala,
emergindo no consciente pelo equívoco.
Figuração 
Elaboração secundária 

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 20/55
A narrativa é importante do ponto de vista do que é
contado, mas também nos momentos em que falha.
Em suas Conferências introdutórias XXI (1916-1917), Freud aborda o ato
falho. O lapso verbal, em especial, será considerado por Freud como o
mais apropriado para investigação, pois:
[...] ao enunciar algo distinto do que
intencionava, o que cada sujeito
encontra é perplexidade ou irritação.
Por vezes, esse fenômeno sequer é
reconhecido pelo falante, sendo
revelado pela reação do interlocutor.
A perplexidade ou irritação, como
breve resposta afetiva, leva o sujeito
a se questionar sobre o que esse
fenômeno específico quer dizer.
(AYRES, 2017, p. 28)
Entende-se, portanto, que falar uma palavra no lugar daquela que seria
intencional conscientemente permite uma forma de acesso aos
conteúdos que são repelidos pela consciência. Para Freud, o ato falho
evidencia que há mais de uma intenção em jogo. “A interferência ou
confronto de duas intenções diferentes permite que uma dada
expressão ou frase seja enunciada, a despeito da intenção consciente
do falante” (AYRES, 2017, p. 28).
Em outras palavras, o confronto entre intenções evidencia a existência
de dois sistemas psíquicos (consciente e inconsciente) e o conflito
entre eles, o que está na base de toda a teoria freudiana.
Podemos citar como exemplo de ato falho chamar uma pessoa pelo
nome de outra ou trocar palavras de sentidos diferentes: “hoje o dia está
muito quente”, quando a intenção consciente era dizer “hoje o dia está
muito frio”. A palavra quente, que emerge na narrativa, abre sentido para
outro conteúdo, que seria inconsciente.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 21/55
Dessa forma, Freud afirma esse fenômeno — do ato falho — como uma
formação do inconsciente. Tal como o sintoma, há no ato falho uma
formação de compromisso entre a intenção consciente da pessoa e o
conteúdo recalcado.
Os chistes
Em 1905, Freud escreve O chiste e a sua relação com o inconsciente.
Nesse texto, Freud analisa elementos, características e motivações por
trás das piadas cotidianas das quais a maioria de nós acha graça. Ele
tenta compreender qual seria o real motivo delas serem contadas.
As piadas, principalmente as tendenciosas, serviriam como uma forma
de liberar pensamentos inibidos.
O chiste também carrega o duplo sentido, ou seja, a graça está no que
não é dito, mas é compreendido. Não se explica uma piada, o riso é
provocado pela compreensão do não dito. O conteúdo é, muitas vezes,
de cunho sexual, agressivo ou crítico. Nesse sentido, Freud considera
que conteúdos inconscientes, muitas vezes hostis e reprimidos
socialmente, podem ser externalizados pelo humor.
O chiste também é visto na Psicanálise como uma forma de laço social,
é uma narrativa feita ao outro. A piada provoca o riso do grupo para o
qual é contada, gerando uma satisfação em quem conta. Outro tipo
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 22/55
comum de piada é aquele direcionado a uma figura de poder, um credo,
um povo etc.
Atenção!
Aquilo que não se pode falar abertamente devido às restrições da
cultura, é revelado pelo humor, configurando uma suspensão temporária
da censura. Isto é, por meio do chiste, do humor, também é possível
observar a expressão do inconsciente, não de forma explícita, já que o
recalque incide sobre esse conteúdo, mas de forma simbólica.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em sua obra A interpretação de sonhos, publicada em 1899, Freud
escreveu que “O sonho é a estrada real que conduz ao
inconsciente”. Essa afirmativa continua atual na Psicanálise, sendo
o sonho uma formação do inconsciente que desperta o interesse do
psicanalista no decorrer de uma análise. Assinale a alternativa que
apresenta o porquê de isso acontecer.
A
O sonho latente é mais extenso do que o conteúdo
manifesto.
B
O sonho é sempre uma realização de desejo e,
nesse sentido, uma via privilegiada para o
inconsciente.
C
O sonhador consegue contar na análise tudo o que
sonhou durante a noite, revelando seus desejos e
medos.
D
O trabalho do analista consiste na interpretação dos
sonhos.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 23/55
Parabéns! A alternativa B está correta.
O sonho é sempre uma realização de desejo e, por essa razão,
torna-se um acesso privilegiado aos conteúdos recalcados. O
desejo realizado não é acessível à consciência devido à censura,
mas o conteúdo manifesto do sonho se presta à interpretação do
analista.
Questão 2
Sonhos, atos-falhos e chistes são formações do inconsciente. Isso
significa que, apesarda força do recalque, o inconsciente consegue
se expressar e produzir efeito na vida consciente. Entretanto, para
conseguir se expressar, é necessário que o conteúdo passe por
mecanismos que driblem a censura. Entre esses três tipos de
formação do inconsciente, os sonhos têm atenção privilegiada
como via para o inconsciente. Sobre os mecanismos do sonho,
assinale a alternativa correta.
E
A elaboração secundária permite total acesso ao
sonho sonhado.
A
O recalque permite que o conteúdo oculto e
inconsciente no sonho seja lembrado pelo
sonhador.
B O sonho obedece ao tempo lógico, da consciência.
C
A elaboração secundária faz com que o sonho
pareça mais coerente.
D
O conteúdo latente é o sonho relatado ou, podemos
dizer, o sonho lembrado.
E
No sonho, muitas vezes, a imagem de uma só
pessoa representa mais de uma pessoa. Isso é
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 24/55
Parabéns! A alternativa C está correta.
A elaboração secundária é o mecanismo que confere
inteligibilidade ao sonho. O mecanismo responsável pela fusão de
vários elementos em um só é a condensação. Os outros
mecanismos mencionados nas demais alternativas não
correspondem ao sonho.
3 - A segunda tópica freudiana e suas relações
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a segunda tópica freudiana e a relação
entre id, ego e superego.
A segunda tópica freudiana: id, ego e
superego
Em O ego e o id, texto de 1923, Freud apresenta sua segunda tópica,
uma outra forma de compreender o aparelho psíquico, considerada
estrutural. A divisão do aparelho psíquico em consciente, pré-consciente
e inconsciente começou a se mostrar insuficiente à medida que Freud
foi avançando em suas observações e teorias.
O ego, até então, estava totalmente situado no consciente e no pré-
consciente, enquanto no inconsciente estariam as representações
possível por meio do processo de elaboração
secundária.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 25/55
mentais que o ego teria recalcado. Freud considerava que o conflito
psíquico seria travado entre o ego e o inconsciente. Um ego consciente
que protegeria o sujeito de pensamentos e ideias inconciliáveis com o
sistema de crenças e valores versus um conjunto de representações
recalcadas.
Id, ego e superego.
A experiência clínica levou Freud a perceber, entretanto, que uma parte
considerável do ego também era inconsciente. Durante uma análise, a
dificuldade de lembrar ou falar de um assunto indica sua relação com
representações recalcadas, que são inconscientes. Freud observou que
haveria uma resistência do ego impedindo o acesso às representações
mentais recalcadas. Mas essa resistência também seria inconsciente, o
paciente não tinha consciência de sua ação.
Ora, se a resistência era uma função do ego e também
era inconsciente, o ego não poderia ser totalmente
consciente.
Essa mudança do olhar de Freud reorganiza a concepção de ego e a
torna mais complexa, englobando também uma parte inconsciente. O
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 26/55
aparelho psíquico toma uma nova conformação teórica e passa a ser
dividido em novas três instâncias:

Ego

Id

Superego
O id
O id é considerado o polo pulsional da personalidade, cujos conteúdos
são inconscientes. Do ponto de vista econômico, é o reservatório da
libido (energia psíquica de ordem sexual) e, do ponto de vista dinâmico,
entra em conflito com o superego, que tem a função do juízo moral.
Atenção!
O id não é sinônimo de inconsciente — o inconsciente se torna mais
amplo na segunda tópica —, mas seu funcionamento e conteúdo são de
ordem inconsciente.
Segundo Freud, o id seria nossa parte mais instintiva, que sustenta
desejos, ímpetos e vontades, sem conhecer freios morais. O id funciona
de acordo com o princípio do prazer e faz uma exigência constante de
satisfação. O id é organizado segundo a lógica inconsciente, na qual
não existe tempo cronológico, noção de espaço ou de certo e errado.
Podemos dizer que o bebê, em seus primeiros momentos de vida, é puro
id. À proporção que o ego se desenvolve, permite que a satisfação seja
alcançada com auxílio do princípio da realidade, mediante investimentos
em objetos reais. É na relação entre id e ego que o sujeito consegue
construir sua relação com o mundo, tornando-se um ser social.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 27/55
O ego
O ego da segunda tópica ganha uma versão ampliada, o que torna o
conceito mais complexo. Veja a seguir:
Primeira tópica
Nela, como já vimos, Freud sinaliza um laço muito estreito entre o ego e
o consciente/pré-consciente.
Segunda tópica
O ego continua sendo o polo da consciência em que podemos verificar a
ação do princípio da realidade, tendo uma função adaptativa.
O ego é uma parte diferenciada do id, a partir de seu contato com a
realidade externa.
A construção da segunda tópica leva em conta uma relação entre as
instâncias, e essa relação vai caracterizar o funcionamento psíquico. O
ego mantém uma relação com as reivindicações do id, com os
imperativos do superego e com as exigências da realidade, situando-se
como um mediador. Sua autonomia, entretanto, é relativa. Segundo
Laplanche e Pontalis (2001):
Do ponto de vista dinâmico, o ego
representa eminentemente, no
conflito neurótico, o polo defensivo
da personalidade; põe em jogo uma
série de mecanismos de defesa,
estes motivados pela percepção de
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 28/55
um afeto desagradável — sinal de
angústia.
(LAPLANCHE; PONTALIS, 2001, p. 124)
É importante ressaltar que o ego não tem função de bloquear o desejo.
Em vez disso, o que está em questão é garantir que as necessidades do
id sejam satisfeitas, mas de formas que sejam seguras, eficazes e
adequadas. Do ponto de vista econômico, o ego impede
temporariamente a descarga de energia do id até a hora e lugar
adequado. Esse embate entre princípio do prazer e princípio da
realidade é constante e importante para lidar com situações da vida.
Exemplo
Pedro e João são dois colegas adolescentes que descem para o pátio
comum do condomínio onde moram. Pedro está comendo um
hamburguer, João pede um pedaço e Pedro diz não. A ação do princípio
da realidade fará com que João aguarde até poder comprar seu próprio
hamburguer para, então, saciar esse desejo. Esse comportamento,
diferente de arrancar sanduíche da mão do colega, propicia a vida em
sociedade.
Freud compara o id e o ego com um cavalo e seu cavaleiro (FREUD,
1989e):
O cavalo representa o id: governado pelo princípio do prazer, ele
busca apenas satisfazer as suas necessidades, mas também
fornece a energia necessária para impulsionar os dois para a
frente.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 29/55
O cavaleiro representa o ego: guiado pelo princípio de
realidade, ele aproveita a energia do id e cria maneiras para
guiá-lo na direção mais adequada.
Embora seja conciliador e se adapte à realidade, o ego também
funciona, em parte, pela lógica do inconsciente. Diante do fato
traumático, o ego lança mão de mecanismos de defesa que são
disparados sem que a consciência tenha acesso a isso.
Os mecanismos de defesa do ego
Os mecanismos de defesa visam proteger a pessoa de traumas ou
situações desagradáveis que causam dor. É um movimento automático,
que, apesar de proteger, apresenta soluções que também podem causar
dor e desconhecimento sobre si mesmo. Vamos abordar os principais
mecanismos e suas funções:
O recalque é um conceito fundamental na construção da
Psicanálise, indissociável do conceito de inconsciente. Consiste
em tirar da consciência a representação dolorosa, desagradável
ouinconciliável com o sistema de crenças. O recalque “decide”
que a pessoa “não quer saber” sobre tal representação e a torna
inconsciente. O material recalcado, que compõe o inconsciente,
retorna nos sintomas, o que demonstra que seu caráter de
defesa não é totalmente bem-sucedido.
Recalque 
Projeção 
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 30/55
A projeção é um tipo de defesa que atribui ao outro
características, sentimentos e desejos que o sujeito se recusa a
reconhecer em si mesmo. É um movimento que lança para fora
aquilo que o sujeito não quer em si ou que causa incômodo.
Verifica-se com certa frequência nas relações interpessoais.
Por exemplo: uma mulher encontra-se insatisfeita no casamento
e nutre desejos inconscientes por outros homens,
eventualmente. Ela passa a ser extremamente ciumenta e
receosa de que o marido a esteja traindo. Por não saber lidar
com o próprio desejo, ela o lança para fora, projetando em seu
marido o interesse por outras mulheres.
Outro exemplo em que podemos observar a projeção é na
aplicação de testes projetivos, muito utilizados para
psicodiagnóstico na Psicologia clínica. São testes que oferecem
estímulos que não trazem em si um conteúdo fechado. Essa
atividade pressupõe que o sujeito vai projetar conteúdos internos
naqueles estímulos, frequentemente apresentados em pranchas.
Um exemplo é o teste de Rorschach, que se baseia, entre outros
pressupostos, em concepções psicanalíticas.
Teste de Rorschach.
Formação reativa 
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 31/55
É um mecanismo caracterizado pela transformação de um
pensamento ou sentimento no seu oposto, em que o sujeito
adere à ideia contrária àquela que foi recalcada, muitas vezes de
forma excessiva. As formações reativas costumam ser
investidas com intensidade, mantendo vivos os desejos originais
no inconsciente.
Como exemplo, podemos citar alguém com desejos
homossexuais que não consegue aceitá-los. Essa pessoa pode
desenvolver um comportamento homofóbico, intolerante a
qualquer menção feita à homossexualidade.
O mecanismo de racionalização indica a atribuição de
motivações mais aceitáveis e intelectuais do que as verdadeiras,
das quais o ego se defende. O conteúdo desconfortável para o
ego é transformado em uma justificativa de ordem racional ou
ideal, no campo do pensamento. Trata-se de uma defesa que se
apoia num raciocínio lógico, explicando sentimentos e emoções
e, assim, disfarçando os conflitos internos.
É um mecanismo que induz o retorno a uma fase anterior do
desenvolvimento, em que as satisfações eram mais imediatas e
o princípio do prazer tinha mais espaço.
Um menino tem 6 anos quando nasce a irmãzinha. Esse fato o
faz retornar, por exemplo, à fase oral. Ele passa a chupar dedo,
pede mamadeira e chupeta. O que está em jogo nesse exemplo?
A criança experimenta uma sensação de insegurança que gera
desprazer de forma excessiva, além do que ela consegue
elaborar. O ego se defende com a regressão a um estado em que
a própria criança era um bebê e tinha a atenção da mãe de forma
mais intensa, tal como hoje a irmã recebe.
Percebemos que, mesmo em sua parte inconsciente, o ego tem a
função de preservar o “eu”, afastando representações dolorosas.
Defesa, adaptação e controle de impulsos são as principais funções
Racionalização 
Regressão 
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 32/55
dessa instância. A capacidade de controlar impulsos e adiar a
satisfação são características de uma personalidade madura. Pelo
processo de educação, as normas culturais são introjetadas e as
crianças vão aprendendo como controlar seus impulsos e se comportar
de formas que sejam socialmente adequadas.
Os mecanismos de defesa do ego
O prof. doutor Luciano de Souza Dias aborda a importância dos
mecanismos de defesa do ego. Assista!
O superego
O superego é um elemento estrutural do aparelho psíquico, responsável
pela imposição de normas, padrões e sanções. É uma instância que
incorpora uma lei e proíbe sua transgressão, tendo como função fazer
juízo moral. O superego é a última das três instâncias a se desenvolver
e, de acordo com Freud, é o herdeiro do complexo de Édipo. Isso indica
o papel central da vivência edipiana na organização do psiquismo.
O complexo de Édipo
Freud atribui ao complexo de Édipo funções fundamentais na
construção subjetiva. O complexo de Édipo é apresentado sob a forma
de uma história que consiste, de maneira simplificada, no fato de a
criança do sexo masculino experimentar, por ocasião da fase fálica,
desejos sexuais com relação à mãe, sendo o pai percebido como um
rival. Isso transcorre até que a criança seja obrigada a renunciar a suas
expectativas amorosas, em decorrência do medo da castração.

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 33/55
Para compreender melhor, é importante ressaltar o que significa a
castração nesse cenário.
A experiência edipiana é transpassada pela descoberta da diferença
anatômica entre os sexos e suas consequências no psiquismo infantil.
Em A organização genital infantil (1923), Freud inclui a fase fálica entre
as fases psicossexuais do desenvolvimento, descrevendo a fase em que
os órgãos genitais constituem a zona erógena para a criança.
Entretanto, quando as crianças se deparam com a diferença anatômica,
o único genital que é registrado psiquicamente é o masculino. Dentro da
lógica infantil, não são os dois genitais, o do menino e o da menina, que
são levados em consideração, mas apenas o órgão masculino.
Atenção!
É fundamental observar que, nesse contexto, Freud se refere ao órgão
genital masculino pelo termo falo. Ao escolher um termo diferente de
pênis, que seria a nomenclatura vigente, Freud sublinha o caráter
simbólico dessa operação. Não se trata exatamente do genital, mas do
que ele simboliza, seja em sua presença, seja em sua ausência.
As crianças percebem a diferença sexual como:
Ausência do falo
(no caso da menina)
Presença do falo
(no caso do menino)
Para a criança que se encontra na fase fálica, aquilo que é presente,
maior e explícito representa mais prazer. As crianças criam fantasias

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 34/55
chamadas de “teorias sexuais infantis” antes de aceitar, de fato, essa
diferença. Por exemplo: o “falo” da menina é pequeno e ainda pode
crescer ou ela o perdeu por causa de alguma ação que resultou em
punição.
Resumindo
Sendo assim, o falo funciona como símbolo do narcisismo, e a fantasia
de castração significa uma ameaça à onipotência infantil. O falo, em sua
presença, confere importância e valor e, em sua ausência, leva ao
sentimento de inferioridade. Inaugura-se a divisão entre fálico e
castrado, estando tal divisão definida em termos de ausência ou
presença desse símbolo valorizado que é o falo.
Tendo compreendido o significado da castração dentro do universo
infantil, voltemos ao complexo de Édipo:
 O menino direciona, então, suas fantasias sexuais e
amorosas para a mãe, enquanto o pai se transforma
num rival. Ao mesmo tempo, tem o órgão genital
como zona erógena privilegiada (fase fálica) e,
naturalmente, explora essa área de prazer, tocando
frequentemente em seu genital.
 Essa ação é alvo de recriminação e, segundo Freud,
o menino associa as repreensões com a imagem da
castração feminina. Assim, podemos compreender o
abandono da vivência edipiana por medo da
castração.
 A mãe é abandonada como objeto de desejo e esse
investimento amoroso dá lugar à identi�cação com
a �gura paterna. O menino se identi�ca com os
traços de masculinidade do pai e fará, no futuro,
uma escolha amorosa tal como o pai fez ao casar-se
com a mãe.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html#35/55
Toda essa história tem um significado maior do que amor e
identificação com as figuras parentais. O que está em jogo na teoria do
complexo de Édipo é a introjeção da lei que organiza a cultura. Ao
renunciar ao forte impulso edipiano, a criança aceita que não pode ter
tudo o que quer e nem ser tudo para alguém, nem mesmo para a mãe.
No complexo de Édipo, o menino quer ser o objeto exclusivo do amor
materno; ele deseja a atenção, os cuidados e o reconhecimento da mãe
só para ele. Ao aceitar que isso não é possível, ele aceita que a mãe tem
outros interesses além dele e renuncia a uma parcela de seu narcisismo.
O pai aqui funciona como um terceiro elemento fundamental para cortar
a relação dual entre mãe e filho. Nesse sentido, o menino não pode
satisfazer esse desejo, mas entra na ordem simbólica da cultura, em
que poderá ter outros investimentos amorosos.
Trata-se, então, da introjeção da lei paterna, a lei que organiza a
capacidade de renunciar a outros desejos em nome da inserção na
sociedade.
Saiba mais
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 36/55
É importante ressaltar que o complexo de Édipo é uma teoria muito
mais extensa do que aqui apresentada. Os sentimentos infantis são
ambivalentes, o menino tem o pai como rival, mas também o ama.
Destaca-se ainda que o desfecho do Édipo não acarretará,
necessariamente, uma orientação heterossexual e, além disso, essa
experiência se dá de forma diferente para a menina. Ela entra no Édipo
ao se perceber castrada, ao contrário do menino que sai do Édipo por
medo da castração.
Como herdeiro do complexo de Édipo, o superego começa a se
constituir a partir do momento em que a criança renuncia ao pai/mãe
como objeto de desejo. É a introjeção da lei, que forma a instância
responsável pelo julgamento a partir das normas sociais. A instância
que carrega a noção de certo e errado exerce autoridade moral sobre as
ações e o pensamento, e de onde surgem a vergonha, a repulsa e a
moralidade. Na relação entre o ego e o superego, este representa as
exigências da cultura, enquanto o id faz pressão para a satisfação
pulsional.
E assim funciona o aparelho psíquico na segunda
tópica, como um esquema que busca um constante
equilíbrio, a fim de permitir a vida dentro das
possibilidades consideradas adequadas e adaptadas à
realidade externa.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Na segunda tópica freudiana, o superego é responsável pela
censura e pelo juízo moral. Última instância psíquica a se
desenvolver, Freud afirma que o superego é o herdeiro do complexo
de Édipo. Isso implica compreender a importância da vivência
edipiana como constitutiva do psiquismo, correlacionando essa
experiência com a formação do superego. Assinale a afirmativa que
explica corretamente a relação entre complexo de Édipo e
superego.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 37/55
Parabéns! A alternativa B está correta.
O superego é herdeiro do complexo de Édipo devido à interdição do
desejo incestuoso, que organiza o psiquismo para que o sujeito seja
inserido na cultura. O superego é a instância responsável pelo juízo
moral advindo da experiência edipiana.
Questão 2
No texto O ego e o id, Freud utiliza a metáfora do cavalo e do
cavaleiro para se referir à relação entre o id e o ego: “O cavalo provê
a energia de locomoção, enquanto o cavaleiro tem o privilégio de
decidir o objetivo e guiar o movimento do poderoso animal” (FREUD,
S. O ego e o id (1923). Rio de Janeiro: Imago, 1989, p. 121).
Marque a alternativa que traduz adequadamente essa metáfora.
A
O complexo de Édipo está relacionado com a
descoberta da diferença anatômica entre os sexos e
isso faz com que o superego seja rígido em coibir o
desejo sexual.
B
O complexo de Édipo traduz um desejo de subverter
a ordem, ocupando o lugar do pai junto à mãe.
Quando a criança renuncia a esse desejo, há a
introjeção da lei paterna, que está associada à
capacidade de inserção na ordem social.
C
Na saída do complexo de Édipo, a criança tem o ego
enfraquecido, o que permite a formação do
superego.
D
O superego é herdeiro do complexo de Édipo porque
engloba um ideal de amor para o futuro.
E
O superego é responsável por todo o sentimento de
medo do ser humano e isso se dá por causa do
medo da castração, que faz o menino abandonar a
mãe como objeto de amor.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 38/55
Parabéns! A alternativa E está correta.
A metáfora usada por Freud diz respeito à relação entre o id e o ego,
em que o ego propicia a satisfação exigida pelo id por meio do
processo secundário e do princípio da realidade. O ego não suprime
os impulsos do id, mas os torna possíveis.
A
O id tem a força do desejo inconsciente, com a qual
o ego não consegue lidar. O movimento psíquico é
definido pelo id.
B
O aparelho psíquico indica a necessidade de
adaptação à realidade, portanto, o ego domina
completamente o id.
C
Os mecanismos de defesa do ego são voltados para
o id, com o objetivo de amansar a sua força.
D
O ego e o id, na verdade, têm a mesma função, mas
como o ego tem contato com a realidade externa,
Freud associa o ego ao cavaleiro.
E
O id é o reservatório da pulsão e exerce sobre o ego
a exigência de satisfação, cabendo ao ego garantir
essa satisfação por meios aceitáveis e possíveis.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 39/55
4 - A compreensão do funcionamento psíquico
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a contribuição do texto O mal-estar na
civilização para a compreensão do funcionamento psíquico.
O mal-estar na civilização
O texto O mal-estar na civilização foi publicado em 1930 e o seu
conteúdo é considerado bastante atual para refletir sobre a relação entre
o homem e a sociedade.
Freud observa que a civilização é composta por um conjunto de regras e
regulamentos que exercem controle sobre a natureza e os
relacionamentos humanos. Freud analisa as consequências da inserção
na sociedade, descrevendo uma divisão entre natureza e cultura; tal
inserção seria o que diferenciaria o homem de outros animais da
natureza.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 40/55
O mal-estar provém do embate entre as normas da civilização e as
exigências do id, do princípio do prazer. Nessa obra de Freud, podemos
pensar o aparelho psíquico de forma prática, a partir da condição do
homem civilizado.
O sentimento oceânico
Freud inicia o texto comentando a troca de correspondência com um
amigo, sobre religião. O amigo em questão era Romain Rolland,
professor de História da Arte. Rolland comenta o texto de Freud O futuro
de uma ilusão (1927), em que o autor trata a religião como ilusão.
Rolland discorda sobre a fonte propulsora da religião. Para ele, as igrejas
e sistemas de religião se apoderam de um sentimento que caracteriza a
religiosidade: um sentimento de “eternidade”, de algo ilimitado, sem
barreiras, que denominou “oceânico”. Seria um fato puramente subjetivo,
não um artigo de fé e não traria qualquer garantia de sobrevida pessoal.
O sentimento oceânico seria a base da religiosidade.
Freud passa a refletir, então, sobre o que Rolland chamou de sentimento
oceânico. Para Freud, esse sentimento não indicaria a religiosidade,
embora possa ter sido vinculado posteriormente à religião. Se há um
sentimento oceânico, ele estaria relacionado ao início da vida, antes da
indiferenciação entre o eu e o outro, quando havia o predomínio do
princípio do prazer:
O bebê lactante ainda não separa
seu Eu de um mundo exterior, como
fonte das sensações que lhe
sobrevêm. Aprende a fazê-lo aos
poucos, em resposta a estímulos
diversos. Deve impressioná-lo muitoque várias das fontes de excitação,
em que depois reconhecerá órgãos
de seu corpo, possam enviar-lhe
sensações a qualquer momento,
enquanto outras — entre elas a mais
desejada, o peito materno — furtam-
se temporariamente a ele, e são
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 41/55
trazidas apenas por um grito
requisitando ajuda. É assim que ao
Eu se contrapõe inicialmente um
“objeto”, como algo que se acha
“fora” e somente através de uma
ação particular é obrigado a
aparecer.
(FREUD, 1989h, p. 35)
No processo de diferenciação entre a criança e o mundo externo, surge
a tendência de afastar o eu de tudo o que pode se tornar fonte de
desprazer, a jogar isso para fora, formando um primitivo “Eu-de-prazer”.
Essa ordenação de fronteiras, no entanto, pode escapar à experiência da
realidade. Esse momento, que pode ser considerado mítico, em que o
bebê e o seio eram um só e o princípio do prazer imperava, é uma marca
indelével de satisfação. Essa unidade narcísica não deixa de impulsionar
o sujeito em sua direção como um movimento desejante, mesmo que
seja inalcançável. É a partir desse movimento desejante nostálgico que
Freud poderia compreender a existência de um sentimento oceânico.
Desse modo, o papel do sentimento oceânico indicaria o desejo de
restabelecer o narcisismo ilimitado, enquanto a religião remontaria mais
ao desamparo infantil, que encontraria conforto numa figura paterna
protetora e divina. O mais importante nessa reflexão de Freud são os
questionamentos que daí se depreendem.
O que revela a própria conduta dos homens acerca da finalidade e
intenção de sua vida, o que pedem eles da vida e desejam nela
alcançar? É difícil não acertar a resposta: eles buscam a felicidade,
querem se tornar e permanecer felizes. (FREUD, 1989h, p. 38)
Ao abordar a felicidade como finalidade humana, Freud vai discorrer
sobre as fontes de sofrimento e as estratégias utilizadas para combatê-
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 42/55
las.
Civilização: renúncia e sofrimento
Vimos que, para Freud, a busca da felicidade é o que dá sentido à vida,
entretanto, pela própria condição humana na civilização, sabemos que a
felicidade só pode ser experimentada de forma descontínua e episódica.
O sofrimento, por sua vez, é muito mais fácil de ser vivido e advém de
três fontes:

A fragilidade de nossos corpos

O meio externo

O relacionamento entre os homens
Nosso próprio corpo, observa Freud, é fadado ao declínio e à dissolução.
O corpo humano adoece, envelhece, sendo fonte de dor e medo até
como sinais de advertência. O mundo externo é aqui compreendido
como a força superior da natureza, que pode se abater sobre nós de
forma inevitável e destruidora. Não temos controle sobre acidentes e
catástrofes naturais. A relação com outros seres humanos, para Freud, é
a maior fonte dos nossos sofrimentos, de forma mais dolorosa do que
qualquer outra:
Sob a pressão destas possibilidades
de sofrimento, os indivíduos
costumam moderar suas
pretensões à felicidade — assim
como também o princípio do prazer
se converteu no mais modesto
princípio da realidade, sob a
influência do mundo externo —, se
alguém se dá por feliz ao escapar à
desgraça e sobreviver ao tormento,
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 43/55
se em geral a tarefa de evitar o
sofrer impele para segundo plano a
de conquistar o prazer.
(FREUD, 1989h, p. 41)
A civilização é descrita por Freud como a soma das realizações e
regulamentos que nos distinguem de nossos antepassados animais e
que servem a dois intuitos: “o de proteger os homens contra a natureza
e o de ajustar seus relacionamentos mútuos” (FREUD, 1989h, p. 42).
Essas funções são cumpridas, porém, de modo precário, já que a
civilização não é capaz de proteger o homem dos perigos e sofrimentos
que a natureza e seu corpo lhe impingem; muito menos é eficaz na
tarefa de regular os relacionamentos para serem sempre fruto de
satisfação. No entanto, conforme Freud descreveu em Totem e tabu, não
fosse essa tentativa, mesmo que falha, de regulamentação, os
relacionamentos ficariam a cargo da vontade arbitrária do indivíduo,
situação em que o homem fisicamente mais forte decidiria o destino
dos demais, de acordo com seus próprios impulsos pulsionais e
interesses.
A civilização impede a satisfação irrestrita de todas as necessidades,
mas permite um quantum de satisfação para todos. Além disso, são
inequívocos os ganhos e a contribuição advindos da civilização.
Exemplo
Freud cita as estradas de ferro, o telefone, a Ciência, certa proteção do
homem diante das forças da natureza como produtos da cultura que
facilitam e prolongam a vida humana. Ainda assim, no texto, Freud
ressalta o mal-estar gerado pela civilização.
O princípio do prazer domina o desempenho do aparelho psíquico e é
contornado justamente pela inserção social. Sobre o princípio do prazer,
Freud afirma: “seu programa está em desacordo com o mundo inteiro,
tanto o macrocosmo como o microcosmo. É absolutamente inexequível,
todo o arranjo do Universo o contraria” (FREUD, 1989h, p. 45). A
necessidade de adaptação custa ao ser humano uma boa parte de sua
natureza. É necessário abdicar da intensidade originária dos impulsos
sexuais e agressivos.
O homem, apesar de seus ideais narcísicos, é constantemente obrigado
a encarar sua natureza incompleta: a incerteza dos relacionamentos e a
finitude, por exemplo, são fatos que se impõem à existência. Freud
explica a neurose como fruto dessa relação do homem com a
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 44/55
civilização. O recalque é consequência de uma série de normas sociais
que entram em choque com o desejo.
Papel da civilização no nosso
psiquismo
O prof. doutor Luciano de Souza Dias fala sobre as três fontes de
sofrimento e como o homem, apesar de seus ideais narcísicos, é
constantemente obrigado a encarar sua natureza incompleta. Assista!
A busca da felicidade
Segundo Freud, “a vida, tal como nos coube, é muito difícil para nós, traz
demasiadas dores, decepções, tarefas insolúveis. Para suportá-la, não
podemos dispensar paliativos” (FREUD, 1989h, p. 37). Freud indica,
então, uma série de técnicas que os homens utilizam para evitar o
sofrimento e obter prazer, isto é, ser feliz da forma que é possível.
Atenção!
É importante ressaltar que, nesse contexto, Freud usa o termo felicidade
associado ao princípio do prazer, que tem como objetivo evitar o
desprazer e alcançar o prazer.

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 45/55
Uma das saídas seria se isolar voluntariamente, como o eremita, com o
objetivo de evitar os sofrimentos provenientes das relações humanas e
evitar as adversidades do mundo externo. Freud assinala que essa
opção pode alcançar a felicidade pela via da quietude, mas, ao dar as
costas para o mundo externo, o indivíduo pode substitui-lo por um
mundo criado conforme seus próprios desejos e tal afastamento da
realidade externa pode dar lugar à experiência da loucura. Em geral,
essa alternativa não é eficaz para encontrar a felicidade.
Outra forma que o homem usaria para lidar melhor com os infortúnios
da realidade seria o uso de substâncias que produzem sensações
imediatas de prazer, como o álcool e as drogas. A ingestão dessas
substâncias muda as condições de nossa sensibilidade e torna difícil
absorvermos impulsos desprazerosos. Trata-se, entretanto, de
sensações passageiras, que dependem totalmente do acesso a
entorpecentes.
A sublimação é outra técnica para evitar o desprazer, que ocorre quando
se consegue desviar a meta da pulsão. A satisfação por essa via não se
dá no campo da sexualidade, do princípio do prazer. A satisfação viria
através da criação, daatividade intelectual, da arte.
A satisfação desse gênero, como a
alegria do artista no criar, ao dar
corpo a suas fantasias, a alegria do
pesquisador na solução de
problemas e na apreensão da
verdade, tem uma qualidade
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 46/55
especial, que um dia poderemos
caracterizar metapsicologicamente.
(FREUD, 1989h, p. 40)
Segundo Freud, a sublimação seria um meio “mais fino e elevado”, além
de consistente e eficaz. No entanto, este método não é acessível a
todas as pessoas e, apesar de produtivo, não proporciona uma proteção
completa contra o sofrimento.
Entre todas as técnicas já citadas, Freud ressalta aquela que mais se
aproxima da felicidade completa: diz respeito à “orientação da vida que
situa o amor no ponto central, que espera toda a satisfação do fato de
amar e de ser amado” (FREUD, 1989h, p. 43). Por certo, os apaixonados
experimentam um êxtase no enamoramento e têm a sensação de serem
um só, o que traz a ilusão de completude, de que nada falta.
Essa demasiada felicidade, entretanto, pode dar lugar ao extremo
sofrimento caso o objeto amado nos abandone de alguma forma.
Freud termina essa parte do texto afirmando que em nenhum desses
caminhos podemos alcançar tudo o que desejamos e faz uma
observação importante do ponto de vista econômico: “Assim como o
negociante cauteloso evita imobilizar todo o seu capital numa só coisa,
também a sabedoria aconselhará talvez a não esperar toda satisfação
de uma única tendência” (FREUD, 1989h, p. 47).
Dica
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 47/55
A ideia seria investir a libido de formas diversificadas para que, na
ausência de um desses objetos ou forma de satisfação, o sujeito não
experimente um sofrimento desnecessário, pois ainda haverá outros
investimentos. O êxito jamais é certo e seguro, mas encontrar felicidade
dependeria da capacidade da constituição psíquica em adaptar sua
função ao meio e aproveitá-lo para conquistar prazer.
O superego cultural e o sentimento de
culpa
Na obra O mal-estar na civilização, Freud articula a sua teoria pulsional
com a cultura. Ele observa que o desenvolvimento do aparelho psíquico
no sujeito tem grande semelhança com instâncias sociais, mas seu
interesse recai sobre o superego, que tem funções parecidas no
indivíduo e na cultura. Freud diz que a evolução cultural impõe barreiras
à felicidade também pelo sentimento de culpa que provoca.
Mesmo antes de o superego ter se desenvolvido no psiquismo, já havia
a reação de medo da criança perante as autoridades externas. A criança
teme perder o amor dos pais caso contrarie suas ordens e, caso o faça,
se sente culpada. Segundo Freud (1989):
Quanto à consciência de culpa, é
preciso admitir que se apresenta
antes do Superego, ou seja, também
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 48/55
antes da consciência moral. É então
a expressão imediata do medo à
autoridade externa, o
reconhecimento da tensão entre o
Eu e esta última, o derivado direto
do conflito entre a necessidade do
amor dela e o ímpeto de satisfação
instintual, cuja inibição gera a
tendência à agressão.
(FREUD, 1989, p. 54)
Depois da formação do superego, o sujeito passa a lidar com duas
camadas do sentimento de culpa, uma de origem externa e outra
interna, uma vez que, sendo o superego uma instância interna, não é
preciso cometer o ato transgressor para sentir culpa, basta desejar fazê-
lo.
Atenção!
Freud ressalta que a pulsão não satisfeita gera agressividade, um
impulso natural e constitutivo do humano, que também precisa ser
barrado pelas exigências sociais. Assim, o preço do progresso cultural
seria a perda da felicidade também pela supressão da agressividade e
pelo acréscimo do sentimento de culpa.
Acerca do superego cultural, Freud afirma que toma como base a
personalidade que grandes líderes deixaram para aquela cultura. Não
podemos deixar de lembrar que Freud se baseia na cultura ocidental
moderna para sua análise, pois foi nela que viveu e construiu sua teoria.
Nesse contexto, ele cita Jesus Cristo como o mais impressionante
exemplo. Para Freud, o cristianismo “institui severas exigências ideais,
cujo não cumprimento é punido mediante ‘angústia de consciência’”
(FREUD, 1989h, p. 57).
O mandamento “Ama teu próximo como a ti mesmo” exigiria que a
humanidade visasse à satisfação altruísta acima de qualquer outra, o
que seria impossível alcançar devido à força pulsional do id e às
dificuldades do ambiente real. Ainda que seja humanamente impossível
cumprir um ideal tão avesso à natureza humana, “a civilização
negligencia tudo isso; recorda apenas que quanto mais difícil o
cumprimento do preceito, mais meritório vem a ser ele” (FREUD, 1989h,
p. 58).
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 49/55
É importante ressaltar que a intenção de Freud não é propor o fim das
normas culturais e morais, ou simplesmente criticá-las. Freud considera
o progresso da civilização como necessário e precioso. A ideia é
analisar as restrições impostas ao humano e suas consequências.
Ao estudar as neuroses, Freud se deparou com o recalque tal como uma
defesa do ego que visa resguardar a pessoa do sofrimento e de ideias
inconciliáveis com a moral civilizada. Logo, o sintoma, para a
Psicanálise, seria uma consequência da civilização ocidental. Nada
mais natural que o interesse de Freud no tema.
Nesse trabalho, Freud foca bastante a luta entre natureza e cultura, o
embate entre id e superego, no entanto, precisamos lembrar que o ego
tem como uma de suas funções encontrar satisfações substitutas,
aceitas socialmente e a partir de objetos reais (não alucinados).
É também na civilização que encontramos satisfação, tornando
suportável a frustração da existência e permitindo a formação de laços
sociais.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“O sofrer nos ameaça a partir de três lados: do próprio corpo que,
fadado ao declínio e a dissolução, não pode sequer dispensar a dor
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 50/55
e o medo como sinal de advertência; do mundo externo, que pode
se abater sobre nós com forças poderosíssimas, inexoráveis,
destruidoras; e, por fim, das relações com os outros seres
humanos” (FREUD, S. O mal-estar na civilização (1930). Rio de
Janeiro: Imago, 1989h).
Esse é um trecho de O mal-estar na civilização, publicado em 1930.
Freud descreve as fontes de sofrimento que revelam a fragilidade
humana. A percepção desse fato, aliada ao princípio do prazer, faz
com que o homem utilize estratégias na busca da felicidade.
Entre as alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta uma
estratégia descrita por Freud.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Para Freud, a experiência que as pessoas apaixonadas
experimentam é muito próxima à satisfação plena, por proporcionar
um êxtase altamente efetivo e prazeroso. As outras técnicas
mencionadas nas demais alternativas não correspondem ao
objetivo mencionado no comando da questão.
Questão 2
A
As regras sociais, que permitem colocar ordem na
sociedade.
B
A religião, que permite lidar com a nossa angústia
existencial.
C
Os chistes, que permitem rir daquilo que ameaça a
nossa felicidade.
D
A relação amorosa romântica, que traz a ilusão da
completude.
E Os sonhos, que nos permitem modificar a realidade.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 51/55
Em O mal-estar na civilização, Freud analisa as consequências da
inserção na cultura. A vida em sociedade exige restrição da
satisfação pulsional, o que tem consequências para a natureza
humana. Freud fala sobre o superego cultural, que seriaconstruído
de forma correlata ao superego individual, tendo como ideal o
modelo que grandes líderes deixaram para a cultura. Esse embate
entre os impulsos primitivos humanos e a cultura pode ser descrito
pelos conceitos relacionados ao funcionamento do aparelho
psíquico.
Entre as opções abaixo, marque a correta.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A vida civilizada só é possível a partir da renúncia de grande parte
dos impulsos sexuais e agressivos, o que Freud relaciona com o
sofrimento. Dessa forma, a culpa é experimentada tanto pela
existência de impulsos internos inaceitáveis como pelo superego
cultural.
A
O recalque representa a defesa do ego que visa
resguardar a pessoa do sofrimento experienciado
diante da falta de normas e restrições sociais.
B
O id cumpre a função de mediador entre as
exigências do ego e o imperativo do superego.
C
O processo primário passa a ser desnecessário em
relação ao processo secundário para que a ligação
com objetos reais aconteça.
D
As exigências culturais demandam que o sujeito lide
com dois tipos de sentimento de culpa, um externo
e outro interno.
E
O inconsciente consegue ser totalmente controlado
a partir do recalque.
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 52/55
Considerações �nais
Como vimos, o aparelho psíquico é fruto de uma teoria que busca
compreender o conflito psíquico na base da neurose. Tanto a primeira
tópica como a segunda tópica são teorias que trazem uma ideia central
na Psicanálise: o embate entre princípio do prazer e princípio da
realidade.
A Psicanálise traz a ideia de um sujeito dividido, que precisa renunciar à
satisfação imperativa do princípio do prazer, e com isso, torna-se faltoso
e limitado, mas também desejante. É na cultura que encontramos as
possibilidades para nos inventarmos e reinventarmos, mas com muitos
desafios: nada cessará os conflitos entre os sujeitos, a fragilidade e a
finitude do corpo é uma realidade e a natureza sempre poderá mostrar a
sua força de destruição.
Apesar das adversidades, caminhos podem ser construídos, não para a
felicidade plena, mas para uma vida com obtenção de prazer e saúde
psíquica.
Podcast
Agora, o prof. doutor Luciano de Souza Dias encerra o conteúdo
desenvolvendo a ideia de um sujeito dividido, apresentando o papel da
cultura nessa dinâmica.

04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 53/55
Explore +
Para aprofundar este estudo, recomendamos os seguintes textos de
Freud:
A organização genital infantil (1923).
A dissolução do complexo de Édipo (1924).
Algumas consequências psíquicas da diferença anatômica entre os
sexos (1925).
Sexualidade feminina (1931).
Referências
ABSÁBER, T. O sonhar restaurado: formas de sonhar em Bion, Winnicott
e Freud. São Paulo: Ed. 34, 2005.
AYRES, S. Atos falhos: interpretação e significação. Natureza humana,
São Paulo, v. 19, n. 1, p. 24-37, jul. 2017.
FREUD, S. A interpretação dos sonhos (I) (1900). Rio de Janeiro: Imago,
1989a. (Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund
Freud, v. 4).
FREUD, S. A organização genital infantil (1923). In: Freud, S. O ego e o ID
e outros trabalhos (1923-1925). Rio de Janeiro: Imago, 1989b. (Edição
Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v. 19)
FREUD, S. Conferência introdutória XXI: O desenvolvimento da libido e
as organizações sexuais. In: Freud, S. Conferências introdutórias sobre
psicanálise (Parte III) (1916-1917). Rio de Janeiro: Imago, 1989c.
(Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v.
16)
FREUD, S. Estudos sobre a histeria (1893-1895). Rio de Janeiro: Imago,
1989d. (Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund
Freud, v. 2)
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 54/55
FREUD, S. O ego e o id (1923). In: Freud, S. O ego e o ID e outros
trabalhos (1923-1925). Rio de Janeiro: Imago, 1989e. (Edição Standard
Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v. 19)
FREUD, S. O futuro de uma ilusão (1927). In: Freud, S. O futuro de uma
ilusão, O mal-estar na civilização e outros trabalhos (1927-1931). Rio de
Janeiro: Imago, 1989f. (Edição Standard Brasileira das Obras Completas
de Sigmund Freud, v. 21)
FREUD, S. O inconsciente (1915). In: Freud, S. A história do movimento
psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos (1914-
1916). Rio de Janeiro: Imago, 1989g. (Edição Standard Brasileira das
Obras Completas de Sigmund Freud, v. 14)
FREUD, S. O mal-estar na civilização (1930). In: Freud, S. O futuro de
uma ilusão, O mal-estar na civilização e outros trabalhos (1927-1931).
Rio de Janeiro: Imago, 1989h. (Edição Standard Brasileira das Obras
Completas de Sigmund Freud, v. 21)
FREUD, S. Sobre o narcisismo: uma introdução (1914). In: Freud, S. A
história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e
outros trabalhos (1914-1916). Rio de Janeiro: Imago, 1989i. (Edição
Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v. 14)
FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: Freud,
S. Um caso de histeria, Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e
outros trabalhos (1901-1905). Rio de Janeiro: Imago, 1989j. (Edição
Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v. 7)
GARCIA-ROZA, L.A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: J.Z.E., 1993.
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
javascript:CriaPDF()
04/04/24, 13:00 O aparelho psíquico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02636/index.html# 55/55
O que você achou do conteúdo?
Relatar problema

Continue navegando

Outros materiais