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Apostila sobre Recursos

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Belo Horizonte 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECURSOS: 
 Recurso Inominado (Lei 9.099/95); 
 Embargos de Declaração; 
 Agravo Retido; 
 Agravo de Instrumento; 
 Apelação. 
 
 
 
 
 Roteiro de Estudos 
 
 
 
 
PROF. ANDRÉ LUIZ LOPES 
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 
 
 2 
RECURSO INOMINADO 
 
CONCEITO - É o recurso cabível contra as sentenças proferidas nos Juizados 
Especiais (Lei 9.099/95, Lei 10.259/01 – Juizado Especial Federal e Lei 12.153/09 - 
Juizados Especiais da Fazenda Pública) – art. 41 da Lei 9.099/95. 
 
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO: 10 dias contados da ciência da sentença, por petição 
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente – art. 42. 
 
PRAZO PARA RESPOSTA – CONTRA-RAZÕES: 10 dias – art. 42, §2º 
 
PREPARO: O preparo será feito, independentemente de intimação, nas 48 horas 
seguintes à interposição, sob pena de deserção, contando-se o prazo hora a hora – art. 
42, §1º. 
 
EFEITOS DO RECURSO: O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o juiz 
dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte – art. 43. 
 
QUESTÕES PROCESSUAIS: 
 
 O recurso deve ser feito por advogado, mesmo que o valor da causa seja abaixo 
de 20 salários mínimos – art. 41, § 2º; 
 
 Se o recorrente perder o recurso, arcará com as custas e honorários de 
sucumbência, que serão fixados entre 10% e 20% do valor da condenação ou, 
não havendo condenação, do valor corrigido da causa – art. 55; 
 
 O recurso é julgado pelas turmas recursais, que são compostas de juízes 
togados em exercício no primeiro grau de jurisdição; 
 
 
 
 
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, 
caberá recurso para o próprio Juizado. 
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três juízes togados, em 
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado. 
 
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de (10) dez dias, contados da ciência da 
sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. 
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas 
seguintes à interposição, sob pena de deserção. 
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no 
prazo de dez dias. 
 
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o juiz dar-lhe efeito 
suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte. 
 
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que 
alude o § 3º do art. 13 desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas 
respectivas. 
 
 3 
Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento. 
 
Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação 
suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for 
confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. 
 
Art. 47. (VETADO) 
 
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do 
pagamento de custas, taxas ou despesas. 
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, 
compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em 
primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita. 
 
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários 
de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o 
recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados 
entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo 
condenação, do valor corrigido da causa. 
 
 
PRÁTICA FORENSE 
 
 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 05ª Secretaria do Juizado Especial das Relações 
de Consumo desta Capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 9385268.66.2009.813.0024 
 
 CLEIDE MOREIRA LUZ, já devidamente qualificada nos autos deste 
processo, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo 
assinado, propor o presente RECURSO INOMINADO, com base nos arts. 41 e 
seguintes da Lei 9.099/95, contra sentença de fls., para regular e legal 
processamento junto à Turma Recursal Cível desta Capital, cujas razões 
seguem em anexo, requerendo a assistência judiciária, nos termos do art. 4º da 
Lei 1.060/50. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 10 setembro de 2010. 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG – 70.397 
 4 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito Presidente da Turma Recursal Cível desta Capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 9385268.66.2009.813.0024 
 
 CLEIDE MOREIRA LUZ, já devidamente qualificada nos autos deste 
processo, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo 
assinado, propor o presente RECURSO INOMINADO, com base nos arts. 41 e 
seguintes da Lei 9.099/95, contra sentença de fls., pelos fatos e fundamentos a 
seguir exposto: 
 
 
I - DA NECESSIDADE DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA 
 
 A Autora/Recorrente solicita, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50, o 
benefício da assistência judiciária gratuita, visto que sua situação econômica 
não lhe permite pagar as custas do processo, bem como suportar a 
sucumbência sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, pois, está é 
professora do sistema público e ganha um salário que mal dá para pagas contas 
fixas do mês. 
 
 Sem a pleiteada assistência judiciária a Autora/Recorrente não tem 
condições de exercer seu constitucional direito de defesa e acesso ao judiciário, 
pois, optou pelo Juizado Especial em face da ausência de recursos para custear 
uma ação judicial. 
 
 Assim, requer seja deferida a assistência judiciária, conhecendo do 
recurso. 
 
 
II - RAZÕES DO RECURSO 
 
 A sentença de fls. decidiu bem a matéria, contudo, na quantificação dos 
danos morais não aplicou a costumeira justiça o magistrado sentenciante, pois, 
a fixação de indenização em R$3.000,00 (três mil reais), a título de danos 
morais, não serve sequer de reprimenda ou atinge o caráter pedagógico da 
condenação, devendo este ser majorado sob pena de banalizar-se a dor alheia. 
 
 
 5 
III – DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer: 
 
a) Seja dado provimento ao presente recurso para reformar parcialmente a 
sentença, majorando o valor da condenação por danos morais sofrida pela 
Recorrida para R$10.000,00 (dez mil reais), levando-se em conta que foi 
desprezada a boa técnica e cuidados indispensáveis ao manejo da medicina, 
que trata da vida e saúde de pessoas, culminando no indesculpável 
esquecimento de gaze no interior do corpo da Autora/Recorrente, após 
procedimento cirúrgico, provocando-lhe grande sofrimento e dor, bem como 
infecção, além do abalo de sua relação conjugal; 
 
b) Seja deferida a assistência judiciária, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50; 
 
c) Seja a Ré/Recorrida condenada no pagamento das custas e honorários 
sucumbenciais no importe de 20% do total da condenação. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 03 de fevereiro de 2010. 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG – 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
 
 
CONCEITO - Humberto Theodoro Júnior o conceitua como sendo o recurso destinado 
a pedir ao juiz ou tribunal prolator da decisão que afaste obscuridade, supra omissão 
ou elimine contradição existente no julgado - (arts. 535 a 538 do C.P.C). 
 
O que se pode deduzir é que os embargos de declaração são o remédio criado 
por lei e utilizável pela parte que, sentindo-se prejudicadapor vício na decisão, em 
razão de obscuridade, omissão ou contradição, solicita desse mesmo órgão julgador 
que afaste tais vícios, esclarecendo a obscuridade, completando a decisão ou 
eliminando a contradição, a fim de tornar compreensível o julgado. 
 
NATUREZA JURÍDICA: Como os recursos são instrumentos pelos quais a parte 
reclama um novo exame da decisão que lhe causa prejuízos, e como os 
Embargos de Declaração buscam justamente este outro pronunciamento, há de 
se concluir que os Embargos de Declaração são realmente recurso que 
possibilita a modificação da decisão, conforme o art. 463, II do C.P.C., bem 
realça: 
 
 
Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, 
só podendo alterá-la: 
 
II - por meio de embargos de declaração. 
 
 
E por serem recursos, são, portanto, possuidores de sua maior 
característica, qual seja, o poder de modificar uma decisão. A esse efeito 
primordial de todo recurso, dá-se o nome de infringente. 
 
A doutrina e a jurisprudencial brasileira passaram, assim, a utilizar o termo 
infringente como sendo um dos efeitos dos Embargos de Declaração, no sentido 
de poder ser utilizado tal instituto para modificar-se uma sentença, e não tão 
somente esclarecê-la, saná-la, ou suprir determinada omissão. 
 
Assim sendo, entende-se pelo efeito infringente, ou modificativo dos 
Embargos de Declaração, a possibilidade de através de sua utilização alterar 
total, ou parcialmente uma decisão, podendo, inclusive, consistir no proferimento 
de um ato totalmente oposto ao embargado, desde que, repita-se, seja 
decorrente de obscuridade, contradição ou omissão. 
 
CABIMENTO: Quando houver na sentença ou no acórdão, obscuridade, contradição 
ou omissão – art. 535, I e II do C.P.C. 
 
Apesar do art. 535 do C.P.C., referir-se apenas aos embargos de declaração 
contra sentença ou acórdão, admitem-se também contra decisão interlocutória, tendo 
em vista a própria natureza e finalidade desse recurso, que é a de sanar contradição, 
obscuridade ou omissão, que podem ocorrer em qualquer espécie de decisão, 
causando evidente prejuízo à parte, pois lhe impedem ou dificultam a compreensão, 
impossibilitando a recorribilidade. 
 7 
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO: Os embargos serão opostos, no prazo de 05 (cinco) 
dias, em petição dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, 
contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo – art. 536 do C.P.C. 
 
PROCEDIMENTO: Os embargos devem ser manejados dentro de 5 dias, a contar da 
ciência da decisão embargada. São dirigidos ao próprio prolator da decisão, 
independendo de preparo, consoante a norma prevista no art. 536, in fine, C.P.C. A 
petição deve indicar com precisão o fundamento do recurso, se omissão, contrariedade 
ou obscuridade, sob pena de inépcia. 
 
A interposição se dá pela forma escrita, muito embora diplomas mais modernos 
admitam a interposição oral, como por exemplo, o art. 49 da Lei dos Juizados Especiais 
Cíveis – Lei 9.099/95. 
 
Inexiste previsão para contraditório em sede de embargos, uma vez que a 
unilateralidade do procedimento não acarreta prejuízo ao embargado, dado a 
impossibilidade de alteração substancial no julgado. 
 
Quanto ao resultado, os embargos poderão ser conhecidos ou não, caso 
presentes ou ausentes seus pressupostos de admissibilidade (em especial, a mera 
alegação da ocorrência de uma das três hipóteses do art. 535). Se conhecidos, 
poderão ser acolhidos, caso os magistrados se convençam da efetiva presença dos 
vícios elencados, ou desacolhidos, quando tal premissa não se confirmar. 
 
PREPARO: Os embargos de declaração não estão sujeitos a preparo – art. 536, 
parágrafo único do C.P.C. 
 
 
EFEITOS DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: 
 
 EFEITO DEVOLUTIVO - Que significa devolver ao órgão julgador o 
conhecimento da matéria impugnada, restringindo-se a reanálise tão-somente as 
questões suscitadas. 
 EFEITO SUSPENSIVO – “Como a disciplina dos embargos de declaração não 
contém restrição alguma quanto à sua eficácia, impõe-se reconhecer sua força 
suspensiva”, preleciona o Mestre Humberto Theodoro Júnior. 
 EFEITO INTERRUPTIVO - Os embargos de declaração interrompem o prazo 
para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. (artigo 538 do 
C.PC). 
 EFEITO PREQUESTIONADOR - possui os Embargos de Declaração o objetivo 
de prequestionar a matéria que será apreciada em sede de Recurso Especial 
e/ou Extraordinário. Caso seja omissa a decisão vergastada sobre o ponto a ser 
ventilado nos recursos elencados, deve anteriormente à sua interposição serem 
opostos Embargos de Declaração, conforme entendimento sumulado do 
Supremo Tribunal Federal (Súmulas nºs 282 e 356). 
 EFEITO INFRINGENTE OU MODIFICATIVO - Surgido através de criação 
jurisprudencial e doutrinária, amparada principalmente pelo art. 463, II, do 
C.P.C., e pela atual visão instrumentalista do processo. Segundo referido efeito, 
é possível através da utilização dos Embargos de Declaração modificar a 
subsistência do ato judicial embargado, desde que tal modificação seja 
decorrente de obscuridade, contradição ou omissão. 
 
 8 
DIFERENÇA ENTRE SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO PRAZO: A diferença é que, 
na suspensão, tão logo cessada a causa suspensiva, o prazo voltava a fluir pelo 
restante, enquanto que na interrupção, o prazo é reiniciado, ou seja, o prazo volta a 
fluir por inteiro. 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA LEI 9.099/95 - A Lei nº 9.099/95, em seu artigo 
50, houve por bem em, nos casos de interposição de embargos de declaração, 
suspender o prazo para eventual recurso, ao contrário do que dispôs o Código de 
Processo Civil, fazendo com que o tempo já decorrido entre a publicação da decisão 
embargada e a interposição dos embargos declaratórios seja descontado do prazo 
para eventual recurso. 
 
EMBARGOS PROTELATÓRIOS: Quando o juiz ou o tribunal verificar o intuito 
manifestamente protelatório dos embargos de declaração, poderá condenar o 
embargante a pagar ao embargado, uma multa não excedente a um por cento sobre o 
valor da causa. É o que estabelece o disposto no parágrafo único do artigo 538 do 
C.P.C. 
 
REITERAÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: É possível a interposição de 
sucessivos embargos de declaração, desde que a nova decisão esteja eivada de um 
dos vícios embargáveis. 
 
 
 
 
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (artigos 535 a 538) 
 
Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: 
I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; 
II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. 
 
Art. 536. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida 
ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não 
estando sujeitos a preparo. 
 
Art. 537. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator 
apresentará os embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto. 
 
Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de 
outros recursos, por qualquer das partes. 
Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o 
tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa 
não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de 
embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando 
condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
PRÁTICA FORENSE 
 
 
Exmo. Sr. Dr. Desembargador Relator da 10ª Câmara Cível do TJMG – Alberto 
Aluízio Pacheco de Andrade. 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 1.0024.02.703.357-0/002 
 
 ANTÔNIO ORLANDO GRECO ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA E 
OUTRO, ambos já devidamente qualificados nos autos deste processo, vêm 
respeitosamente peranteV. Exa., por seu advogado abaixo assinado, interpor 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITO INFRINGENTE (MODIFICATIVO), nos 
termos dos artigos nos termos dos artigos 535/538 e 463, II - todos do C.P.C ., pelos 
fatos e fundamentos a seguir expostos: 
 
 
 Os Embargos de Declaração é recurso oponível contra sentença, acórdão, 
decisão interlocutória e despachos de mero expediente, objetivando esclarecer 
possível obscuridade, sanar contradição, e evitar que determinada decisão judicial seja 
omissa em determinado ponto, estando previsto em nosso Código de Processo Civil 
em seus artigos 463, II, e 535 a 538, sendo, portanto, o caso do presente recurso. 
 
I - DA CONTRADIÇÃO E OMISSÃO - DA IMPOSSIBILIDADE DE MUDANÇA DA 
SENTENÇA EM SEDE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA – ART. 475-G DO C.P.C 
 
 Em fls. 1011/1014 a MM. Juíza foi omissa/contraditória quando fixou juros de 
0,5% ao mês até a data de 11/03/2003 e a partir de 11/01/2003 juros de 1,0% ao mês, 
alterando/contrariando a decisão monocrática, confirmada pelo TJMG, que determinou 
a aplicação de juros pactuados no contrato à restituição dobrada do valor de 
R$9.517,03 – indo contra o art. 475-G do C.P.C., que veda a mudança da sentença 
em sede de liquidação de sentença. 
 
 
“Posto isso, ACOLHO PARCIALMENTE a presente 
impugnação ao cumprimento da sentença, apenas para 
autorizar à impugnante a compensação entre os créditos e 
débitos recíprocos, bem como para determinar o refazimento 
dos cálculos com a incidência de juros de 0,5% até a data de 
11/01/2003, e, 1,0% daí em diante, conforme fundamentação 
supra.” 
 
 10 
O MM. Juiz sentenciante, quando da prolação da sentença, decidiu pela 
aplicação dos juros, praticados no contrato celebrado pelas partes, para remunerar 
este valor a ser devolvido dobrado, conforme determinou o TJMG, equilibrando as 
partes, tendo sido apurado no laudo pericial juros de 3,6 % a 6,0 % ao mês. 
 
Esta decisão teve a finalidade de equilibrar a relação contratual, pois, não seria 
justo manter os juros pactuados no contrato e, na devolução da quantia cobrada 
indevidamente, restituí-la aos Agravantes aplicando juros legais de 01% ao mês, vindo 
esta decisão, portanto, igualar as condições das partes contratantes. 
 
 
“Julgo procedente em parte o pedido para: 
I – (...); 
II – decotar a cobrança da importância de R$9.517,03 
debitadas em 28/03/01, a título de “juros sobre adiantamento 
a depositante”, ressalvada a aplicação dos juros 
remuneratórios segundo as taxas pactuadas;” 
 
 Nobres Julgadores, a própria legislação, através do art. 475-G do C.P.C., veda 
discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou em sede de liquidação de 
sentença, sendo a decisão combatida contrária à dispositio legis, devendo ser 
modificada por este Tribunal. Vejamos: 
 
“Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide 
ou modificar a sentença que a julgou.” 
 
 
 Verifica-se no acórdão, da mesma forma que na decisão da impugnação da 
execução de sentença, que sequer foi mencionada a sentença monocrática, que fixou 
os juros para a devolução do numerário, “ressalvada a aplicação dos juros 
remuneratórios segundo as taxas pactuadas”, ocorrendo a OMISSÃO e 
CONTRADIÇÃO, ora combatidas, pois, não pode na execução de sentença o juiz 
alterar os juros fixados nesta. 
 
 A decisão da impugnação da execução de sentença, bem como deste Acórdão, 
estariam perfeitos se não fosse o comando da sentença que determinou a aplicação 
dos juros segundo as taxas pactuadas, ou seja, as taxas de juros aplicadas no contrato 
que foi revisado judicialmente neste processo, detectada na perícia no importe de 3,6 
% a 6,0 % ao mês. 
 
 Assim, o Acórdão foi omisso e contraditório, pois, não analisou a decisão 
combatida sob a ótica da sentença monocrática, onde está o comando da “aplicação 
de juros remuneratórios segundo as taxas pactuadas.” 
 
 Seria uma aberração jurídica, nos termos do art. 475-G do C.P.C., (“É defeso, na 
liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.”), mudar a 
sentença monocrática na fase executória, o que veda a Lei. 
 
 
 11 
II - DO EFEITO INFRINGENTE (MODIFICATIVO) DOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO 
 
Hoje se tem admitido o efeito infringente, ou modificativo, dos Embargos de 
Declaração, surgido através de criação jurisprudencial e doutrinária, amparada 
principalmente pelo art. 463, II, do C.P.C., e pela atual visão instrumentalista do 
processo. Segundo referido efeito é possível através da utilização dos Embargos de 
Declaração modificar a subsistência do ato judicial embargado, desde que tal 
modificação seja decorrente de obscuridade, contradição ou omissão, conforme é o 
caso. 
 
Como os recursos são instrumentos pelos quais a parte reclama um novo exame 
da decisão que lhe causa prejuízos, e como os Embargos de Declaração buscam 
justamente este outro pronunciamento, há de se concluir que os Embargos de 
Declaração são realmente recurso que possibilita a modificação da decisão, conforme 
o art. 463, II do C.P.C., bem realça: 
 
 
Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e 
acaba o ofício jurisdicional, só podendo alterá-la: 
 
II - por meio de embargos de declaração. 
 
 
E por serem recursos, são, portanto, possuidores de sua maior característica, 
qual seja, o poder de modificar uma decisão. A esse efeito primordial de todo recurso, 
dá-se o nome de infringente. 
 
A doutrina e a jurisprudencial brasileira passaram, assim, a utilizar o termo 
infringente como sendo um dos efeitos dos Embargos de Declaração, no sentido de 
poder ser utilizado tal instituto para modificar-se uma sentença, e não tão somente 
esclarecê-la, saná-la, ou suprir determinada omissão. 
 
Assim sendo, entende-se pelo efeito infringente, ou modificativo dos Embargos 
de Declaração, a possibilidade de através de sua utilização alterar total, ou 
parcialmente uma decisão, podendo, inclusive, consistir no proferimento de um ato 
totalmente oposto ao embargado, desde que, repita-se, seja decorrente de 
obscuridade, contradição ou omissão, conforme se verifica no caso presente. 
 
Nossos tribunais assim têm entendido na esfera Cível, vejamos: 
 
 
116043855 – PROCESSO CIVIL – EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO – OMISSÃO – EFEITO MODIFICATIVO – 
Excepcionalmente, pode-se conferir efeitos infringentes aos 
embargos declaratórios, quando a alteração do julgamento 
decorra da necessidade de correção de um dos vícios 
indicados no artigo 535 do Código de Processo Civil. 2. 
Precedentes. 3. Recurso não conhecido. (STJ – RESP 358428 
– DF – 6ª T. – Rel. Min. Paulo Gallotti – DJU 09.02.2004 – p. 
00211) JCPC.535 
 
 12 
16032379 – PROCESSUAL CIVIL – EMBARGOS 
DECLARATÓRIOS – ERRO MATERIAL – EXISTÊNCIA – 
RECONHECIMENTO – 1. Conforme determina o art. 535, do 
CPC, os embargos de declaração consubstanciam 
instrumento processual destinado a expungir do julgamento 
obscuridades ou contradições, ou ainda para suprir omissão 
sobre tema cujo pronunciamento se impunha pelo Tribunal, 
sendo possível a concessão de efeito modificativo quando 
em decorrência dos citados defeitos ou erro material 
reconhecido. 2. Embargos acolhidos. (STJ – EDAG 320045 – 
SP – Rel. Min. Castro Meira – DJU 12.08.2003 – p. 00208) 
 
 
EMBARGOS DECLARATÓRIOS – Se uma parte é inteiramente 
vencedora, no recurso, deve ser condenada no total das 
custas. Embargos de declaração acolhidos, com efeito 
modificativo. Art. 21, § 1º, do CPC. (TJMG – EDEC 
000.240.550-4/01 – 6ª C.Cív. – Rel. Des. Jarbas Ladeira – J. 
10.03.2003) JCPC.21 JCPC.21.1 
 
 
 
III - DOS PEDIDOS 
 
 Diante do exposto, requer a V. Exa., seja admitido os embargos, dando-lhe o 
efeito infringente (modificativo), a fim de reformar a decisão embargada para aplicar “... 
juros remuneratórios segundo as taxas pactuadas.”, conforme comando dasentença mantida pelo TJMG, ou seja, juros de 3,6% a 6,0 % ao mês, detectados na 
perícia, ao valor de R$9.517,03 - pois, não pode na execução de sentença o juiz alterar 
os juros fixados nesta (art. 475-G do C.P.C) . 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 03 de agosto de 2007. 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG – 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
Exmo. Sr. Dr. Desembargador Relator da 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça 
deste Estado – Alberto Aluízio Pacheco de Andrade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 1.0024.08.062377-0/001 
 
AUREA PEDROSA E OUTROS, todos já devidamente qualificados nos autos 
desta AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO 
DE TUTELA que movem contra RÉUS INCERTOS E DESCONHECIDOS, vêm 
respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, propor os 
presentes EMBARGOS DECLARATÓRIOS, COM EFEITO INFRINGENTE E 
PREQUESTIONADOR, nos termos dos artigos 535/538 do C.P.C., para fins, se 
necessário, de oferta de RECURSO ESPECIAL, pelos fatos e fundamentos a seguir 
expostos: 
 
 
I - DAS RAZÕES DO RECURSO 
 
Ao contra-razoar o Recurso de Apelação as Recorrentes suscitaram 
preliminares, dentre elas, a de NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO POR 
COMPLETA INADEQUAÇÃO. 
 
 Conforme dito também naquela oportunidade, não há dúvida alguma quanto ao 
sentido de que a antecipação de tutela é sempre deferida através de DECISÃO 
INTERLOCUTÓRIA, porquanto não coloca fim ao processo que, evidentemente, 
seguirá adiante, conforme se nota do próprio despacho lançado às fls. 02 da inicial, não 
fosse a afoita “Apelação” ofertada pelo ilustre Representante do Ministério Público que, 
em razão das fortes palavras empregadas, “data venia”, demonstra desconhecimento 
do Instituto da Tutela Antecipada, já não tão recente em nosso direito, eis que 
introduzido no ordenamento jurídico processual desde 13.12.1994, pela Lei nº 8.952. 
 
 Assim, insistem as Recorrentes que o recurso correto no caso presente seria o 
de Agravo de Instrumento, “ex vi” do disposto no artigo 162, § 2º do Código de 
Processo Civil, e, por conseguinte, em face ao disposto no artigo 518, § 2º do 
Código de Processo Civil, não poderia esta Egrégia Câmara ter conhecido do 
Recurso de Apelação. Ao assim agindo, esta ilustrada Câmara negou vigência ao 
artigo 162, § 2º do Código de Processo Civil, razão do presente questionamento, para 
fins de manejo de RECURSO ESPECIAL, em razão de negativa de vigência de Lei 
Federal, no caso presente, o próprio Código de Processo Civil. 
 
 O cerne da questão posta é entender o instituto da antecipação de tutela, como 
mera decisão interlocutória. No caso presente, basta ler o despacho do douto Juízo a 
quo, que, após antecipar a tutela, determinou às Recorrentes o aditamento da inicial. 
 14 
Em hipótese alguma, como absurdamente também entendeu esta Egrégia Câmara, foi 
a decisão antecipatória da tutela, terminativa ou sentença de mérito. 
 
Conforme se verifica na inicial, o pedido da ação de usucapião é a declaração da 
propriedade do imóvel e a abertura de sua respectiva matrícula junto ao cartório de 
imóveis competente, o que foi feito deferido pelo juiz a quo, via tutela antecipada, 
quando este declarou a propriedade e mandou abrir a matrícula do imóvel, como não 
poderia ser diferente, decisão esta que deverá ou não ser confirmada pela decisão 
meritória, via sentença. Nada tão lógico, e que culminaria no prosseguimento normal do 
processo, inclusive com a intimação do M.P., desta decisão. 
 
 Nota-se que no voto do douto Relator, que foi reconhecido que a decisão 
atacada pelo Parquet se trata de decisão interlocutória. Com efeito, consta do voto que: 
 
 
“A despeito das divergências doutrinárias acerca da matéria, 
de que a tutela antecipada na sentença não faz parte da 
sentença, sendo outra decisão atacável com o recurso de 
agravo de instrumento, entendo que, contra a decisão de fls. 
67/69, o recurso cabível é a apelação, pois o sentenciante 
pôs fim à demanda, ao declarar a propriedade do imóvel 
usucapiendo em nome dos autores, determinando ainda, o 
registro do mesmo junto ao competente Cartório de Registro 
de Imóveis”. 
 
 
 Data venia, labora V. Exa., também em alguns equívocos. Primeiro não há 
divergência doutrinária acerca do tema, eis que, como de elementar sabença, contra 
decisão interlocutória o único recurso cabível é o de agravo. Não existe, como está 
acontecendo absurdamente nestes autos, “sentença interlocutória”, fato que 
escandalizou a todos os advogados que assistiram a defesa oral efetivada na tribuna.. 
Depois, toda antecipação de tutela antecipa os efeitos da sentença, como o próprio 
nome indica. 
 
Em segundo lugar, como já dito inúmeras vezes, inclusive nestes EMBARGOS 
DECLARATÓRIOS PREQUESTIONADORES, não foi colocado fim no processo, que 
apenas teve seu início com a decisão que antecipou a tutela antecipada – antecipando-
lhe o mérito, tendo o juiz a quo, inclusive, determinando o aditamento da inicial. 
 
 A respeito do assunto ora focado, doutrina o festejado processualista mineiro, 
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (in: Curso de Direito Processual Civil, vol. 1º, 
Editora Forense: Rio de Janeiro, 2007, pág. 420): 
 
 
“Como simples incidente do curso do processo, não se 
submete à apreciação do pedido de antecipação de tutela a 
nenhum procedimento especial, sendo, pois, objeto de uma 
decisão interlocutória. A deliberação a seu respeito desafiará 
o recurso de agravo de instrumento, quando a parte puder 
demonstrar risco de lesão grave e de difícil reparação (artigo 
522, com redação da Lei nº 11.187, de 19.10.2005). (grifamos) 
 
 
 15 
 É por esta razão que os Recorrentes discordam também do voto de V. Exa., a 
acatar a nulidade da “sentença”, na verdade mera decisão interlocutória, quando afirma 
que o ilustre Representante do Ministério Público não foi intimado acerca do processo. 
 
Data vênia, para proferir decisão interlocutória, não há que se ouvir previamente 
o ilustre Representante do Ministério Público, como alguns juízes fazem, 
comodamente. A intimação ocorre da decisão, como aconteceu no caso presente, 
ocasião em que o Parquet ofertou o teratológico Recurso de Apelação. Entender o 
contrário seria postergar e desvirtuar o instituto da tutela antecipada, sempre manejado 
em casos de urgência e verossimilhança, como no caso destes autos. 
 
Portanto, inexiste nulidade processual e sim uma precipitação do M.P., que, 
intimado para ter ciência da ação e da tutela antecipada deferida, ao invés de invocar a 
costumeira Recomendação nº 03/07, preferiu apelar da decisão antecipatória, 
atropelando o tramite lega e regular do processo. 
 
O V. Acórdão negou também vigência ao artigo 273 do Código de Processo Civil 
ao não admitir antecipação de tutela na ação de usucapião. 
 
 Acerca do tema antes posto, também doutrina do festejado processualista 
mineiro, HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, na obra acima citada, agora às páginas 
418: 
 
 
“Com a Lei nº 8.952 de 13.12.1994, que alterou a redação do 
artigo 273 do C.P.C., foi introduzida a antecipação de tutela 
em caráter genérico, ou seja, para aplicação, em tese, a 
qualquer procedimento de cognição, sob a forma de liminar 
deferível sem necessidade de observância do rito das 
medidas cautelares. Não apenas as liminares, porém, se 
prestam para medidas satisfativa urgente, pois na atual 
sistemática do artigo 273 do C.P.C., em qualquer fase do 
processo, é cabível a providência provisória de urgência.”. 
 
 
 
 Com efeito, aduz o art. 273 do Código de Processo Civil que “o juiz poderá, a 
requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela 
pretendida no pedido inicial, desde que existindo prova inequívoca, se convença 
da verossimilhança da alegação...”. 
 
 Foi oque aconteceu com a bem lançada e fundamentada decisão de fls. 67/68, 
in verbis: 
 
 
„„FEITO O RESUMO do alegado, tenho que as autoras fazem 
jus ao pedido almejado, eis que, da prova anexada aos autos, 
demonstrado está que elas detêm a posse mansa e pacífica 
do imóvel por mais de 40 (quarenta) anos, razão, inclusive, 
da abertura do inventário, posto que o imóvel foi deixado 
pelo pai delas e são elas as únicas herdeiras do referido 
bem. Tanto é que os compradores já estão, pacificamente no 
imóvel, desde a aquisição, há mais de ano atrás. ASSIM, 
 16 
conheço, imediatamente, do pedido, e, por conseguinte, 
declaro a propriedade das autoras sobre o imóvel descrito na 
inicial.”. 
 
 Portanto, nesta fase não há que se falar em ausência do devido processo legal, 
como entendeu essa Colenda Câmara. Estamos, ainda, diante de mero procedimento, 
e, processo existirá após a citação dos Réus, bem como da intimação deles acerca da 
decisão concessiva de antecipação de tutela, momento em que poderá ser ofertado o 
recurso cabível - Agravo de Instrumento, único cabível contra decisões 
interlocutórias, conforme dita o artigo 522 do Código de Processo Civil. O contraditório, 
por conseguinte, em se tratando de antecipação de tutela, é a posteriori. 
 
 A negativa de vigência do artigo 162 § 2º e artigo 273, todos do Código de 
Processo Civil, já foi prequestionada quando das ofertas das contra-razões. Porém, 
esta egrégia Câmara nada se pronunciou a respeito, razão de o V. Acórdão ser, mais 
uma vez, também omisso. 
 
 Para fins de analise, transcrevemos parte das contra-razões de apelação, no 
que tange ao PRESQUESTIONAMENTO. 
 
 
“IV – DO PREQUESTIONAMENTO 
 
Para fins de oferta de Recurso Especial, requerem os 
Autores, caso não acatadas as contra-razões acima, que 
essa Egrégia Câmara se manifesta, expressamente, acerca 
da negativa de Lei Federal, artigo 273 do Código de Processo 
Civil, que permite a tutela antecipada até mesmo sem oitiva 
da parte contrária, bem como do artigo 162, § 2º e art. 522, 
todos do Código de Processo Civil, a determinar que, de 
decisões interlocutórias, o recurso cabível é o de Agravo de 
Instrumento e não Apelação, conforme aconteceu no caso 
presente. 
 
Também, com relação à ilegitimidade dos Autores, negado 
foi o artigo 524 do Código Civil, eis que ainda não foi quitado 
integralmente o valor do imóvel, e, pelo contrato, são os 
compradores meros possuidores do bem. 
 
Portanto, há que se fazer a distinção, no caso presente, em 
posse e propriedade. São os Autores, ora Apelados, os 
proprietários do imóvel e os verdadeiros e legitimados legais 
para a propositura da presente ação de usucapião que, como 
sabido, é petitória.” 
 
 
II - DOS PEDIDOS 
 
 Diante do exposto, esperam os Recorrentes que essa Colenda Câmara receba 
os presentes Embargos, e, em face ao efeito infringente, modifique o presente 
acórdão, mantendo a decisão interlocutória, guerreada absurdamente sob o rótulo de 
sentença, sob pena de negativa de LEI FEDERAL, no caso presente o Código de 
Processo Civil, nos artigos 162 § 2º (de decisão interlocutória o recurso próprio é 
 17 
agravo) e artigo 273 (tutela antecipada), pelos motivos acima aduzidos, 
ensejando, se porventura prevalecer o acórdão ora combatido, a oferta de 
RECURSO ESPECIAL, para que a JUSTIÇA seja feita. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 27 de fevereiro de 2009. 
 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG – 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
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 20 
AGRAVO RETIDO E AGRAVO DE INSTRUMENTO 
 
 
CONCEITO – O recurso de Agravo, seja na sua forma Retida ou de Instrumento, é 
recurso oponível contra as decisões interlocutórias, que, segundo art. 162, § 2º do 
C.P.C., “é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente.” – 
art. 522 do C.P.C. 
 
MODALIDADES - São duas as modalidades de recurso de agravo: retidoe de 
instrumento. 
 
AGRAVO RETIDO – Diz-se Retido o agravo quando a parte, em vez de se dirigir 
diretamente ao tribunal para provocar o imediato julgamento do recurso, volta-se para o 
juiz da causa, autor da decisão impugnada, e apresenta o recurso, pedindo que 
permaneça no bojo dos autos, para que dele o tribunal conheça, preliminarmente, por 
ocasião do julgamento do Recurso de Apelação – art. 523 do C.P.C. 
 
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DOS AGRAVOS: 10 dias da publicação da decisão 
interlocutória – art. 522 do C.P.C., exceto nas decisões interlocutórias proferidas em 
audiência de instrução e julgamento, quando caberá agravo na forma retida, devendo 
ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), 
nele expostas sucintamente as razões do agravante – art. 523, § 3. 
 
PREPARO – Somente o Agravo de Instrumento está sujeito ao preparo – art. 522, 
parágrafo único do C.P.C. 
 
INTERPOSIÇÃO - O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal 
competente, através de petição com os seguintes requisitos previstos no art. 524: 
 A exposição do fato e do direito; 
 As razões do pedido de reforma da decisão; 
 O nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo. 
 
EFEITOS DO AGRAVO: 
 Suspensivo; 
 Devolutivo. 
 
A PETIÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO SERÁ INSTRUÍDA – ART. 525: 
 
 OBRIGATORIAMENTE - com cópias de decisão agravada, da certidão da 
respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do 
agravante e do agravado; 
 FACULTATIVAMENTE - com outras peças que o agravante entender úteis. 
Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e 
do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos 
tribunais. 
 
JUÍZO DE RETRATAÇÃO NO AGRAVO RETIDO – O art. 523, § 2º prescreve que, 
interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá 
reformar sua decisão. 
 
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CAUTELAR NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - O 
inciso III do art. 527 do C.P.C., prescreve que, recebido o agravo de instrumento no 
tribunal, e distribuído incontinenti, o relator poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso 
 21 
(art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão 
recursal, comunicando ao juiz sua decisão; 
 
 
IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS PROFERIDAS EM 
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO QUE CAUSAREM À PARTE LESÃO 
GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – O parágrafo 3º do art. 523 do C.P.C., prescreve 
que das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento 
caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como 
constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do 
agravante. 
 
É por isso que não se considera relevante a menção, feita no caput do art. 523, 
§ 3º, à obrigatoriedade de agravo retido contra as decisões proferidas em audiência de 
instrução e julgamento. Isso porque, havendo urgência, caberá agravo de instrumento, 
pouco importa o momento em que a decisão foi tomada. Não há interesse recursal na 
interposição do agravo retido em situações de urgência. O critério não é cronológico, é 
circunstancial: está relacionado com a aptidão da decisão interlocutória gerar danos 
(DIDIER JÚNIOR; CUNHA, 2006, p. 106). 
 
 
CONVERSÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RETIDO PELO RELATOR – O 
inciso II do art. 527 do C.P.C., prescreve que fica a cargo do Relator a decisão entre 
julgar o agravo de instrumento ou convertê-lo em retido, sendo que se o mesmo não 
vislumbrar as hipóteses do art. 522, parte final do C.P.C., terá obrigatoriamente que 
converter o agravo de instrumento em retido. 
 
Já o parágrafo único deste mesmo artigo prescreve que a decisão proferida nos 
incisos II e III do caput do art. 527 (conversão do agravo, concessão de efeito 
suspensivo ou antecipação de tutela), somente será possível de reforma no momento 
do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. Deste modo 
restará à parte atingida pela decisão o manejo do mandado de segurança, 
comprovando que os requisitos do art. 522 do C.P.C., foram preenchidos, sendo que 
seria direito liquido e certo da parte ter visto seu agravo apreciado. 
 
PROCESSAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO - Como se percebe o 
legislador tornou o Agravo Retido a regra e o de Instrumento a exceção. 
 
 O agravo de instrumento continua sendo dirigido diretamente ao tribunal 
competente, através de petição com os requisitos exigidos pelos artigos 524 e 525 do 
CPC. 
 Quanto a parte interpor o agravo de instrumento deverá, no prazo de 3 dias, 
requerer a juntada, aos autos da cópia da petição do recurso e do seu comprovante de 
interposição, bem como a relação dos documentos que o instruíram (artigo 526, do 
CPC). Vale lembrar, entretanto, que o não cumprimento do disposto, desde que 
argüido e provado pelo agravado, importará na inadmissibilidade do agravo de 
instrumento (parágrafo único do artigo 526, do CPC). 
 
 O agravo de instrumento será recebido no tribunal e distribuído a um 
desembargador relator (artigo 527, do CPC). 
 
 O desembargador relator ao receber o agravo de instrumento poderá (artigo 527 
e incisos, do CPC): 
 22 
 
 negar-lhe seguimento, liminarmente, nos casos do artigo 557, do CPC, isto é, o 
relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, 
improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência 
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal 
Superior. Se a decisão recorrida estiver, entretanto, em manifesto confronto com 
súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de 
Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. Da decisão do 
relator caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o 
julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o 
processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá 
seguimento. Vale destacar que quando for manifestamente inadmissível ou 
infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado 
multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a 
interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo 
valor; 
 
 converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de 
provisão jurisdicional de urgência ou houver perigo de lesão grave e de difícil ou 
incerta reparação, remetendo os respectivos autos ao juízo da causa, onde 
serão apensados aos principais, cabendo agravo dessa decisão ao órgão 
colegiado competente; 
 
 atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de 
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua 
decisão; 
 
 requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) 
dias; 
 
 intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu 
advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no 
prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender 
convenientes; nas comarcas sede de tribunal e naquelas cujo expediente 
forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante a publicação 
no órgão oficial; 
 
 após as providências referidas nos itens supracitados, ouvir o Ministério Público, 
se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. 
 
 
Na sua resposta, o agravado observará o disposto no § 2º do art. 525, conforme 
comando do parágrafo único do artigo 527, do CPC. 
 
O desembargador relator, em prazo não superior a 30 dias da intimação do 
agravado, pedirá dia para julgamento. (Art. 528, do CPC). 
 
Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará 
prejudicado o agravo.(Artigo 529, do CPC) 
 
INDEFERIMENTO DE PLANO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO - O relator negará 
seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou 
contrário à súmula do respectivo tribunal ou tribunal superior – art. 557. Desta decisão 
 23 
caberá agravo no prazo de 05 dias, ao órgão competente para o julgamento do 
recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará processo em mesa, 
proferindo voto; provido o agravo o recurso terá seguimento. 
 
 
DO AGRAVO (ARTIGOS 522 A 529) 
 
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na 
forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão 
grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos 
relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua 
interposição por instrumento. 
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. 
. 
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele 
conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. 
§ 1º Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões 
ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. 
§ 2º Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá 
reformar sua decisão. 
§ 3º Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento 
caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como 
constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do 
agravante. 
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.187, de 19.10.2005, DOU de 20.10.2005, em vigor após 
decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial). 
 
Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, 
através de petição com os seguintes requisitos: 
I - a exposição do fato e do direito; 
II - as razões do pedido de reforma da decisão; 
III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo. 
 
Art. 525. A petição do agravo de instrumento será instruída: 
I - obrigatoriamente, com cópias de decisão agravada, da certidão da respectiva 
intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; 
II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis. 
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do 
porte de retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais. 
§ 2º No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no correio 
sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista 
na lei local. 
 
Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do 
processo, de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua 
interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. 
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e 
provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo. 
 
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o 
relator: 
I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; 
 24 
II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de 
decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos 
casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é 
recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; 
III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação 
de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; 
IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 
(dez) dias; 
V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu 
advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 
(dez) dias (art. 525, § 2º), facultando-lhe juntar a documentação que entender 
conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o 
expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante 
publicação no órgão oficial; 
VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, 
mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 
10 (dez) dias. 
Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput 
deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, 
salvo se o próprio relator a reconsiderar. 
 
Art. 528. Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o relator 
pedirá dia para julgamento. 
 
Art. 529. Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator 
considerará prejudicado o agravo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
PRÁTICA FORENSE 
 
 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 04ª Vara de Feitos Tributários desta Capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 024.06.004.286-8 
 
 RICARDO RELLO STRANSKY PENNA, já devidamente qualificado neste 
processo de AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL CUMULADA COM 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS que move contra a FAZENDA PÚBLICA 
ESTADUAL, também já qualificada no processo, vem respeitosamente perante V. 
Exa., por seu advogado abaixo assinado, interpor o presente AGRAVO RETIDO, nos 
termos dos arts. 522 e seguintes do C.P.C., contra decisão de fls. 70, pelos fatos e 
fundamentos a seguir expostos: 
 
 
I - DA EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO E RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA 
DA DECISÃO 
 
 Após o decurso de prazo certificado em fls. 64 em face da inércia da Ré, que 
não apresentou sua contestação, o MM. Juiz abriu vista para as partes especificarem 
as provam que pretendiam produzir, tendo a Ré mais uma vez ficado inerte e o 
Autor/Agravante requerido o seguinte: 
 
 
“RICARDO RELLO STRANSKY PENNA, já devidamente 
qualificado nos autos deste processo, vem respeitosamente 
perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, requerer a 
produção de todos os meios de prova admitidos no Direito, 
depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena de 
confissão, oitiva de testemunhas para demonstrar que o Autor 
nunca foi proprietário ou funcionário da empresa 
COMERCIAL DE LUCA LTDA ou qualquer outra, exames 
periciais, caso haja necessidade, e a juntada de novos 
documentos que se façam indispensáveis à defesa do alegado.” 
 
Não obstante o Autor/Agravante ter requerido a produção de provas em fls. 69, o 
MM. Juiz decidiu em fls. 70: 
 
 26 
 
“Às alegações finais em 30 dias.” 
 
 
 Ora MM. Juiz, o Autor/Agravante ajuizou nos autos da execução fiscal de nº 
024.99.055.041-0, que também tramita nesta vara, uma EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE, tendo sido prolatada decisão que inadmitiu tal instituto sob o 
fundamento de que não era o meio adequado de discussão do débito visto que não se 
admite neste instituto a dilação probatória, apesar de farta prova documental. 
 
 Pois bem. Ajuizada a presente ação anulatória de débito fiscal, onde tem o 
Autor/Agravante a possibilidade de provar por todos os meios de prova admitidos o seu 
direito transcrito na peça exordial, o MM. Juiz abre prazo para as alegações finais, 
saltando a fase de produção de provas, requerida em fls. 69 pelo Autor/Agravante, 
ferindo de morte seu direito de defesa e, consequentemente, instando o cerceamento 
de defesa. 
 
II - DOS PEDIDOS: 
 
 Diante do exposto, requer: 
 
a) Seja essa petição de agravo retido recebida nos termos do artigo 522 e seguintes do 
C.P.C.; 
 
b) Seja a Agravada intimada do presente recurso para contra-minutar, querendo; 
 
c) Seja reformada adecisão agravada, designando este juízo a necessária audiência 
de instrução e julgamento para se provar o alegado na inicial, sob pena de se instalar o 
cerceamento de defesa, ou, mantida esta, permaneça o presente recurso na forma 
retida para que seja preliminarmente conhecido por ocasião da interposição do 
Recurso de Apelação, caso seja necessário, nos termos do artigo 523 do C.P.C., pelo 
Tribunal competente. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 17 de outubro de 2006. 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG – 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
Exmo. Sr. Dr. Desembargador Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado 
de Minas Gerais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 0000771-49.2010.8.13.0079 
COMARCA: CONTAGEM 
VARA: 01ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DE CONTAGEM/MG 
AGRAVANTE: FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA 
AGRAVADO: LOESTER – CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇOS FUNERÁRIOS LTDA 
 
 
 FUNERÁRIA SÃO CRISTOVÃO LTDA, CNPJ – 00.772.419/0001-61, localizado 
na Rua Cecildes Moreira Faria, 135 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG, conforme 
procuração em anexo, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo 
assinado, interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO COM EFEITO SUSPENSIVO E 
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA COM FULCRO NO ART. 527, III C.P.C., 
nos termos do art. 522 e seguintes do C.P.C., contra decisão interlocutória do juízo da 
01ª Vara da Fazenda Pública Municipal de Contagem, pelos fatos e fundamentos a 
seguir expostos: 
 
 
I - DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS 
 
 A Agravante com intuito de participar da licitação, apresentou seus documentos 
de habilitação e sua proposta comercial na forma da Lei e dentro das regras exigidas 
pelo Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, licitação na modalidade de 
CONCORRÊNCIA, com critério de julgamento de “MAIOR OFERTA”, com fulcro no 
art. 15, II da Lei 8.987/95, objetivando a contratação de 02 (duas) empresas, para 
outorga de CONCESSÃO, para prestação de serviços funerários no Município de 
Contagem/MG., conforme especificações constantes neste Edital e seus anexos. 
 
 Em sessão de julgamento dos documentos de habilitação ocorrida no dia 
05/05/2008, a Comissão Especial de Licitação, designada pela Portaria nº 011 de 
16/01/2008, com o objetivo de analisar e julgar os documentos apresentados pelas 
empresas participantes, decidiu inabilitar a empresa Agravante, sob o argumento de 
que apresentava composição acionária em comum com a empresa ASSISTENCIAL 
LUZIENSE LTDA, configurando conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no 
certame, nos termos do art. 90 da Lei 8.666/93, tendo a Agravante que impetrar o 
mandado de segurança nº 079.08.412.371-4, cuja liminar foi deferida apenas para 
determinar às autoridades impetradas que incluíssem a empresa Agravante no rol das 
empresas habilitadas no processo licitatório, abrindo sua proposta na sessão de 
abertura de propostas, designada para o dia 26/05/08, conforme foi feito pelas 
autoridades. 
 
 28 
 Importante registrar que a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA 
manifestou-se nos autos do processo licitatório informando que sua participação no 
certame foi um equívoco que se deveu pela administração independente e a 
localização de sua sede em município diverso da empresa Agravante, informando à 
comissão de licitação que concordava com sua inabilitação. 
 
 Assim, se havia alguma irregularidade esta foi sanada com a retirada do certame 
da empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA. 
 
 Na abertura das propostas a comissão de licitação constatou que as melhores 
propostas foram na seguinte ordem: 
 
 
CLASSIFICAÇÃO EMPRESA VALOR 
01º FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA 480.000,00 
02º ORG. FUN SANTA TEREZINHA LTDA 480.000,00 
03º FUN SÃO LUCAS DE SUZANO LTDA 336.000,00 
04º LOESTER – CONCESSIONÁRIA 312.000,00 
 
 
 Com base na melhor proposta e firme no interesse público, a comissão de 
licitação declarou vencedoras do certame as empresas FUNERÁRIA SÃO 
CRISTÓVÃO LTDA e ORGANIZAÇÃO FUNERÁRIA SANTA TEREZINHA LTDA, em 
01º e 02º lugar respectivamente. 
 
 Esta decisão motivou a Agravada impetrar o mandado de segurança nº 
079.08.421.956-1, que teve liminar deferida para suspender a licitação, vindo a 
sentença excluir do certame a empresa ORGANIZAÇÃO FUNERÁRIA SANTA 
TEREZINHA LTDA, que apelou desta decisão. 
 
 Como a comissão de licitação reconsiderou sua decisão, redundando a 
declaração que declarou a Agravante vencedora do certame na convalidação do ato de 
inabilitação, decidindo pela regularidade documental da FUNERÁRIA SÃO 
CRISTÓVÃO LTDA, decisão tomada em virtude da retratação do ato administrativo, 
visto que a decisão administrativa não transita em julgado, perdera o mandado de 
segurança seu objeto, motivo pelo qual os licitantes firmaram termo de acordo de fls. 
55 com o propósito único e exclusivo das partes litigantes anuírem a desistência do 
processo sem o julgamento do mérito. 
 
 Aqui, toda a discussão gira em torno da legalidade ou não do “Termo de Acordo” 
celebrado entre o Município e a Agravante, bem como, num segundo momento, 
promover a inabilitação desta declarando-se a classificação das licitantes FUNERÁRIA 
SÃO LUCAS DE SUZANO LTDA e a Agravada. 
 
 Diante da urgente necessidade da contratação das empresas concessionárias 
de serviços funerários a fim de se garantir a prestação do serviço que estava sendo 
licitado, idealizou-se a contratação de apenas uma empresa tendo em vista que 
segunda empresa a ser contratada seria a licitante ORGANIZAÇÃO FUNERÁRIA 
SANTA TEREZINHA LTDA que por força de decisão judicial havia sido declarada 
inabilitada. 
 
 Quanto à primeira colocada, Funerária São Cristóvão Ltda, o único óbice a ser 
superado para a assinatura do contrato era a existência de mandado de segurança que 
 29 
havia sido impetrado por esta para garantir a sua habilitação. Assim, tendo sido a 
Agravante declarada vencedora do certame, foi acordado a desistência do mandado de 
segurança em face da perda de seu objeto. 
 
 É necessário que fique bem claro que no “acordo” foi firmado apenas para que a 
Agravante desistisse do processo com a anuência das autoridades impetradas, 
condição imposta pela Comissão de Licitação para a assinatura do contrato com a 
Agravante, primeira colocada no certame. 
 
 Assim, o que garantiu a habilitação da licitante Funerária São Cristóvão Ltda não 
foi o “acordo, conluio, conchavo” e nenhum outro crime que as autoridades tidas por 
coatora possam ser acusadas pela Agravada ou a decisão liminar, mas a desistência 
expressa da licitante Assistencial Luziense Ltda, fato que pôs um “pá de cal” na 
discussão acerca da prejudicialidade do caráter competitivo do certame, o que motivou 
a administração pública declarar habilitada e vencedora do certame a Agravante. 
 
 O Procurador Geral Adjunto, Dr. Santos dos Reis Castro em fls. 131/135, aponta 
as justificativas que levaram a Comissão Especial de Licitação a adjudicar o objeto da 
Concorrência Pública nº 001/2008 – PA nº 024/2008, à empresa Funerária São 
Cristóvão Ltda, primeira colocada no certame, justificando que, dentre as condições 
previstas no edital para a participação no processo licitatório, não há qualquer restrição 
no sentido de que as empresas interessadas não possam ter sócios em comum. 
 
 Assinado o contrato, prestando a Agravante a caução prevista no edital no valor 
de R$21.000,00 (vinte e um mil reais), bem como efetivando o pagamento da 01ª 
parcela do contrato de concessão no valor de R$7.000,00 (sete mil reais), conforme 
comprovantes em anexo, foi o contrato assinado no dia 22/01/2010, o que gerou o 
mandado de segurança nº 0000771-49.2010.8.13.0079, obtendo liminar para 
suspender o procedimento administrativo nº 024/2008 da Concorrência pública nº 
001/2008 para a concessão dos serviços funerários até decisão meritória, ou, se já 
assinado o contrato, a suspensão deseus efeitos até decisão final. 
 
 Está é a decisão guerreada. 
 
 
II - DA DECISÃO AGRAVADA 
 
 Apesar da lisura do processo licitatório, fato não observado pelo juiz a quo, este 
deferiu liminar para suspendê-lo, e, se assinado o contrato, conforme é o caso, a 
suspensão de seus efeitos, vejamos: 
 
 
“Ante o exposto, DEFIRO A LIMINAR, para determinar a suspensão do procedimento 
administrativo nº 024/2008, da Concorrência pública nº 001/2008, para a concessão 
dos serviços funerários, até decisão de mérito, sendo que, caso o contrato de 
concessão, nesta data, já tenha sido assinado, determino a suspensão de seus efeitos 
até decisão final. 
 
Intimem-se, dessa decisão, com urgência, as autoridades coatoras. 
 
Cite-se, como litisconsórcio ativo necessário, a empresa São Cristóvão Ltda. 
 
Após, dê-se vista ao MP.” 
 30 
III - DO DIREITO E RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO 
 
 
 
a) DO INTERESSE PÚBLICO E DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA 
 
 A Concorrência nº 001/2008, com critério de julgamento de “MAIOR OFERTA”, 
conforme preâmbulo do edital presente em fls. 32, teve como vencedores do certame a 
empresa ORGANIZAÇÃO FUNERÁRIA SANTA TEREZINHA LTDA, classificada em 2º 
lugar, e Agravante FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA, classificada em 1º lugar, 
com as propostas no valor de R$480.000,00 (quatrocentos e oitenta mil reais), contra 
R$312.000,00 (trezentos e doze mil reais) oferecidos pela Agravada LOESTER, 
restando evidente que foi a proposta mais vantajosa para o município, e, atendendo o 
interesse público, foi acertada a decisão da comissão de licitação que reconsiderou sua 
decisão, habilitando-a e declarando a mesma vencedora do certame, registrando que o 
mandado de segurança por ela aviado somente tinha como objeto a abertura de sua 
proposta, ficando a declaração de vencedora à classificação de maior oferta, que foi a 
da Agravante. 
 
 
b) DO ACORDO CELEBRADO E DA HABILITAÇÃO ADMINISTRATIVA DA 
AGRAVANTE POR PARTE DO MUNICÍPIO E COMISSÃO DE LICITAÇÃO 
 
 Diante da gravidade dos fatos e da necessidade do Município de Contagem ter a 
urgente prestação dos serviços licitados, bem como a supremacia do interesse público, 
que norteiam a Administração Pública, visto que as empresas FUNERÁRIA SÃO 
CRISTÍVÃO LTDA E ORGANIZAÇÃO FUNERÁRIA SANTA TEREZINHA LTDA, 
vencedoras do certame, apresentaram propostas muito superiores aos valores 
apresentados pelas demais empresas participantes do certame, o município de 
Contagem, representado por seu Secretário de Administração Adjunto, Sr. CARLOS 
HAMILTON FERREIRA, registrou ter aceitado administrativamente a declaração de 
habilitação da FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA, acordaram na desistência do 
mandado de segurança nº 079.08.412.371-4 por sua perda de objeto. 
 
 
“acordaram com o Município, neste ato representado pelo Sr. CARLOS HAMILTON 
FERREIRA, Secretário Municipal de Administração Adjunto e demais participantes da 
reunião, que tendo sido declaradas habilitadas e vencedoras as empresas 
ORGANIZAÇÃO FUNERÁRIA SANTA TEREZINHA LTDA e FUNERÁRIA SÃO 
CRISTÓVÃO LTDA, no processo licitatório nº 024 – Concorrência Pública nº 001/2008 
– e o referido órgão ter aceitado administrativamente a habilitação da funerária 
São Cristóvão Ltda, até mesmo por ser a proposta mais vantajosa para o 
município, ocorreu a perda de objeto do Mandado de segurança nº 079.08.412.371-4, 
motivo pelo qual as partes desistem de prosseguir com o mandado de segurança 
acima citado, com a anuência do Presidente da Comissão Especial de Licitação e da 
Secretaria Municipal de Administração...” (grifo nosso) 
 
 
 Assim, restou demonstrado que tanto o município quanto a comissão de licitação 
habilitaram administrativamente a Agravante, ressaltando, inclusive, o resguardo do 
interesse público por ser a proposta mais vantajosa. 
 
 31 
 Também restou demonstrado que o acordo foi firmado apenas para registrar que 
habilitadas e vencedoras do certame as empresas citadas acima, o mandado de 
segurança perdera seu objeto, prescindindo da anuência das partes o requerimento de 
extinção do feito, o que constou no referido acordo. 
 
 Desta forma, não houve a homologação de acordo na sentença que extinguiu o 
mandado segurança, mas a extinção do feito com a anuência das autoridades tidas 
como coatoras. 
 
 
c) DA CONVALIDAÇÃO, CONVENIÊNCIA, SUPREMACIA DO INTERESSE 
PÚBLICO E DISCRICIONARIEDADE 
 
 O mestre DIOGENES GASPARINI ensina que há conveniência sempre que o 
ato interessa, convém ou satisfaz ao interesse público. Assim o ato administrativo 
discricionário, além de conveniente, deve ser oportuno. 
 
 Um dos princípios norteadores da Administração pública é o da supremacia do 
interesse público, assim, deve prevalecer o que melhor for para os munícipes da cidade 
de Contagem. 
 
 Lado outro, o instituto da convalidação não representa uma afronta ao princípio 
da legalidade, considerada em seu sentido lato, uma vez que a Administração Pública 
estará agindo em conformidade com o direito, preservando o interesse público pela 
restauração da legalidade do ato. 
 
 O artigo 55 da Lei nº 9.784/99 referenda bem a importância da convalidação no 
direito público, sendo que é condição sine qua non a AUSENCIA DE LESÃO AO 
INTERESSE PÚBLICO. Assim, o melhor preço apresentado pela Agravante demonstra 
a presença do interesse público na decisão da Administração que a declarou 
vencedora do certame, não havendo qualquer mácula neste ato. 
 
 
 
IV - DA NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DO AGRAVO COM 
FULCRO NO ART. 527, III DO C.P.C 
 
 A Agravante está tendo enorme prejuízo financeiro, pois, quando da assinatura 
do contrato administrativo, prestou a caução prevista no edital no valor de R$21.000,00 
(vinte e um mil reais), bem como efetivou o pagamento da 01ª parcela do contrato de 
concessão no valor de R$7.000,00 (sete mil reais), conforme comprovantes em anexo, 
tendo feito outros grandes investimentos financeiros para iniciar suas atividades. 
 
 Lado outro, o Município de Contagem, na certeza da concessão do serviço 
funerário a empresas particulares, conforme licitação feita pelo Edital nº 001/2008, 
processo nº 024/2008, licitação na modalidade de CONCORRÊNCIA, com critério de 
julgamento de “MAIOR OFERTA”, com fulcro no art. 15, II da Lei 8.987/95, objetivando 
a contratação de 02 (duas) empresas, para outorga de CONCESSÃO, para prestação 
de serviços funerários no Município de Contagem/MG., não foram feitos investimentos 
no setor, ficando o município sem uma estrutura física e humana descente para a 
prestação deste serviço. 
 
 32 
 Declara o Município, conforme documento em anexo, que a atual estrutura 
existente “encontra-se em estado precário, os veículos de cortejo não respondem a 
manutenções devido ao tempo de utilização, inexistência de mão-de-obra capacitada 
para a preparação e ornamentação de corpos, inexistência de local adequado que 
atenda as normas sanitárias para a preparação e ornamentação de corpos, falta de 
materiais diversos para tal procedimento. 
 
E mais, “mediante a assinatura do Contrato Administrativo para a concessão em 
22/01/2010 com a primeira colocada do certame, a precária estrutura existente foi 
desmontada, desarticulada, ficando o município totalmente impossibilitado de retorno 
da prestação deste serviço que requer bom atendimento aos munícipes que dele 
necessita fazer uso.” 
 
 Assim, restou demonstrado o caos que se instalou no município de Contagem, 
que está sem o serviço funerário, que compromete inclusive a ordem pública, a saúde 
pública e a segurança pública, sendo imperioso que se casse a liminar que suspendeu 
o contrato administrativo já em execução, demonstrado o periculum in mora e o fumus 
bonis juris. 
 
 
 
V - DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer a este Egrégio Tribunal julgue procedente o presente 
AGRAVO DE INSTRUMENTO, DANDO-LHE O EFEITOSUSPENSIVO, 
ANTECIPANDO-LHE A TUTELA a fim de reformar in limine a decisão combatida de 
fls. 162/166 para manter o contrato administrativo nº 168/2009/Licitação em execução, 
evidenciado o prejuízo do Agravante, do Município de Contagem e dos munícipes, 
conforme relatório do serviço funerário municipal de Contagem em anexo. 
 
 
 Enfim, seja feita a Justiça. 
 
Belo Horizonte, 12 de fevereiro de 2010. 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG - 70.397 
 
 
 
Henrique Calazans Lopes de Campos 
OAB/MG - 22.909-E 
 
 
 
 
 
RELAÇÃO DE DOCUMENTOS: 
 
- Cópia de todo o processo; 
- Procuração da Agravante; 
- Procuração da Agravada; 
 33 
- Cópia da decisão agravada; 
- Cópia da certidão da intimação da decisão agravada; 
- Cópia do contrato administrativo nº 168/2009/Licitação; 
- Comprovante de pagamento da caução e 01ª parcela do contrato; 
- Cópias de iniciais, liminares, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 03ª Vara da Fazenda 
Pública Estadual da Comarca de Belo Horizonte/MG. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: 1163004-44.2010.8.13.0024 
 
EDMAR CAMILO BENTO, já devidamente qualificado nos autos deste 
processo, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, nos 
termos do art. 526 do C.P.C., requerer a juntada de cópia da petição do Agravo de 
Instrumento e comprovante de sua interposição, contra decisão de fls. deste juízo, 
informando que o mesmo foi instruído com cópia da decisão agravada, cópia da certidão 
da respectiva intimação, cópia da procuração outorgada ao advogado do Agravante e 
demais peças do processo. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, 26 de julho de 2010. 
 
 
André Luiz Lopes 
OAB/MG – 70.397 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
REFERÊNCIAS 
 
BUENO, Cassio Scarpinella. Mandado de segurança. São Paulo: Saraiva, 2002. 
CARVALHO, Fabiano. A conversão do agravo de instrumento em agravo retido na 
reforma do Código de Processo Civil. Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 428, 8 set. 2004. 
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5660>. Acesso em: 10 out. 
2004. 
JORGE, Flávio Cheim; DIDIER JUNIOR, Fredie; RODRIGUES, Marcelo Abelha. A nova 
reforma processual - comentários às Leis nº 10.317/2001, 10.352/2001, 10.358/2001 e 
10.444/2002. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
DIDIER JUNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de direito 
processual civil. Meios de impugnação às decisões judiciais e processos nos tribunais. 
Salvador: JusPodivm, v. 3, 2006. 
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil. Teoria geral dos 
recursos, recursos em espécie e processo de execução. 2. ed. São Paulo: Atlas, v. II, 
2006. 
NEVES, Frederico Ricardo de Almeida. Agravo retido como recurso regra. Palestra 
proferida no V ENCONTRO REGIONAL ESMAPE, realizado no dia 25 de novembro de 
2005, no Salão Gilberto Freire, do Atlante Plaza Hotel, Recife/PE. Disponível em: 
<www.tjpe.gov.br/.../artigos/arquivos/AGRAVO%20RETIDO%20COMO%20RECURSO
%20REGRA%20-%20Des%20Fred.doc>. Acesso em: 04 maio 2006. 
ROCHA, Felippe Borring. Considerações iniciais sobre as últimas alterações no recurso 
de agravo. Jus Navigandi, Teresina, a. 10, n. 857, 7 nov. 2005. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7557>. Acesso em: 23 dez. 2005. 
SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de direito processual civil. 10. ed. São Paulo: 
Saraiva, v. 1, 2003. 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 43. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, v. I, 2005. 
ATHOS GUSMÃO CARNEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
APELAÇÃO 
 
CONCEITO – É o recurso oponível contra sentenças dos juízes de primeiro grau de 
jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais do segundo grau, visando a 
obter uma reforma total ou parcial da decisão combatida, ou mesmo sua invalidação, 
sendo sentença ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 
269 do C.P.C – arts. 162, § 1º e 513 do C.P.C. 
 
CABIMENTO – Contra sentença com julgamento de mérito ou sem julgamento de 
mérito. 
 
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO – 15 dias da intimação da sentença – art. 508 do 
C.P.C. 
 
REQUISITOS – O Apelante deve manifestar seu recurso através de petição dirigida ao 
juiz de primeiro grau contendo: art. 514 do C.P.C. 
 Os nomes e a qualificação das partes; 
 Os fundamentos de fato e de direito; 
 Pedido de nova decisão. 
 
EFEITOS – Art. 520 do C.P.C. 
Suspensivo; 
Devolutivo quando: 
 Homologar a divisão ou a demarcação; 
 Condenar à prestação de alimentos; 
 Decidir o processo cautelar; 
 Rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; 
 Julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
 Confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; 
 Decretar a interdição. 
 
 
A Apelação poderá ser recebida em ambos os efeitos. Recebida só no efeito 
devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da 
sentença, extraindo a respectiva carta – art. 521 do C.P.C. 
 
Pode o relator, a pedido do apelante, determinar a suspensão do cumprimento 
da sentença, até que o tribunal julgue o recurso (art. 558, parágrafo único do C.P.C). O 
pedido deverá demonstrar a ocorrência de risco de lesão grave e de difícil reparação. 
 
IRRECORREBILIDADE DA SENTENÇA PROFERIDA EM CONFORMIDADE COM 
SÚMULA DO STJ OU DO STF – O juiz não receberá o recurso de apelação quando a 
sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do 
Supremo Tribunal Federal - art. 518, § 1º. 
 
JULGAMENTO DO MÉRITO, EM RECURSO DE APELAÇÃO, QUANDO O 
PROCESSO TIVER SIDO EXTINTO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO – o artigo 515, 
§ 3° do C.P.C., prescreve que, nos casos de extinção do processo sem julgamento do 
mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão 
exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. 
 
 
 
 37 
DA APELAÇÃO (ARTIGOS 513 A 521) 
 
Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269). 
 
Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá: 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
II - os fundamentos de fato e de direito; 
III - pedido de nova decisão. 
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994, DOU de 14.12.1994, em 
vigor sessenta dias após sua publicação). 
 
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões 
suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por 
inteiro. 
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas 
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. 
§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal 
pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e 
estiver em condições de imediato julgamento. 
§ 4º Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a 
realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, 
sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. 
 
Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, 
ainda não decididas. 
 
Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas 
na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
 
Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, 
mandará dar

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