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TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS 1 INTRODUÇÃO Como os tratamentos de têmpera superficial, os tratamentos termoquímicos visam igualmente o endurecimento superficial dos aços. Contudo, neles, o endurecimento não é resultado de uma simples transformação em martensita mas ocorrem reações químicas entre os elementos do aço e elementos do meio ambiente. → Meios gasosos, líquidos ou sólidos Os dois tratamentos termoquímicos principais são : Cementação e Nitretação 2 Tratamento termoquímico que visa introduzir C na superfície da peça de modo que a peça depois de temperada e revenida apresente superfície dura sobre núcleo tenaz. 3 CEMENTAÇÃO, CARBONATAÇÃO, CARBORIZAÇÃO Características: Metal utilizado: aço baixo carbono (usual ~ 0,2%C) Teor de carbono na superfície após o processo: ~0,8 a 1,0%C Difusão de carbono na fase austenítica tratamento realizado a altas temperaturas:850ºC a 950ºC - usual ~ 925ºC Principais Agentes Cementantes (Carbonetantes): Monóxido de carbono CO Metano CH4 Propriedades da Peça: Após têmpera → Superfície resistente ao desgaste e núcleo dúctil, levando a alta resistência ao impacto e resistência à fadiga 4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CEMENTAÇÃO 5 Meio Carburante +Carbono Oxigênio Difusão MECANISMO DE CEMENTAÇÃO Profundidade tratada depende da temperatura e do tempo de cementação 6 PROFUNDIDADE DE CEMENTAÇÃO A dureza do material segue o gradiente de C na profundidade da peça tratada. 7 GRADIENTE DE CARBONO 4h 1050°C Profundidade tratada aumenta com o tempo de cementação 8 EXEMPLO: PROFUNDIDADE VS. TEMPO Não cementado Cementado - 1h Cementado - 2h Cementado - 4h Fatores influenciando a velocidade de enriquecimento em carbono: Teor inicial de carbono do aço Coeficiente D de difusão do carbono no aço O coeficiente de difusão D depende da temperatura e corresponde à migração de átomos das regiões de concentração mais alta em direção das regiões de concentração mais baixa. 9 VELOCIDADE DE CEMENTAÇÃO 10 CEMENTAÇÃO APÓS RECOZIMENTO Aço Baixo Carbono Cementado e Recozido superfície cementada região de transição 1 região de transição 2 região não atingida pela cementação região central Amostra (f = 3/4”) Embutimento Região afetada pela cementação perlita 200m 200m200m200m 200m perlita ferrita perlita ferrita perlita ferrita perlita ferrita 11 CEMENTAÇÃO APÓS TÊMPERA Aço Médio Carbono Cementado e Temperado Superfície cementada Região de transição 1 Região não atingida pela cementação Região central Amostra (f = 3/4”) Embutimento Região afetada pela cementação martensita 200m 200m200m 200m ferrita martensita ferrita martensita ferrita martensita 20m 20m detalhe martensita centro superfície 12 CEMENTAÇÃO APÓS TÊMPERA Aço Baixo Carbono - Cementado e Temperado Alterações associadas ao teor de carbono, à velocidade de resfriamento e a temperabilidade martensita e austenita retida ferrita, perlita e bainita ferrita e perlita superfície 50m 13 EQUILÍBRIOS CO/CO2 E CH4/H2 Elementos descarbonetantes Meio Carbonetante: Carvão vegetal e/ou mineral Óleo comum ou de linhaça Principais Reações: C + O2 → CO2 CO2 + C → 2CO 2CO + 3Fe → Fe3C + CO2 Substância Ativadora (catalizadora): Carbonato de bário BaCO3 Carbonato de sódio Na2CO3 Espessura da Camada Cementada: Pode ser > a 2 mm 14 CEMENTAÇÃO SOLIDA OU EM CAIXA Mistura carburizante Monóxido de carbono BaCO3 BaO + CO2 ou BaCO3 + C BaO + 2CO Meios Carbonetantes: Gás natural, Gás de coqueria, Hidrocarbonetos 15 CEMENTAÇÃO À GÁS Principais Agentes Carbonetantes: Monóxido de carbono CO Metano CH4 Etano C2H6 Propano C3H8 Principais Reações: 2CO → C + CO2 CO + H2 → C + H2O CH4 → C + 2H2 C2H6 → C + CH4 + H2 C3H8 → C + xC2H6 + yCH4 + zH2 16 CEMENTAÇÃO À GÁS Espessura da camada cementada: Pode ser > a 2 mm Desvantagens: Mais oneroso Controle mais rigoroso do processo Vantagens: Cementação mais uniforme em composição e espessura Permite tempêra direta Maior velocidade de penatração de carbono Previne a oxidação das peças, pois os gases empregados são protetores 17 CEMENTAÇÃO À GÁS Meio Carbonetante: Sais à base de cianeto 18 CEMENTAÇÃO LIQUIDA Principal Agente Carbonetante: Cianeto de sódio NaCN Cianeto de bário Ba(CN)2 Principais Reações: 2NaCN → Na2CN2 + C Ba(CN)2 + 3Fe → Fe3C + BaCN2 3Fe + C → Fe3C Espessura da Camada Cementada: Banhos de baixa temperatura: 0,08mm a 0,8mm Banhos de alta temperatura:0,5mm a 3mm (até 6mm) 19 CEMENTAÇÃO LIQUIDA Mesmas vantagens da cementação a gás (qualidade, proteção corrosão, tempera direita, ...) Alem disso: Maior facilidade de produzir-se cementação localizada Maior facilidade de produção continua Maior rapidez de operação Inserção de nitratos Desvantagens: Cianeto é um sal venenoso → Cobertura e exaustão Risco de oxidação ou descorbonetação ao ar devido a película de sal → Banho em óleo ou salmoura 20 CEMENTAÇÃO LIQUIDA Chamado processo “Metanol - Acetato de etila” 21 PROCESSO CARBOMAAG Substancia condutora Substancia carburizante 22 TÊMPERA DAS PEÇAS CEMENTADAS Tipos: Têmpera direta Têmpera simples Têmpera dupla 23 TÊMPERA DAS PEÇAS CEMENTADAS 24 MATEMÁTICA DA CEMENTAÇÃO Dt x erf CC CxC SUP SUP 2 )( 0 RT Q DDC exp0 (cm2/s) R = 8,314 J/molK Dt x erfCCCCx Sup 2 *)( 0sup Um aço 1010 é cementado usando uma atmosfera gasosa que produz 1%C na superfície da peça. A profundidade de cementação neste caso é definida como a distância abaixo da superfície que contém pelo menos 0,5%C. Se a cementação é feita a 1000ºC, determine o tempo necessário para produzir uma profundidade de 1 mm. 25 EXERCÍCIO 26 SOLUÇÃO 2/1 2 1,0 9,00,15,0 Dt erf 55,0556,0)(5,09,0 zzerfzerf 2/10),( 2 Dt x erfCCCC sstx hst t z Dt x z 8,114260055,0 *1094,12 1,0 55,0 2 7 scmD /1094,1)2731000(314,8/148000exp23,0 27 Características: Difusão de nitrogênio na fase ferrítica do aço: Tratamento realizado a temperaturas da ordem de 500ºC a 600ºC Modificação se dá pela formação de nitretos de ferro e de elementos de liga (Al, Cr, Mo) presentes no aço. Propriedades da Peça: Alta resistência superficial: dureza e desgaste Resistência à fadiga Melhor resistência à corrosão e ao calor Espessura da Camada Nitretada: inferior a 1 mm 27 NITRETAÇÃO Não há necessidade de têmpera posterior; material já temperado e revenido Peças com muitos contatos repetitivos e a temperatura mais alta: 28 APLICAÇÕES Camada branca: Espessura inferior a 25 µm → Não dura mas alta resistencia a corrosão e engripamento Camada escura: Alta dureza com compostos Fe-C-N 29 MICROGRAFIA DA CAMADA NITRETADA Camada branca Camada escura (zona de difusão) nitretos dispersos 30 EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA Aços mais utilizados para a nitretação: Aços ligados com cromo e molibdênio Aços ligados com alumínio entre 0,85 a 1,5% Aços inoxidáveis da série ferríticos Al, Cr, Mo em alta teor Al, Cr, Mo em baixa teor Meio/Agente Nitretante: Amônia NH3 Principal reação: 2NH3 → 2N + 3H2 Temperatura: Entre 500 e 570°C Tempo do processo: Geralmente 48 a 72 horas, pode ser até 90 horas, devido a uma difusão do Nitrogênio muito lenta 31 NITRETAÇÃO A GÁS Dificilmente a camada nitretada chega > a 0,8 mm 32 ESPESSURA TRATADO VS. TEMPO Meio/Agente Nitretante: Mistura de sais de sódio e potássio (cianetos) Temperatura e tempo: Igual à nitretação a gás com tempo geralmente menor Permite a nitretação de qualquer aços, inclusive aços baixo carbono O Nitrogênio penetra mais profundamente (faixa de difusão) → Nitretos de ferro ou nitretos especiais 33 NITRETAÇÃO LÍQUIDA OU “TENAZ” Quanto maior o teor de carbono, menor a profundidade tratada: 34 ESPESSURA TRATADO VS. TEMPO Exemplo de aço com 0,15 %C: 35 RESISTÊNCIA AO DESGASTE Limite de fadiga bem superior depois da nitretação 36 RESISTÊNCIA À FADIGA Aço 0,15% C Nitretado 30min Nitretados 90min Ionitretação = Nitretação incandescente = Nitretação a plasma Peças colocadas num recipiente a vácuo sobre um suporte ligado a uma corrente elétrica continua. A corrente excita e ioniza o gás de nitrogênio. O bombardeamento de íons eleva a temperatura (315°) e ocorre uma reação química entre os aços e os íons de nitrogênios. Superficies muito duras com pouco ou nenhuma camada branca e com acabamento mais fosco. 37 IONITRETAÇÃO 38 COMPARAÇÃO ENTRE AS NITRETAÇÕES Características: Difusão simultânea de carbono e nitrogênio Tratamento realizado a temperaturas da ordem de 705ºC a 900ºC Meio: Similar ao da cementação à gás com adição de amônia Espessura da Camada Carbonitretada: Varia de 0,075 mm (75 µm) a 0,75 mm (750 µm) Endereçabilidade melhor que a cementação 39 CARBONITRETAÇÃO Solubilidade do carbono maior na austenita Características: Difusão simultânea de carbono e nitrogênio Tratamento realizado a temperaturas da ordem de 760ºC a 870ºC Meio: banhos contendo cianeto (geralmente cianeto de sódio). Espessura da Camada Cianetada: Varia de 0,10 mm a 0,3 0 mm (temperatura maior para tratar espessura maior) 40 CARBONITRETAÇÃO EM BANHO DE SAIS OU CIANETAÇÃO CONCLUSÃO Os tratamentos termoquímicos aumentam a dureza superficial em função da temperatura e do tempo do tratamento. Eles são muito importantes devido a seus vários objetivos e processos. O núcleo do material não sofre transformações estruturais (apenas a superfície esta modificada) deixando natural sua estrutura abaixo da camada. Esses tratamentos tendem a se desenvolver cada vez mais. 41
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