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Direito Muçulmano

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O sistema de direito muçulmano é um sistema autônomo de direito religioso propriamente dito cuja base principal é o Corán. O Direito Muçulmano foi o fundamento e o fator mais dinâmico para a consolidação da ordem social e da vida comunitária dos povos muçulmanos.
Veremos as Principais fontes do Direito Muçulmano como são: O Corán, livro sagrado do Islã; A Sunna, ou tradição relativa ao enviado de Deus, O Idjma, ou consentimento universal da comunidade muçulmana; e O Quiyás, ou raciocínio por analogia. O relacionamento que estes guardam com o Direito Muçulmano, os ritos muçulmanos, bem como sua aplicação nos países muçulmanos e seu relacionamento com o direito canónico entre outras.
O Direito Muçulmano
O sistema de direito muçulmano é um sistema autônomo de direito religioso propriamente dito cuja base principal é o Corán. Em um verdadeiro número de países de tradição muçulmana, esse direito tende, no entanto, a limitar ao estatuto pessoal, o qual pode ser mais bem interpretado de maneira ampla.
O Direito Muçulmano, a diferença dos direitos estudados precedentemente, não constitui um ramo autônomo do conhecimento, senão que é uma das facetas da religião do Islã. Esta se compõe, por um lado, de uma teología que estabelece os dogmas e fixa as crenças do muçulmano; compõe-se, ademais, do char, que prescreve aos crentes o que devem ou não devem fazer. Estreitamente vinculado à religião e a civilização islâmicas, o Direito Muçulmano somente pode ser entendido por quem possua um mínimo de conhecimentos desta religião e da civilização correspondente. Assim, nenhum estudioso do Islã pode ignorar o Direito Muçulmano.
Ao igual que o Judaísmo, o Islã é em essência uma religião da lei “ O Direito Muçulmano foi o fundamento e o fator mais dinâmico para a consolidação da ordem social e da vida comunitária dos povos muçulmanos”.
O Char' ou Char'ia, isto é, “o caminho a seguir”, constitui o que se chama o Direito Muçulmano. Esta ciência indica ao muçulmano como deve ser comportado de acordo com a religião, sem distinguir, em princípio, suas obrigações respeito de seus semelhantes ( esmola, obrigações civis) e suas obrigações com Deus ( prece, jejum, etc.. Este direito centra-se na idéia das obrigações que incumben ao homem, não na dos direitos que lhe possam corresponder.
A sanção ultima das obrigações que se impõem ao crente é o pecado em que incorre seu contraventor. O Direito Muçulmano mal se preocupa, devido a isso, da sanção das normas que prescreve. A mesma razão serve para explicar que o direito muçulmano seja aplicável unicamente aos relacionamentos entre muçulmanos; o princípio religioso sobre o que se baseia deixa de atuar em presença de não muçulmanos.
A concepção islâmica é a de uma sociedade essencialmente teocrática, na que o Estado só se justifica como servidor da religião revelada. Em vez de limitar-se a proclamar os princípios morais ou dogmáticosaos que teriam de conformar seus direitos as comunidades muçulmanas, os juristas e teólogosmuçulmanos elaboraram, sobre a base de revelação divina, um direito detalhado, completo, o adequado a uma sociedade ideal que se estabelecerá em algum dia, quando todo mundo este submetido à religião do Islã.
Principais fontes do Direito Muçulmano
As fontes do Direito muçulmano são quatro:
1.- O Corán, livro sagrado do Islã;
2.-A Sunna, ou tradição relativa ao enviado de Deus.
3.-O Idjma, ou consentimento universal da comunidade muçulmana; e
4.-O Quiyás, ou raciocínio por analogia.
O Corán
O fundamento do Direito Muçulmano, ao igual que toda a civilização muçulmana, é o livro sagrado do Islã, o Corán (Qoran), constituído pelo conjunto de revelações de Lá ao último de seus profetas e enviados, Mahoma.
O Corán constitui a primeira fonte do Direito Muçulmano, mas não é em si mesmo um livro de figh, nem também não Um código de Direito muçulmano. As disposições de natureza jurídica que contém são insuficientes para constituir um código, e algumas das instituições fundamentais do Islã não aparecem nem sequer mencionadas nele.
Por outro lado, o juiz muçulmano não está obrigado a interpretar o Corán; os doutores levaram a cabo uma interpretação autentica do mesmo, e o juiz deve ser referido às obras destes doutores.
A Sunna
Esta representa o modo de ser e de conduzir do Profeta, cuja lembrança deve servir de script aos crentes. Está constituída pelo conjunto do h'adith, isto é, as tradições relativas aos atos e palavras de Mahoma, segundo foram transmitidos por uma corrente ininterrumpida de intermediários.
Destacam-se dois grandes doutores na investigação e verificação do h'adith, que foram O-Bokhari eMoslem, de cujo trabalho se puderam estabelecer a solidez da base da fé muçulmana.
O Idjma
É a terceira fonte do Direito Muçulmano e está constituído pelo acordo unânime dos doutores. Nem oCorán nem a Sunna, pese à extensão adquirida por esta podiam oferecer resposta a todos os problemas. Para pôr remédio a sua insuficiência no caso em que não se encontrasse resolvida uma questão, e para explicar certas aparentes derrogações à doutrina, se desenvolveu o dogma da infactibilidad da comunidade muçulmana quando a opinião desta é unânime.
“Minha comunidade nunca será unânime no erro”; “Aquele que segue um caminho diferente ao dos crentes está condenado ao inferno”. O Idjma fundado em #dois máximas, permitiu conferir autoridade a soluções que não podiam ser derivado diretamente do Corán nem da Sunna.
Considerando o Idjma como fonte do Direito Muçulmano, é importante ter em conta as seguintes observações:
Para que o Idjma admita uma norma jurídica, não é necessário que a multidão de crentes lhe preste sua adesão ou que responda ao sentimento unânime de todos os membros da comunidade.
O idjma não tem nada que ver com o costume de nosso direito. A unanimidade requerida é a das pessoas competentes, a daqueles cuja missão consiste em elaborar e revelar o Direito: Os jurisconsultos do Islã (fouqha). “ Os sábios são os herdeiros dos profetas”; o acordo de Doutores e jurisconsultos, misturando tradição, costume e prática admitida mediante seu acordo unânime uma força autentica para valer jurídica.
Os Ritos Muçulmanos
As regras de unanimidade são compatíveis no Islã com certas divergências, secundárias, por seu posto, se comparam-se com o que é admitido por todos. No seio da comunidade muçulmana reconhece-se a existência de diferentes vias (madhad), denominadas comummente “ritos”, a cada um dos quais constitui uma verdadeira escola que interpreta a seu modo o Direito Muçulmano.
Estes ritos constituíram-se durante o século II de Hèjira. Uns se consideram Ortodoxos e outrosHetordoxos, do mesmo modo que há, no seio da cristandade, ritos considerados por Roma como católicos e outros heterodoxos.
Os ritos ortodoxos ou “sumitas” são quatro:
 Rito Hanefí, fundado pelo íman Abu Hanifa; esta conta com o maior número de fiéis #lhe, sei exitiendepor Egito, Paquistan, Índia, Turquia;
 Rito Malequí, fundado pelo íman Málic; é ele os muçulmanos de Africa do Norte e Africa Ocidental;
 Rito Xafeí, fundado pelo íman O Xafei; domina na Síria, Indonésia e costa oriental de Africa;
 Rito Hanbalí, fundado pelo íman Ibn Hanbal; predomina especialmente em Arabia.
O principal rito heterodoxo é o xiïta, que predomina no Irã e no Iraque. Os xiitas distinguem-se dos sunitaspor sua concepção do califato, vinculada, sem dúvida, à tradição monárquica de Persia.
O rito wahabita observa-se em Arabia Saudita; o rito abadita ou harigita, no M'zab, em Djerba, sobre a costa oriental de Africa e Zanzíbar.
As divergências existentes entre os diferentes ritos referem-se a numerosos pontos de detalhe. No plano dos princípios, choca a extraordinária semelhança existente entre os diferentes ritos, incluídos os ritosheterodoxos.
Importância Do Idjma Para O Direito Muçulmano.-
O Corán e a Sunna são fontes fundamentais, já que a partir das mesmas, os doutores do Islã precisaram as normas da Char'ia. Mas hoje em dia só representam fontes históricas, o juiz não está obrigado a consultardiretamente ao Corán ou à Sunna, já que uma interpretação infalible e definitiva os mesmos foi levada a cabo mediante o Idjma.
O Idjma é atualmente a única base dogmática do Direito Muçulmano. Esta terceira fonte do direito muçulmano, o Idjma, desfruta de uma importância prática excecional. A aplicabilidade real de todas as regras do fiqh, qualquer que seja sua origem, de deva a que foram consagradas por Idjma.
O Taqlid.-
Propõe de deve ser reconhecido a autoridade dos doutores das gerações passadas; está-lhe proibida a interpretação autônoma das fontes. Assim as mesmas obras servem, desde faz séculos, de manuais de ensino do Direito Muçulmano. Os autores recentes não contribuem nada ao sistema. Toda missão da doutrina consiste em fazer a exégesis das obras clássicas; apaga-se a personalidade dos autores, como o único que se permite é reunir, comparar, esclarecer e explicar as soluções propostas pelos grandesjurisconsultos do passado sem contribuir a sua doutrina nenhum novo desenvolvimento corretivo.
O Fiqh
É um sistema doctrinal, fundado sobre a autoridade das fontes reveladas ou cuja infalibilidad foi reconhecida. O Direito Muçulmano, estabelecido a modo de dogma no século X de nossa era, é inmutable; o Islã não reconhece nenhuma autoridade com poder do modificar.
Nos Estados Muçulmanos, os governantes não desfrutam de poder para criar o Direito e legislar; só podem elaborar regulamentos administrativos, dentro dos limites consentidos pelo Direito Muçulmano e nas esferas que esse lhe permita, sem entrar em conflito com ele.
Como o Direito Muçulmano apresenta-se como um direito fechado, como um sistema em que há resposta para
todas as questões que possam ser proposto, foi necessário prever um procedimento capaz de regular, no futuro, todas aquelas hipóteses para as que nos oferece uma solução determinada o fiqh.
O Fiqh E A Sociedade Moderna.-
O fiqh não constitui um corpo adaptado às necessidades de uma sociedade moderna. Não contém a regulamentação de verdadeiro número de instituições que parecem necessárias nessas sociedades; por outra parte, numerosas normas do fiqh podiam ser satisfatórias em sua época, hoje podem parecer-nos/parecê-nos trasnochadas e até extravagantes.
Caraterísticas Do Direito Muçulmano.-
O fato de que a ciência jurídica muçulmana se tenha formado e consolidado durante a Alta Idade Média explica certos rasgos do Direito Muçulmano: O caráter arcaico de algumas de suas instituições, seu aspeto místico e sua ausência de sistematização.
Não obstante, a caraterística essencial é a originalidad total que apresenta o Direito Muçulmano, por sua própria natureza, quando se lhe compara com os restantes sistemas jurídicos, de modo geral, e com o Direito Canónico, designadamente.
Em primeiro lugar, originalidad em relacionamento com os demais sistemas jurídicos, de modo geral. Sistema fundado no Corán, que é um livro revelado, o Direito Muçulmano, deve ser considerado totalmente independente dos demais sistemas jurídicos, que não têm a mesma fonte.
As semelhanças que possa apresentar em algum aspeto com outros sistemas jurídicos pelo que respeita às soluções oferecidas só podem ser atribuídas, segundo a ortodoxia muçulmana, a simples coincidências; não se trata, em nenhum
caso de legados recebidos pelo Direito Muçulmano do pensamento estrangeiro.
O Direito Muçulmano E O Direito Canónico.-
O Direito Muçulmano, como o Canónico, é o Direito de uma igreja no sentido original, isto é, como comunidade de crentes. Por encimo deste paralelismo existem diferenças fundamentais entre ambos direitos.
O Direito Muçulmano, até em seus detalhes, é parte integrante da religião islâmica; participa do caráter revelado desta, não existe, por tanto nenhuma autoridade no mundo que possa o modificar. Quem não obedece as normas do Direito Muçulmano, é um pecador que se expõe, assim mal ultramundanas; quem discute uma solução ditada pelo Direito Muçulmano, é um herege que se separa da comunidade islâmica.
Como consequências de todos estes rasgos, o Direito Muçulmano se opõe ao Direito Canónico das sociedades cristãs. O cristianismo propagou-se em uma sociedade com um alto nível de civilização e dentro da qual o Direito desfrutava de um grande prestígio. proclamou dogmas e princípios morais novos, mas não se interessou na organização da sociedade.
A igreja não só considerou inútil elaborar um Direito cristão sustitutivo do romano, senão que não se achou autorizada ao fazer. O Direito Canónico não é um direito fechado, o mesmo que não é um direito de revelado. A violação de suas normas não expõe necessariamente ao cristão a sanções no outro mundo.
Adaptação Do Direito Muçulmano
Ao Mundo Moderno
O Direito Muçulmano é inmutable e deve fazer questão deste aspeto do mesmo. Mas certamente é, que ao próprio tempo, lhe sobram recursos para fazer frente às novas necessidades. Junto a seuinmutabilidad, deve ser feito ressaltar sua flexibilidade.
Isto quer dizer que embora é inmutable, permite o jogo do costume, do acordo dos particulares, da regulamentação administrativa, com o qual é possível chegar a soluções que dão satisfação às necessidades de qualquer sociedade e permitem, designadamente, a edificación de uma sociedade moderna. Só em modo excecional, suposta uma organização adequada, o caráter arcaico de certas instituições ou normas do Direito muçulmano suporá um obstáculo para dita solução.
O Costume.-
Numerosas sociedades muçulmanas, nas que se aceita como artigo a fé a excelência e autoridade do Direito Muçulmano, viveram durante séculos e continuam vivendo ainda baixo o império do costume. Esta não está integrada no Fiqh e, em termos estritos, nunca fez parte integrante do Direito Muçulmano; de outro modo, tivesse que renunciar a um dos carateres fundamentais deste, isto é, sua uniformidade para toda a comunidade dos crentes. Agora bem, o que o costume não esta integrada no Fiqh não significa que esta condenada pelo Direito Muçulmano.
A expansão do Islã no mundo foi possível graças a esta atitude liberal e ao fato de não exigir o sacrifício dos modos de vida consagrados pelo costume.
A Convenção
O Direito Muçulmano contém muito escassas disposições imperativas e deixa uma ampla margem para a iniciativa e a liberdade do homem. Deste modo é possível que quem desejam, mantendo sua fidelidade ao Islã, modernizar as normas de vida social, recorram ao procedimento da Convenção. ”Não constitui um delito levar a cabo convenções à margem do prescrito pela lei, afirma o H'adith. Mediante as convenções podem ser introduzido mudanças muito importantes nas normas que o Direito muçulmano propõe, mas não impõe”.
Em virtude deste princípio, a jurisprudencia dos países muçulmanos admitiu que os esposos podem, ao contrair casal, estipular validamente o autor repúdio da própria esposa, que exerce, assim, uma prerrogativa do esposo, ou a atribuição desta faculdade supondo que o marido não respeite a monogamiapactuada, etc. O estatuto matrimonial e familiar modificou-se profundamente, especialmente na Síria, como resultados destas convenções. Sobre o alcance destas derrogações pesam certas ambigüedades.
Em oposição aos muçulmanos de rito xiïta, os sunitas não admitiram, por exemplo, a possibilidade de estipular certas condições, tais como o caráter temporário do casal ou o estabelecimento de um regime de comunidade de bens entre os esposos. As possibilidades evolutivas do Direito muçulmano como resultado das convenções privadas é, pese a tudo, considerável. Nada mais fácil e usual que supor aos indivíduos uma intenção contratual, inclusive embora se trate de uma pura ficção.
O Direito de obrigações inglês fornece um exemplo muito conhecido ao respeito. Em ocasiões, ajurisprudencia dos países muçulmanos atuou como a inglesa. Assim, em Java, o juiz religioso pôde supor a existência de uma sociedade comercial entre os esposos para descartar o regime matrimonial do Fiqh e aplicar o sistema consuetudinario.
Estratagemas Jurídicas E Ficções.-
Junto ao costume e a convenção, outra possibilidade dedescartar soluções arcaicas oferece-a o recurso de Estratagemas Jurídicas (hiyal) e as Ficções.
A Char'ia exige o respeito à letra da lei, antes que a seu espírito; o Cadí só considera o aspeto externo e não deve ser preocupado da consciência nem das intenções escondidas depois dos atos que se lhe submetem. Pode ser privado muitas normas do Direito Muçulmano, sem que seja suscetível a violação das mesmas. Assim o Direito Muçulmano, proíbe o empréstimo com interesse; mas poderá ser escapado desta proibição recorrendo a uma dupla venda, ou dando ao credor, como garantia, o desfrute de um bem que produza frutos. Será possível, por outro lado, considerar que a proibição do empréstimo com interesse só concierne a pessoas físicas: Os bancos, caixas de poupanças e sociedades se verão assim libertados desta norma.
Intervenção Do Príncipe.-
Um procedimento constantemente empregado para adaptar o Direito Muçulmano às condições da vida moderna foi o da Intervenção do Governante. O Soberano, já seja um monarca ou um parlamento não é, na concepção islâmica, o amo, senão o Servidor do Direito. Não pode por tanto legislar, no entanto possui um poder de polícia (siyasa) e deva cuidar designadamente, pela boa administração da justiça.
O Direito Muçulmano reconhece a legitimidade das medidas regulamentares que podem adotar com tal fim as autoridades. Fez-se constantemente um grande uso deste poder. A ortodoxia exige, sem dúvida, que se exerça dentro do enquadramento das normas prescritas pelo direito sagrado do Islã.
Os teólogos, se tradicionalmente dedicavam-se a vituperar a impiedad da sociedade civil, não proclamaram, no entanto, a necessidade de rebelar contra os governantes; sua reação foi moderada, já que teoricamente continuava-se reconhecendo a superioridade e excelência do Direito Muçulmano
Aplicação do Direito Muçulmano
Nos Países Muçulmanos
Desde Marrocos até Indonésia, desde a República Soviética da Ásia Central e Albânia a Zanzíbar e Guiné, mais de 400 milhões de muçulmanos constituem a maior parte da população em uma trintena de Estado, bem como minorias importantes de outros. Nenhum desses Estados está regido de modo exclusivo pelo Direito Muçulmano. Em todos eles, o costume ou a legislação contribuem complementos ou derrogações a esse direito, embora fique proclamada sua autoridade de princípio.
É preciso não confundir o Direito Muçulmano, Direito Religioso com os Direitos Positivos dos países muçulmanos, e é preciso também, se não quer ser incorrido em confusão de evitar atribuir aos mesmos o nome de direitos muçulmanos.
Ao igual que ocorre nos países cristãos, as sociedades civis não se confundem nunca no Islã com as sociedades religiosas; viveram sempre baixo o império de costumes ou de leis que se apoiavam sobre os princípios do Direito Muçulmano e que reservavam a estes um posto importante.
Organização Judicial.-
O ideal muçulmano, que consiste em fundar a identidade da comunidade dos crentes e da sociedade civil, nunca foi realizada. Um fato prova-no-lo. Em todas partes, encontramos na organização judicial uma dualidade significativa junto à jurisdição do Cadí, que foi criada pelos omeyas, a única legítima segundo o Direito Muçulmano, existiram sempre um ou vários tipos de tribunais que aplicavam os costumes profanasdos países ou os regulamentos promulgados pelas autoridades, e cuja jurisprudencia se afastava em um verdadeiro grau das normas estritas do Direito Muçulmano: Jurisdição da polícia, jurisdição do inspetor dos mercados, jurisdição da equidade do califa ou de seus delegados.
O maior ou menor alcance da concorrência assumida por estas jurisdições podem servir de critério para ver em que medida o Direito Muçulmano se aplica efetivamente em um país tal.
Caraterísticas Da Evolução Contemporânea.-
Nos séculos XIX e XX produziram-se três fenômenos notáveis no que diz respeito ao direito dos países muçulmanos:
O primeiro que é a origem dos outros dois, foi o desenvolvimento inusitado da regulamentação administrativa, que desempenhava até então um papel insignificante.
O segundo está constituído pela recepção em certas esferas e em certos países dos direitos ocidentais.
O terceiro mais recente, é a eliminação em certos países das jurisdições especiais encarregadas até então de aplicar o Direito Muçulmano.
A Codificação Nos Países Muçulmanos
O Direito Muçulmano reconheceu sempre às autoridades a faculdade de promulgar disposições dirigidas a assegurar a boa ordem da sociedade. Este poder foi exercido durante séculos com moderação e sem inquietar para nada aos teólogos do Islã.
Desde faz em um século, as coisas mudaram em muitos países. Fez-se um uso intenso deste poder regulamentar tendo-se desenvolvido desta forma ramos inteiramente novas do direito.
Também, às vezes, ocorreu que, com o pretexto de um regulamento administrativo, se atentou contra normas substantivas que descansam sobre a tradição. Tendo-se reconhecido a necessidade de adaptar a um mundo novo, aceitaram-se estas mudanças sempre que não significaram nenhuma modificação do estatuto pessoal (pessoas, famílias e sucessões) ou à esfera das fundações piedosas, reguladas em detalhe por de o Direito Muçulmano. O movimento não se parou, no entanto, ante essas fronteiras.
Códigos Recentes
A idéia da codificação, que, como vemos, chocou com tantos obstáculos, termino, no entanto, por triunfar em diversos países. A primeira codificação do Direito Muçulmano que atinja força de lei em um Estado, no que se refere ao Direito da família e das sucessões, foi o código civil persa, promulgado desde 1927 a 1935.
Desde então, o exemplo foi seguido por vários países. Promulgaram-se códigos do estatuto pessoal na Tunísia, Marrocos e Iraque, e este previsto pela constituição (Art. 44) da republica islâmica de Mauritânia.
No Egito, sem que se tenha falado de códigos, se introduziram importantes modificações legais em matéria de sucessões AB-intestato e de fundações piedosas; tambien em Angelia, o legislador reformou oregimen da tutela e da ausência; em Paquistan, o Direito de família e de sucessões foram objeto de uma profunda reforma em 1961. Como se vê, em numerosos países se vai abrindo passo uma tendência até faz poucos anos condenada. No entanto, a reticencia com que se contemplou até agora a obracodificadora das normas relativas ao estatuto pessoal não era do todo injustificada.
Decadência Das Jurisdições Tradicionais.-
Este dualismo podia parecer viável enquanto existissem, nos diversos países, dois ordene de jurisdições diferentes para aplicar estes dois sistemas, opostos em seus princípios, seus métodos e sua própria natureza: fundado um sobre o Direito Comparado e a razão humana, o outro sobre o argumento da fé e da autoridade, suscetível o primeiro de uma modificação constante, inmutable por definição o segundo. Em nossos dias, este dique terminou por ceder. Em verdadeiro número crescente de Estados, os mesmos juízes estão chamados a aplicar ao mesmo tempo Direito “moderno” e Direito Muçulmano.
As jurisdições tradições muçulmanas, suprimidas em Turquia a partir de 1924. Também deixaram de existir no Egito (1955), Tunísia (1956) e Paquistão; sua concorrência restringiu-se muito em Iran e esta prevista sua elminacion na Indonésia. A partir de agora, para aplicar a char”ia, como para aplicar os códigos modernos, se vai contar com juristas formados nos modos de raciocínio lógicos e racionalistas dos Direitos de Occidente. Sem dúvida, o Direito Muçulmano vê-se ameaçado pela nova situação que o esteve pela promulgação dos códigos.
Sistemas De Direito Muçulmano:
	Afeganistão
Maldivas, Ilhas
Sistemas Mistos Com A Tradição De Direito Muçulmano:
Sistemas Mistos De Direito Civil E De Direito Muçulmano:
	Argélia
Comoras
Egito
Iraq
Kuwait
Líbano
Líbia
Marrocos
Mauritânia
Síria
Tunísia
Sistemas De Common Law E De Direito Muçulmano:
	Bahrein
Bangladesh
Emiratos Arabos Unidos
Omán
Paquistão
Qatar
Cingapura
Sudão
Sistemas Mistos De Direito Civil, De Direito Muçulmano E De Direito Consuetudinario:Djibouti
Eritréia
Indonésia
Sistemas De Common Law, De Direito Muçulmano E De Direito Consuetudinario:
	Brunei Darussalam
Gambia
Índia
Kenya
Malásia
Nigéria
Sistemas Mistos De Direito Civil, De Direito Muçulmano E De Common Law :
	Arabia Saudita
Irã
Jordânia
Somalia
Iêmen
Diversidade Dos Direitos Atuais
Os direitos positivos dos países muçulmanos, na forma em que se nos apresentam atualmente, diferem grandemente entre si devido à muito diversa contextura dos países muçulmanos e à diversidade de tradições, Egito, Mali, Sem-kiang, Paquistão, Indonésia, diferem em múltiplos aspetos; Persia mostra-se orgulhosa de uma tradição que a islamización por conquistantes de outra raça não fez esquecer. Devido a isso, é muito difícil pintar um quadro geral dos direitos dos países muçulmanos. No entanto, vale a pena sublinhar alguns rasgos gerais. Podem ser distinguido os seguintes grupos de países:
 Um primeiro grupo está constituído pelos países de maioria muçulmana, que se converteram em Repúblicas Socialistas: Albânia, República Socialista da Ásia Central (Kazakstan, Turkmenistán, Uzbekistan, Tadjikistan, Kirghistan), nestes Estados, fundados sobre o princípio do materialismo histórico da doutrina marxista-leninista, a religião do Islã é considerada, pelas autoridades estabelecidas, como um erro. Ninguém se preocupa de conservar o Direito Muçulmano, considerado como uma manifestaçãooscurantista destinada a salvaguardar uma estrutura de classe já ultrapassada.
 Um segundo grupo de países está constituído, ao inverso, pelos Estados menos afetados, pelas idéias modernas. A península arábiga ( Arabia Saudita, Iêmen, Adén, Emiratos do Golfo Pérsico e Afeganistão, na Ásia; Somalia, em Africa, são os representantes mais típicos deste grupo. Em teoria, estes países vivem baixo o império do direito muçulmano, embora de fato estão submetido a um direito consuetudinarioque reconhece a superioridade e a excelência do Direito Muçulmano; mas que, em ocasiões, difere deste.
 Um terceiro grupo está constituído pelos Estados nos que o Direito Muçulmano, mais ou menosamalgamado com o costume, só foi conservado para regular um verdadeiro setor da vida social, o que afeta ao estatuto pessoal e às fundações piedosas, enquanto se adotou um direito “moderno” para reger os aspetos novos dos relacionamentos sociais.
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Em Conclusão o Direito Muçulmano é parte integrante da religião islâmica; é inmutable, participa do caráter revelado desta, não existe, por tanto nenhuma autoridade no mundo que possa o modificar. Quem não obedece as normas do Direito Muçulmano, é um pecador que se expõe, assim mal ultramundanas; para o Direito Musulman o Soberano, já seja um monarca ou um parlamento não é, na concepção islâmica, o amo, senão o Servidor do Direito. Não pode por tanto legislar, no entanto possui um poder de polícia (siyasa) e deve cuidar designadamente, pela boa administração da justiça.
É por isso que o Direito Muçulmano, e as categorias e conceitos tomados dos Direitos ocidentais e dos métodos de raciocínio e formas de pensamentos próprios da tradição jurídica musulmána conservam e conservassem durante muito tempo todo seu interesse, desde o ponto de vista internacional e do Direito Comparado

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