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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/386337238 ANAIS DA II JORNADA DE BOTÂNICA E ECOLOGIA E II JORNADA AMAPAENSE DE BOTÂNICA 1ª Edição Macapá -AP 2022 Book · December 2022 CITATIONS 0 READS 84 4 authors, including: Mellissa Sobrinho Federal University of Amapá 18 PUBLICATIONS 254 CITATIONS SEE PROFILE Patrick Cantuaria Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá 120 PUBLICATIONS 417 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Mellissa Sobrinho on 02 December 2024. 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AP 2022 Diagramação e Arte John Laurent Saraiva Ferreira Mellissa Sousa Sobrinho Fotos e Logo Débora Regina dos Santos Arraes Capa Débora Regina dos Santos Arraes John Laurent Saraiva Ferreira Luciano Araujo Pereira Patrick de Castro Cantuária Editoração eletrônica John Laurent Saraiva Ferreira Luciano Araujo Pereira Revisão de formatação John Laurent Saraiva Ferreira Luciano Araujo Pereira Mellissa Sousa Sobrinho UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ Reitora Kátia Paulino dos Santos Vice Reitora Marcela Nunes Videira Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Marcelo da Silva Andrade Coordenador do Curso de Ciências Naturais Darlan Coutinho dos Santos LABORATÓRIO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA Chefe do Laboratório de Botânica e Ecologia Luciano Araujo Pereira COMITÊ CIENTÍFICO/CORPO EDITORIAL Adriano Castro de Brito - Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) Alex Bruno Lobato Rodrigues - Universidade Federal do Amapá Alexandre José Jordão - Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) Ana Angélica Monteiro de Barros - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ana Rita Facundes Rodrigues - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Annelise Frazão - Universidade de São Paulo (USP) Darlan Coutinho do Santos - Universidade do Estado do Amapá (UEAP) Galdino Xavier de Paula Filho - Universidade Federal do Amapá/Campus Mazagão Gerlany de Fátima dos Santos Pereira - Universidade do Estado do Amapá (UEAP) Jadson Coelho de Abreu - Universidade do Estado do Amapá (UEAP) Jakeline Prata de Assis Pires - Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) Janaina Freitas Calado - Universidade do Estado do Amapá (UEAP) Kalyne Sonale Arruda de Brito - Universidade Federal do Amapá/Campus Mazagão Karollina do Nascimento Monteiro - Secretaria Municipal de Educação de São Luis (SEMED/MA) Marcelo Silva Andrade - Universidade do Estado do Amapá (UEAP) Marcos Vinicius Meiado - Universidade Federal de Sergipe (UFS) Mellissa Sousa Sobrinho - Universidade Federal do Amapá/Campus Mazagão Micheline Carvalho-Silva - Universidade de Brasília (UNB) Patrick de Castro Cantuária - Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) Paulo Sergio Mendes Pacheco Junior - Universidade do Estado do Amapá (UEAP) Renan Fernandes Moura - Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Rosany Lopes Martins - Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) Tania Maria de Moura - Instituto Federal Goiano (IFG) Vera Lúcia Gomes Klein - Universidade Federal de Goiás (UFG) COMISSÃO ORGANIZADORA Coordenação Geral Luciano Araujo Pereira Coordenação adjunta Débora Regina dos Santos Arraes Coordenação do Comitê técnico-científico Mellissa Sousa Sobrinho Patrick de Castro Cantuária Coordenação de cerimonial Aline Furtado Simões Barbosa Coordenação de Comunicação e Divulgação em Mídias sociais Juliana Eveline Farias Comissão de Comunicação e Divulgação em Mídias sociais Alessandra dos Santos Facundes Sandy Pacheco da Luz Coordenação de tecnologia da informação e transmissão do evento Alessandra dos Santos Facundes Janaína Freitas Calado Sandy Pacheco da Luz Coordenação do Comitê cultural Ana Cláudia Lira Guedes Mellissa Sousa Sobrinho Coordenação de monitores e minicursos Emanuelle Maria Gomes Castro Francisco Diniz da Silva Rosany Lopes Martins Sandy Pacheco da Luz Coordenação de credenciamento e atendimento a participantes Alessandra dos Santos Facundes Mellissa Sousa Sobrinho Sandy Pacheco da Luz Distribuição Laboratório de Botânica e Ecologia (LABOECO) do Curso de Ciências Naturais Universidade do Estado do Amapá (UEAP) - Campus I Av. Presidente Vargas, nº 650, Centro | CEP: 68.900-070 E-mail: joboeco@gmail.com Informa-se que o conteúdo dos trabalhos é de inteira responsabilidade dos autores. APRESENTAÇÃO A II Jornada de Botânica e Ecologia (JOBOECO) e II Jornada Amapaense de Botânica, coordenadas pelo Laboratório deAMAPÁ Alison P. Magalhães 1 *, Gabriela G. Costa 1 , Libna G. Fernandes 1 , Zenaide P. Miranda 1 , Salustiano V. Costa-Neto 2 1. Universidade do Estado do Amapá; 2. Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá. *alisonmagalhaes429@gmail.com Introdução O manguezal é um ecossistema litorâneo comum em locais onde ocorrem o encontro de ambientes marinhos e terrestres. É possível encontrá-lo em áreas que possuem climas tropicais e subtropicais, onde são suscetíveis a condução das marés (SCHAEFFER-NOVELLI; VALE; CINTRÓN, 2015). É um berçário da vida marinha, e possui a capacidade de comportar uma grande diversidade de espécies aquáticas provenientes de várias partes do oceano, que encontram no mangue um ambiente propício para reprodução e alimentação (AMARAL et al., 2010). As florestas de mangue, além de sua clara similaridade florística e morfológica, exibem grande variabilidade regional, no que diz respeito a sua capacidade de rendimento primário e secundário e à sua propensão de importar ou exportar energia e matéria orgânica. Essas florestas realizam diferentes papéis ecológico, que podem beneficiar socioeconomicamente diversas comunidades de acordo com sua região (LANA, 2004). O desenvolvimento das espécies de mangue nessas áreas é favorecido principalmente pela umidade perene, sedimentação de matéria orgânica e pelas altas temperaturas acima de 20°C (SPALDING, 2010). Os manguezais são conhecidos por espécies arbóreas que apresentam características semelhantes. E dentre essas espécies os gêneros Rhizophora, Avicennia e Laguncularia se destacam, sendo encontrado apenas em regiões tropicais, nas áreas que possuem proximidade continente-oceano, em que ocorre a intervenção diária das marés (MELO; FURLAN, 2005). Estudos que tem como objetivos analisar as estruturas dos manguezais com intuito de comparação, podem ajudar a enfatizar o quanto as mudanças nesse ecossistema podem estar relacionadas com crescimento e a distribuição das espécies (LUZ, 2018). A dominância de uma única espécie, segundo Bernini e Rezende (2004), pode ser consequência da sucessão ecológica no ecossistema de mangue. No entanto, outros autores como Arieira e Cunha (2006), salientam que a monodominância também pode estar ligada a modificações ambientais, causadas pela intervenção humana. Assim este estudo teve como objetivo caracterizar estruturalmente os bosques de mangue da Estação Ecológica de Maracá-Jipioca (EEMJ) no município de Amapá-AP, bem como investigar quais espécies são dominantes. Material e métodos ou Metodologia A área de estudo está localizada na Estação Ecológica de Maracá-Jipioca (EEMJ), em uma região costeira no município de Amapá, estado do Amapá nas coordenadas 01°49‘51" e 02°12‘54" Latitude Norte ; 50°11‘2" e 50°34‘22" Longitude Oeste (ICMBIO, 2017). De acordo com a classificação de Köppen-Geiger, o clima do estado do Amapá é Am, isto é, tropical chuvoso, com chuvas intensas nos primeiros meses do ano, e com uma reduzida estação seca. Esse clima é considerado uma transição do clima equatorial para o tropical (TORRES; MACHADO ,2012, apud ICMBio,2017). Na área de estudo foram distribuídas nove parcelas em áreas de manguezais com diferentes gradientes de inundação, denominadas de bacia, franja e transição, dispostos de forma aleatória, totalizando 0,718 ha de área amostral. A alocação dos transectos ocorreu em quatro localidades: Cidadezinha, Cidade Grande, Paraíso e Inferninho. Foram mensurados todos os indivíduos adultos das parcelas levando em consideração a altura e DAP mínimo ≥ 2,5 cm, medido a 1,30 m ou 30 cm acima da raiz mais alta do suporte. Para a análise estrutural da floresta de mangue encontrada na II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 33 EEMJ, foram considerados os seguintes critérios fitossociológicos: área basal, dominância, abundância, frequência, densidade e índice de valor de importância (IVI). Para comparar as três populações encontradas na EEMJ foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (K-W). Este teste pode ser usado com o objetivo de avaliar se a três populações estudada apresentam função de distribuição iguais, em oposição a hipótese alternativa de que duas ou mais populações possuem distribuição distintas (KRUSKAL; WALLIS, 1952). Resultados e discussão Nas nove parcelas alocadas na EEMJ foram encontradas três espécies de mangue, Rhizophora mangle L. (Rhizophoraceae); Avicennia germinans (L.) Stearn (Achantaceae) e Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn (Combretaceae). No entanto, a única espécie que ocorreu em todas as áreas amostradas foi a R. mangle, com 462 indivíduos. Madi et al. (2016) encontrou em seu estudo uma maior frequência de L. racemosa e menor para A. germinans, a frequência de cada espécie pode variar de acordo com as condições ambientais presentes em cada área estudada. As maiores frequências da espécie foram encontradas nas parcelas 1, 4 e 8, com 71 indivíduos (45,95%). As parcelas com ocorrência de R. mangle que obtiveram maiores frequências de indivíduos foram 8 e 9, com 188 indivíduos (29,23%). A. germinans ocorreu em oito das nove parcelas, o equivalente a 89% de toda área. A espécie com menor frequência foi L. racemosa, ocorrendo em apenas três parcelas (33%),. A parcela 6 obteve a maior frequência dessa espécie, com seis indivíduos (66,67%). A. germinans apresentou os maiores valores médio de DAP 30,93 cm ± 23,99 m e altura 17,59 m ± 9,50 m, seguidos por R. mangle com DAP médio 8,62 cm ± 9,64 m e altura 8,23 m ± 6,10 m. Em todas as parcelas a espécie que obteve os menores valores para todos os parâmetros calculados foi a L. racemosa, com valor médio de DAP 2,47 cm ± 0,96 m e altura 2,33 m ± 0,30m. Matni, Menezes e Mehlig (2003) estudando os bosques de mangue em Bragança/Pará, encontrou resultados diferentes aos deste estudo, com a espécie R. mangle obtendo valores médios de DAP superiores aos de A. germinans e com a L. racemosa obedecendo o mesmo padrão de frequência. Essa variação de DAP das três espécies demonstra que as nove parcelas estudadas se encontram em diferentes estágios sucessionais. A espécie que alcançou maior densidade foi a R. mangle com 79% dos indivíduos ocupando a área, seguido por A. germinans com 19,17% e L. racemosa com 1,04% da representatividade amostral. R. mangle foi a que teve o maior número de indivíduos amostrados, no entanto, A. germinans foi a que alcançou maior dominância e índice de valor de importância. De acordo com Freitas e Magalhães (2012) espécies que possuem baixas densidades e elevados valores de dominância possuem uma condição característica de espécies dominantes solitárias, com quantidades reduzidas, mas separadas com regularidade em grandes áreas. A espécie com maior contribuição de área basal foi A. germinans com 10,46% (Tabela 1). Os elevados valores de área basal encontrados para A. germinans são consequências dos grandes diâmetros que a espécie possui. Esses valores de diâmetro podem retratar as mudanças estruturais em que se encontram os bosques de mangue (MATNI; MENEZES; MEHLIG, 2003). No que se refere a dominância das três espécies encontradas, mais uma vez A. germinans apresentou maior contribuição com 92,24% da área total, na sequência estão R. mangle com dominância de 7,17% e L. racemosa com 0,59%. Também foram constatadas dominância de A. germinans nas fisionomias borda, bacia e costeira no mangue do Golfo de Urabá por Hoyos (2012). Os maiores resultados alcançados com o IVI , foi de 111,81% para A. germinans, seguido por R. mangle (IVI= 87,41%) e L. racemosa (IVI = 1,78%) (Tabela 1). Hipoteticamente a população que possui maior relevância na área, em se tratando de IVI, seráaquela que obtêm melhor desempenho em aproveitar os recursos que são fornecidos por seu meio. Através de cada critério que constitui o IVI é possível saber se a espécie é dominante ou não (MULLER- DOMBOIS; ELLENBERG, 1974; KENT, 2012). A espécie com maior frequência foi a R. mangle, entretanto, a dominante foi A. germinans. Por mais que uma espécie detenha maior quantidade de II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 34 indivíduos, isso não influenciará na dominância e no IVI se essa não investir em altura e diâmetro, uma vez que os cálculos para esses parâmetros fitossociológicos levam em consideração a área basal das árvores (Figura 1). Neves (2014) estudando os manguezais da região do Baixo São Francisco constatou que a espécie R. mangle destacou-se com o maior índice de valor de importância de 61,35%, enquanto L. racemosa apresentou 38,65%. Em ambos os estudos a espécie R. mangle apresentou os maiores índices de frequência e densidade, característica similares às encontrada neste estudo. Tabela 1. Critérios fitossociológicos observados nas florestas de mangue da Estação Ecológica Maracá-Jipióca, município de Amapá, estado do Amapá. Em que UI – unidades amostrais; Ni – número de indivíduos; FA– frequência absoluta; FR - frequência e relativa, DA/R – densidade absoluta e relativa, AB – área basal, DoA – dominância absoluta, DoR – dominância relativa, IVI – índice de valor de importância. Espécie UI Ni FA FR% DA DR% AB (m²) DoA (ha) DoR% IVI% Rhizophora mangle L. 9 462 1 45 71,49 79,79 0,81 12,58 7,17 87,41 Avicennia germinans(L.) 8 111 0,89 40 17,18 19,17 10,46 161,95 92,24 111,81 Laguncularia racemosa (L.) 3 6 0,33 15 0,93 1,04 0,06 1,04 0,59 1,78 Total 9 579 2,22 100 90 100 11,34 176 100 201 O teste de K-W mostrou que houve diferença significativa entre as três populações estudadas, em relação a variável DAP [X² (2) = 107,144; P1 , Larissa C. M. Coutinho 1 , Mayra A. C. Leite 1 , Mirian A. Oliveira 1 , Natálya G. L. Santos 1 , Rafaela N. Marques 1 , Ridelley S. Sousa 1 , Thayná O. Corrêa 1 , Thays R. Peres 1 , Marlon O. Nascimento 2 , Sheylla S. M. S. Almeida 1 , Yasmin M. N. Cardoso 1 . 1. Universidade Federal do Amapá; 2. Instituto Federal do Amapá. *andreza220798@gmail.com Introdução A humanidade desde o início de sua existência sempre se utilizou das plantas para a alimentação, para fins terapêuticos e na agricultura, de maneira instintiva o ser humano sempre buscou maneiras de sobreviver e as espécies vegetais são responsáveis por uma parcela dessa sobrevivência humana. Só o Brasil abriga aproximadamente cem mil espécies de plantas, sendo que duas mil têm valor curativo para doenças (SÁ, 2008). Levando em consideração as espécies de flores tropicais, que são muito relevantes para o setor de floricultura devido às características positivas que apresentam em termos de beleza e durabilidade. Muitas espécies ornamentais tropicais são nativas do Brasil, já que este país apresenta condições edafoclimáticas favoráveis como: clima, umidade, temperatura, tipo de solo, precipitação pluvial e radiação (LUZ, 2013). A floricultura tropical é uma atividade que está em ascensão no Brasil e no mundo por destacar-se como um agronegócio gerador de renda, fixador de mão de obra no campo, sendo adequado como cultura alternativa para pequenos produtores, movimentando anualmente, no mercado mundial, aproximadamente US$ 94 bilhões, mas com uma demanda que é aproximadamente o dobro da atual (SOUSA, 2009). Dentro dessa circunstância, se sobressaem as espécies do gênero Heliconia, por apresentarem características atípicas. O notável potencial de comercialização deste gênero tanto no mercado interno quanto no externo é justamente devido às particularidades presentes na aparência exótica das inflorescências, a vasta variedade de cores e formatos, que resultam em uma produção de flores contínuas, em uma quantidade consideravelmente grande com um alto nível de durabilidade, mesmo depois de cortadas, de maneira que é possível deduzir uma visão promissora na utilização dessas espécies para paisagismo (SOUSA, 2009). As helicôniasnão revelam toxicidade ou efeito inibidor aos fitófagos que são organismos que se alimentam de vegetais, ou seja, estas plantas ornamentais muito belas não apresentam riscos à saúde (SIMÃO; SCATENA, 2004). Podem estar atuando na recuperação de solos que já foram deteriorados, conseguem uma relação coevolutiva com certas espécies de animais, espécies estas que tem relação com o processo de polinização dessas plantas (LAMAS, 2004). No Brasil, cerca de 40 espécies ocorrem de maneira natural e são conhecidas por vários nomes populares, conforme a região, como os seguintes nomes: bananeira-de-jardim, bananeirinha- de-jardim, bico-de-guará, falsa-ave-do-paraíso, bico-de-papagaio, paquevira, entre outros. Como objeto de estudo a espécie escolhida foi a Heliconia psittacorum. (FARIAS et al., 2009). A visualização da espécie consta na Figura 1. Figura 1. Inflorescência da espécie H. psittacorum Fonte: Gardenia (2020) II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 38 A família Heliconiaceae se distribui na América do Sul e Central, ilhas Caribenhas, algumas ilhas do Pacífico Sul (ANDERSON, 1989; SHEELA, 2008). Estas espécies geralmente se desenvolvem melhor em regiões úmidas, entretanto, existem espécies que conseguem se adaptar a secas momentâneas (CRILEY; BROSCHAT, 1992). A família Heliconiaceae apresenta cerca de 200 a 250 espécies, sendo que existem 40 espécies nativas no Brasil (SIMÃO, 2004). Embora existam controvérsias entre diferentes autores, são classificadas mais de 250 espécies de helicônias, além de serem conhecidos alguns híbridos naturais e formas distintas de uma mesma espécie (LAMAS, 2004). As principais espécies cultivadas que são indicadas para o cultivo comercial são: Heliconia angustra, H. psittacorum, H. bihai, H. caribaea, H. stricta, H.rostrata, H. chartacea, H. golden torch, H. wagneriana, H. rauliniana, H. sexy pink e outras (CASTRO et al., 2007). São plantas que apresentam caule não lenhoso, que possuem rizomas subterrâneos, uma característica que facilita sua propagação. As inflorescências podem ser pendentes ou eretas, em um ou mais planos, com diferentes formatos e flores que destilam uma grande quantidade de néctar (LAMAS, 2004). Essas espécies são herbáceas, eretas que atingem a altura de até 10m, dependendo da espécie, tem pseudocaule que é formado pela sobreposição do limbo foliar ou pelo pecíolo, em algumas espécies pode apresentar uma camada de cera branca. As folhas são formadas por um pecíolo e a lâmina foliar, geralmente verde, entretanto, existem espécies que podem ter coloração castanha ou vermelha. No que diz respeito a inflorescência, apresenta um desenvolvimento acelerado, é terminal, ereta, pendular, se compõe por uma raquis alongada, que será o local de inserção das brácteas espadiformes e que terão cores variadas (DANIELS; STILES, 1979; BERRY; KRESS, 1991; CASTRO, 1995). Conforme Estrada et al. (2009), foram relatados em vários estudos a presença de atividade antiofídica nos extratos de Heliconiacurtispatha, levando em consideração esses dados foi realizado um estudo para verificar se a espécie Heliconia psittacorum, que demonstrou capacidade neutralizante parcial ou total da atividade letal, hemolítica indireta, proteolítica, coagulante, mionecrosante e edemizante do veneno de Bothrops asper. Metodologia Coleta e processamento do material vegetal Escolheu-se as folhas da planta H. psittacorum para a análise fitoquímica que foram coletadas no bairro Novo Buritizal, localizado na cidade de Macapá, Estado do Amapá (0°00‘51.4‘‘N 51°04‘47.4‘‘W), nos meses de março a abril de 2015, entre 9h e 10h da manhã. O período da coleta foi durante o inverno no estado do Amapá e por consequência período de constantes chuvas fortes. A coleta das folhas foi executada com o auxílio de uma tesoura de jardinagem, as folhas foram limpas e secadas em papel absorvente, posteriormente envoltas em jornais para serem guardadas em sacolas plásticas até serem transportadas para o Laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) onde se deu continuidade ao processo. Também se produziu uma exsicata para identificação e confirmação da espécie da planta por um especialista-botânico. Preparo do extrato bruto No laboratório foi executado o processo de secagem em estufa para a realização do procedimento de trituração. O material vegetal foi seco em estufa com um desumidificador à temperatura de 47 °C, até as folhas tornarem-se quebradiças. O processo teve duração aproximada de 24 horas consecutivas. Após a secagem, foi efetuada a trituração do material vegetal em triturador elétrico onde ao fim do processo foram obtidos 200g de material seco e moído da folha de H. psittacorum. A quantidade de 140g de material seco e moído foi submetida à percolação contínua com etanol a 90% em três etapas de extrações com a duração de dois dias cada extração e II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 39 ao final foi utilizado quatro litros de etanol a 90%, ao fim de cada etapa de extração seguiu-se a filtração. Após a filtração houve concentração em evaporador rotativo, para obtenção de 17,5g do extrato bruto etanólico. Análise fitoquímica Após a produção do extrato bruto etanólico, foi realizada a análise fitoquímica desseproduto da H. psittacorum, para verificação da presença de metabólitos secundários. O extrato etanólico foi submetido a uma série de reações. Os testes foram executados para os seguintes metabólitos secundários: saponinas, ácidos graxos orgânicos, açúcares redutores, polissacarídeos, esteróides e triterpenos, alcalóides, glicosídeos cardíacos, depsídeos e depsionas, antraquinonas, purinas, flavonoides, catequinas, fenóis e taninos, heterosídeos antraquinonicos, núcleo esteroidal, cumarinas, proteínas e aminoácidos, tais testes foram realizados de acordo com a metodologia de Barbosa (2001). Resultados e discussão Os resultados obtidos foram positivos para os seguintes metabólitos: ácidos graxos orgânicos, esteroides e triterpenos, alcalóides, depsídeos e depsidonas, fenóis, cumarinas e proteínas e aminoácidos. O resultado do total de testes preliminares realizados foi expresso na Tabela 1. Tabela 1. Análise fitoquímica do extrato etanólico de H. psittacorum Testes Resultados Saponinas - Ácidos graxos orgânicos + Açúcares redutores - Polissacarídeos - Esteróides e triterpenos + Alcalóides + Glicosídeos cardíacos - Depsídeos e depsidonas + Antraquinonas - Purinas - Flavonóides - Catequinas - Fenóis e taninos* + Heterosídeos antraquinônicos - Núcleo esteroidal - Cumarinas + Proteínas e aminoácidos + Legenda: (-) ausência, (+) presença, (*) positivo apenas para fenóis. Ácidos graxos orgânicos são frequentemente usados como aditivos alimentares e conservantes para proteger os alimentos da deterioração iminente, incluindo principalmente os ácidos monocarboxílicos e seus derivados (CHERRINGTON et al., 1991). Inicialmente os ácidos graxos foram incorporados à indústria como uma adição para a ração animal com finalidade de ser um fungistático (PASTER, 1979; DIXON, 1981; HAMILTON, 1981). Entretanto, se especula a utilização dos ácidos graxos como antimicrobianos (RICKE, 2003). Os ácidos graxos seriam uma expansão de mercado que deseja produzir ácidos graxos orgânicos pela via microbiana, de maneira a criar uma produção mais sustentável (SAUER, 2008). II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 40 Esteróides e triterpenos são substâncias formadas devido ao processo de condensação de unidades isoprênicas originadas da via metabólica acetato-mevalonato. São frequentes em óleos essenciais onde é possível encontrar o timol com ação antisséptica e o eugenol com ação analgésica e anestésica. Os terpenos são formados por uma família grande e diversa estruturalmente de produtos naturais, derivada de unidades isoprênicas. Dependendo da quantidade de unidades isoprênicas, os compostos terpênicos podem ser classificados como monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), sesterterpenos (C25), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40). Os esteróides são triterpenóides modificados (DEWICK, 2002). Os esteróides vegetais são formados por 28 ou 29 carbonos, o que os diferencia do colesterol que apresenta 27 carbonos, justamente pela presença de uma ramificação metila ou etila a mais na cadeia carbônica. Desde os anos 50 os esteróides vegetais são estudados no quesito redução da colesterolemia, e na atualmente já se reconhece as propriedades hipocolesterolêmicas destes metabólitos vegetais (ARAÚJO, 2004). Segundo Ríos (2010), os triterpenos serem analisados para busca de anti-inflamatório e características antivirais, essas não são suas únicas aplicações, também é possível empregá-los para pesquisas futuras de medicamentos imunossupressores, é importante buscar novas trajetórias de estudos sobre seus efeitos e como esses efeitos afetam as respostas imunológicas. Conforme Gurib-Fakim (2006), os alcalóides são um complexo orgânico que contém nitrogênio em sua estrutura. São uma família consideravelmente grande com aproximadamente 15.000 metabólitos que se caracterizam por apresentarem ao menos um átomo de nitrogênio na molécula, por serem solúveis em água e demonstrarem atividade biológica. Nos seres humanos são capazes de gerar respostas psicológicas e fisiológicas, sua interação se destaca por ocorrer com neurotransmissores, em doses altas são extremamente tóxicos, contudo, em dose baixas apresentam utilidade terapêutica como tranquilizantes, analgésicos, antitussígenos, relaxantes musculares. Além disso, alguns alcalóides podem ajudar a diminuir os níveis de glicose no sangue como é o caso dos alcalóides presentes na espécie Lupinus mutabilis (BALDEÓN, 2012). Depsídeos são um exemplo de policetídeos que são metabólitos secundários gerados por diferentes tipos de organismos como plantas, animais, fungos e bactérias (GUGENISHVILI, 2009). Os depsídeos são metabólitos produzidos por líquens e microrganismos endofíticos, que tem como característica química a presença de dois ou mais anéis aromáticos que são ligados por uma unidade carboxílica. Estudos demonstraram que os depsídeos e depsidonas apresentam atividades contra bactérias gram-positivas, micobactérias, nematóides e insetos, além de apresentarem propriedades anti-inflamatórias, anticancerígenas, analgésicas, antivirais e antipiréticas (ZHAO et al., 1997). Os depsídeos são formados na ocorrência da esterificação da carboxila da posição 1 da primeira unidade com a hidroxila da posição 4‘ ou da posição 3‘ da segunda unidade (HONDA; VILEGAS, 1999; KUMAR; MÜLLER, 1999). Segundo Pantelidis et al. (2007) os fenóis são antioxidantes que servem como complemento de vitaminas de ação antioxidante e também de enzimas que atuam na defesa contra o estresse oxidativo que acontece em decorrência do excesso de espécies reativas de oxigênio. Podem se dividir nos seguintes grupos: ácidos hidroxicinâmicos, flavonas, flavonoides, flavanonas, flavonóis, isoflavonas ácidos hidroxibenzoicos proantocianidinas, estilbenoslignano e antocianinas. Compostos fenólicos tem se destacado bastante devido as suas utilidades para saúde humana, um exemplo seria o licopeno que atua na prevenção de doenças degenerativas, neurodegenerativas, doenças cardiovasculares e cancros (TSAO, 2010). Também foram relatadas pesquisas sobre o fato de que alguns derivados de fenol, como o p-iodofenol que aumenta significativamente a emissão de luz numa maior extensão que os derivados de 6-hidroxibenzotiazol e a cinética da reação é tão eficiente que a luz emitida é bastante intensa e brilhante, além de ser prolongada, logo foi possível afirmar que essas características foram capazes de superar certas limitações que ocorrem na maioria dos ensaios luminescentes com finalidade de marcadores em imunoensaios onde a luz emitida geralmente é de curta duração e com baixa intensidade (THORPE et al., 1985). II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 41 O isolamento da primeira cumarina foi realizado por Hermann Wilhelm Vogel, retirada da espécie Coumarouna odorata no ano de 1820 (MURRAY, 1978). Já foram identificadas aproximadamente 1300 cumarinas provenientes de origem natural, são descritas em torno de 150 espécies distribuídas em 30 famílias distintas como as famílias: Asteraceae, Oleaceae, Thymeleaceae,Apiaceae e são muito abundantes nas famílias Umbelliferae e Rutaceae (RADÜNZ et al., 2012). Podem ser encontradas em todas as partes das plantas, entretanto tem um nível mais elevado em frutas, raízes, caules e folhas. Também aparecem bastante em óleos essenciais como o óleo de canela, óleo de lavanda e como exemplo de frutas com alta concentração de cumarinas tem- se o mirtilo e a amora (ASIF, 2015). Esses metabólitos secundários fazem parte do grupodas benzopironas, que são formadas por um núcleo básico que resulta de uma fusão dos anéis benzeno e 1.2-pirona, sendo que a cumarina mais conhecida é a 1,2-benzopirona (LACY; O´KENNEDY, 2004). A via da biossíntese é pelo ácido chiquímico que é o responsável por formar três aminoácidos aromáticos o triptofano, a tirosina e a fenilalanina que são estes os precursores dos metabólitos secundários das plantas como os flavonoides, alcaloides e as cumarinas (CZELUSNIAK et al., 2012). É relevante ressaltar as cumarinas importantes isoladas, como a novobiocina que é um antibiótico que pode inibir a DNA girase, este antibiótico foi isolado de Streptomyces, que são actinobactérias que ocorrem geralmente no solo e as aflatoxinas oriundas dos fungos da espécie Aspergillus, em que sua ingestão causa problemas de saúde tanto para animais quanto para os seres humanos (TORTORA et al., 2011). Cumarinas possuem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, anticancerígenas, anticoagulantes e antivirais. E devido a sua diversidade estrutural, já que as substituições podem acontecer em qualquer um dos seis locais da sua base molecular, essas características justifica as várias propriedades biológicas desses compostos que ajudam na saúde humana e reduzem o risco de doenças, é presumível efeitos antiproliferativos e antioxidantes e indo além certos derivados de cumarinas novas demonstraram atividade citotóxica e antioxidante substancial in vitro e in vivo. Também se relatou a inibição de células inflamatórias através das cumarinas (KOSTOVA, 2011). Explanando sobre os aminoácidos é possível os definir como compostos que manifestam na sua molécula um grupo amino (–NH2) e um grupo carboxila (–COOH) e ligado a isso é possível conceituar proteínas como polímeros formados por aminoácidos, estas são sintetizadas a partir de 20 aminoácidos distintos (MARZZOCO; TORRES, 2007). Além das funções mais conhecidas pelas proteínas, é interessante destacar que uma glicoproteína proveniente da próstata, denominada de p30, que é exclusivamente masculina, podendo estar presente no sêmen, foi utilizada para detecção de sêmen em fluidos corporais para investigações forense, podendo ser aplicada a casos de estupro, já que a mesma forneceu certos resultados positivos para evidência de sêmen (GRAVES; SENSABAUGH; BLAKE, 1985). Considerações finais A Heliconia psittacorum ou bico-de-papagaio proporciona um desenvolvimento financeiro para floricultura em decorrência de sua beleza exótica tornando-se muito útil para paisagismo, além das características externas que chamam atenção, também tem uma capacidade adaptativa muito impressionante. A espécie ainda não apresenta risco de intoxicação aos animais ou seres humanos, muito pelo contrário, o estudo realizado detectou a presença de metabólitos secundários que podem ter um valor significativo com relação a propriedades biológicas que ajudem a promover a saúde dos seres humanos e possam ter utilidades terapêuticas, como é caso das cumarinas as quais a literatura descreve suas propriedades biológicas como antioxidante, anti-inflamatória e anticoagulante. Enquanto, os ácidos graxos podem ser aplicados como antimicrobianos, os terpenos podem ter uma utilidade promissora com relação a medicamentos imunossupressores, os alcaloides já são conhecidos pelas suas propriedades terapêuticas principalmente como relaxantes musculares, tranquilizantes, os depsídeos e depsidonas apresentam propriedades antipiréticas, antivirais, fenóis II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 42 podem ser utilizados como marcadores potenciais a emissão de luz em imunoensaios e também na prevenção de doenças degenerativas e cardiovasculares. E até mesmo certas proteínas podem ser aplicadas a investigações forenses como a glicoproteína p30 que pode servir como um marcador para a evidência de sêmen. Diante das informações apresentadas, é necessário afirmar que o estudo fitoquímico demonstra que a utilidade da H. psittacorum vai muito além dos seus usos ornamentais, mas que a espécie tem um potencial biológico considerável. Agradecimentos Agradecimento pela concessão de Bolsa pelo o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI/CNPq)para com o Laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica, coordenado pela Dra. Sheylla Susan Moreira. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (FAPEAP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Referências ANDERSSON, L. An evolutionary scenario for the genus Heliconia. Tropical forest: botanical dynamics, speciation and diversity, v. 1, p. 173-184, 1989. ARAÚJO, J. Química de alimentos: teoria e prática. 3. ed. UFV, 2004. ASIF, M. 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Ferreira*, Aparecida B. de Paiva Faculdade de Educação de Crateús (FAEC), Universidade Estadual do Ceará (UECE). *antonio.jeovani@aluno.uece.br Introdução O conhecimento de biologia vegetal apresenta em sua maioria um conteúdo concreto. Todavia, a principal abordagem do mesmo é por meio de exposição teórica e o livro didático, o que torna por essa prática o conteúdo concreto em abstrato. Na concepção de Santos, Silva e Lima (2018), para a concretização do processo de ensino e aprendizagem é necessário a utilização de diversas meios envolvidos em um conjunto de fatores desde a estrutura escolar até as metodologias aplicadas pelos professores. Essas afirmações revelam a necessidade em abordar o estudo das plantas por via de diferentes formas. Catelan e Rinaldi (2018) consideram as atividades experimentais como estratégias didáticas extraordinárias que favorecem a aprendizagem de conteúdos abordados em sala de aula. Os autores ainda ressaltam, que as atividades experimentais possibilitam ao discente a pensar, a agir, a interferir e a questionar, com isso proporciona uma mudança de atitude do aluno ao deixar ser apenas observador, e na metodologia do docente. Nesta conjuntura, a presente pesquisa partiu da hipótese de que os registros fotográficos oferecem subsídios para a complementação da explicação do conteúdo de biologia vegetal. Desta forma, buscou-se como objetivo analisar o potencial pedagógico de registros fotográficos como metodologia de ensino em fisiologia vegetal por meio de um experimento didático. Metodologia Apresenta-se como uma investigação de natureza básica, por meio de análise descritiva e com aplicação de abordagem qualitativa. Utilizou-se um procedimento experimental, o método aplicado foi o dedutivo e a técnica de coleta de dados aconteceu por registros escritos em diário de campo e registros fotográficos foram feitos um vez por semana com auxílio de aparelho celular. No experimento foi observado o crescimento de plantas de milho (Zea mays L.) expostas a diferentes variáveis de quatro condições ambientais. Aconteceu durante dez semanas a partir do dia 10 de janeiro de 2020 até 12 de março do mesmo ano. Em especial durante a realização da disciplina de fisiologia vegetal do curso de ciências biológicas da Faculdade de Educação de Crateús (FAEC), campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O sujeito da pesquisa foi um aluno matriculado na disciplina citada, na qual aplicou e fez os registros dos experimento didático. Os materiais utilizados foram nove recipientes de garrafa (17 cm de altura) PET de 2 L, 27 unidades de sementes de milho, terra escura, areia, matéria orgânica, papel alumínio e fita adesiva. Os nove recipientes foram distribuídos para duas/três variáveis das condições ambientais Temperatura, Água, Matéria orgânica e Luz solar. Todas as variáveis receberam o seu devido código que foi escrito em fita adesiva e colado em seu respectivo recipiente. Na tabela 1 é possivel observar os dados mencionados a cima. Tabela 1. Condições ambientais e os códigos correspondentes às variáveis. Condições de exposição Variáveis Cód. Temperatura excesso de calor T1 temperatura ambiente T2 Requerimento hídrico quantidade normal A1 excesso de água A2 nenhuma/ baixa disponibilidade A3 Matéria orgânica alta disponibilidade M1 II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 46 pouca disponibilidade M2 Luz solar exposição S1 não exposição S2 As vasilhas das condições temperatura, água e luz solar foram depositadas o mesmo material que foi terra escura. Na condição de Temperatura, o recipiente T1 foi envolvido com papelalumínio para proporcionar calor em excesso. Já na condição matéria orgânica, em M1 foi colocado terra escura com folhas secas e em M2 foi depositado a mistura com a metade de terra escura e o restante areia. Em todos os recipientes foram plantados três sementes de milho e depois do plantio ficaram expostos em um espaço em que parte do dia recebiam radiação solar e na outra era sombra. Com a excessão de S2 que ficou em um ambiente escuro de laboratório. Durante os dias da semana as plantas foram regadas um vez por dia, somente não foram regadas nos finais de semana e feriados. Importante ressaltar, que a proposta do experimento foi observar desde a germinação até o crescimento das plantas de milho na décima semana. Além disso, como porposta do experimento também foi analisado a altura, as características das folhas, o tamanho das raízes, o número de gemas e folhas. Ainda no que diz a respeito aos registros fotográficos como técnica de coleta de dados no contexto de pesquisa, Rios, Costa e Mendes (2016) tratam a fotografia como uma fatia espacial da realidade parada no tempo em forma de imagem. Os autores ressaltam que a fotografia como a função de imagem tem a importânte função de ser pensada como fonte de estudo, objeto de pesquisa e também de conhecimento. Figura 1. Categorias – recipientes referentes: em A, temperatura; em B, água; em C, matéria orgânica; em D, luz solar. Sementes de milho: em E, antes de serem plantadas; em F, após serem plantadas. Em G, recipiente não exposto a luz solar (S2) colocado em um espaço escuro de laboratório. E em H, local do campus onde as vasilhas ficaram expostas ao ambiente externo. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 47 Resultados e discussão Na primeira semana após o plantio, as sementes de milho expostas a alta temperatura em T1 envoltos com papel alumínio foram as primeiras a nascerem e a altura foi a maior em comparação com as plantas de temperatura ambiente em T2 (Categorias A e B na Figura 2). Neste sentido, a temperatura mais elevada contribuiu para acelerar a germinação das plantas de milho. Com relação ao requerimento hídrico, as plantas do recipiente que recebeu pouca/ nenhuma em A3 foram as que nasceram mais rápida e com o maior tamanho, depois o que foi regado com a quantidade normal em A1 demonstrou ser a segunda melhor germinação e crescimento. Sendo mais eficiente em comparação com as plantas que receberam água em excesso em A2 (Categorias C, D e E na Figura 2). Dessa forma, pelo menos no período de germinação do milho a pouca quantidade é necessária, após isso, os indivíduos vegetais requerem um aumento gradativo deste recurso para o seu desenvolvimento após a fase plântulas. Na condição nutricional as plantas da vasilha com escassez de matéria orgânica M2 nasceram mais rápido ao comparar com a germinação das plantas do recipiente com a presença de folhas em decomposição M1 (Categorias K e M na Figura 2). Com isso, pode se deduzir que o solo um pouco arenoso e com ausência de matéria orgânica contribui para a germinação e o crescimento inicial das plântulas de milho. Entretanto, este recurso é essencial para as fases seguintes do desenvolvimento das plantas de milho. E na condição de luz solar o recipiente exposto em ambiente aberto S1 apresentou uma boa germinação e crescimento normal (Categoria O na Figura 2). Ao contrário das sementes que foram plantadas no recipiente colocado em local fechado S2 que germinaram, apresentaram cor amarelada, tiveram um rápido crescimento em altura, largura bastante fina e morram na terceira semana do experimento (Categoria Q na Figura 2). Percebe-se, a partir da situação a cima, que a luz solar é um recurso essencial para o desenvolvimento da planta utilizada nesta atividade. Diante do exposto, ficou visível na primeira semana do experimento a germinação das plantas e as variações das quatro condições ambientais apresentaram características diferentes. Ainda foi possível ver esses aspectos diferentes até a quinta semana. No final, as plantas revelaram características muito semelhantes em comparação com altura e características folhas (Categorias B, D, F, H, J, L, N e R na Figura 2). Vale ressaltar, que outros atributos também estavam quase iguais como o tamanho das raízes, o número gemas e as características das folhas. Nesse contexto, mesmo com as diferentes variáveis e condições ambientais, caso a coleta de dados fossem realizada apenas no final experimento, os resultados seriam aproximadamente os mesmos tanto com registros escrito e fotográficos. Assim, essa riqueza de detalhes foi alcançada e observada devido os registros por fotografias feitos do início ao fim da atividade experimental. Nesse contexto, mesmo com as diferentes variáveis e condições ambientais, caso a coleta de dados fossem realizada apenas no final do experimento, os resultados seriam aproximadamente os mesmos tanto com registros escrito e fotográficos. Assim, essa riqueza de detalhes foi alcançada e observada devido os registros por fotografias feitos do início ao fim da atividade experimental. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 48 Figura 2. As imagens superiores são do período de germinação das plantas de milho e as inferiores são da finalização do experimento. Variáveis ambientais e categorias: Temperatura – em A e B, excesso de calor; em C e D, calor ambiente. Disponibilidade hídrica – em E e F, quantidade normal; em G e H, excesso de água; em I e J, baixa ou nenhuma disponibilidade. Matéria orgânica – em K e L, presença; em M e N, ausência. Luz solar – em O e P, exposto em Q e R, não exposto. Freisleben e Kaercher (2016) discorrem a fotografia como uma representação daquilo que se pode registrar, vizualizar e compreender sobre o mundo. Nesse sentido, a visão dos autores vão de encontro com a possibilidade de buscar e utilizar a fotografia com os aspectos abordados no ensino. Nas palavras de Faria e Cunha (2016), reafirmam que com o uso do registro fotográfico é um imporânte recurso principalmente para o aluno, pois favorece o mesmo fazer a imagem do acontecimento do fenômeno, estimula a observação e ainda pode contribuir para a oralidade em sala de aula pelo momento de expor o registro. De acordo com Monteiro, Paula, e Fernandes-Junior (2019), com o intuíto de fazer com que a aprendizagem seja significativa é necessário integrar a teoria e a prática, e uma ferramenta que pode víncular de forma íntima as duas abordagens é o uso da fotografia, tanto pelo gesto de fotografar como também a ação de lê a fotografia. Nesse sentido, a visão dos autores vão de encontro com as ações realizadas neste estudo. Pois, a partir do momento que foram feitos os registros por meio de fotos, também houve a participação na abordagem prática e ao mesmo tempo o aprofundamento teórico do conteúdo. Por outro lado, Augusto, Oliveira e Fernandes-Júnior (2014) argumentam que a fotografia não substitui textos e outras fontes de informações, mas ela agregada a estes é mais uma possibilidade do uso de diferentes estratéias didáticas com o foco de proporcionar aulas mais interativas. Além disso, os autores ainda ressaltam que o manuseio da fotografia em sala de aula não deve ser colocada como uma simples ilustração, como ocorre diariamente com as imagens presentes nos livros didáticos. Estas afirmações mostram, que o uso de fotografias não se apresenta como apenas um pequeno detalhe complementar ou uma substituição da atividade prática e a explanação teórica. Mas, como um recurso capaz de fundamentar esolidificar o vínculo entre os conecimentos concreto e abstrato. Considerações finais Ficou claramente perceptível que os registros fotográficos são de grande importância para a complementação de atividades experimentais que abordam o conteúdo de fisiologia vegetal. Pois, as fotografias possibilitam fornecer inúmeras informações durante o experimento e posteriormente quando já estiver sido finalizado. Além disso, podem contribuir para a assimilação do conteúdo concreto entre a abordagem teórica e as atividades didáticas no processo de ensino e aprendizagem desta temática. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 49 Embora a atividade experimental realizada neste estudo aborde o conteúdo concreto, ainda assim os registros escritos em diário de campo contemplam a exposição teórica realizada pelo professor. E por meio das fotografias os docentes tem mãos dados concretos representativos do conteúdo de biologia vegetal. Portanto, a contribuição desta pesquisa é revelar que a soma de registros fotográficos em atividades experimentais no ensino de biologia vegetal é uma metodologia promissora para alcançar resultados mais satisfatórios a partir da vivência do processo de ensino e aprendizagem entre o docente e os discentes. Referências AUGUSTO, L. H.; OLIVEIRA, L. F.; FERNANDES-JÚNIOR A. N. Uma viagem fotográfica às regiões brasileiras como estratégia para o ensino de biomas e biodiversidade. Periódico Eletrônico Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 10, n. 6, p. 173-186, 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.17271/198008271062014821. Acesso em: 08 out. 2020. CATELAN, S. S.; RINALDI, C. A atividade experimental no ensino de ciências naturais: contribuições e contrapontos. Experiências em Ensino de Ciências, v. 13, n. 1, p. 306-320, abr. 2018. Disponível em: http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID470/v13_n1_a2018.pdf. Acesso em: 06 out. 2020. FARIA, F. C.; CUNHA, M. 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Costa Universidade do Estado do Amapá – UEAP. *brenda-rebecaap@hotmail.com Introdução A espécie E. contortisiliquum, conhecida popularmente como tamboril, timbaúva, orelha- de-macaco dentre outros nomes, pertencente à família Fabaceae, é uma espécie nativa do Brasil, decídua no inverno. É uma árvore com ampla distribuição no Brasil (LORENZI, 2000; TOKARNIA et al., 2012). Espécie arbórea de rápido crescimento e seu grande porte torna-se adequada para recuperar áreas degradadas, chegando até cinco metros de altura em dois anos (ARAUJO; SOBRINHO, 2011; SOUZA et al., 2017). Apesar do seu crescimento acelerado está espécie possui baixa germinação devido a sua dormência; as sementes apresentam uma cobertura de macrosclereídeos e substancias hidrofóbicas que às tornam impermeáveis. A germinação só ocorre após o rompimento do tegumento, quando inicia-se a absorção de água pela semente (BASKIN, BASKIN e XIAOJIE, 2000). O método de escarificação mecânica é uma técnica pratica para quebrar a dormência e de baixo custo (HU, BASKIN, BASKIN, YANG, e HUANG, 2017). Outro fator que influencia o comportamento, de maneira constante à germinação é o substrato, de forma que o desempenho varia em um substrato a outro pela mistura deles. Tal prática determina o melhor método de cultivo, no menor período de tempo. A utilização de substratos que propiciem uma boa germinação, crescimento e emergência possui grande importância, pois através de tais características permite a obtenção de plântulas com alto vigor em um curto período de tempo, favorecendo o desenvolvimento de mudas em diversos ambientes (SILVA et al, 2015). Quanto a profundidade de semeadura, tem como objetivo determinar-a profundidade adequada e o melhor desempenho no crescimento de determinada espécie, afim de obter uma melhor produção de mudas. Ela exerce total influencia no processo inicial de cultura, pois interfere na emergência das plântulas, podendo afetar todo o plantio (VIEIRA et al., 2018). A agroindústria gera toneladas de resíduos orgânicos que podem ocasionar problemas ambientais com o acúmulo e o descarte inapropriado. No entanto, depois do processamento de alguns produtos, as sobras apresentam o potencial para serem aproveitadas (NASCIMENTO- FILHO e FRANCO, 2015). Nesta vertente, resíduos orgânicos são fontes de matérias-primas a serem reutilizados como substrato ou adubos orgânicos, influenciando positivamente na produção de alimentos (JERÔNIMO e SILVA, 2012). O caroço de açaí como substrato é uma alternativa interessante para a utilização do resíduo da agroindústria (MARANHO e PAIVA, 2012). Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a germinação de sementes de Enterolobium contortisiliquum e no desenvolvimento inicial de mudas, submetidas em diferentes profundidades e substratos com diferentes proporções de fibra de açaí, afim de avaliar o tratamento mais adequado para a emergência das plântulas. Metodologia O experimento foi conduzido no laboratório de sementes florestais no Campus I da Universidade do Estado do Amapá. Para um melhor controle ambiental o experimento foi montado em casa de vegetação durante 20 dias, em temperatura ambiente (32 ºC), localizado 0° 02' 18.84" N 51° 03' 59.10" O, O clima é tropical, e classificado de acordo com Köppen e Geiger como AM, clima tropical úmido e subúmido. Foram coletados 100 frutos de E. contortisiliquum de dez matrizes espalhadas na arborização de Macapá-AP. Após a coleta, foi retirado as sementes das vagens, contabilizando II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 511.224 sementes de E. contortisiliquum, através de uma seleção visual foram escolhidas 780 sementes; posteriormente lavadas em água corrente, divididas em sementes escarificadas e não escarificadas (controle); para as sementes escarificadas, foi utilizada lixa de granulação 120/180, para o processo de escarificação mecânica, para quebra de dormência; e em seguida as sementes foram colocadas para germinar com o hilo voltado para cima em bandejas de isopor. Foram utilizados como substratos: terra preta (TP), terra de várzea (TV), areia (AR) e fibra de açaí (FA); nas proporções: 1:0, 1:1; 1:3 e 3:1 nas seguintes profundidades: 0 cm, 2 cm e 4 cm. Avaliando a fibra de açaí triturado em diferentes proporções nos substratos terra preta, terra de várzea e areia. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 13x10, contendo 13 tratamentos e 10 repetições, em cada tratamento foi usado 10 sementes, após os 20 dias de semeadura. Os valores foram comparados estatisticamente através do teste Tukey, com 5% de probabilidade, por meio do programa R Studio. Durante a germinação, foi calculado o índice de velocidade de germinação (IVG) que foi avaliada de três em três dias e foi obtido, por meio da fórmula: IVG = (N1 G1 +N2 G2 +...+Nn Gn)/ (G1 +G2 +...+Gn ) Onde: G1, G2,...Gn é o número de sementes germinadas no dia da observação; N1 , N2,..., Nn é o número de dias de observação, segundo Edmond e Drapalla (1958). Resultados e discussão No tratamento controle, em que as sementes não foram escarificadas, não foram observados índices germinativos em nenhum dos tratamentos de profundida de semeadura. E aos substratos e suas proporções, sendo uma estratégia adotada pelas sementes para resistir as condições adversas fornecidas pelo ambiente, mecanismo natural das sementes com dormência, que prejudica a obtenção de água e oxigênio, atrasando a germinação (CARVALHO e NAKAGAWA, 2012). Nas sementes escarificadas o tratamento (0 cm) também não apresentou desenvolvimento. De acordo com Gomes (2016), o desenvolvimento germinativo é totalmente influenciado pela profundidade onde é inserida a semente no solo. Este ainda aponta que as sementes em solos argilosos devem estar entre 3 a 5 cm de profundidade, enquanto que em solos mais arenosos devem ser semeados entre 5 a 7 cm de profundidade. Solos arenosos teriam melhores benefícios para as sementes a essa profundidade por serem mais úmidos (Cruz, 2010). O que explica o resultado negativo à (0 cm). Para (4 cm) só foi observado germinação para o substrato terra preta + fibra de açaí nas proporções 1:0, 1:1 e 3:1, e apenas (2 ,56%) do total de sementes germinaram, os dados para germinação à (4 cm) não ocorreram em outros substratos e por isso não foi realizado o teste de variância, apenas a contagem e frequência por proporção. O tratamento de 2 cm teve a maior taxa de germinação, com 10% do total, sendo os mais expressivos em terra preta + fibra de açaí 3:1, areia + fibra de açaí 3:1 com 5 plântulas cada. Seguido por areia 1:0, areia + fibra de açaí 1:3 com 4 plântulas cada, terra preta 1:0, areia+ fibra de açaí 1:1, terra de várzea 1:0, terra de várzea+ fibra de açaí 1:1, terra de várzea+ fibra de açaí 1:3 com 3 plântulas cada, terra preta+ fibra de açaí 1:1, terra preta + fibra de açaí 1:3 com 2 plântulas cada e apenas uma semente germinada nos tratamentos fibra de açaí 1:0 e terra de várzea + fibra de açaí 3:1 (Figura 1). O estudo de SILVA et al. (2009) apresenta resultado não satisfatório no uso do caroço de açaí triturado como substrato, onde o tratamento contendo o açaí triturado resultou em menores germinações e desenvolvimento de mudas de rúcula em relação aos outros tratamentos para esse cultivar. E diferente do resultado obtido por Maranho e Paiva (2011), onde o substrato de fibra de açaí 100% influência positivamente na germinação de plântulas de (Supiarana) Alchornea discolor. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 52 Figura 1. Número de germinação por substrato em suas respectivas proporções de sementes de Enterolobium contortisiliquum. As mudas de 2 cm de profundidade produzida em terra preta e fibra de açaí, ambas nas proporções 1:1 apresentaram maior média de comprimento total, observando diferenças significativas entre a mesma proporção para outros substratos, seguido pela proporção 1:0 onde terra preta e açaí não se diferem, somente as médias de areia e terra de várzea diferem significativamente, posteriormente as proporções 3:1 e 1:3 não diferem entre si em substratos diferentes, sendo a menor média entre as duas proporções o tratamento terra de várzea + fibra de açaí 3:1, dentre todas a menor média de comprimento total foi no substrato areia 1:0. Em relação a espessura do colo as médias não diferem entre os tratamentos e proporções, onde a maior média encontra-se na proporção 3:1 no tratamento terra de várzea + fibra de açaí, média de desenvolvimento analisados 22 dias após o início da semeadura. Médias inferiores encontradas no estudo de (SANTANA et al., 2019), onde foram plantadas em diferentes tratamentos para sementes de E. contortisiliquum, análises foram realizadas 60 dias após o processo de semeadura, o que explica os valores médios superiores para altura e espessura do colo presente neste trabalho. Em relação a parte aérea o tratamento fibra de açaí 1:0 contendo apenas uma semente germinada difere quando comparado a outros tratamentos na mesma proporção 1:0, a menor média de desenvolvimento da parte aérea foi o tratamento areia + fibra de açaí, na proporção 1:1, quanto a raiz o tratamento terra preta + fibra de açaí apresentou elevado desenvolvimento em comparação aos demais, sendo a maior média dentre todos os tratamentos e proporções, incluindo no terra preta 1:0. O número de folhas apresenta similaridade pelos substratos, sendo o substrato açaí 1:0 com maior desenvolvimento foliar (Tabela 1). Tabela 1. Parâmetros médios das mudas de E. contortisiliquum após 22 dias de semeadura na profundidade de 2cm. Tratamentos Média 100% (2cm) Raiz(cm) Parte Aérea(cm) Total(cm) E.Colo(mm) Nº de Folhas AR 2,95b 6,97c 9,92c 0,22a 3a TV 4,20ab 13,46b 17,6b 0,21a 4a TP 5,40a 16,10ab 21,5a 0,17a 4a FA 4,30ab 20,20a 24,5a 0,22a 5a 75%; 25% (2cm) AR; FA 4,72a 16,62a 21,34a 0,26a 4a TV; FB 4,70a 13,20a 17,90a 0,30a 4a TP; FB 5,22a 16,0a 21,22a 0,22a 4,4a 50%; 50% (2cm) II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 53 AR; FB 3,6b 9,7a 13,4b 0,22a 4a TV; FB 3,5b 17,6a 21,2ab 0,23a 4,6a TP; FB 7,1a 18,3a 25,4a 0,23a 4a 25%; 75% (2cm) AR; FB 4,6a 18,02a 22,7a 0,24a 4,5a TV; FB 3,5a 12,1a 15,6a 0,26a 4a TP; FB 4,8a 14a 18,8a 0,24a 4a *Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de significância Para a análise dos dados de velocidade de germinação (IVG) foram realizadas as avaliações no 22º dia, onde ao final do experimento as maiores médias foram encontradas para 2cm nos substratos terra preta 1:0 com média de (5,60) e areia + fibra de açaí 3:1 com média de (5,15) e a menor média no substrato terra de várzea + fibra de açaí 3:1 com médias de (0,78), ao final do teste valores médias não diferiram entre si. Houve efeito negativo na profundidade 4cm, apenas três tratamentos apresentaram germinações, sendo terra + preta açaí 3:1 média de (2,65), e nas proporções terra 1:0 e fibra de açaí 1:0, com maior médias de (3,55 e 2,65) respectivamente. Conclusões Pode-se concluir através dos dadosapresentados que os tratamentos de maiores taxas de germinação de sementes de Enterolobium contortisiliquum foram os substratos terra preta + fibra de açaí (3:1) e areia + fibra de açaí (3:1), ambos com 50% de taxa germinação e a 2cm de profundidade de semeadura, portanto os dois tratamentos são os mais indicados. A fibra de açaí apresenta pontencial como componente de substrato. Agradecimentos Agradecemos a Universidade do Estado do Amapá – UEAP e o Laboratório de sementes pela disponibilização da infraestrutura e equipamentos para realização da pesquisa. Referências ARAUJO, A.; PAIVA SOBRINHO, S. Germinação e produção de mudas de tamboril (E. contortisiliquum (Vell.) Morong) em diferentes substratos. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 55 QUAL A QUANTIDADE DE ÁGUA NECESSÁRIA PARA A GERMINAÇÃO DAS SEMENTES DA CAATINGA? Bruno de S. Santos 1 *, Ayslan T. Lima 1,2 , Marcos V. Meiado 1,2 1. Laboratório de Fisiologia de Sementes, Departamento de Biociências, Universidade Federal de Sergipe, Itabaiana, Sergipe, Brasil; 2. Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe, Brasil. *bios17@outlook.com Introdução A germinação é um conjunto de processos fisiológicos, bioquímicos e morfológicos que se inicia com a embebição e termina com a protrusão da radícula, devido a expansão celular (BEWLEY et al., 2013). A embebição é marcada pela entrada de água nos tecidos da semente, o que acaba promovendo o aumento na pressão de turgor devido a hidratação das organelas protoplasmáticas, gerando condições ideais para que as reações bioquímicas do metabolismo germinativo aconteçam. Além disso, a água participa das reações de síntese e de degradação do metabolismo germinativo, que se intensificam durante esse processo (BEWLEY et al., 2013; TAIZ et al., 2017; KOCHHAR; GUJRAL, 2020; PEIXOTO, 2020). Para que se alcance as três fases da embebição, e ocorra a protrusão radicular, as sementes devem atingir um teor mínimo de água, que vai variar de acordo com a espécie, sendo essa quantidade de água maior para sementes que contém grande quantidade de tecido de reserva (PROPINGES, 1985;BEWLEY et al., 2013). Para que o desenvolvimento embrionário da semente seja garantido, a quantidade de água deve ser o suficiente, pois, caso contrário, pode acontecer o acúmulo de solutos orgânicos, a aceleração de reações degenerativas, a desnaturação das proteínas e a perda da integridades das membranas celulares, que acabam retardando ou impedindo o processo germinativo (SUN e LEOPOLD, 1997). Dessa forma, nos experimentos de germinação que são conduzidos em laboratório, o substrato utilizado deve estar umedecido o suficiente para que se atenda às necessidades fisiológicas das sementes. A Regra de Análise de Sementes (RAS) determina que a quantidade de água necessária para germinação está relacionada entre duas a três vezes o peso do papel (BRASIL, 2009). Essa quantidade de água pode ser inadequada, principalmente quando se refere às sementes de espécies nativas, que possuem diferentes características morfológicas entre as relações de tamanho e conteúdo de reserva. A RAS defende a ideia da padronização do conteúdo de água justificando que uma maior uniformidade de distribuição da quantidade de água no substrato evitaria variações nos parâmetros avaliados (BRASIL, 2009). Diante disso, pesquisas mais consistentes que apresentam melhores resultados nessa área são obtidas quando a quantidade de água é controlada através do cálculo baseado nas relações entre volume de água e peso de substrato (MARCOS-FILHO, 2005). Portanto, seguindo a proposta da manipulação do controle de água sugerida por MARCOS-FILHO (2005) em comparação a metodologia proposta pela RAS, bem como visando compreender a germinação de sementes nativas em condições de laboratório, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito de diferentes quantidades de água em substrato de papel sobre a germinação de sementes de diferentes espécies nativas da Caatinga. Material e métodos Descrição da área de coleta das sementes. A Caatinga é um ecossistema com diferentes fitofisionomias que são exclusivas do território brasileiro, sendo encontrada, majoritariamente, na região Nordeste do Brasil. O ecossistema apresenta elevada diversidade de espécies, o que confere uma diversa heterogeneidade nesse ambiente, sendo que já são registradas um total de 31 gêneros de espécies endêmicas na região (SILVA et al., 2003; RICKEFS e RELYEA, 2016; QUEIROZ et al., 2017). As fitofisionomias II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de BotânicaBotânica e Ecologia do curso de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Amapá - UEAP, juntamente com a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa/AP) e o Instituto Federal do Amapá (IFAP), tiveram por objetivos divulgar dados de pesquisa, discutir o ensino, a pesquisa e as principais estratégias sobre o estudo da Botânica e da Ecologia, em especial a amapaense. Nestes termos, a Comissão Organizadora dos eventos tem a honra de disponibilizar o livro de palestras e resumos, proferidos por pesquisadores de vários estados brasileiros e de outros países. A JOBOECO é um evento realizado bianualmente, que busca promover o diálogo e o debate acadêmicos entre a comunidade científica e a sociedade, com intuito de ampliar a divulgação científica. Busca ainda unir esforços para promover a socialização de trabalhos científicos, desenvolvidos por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, bem como destacar as atividades exercidas pelas instituições de pesquisa, proporcionando a construção da ciência de forma inovadora. A II JOBOECO e II Jornada Amapaense de Botânica foram realizadas simultaneamente, incluindo palestras, simpósios, conferências, minicursos e rodas de conversa, no dia 3 de novembro e entre os dias 08 e 11 de dezembro de 2020. Contou ainda com a promoção e o incentivo a jovens pesquisadores através das premiações nas categorias “Novos talentos na ciência” e “Curtas de iniciação científica”. O tema que norteou os eventos foi: "A ciência e tecnologia: novos desafios em tempos de crise". Organizados por docentes do colegiado de Ciências Naturais/UEAP, os eventos contaram com a participação de pesquisadores amapaenses e dos estados de Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Pernambuco e do Distrito Federal, bem como pesquisadores da Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos da América e México. Com estes eventos, a UEAP e as instituições parceiras (UNIFAP, IEPA, Embrapa/AP e IFAP) cumprem seus papéis sociais na articulação do saber e da divulgação científica. Em palestra magistral, foi tratado sobre o avaço de técnicas de sequenciamento genético e de análises de relações filogenéticas para plantas Neotropicais. Essa busca pela melhor compreensão da história evolutiva de grupos botânicos também foi tema de conferências, palestras e simpósios, envolvendo biogeografia histórica e elucidação de processos de especiação. Ainda, análises filogenéticas, em acréscimo a análises de caracteres morfológicos, foram utilizadas como ferramentas para deslindar desafios taxonômicos complexos e para revisões de gêneros em distintos ecossistemas, na América Central e América do Sul. Alguns resumos e palestras trataram do uso sustentável da biodiversidade, apresentando aspectos ecológicos, formas de manejo, seu potencial biotecnológico e alimentício e importância econômica e cultural. Impactos negativos de ações antrópicas ao meio ambiente foram abordados em ecossistemas diversos, como em florestas e campos de várzea, assim como tecnologias de rastreamento, avaliação e mensuração destes impactos. Pesquisas em torno de meios que promovam a recuperação de ambientes modificados pelo ser humano foram também arrazoados. Algumas famílias e espécies botânicas tiveram destaque nos eventos, com seções próprias, envolvendo aspectos taxonômicos, ecológicos e socioeconômicos, como Bromeliaceae, Leguminosae, Orchidaceae e Araceae, assim como a fonte do “ouro negro” da Amazônia, o açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.), com destaque para aspectos de sua polinização. Pesquisas sobre animais também foram apresentadas, tratando de aspectos ecológicos e conservacionistas de mamíferos, répteis e anfíbios. As rodas de coversa trataram de temas atuais e muito sensíveis, em especial às mulheres pesquisadoras, buscando reflexões sobre como, na ciência e no meio acadêmico, se apresentam a representatividade, as políticas públicas, as ações afirmativas e a atenção à maternidade. A segurança alimentar em torno do reconhecimento de recursos locais e territórios também foi ponto de discussão, assim como a sustentabilidade, através do uso biomateriais, e a importância da divulgação da ciência para além do ambiente acadêmico. Boa leitura! Os organizadores PROGRAMAÇÃO Dia 03/11/2020 (Terça-feira) Manhã 9h30min 10h 11h30min Cerimonial de Abertura Aline Furtado Simões - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA) Macapá, Amapá, Brasil Coordenação Palavra de abertura Coordenação geral do evento Chefe da Embrapa-AP Diretor-Presidente do IEPA Reitora do IFAP Reitor da UNIFAP Reitora da UEAP Palestra magistral Aline Furtado Simões - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA) Macapá, Amapá, Brasil Cerimonial de Abertura PhD. Mónica M. Carlsen (Missouri Botanical Garden – Saint Louis, Missouri, EUA Genoma de plantas tropicais: conquistas e desafios atuais Conferência Esp. Alessandra dos Santos Facundes – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dr. Marcelino Carneiro Guedes – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), Macapá, Amapá, Brasil Ecologia e manejo de pau-mulato em florestas de várzea estuarina Tarde 13h30min 15h30min Mesa redonda Dos Andes à Antártica: Evolução, padrão de especiação e uso de metabarcoding Me. Adriano Castro de Brito – Doutorando em Ciências Florestais pela Universidade Centro-Oeste (UNICENTRO), Irati, Paraná, Brasil Coordenação da mesa Dra. Annelise Frazão – USP – São Paulo, São Paulo, Brasil Evolução de lianas da família Bignoniaceae na Amazônia PhD. Micheline Carvalho-Silva – Universidade de Brasília (UnB), Brasília, Simpósio Biogeografia e Taxonomia de monocotiledôneas Me. Caroline da Cruz Vasconcelos - Doutoranda em Botânica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil - Coordenação da mesa Eng. Florestal Henrique Mallmann Büneker - Mestrando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil Desvendando a complexidade taxonômica de Dyckia (Bromeliaceae) Distrito Federal, Brasil Embryophyta na Antártica com uso de metabarcoding PhD. Nora Helena Oleas - Universidad Tecnológica Indoamérica - Quito, Equador Múltiplos padrões de especiação nos Andes: o caso de Phaedranassa (Amaryllidaceae). Dr. Edlley Max Pessoa da Silva – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Delimitação de espécies e biogeografia de um complexo de espécies em Epidendrum (Orchidaceae): uma abordagem multidisciplinar. Dia 08/12/2020 (Terça-feira) Tarde 14h30min 15h 16h30min Palestra Me. Carla Samara Campelo – Instituto Federal do Amapá, Laranjal do Jari, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Blanca Marisol Alfaro Cruz – Mestranda Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Modelos alométricos para estimativa da biomassa aérea em uma savana amazônica Simpósio Ecologia e uso sustentável da sociobiodiversidade Esp. Lúcia Tereza Ribeiro do Rosário – Mestranda em Desenvolvimento Regional na UNIFAP - MDR. Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dra. Ana Cláudia Lira-Guedes – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA), Macapá, Amapá, Brasil Extrativismo de sementes de andiroba e de pracaxi nas florestas de várzea do estuário amazônico Me. Adriano Castro de Brito – Doutorando em Ciências Florestais pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Irati, Paraná, Brasil Componente florístico e estrutural e sua relação com as espécies denominadasMacapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 56 encontradas neste ecossistema são classificadas fitogeograficamente de Savanas Estépicas e apresentam características bem definidas. Além disso, o ecossistema apresenta como principal caraterística a irregularidade na distribuição das chuvas, sendo o período de seca entre os meses de junho a dezembro, bem como altas temperaturas, o que confere um clima semiárido na região (IBGE, 2012; BARBOSA e KUMAR, 2016; ANDRADE, 2017). As espécies da vegetação desse ecossistema apresentam algumas características adaptativas bem definidas como, por exemplo, a perda das folhas durante o período de seca, a presença de espinhos, armazenamento de água nos tecidos das raízes e caule e aparelho fotossintético com metabolismo ácido das crassuláceas (SENA, 2011; TAIZ; ZEIGER, 2009). Espécies estudadas e quebra de dormência das sementes. O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Fisiologia de Sementes (LAFISE) da Universidade Federal de Sergipe. As espécies utilizadas para a montagem do experimento que apresentaram dormência tegumentar foram escarificadas utilizando o método de ácido sulfúrico. As espécies utilizadas foram: Aspidosperma pyrifolium Mart. & Zucc., Astronium urundeuva (M. Allemão) Engl., Bauhinia angulata Vell. escarificada por 15 minutos (SMIDERLE e LUZ, 2010), Libidibia ferrea Martius escarificada por 30 minutos (DANTAS et al., 2015), Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles e Rowley subsp. gounellei, Pilosocereus catingicola (Gürke) Byles & Rowley subsp. salvadorensis (Werderm.) Zappi., Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke. escarificada por 10 minutos (FARIAS et al., 2013), Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow e R.W.Jobson. escarificada por 30 minutos (AZEREDO et al., 2010), Pterogyne nitens Tul. Escarificada por 15 minutos (CARVALHO, 2003) e a Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. e Hook.f. ex S.Moore. Montagem do experimento. Após a realização da quebra de dormência, as sementes foram postas para germinar em placas de Petri forradas com duas folhas de papel Germitest com água destilada, o qual foram subdivididas em quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento. A quantidade de água utilizada foi determinada de acordo com os seguintes tratamentos: 2,5; 5,0; 7,5 e 10 vezes o peso do papel. Para isso, duas folhas do papel foram pesadas em balança analítica e, com o valor do peso, foi feito o cálculo, tendo como referência 2,5 vezes do peso do papel para quantidade de água, proposta pela RAS. A quantidade de água utilizada em cada tratamento variou de acordo com o tamanho da placa de Petri medido em diâmetro e está descrito a seguir: placas de 5 cm 2,5x = 0,96mL -1 ; 5,0x = 1,93 mL -1 ; 7,5x = 2,90 mL -1 ; 10x = 3,87 mL -1 . Placas de 9 cm 2,5x = 2,38 mL -1 ; 5,0x = 4,77 mL -1 ; 7,5x = 7,16 mL -1 ; 10x = 9,55 mL -1 . Placas de 15 cm 2,5x = 7,22 mL -1 ; 5,0x = 14,44 mL -1 ; 7,5x = 21,66 mL -1 ; 10x = 28,88 mL -1 . A escolha do tamanho das placas de Petri se deu de acordo com o tamanho das sementes. Avaliação do experimento e análises estatísticas. A germinação foi avaliada diariamente, durante 30 dias, e o critério de germinação utilizado foi a protrusão radicular. Para as análises estatísticas foram avaliadas a Germinabilidade (%), o Tempo Médio de Germinação (TMG-dias), a Velocidade Média de Germinação (VMG-dias - 1 ) e o Índice de sincronização (Z) (RANAL & SANTANA, 2006). A normalidade dos resíduos dos dados e a homogeneidade das variâncias foi verificada pelos testes de Shapiro-Wilker e Levene, respectivamente, e os resultados foram comprados através da ANOVA. Todos os parâmetros germinativos descritos acima foram calculados nos programas GerminaQuant e as análises realizadas no software STATISTICA 13. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 57 Resultados e discussão Os resultados da Germinabilidade (%) mostraram que as espécies apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos, sendo elas a A. pyrifolium, A. urundeuva, L. ferrea, P. catingicola, P. stipulacea, P. nitens e a T. aurea (Tabela 1). Em relação ao Tempo Médio de Germinação (TMG-dias) as espécies que apresentaram menor tempo de germinação em relação aos tratamentos foram P. catingicola [F= 5,1430; GL= 3; p≤0,0162], sendo que os melhores tratamentos foram o de 7,5 e 10 vezes. Para a espécie P. gounellei subsp. gounellei [F= 15,2020; GL= 3; p≤0,0002], os melhores tratamentos de 5, 7,5 e 10 vezes. Já para a P. stipulacea [F= 76,8510; GL= 3; p≤0,0001], os melhores tratamentos foram de 7,5 e 10 vezes. Para P. moniliformes [15,8580; GL= 3; p≤0,0002], o melhor tratamento foi de 2,5 vezes e para T. aurea [F= 214,9700; GL= 3; p≤0,0001], os melhores tratamentos foram de 5, 7,5 e 10 vezes. Para os dados de Velocidade Média de Germinação (VMG-dias -1 ), as espécies que apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos e maior velocidade de germinação foram a B. cheilanta [F= 20,1400; GL= 3; p≤0,0001], o qual os melhores tratamentos foram de 2,5, 5 e 10 vezes. A L. ferrea [F= 5,9915; GL= 2; p≤0,00221] tendo os tratamentos de 7,5 e 10 vezes com maior velocidade de germinação. As espécies de P. catingicola [F= 36,6620; GL=3; p≤0,0001], P. gounellei subsp. gounellei [F= 25,3160; GL= 3; p≤0,0001], P. moniliformes [F= 16,4700; GL= 3; p≤0,0001], T. aurea [F= 107,6600; GL= 3; p≤0,0001] tiveram como melhor tratamento o de 2,5 vezes. Por fim, para o Índice de Sincronização (Z), as espécies que apresentaram significância entre os tratamentos foram a P. catingicola [F= 15,7430; GL= 3; p≤0,0002], P. gounellei subsp gounellei [F= 4,5988; GL=3; p≤0,0230], P. moliniformes [F= 7,9308; GL= 3; p≤0,0035], o qual apresentaram 2,5 vezes como o melhor tratamento germinativo. P. stipulacea [F= 4,3689; GL= 3; p≤0,0268], com o melhor tratamento de 10 vezes e a T. aurea [F= 17,5950; GL= 3; p≤0,0002], com tratamentos de 5 e 7,5 vezes. Para as sementes de A. pyrifolium, A. urundeuva e P. catingicola o melhor tratamento de germinabilidade foi de 2,5 vezes o peso do papel para a quantidade de água, indicando que as espécies necessitam de pouca quantidade de água para realizar seu metabolismo germinativo. Sendo que, as espécies A. pyrifolium e A. urundeuva não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos quando avaliados os parâmetros de TMG- dias, VMG-dias -1 e Z. Porém, para a espécie P. catingicola o tratamento de 2,5 vezes o peso do papel para a quantidade de água o TMG- dias foi afetado. A baixa necessidade de água para germinação dessas espécies está relacionada ao seu tamanho, visto que são sementes muito pequenas e que possuem pouco tecido de reserva, possivelmente nos outros tratamentos do parâmetro de germinabilidade a quantidade de água tenha provocado deficiência no suprimento de oxigênio (O2). A embebição promove a hidratação e ativação de enzimas envolvidas no ciclo do ácido cítrico e na cadeia transportadora de elétrons, aumentando a atividade respiratória, e consequentemente, a produção de energia para que ocorra o desenvolvimento do embrião. O excesso da quantidade de água bloqueia a entrada de O2 nas células das sementes e provoca hipóxia, sem O2 ocorre o acúmulo de piruvato que é rapidamente convertido em etanol e ácido lático para promover a oxidação de NADH em NAD + para ser utilizado novamente na via glicolítica (BEWLEY et al., 2013; BUCHANAN et al., 2015; NELSON & COX, 2018). As sementes de muitas espécies podem germinar nas condições hipóxia devido a presença de enzimas desidrogenases que são responsáveis pela eliminação do etanol e ácido lático que são compostos tóxicos para a célula. Além disso, o tempo que a semente leva para germinar pode demorar maisnessas condições, como foi o caso da P. catingicola que teve um TMG-dias maior em condições de maiores disponibilidades hídrica. Isso acontece porque, possivelmente, o mecanismo de óxido nítrico é ativado, fazendo com que o consumo de O2 seja reduzido, e como consequência, há uma diminuição na biossíntese de ATP, fazendo com que se leve mais tempo para semente germinar (BEWLEY et al., 2013). Por outro lado, a germinação também é afetada quando as sementes se encontram em condições de baixa disponibilidade hídrica, isso porque o substrato utilizado não contém água II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 58 suficiente para que as sementes consigam atingir o teor mínimo de água para realização do metabolismo germinativo, o que pode impedir ou retardar a germinação, como foi o caso das sementes das espécies L. ferrea e P. nitens que não germinaram nos tratamentos de 2,5 vezes o peso do papel para a quantidade de água. As sementes das espécies de L. ferrea, P. stipulacea, P. nitens e T. auera obtiveram melhores resultados em todos os parâmetros germinativos avaliados em condições de maiores disponibilidades hídrica quando comparados ao tratamento de 2,5 como é indicado pela RAS. As sementes dessas espécies são grandes e contém grande quantidade de tecido de reserva o que acaba necessitando de maiores quantidades de água para a germinação. Nessas espécies o tratamento de 2,5 provocou déficit hídrico o que afetou a uniformidade, velocidade e porcentagem de germinação (ROSA et al., 2005). m Portanto, conclui-se que a quantidade de água necessária para a germinação das sementes varia de acordo com a espécie, onde cada espécie necessitará de uma quantidade específica de água para a realização do seu metabolismo germinativo. Dessa forma, as espécies nativas da Caatinga não se encaixam na metodologia proposta pela RAS e a padronização no conteúdo de água provoca variações nas respostas encontradas nos parâmetros avaliados. Agradecimentos Ao Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) pela doação das sementes utilizadas no experimento. Referências ANDRADE, E. M. A floresta tropical seca, caatinga: as certezas e incertezas das águas. Trim, v.12, p. 11-20. 2017. AZEREDO, G. A.; PAULA, R. C.; VALERI, S. V.; MORO, F. V. Superação de dormência de sementes de Piptadenia moniliformis Benth. Rev. Bra de Sementes, v. 32, n. 2, p. 49–58, 2010. BARBOSA, H. A.; KUMAR, T. V. L. Influence of rainfall variability on the vegetation dynamics over Northeastern Brazil. Journal of Arid Environments, v. 124, p. 377-387. 2016. BEWLEY, J. D.; BRADFORD, K. J.; HILHORST, H. W. M.; NONOGAKI, H. Seed: physiology of development, germination and dormancy. 3. ed. New York: Springer, 2013. 407p. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 59 BUCHANAN, B. B.; GRUISSEM, W. J.; RUSSELL L. Biochemistry e molecular biology of plants. 2. ed. California: Jhon Wiley & Sons Ltd, 2015. 1283p. DANTAS, J. M.; COSTA, M. V.; SOUSA, D. M. M.; MAIA, C. E. Quebra de dormência em sementes de Libidibia ferrea Martius. Blu Chem Proceedings, v. 3, p. 1–6, 2015. FARIAS, R. M.; FREITAS, R. M. O.; NOGUEIRA, N. W.; DOMBROSKI, J. L. D. Superação de dormência em sementes de Jurema-branca (Piptadenia stipulacea). Amazon Jour of Agri and Environmental Sci, v. 56, n. 2, p. 160–165, 2013. IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em: Acesso em: 04/10/2020. KOCHHAR, S. L.; GUJRAL, S. K. Plant physiology: theory and applications. 2. ed. New York: Combridge University Press, 2020. 880p. MARCOS-FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. 12. ed. 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Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), Coordenação de Dinâmica Ambiental (CODAM), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). *cc_vasconcelos@hotmail.com Introdução A espectroscopia no infravermelho próximo (Fourier Transform Near-Infrared spectroscopy, FT-NIR) é um método não destrutivo, rápido e altamente econômico (RODRÍGUEZ- FERNÁNDEZ et al., 2011), que mede a vibração e flexão em ligações moleculares como, por exemplo, CH, OH, NH, SH ou C=O (PASQUINI, 2003), pela quantidade de luz absorvida por uma amostra. No tecido vegetal, por exemplo, o FT-NIR gera uma resposta espectral em função da composição química, da estrutura das células e da morfologia interna do tecido (PONZONI, 2002), que podem ser intrínsecas da espécie, resultando em padrões espectrais específicos e complexos (WORKMAN JR; WEYER, 2012) e altamente eficientes para fins taxonômicos. Nesse contexto, estudos recentes tem demonstrado o altopoder preditivo do FT-NIR como um método alternativo para a discriminação de espécies de plantas intimamente relacionadas na resolução de complexos de espécies (DAMASCO et al., 2019; PRATA et al., 2018), descoberta de novos táxons (GAEM et al., 2020; VASCONCELOS et al., 2020), distinção de espécies em diferentes estádios de desenvolvimento (LANG et al., 2015) e níveis taxonômicos (DURGANTE et al., 2013; LANG et al., 2017), predição de traços funcionais (COSTA et al., 2018), além de auxiliar no reconhecimento de espécies em inventários florestais (HADLICH et al., 2018). Os resultados FT-NIR são tão satisfatórios a ponto de sugerir que tal similaridade espectral pode refletir relações filogenéticas (KIM et al., 2004) e, portanto, permitir a previsão da classificação de amostras cujas sequências de DNA não estão disponíveis. Assim, seguindo a tendência de integrar múltiplas evidências na taxonomia, nós propomos neste estudo uma nova espécie de Sapotaceae para a Amazônia Central com base em espectroscopia no FT-NIR, assim como em dados morfológicos. O gênero Neotropical Chromolucuma Ducke (Sapotaceae, Chrysophylloideae) é um pequeno gênero que atualmente compreende cinco espécies restritas aos Neotrópicos e distribuídas nas regiões montanhosas da Costa Rica e do Panamá e em florestas tropicais amazônicas periodicamente inundadas e não inundadas (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru e Venezuela) e na Floresta Atlântica (ALVES-ARAÚJO; ALVES, 2012; MORALES, 2012; PENNINGTON, 1991; SWENSON; ANDERBERG, 2005; SWENSON et al., 2008). O gênero é parafilético e juntamente com Pradosia Liais e Sarcaulus Radlk.ganhou forte apoio na filogenia de Chrysophylloideae Neotropical, porém estes gêneros foram incluídos no ―clado Pouteria‖ e futuramente podem ser transferidos para o nível subgenérico (FARIA et al., 2017). Nesta filogenia, Chromolucuma formou um grupo (―Clado L‖) com três espécies de Pouteria Aubl. seção Franchetella Pierre, tais como P. flavilatex T.D.Penn., P. stipulifera T.D.Penn. e P. williamii (Aubrév.; Pellegr.) T.D.Penn. No entanto, Faria et al. (2017) também sugerem que essas espécies podem ser transferidas para Chromolucuma, conforme proposto por Alves-Araújo e Alves (2012). Morfologicamente, o ―Clado L‖ é suportado pela presença de estípulas (exceto em P. williamii), látex amarelo, pólen tipo A8, flores pediceladas, presença de estaminódios e sementes sem endosperma (FARIA et al., 2017; PENNINGTON, 1990, 1991; SWENSON et al., 2008). Em Chrysophylloideae Neotropical, Chromolucuma (―Clado L‖) e Ecclinusa Mart. (―Clado E‖) são os únicos gêneros conhecidos que apresentam grandes estípulas na base do pecíolo, às vezes caducas deixando cicatrizes evidentes (FARIA et al., 2017). No entanto, os membros de Chromolucuma são facilmente diferenciados de Ecclinusa por uma combinação de caracteres que inclui látex amarelo na casca cortada, galhos e pecíolos (vs. látex branco), flores pediceladas (vs. flores sésseis) e mailto:cc_vasconcelos@hotmail.com II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 61 presença de estaminódios (vs. ausência de estaminódios) (PENNINGTON, 1990; SWENSON et al., 2008; TERRA-ARAUJO et al., 2015). A nova espécie para Chromolucuma foi descoberta a partir da coleção de plantas da Área de Relevante Interesse Ecológico Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (ARIE- PDBFF). A maioria dos espécimes foram inicialmente identificados na década passada como morfotipos Pouteria (sensu PENNINGTON, 1990), mas após um exame cuidadoso, colocamos esses morfotipos em Chromolucuma com base na combinação de características diagnósticas citadas anteriormente e em evidências espectrais no FT-NIR. Material e métodos A descrição da espécie nova foi baseada em observações de campo e exame de 18 espécimes da coleção de plantas de referência do PDBFF. Os espécimes foram depositados nos herbários INPA, HUAM, MG e RB (siglas conforme THIERS, 2020). A maioria dos caracteres foi estudada com base em material seco. As flores da coleção tipo foram dissecadas e medidas com estereomicroscópio Leica® (modelo S8APO, com lente Leica DFC295 acoplada). A terminologia seguiu Hickey e King (2000) e Harris e Harris (2001). As fotografias foram obtidas em campo. Seguimos a hipótese filogenética de Faria et al. (2017) ao comparar Chromolucuma sp. nov.com espécies semelhantes do ―Clado L‖, embora as espécies de Pouteria deste clado não tenham sido formalmente transferidas para Chromolucuma. O mapa de distribuição geográfica é baseado nos registros de ocorrência obtidos de rótulos de espécimes de herbário disponíveis online no Global Biodiversity Information Facility (www.gbif.org) e SpeciesLink (www.splink.cria.org.br). Após o download dos registros realizamos uma triagem dos dados geográficos para corrigir e/ou eliminar coordenadas problemáticas. O mapa de distribuição foi criado usando o software ArcGIS 10.1 (ESRI, Redlands, CA, EUA). Além disso, importamos dados de espécimes georreferenciados para o pacote ―ConR‖ (DAUBY et al., 2017) usando o programa R (R CORE TEAM, 2020) para avaliar o status de conservação de acordo com as categorias e critérios da Lista Vermelha da IUCN (IUCN, 2019). Parâmetros de área de ocupação (AOO), extensão de ocorrência (EOO) e número de subpopulações foram calculados, com tamanho de célula definido em 2 × 2 km. A espectroscopia de infravermelho próximo (FT-NIR) foi aplicada para discriminar Chromolucuma sp. nov. de outras morfologicamente semelhantes. As medições espectrais de folhas secas incluíram 220 leituras espectrais de 48 espécimes (cada um representando uma árvore individual) de quatro espécies: Chromolucuma sp. nov. (n = 15), C. rubriflora (n= 6), Pouteria flavilatex (n = 20) e P. williamii (n = 7). Espécies com poucas amostras (C. congestifolia e P. stipulifera) foram excluídas da análise e espécies de Chromolucuma não representadas nas coleções do PDBFF e do INPA não foram consideradas. Dependendo da condição da amostra, uma média de quatro espectros para cada espécime foi coletada de pelo menos duas folhas (duas leituras em cada face da folha: adaxial e abaxial) usando um analisador de espectroscopia de infravermelho próximo com transformada de Fourier (FT-NIR) da Thermo Fisher Scientific, modelo Antaris II controlado pelo softwareResult™. Cada espectro consiste em 1.557 valores de absorbância foliar no infravermelho próximo com números de onda de 4.000 a 10.000 cm -1 . Cada medida produzida pelo instrumento foi a média de 16 varreduras com resolução de 8 cm -1 . Para avaliar o poder preditivo dos espectros de folhas para reconhecer essas espécies, empregamos duas técnicas diferentes de validação cruzada a partir de Análises Discriminantes Lineares (LDA) usando o conjunto de dados mais informativo (todas as 1.557 variáveis espectrais do conjunto de leituras das faces adaxial + face abaxial): (i) Leave-One-Out Cross-Validation (LOOCV), onde cada árvore individual foi identificada por um modelo construído com os espectros dos indivíduos remanescentes; e, (ii) uma Holdout Cross-Validation (HOCV), pela qual o modelo foi construído com 70% (conjunto de treinamento) dos indivíduos de cada espécie e o conjunto de teste foi composto pelos 30% restantes (conjunto de teste). A porcentagem de predição correta das II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 62 espécies foi anotada e um indivíduo foi considerado identificado corretamente se a maioria dos espectros foram identificados corretamente. Todas as análises foram implementadas no ambientedo programa estatístico R (R CORE TEAM, 2020) e os scripts estão disponíveis no site Ecologia e Evolução de Plantas Amazônicas (www.botanicaamazonica.wiki.br/labotam). Resultados e discussão O resultado das análises espectrais FT-NIR está resumido na Figura 1. O modelo construído a partir de leituras espectroscópicas de folhas foi capaz de prever a identidade das espécies testadas com taxas de acerto entre 87,5% (LDA-LOOCV) e 96,7% (LDA-HOCV). Os valores de absorbância na região do infravermelho próximo resultaram em um padrão único para a espécie nova e para os táxons relacionados (Figura 1A). Figura 1. Espectroscopia no infravermelho próximo (FT-NIR). A. As linhas representam espectros compostos pela média (por espécie) de 1.557 valores de absorbância no infravermelho próximo. B. Classificação supervisionada usando dados FT-NIR. Matriz de confusão de identidade das espécies dadas (linhas) e preditas (colunas) usando os resultados da LOOCV. Os valores na diagonal são as previsões corretas e os valores fora da diagonal são previsões errôneas. A posição dos indivíduos (quadrados) na matriz de confusão (Figura 1B) é definida pela identificação dada com base na morfologia (linhas) e a identidade prevista com base em espectros (colunas). Logo, os indivíduos na diagonal foram identificados como a mesma espécie por morfologia (identificação baseada em análise humana) e espectroscopia (identificação baseada em computador), e da mesma forma, indivíduos fora da diagonal tiveram identificações morfológicas e espectrais divergentes. Os números presentes nos quadrados internos indicam quantos indivíduos permaneceram nas mesmas posições. No caso de Chromolucuma sp. nov., todos os espécimes (indivíduos) testados foram preditos como tal espécie. Isso demonstra um alto nível de predições corretas das análises espectrais FT-NIR, reforçando as evidências morfológicas quanto a delimitação da espécie, a exemplo de estudos já realizados com táxons de outras famílias como Burseraceae (DAMASCO et al., 2019), Myrtaceae (GAEM et al., 2020) e Rubiaceae (PRATA et al., 2018). Para o tratamento taxonômico, consideramos a espécie nova morfologicamente relacionada com Pouteria stipulifera pelas folhas elípticas ou oblanceoladas, nervura central proeminente, pecíolo canaliculado e venação broquidódroma (pelo menos na metade superior em P. stipulifera), mas diferindo pela seguinte combinação: ovário 4-locular (vs. 2-locular), pedicelos mais curtos 0,5–2,6 mm (vs.> 3 mm em todos as congêneres e espécies de Pouteria do ―Clado L‖), folhas 7,6– 27,7 cm e pecíolos maiores 0,4–2,5 cm (vs. folhas 3,5–6,5 cm e pecíolos menores 0,5–0,7 cm), veias secundárias 13–26 pares (vs. 5–6 pares) e ramos com lenticelas (vs. sem lenticelas). II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 63 Em relação à distribuição geográfica e habitat, Chromolucuma sp. nov. ocorre apenas na porção norte dos municípios de Manaus e Rio Preto da Eva, a 100 km da área urbana de Manaus, Amazonas, Brasil, sobrepondo-se geograficamente com algumas congêneres e espécies de Pouteria do ―Clado L‖ (Figura 2E). As árvores crescem em florestas de terra-firme, presentes em pelo menos quatro parcelas permanentes dentro da ARIE-PDBFF. Sobre a fenologia, as flores foram registradas em dezembro e o período de frutificação ainda é desconhecido. Figura 2. Imagens de campo de Chromolucuma sp. nov. A. Copa da árvore vista por baixo. B. Tronco. C. Disposição das folhas e detalhe das estípulas. D. Flor (Fotos: A e B por M.U. Adrianzén, C por M.H. Terra-Araujo, D por C.C. Vasconcelos); E. Distribuição geográfica conhecida de Chromolucuma sp. nov. e de oito espécies relacionadas (Sapotaceae, Chrysophylloideae). Chromolucuma sp. nov. é conhecida em três locais (resolução de 10 km), representando apenas duas subpopulações (raio de 5 km), com ≤ 4 indivíduos maduros observados, todos localizados dentro da ARIE-PDBFF. A nova espécie tem uma faixa estreita para EOO e AOO, de 63 e 16 km 2 , respectivamente. Sua ocorrência parece ser comum dentro de algumas parcelas permanentes da ARIE-PDBFF, que consiste em uma grande área de estudo na Amazônia Central com fragmentos florestais experimentais (de 1, 10 e 100 ha) e florestas contínuas adjacentes. Assim, as subpopulações da nova espécie são relativamente preservadas de ações associadas à exploração florestal e ao desmatamento e, portanto, o declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat, número de subpopulações e número de indivíduos não são esperados como potenciais ameaças. Portanto, a espécie é avaliada preliminarmente aqui como ―Em perigo‖ (EN) [Critérios B1ac (i, ii, iii, iv) + B2ac(i, ii, iii, iv) e D], de acordo com as categorias e critérios da Lista Vermelha da IUCN (IUCN, 2019) e com base no pacote ―ConR‖ (DAUBY et al., 2017). A nova espécie pode pertencer ao ―Clado L‖ (FARIA et al., 2017), com base nas características mencionadas acima. Entre as espécies de Chromolucuma e membros do ―Clado L‖, Chromolucuma sp. nov. é morfologicamente mais semelhante a C. apiculata, C. congestifolia, Pouteria flavilatex e Pouteria stipulifera com base na folhagem e estípulas mais curtas (na ARIE-PDBFF; Ana Andrade, Peterson Campos e Milena Barrera pela assistência com a coleção de plantas de referência do PDBFF; Magno Pilco, José Adaílton, João de Deus, Jairo Lopes e Alberto Neves pela assistência de campo. Este trabalho foi apoiado financeiramente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, processo 142214/2018-3), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM, processo número 062.00255.2013) e pelo Programa PDBFF de Auxílio de Pesquisa Thomas Lovejoy. Referências ALVES-ARAÚJO, A. G.; ALVES, M. Two new species and a new combination of Neotropical Sapotaceae. Brittonia, v. 64, n. 1, p. 23–29, 2012. COSTA, F. R. C. et al. Near-infrared spectrometry allows fast and extensive predictions of functional traits from dry leaves and branches. Ecological Applications, v. 28, n. 5, p. 1157–1167, 2018. DAMASCO, G. et al. Reestablishment of Protium cordatum (Burseraceae) based on integrative taxonomy. Taxon, v. 68, n. 1, p. 34–46, 2019. DAUBY, G. et al. ConR: An R package to assist large‐scale multispecies preliminary conservation assessments using distribution data. Ecology and Evolution, v. 7, n. 24, p. 11292–11303, 2017. DURGANTE, F. M. et al. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 65 IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2019-2. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2019. KIM, S. W. et al. Taxonomic discrimination of flowering plants by multivariate analysis of Fourier transform infrared spectroscopy data. Plant Cell Reports, v. 23, n. 4, p. 246–250, 2004. LANG, C. et al. Near infrared spectroscopy facilitates rapid identification of both young and mature Amazonian tree species. PloS one, v. 10, n. 8, p. e0134521, 2015. LANG, C.; ALMEIDA, D. R. A.; COSTA, F. R. C. Discrimination of taxonomic identity at species, genus and family levels using Fourier Transformed Near-Infrared Spectroscopy (FT-NIR). Forest Ecology and Management, v. 406, p. 219–227, 2017. MORALES, F. Nuevas especies de Sapotaceae para Costa Rica. Darwiniana, nueva serie, v. 50, n. 1, p. 107–113, 2012. PASQUINI, C. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 66 POLINIZAÇÃO: TRANSPORTANDO IDEIAS E AFLORANDO A CONSERVAÇÃO – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA SUPERAR A CEGUEIRA BOTÂNICA Daniele O. Silva¹*, Eric B. G. Rocha², Henarmmany C. A. Oliveira², Elisangela L. S. Bezerra¹. 1. Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2. Universidade Federal de Pernambuco. *daniele.oliveiras@hotmail.com Introdução As escolas possuem grande contribuição para a formação de cidadãos conscientes e críticos, engajados nas decisões e transformações da realidade socioambiental (OLIVEIRA, 2013). Com a crescente degradação do meio ambiente e o declínio da biodiversidade (SIRVINSKAS, 2018), cada vez mais tornam-se necessárias ações que levem à reflexão, à prática e à ressignificação da Educação Ambiental (EA) (REIGOTA, 2010). Essa ressignificação deve ultrapassar o simples compartilhamento de informações e conceitos científicos à sociedade. Ela deve estimular o envolvimento das pessoas a partir da inserção da população como sujeito partícipe dos processos ecológicos, sendo esta uma condição sine qua non ao desenvolvimento de ações de conservação (LIMA, 2011). É impossível resolver as complexas problemáticas ambientais sem uma mudança radical nos sistemas fundados pela atual dinâmica socioeconômica de desenvolvimento que engloba também a comunidade escolar. Surge então o desafio de se repensar uma EA que seja crítica e sobretudo inovadora, buscando através da educação consolidar um ato político comprometido com a transformação social (JACOBI, 2003; LEFF, 2009; MEDEIROS, MENDONÇA; OLIVEIRA; SOUZA, 2011). Em meio às dificuldades e desafios enfrentados pelos docentes da rede básica estão as limitações da formação continuada dos professores (IMBERNÓN, 2010). A prática docente quando regida pelas rédeas conteudistas, amplia temáticas ao mesmo tempo em que outras passam pelo reducionismo (ARRAIS, MASRUA, SOUSA, 2014). Desta forma, passa-se a ter um ranking, categorizando assuntos em escalas de grande importância enquanto outros são negligenciados. Associa-se a isto a limitação de tempo do percurso escolar, aversão ao assunto, ensino associado à memorização de nomenclaturas e falta de contextualização (KINDEL e SOUZA, 2014), temos o que Schussler & Wandersee (2001) denominaram por ―cegueira botânica‖.Tal expressão reporta a sérias consequências em uma sociedade que não conhece e/ou não valoriza sua flora, como: 1) o não envolvimento da população com as causas ambientais; 2) não valorização e estímulo pela criação de políticas públicas no cenário ambiental; 3) aumento do desequilíbrio ambiental com impacto direto nos centros urbanos, em virtude do aquecimento, remoção de matas ciliares, contenção de encostas e diminuição do volume dos rios; 4) perda da biodiversidade e de suas relações ecológicas que impactam diretamente na economia (BUCKERIDGE, 2015; LAYRARGUES; LOUREIRO, 2013). O ensino de botânica torna-se ainda mais desafiador em virtude da necessidade de novas abordagens didático-pedagógicas. Silva (2008) critica a abordagem puramente conteudista usada nas disciplinas de botânica, considerando-a obsoleta, visto que, na contemporaneidade as informações são disseminadas facilmente em formato de mídias digitais. Deste modo, o profissional de educação pode dispor como estratégia o uso de metodologias ativas, as mesmas estão associadas ao estímulo de diversas habilidades, interesse e autonomia dos alunos, no sentido de promover o protagonismo dos mesmos durante todo processo. Uma vez empregada a devida contextualização, surge o estímulo da aprendizagem à medida que eles veem sentido na ciência e conseguem agregar elementos do cotidiano que tradicionalmente não eram considerados em sala de aula. (ALTINO FILHO; ALVES; DA SILVA, 2018; BERBEL, 2011). Neste contexto, não reconhecer a importância das plantas e os aspectos ecológicos interligados nos leva ao comprometimento do que hoje praticamente sustenta a economia brasileira, o agronegócio (Freitas & Imperatriz-Fonseca, 2004). Em todo mundo, cerca de 80% das plantas com flores dependem de polinizadores para manutenção de suas populações (OLLERTON, mailto:*daniele.oliveiras@hotmail.com II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 67 TARRANT e WINFREE, 2011) e 75% da alimentação humana provêm, direta ou indiretamente, de plantas beneficiadas por estas interações mutualísticas com insetos, aves e mamíferos (GALLAI, et al., 2009; KLEIN, et al., 2007; POTTS, et al., 2011). Frequentemente, a produção agrícola reduzida ou os frutos deformados são resultantes da polinização insuficiente, o que, em ecossistemas naturais, podem trazer consequências severas como a extinção de uma planta, ou um declínio visível de animais que se alimentam de frutos e sementes, regeneração pobre da flora, erosão do solo e diminuição do volume de água (GARIBALDI et al., 2016; KLEIN et al., 2007) Baseado nas possibilidades encontradas na literatura e desenvolvendo novas abordagens, o presente trabalho propõe estratégias aplicadas a aulas teóricas e práticas sobre o ensino de Botânica, envolvendo os aspectos biológico, sociocultural e econômico acerca da polinização numa perspectiva CTSA (ciência-tecnologia-sociedade-ambiente), buscando contribuir com mudanças no processo de construção do conhecimento e construir entre alunos e professores uma ponte entre aprendizado e aplicabilidade por meio de metodologias ativas. Material e métodos Ações de extensão universitária desenvolvidas pelo Laboratório de Ecologia reprodutiva de Angiospermas (LERA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE foram colocadas em prática na Escola de Referência no Ensino Médio Ministro Jarbas Passarinho, localizada no Município de Camaragibe, na região metropolitana do Recife/PE. O projeto denominado ―Poliniz'acão: transportando ideias e aflorando a conservação‖, foi realizado com alunos do 1º ano do ensino médio, com o intuito de expor a temática da polinização como tema gerador da proposta pedagógica a ser apresentada e vivenciada pelos estudantes, propondo ações multidisciplinares e produção de materiais didáticos para conceituar os temas básicos relacionados à interação ecológica entre plantas e animais. Para apresentação conceitual do tema, optou-se pelo formato de minicursos e oficinas realizados no laboratório de ciências da escola com um encontro semanal com duração de 3 horas no período de 4 meses. O seguimento do conteúdo foi pensado de maneira que os alunos construíssem uma visão integrada entre o micro e o macroscópico, passando inclusive pelo histórico de estudos e pesquisadores até chegar às questões contemporâneas de aplicação tecnológica e ecologia. No primeiro encontro foi ministrada uma aula introdutória na qual apontamos os principais desafios envolvendo o ensino-aprendizagem da Botânica, as principais justificativas que nos motivaram a compor o projeto, assim como os objetivos do programa e, por fim, as metodologias escolhidas a serem trabalhadas. Deixando explícito desde o começo que a aprovação e participação de todos era muito importante, por isso, todo o processo foi dialogado e democraticamente aceitas as sugestões para desenvolver as atividades de uma forma bastante prazerosa e enriquecedora, tanto para eles – os protagonistas – quanto para nós. Após a apresentação e com os detalhes metodológicos acordados, aplicamos um questionário prévio, com a finalidade de obter informações acerca do que eles entendiam sobre Polinização. O questionário foi estruturado com 4 perguntas de múltipla escolha e 4 perguntas dissertativas, sobre aspectos gerais de relações entre planta e polinizador, bem como a importância deste serviço ecológico para o ambiente e para o homem. As questões fechadas de escolha SIM ou NÃO foram: 1. As plantas interagem com os animais? 2. Os animais são importantes para a produção de alimento? 3. Você sabe o que são polinizadores? 4. Quais desses animais abaixo são polinizadores? As questões dissertativas foram: 5. Como ocorre a reprodução das plantas? 6. Você imagina por que existe tanta variedade de plantas e flores? 7. Como os impactos ambientais podem prejudicar a produção de alimentos? 8. Qual a sua relação com as plantas, você se considera parte da natureza? As respostas das questões estão dispostas a seguir, com o respectivo percentual; as questões dissertativas foram categorizadas em BOA, MÉDIA e RUIM. Para compor um quantitativo relevante, o questionário foi aplicado para um total de 70 alunos de duas turmas do 1º II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 68 ano do ensino médio da escola, porém, por questões de logística da própria instituição, desenvolvemos o projeto com somente uma turma. Nos encontros subsequentes, o embasamento teórico-prático foi consolidado através do desenvolvimento de produtos didáticos, confecção de jogo e atividades lúdicas que estão descritas a seguir (Tabela 1). Tabela 1. Relação entre oficinas e conteúdo ministrado. Oficina Conteúdo Histórico e aplicação História da ciência e atualidades de pesquisa e tecnologia Superpoderes vegetais Morfologia vegetativa, fisiologia e introdução a evolução Morfologia floral Morfologia flora e ecologia reprodutiva Sentir botânica Propriedades organolépticas, fisiologia vegetal Detetive botânico Interação planta-animal e coevolução Morfologia de frutos Morfologia de frutos, produção agrícola Poliniarte Produção artística Também foi criado um perfil na rede social Instagram (https://www.instagram.com/poliniza.acao/?hl=pt-br) para divulgar as atividades e servir ainda como mecanismo de interação além da sala de aula, já que, a maioria dos jovens utilizam esse recurso diariamente para se expressar, pesquisar e compartilhar informações. Resultados e discussão Conhecimentos prévios Apesar de 67,1% dos alunos afirmarem que as plantas interagem comos animais, um percentual maior (88,5%) acredita que os animais são importantes para a produção de alimento, evidenciando que para algumas pessoas as plantas produzem de maneira independente das relações ecológicas. Já no que diz respeito ao saber o que são polinizadores, temos um percentual grande de 84,3% afirmativas. Porém é possível notar uma pequena dificuldade em reconhecê-los. Como um dado do senso comum, temos as abelhas com o maior percentual (95,7%) seguido pelas borboletas com 67,1% das assertivas. Para os demais animais em que podemos observar claramente a polinização, as aves têm um reconhecimento relativamente baixo com 37,1% e como já esperado o menor percentual é o dos morcegos com 31,4%, demonstrando a necessidade de se redefinir conceitos e atentar para as crendices que podem causar impacto, como por exemplo: todos os morcegos são hematófagos. Para os 2,9% dos alunos que apontaram os peixes como polinizadores, explicaram que no mar deve ocorrer alguma forma similar desta interação. Para a 5ª questão, as respostas consideradas como BOA apresentavam todos ou a maioria dos processos envolvidos na reprodução, incluindo a nomenclatura correta das estruturas femininas e masculinas, desde a interação pólen-estigma até a formação do fruto (25,7%). A categoria MÉDIA inclui respostas incompletas e as que confundiam com o ciclo reprodutivo das briófitas, afinal, também são plantas (38,6%). Curiosamente, todas as respostas avaliadas como RUIM dissertam sobre fotossíntese (14,3%). A 6ª questão é a que mais nos chamou atenção, pois aponta a menor taxa de respostas tidas como BOA entre todas as questões, apenas 10% dos alunos relacionaram à algum fator evolutivo como especiação e interação com polinizadores ou alto valor adaptativo, incluindo diversidade de raízes, caules e folhas. Como MÉDIA, 32,9% apontaram apenas a interação com polinizadores e, enquanto RUIM, 47,1% responderam de forma aleatória como ―não sei‖, ―não imagino‖, ―porque Deus criou‖ ou ―através do cruzamento de espécies diferentes‖. Apesar de ser uma questão amplamente discutida sob várias disciplinas e com notícias veiculadas diariamente, a 7ª questão também apresenta um baixo resultado estimado como BOM, 27,3% dos estudantes relacionaram muitas interações ecológicas e principalmente a exploração de recursos naturais como pontos chave na produção de alimentos. Já 27% (MÉDIA) citaram apenas a II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 69 desmatação e extinção de polinizadores. As respostas genéricas e diretas como ―aquecimento global‖, ―degradando o meio ambiente‖ etc., foram consideradas como RUIM compondo a taxa de 21,4%. Esta é a pergunta com maior percentual de abstenção. Encerrando o questionário, temos uma questão pessoal, porém realizamos o julgamento pautado no comportamento político-social que de certa forma interfere na vida de todos. São incluídas como BOA as respostas de quem se acha parte da natureza (27%), embora alguns expressam não ter nenhuma relação direta com as plantas; MÉDIO (30%) representa as respostas ―sim‖, ―normal‖; e consideramos RUIM a negativa de que não se acha parte da natureza (28,7%). Embora a maioria dos alunos tenha identificado corretamente os polinizadores e reconheça que a interação planta-animal é importante para produção de alimento, podemos considerar que a percepção dos estudantes acerca dos fatores de biodiversidade é preocupante, visto que, em todas as questões a categoria de resposta tida como BOA está abaixo de 30%. Segundo De Moura Carvalho (2017), este é o cenário ideal para atuação do educador ambiental, onde habitualmente o imaginário de natureza se estabelece a partir de conceitos midiáticos onde a presença do ser humano não existe ou quando existe se faz de maneira exclusivamente negativa. Deste modo, a EA pode superar esta dicotomia, evidenciando a possibilidade integrativa das relações biológicas, culturais e sociais e suas riquezas quando direcionadas para a recuperação do significado de ecodesenvolvimento (SORRENTINO et al., 2005). Histórico e aplicações Sentimos a necessidade de planejar aulas que apontassem algo próximo à realidade dos alunos, com o objetivo de sensibilizá-los através da identificação, uma abordagem que mostrasse a ciência mais palpável, além dos diversos conceitos e termos técnicos, buscamos demonstrar como a Botânica é aplicada e está presente em vários momentos das nossas vidas. Para isso, construímos uma linha do tempo demonstrando como os estudos surgiram a partir do desejo do homem de entender e classificar as formas de vida, até o desenvolvimento tecnológico da importância para a indústria farmacêutica, por exemplo. Uma curiosidade histórica muito interessante se deve ao fato de que entre os nomes mais conhecidos por contribuir significativamente para a botânica, estão pessoas que não tinham formação acadêmica na área, apenas demonstravam um imenso apreço e realizavam observações por hobby, o que posteriormente constituiu diversas publicações importantes no âmbito científico e artístico também. Tratamos este histórico com viés interdisciplinar, tentando mostrar como a Botânica pode ser associada à geografia, à história, à sociologia, à climatologia, à agricultura, aos alimentos, aos remédios e conhecimento popular. Para conquistar o interesse dos alunos iniciamos a aula contando o mito indígena sobre a origem da humanidade, retratado de maneira ilustrada no livro Biologia da Polinização, de Rech et al., (2014) que exibe como o homem sempre teve uma relação com as plantas desde o início da organização em comunidades. A turma demonstrou muita interesse e o tema foi se desenvolvendo de maneira bem descontraída a medida que surgiam dúvidas e comentários. Superpoderes vegetais Para a maioria dos estudantes, a anatomia e fisiologia vegetal são os conteúdos mais cansativos devido à dificuldade de compreensão e ao elevado número de termos técnicos. Muitos estudos apontam que este tema é trabalhado com o intuito de apresentar as terminologias e conhecimentos específicos e se isso ocorre de maneira descontextualizada impede o aluno de assimilar os conceitos (OLIVEIRA; PAES, 2014). Nesse sentido, planejamos uma aula objetivando demonstrar como as estruturas anatômicas e morfológicas são significativas e estão intimamente relacionadas com a fisiologia da planta e identificar os tipos de raiz e caule de acordo com a sua função. Para isso, utilizamos um vídeo introdutório, do canal no YouTube Nerdologia (https://www.youtube.com/watch?v=LvSw0mD2CPI), sobre a biologia do super-herói Groot, ―uma II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 70 árvore humanóide com os superpoderes de regeneração celular, elasticidade, aumento de tamanho, força, durabilidade regenerativa, manipulação de plantas, absorção de matéria orgânica e intelecto genial‖; o vídeo explica estas ações à luz da fisiologia vegetal, evidenciando que todos os poderes de Groot são possíveis e as plantas já apresentam todas essas capacidades, entretanto, num nível menor de observação. O fato dos alunos conhecerem o super-herói, garantiu a atenção e consequentemente a participação ao longo da discussão sobre o que seria possível ou não para as plantas. Posteriormente, vimos os principais tipos e funções de raízes e caules, à priori, apenas com a definição para que pudessem comentar como imaginaram tal adaptação, por fim vimos as imagens exemplificando cada uma e os alunos realizaram a identificação a partir do que estudamos. O resultado foi altamente satisfatório, com muitosacertos durante a identificação e especialmente com hipóteses e justificativas pertinentes para as escolhas, propondo que o conteúdo foi facilmente compreendido seguindo os conceitos de morfologia e função. Morfologia floral e reprodução De acordo com diversos estudos encontrados na literatura, a melhor metodologia para se ensinar-aprender botânica está diretamente relacionada à experiência visual (ARANHA; BORGES; SABINO, 2010; GIANNOTTI; PRIGOL, 2008), portanto, para esta temática realizamos coletas nos espaços verdes da escola e observações com auxílio de lupas, com o intuito de identificar as estruturas morfológicas femininas e masculinas e caracterizar os eventos da reprodução. Os alunos coletaram flores de morfologia variada para comparação das estruturas. Eles dispuseram as peças florais separadamente e descreveram a função a partir de seus conhecimentos prévios. Posteriormente, socializamos os resultados e discutimos sobre as possíveis explicações para as diferenças morfológicas, já introduzindo conceitos acerca da evolução e interações com polinizadores, também ressaltado na animação assistida sobre reprodução. Após a socialização dos resultados e a discussão sobre a caracterização de função das estruturas, distribuímos 3 moldes de flores em EVA: masculina, feminina e hermafrodita para que tentassem montá-las. Apenas o grupo da flor hermafrodita completou parcialmente a atividade. As diferentes formas das estruturas coletadas não foram um empecilho para a atividade proposta, assim, os grupos realizaram uma análise minunciosa, separando e agrupando as peças florais, contribuindo com a identificação acertada. Para além da atividade, memórias de brincadeiras da infância foram recordadas, o que certamente estabeleceu novos vínculos. Sentir botânica A partir do conceito de ―cegueira botânica‖ (SCHUSSLER; WANDERSEE, 2001), amplamente discutida por muitos cientistas, buscamos experimentar a botânica excitando o máximo de sentidos possíveis (MENEZES et al., 2008). Para isso, introduzimos a aula com as propriedades organolépticas dos vegetais atrelados à fisiologia humana da visão, do tato, do olfato e do paladar, visto que através destes sentidos podemos construir memórias e sentimentos conectados à qualquer experiência, logo, podemos utilizá-los como recurso didático (BORGES; DE PAIVA, 2009). Colocando tudo isso em prática realizamos atividades sensoriais. Por questão de organização e para dinamizar uma competição, dividimos a turma em 4 grupos para realizar três atividades que consistiam em adivinhar o material que era experimentado de olhos fechados através dos sentidos: tato, olfato e paladar. Em cada atividade havia pelo menos quatro componentes para dificultar a resposta, ganhou a equipe que acertou o maior número de itens e receberam como prêmio uma caixa de chocolate. A paleta de amostras do material utilizado para a prática dos sentidos foi organizada em: a) elementos que constituíram a prova de paladar (batata inglesa, batata doce, jerimum, queijo e couve); b) elementos que constituíram a prova de tato (folha de Mussaenda erythrophylla, folha artificial, granola e acerola) e c) elementos da prova de olfato (laranja cravo, canela, hortelã, folha de louro e rapadura). Houve grande resistência em participações na prova de II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 71 paladar, pois a maioria dos alunos não inclui tantos vegetais na dieta e todos que se propuseram acertaram apenas batata inglesa e queijo. Na prova de tato não houve acertos, porém, todos realizaram descrições muito detalhadas da experimentação. Já a prova de olfato foi a que obteve mais acertos. De certo, esta foi uma das oficinas mais interativas, acentuada pela curiosidade, fazendo com que quisessem saber quais eram os materiais. Polinizadores: Jogo Detetive Botânico Foi realizada uma releitura adaptada do jogo de tabuleiro Detetive, que originalmente leva os envolvidos a descobrirem um enigma, no caso em questão à proposta de descoberta consistia na introdução das relações coevolutivas existentes entre plantas e polinizadores de acordo com cada bioma brasileiro. Desta forma objetivou-se propor aos alunos envolvidos a descoberta do mistério ecológico-botânico: qual animal, planta, recurso floral e em qual bioma houve a interação? As cartas do jogo compreendiam em 5 polinizadores, 7 plantas, 5 recursos e 5 biomas. Previamente, quatro cartas foram recolhidas aleatoriamente e depositadas dentro de um envelope, ou seja, um polinizador, uma planta, um recurso floral e um bioma que seria o enigma a ser desvendado. As demais cartas foram distribuídas aos participantes. A turma foi dividida em 4 grupos, cada equipe recebeu cartas remanescentes de cada item e para o caminhar do jogo foram realizadas perguntas, a medida que uma equipe acertasse a resposta, ela poderia escolher outra equipe para descartar alguma carta e contribuir com a solução do mistério. Venceria o jogo a equipe que deduzisse o mistério primeiro. A ferramenta pedagógica Detetive Botânico contribuiu para a construção do processo de aprendizagem dos educandos de forma interdisciplinar e por meio da sensação de competição, estimulando mais esforços para aprender em busca da vitória (FREITAS et al., 2011) pois, à medida que os questionamentos foram resolvidos formou-se uma discussão construtiva sobre as interações planta-polinizador, possibilitando conexões com outros temas como evolução e adaptação dos animais e plantas, além das características dos biomas como clima, tipo de vegetação, ecologia das angiospermas, bem como os aspectos econômicos e culturais locais. Morfologia de frutos Para compor outra aula experimental, utilizamos os frutos mais conhecidos para as observações morfológicas. Na aula anterior, dividimos quais frutas cada aluno poderia levar e os bolsistas ficariam responsáveis por levar açaí e os acompanhamentos para degustação. Acreditamos que esta tenha sido uma das aulas mais enriquecedora, pois apesar da rejeição que algumas pessoas apresentam em relação ao consumo de vegetais, quando se trata de frutos temos uma aprovação unânime que culminou numa interação verdadeiramente fascinante. Com foco na contextualização, vimos especialmente a atuação do melhoramento genético para a produção, assim como a repercussão negativa do uso de defensivos agrícolas. Outra perspectiva que julgamos importante discutir foi a relação cultural de desvalorização dos frutos nativos da nossa região, sobre como o consumo influencia diretamente na produção e como poderíamos trazer mais visibilidade econômica para a Caatinga, por exemplo. Poliniarte Visando explorar segmentos artísticos com os alunos, propomos a confecção de quadros utilizando prego e linha com desenho livre que representasse um momento ou temática que tivesse um significado especial para eles. Este momento de descontração foi muito importante para estabelecer de fato um vínculo afetivo com a turma, pois, ao passo que desenvolvemos o trabalho, conversávamos sobre assuntos diversos do cotidiano e expondo também coisas pessoais sobre como observamos a vida. Alguns alunos que se portavam mais acuados durante as aulas anteriores demonstraram muita habilidade artística e se mostraram muito animados nessa aula, chegando a estimular os II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 72 demais. Evidenciando a importância de incitar a múltipla competências dos discentes, de modo que possam se expressar conforme o que lhes é mais natural (MATOS, 2009). Ao final da aula, cada estudantefalou um pouco sobre seu quadro e o que representava, muitos relatos envolviam mudanças pessoais da perspectiva sobre a relação homem-ambiente, especialmente a visão sobre importância das plantas e curiosidades acerca da alta capacidade adaptativa e resistência. Conclusões Em meio aos entraves da educação, podemos observar que um fator determinante é a falta de interesse dos alunos, portanto, o uso tradicional de recursos como livro didático e apresentações em mídia se tornaram, de certa forma, obsoletos e já não despertam a atenção dos estudantes, pois reproduzem a mesma educação bancária definida por Paulo Freire (1970) baseada em decoração e avaliação, como demonstrado através do baixo desempenho dos alunos no questionário de conhecimentos prévios, deste modo, projetos com abordagem CTSA para difundir noções de equilíbrio ecológico são extremamente necessários para formação de uma sociedade ambientalmente consciente, especialmente ao passo que a degradação ambiental tem aumentado em níveis alarmantes. Além de trabalhar os conceitos, foi possível sensibilizar alguns alunos sobre a importância de um olhar crítico para nossas atuações sociais e políticas envolvendo as plantas, sobretudo as que demandam ações de conservação e estão ligadas diretamente à nossa realidade, exemplificando os produtos que consumimos com defensivos agrícolas. Diante do exposto, confiamos que as atividades desenvolvidas contribuíram significativamente para o ensino-aprendizagem do tema proposto. Ressaltando ainda que o uso das metodologias é viável para resgatar o interesse dos alunos e a motivação para participar de todo processo educativo do ensino como um mecanismo eficiente para se contrapor à cegueira botânica, proporcionado ainda a contextualização que é tão necessária para aproximar o aluno do conteúdo teórico científico. O uso da rede social Instagram (https://www.instagram.com/poliniza.acao/) também se fez muito útil para divulgação das atividades desenvolvidas e para manter uma ótima comunicação com os estudantes, a fim de trocar materiais de estudo e acrescentar às propostas por meio do feedback instantâneo, atributo da rede social que é bastante acessível para os jovens contemporâneos. Referências ALTINO, F. H. V; ALVES, L. M. N. & SILVA, C. L. As metodologias ativas como instrumentos otimizadores à travessia do indivíduo de jure ao indivíduo de facto. Anais do Seminário Científico da FACIG. (2018). ARANHA, J. M; BORGES, M. D. & SABINO, J. A fotografia de natureza como instrumento para educação ambiental. Ciência & Educação.(2010) ARRAIS, M. G. M. et al. O ensino de botânica: investigando dificuldades na prática docente. In Revista da SBEnBio. (2014). BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. In Seminario Ciências Sociais e Humanas. (2011). BORGES, T. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 74 AÇÕES DE EXTENSÃO E A MODIFICAÇÃO NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE ESCOLAS FAMÍLIA AGRÍCOLA ACERCA DA BOTÂNICADaniele Souza da Costa, Angélica Souza da Costa, Mellissa Sousa Sobrinho* Laboratório de Biologia Floral e Reprodutiva - FLOREM; Universidade Federal do Amapá/Campus Mazagão. *mellissasobrinho@unifap.br Introdução Historicamente, devido à proximidade do homem com o meio ambiente, seria esperado que a Botânica fosse considerada a ciência de maior compreensão e aceitação em sala de aula, porém não é isso que se percebe (URSI et al., 2018). O ensino de Botânica, na atualidade, caracteriza-se como muito teórico e desestimulante, sendo subvalorizado dentro do ensino de Ciências e Biologia, faltando condições de infraestrutura, de modo geral, nas escolas e melhor preparo dos professores para modificar essa situação (TOWATA; URSI; SANTOS, 2010; MORAES, 2019). A abordagem da Botânica na Educação Básica ainda está distante de alcançar os objetivos esperados em um processo de ensino-aprendizagem realmente significativo e transformador, não despertando o interesse de professores e alunos pelo conteúdo, tornando-o distante de suas realidades (URSI et al., 2018). Na região amazônica, as aulas de Botânica limitam-se às salas de aula, o que impede o avanço do conhecimento dos alunos acerca da biodiversidade existente (BATISTA; ARAÚJO, 2015). Autores têm sugerido a utilização de aulas mais práticas, empregando diversos métodos de aprendizagem como estratégia didática para melhorar a qualidade do ensino/aprendizado dos estudantes, principalmente na área da Botânica (KATON; TOWATA; SAITO, 2013; SILVA; CANDIDO; LIMA, 2018). O ensino mais prático, dentro da sala de aula e em ambientes fora dela, tem mostrado ser eficiente no aprendizado, pois os alunos são estimulados a fazer uma melhor reflexão e a participar das práticas, trazendo sua realidade para seu próprio conhecimento escolar, tornando-os sujeitos mais ativos no processo de ensino-aprendizagem (SILVA et al., 2015). As plantas, presentes cotidianamente na vida das pessoas, ainda passam despercebidas por elas, sendo, por vezes, menosprezadas em importância (SILVA; CANDIDO; LIMA, 2018). Oliveira e Paes (2014) defendem que é crucial que os conteúdos relacionados aos vegetais tenham também papel de destaque no aprendizado dos alunos, pois só assim irão compreender e valorizar os processos ecológicos ocorrentes na natureza, para poder proteger e garantir o equilíbrio do planeta. Com isso, estudos com enfoque na polinização mostram-se relevantes nesse processo, uma vez que envolvem a biologia reprodutiva das plantas e os polinizadores, que prestam um serviço essencial aos ecossistemas e ajudam a manter toda a diversidade da cadeia alimentar e grande parte da produção agrícola (WOLOWSKI et al., 2018). O presente trabalho teve por objetivo investigar a percepção dos estudantes do Ensino Médio e pós-Médio de escolas família do estado do Amapá sobre plantas e seus aspectos reprodutivos antes e depois de ações do projeto ―Para não dizer que não falei das flores e dos polinizadores também no Ensino Médio‖. Metodologia A pesquisa foi realizada junto às ações do projeto de extensão ―Para não dizer que não falei das flores e dos polinizadores também no Ensino Médio‖, cadastrado no Departamento de Extensão da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e promovido pelo Curso de Licenciatura em Educação do Campo - Ciências Agrárias e Biologia da UNIFAP/Campus Mazagão. Este projeto promoveu divulgação de conhecimentos científicos da área da Botânica, mais especificamente sobre Biologia Reprodutiva de Plantas para alunos de escolas família localizadas na zona rural do estado do Amapá. Um dos objetivos era o de ao difundir, de forma diferenciada, conceitos sobre II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 75 flores e polinizadores entre alunos de escolas campo para que estes passassem a observar melhor o ambiente que os cercavam, buscando sua conservação e preservação. O projeto foi executado em duas escolas família agrícola (EFA) do estado do Amapá, a Escola Família Agroextrativista do Maracá (EFAEXMA), localizada no município de Mazagão, distante 154 km da sede do município, e a Escola Família Agrícola do Pacuí (EFAP), localizada no distrito de São Joaquim do Pacuí, zona rural de Macapá e distante 128 km da zona urbana da capital. Nestas escolas, orientadas pela Pedagogia da Alternância, foram contemplados alunos em regime de internato de turmas do Ensino Médio e do Curso Técnico em Agropecuária (pós-Médio). As atividades do projeto foram desenvolvidas por acadêmicas do Curso de Educação Campo, bolsistas do projeto de extensão, ao longo de dois dias em cada escola, quando foram tratados conceitos relacionados a plantas com flores e a polinização, em etapas denominadas ―Etapa Flores‖ e ―Etapa Polinizadores‖, respectivamente. Na Etapa Flores, foi abordada a classificação geral dos grupos que compõem o Reino Plantae, considerando evolução e ocupação do ambiente terrestre, e elucidado o papel reprodutivo das flores, evidenciando os seus atributos morfológicos e os recursos oferecidos aos visitantes. O processo de polinização, os polinizadores bióticos, o que os atrai nas flores, como são recompensados e os serviços ecossistêmicos prestados foram os assuntos abordados da Etapa Polinizadores. As escolas do campo receberam aulas expositivas sobre o tema, incluindo atividades teóricas e práticas, com ações em sala de aula e em área externa, nas proximidades das escolas. Para a obtenção dos dados, foi construído um questionário com 16 perguntas abertas e fechadas, sendo este aplicado aos alunos antes do inicio da primeira aula e ao final das ações do projeto. Inicialmente objetivou-se investigar o conhecimento prévio dos alunos sobre conteúdos de Botânica, assim cada participante respondeu anonimamente a um questionário e ao final, para avaliar o aprendizado adquirido, aplicou-se novamente o mesmo questionário. A tabulação e análise dos dados foram realizadas através do programa Microsoft Excel 2013. Resultados e discussão A pesquisa contou com a participação de 38 alunos no primeiro dia e com 32 ao final da segunda etapa do projeto. A grande maioria dos participantes era composta por jovens do sexo masculino, com idade entre 15 a 25 anos. A análise dos questionários mostrou que os alunos já possuíam o claro entendimento de que planta é um ser vivo, no entanto, quando questionados se todas as plantas produziam flor, primeiramente 52,6% responderam que sim e, mesmo após as aulas, este número ainda permaneceu alto, com 41%. Estudos relacionados a este tema já atraíam o interesse de 73,7% daquele público. Após as etapas do projeto, mais pessoas afirmaram gostar de estudar sobre as plantas (78%). O percentual de alunos que são atraídos pelo ―mundo das plantas‖ mostrou-se expressivo nas EFA; normalmente os estudantes mostram mais interesse, dentro do ensino de Biologia, por conteúdos não referentes aos vegetais, como apontado por Balas e Momsen (2014), que afirmam que estes são mais atraídos por animais do que por plantas, dificultando a compreensão dos mesmos por conteúdos botânicos. Em pesquisa realizada com alunos de escolas de todas as Regiões do Brasil, foi observado maior interesse por parte de alunos da Região Norte em estudar temas ligados à biodiversidade que os cerca, sobre os seres vivos locais, da sua Região (FRANZOLIN; GARCIA; BIZZO, 2020). Mesmo com o fascínio pelas plantas, o conhecimento que os alunos participantes mostraram sobre elas é pouco aprofundado. Faz-se necessário a valorização das plantas e de seu ensino para que os alunos e professores sejam cientes do quão presente as plantas estão no seu cotidiano e tenham facilidade em compreendê-las (URSI et al., 2018). O conteúdo de Botânica, nos diferentesde cipó-titica (Heteropsis spp.) PhD. Janaína Deane de Abreu Sá Diniz – Universidade de Brasília (UnB), Brasília, Distrito Federal, Brasil Agroextrativismo e uso sustentável da sociobiodiversidade no Cerrado brasileiro Lançamento do livro “Alternativas para o Bioma Cerrado: Agroextrativismo e uso sustentável da sociobiodiversidade” PhD. Janaína Deane de Abreu Sá Diniz – Universidade de Brasília (UnB) Dia 09/12/2020 (Quarta-feira) Manhã 8h30min 9h30min 10h 11h Simpósio Novos Talentos na Ciência Me. Iranir Andrade dos Santos – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Bruno de Santana Santos et al. Qual a quantidade de água necessária para a germinação das sementes da Caatinga? Cleicy Alves de Sousa et al. O saber etnobotânico dos estudantes sobre o cipó-titica (Heteropsis spp. - Araceae) e as intervenções pedagógicas de uma Escola Família Agrícola no Amapá Isabelly Ribeiro Guabiraba et al. A experiência de participação de extratoras de óleo de pracaxi no 2° prêmio sat bndes: estímulo à organização comunitária Mariana Serrão dos Santos et al. Peperomia Ruiz & Pav. subgênero Rhynchophorum (Miq.) Dahlst. (Piperaceae) no Estado do Amapá Conferência Conservação e atualidades em Bromeliaceae Dr. Gabriel Araújo da Silva - Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dra. Ivón Mercedes Ramírez Morillo - Centro de Investigación Científica de Yucatán, Mérida, México Hechtioideae (Bromeliaceae) un grupo Megamexicano Simpósio Restauração florestal em áreas degradadas nos ecossistemas amazônicos Eng. Carlos Armando Reyes Flores – Mestrando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) Coordenação da mesa Dr. Rafael de Paiva Salomão - Museu Paraense Emilio Goeldi – Belém, Pará, Brasil Seleção de espécies estruturantes para restauração de florestas de áreas degradadas em área de mineração Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes - Universidade Federal do Pará (UFPA), Bragança, Pará, Brasil Seleção de espécies para restauração de florestas de manguezais Palestra Alessandra dos Santos Facundes – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Eng. Carlos Armando Reyes Flores – Mestrando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Universidad Nacional Del Centro Del Peru Lima, Peru Ecourbanismo Tarde 14h 15h30min 16h 16h30min Simpósio Estudos de Orquídeas nas Américas Simpósio Focos de queimadas no Palestra Dra. Marcela Nunes Simpósio Produção e polinização do açaizeiro Dr. Antônio Ferreira de Oliveira – Instituto Federal do Amapá (IFAP), Laranjal do Jari, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dr. Patrick de Castro Cantuária - Instituto de Pesquisas Científicas, Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Por que o gênero Mormodes (Orchidaceae) necessita de uma revisão urgente? Me. Isler Chinchilla Alvarado - Jardín Botánico Lankester, Universidad de Costa Rica, San José, Costa Rica Pequenas joias verdes: orquídeas Malaxis na Costa Rica Dr. Germán Carnevali Fernández-Concha - Centro de Investigación Científica de Yucatán, Mérida, México Biogeografía y evolución de Encyclia (Laeliinae: Orchidaceae) Amapá Dra. Mellissa Sousa Sobrinho – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Mazagão, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Me. Nadiane Munhoz Araújo – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Variação espaço-temporal de cicatrizes de queimada no município de Mazagão, Estado do Amapá Esp. Patrícia Ribeiro Salgado Pinha – ICMBio, Macapá, Amapá, Brasil Focos de queimadas na Reserva Biológica do Lago Piratuba e entorno, Estado do Amapá Videira – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa MSc. Adelson Rocha Dantas – Doutorando do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil História natural de Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze (Fabaceae) no estuário do Rio Amazonas Dr. Tonny David Santiago Medeiros – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dr. Alexandre Luis Jordão – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Polinização do açaizeiro no Amapá Dra. Jakeline Maria dos Santos – Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, Alagoas, Brasil Compostos voláteis das flores do açaizeiro Dra. Ana Margarida Castro Euler – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), Macapá, Amapá, Brasil Aspectos socioambientais da cadeia de valor do açaí no estuário do rio Amazonas, estados do Amapá e Pará Me. Richardson Ferreira Frazão – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil As abelhas melíferas são polinizadoras do açaizeiro Dia 09/12/2020 (Quarta-feira) Minicursos 19h às 20h30min 19h às 20h30min 19h às 20h30min 19h às 20h30min Minicurso 1 Dra. Valéria Saldanha Bezerra Ministrante Minicurso 2 Dr. Antônio Francelino de Oliveira Filho Ministrante Minicurso 3 MSc. George Azevedo de Queiroz Ministrante Minicurso 4 Dr. Rafael Barbosa Pinto Ministrante A ferramenta Mendeley e sua interação com plataformas de buscas de artigos científicos A sistemática vegetal como ferramenta para conhecer a diversidade Introdução a Morfologia das Angiospermas Uma Visão Genética da Conquista do Ambiente Terrestre Pelas Plantas Dia 10/12/2020 (Quinta-feira) Manhã 8h30min 9h30min 10h Simpósio Novos Talentos na Ciência Me. Iranir Andrade dos Santos – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa João Felipe V. Corrêa et al. Distribuição diamétrica e produção de sementes de andirobeiras em floresta de terra firme Kátia dos Santos Pantoja e Lúcia Tereza Ribeiro do Rosário Mulheres coletoras de sementes no estuário amazônico: a manutenção da agrobiodiversidade e da sociobiodiversidade Larissa dos Santos Sarges et al. Índice de Vegetação de Diferença Normalizada (NDVI) na Resex do Rio Cajari, após o mais forte El Niño (2015/2016) da Amazônia Ruana Serrão Ferreira et al. A valorização do saber local sobre o cipó titica (Heteropsis spp. - Araceae) como estratégia pedagógica no ensino de botânica: uma análise na Escola Família Agrícola na região da Perimetral Norte No Estado Amapá Palestra Me. Juliana Eveline dos Santos Farias – Instituto Federal do Amapá (IFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dra. Llinet Marcela Serna Gonzalez – Tecnológico de Antioquia-Institución Universitaria (TdeA), Antioquia, Colômbia Taxonomia, Ecologia e Conservação de Magnolia L. Roda de Conversa Alimentos para o corpo e para a mente como práticas cotidianas na agrobiodiversidade Esp. Plúcia Franciane de Ataide Rodrigues – Instituto Federal do Amapá (IFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dr. Galdino Xavier de Paula Filho – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP/MZG), Mazagão, Amapá, Brasil Agrobiodiversidade alimentar e recursos alimentícios locais: contribuições para a Segurança Alimentar Dra. Meire Adriana da Silva – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil O reconhecimento dos Territórios Uaçá, Galibi e Juminã, enquanto fator de segurança alimentar Tarde 14h 15h30min 17h30min Simpósio Roda de conversa Simpósio A Amazônia e seu potencial biotecnológiconíveis de ensino, ainda é ‗enfrentado‘ com muita dificuldade pelos estudantes e mostra-se pouco interessante, principalmente quando é apresentado em longos conteúdos dentro de sala de aula (KATON; TOWATA; SAITO, 2013). Silva, Candido e Lima (2018) defendem que para facilitar o aprendizado dos alunos é necessário ir além dos muros II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 76 da escola e trabalhar o dia a dia destes, sempre buscando diversos recursos alternativos, como jogos, experimentos e outros, que podem ajudar a despertar o interesse dos alunos pela Botânica. Ao tentarem classificar a ciência Botânica, inicialmente 32% dos alunos informaram não saber, 21% classificaram como a ciência que estuda as plantas/vegetais e os demais associaram a ―partes das plantas‖, ―flores‖, ―coleta de plantas‖ e ―seres vivos/natureza em geral‖. A aplicação do segundo questionário mostrou alterações positivas desses percentuais, com aumento para 50% de associações da Botânica com a ciência que estuda as plantas/vegetais. Porém o aumento da associação a flores, restringindo a Botânica às angiospermas, merece atenção para as futuras ações de extensão com o mesmo enfoque (Figura 1). Figura 1. Concepção de alunos da Escola Agrícola do Pacuí e da Escola Agroextrativista do Maracá, no Amapá, sobre a definição de Botânica antes e depois das ações do projeto de extensão ―Para não dizer que não falei das flores e dos polinizadores também no Ensino Médio‖. Em pesquisa realizada com alunos do Ensino Médio de escola pública localizada em Parintins, no Amazonas, constatou-se 38% de acertos sobre a definição de Botânica (BATISTA; ARAÚJO, 2015). Segundo os autores, assim como em parte deste trabalho, as outras colocações/termos utilizados pelos alunos estão dentro do contexto da Botânica, mesmo havendo grande diversificação de palavras. A maioria dos participantes já havia estudado conteúdos relacionados a flor (63%), mas apenas 16% responderam corretamente que essa é um órgão de reprodução; este percentual elevou- se para 38% após as aulas. Ao investigar sobre o entendimento da função biológica da flor após as aulas, este, aparentemente, ainda ficou confuso para boa parte dos alunos, que associaram flores à produção de frutos e/ou atração polinizadores, desassociando de seu real papel, a reprodução das angiospermas. Ainda buscando avaliar o conhecimento dos alunos sobre flor, foi questionado sobre as partes que compõem uma flor e, no primeiro questionário, pétala e sépala foram as mais citadas (20 e 18 vezes, respectivamente). Já após as aulas, além dessas, outras partes também foram citadas diversas vezes, como ovário (19), estilete (18), estigma (18), pedicelo (17), filete (16) e óvulo (15), tendo as demais partes um número menor de citações pelos alunos. Ao tratar com os estudantes mais especificamente sobre o grupo das angiospermas, com ênfase nas flores, eles apresentaram um pouco de dificuldade com algumas definições. Para Viola (2011), o estudante tem que compreender que nem todos os grupos de plantas produzem flores, que ela é a parte da planta que tem a função de reprodução e que os alunos devem conhecer os detalhes das diferentes flores, ou seja, conhecimento científico sobre flor, porque essa faz parte de um ciclo que é fundamental para a manutenção dos ecossistemas. Quanto ao processo de polinização, inicialmente 73% dos alunos informaram que já haviam estudado sobre o assunto e, quase que em sua totalidade (94,7%), mostraram desde o início das aulas ter consciência do quão importante é este processo ecológico. Entretanto, a relação de necessidade do ser humano pelos polinizadores foi vista como real por poucos alunos, verificado II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 77 devido as opções ‗ser humano‘ e ‗as pessoas que vivem nas cidades‘ terem sido as menos marcadas como os que precisavam dos polinizadores. Estudos sobre a polinização realizada por diversos agentes polinizadores, dos quais os bióticos têm grande importância e destaque para a polinização de diversas espécies de plantas, demonstram a dependência dos seres humanos pelos polinizadores (MAUÉS, 2014). Essa questão precisa de mais atenção e divulgação, uma vez que os polinizadores prestam um serviço ecossistêmico considerado fundamental para a produção agrícola e para a conservação ambiental, serviços dos quais a humanidade é dependente (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2012). É necessário entender essa relação para que os animais polinizadores possam ser preservados, já que a ação humana vem causando perdas na biodiversidade e alterando os ecossistemas, afetando-os (IMPERATRIZ-FONSECA, 2004). Quanto aos polinizadores, 8% dos alunos afirmaram não conhecer nenhum e os demais, que conheciam, citaram bastante abelha, indicando em menor número beija-flor, morcego, besouro e alguns outros. Destaque às ―mangangavas‖ (Bombus spp. e Xylocopa spp.), mencionadas por alunos em associação às abelhas, como se assim não fossem. Após as aulas, o número de citações de polinizadores bióticos ficou um pouco mais uniforme entre eles e foram acrescidos mais dois à lista, mariposa diurna e esfingídeo, discutidos em aula. Os alunos mostraram ter visão negativa em relação aos morcegos, pois o animal era pouco conhecido como importante agente ecológico e mais como transmissor de doença. Os morcegos prestam importantes serviços para o bom funcionamento dos ecossistemas, como o transporte de pólen a longas distâncias e a dispersão de sementes, auxiliando para a perpetuação de muitas espécies vegetais (REIS et al., 2007). A percepção negativa sobre os morcegos mudou após a aula, mostrando a importância da divulgação de informações, desmistificando preconceitos, corrigindo erros e até diminuindo medos. Questionados sobre o que as abelhas buscam quando visitam flores, pólen e néctar foram os recursos mais marcados entre as opções disponibilizadas, tendo sido mel a escolha de 14 alunos, como se este fosse produzido e oferecido pelas flores às abelhas. Essa ideia se deve em parte ao que é apresentado em diversos meios de comunicação e se apresenta em alunos desde o Ensino Fundamental (COSTA; COSTA; SOBRINHO, 2020), mostrando a necessidade de projetos de educação científica com educandos de todas as idades, desde as séries iniciais. Sobre como as plantas estão presentes na vida dos alunos, no primeiro e segundo momento da pesquisa, mais de 80% afirmaram que as plantas estão presentes de diversas maneiras, como enfeite, árvores, flores, frutos, dando sombra, aos arredores da escola, no ato de respirar, para a saúde, na ornamentação das casas, hortas, alimentação, ao irrigá-las, nos pomares, em estudos de campo, na Botânica, nos quintais, durante o dia todo, do deitar ao levantar. As EFA possuem o diferencial de possibilitar total imersão de seus alunos em atividades de campo, podendo aproveitar isso para contextualizar o ensino de Botânica e, de forma interdisciplinar, aprofundar este conhecimento, apresentando a real importância desses seres fotossintetizantes primordiais, que moldaram histórias evolutivas, sociais e econômicas. Considerações finais O projeto de extensão ―Para não dizer que não falei das flores e dos polinizadores também no Ensino Médio‖, realizado em parceria com escolas família, almejou contribuir para a formação e capacitação de futuras professoras do campo e também compartilhar conhecimentos fora dos muros da universidade, buscando beneficiar discentes, comunidade escolar e sociedade em geral. Através dos resultados obtidos, foi possívelconstatar que a percepção sobre Botânica foi ampliada entre os alunos após as ações do projeto, como verificado quando algumas definições como, ―classificar botânica, identificar partes florais, reconhecer a função/importância dos polinizadores‖, conseguiram obter maiores percentuais de acertos diretos. Os alunos das EFA participantes do projeto de extensão mostraram ter afinidade pela Botânica e disposição em entender um pouco mais sobre as plantas floríferas e os visitantes florais presentes em seus cotidianos, mas para os quais não II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 78 davam tanta atenção. Estes alunos têm uma relação visivelmente constante com as plantas pelo fato de estudarem em uma escola do campo que promove e estimula o frequente contato com as plantas, inclusive em atividades de campo, como o cultivo de alguns dos alimentos que complementam suas refeições. No entanto, o conhecimento científico ainda é fragmentado, a Botânica acaba sendo vista como só mais uma disciplina e é pouco associada ao cotidiano, mesmo estando tão presente. É necessário aprofundar e difundir cada vez mais o conhecimento científico sobre a Botânica nas escolas família e utilizar metodologias que facilitem o aprendizado, intercalando nas aulas teoria, prática, atividades extraclasse e projetos voltados para o melhor entendimento desta ciência tão tangível no dia a dia destes alunos amazônidas. Agradecimentos À Pró-Reitoria de Extensão e Ações Comunitárias da Universidade Federal do Amapá, pelo apoio financeiro para a execução do projeto e pelas bolsas concedidas a Angélica Costa e Daniele Costa (Edital N. 001/2019 – DEX/PROEAC/UNIFAP). À Escola Família Agrícola do Pacuí e à Escola Família Agroextrativista do Maracá pela parceria e apoio para realização das ações de extensão e pesquisa. Referências BALAS, B.; MOMSEN, J. L. Attention ―Blinks‖ Differently for Plants and Animals. CBE Life Sciences Education, vol. 13, 437-443, 2014. BATISTA, L. N.; ARAÚJO, J. N. A Botânica sob o olhar de alunos do Ensino Médio. Rev. 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A cegueira Botânica e o uso de estratégias para o Ensino de Botânica. In: LOPEZ, A. M. et al. (Orgs.). Botânica no Inverno2013. São Paulo: Instituto de Biociências da Universidade Federal de São Paulo. 2013. MAUÉS, M. M. Economia e polinização: custos, ameaças e alternativas. In: André Rech et al. (Orgs.). Biologia da Polinização. Rio de Janeiro: Projeto Cultural. 2014. MORAES, E. C. Prática pedagógica em Botânica no Ensino Fundamental I em escolas do campo no município de Mazagão, Amapá. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Amapá/Campus Mazagão, 2019. OLIVEIRA, R. F. M.; PAES, L. S. A concepção dos alunos do Ensino Fundamental quanto ao Ensino de Botânica associado à prática de Educação Ambiental. REVISTA IGAPÓ-Revista de Educação Ciência e Tecnologia do IFAM, v. 2, 2014. REIS, N. R. et al. Morcegos do brasil. Universidade Estadual de Londrina, 2007. SILVA, A. P. M. et al. Aulas práticas como estratégia para o conhecimento em Botânica no Ensino Fundamental. 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Plataforma Brasileira de Biodiversidades e Serviços Ecossistêmicos. Campinas, SP: [s.n], 2018. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 80 CATÁLOGO DA BRIOFLORA DO ESTADO DE SERGIPE, BRASIL Fabiano S. Dantas*, Marla I. U. de Oliveira Universidade Federal de Sergipe. *fabianodantas.bio@gmail.com Introdução Briófitas são plantas popularmente conhecidas como antóceros, hepáticas e musgos (COSTA et al., 2010). Para o Brasil são registradas cerca de 1.500 espécies, com representantes em todos os domínios fitogeográficos (COSTA; PERALTA, 2015). A região Nordeste do Brasil resguarda aproximadamente 50% dos táxons referidos para o país, sendo considerada, portanto, a terceira mais diversa (FLORA DO BRASIL 2020 em construção, 2020). Apesar disso, o estado de Sergipe está entre os que apresenta as menores adições à sua brioflora (COSTA; PERALTA, 2015). No Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil (COSTA; LUIZI-PONZO, 2010), foram reportados 50 musgos e hepáticas para Sergipe. Já Costa e Peralta (2015) registraram 62 espécies de Bryophyta e Marchantiophyta, mas na Flora do Brasil 2020 são referidas apenas 60 delas (FLORA DO BRASIL 2020 em construção, 2020). Ao comparar essas informações com aquelas presentes nos principais trabalhos já realizados no Estado (YANO, 1994; YANO; PERALTA, 2006; YANO et al., 2010, 2011; SILVA, 2013; SILVA et al., 2016), esses valores tornam-se inconsistentes. Este fato, associado à ausência de um inventário para a brioflora em Sergipe, dificultam os estudos relacionados à distribuição geográfica dessas espécies para a Flora do Brasil. Diante disso, o presente trabalho compilou as ocorrências de briófitas registradas em publicações e plataformas de dados online para Sergipe, afim de apresentar uma listagem atualizada dessas espécies. Isso poderá ser utilizado como base para estudos florísticos, taxonômicos, ecológicos e conservacionistas futuros, bem como auxilia no preenchimento das lacunas antes existentes no conhecimento da brioflora em Sergipe. Material e métodos O estado de Sergipe está localizado na região Nordeste do Brasil, entre as coordenadas 9°31‘-11°34‘S e 36°25‘-38°14‘W. Possui uma área aproximada de 21.910 km 2 , sendo considerado a menor unidade da federação. Limita-se o norte pelo estado de Alagoas, ao sul e oeste pelo estado da Bahia, e ao leste pelo Oceano Atlântico.O clima é predominantemente quente e úmido. A vegetação é composta principalmente por remanescentes de Caatinga e Mata Atlântica. O revelo em sua maior parte não ultrapassa os 300 m, no entanto, pode alcançar até 800 m em um complexo de serras residuais localizados no agreste sergipano (FRANÇA; CRUZ, 2013). Para a realização desta revisão de literatura foram consultados os catálogos de Yano (1989, 1995, 2006, 2008, 2010, 2011, 2013), a Flora do Brasil 2020 (FLORA DO BRASIL 2020 em construção, 2020), o speciesLink (CRIA, 2020) e as principais publicações de briófitas no Estado: Yano (1994), Gradstein e Costa (2003), Yano e Peralta (2006), Yano et al. (2010, 2011), Bonfim (2011), Bordin (2011), Farias (2013), Silva (2013), Costa (2016), Silva et al. (2016), Lima (2019). As espécies encontradas nessas bibliografias foram listadas e, para aquelas que apresentavam nomenclatura desatualizada, foram apresentadas atualização. A classificação utilizada segue aquela presente em Goffinet & Shaw (2009). Resultados e discussão Foram encontradas 31 famílias, 72 gêneros e 145 espécies de briófitas reportadas para o estado de Sergipe (Tabela 1). Os musgos (Bryophyta) corresponderam a 68 espécies, sendo as famílias mais diversas Calymperaceae (10spp.), Fissidentaceae (8spp.) e Sematophyllaceae (6spp.), respectivamente (Figura 1A). Já as hepáticas (Marchantiophyta) foram representadas por 77 II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 81 espécies, e as famílias que apresentaram maior riqueza foram Lejeuneaceae (51spp.) e Frullaniaceae (9spp.), respectivamente (Figura 1B). É importante ressaltar que não foram localizados registros de antóceros (Anthocerotophyta). Quanto a distribuição geográfica no estado de Sergipe, foram encontrados 15 municípios e 18 localidades específicas com registros coletados, a saber: [1] Aracaju (Centro da Cidade); [2] Areia Branca – Itabaiana (Parque Nacional Serra de Itabaiana); [3] Barra dos Coqueiros (Ilha de Santa Luzia); [4] Capela (Refúgio da Vida Silvestre Mata do Junco); [5] Cristinápolis (Margem do Rio Real); [6] Estância (Área de Proteção Ambiental Litoral Sul); [7] Estância (Margem da Rodovia BR-101); [8] Itabaiana (Margem do Rio Tabocas); [9] Neópolis (Margem do Rio São Francisco); [10] Nossa Senhora do Socorro (Floresta Nacional do Ibura); [11] Pirambu (Reserva Biológica Santa Isabel); [12] Ribeirópolis; [13] Rosário do Catete (Margem da Rodovia BR-101); [14] Santa Luzia do Itanhy (Mata do Crasto); [15] São Cristóvão (Campus Universitário); [16] São Cristóvão (Centro Histórico); [17] São Cristóvão (Margem da Rodovia BR-101); [18]. Figura 1.Número de espécies de briófitas por família em Sergipe. A. Bryophyta. B. Marchantiophyta. Em relação à distribuição nos diferentes ambientes do Estado (Fig. 2), a Mata Atlântica foi a que apresentou maior número de espécies (133spp.), seguida pela Caatinga (13spp.). Já os remanescentes de restinga e os centros urbanos apresentaram dez espécies cada. Observa-se que há uma diferença de ocorrências entre o primeiro e demais tipos vegetacionais, o que pode ser explicado pela carência de coletas na Caatinga, restinga e centros urbanos. Figura 2.Distribuição de musgos e hepáticas por tipo vegetacional em Sergipe. Dentre as Unidades de Conservação presentes em Sergipe, apenas o Parque Nacional Serra de Itabaiana (YANO, 1994; SILVA, 2013), o Refúgio da Vida Silvestre Mata do Junco (SILVA, 2013) e a Reserva Biológica Santa Isabel (SILVA et al., 2016) foram devidamente catalogadas. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 82 Isso reforça a necessidade de diminuir as lacunas amostrais ainda existentes na brioflora do Estado, em especial nas áreas prioritárias de conservação que permanecem subinventariadas, como as Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Litoral Sul e Morro do Urubu, a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Mata do Cipó, a Floresta Nacional (FLONA) do Ibura e o Parque Estadual (PE) Marituba. Tabela 1.Catálogo de briófitas referidas para Sergipe e sua distribuição geográfica no Estado. Legenda: CAA = Caatinga. MA = Mata Atlântica. RES = Restinga. URB = Urbana Família Nome científico Ambiente DIVISÃO BRYOPHYTA Archidiaceae Archidium julicaule Müll.Hal. 18 CAA Archidium ohioense Schimp. ex Müll.Hal. 9,11,18 CAA, RES Bartramiaceae Philonotis cernua (Wilson) Griffin & W.R.Buck 5 MA Philonotis uncinata (Schwägr.) Brid. 4 MA Brachytheciaceae Meteoridium remotifolium (Müll.Hal.) Manuel 2 MA Squamidium brasiliense (Hornsch.) Broth. 2 MA Zelometeorium patulum (Hedw.) Manuel 2 MA Bryaceae Bryum coronatum Schwägr. 11,15 ; RES, URB Rhodobryum procerum (Schimp.) Paris 2,5,8 CAA, MA Rosulabryum billarderi (Schwägr.) Spence 4 MA Rosulabryum densifolium (Brid.) Ochyra 2 MA Calymperaceae Calymperes afzelii Sw. 2,4,6 MA Calymperes palisotii Schwägr. 1,2,3,4,6,11,15 MA, RES, URB Octoblepharum albidum Hedw. 2,4,11 MA, RES Octoblepharum cocuiense Mitt. 2 MA Syrrhopodon brasiliensis Reese 2 MA Syrrhopodon gaudichaudii Mont. 2 MA Syrrhopodon graminicola Williams 2 MA Syrrhopodon incompletus Schwägr. 4 MA Syrrhopodon parasiticus (Brid.) Besch. 2 MA Syrrhopodon prolifer Schwägr. 2 MA Dicranaceae Campylopus lamellinervis (Müll.Hal.) Mitt. 2 MA Campylopus savannarum (Müll.Hal.) Mitt. 2,4 MA Campylopus trachyblepharon (Müll.Hal.) Mitt. 2 MA Campylopus uleanus (Müll.Hal.) Broth. 2 MA Ditrichaceae Eccremidium floridanum H.A.Crum 7 MA Fabroniaceae Fabronia ciliaris var. polycarpa (Hook.) W.R.Buck 2 MA Fissidentaceae Fissidens angustifolius Sull. 11 RES Fissidens asplenioides Hedw. 2,4 MA Fissidens flaccidus Mitt. 11,13 MA, RES Fissidens guianensis Mont. 4 MA Fissidens inaequalis Mitt. 2 MA Fissidens palmatus Hedw. 4 MA Fissidens radicans Mont. 2,14 MA Fissidens zollingeri Mont. 10,17 MA Hypnaceae Chryso-hypnum diminutivum (Hampe) W.R.Buck 4 MA Leucobryaceae Leucobryum martianum (Hornsch.) Hampe ex Müll.Hal. 2 MA Neckeraceae Neckeropsis undulata (Hedw.) Reichardt 4 MA Orthotrichaceae Groutiella apiculata (Hook.) H.A.Crum & Steere 2,4 MA Groutiella tomentosa (Hornsch.) Wijk & Margad. 2,4,8 CAA, MA Groutiella tumidula (Mitt.) Vitt 2 MA Macromitrium pellucidum Mitt. 2 MA Pilotrichaceae Callicostella pallida (Hornsch.) Ångstr. 2,4 MA Crossomitrium patrisiae (Brid.) Müll.Hal. 2,4 MA Pilotrichum evanescens (Müll.Hal.) Crosby 4 MA Pottiaceae Barbula indica (Hook.) Spreng. 13 MA Hyophiladelphus agrarius (Hedw.) R.H.Zander 11,16 RES, URB Trichostomum termitarum (Müll.Hal.) R.H.Zander 5,8 CAA, MA Pterobryaceae Henicodium geniculatum (Mitt.) W.R.Buck 4 MA Jaegerina scariosa (Lorentz) Arzeni 4 MA II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 83 Tabela 1.(continuação). Catálogo de briófitas referidas para Sergipe e sua distribuição geográfica no Estado. Legenda: CAA = Caatinga. MA = Mata Atlântica. RES = Restinga. URB = Urbana Família Nome científico Ambiente Orthostichopsis tetragona (Hedw.) Broth. 2 MA Pylaisiadelphaceae Isopterygium subbrevisetum (Hampe) Broth. 2,4 MA Isopterygium tenerum (Sw.) Mitt. 2,4 MA Taxithelium planum (Brid.) Mitt. 2,4 MA Taxithelium pluripunctatum (Renald & Cardot) Broth. 4 MA Racopilaceae Racopilum tomentosum (Hedw.) Brid. 4 MA Sematophyllaceae Aptychopsisestrellae (Hornsch.) Ångstr. 2 MA Brittonodoxa subpinnata (Brid.) W.R.Buck, P.E.A.S.Câmara & Carv.-Silva 2,4 MA Donnellia commutata (Müll.Hal.) W.R.Buck 2 MA Microcalpe subsimplex (Brid.) W.R.Buck 2,4 MA Sematophyllum adnatum (Michx) E.Britton 4 MA Trichosteleum papillosum (Hornsch.) Müll.Hal. 2 MA Sphagnaceae Sphagnum palustre L. 2 MA Sphagnum tabuleirense O.Yano & H.A.Crum 2 MA Stereophyllaceae Eulacophyllum culteliforme (Sull.) W.R.Buck & Ireland 2 MA Pilosium chlorophyllum (Hornsch.) Müll.Hal. 2,4 MA Thuidiaceae Eulacophyllum culteliforme (Sull.) W.R.Buck & Ireland 2 MA Pilosium chlorophyllum (Hornsch.) Müll.Hal. 2,4 MA DIVISÃO MARCHANTIOPHYTA Aneuraceae Riccardia cataractarum (Spruce) Schiffn. 2 MA Riccardia digitiloba (Spruce) Pagán 2 MA Riccardia regnelii (Ångstr.) G.K.Hell 2 MA Calypogeiaceae Calypogeia laxa Gottsche & Lindenb. 2 MA Calypogeia peruviana Nees & Mont. 2 MA Fossombroniaceae Fossombronia porphyrorhyza (Nees) Prosk. 4 MA Frullaniaceae Frullania brasiliensis Raddi 2 MA Frullania caulisequa (Nees) Mont. 2,4 MA Frullania dusenii Steph. 2 MA Frullania ericoides (Nees) Mont. 1,2,15 MA, URB Frullania exilis Taylor 2 MA Frullania gibbosa Nees 2 MA Frullania kunzei (Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb. 2,4,8,15 CAA, MA, URB Frullania nodulosa (Reinw, Blume & Nees) Nees 2,4 MA Frullania riojaneirensis (Raddi) Ångstr. 2,4 MA Lejeuneaceae Bryopteris diffusa (Sw.) Nees 2 MA Bryopteris filicina (Sw.) Nees 2 MA Caudalejeunea lehmanniana (Gottsche) A.Evans 2,4,13 MA Ceratolejeunea coarina (Gottsche) Schiffn. 2 MA Ceratolejeunea confusa R.M.Schust. 4 MA Ceratolejeunea cornuta (Lindenb.) Steph. 2 MA Ceratolejeunea cubensis (Mont.) Schiffn. 4 MA Ceratolejeunea laetefusca (Austin) R.M.Schust. 4 MA Cheilolejeunea acutangula (Nees) Grolle 2 MA Cheilolejeunea adnata (Kunze) Grolle 2 MA Cheilolejeunea clausa (Nees & Mont.) R.M.Schust. 4 MA Cheilolejeunea conchifolia (A.Evans) W.Ye & R.L.Zhu 2 MA Cheilolejeunea discoidea (Lehm. & Lindenb.) Kachr. & R.M.Schust. 2,15 MA, URB Cheilolejeunea filiformis (Sw.) W.Ye, R.L.Zhu & Gradst. 2 MA Cheilolejeunea rigidula (Nees ex Mont.) R.M.Schust. 1,2,4,9,11,15 MA, RES, URB Cheilolejeunea trifaria (Reinw, Blume & Nees) Mizut. 4 MA Cheilolejeunea unciloba (Lindenb.) Malombe 2 MA Cheilolejeunea xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) Malobe 4 MA Cololejeunea antillana Pócs 13 MA Cololejeunea cardiocarpa (Mont.) A.Evans 2 MA Cololejeunea diaphana A.Evans 2,4 MA Cololejeunea subcardiocarpa Tixier 2 MA II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 84 Tabela 1.(continuação). Catálogo de briófitas referidas para Sergipe e sua distribuição geográfica no Estado. Legenda: CAA = Caatinga. MA = Mata Atlântica. RES = Restinga. URB = Urbana Família Nome científico Ambiente Dibrachiella auberiana (Mont.) W.Q.Shi, R.L.Zhu & Gradst. 4 MA Dibrachiella parviflora (Nees) W.Q.Shi, R.L.Zhu & Gradst. 4 MA Diplasiolejeunea brunnea Steph. 2,4 MA Diplasiolejeunea cobrensis Gottsche ex Steph. 2 MA Diplasiolejeunea rudolphiana Steph. 2,4 MA Drepanolejeunea fragilis Bischl. ex L.Sörderstr., A.Hagborg & von Konrat 2 MA Frullanoides corticalis (Lehm. & Lindenb.) van Slageren 8 CAA Frullanoides liebmaniana (Lindenb. & Gottsche) van Slageren 8 CAA Frullanoides tristis (Steph.) van Slageren 8 CAA Harpalejeunea stricta (Lindenb. & Gottsche) Steph. 2,4 MA Lejeunea adpressa Nees 3,4 MA, RES Lejeunea flava (Sw.) Nees 2 MA Lejeunea laetevirens Nees & Mont. 1,2,4,11,15 MA, RES, URB Lejeunea phylobolla Nees & Mont. 4 MA Lejeunea quinqueumbonata Spruce 2 MA Lejeunea trinitensis Lindenb. 8 CAA Leptolejeunea elliptica (Lehm & Lindenb.) Besch. 2,4 MA Lopholejeunea nigricans (Lindenb.) Schiffn. 2 MA Lopholejeunea subfusca (Nees) Schiffn. 2,4 MA Marchesinia bachiata (Sw.) Schiffn. 4,13 MA Metalejeunea cucullata (Reinw, Blume & Nees) Grolle 11 MA Microlejeunea bullata (Taylor) Steph. 1,8,11 CAA, MA Microlejeunea epiphylla Bischl. 1,2,15 MA, URB Microlejeunea globosa (Spruce) Steph 1 URB Prionolejeunea denticulata (Weber) Schiffn. 2 MA Rectolejeunea versifolia (Schiffn.) L.Söderstr. & A.Hagborg 2,4 MA Schiffneriolejeunea polycarpa (Nees) Gradst. 2,4 MA Symbiezidium barbiflorum (Lindenb. & Gottsche) A.Evans 2,4 MA Thysananthus auriculatus (Wilson & Hook.) Sukkharak & Gradst. 4 MA Lepidoziaceae Kurzia capilaris (Sw.) Grolle 2 MA Telaranea nematodes (Gottsche ex Austin) M.A.Howe 2 MA Zoopsidella integrifolia (Spruce) R.M.Schust. 2 MA Zoopsidella macella (Steph.) R.M.Schust. 2 MA Lophocoleaceae Cryptolophocolea martiana (Nees) L.Söderstr., Crand-Stotl. & Stotler 2 MA Plagiochilaceae Plagiochila corrugata (Nees) Nees & Mont. 2,4 MA Plagiochila disticha (Lehm. & Lindenb.) Lindenb. 2 MA Plagiochila montangei Nees 2,4 MA Plagiochila raddiana Lindenb. 4 MA Ricciaceae Riccia vitalii Jovet-Ast 18 CAA Riccia weinionis Steph. 12 CAA A Flora do Brasil 2020 (FLORA DO BRASIL 2020 em construção, 2020) cita ocorrências de Aerobryopsis capensis (Müll.Hal.) M.Fleisch, Macromitrium podocarpi Müll.Hal., Prionolejeunea aemula (Gottsche) A.Evans Sphagnum perichaetiale Hampe e Symphyogyna aspera Steph. na lista de briófitas para Sergipe. No entanto, por não terem sido localizados registros de herbários nas publicações ou através da rede speciesLink (CRIA, 2020) que corroborassem a presença delas, decidiu-se por não as incluir na listagem. Já Acroporium longirostre (Brid.) W.R.Buck, citada por Yano & Peralta (2006), teve a ocorrência descartada devido a espécie não estar presente no Brasil (CÂMARA et al., 2015). Conclusão O presente levantamento revela o potencial de Sergipe em sua riqueza de briófitas. Apesar do número de ocorrências mencionadas para esta localidade, ainda existem lacunas amostrais a II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 85 serem preenchidas em diversas áreas do Estado. Isso só será possível através de novos estudos florísticos, taxonômicos, sistemáticos e ecológicos. Referências BONFIM, M. Contribuição ao conhecimento do gênero Campylopus Brid. (Bryophyta, Leucobryaceae) no Nordeste do Brasil. 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A estrutura anatômica do Theobroma speciosum varia de acordo com o ambiente onde cresce (DARDENGO et al., 2017). O cacauí é uma das espécies de maiores valores do gênero Theobroma. Dentro do gênero, é a que apresenta teor de gordura semelhante com a do cacaueiro, sendo um potencial sucessor (SANTOS, 2003). A fase de reprodução para qualquer organismo é fundamental para o desenvolvimento sadio, a reprodução sofre influência diretamente das condições bióticas e abióticas, por sua vez ocasionando dificuldade na germinação e na sobrevivência das plântulas (OTÁROLA; ROCCA, 2014; VARELLA et al., 2018). Contudo, substratos são fundamentais para proporcionar condições favoráveis de nutrição e desenvolvimento, colaborando para no crescimento inicial, aumento da homogeneidade, sanidade e redução da mortalidade das plantas no momento do plantio. Assim, um fator como tipo de substrato é de suma importância para a germinação de sementes e emergência inicial das plantas (COSTA et al., 2020). O uso de substrato normalmente é de alto custo para produzir mudas, portanto é necessário encontrar alternativas de materiais disponíveis localmente ou próximos ao local de produção para substituir os substratos comerciais (BERILLI et al., 2019). O uso de compostos orgânicos na fabricação de substrato é uma alternativa bastante viável economicamente e ecologicamente correta pela ciclagem de nutrientes e utilização adequada dos resíduos orgânicos e resíduos sólidos dos processos agroindustriais (MALHEIROS e JÚNIOR, 1997; HIGASHIKAWA, 2013). De acordo com Kraftz et al. (2013), as propriedades do substrato dependem de diversos fatores, como a origem, métodos de obtenção e proporções entre componentes. Entre matérias frequentemente utilizados como substrato, cita-se: esterco bovino (GONDIM et al., 2019), casca de arroz (ARAUJO et al., 2020), ramas de mandioca (PELLOSO et al., 2020) e serragem (SODRÉ et al., 2007). Contudo, a germinação das sementes estar sujeito a qualidade física e química dos substratos, especialmente com relação ao desenvolvimento radicular (TORRES et al., 2012). Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo de avaliar a o efeito germinativo de plântulas de Cacauí (Theobroma speciosum), submetidas diferentes em tipos substratos. Material e métodos O experimento foi conduzido no Campus I da Universidade do Estado do Amapá no município de Macapá-AP localizado 0° 02' 18.84" N 51° 03' 59.10" O, O clima é tropical, e classificado de acordo com Köppen e Geiger como AM, clima tropical úmido e subúmido. Para um melhor controle ambiental foi conduzido em casa de vegetação. Foram utilizadas 200 sementes de cacauí (Theobroma speciosum) frutos maduros e sadios coletados de matrizes provenientes do Município de Tartarugalzinho-AP. Após coletados, os frutos foram quebrados para a retirada das sementes, as sementes foram lavadas em água corrente, em seguida disposta em serragem para secar por quatro horas, logo após feito a semeadura em bandejas plásticas na profundidade de 1 cm. Foi empregado o método de delineamento casualizado em blocos (DCB) aleatórios no esquema fatorial 4 x 5, contendo 5 repetições e quatro tratamentos, II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 88 sendo 10 sementes por parcela, distribuídas em uma fileira de 4,0 cm de comprimento espaçadas de 4,0 m entre si. Nos seguintes substratos; Serragem; Terra preta orgânica; casca de mandioca e esterco bovino adicionado em terra preta. A irrigação foi realizada diariamente com auxílio de um regador, sendo irrigadas duas vezes ao dia, de maneira uniforme em todas as parcelas. Para avaliação da germinação, foram utilizados como critério de germinação de sementes a projeção da raiz primária e a formação da plântula normal, de acordo com o conceito tecnológico (SILVA; MÔRO,2008; BRASIL, 2009). Após 30 dias de semeadura, foi avaliadoa taxa de germinação. A análise de variância foi realizada mediante aplicação do Teste F e Os valores foram comparados estatisticamente através do teste Tukey, com 5% de probabilidade, por meio do programa R Studio. Resultados e discussão Os resultados evidenciaram que as sementes de cacauí tiveram uma baixa taxa de germinação somando todos os tratamentos 32%. As plântulas desenvolveram-se saudáveis, permitindo a observação da zona pilífera e ramificações da raiz, não apresentaram anomalias, nem encurvamento e escurecimento. Entretanto, após um mês de semeadura algumas sementes apresentaram ataques de fungos em razão ao ambiente úmido. O ambiente úmido além de oferecer boas condições para algumas sementes, também está sujeito a desenvolvimento de fungos e bactérias podendo prejudicar o processo de germinação (QUEIROZ, 2000). Quanto mais lento for a emergência da plântula, mais ela está vulnerável influência do meio (MARTINS et al., 2000). A análise de variância aplicada entre os substratos apontou um valor de F menor que o F- crítico e o valor de P maior que 0,05, o que indica que os tratamentos efetuados não se diferem significativamente nos tratamentos de Theobroma speciosum. Realizando o teste de Tukey a 5% as médias seguidas de mesmas letras não se diferem (Tabela 1). Tabela 1. Médias de germinação para os 4 tipos de substratos. Substratos Médias Esterco bovino 4,8a Serragem 3,6a Terra preta 2,6a Casca de mandioca 1,8a Dentro dos tratamentos o que apresentou melhor resultado foi o substrato de esterco bovino com 48% de semeadura (Figura 1), sendo 24 plântulas germinadas. Estudo de Alves et al. (2020), semelhante a este apontam o crescimento eficiente de plântulas de abóbora submetidas ao esterco bovino apresentaram maiores desenvolvimentos, como altura, diâmetro do colo e números de folhas, quando utilizado o substrato na sua concentração máxima, os mesmos autores ainda apontam que pode ser usado integralmente com substrato, onde o tratamento promove a melhoria da qualidade de mudas. De acordo com Burés (1997), substratos de alta composição de serragem apresentam problemas de retenção excessiva de umidade e recomenda mesclar esse substrato com materiais de menor retenção de água. Esse mesmo autor ressalta que a serragem envelhecida e naturalmente compostada podem apresentar fermentação ácida e prejudica o crescimento das plantas. O que explica a taxa reduzida de semeadura no tratamento serragem nesse estudo atingindo um percentual de 36% (Figura 1), sendo 18 plântulas germinadas. Em contrapartida, o estudo de Sodré et al. (2007), onde utilizou a serragem como substrato em diversas proporções misturadas com areia e aponta as proporções de serragem + areia em 4:1 e 2:1 respectivamente, como eficientes para o crescimento de plantas e proporcionam melhores condições de enraizamento nas mudas de cacaueiro. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 89 Em relação ao tratamento terra preta, a taxa de germinação foi de 26% (Figura 1), com apenas 13 plântulas germinadas. Entre os fatores que podem explicar este baixo resultado está a compactação do solo, impedindo o desenvolvimento da raiz para a absorção de água. Outro motivo prejudicial poderia ser a falta de matéria orgânica no substrato, consequentemente retardando o desenvolvimento. Resultado diferente no estudo de Santos et al. (2017) que associa o substrato de terra preta com esterco de aves, alcançando resultados satisfatório no desenvolvimento de mudas de alface. O tratamento utilizando cascas de mandioca foi o que apresentou resultados inferiores, mesmo não diferindo dos demais. 18% de semeadura (Figura 1), sendo 9 plântulas germinadas. A utilização de insumos orgânicos como substratos apresentam potencial para desenvolvimento de mudas, desde que sejam submetidos a processos de compostagem e de beneficiamento, visando a estabilização dos compostos orgânicos, redução da acidez e salinidade, assim aumentando a disponibilidade de nutrientes para ser empregado nas plantações (PIRES et al., 2008; GOMES et al., 2008; KIEHL, 2012). Figura 1. Taxa de germinação de sementes de Theobroma speciosum em diferentes substratos. Agradecimentos Agradecemos a Universidade do Estado do Amapá – UEAP e o Laboratório de sementes pela disponibilização da infraestrutura e equipamentos para realização da pesquisa. Referências ALVES, J. C. et al. Níveis de esterco bovino em substratos para produção de mudas de abóbora. Braz. J. Anim. Environ. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 91 ESPÉCIES FRUTÍFERAS UTILIZADAS NA ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS DA CAPITAL DO TOCANTINS Gabriela S. Araújo 1 , Ian Carlos M. dos Reis 1 , Laiane F. de Morais 1 , Rafaela P. Soares 1 , Luciana D. S. D. de Oliveira 2 * 1. Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS), Campus Palmas; 2. Universidade Estadual do Ceará (UECE), Faculdade de Educação de Itapipoca – FACEDI. *lucianadiasoliveira@hotmail.com Introdução A vegetação arbórea, de preferência nativa, que compõe a paisagem urbana de uma cidade (parques, ruas, jardins, praças e avenidas) é conhecida como arborização (SANCHOTENE, 1994; SILVA JÚNIOR; MÔNICO, 1994). As áreas verdes de uma cidade trazem benefícios que variam desde a redução das ilhas de calor (LOMBARDO, 1985), ao aumento do bem estar humano (KWEON et al., 1998; GRAHN; STIGSDOTTER, 2010) e podem oferecer suporte para habitação, descanso e nidificação da fauna urbana, sendo importantes para a sobrevivência desses animais (MENEZES, 2004). A arborização deve ser pré-concebida de modo que a torne adaptável com o espaço da implantação urbana, não podendo ser executada de forma amadorística (GONÇALVES, 1999; GONÇALVES; PAIVA, 2006). Precisa aliar, além do estético, fatores econômicos, sociais, políticos e de desenvolvimento sustentável (ASSUNÇÃO et al., 2014). Outro aspecto importante é que plantas cultivadas em espaços urbanos também podem servir à educação ambiental, gerando um sentimento de afeição das pessoas para com a natureza e aumentando o suporte do público a ações de conservação biológica (McKINNEY, 2006). A crescente substituição da flora nativa por plantas exóticas também pode ser considerada um problema, pois altera o ambiente natural que resta nos centros urbanos, uniformizando as paisagens de diferentes cidades e contribui para a redução da biodiversidade no meio urbano, dissociando-o do contexto ambiental onde se insere (MACHADO et al., 2006). Ao contribuir na preservação e regeneração do meio ambiente urbano, a arborização ajuda na permanência e saúde dos ecossistemas e adiante na satisfação do indivíduo, melhorando o microclima da região por intermédio da redução da amplitude térmica, especialmente através da evapotranspiração (SCHUCH, 2006). Auxilia também a colisão da água de chuva e seu escoamento superficial, arrefece o ambiente pela alta quantidade de água exalada pelas folhas, melhora a qualidade do ar e protege a fauna silvestre (MASCARÓ, 2012). O adequado conhecimento das características do ambiente urbano é tido como uma pré- condição ao sucesso da arborização, sendo importante conhecer a vegetação da região, dentro da cidade e nos arredores, selecionando espécies recomendadas para este fim. A análise do local é um fator indispensável, pois é necessário evidenciar os locais a serem arborizados, como também aqueles que necessitam ser complementados ou adaptados (DANTAS; SOUZA, 2004). O conhecimento das espécies (uso, adaptabilidade, crescimento, porte) e do ambiente a ser implantado com intuito de aproveitar melhor as características de cada indivíduo, reduzir os custos de manutenção e minimizar possíveis conflitos entre as árvores e os elementos urbanos são a base para o planejamento da arborização urbana (CEMIG, 2011). O planejamento do município de Palmas, capital do Tocantins, tinha a intenção de integrar o espaço urbano com as paisagens naturais, sendo os recursos hídricos e as matas de galeria elementos determinantes para o arranjo urbanístico da cidade (TEIXEIRA, 2009). Contudo, prevaleceu o desmatamento de amplas áreas que provocaram profundas alterações na paisagem do Cerrado (TEIXEIRA, 2009), onde alguns espaços vazios foram preenchidos, inclusive, com espécies exóticas, prevalecendo o valor estético ou alimentício (PAZ, 2009). As frutíferas têm sido extensivamente utilizadas na arborização urbana de Palmas, porém seu uso deve ser avaliado com cautela, pois existem diversos problemas associados ao plantio destas espécies nas calçadas. Conhecida nacionalmente por suas elevadas temperaturas, é imperativo a existência e manutenção mailto:*lucianadiasoliveira@hotmail.com II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 92 de áreas verdes para a melhoria da qualidade de vida da população palmense. Perante o exposto, conhecer a espécies utilizadas na arborização urbana dos municípios é necessário para a implantação, preservação e duração dos espaços verdes. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi listar as espécies de plantas frutíferas encontradas nas vias urbanas de Palmas, capital do Tocantins. Metodologia Caracterização da área de estudo Palmas, considerada a capital mais jovem do país, é uma cidade planejada/construída em área de Cerrado, que ainda hoje apresenta remanescentes biodiversos com potencial econômico, incluindo espécies frutíferas. O clima da região é tropical com estação seca (Aw segundo Koppen- Geiger), temperatura média anual de 22°C, sendo setembro o mês mais quente (média máxima de 36°C) e julho o mais frio (média mínima de 22°C) (MIRANDA; BOGNOLA, 1999). As precipitações caracterizam-se por dois períodos bem definidos, a estação chuvosa de outubro a abril e a estação seca, de maio a setembro. O índice pluviométrico é de 1.300 mm/ano, sendo janeiro o mês mais chuvoso (246 mm) e julho o mais seco, com pluviosidade quase nula (INMET, 2013). O município está inserido no Cerrado, considerado o segundo maior bioma brasileiro em área (RIBEIRO; WALTER, 2008). Em Palmas, predominam as áreas de Cerrado s.s. caracterizado pela presença de árvores e arbustos sem a formação de dossel contínuo. Em algumas regiões da cidade, em áreas de solo mais seco, o cerrado florestal se destaca na forma de cerradão e nas margens dos córregos formam-se as matas ciliares. Coleta e identificação do material botânico As coletas de material botânico foram realizadas de agosto de 2018 a julho de 2019, por meio decaminhas aleatórias, em avenidas e praças selecionadas. A seleção dos espaços urbanos foi baseada no quantitativo de espécies lenhosas encontradas. As coletas tiveram como objetivo a obtenção de material florido e/ou vegetativo para auxiliar no reconhecimento das espécies. Quando possível, foram coletadas três a cinco amostras de cada planta. Flores e frutos foram acondicionados em recipientes contendo álcool 70% para auxiliar no processo de identificação. Para cada espécime coletado, foram anotadas em caderneta de campo informações sobre hábito da planta, coloração dos elementos florais e fruto, presença e cor de látex, habitats preferenciais, nome popular, além de outras características julgadas relevantes. Registros fotográficos de partes ou de todo o vegetal foram realizados. Os espécimes foram coletados e herborizados seguindo as técnicas usuais em taxonomia vegetal (MORI et al., 1989; PEIXOTO; MAIA, 2013) e identificados através de bibliografia especializada, com posterior depósito no herbário da Universidade do Tocantins (HUTO). Quando necessário, foram realizadas comparações com materiais depositados no acervo do herbário HUTO para a correta identificação. A grafia dos nomes das espécies será checada na base de dados do ‗Tropicos‘ (http://www.tropicos.org/) e os nomes dos autores seguirão Brummitt e Powell (1992). A determinação do status de frutífera foi baseada em Lorenzi et al. (2015). A listagem das espécies levantadas seguiu a proposta de classificação do APG IV (2016). Quanto à origem biogeográfica, as espécies foram classificadas em nativas ou exóticas com base na flora do Brasil (Flora do Brasil 2020). Resultados e Discussão As áreas verdes analisadas da região urbana de Palmas foram variáveis em forma, tamanho e em composição florística. Em algumas regiões da cidade foi constatada a ausência de árvores, o que promove a formação de potenciais ilhas de calor. Estas áreas se concentram na região central da cidade, considerada a mais densamente ocupada. Segundo Paz (2009), os principais fatores II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 93 responsáveis pelas elevadas temperaturas em Palmas são: a carência de áreas com vegetação abundante e grandes espaços de solo impermeabilizado. De acordo com Pinheiro et al. (2015), o índice de arborização na região central da capital está abaixo da média recomendada, variando entre 7,0% e 15,0%. O Cerrado possui uma das floras mais diversa e exuberante dentre todas as formações savânicas mundiais (MMA, 2002). Esta diversidade biológica tem permitido o uso de várias espécies na arborização urbana, que se destacam pela floração exuberante (ex.: ipês – espécies de Tabebuia sp. e Handroanthus sp.) e por apresentar frutos comestíveis. Neste contexto, no presente trabalho, foram identificadas 43 espécies frutíferas em 13 praças e 4 avenidas de Palmas (Tabela 1). Araújo et al. (2020), ao realizarem o levantamento florístico das espécies utilizadas na arborização destes mesmo espaços urbanos de Palmas, registraram 102 espécies. Isso quer dizer que, deste total, quase 50% são frutíferas. Destas, destacam-se o araticum (Annona crassiflora Mart.), caju (Anacardium occidentale L.), macaúba (Acrocomia aculeata(Jacq.) Lodd. ex Mart), mangaba (Hancornia speciosa Gomes) e pequi (Caryocar brasiliense Cambess.) como as espécies frutíferas nativas mais amplamente encontradas nos espaços públicos de Palmas e com grande valor socioambiental e identitário. Das 18 famílias aqui registradas, as que apresentaram maior número de espécies frutíferas foram Anacardiaceae (7 spp.), Arecaceae, Myrtaceae (ambas com 5 spp.) e Fabaceae (4 spp.). A maioria das espécies de Anacardiaceae e Myrtaceae são comerciais (Tabela 1). A manga (Mangifera indica L.) é uma das espécies mais encontradas nos espaços urbanos de Palmas, sendo frequentemente utilizada na reposição de indivíduos mortos. Dias (1996) e Santos e Teixeira (2001) não recomendam o plantio de árvores frutíferas com potencial econômico em vias públicas, principalmente as que produzem frutos grandes (ex.: Artocarpus heterophyllus Lam., Mangifera indica e Persea americana Mill.) por serem mais propícias a atos de vandalismo e danos ao patrimônio público. Para Milano e Dalcin (2000), os frutos podem também servir de alimento para vetores de doenças. Além disso, o porte alto e a superficialidade das raízes podem causar problemas na infraestrutura urbana, não sendo indicadas o cultivo em calçadas. Por outro lado, Coletto et al. (2008) e Dias e Costa (2008) mencionam a importância de árvores dessa natureza nos espaços públicos por propiciarem a atração da fauna silvestre. Em Palmas, ainda é possível avistar araras, papagaios, dentre outras aves, nos espaços urbanos muito provavelmente em decorrência da oferta de alimentos pelas árvores frutíferas. A maioria das espécies frutíferas levantadas nas vias urbanas de Palmas são nativas (23 espécies). Destas, destaca-se o pequi (Caryocar brasiliense Cambess.), árvore de grande porte, típica do Cerradão e o caju, espécie de fácil propagação. Ambas têm boa aceitação pela população por conta dos frutos e do sombreamento que proporcionam. Mesmo assim, é possível observar a presença de um quantitativo expressivo de espécies exóticas (20 spp.), tanto de outros países quanto provenientes de outros biomas brasileiros. Muitas áreas verdes da capital têm sido arborizadas com árvores exóticas pertencentes a uma mesma espécies – ex.: alamedas com vários indivíduos de jamelão (Syzygium cumini (L.) Skeels). No levantamento das espécies utilizadas nos canteiros e avenidas de Palmas, Pinheiro et al. (2015) notificaram o uso frequente de Syzygium cumini. De acordo com os autores,esses espaços são dominados por uma única espécie, eventualmente por duas ou mais plantadas alternadamente. O uso de espécies exóticas compromete o funcionamento da biota, interferindo negativamente na riqueza de espécies da fauna (REIS et al., 2012). Além disso, tendem a ser menos adaptáveis ao clima e ao solo e mais vulneráveis a pragas e doenças, além de interagirem negativamente com as espécies nativas (SUCOMINE, 2009). Tabela 1. Espécies frutíferas utilizadas na arborização do município de Palmas, Tocantins. Legenda: Exótica (E), Nativa (N). FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR ORIGEM ANACARDIACEAE Anacardium microcarpum Ducke Cajuí N Anacardium occidentale L. Caju N II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 94 Mangifera indica L. Manga E Spondias dulcis Parkinson Cajá-manga E Spondias mombin L. Cajá-mirim N Spondias purpurea L. Ceriguela E Spondias venulosa (Engl.) Engl. Cajá N ANNONACEAE Annona crassiflora Mart. Araticum N Annona glabra L. Araticum-do-brejo N Annona squamosa L. Ata E ARECACEAE Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Macaúba N Attalea phalerata Mart. ex Spreng. Palmeira N Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba N Syagrus oleracea (Mart.) Becc. Gueroba N Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jerivá N APOCYNACEAE Hancornia speciosa Gomes Mangaba N CARYOCARACEAE Caryocar brasiliense Cambess. Pequi N EBENACEAE Diospyros brasiliensis Mart. ex Miq. Caqui-da-mata N Diospyros hispida A. DC Caqui-do-cerrado N FABACEAE Hymenaea courbaril L. Jatobá N Hymenaea stignocarpa Mart. ex Hayne Jatobá N Inga laurina (Sw.) Willg. Ingá N Tamarindus indica L. Tamarineira E LAURACEAE Persea americana Mill. Abacateiro E LYTHRACEAE Punica granatum L. Romã E MALPIGHIACEAE Byrsonima verbascifolia (L.) DC. MuricizãoN Malpighia emarginata DC. Acerola E MALVACEAE Sterculia striata A. St.-Hil. & Naudin Chichá N Theobroma grandifolium Cupuaçu E MELASTOMATACEAE Bellucia grossularioides (L.) Triana Goiaba-de-anta N Mouriri pusa Gardner Puçá N MORACEAE Artocarpus heterophyllus Lam. Jaca E Morus nigra L. Amora E MYRTACEAE Eugenia uniflora L. Pitanga N Psidium guajava L. Goiaba E Syzygium cumini (L.) Skeels Jamelão E Syzygium jambos (L.) Alston Jambo E Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M. Perry Jambo-vermelho E OXALIDACEAE Averrhoa carambola L. Carambola E RUBIACEAE Genipa americana L. Jenipapo N Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. Figo-de-cavalo N SAPOTACEAE Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Abiu N Pouteria torta (Mart.) Radlk. Abiu N II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 95 Figura 1. Espécies frutíferas utilizadas na arborização do município de Palmas, Tocantins. 1. Anacardium occidentale L. 2. Annona crassiflora Mart. 3. Caryocar brasiliense Cambess. 4. Genipa americana L.5. Hancornia speciosa Gomes 6. Hymenaea courbaril L. 7. Mouriri pusa Gardner 8. Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 9. Punica granatum L. 10. Spondias purpurea L. 11. Sterculia striata A. St.-Hil. & Naudin 12. Syzygium cumini (L.) Skeels. Considerações finais As espécies frutíferas utilizadas na arborização do município de Palmas são, na sua maioria, provenientes do bioma Cerrado. Contudo, um número expressivo de plantas exóticas foi diagnosticado. A manutenção de espécies autóctones na arborização urbana formando ambientes semelhantes à paisagem original aumenta a percepção do espaço urbano pela população estimulando a sua valorização e conservação. Por isso, a realização de inventários é fundamental para diagnosticar os aspectos relacionados à arborização urbana, sendo o meio mais seguro e eficiente para conhecer a riqueza arbórea de uma cidade. Agradecimentos Os autores agradecem a UNITINS pela concessão de bolsa institucional à primeira autora; ao HUTO pelo apoio logístico para a realização das coletas, processamento e incorporação dos materiais. Referências APG IV. The Angiosperm Phylogeny Group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group Classification for the Orders and Families of Flowering plants: APG IV. Botanical Journal of The Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1- 20, 2016. ARAÚJO, G. S. et al. Levantamento das espécies utilizadas na arborização da cidade de Palmas, Tocantins. In: I SIMPÓSIO DIGITAL DE SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃO DE PLANTAS, 2020. ASSUNÇÃO, K. C.; LUZ, P. B.; NEVES, L. G.; SOBRINHO, S. P. Levantamento quantitativo da arborização de praças na cidade de Cáceres/MT. 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Universidade Federal do Amapá; 2. Instituto Federal do Amapá *isabarbosa709@gmail.com Introdução No Brasil, a riqueza da biodiversidade em flora indica o potencial que o país tem para o uso e descoberta de novas ferramentas de origem natural. Os diferentes climas no território brasileiro permitiram originar florestas, tais como a Floresta Amazônica, a maior de clima tropical úmida do mundo, o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015). Dependendo da classificação taxonômica, a quantidade de metabólitos pode variar entre as famílias do reino Plantae. A família Moraceae Gaudich. (GAUDICHAUD-BEAUPRÉ, 1835) inclui, aproximadamente, 50 gêneros e 1.500 espécies, predominantemente tropicais e subtropicais, sendo encontradas no Brasil 27 gêneros e, aproximadamente 250 espécies incluindo árvores, arbustos, ervas ou lianas, geralmente latescentes (SOUZA et al., 2005). Esta família compreende gêneros amplos como Ficus L. (LINNAEUS, 1753) e Dorstenia L. (LINNAEUS, 1754) além de outros gêneros importantes como Morus L. (LINNAEUS, 1754), Maclura Nutt. (NUTTALL, 1818), Artocarpus J.R.Forst. & G.Forst. (FORSTER et al., 1776) e Broussonetia Ortega. (ORTEGA, 1798). Muitas espécies desta família, tem valores industriais na madeira, no papel, na borracha e na produção de seda, logo há uma grande importância econômica nesta família (FEDALTO et al., 1989; CORADIN et al., 1991). Espécies da família Moraceae possuem folhas geralmente alternas, frequentemente simples, de margens lisas e, às vezes, apresentando estípulas nos extremos dos ramos, inflorescência racemosa, espiciforme, às vezes, formando sicônio, flores não vistosas, unissexuadas em algumas plantas monóicas ou dióicas, actinomorfas, monoclamídeas, raramente aclamídeas; quando há flores, apresentam as seguintes características: cálice de 4 a 8 sépalas, dialissépalo ou gamossépalo, prefloração valvar ou imbricada, estames de 9 a 15, livres entre si, anteras rimosas, quase sempre bicarpelar, unilocular, uniovulado, placentação geralmente pêndula. Seus frutos são do tipo drupa, aquênio ou formando infrutescência (RESCHKE et al., 2007). Mesmo com certa limitação de uso (devido à agressividade de suas raízes), a multiplicação das espécies pode ocorrer pelas sementes, ramos, estaquia ou enxertia (BARRIOS et al., 2014). O gênero Ficus L. é o maior gênero da família Moraceae, com aproximadamente 800 espécies distribuídas, incluindo espécies arbustivas, arbóreas, hemiepífitas e trepadeiras, sendono Brasil, 76 espécies nativas (SOUZA et al., 2000). São caracterizadas pela presença de látex leitoso em todas as partes da planta, estípulas terminais bem desenvolvidas, folhas com glândulas no pecíolo ou na base da lâmina e inflorescências denominadas sicônios, que abrigam numerosas flores estaminadas e pistiladas circundadas por bractéolas. Popularmente conhecidas como ―figueiras‖ ou ―gameleiras‖, podem ser utilizadas como alimento, na indústria têxtil ou na medicina tradicional (REYES et al., 2012). A espécie Ficus benjamina L. (LINNAEUS, 1767), de origem indiana é muito popular, sendo utilizada principalmente na decoração de ambientes internos, geralmente usada como bonsai. Possui caule acinzentado, raízes aéreas e ramos pêndulos, tem crescimento moderado a rápido e, em condições naturais, pode chegar a 30 metros de altura. Conhecida popularmente como figueira- chorão, esta espécie possui folhas pequenas, brilhantes, de coloração verde ou variegada de branco ou amarelo. São folhas de formato elíptico com a ponta acuminada com leves ondulações nas bordas. As flores são pequenas e brancas. Os frutos pequenos e vermelhos. Suas raízes agressivas e superficiais chamam a atenção, e não raramente racham vasos e pavimentos (RESCHKE et al., mailto:isabarbosa709@gmail.com II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 99 2007; SOUZA et al., 2007). Barrios (2014), apresenta dados de uma pesquisa feita no município de Salto, em São Paulo, no qual resulta na porcentagem de árvores suprimidas por toda zona urbana da cidade. A espécie F. benjamina, foi responsável por cerca de 23,81% das supressões, o motivo é devido ao desenvolvimento agressivo de seu sistema radicular que compromete calçadas, redes de água, esgoto e gás. No município de Macapá, também há um sério problema causado por F. benjamina. Nas ruas da cidade é possível ver a enorme quantidade de árvores da espécie, que é plantada pelos motivos de crescer rápido e pela coloração e formatação de sua folhagem. No decorrer do crescimento da árvore, ocorre danos nas calçadas, pavimentos e em edifícios (CASTRO et al., 2013). Um estudo recente da composição fitoquímica do extrato metanólico da espécie foi realizado focado em seu potencial antioxidante. Durante a análise fitoquímica, a F. benjamina apresentou hidratos de carbono, compostos fenólicos, óleos e gorduras, saponinas, flavonoides, alcaloides, proteínas e taninos como principais classes de fitoquímicos (JAIN, 2013). Testes fitoquímicos caracterizam-se pelo estudo de componentes químicos, como princípios ativos, odores, pigmentos e moléculas da parede celular (KLEIN, 2014). Segundo Berg e Lubert (2008), os metabólitos secundários, componentes de estrutura complexa e baixo peso molecular, possuem atividades biológicas marcantes e, diferentemente dos metabólitos primários, são encontrados em baixas concentrações e em determinados grupos de plantas. Logo, há grande interesse no estudo destes metabólitos, não só pelas atividades biológicas exercidas pelas plantas em resposta aos estímulos do meio ambiente, mas também pela imensa atividade farmacológica que possuem (SIMÕES et al., 2007). De acordo com estudos realizados por Mousa et al. (1994) com a espécie F. benjamina em ensaios para avaliação de potencial antimicrobiano, a partir do método de difusão em placa, os resultados indicaram inibição do crescimento de 22 cepas de bactérias. Segundo Oliveira (2013), além da atividade antimicrobiana promovida pela F. benjamina, há relatos de propriedades antioxidantes, que estão presentes também nas espécies F. pumila L. (LINNAEUS, 1753), F. radicans Roxb. (ROXBURGH, 1980) e F. tikoua Bur, (BUREAU, 1888). O objetivo desta pesquisa foi realizar o estudo fitoquímico em busca das principais classes de metabólitos secundários presentes na espécie F. benjamina. Material e métodos As folhas da figueira-chorãoDr. Darlan Coutinho dos Santos – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Eng. Aislan Baden da Conceição Araújo – Mestrando da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil Prospecção Química e Avaliação da Atividade Biológica da Própolis de Salinópolis, Pará Me. Suelen Felix Pereira – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Potencial biotecnológico dos óleos essenciais de plantas amazônicas Dra. Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Óleos essenciais de Asteraceae: perspectivas e aplicações A (in)formação científica e sua divulgação em tempos de crises Me. Izabel Lúcia dos Santos Oliveira – Secretaria Municipal de Educação de Macapá (SEMED), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dr. Diego Armando Silva da Silva – Instituto Federal do Amapá (IFAP), Laranjal do Jari, Amapá, Brasil A importância da divulgação da pesquisa científica realizada no Vale do Jari Dr. Eduardo Costa Campos - Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil A Revista Biota Amazônia e sua importância para a divulgação científica da Biodiversidade da Amazônia amapaense Juliana Philipp – Field Museum of Natural History – Chicago, Illinois, EUA Os guias de campo do FIELD MUSEUM e sua importância como forma de popularização da ciência PhD. Izildinha de Souza Miranda – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém, Pará, Brasil O Novo Qualis CAPES Fauna associada aos diferentes padrões de vegetação no Amapá Me. Débora Regina dos Santos Arraes – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Doutoranda da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dra. Cláudia Regina da Silva – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Distribuição de mamíferos no estado do Amapá: endemismo e conservação das espécies em diferentes formações vegetais Dr. Jucivaldo Dias Lima – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Répteis: ecologia e conservação no Amapá Dra. Janaina Reis Ferreira Lima – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Padrões de distribuição espacial de anfíbios no Amapá Dia 10/12/2020 (Quinta-feira) Minicursos 19h às 20h30min 19h às 20h30min 19h às 20h30min 19h às 20h30min Minicurso 1 Dra. Valéria Saldanha Bezerra Ministrante Minicurso 2 Dr. Antônio Francelino de Oliveira Filho Ministrante Minicurso 3 MSc. George Azevedo de Queiroz Ministrante Minicurso 4 Dr. Rafael Barbosa Pinto Ministrante A ferramenta Mendeley e sua interação com plataformas de buscas de artigos científicos A sistemática vegetal como ferramenta para conhecer a diversidade Introdução a Morfologia das Angiospermas Uma Visão Genética da Conquista do Ambiente Terrestre Pelas Plantas Dia 11/12/2020 (Sexta-feira) Manhã 8h45min 9h30min 10h 12h Simpósio Novos Talentos na Ciência Me. Rosany Lopes Martins – Doutoranda em Biotecnologia e Biodiversidade pela Universidade Federal do Amapá (REDE BIONORTE/UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Alessandra dos Santos Facundes et al. Potencial de uso de plantas da família Piperaceae na região de Munguba, Porto Grande, Amapá, Brasil Lana Bonfim da Silva et al. Avaliação fitoquímica e das atividades biológicas do extrato etanólico de Aristolochia sempervirens L. (Aristolochiaceae) Suellen Patrícia Oliveira Maciel et al. Uso de materiais orgânicos na construção de barreiras físicas para a coleta de sementes Palestra Dra. Janaina Reis Ferreira Lima – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Me. Mariana Martins Medeiros de Santana – Doutoranda na Universidade Federal da Bahia (UFBA), professora da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil, Sensoriamento remoto e ecologia do fogo: histórico, redes de colaboração e tendências Roda de conversa Reflexões sobre a presença da mulher na ciência brasileira Me. Maria do Socorro Silva – Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil Coordenação da mesa Me. Nádia Farias dos Santos – Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil A mulher negra na ciência brasileira: Políticas públicas e ações afirmativas Dra. Annelise Frazão – Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil Mulheres na botânica brasileira Dra. Maria Teresa Buril – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife, Pernambuco Brasil Maternidade e ciência Curtas de Iniciação Científica Dr. Patrick de Castro Cantuária – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Macapá, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Alice M. R. Costa et al. Prospecção fitoquímica da espécie vegetal Licania tomentosa (Benth.) Fristch) (Chrysobalanaceae) Andreza S. Silva et al. Análise fitoquímica das folhas de Heliconia psittacorum L. f. (Heliconiaceae) Caroline C. Vasconcelos et al. Características invisíveis apoiam o descobrimento de espécies novas? O caso de Chromolucuma brevipedicellata C.C. Vasconcelos & Terra-Araujo (Sapotaceae, Chrysophylloideae) Daniele Souza da Costa et al. Ação de extensão no conhecimento de alunos de escolas família agrícola acerca da Botânica Gabriela S. Araújo et al. Espécies frutíferas utilizadas na arborização de vias públicas da capital do Tocantins Jaryelle S. Oliveira et al. Análise fitoquímica do extrato bruto etanólico Tarde 14h 15h30min 17h30min Simpósio Diversidade no neotrópico e os encantos de suas florestas Dr. Anderson Pedro Bernardina Batista – Instituto Federal do Amapá (IFAP), Laranjal do Jari, Amapá, Brasil Coordenação da mesa Dra. Ana Angélica Monteiro de Barros – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), São Gonçalo, Rio de Janeiro, Brasil Florestas sagradas: as árvores que contam a Roda de conversa O poder das plantas em substituir recursos não-renováveis rumo a um mundo mais sustentável Me. Bruno Costa do Rosário – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Manaus, Amazonas, Brasil Coordenação da mesa Dra. Lina Bufalino – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém, Pará, Brasil Simpósio Anthurium: As plantas que embelezam o mundo e fazem “estórias” Dr. Marcus Alberto Nadruz Coelho – Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Rio de Janeiro, Brasil Coordenação da mesa Me. Marco Vinicio Cedeño Fonseca - Herbario Luis Fournier Origgi (USJ), Universidad de Costa Rica, San José (Costa Rica) Documentação do gênero Monstera na Mesoamérica e na Colômbia da espécie vegetal Annona squamosa L. (Annonaceae) Larissa C. M. Coutinho et al. Prospecção fitoquímica do extrato bruto da espécie vegetal Hancornia speciosa GOMES (Apocynaceae) Laura L. Rivera-Parada, Jaime A. Barrera-García Plantas com potencial de uso no município de Piamonte, Cauca, Colômbia Mirian A. Oliveira et al. Estudo fitoquímico do extrato bruto etanólico das flores de Tagetes erecta L. (Asteraceae) Thayná O. Corrêa et al. Análise fitoquímica do extrato bruto de folhas da espécie Passiflora laurifolia Linnaeus (Passifloraceae) história do povo de santo Dra. Mellissa Sousa Sobrinho – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP/MZG), Mazagão, Amapá, Brasil Leguminosae em Mazagão e suas interações ecológicas: polinização e dispersãoforam coletadas no bairro do Buritizal em Macapá-AP, na localização 0°01'07.9"N 51°04'20.5"W. O material vegetal foi seco em estufa a 45ºC por aproximadamente 48 horas. Após a secagem, foi realizado o processo de moagem do material vegetal em moinho elétrico. A maceração da amostra vegetal consistiu a pesagem de 100 g das folhas secas, posteriormente submetidas à extração por maceração em 700mL de etanol por 72 horas. O processo foi repetido 3 vezes com o mesmo material vegetal, resultando em extração por exaustão e no final, obteve-se 26,9 g de Extrato Hidroalcoólico Bruto (EHB). Os ensaios fitoquímicos do EHB de F. benjamina consistiram em testes de coloração e precipitação baseados na metodologia do Manual de Análise Fitoquímica e Cromatográfica de Extratos, proposta por Barbosa et al. (2004), conforme demostra a Tabela 1. Tabela 1. Metodologia aplicada na análise fitoquímica do extrato de F. benjamina TESTE FITOQUÍMICO METODOLOGIA APLICADA Flavonoides Foi dissolver em 10ml de Metanol alguns miligramas do extrato e adicionar 5 gotas de HCl concentrado e raspas de magnésio. Reação positiva apresenta mudança na coloração ou formação de precipitado. Proteínas Dissolver o extrato em 3ml de água destilada e adicionar 0,5ml de NIHIDRINA a 1% e aquecer até ebulição. Se houver aparecimento de coloração violeta, indica reação positiva para proteínas e aminoácidos. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 100 Resultados e discussão De 100g do material vegetal seco, obteve-se um rendimento de aproximadamente 27% do EHB que apresentou aparecia semissólida de coloração verde. A triagem fitoquímica revelou resultados positivos para a presença de açúcares redutores, saponinas, alcaloides e derivados de cumarinas, conforme mostra a Tabela 2. Tabela 2. Dados da análise fitoquímica do extrato de F. benjamina. TESTE FITOQUÍMICO RESULTADO Flavonoides - Proteínas - Ácidos Orgânicos - Açúcares Redutores + Polissacarídeos - Saponinas + Alcalóides + Fenóis e Taninos - Esteroides e Triterpenoides + Depsídeos e Depsidonas - Heterosídeos Antraquinônicos - Núcleo Esteroidal - Resinas - Derivados de Cumarinas + Antraquinonas - Purinas - Parâmetros: Positivo (+), Negativo (-) Ácidos Orgânicos Foi dissolvido em água destilada alguns miligramas do extrato seco, transferir 2ml para um tubo de ensaio e adicionar de 3 a 5 gotas do reativo de PASCOVÁ, se houver descoloração, há resultado positivo para ácidos orgânicos. Açúcares Redutores Foi dissolvido miligramas do extrato em água destilada, e logo após foi adicionado 2ml dos reativos de FEHLING A e FEHLING B, aquecendo por 5 minutos. A formação de um precipitado vermelho-tijolo indica resultado positivo. Polissacarídeos Em água destilada, foi dissolvido alguns miligramas do extrato e adicionado algumas gotas de lugol. Em caso de resultado positivo, há o aparecimento de uma coloração azul. Saponinas Consistiu em dissolver alguns miligramas do extrato em água destilada, e logo após, diluir em mais 15ml de água e agitar por 2 minutos. A formação de uma espuma duradoura sobre a superfície por mais de 30 minutos indica resultado positivo para saponinas. Alcaloides Consistiu em dissolver o extrato em 5ml de HCl a 5% e separar em 3 tubos de ensaio 1ml em cada, e adicionar gotas dos seguintes reagentes: Reativo de Bouchardat, Reativo de Dragendorff e Reativo de Mayer. Em caso de resultados positivos, há respectivamente os seguintes resultados: precipitado alaranjado, precipitado vermelho-tijolo e precipitado branco. Fenóis e Taninos Foi dissolvido em 5ml de água destilada alguns miligramas do extrato e adicionar e 1 a 2 gotas de FeCl3 a 1%. Mudanças de coloração indica resultado positivo para fenóis e taninos. Esteroides e Triterpenoides Dissolveu-se em Clorofórmio alguns miligramas de extrato e adicionar 1ml de Anidrido Acético e agitar. Adicionou-se 3 gotas de H2SO4 concentrado e foi agitado novamente. O desenvolvimento de cores como azul e verde indicam resultado positivo para esteroides e triterpenoides. Depsídeos e Depsidonas Dissolveu-se o extrato em Éter Etílico e logo após evaporou-se o éter em banho-maria e adicionou-se Metanol. Após agitação, foi acrescentado 3 gotas de FeCl3 a 1%. O surgimento de coloração azul, cinza ou verde indica resultado positivo para depsídeos e depsidonas. Antraquinonas Foi dissolvido em 5ml de Tolueno, alguns miligramas de extrato vegetal e adicionado 2ml de solução NH4OH a 10% . Após agitação, o aparecimento de cor rosa ou violeta indica reação positiva para antraquinonas. Purinas Adicionou-se alguns miligramas do extrato seco, 3 gotas de HCl 6N e 2 gotas de H2O2 concentrado em uma cápsula de porcelana e colocar em banho-maria. Deve haver a formação de um resíduo vermelho. Logo após, foi adicionado 3 gotas de NH4OH 6N. Se houver o aparecimento de uma coloração violeta, há indicação de reação positiva para purinas. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 101 Os açúcares redutores são substâncias que reagem com aminoácidos, proteínas e monossacarídeos. A capacidade destes compostos em reduzir íons metálicos em soluções alcalinas é um bom método de identificação destes. Os monossacarídeos são as principais fontes de energia dos seres vivos, além de terem importância no ramo alimentício (SALAMONI et al., 2000). As saponinas são glicosídeos de esteroides ou terpenos policíclicos. São de elevada massa molécula e geralmente apresentam-se em estruturas complexas, por isso, seu isolamento, e tal qual sua elucidação é trabalhosa. Pode-se classificar as saponinas em dois grandes grupos: a esteroidais e as tritêrpenicas. Elas possuem ação hemolítica sobre eritrócitos e ictiotóxica sobre as brânquias de peixes. Algumas revelam poder hipocolesterolemiante, espermicida e são anti-helmínticas (SANTOS, 2017). No geral, causam irritação nas mucosas. Tem amplo emprego farmacêutico, sendo utilizado como adjuvantes em formulações, emulsificantes, detergentes, complexam-se com esteroides. São tradicionalmente usadas como expectorantes e diuréticos (SIMÕES et al., 2007). Segundo Aguiar (2018), as saponinas possuem ação inibitória sobre o crescimento de bactérias Gram-positivas. A espécie F. benjamina apresenta atividade antimicrobiana que possivelmente pode ser causado pela presença de saponinas. Segundo Simões et al. (2007), alcaloides são compostos nitrogenados farmacologicamente ativos. Nos vegetais que as produzem tem função de defesa, devido a sua toxicidade ou ao fato de seu sabor ser amargo. São usados como repelentes de herbívoros e na síntese de feromônio. Para o homem, este metabólito pode ser tóxico, como a beladona. A presença de alcaloides já foi detectada em várias atividades biológicas, como atividade antimicrobiana, amebecida, anticolinérgico, anti- hipertensivo, antimalárico, estimulante do SNC, entre outros (SIMÕES et al., 2007). A atividade antimicrobiana dos alcaloides ocorre através de mecanismos que interferem na parede celular e no DNA do microorganismo (DOMINGO, 2003). Derivadas do ácido cinâmico, as cumarinas apresentam entre seus membros, atividade anti- inflamatória, antioxidante, antitrombóticas, vasodilatadoras, antimicrobiana, antiviral, antiespasmódica e antitumoral (VILLA NOVA et al., 2012). Deste a década de 1980, algumas cumarinas vêm sido sintetizadas e usadas com sucesso em diversas áreas, como por exemplo, a Warfarina que tem utilidade na terapia anticoagulante (SOUZA, 2005). Há relatos da ação de algumas classes de derivados de cumarinas que agemna DNAgirase do microorganismo, fazendo com que seja inibida a produção de ATPase (SOUZA, 2005). Constituindo os óleos essenciais, os esteroides e triterpenoides são anti-inflamatórios, antimicrobianos e apresentam atividade inseticida (MARINS et al., 2011; SILVA, 2020). Farmacologicamente, atuam na redução dos níveis plasmáticos de colesterol total e LDL, logo são conciliados em tratamentos para doenças cardíacas (QUEIROZ, 2009). Além das saponinas, alcaloides e derivados de cumarinas, a atividade antimicrobiana relacionada a espécies F. benjamina pode estar associada a presença dos triterpenoides, que podem causar desestabilização da integridade da membrana celular, interferindo diretamente no crescimento bacteriano (PAVA, 2017), e sua atividade antioxidante pode estar diretamente ligada aos derivados de cumarina, que impedem a formação de espécies reativas de oxigênio e evita o estresse oxidativo (CORRÊA, 2015). Considerações finais O estudo realizado com a espécie vegetal F. benjamina possibilitou identificar a presença de algumas classes de metabólitos secundários, responsáveis por atividades biológicas no organismo. O EHB das folhas da espécie apresentou resultados positivos para as saponinas, açúcares redutores, alcaloides, cumarinas, esteroides e triterpenoides. Através deste ensaio, pode-se considerar o possível potencial terapêutico dos metabólitos secundários encontrados, estando relacionados principalmente a atividades antimicrobianas e antioxidantes, assim como a compreensão destas substâncias e suas ações farmacológicas, evidenciando a relevância do estudo de plantas medicinais que a biodiversidade brasileira abrange. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 102 Agradecimentos Agradecimento pela concessão da Bolsa pelo Programa de Educação Tutorial (PET-MEC-FNDE), ao curso de Farmácia, da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) para com o Laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica, coordenado pela Dra. Sheylla Susan Moreira. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (FAPEAP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Referências BARBOSA, W. L. R. et al. 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Instituto Federal do Amapá. *jaryellesantos@gmail.com Introdução O conhecimento sobre plantas e suas funções medicinais advém desde o Antigo Egito, estendendo-se a cultura indígena, ricos em conhecimento sobre a flora medicinal, no qual utilizavam como remédios para enfermidades (RADOMSKI, 2003). A utilização de ervas medicinais vai além da questão cultural, visto que a eficácia pode ser comprovada cientificamente (BATTISTI et al., 2013), como o conhecimento sobre os metabólitos secundários, sendo estes os responsáveis por tais propriedades medicinais. Estes possuem uma complexidade estrutural e baixo peso molecular, podendo apresentar baixas concentrações em agrupamentos vegetais específicos (PEREIRA, 2012). A Annona squamosa L., descrita por Carl Von Linnaeu em 1753, originada da América Central, região das Antilhas, foi introduzida no Brasil em 1926 pelo Conde Miranda, na Bahia, adaptando-se na região do Nordeste, devido ao clima tropical e subtropical, sendo popularmente conhecida como fruta de conde, pinha ou ata (CORDEIRO, 2000). Sendo amplamente distribuída na América tropical, a ata pertence a família Annonaceae, uma angiosperma, com aproximadamente 2000 espécies dispostas em 130 gêneros, mas no Brasil apresenta cerca de 29 gêneros e 385 espécies, concentradas nas florestas amazônica e atlântica (BFG, 2015). Consiste em uma família que possui ampla atividade, tais como citotóxica, imunossupressora, pesticida, antiparasitária e antimicrobiana (LIMA et al., 2010), atuando como inibidoras do Complexo I mitocondrial (GONZALEZ et al., 1997). Segundo Leboeuf et al. (1982), os alcaloides são compostos nitrogenados farmacologicamente ativos, considerado uma classe de metabólitos secundários, e principais constituintes químicos das espécies pertencentes à família Annonaceae. Essa espécie pertence ao gênero Annona que abrange aproximadamente 81 espécies lenhosas com porte de árvores e arbustos distribuídas na região amazônica, possuindo importância econômica devido às características de seus frutos comestíveis e com ampla comercialização para produção de sucos e sobremesas, destacando-se a ata e a graviola (ARAÚJO, 2014). Ademais, possui relevância no meio medicinal devido à presença de metabólitos secundários como os alcaloides, muito frequentes em espécies desse gênero, todavia, constituintes químicos naturais: proteínas, taninos, ácido ascórbico, pectinas, aminoácidos, polifenóis e vitaminas do tipo β- caroteno e do complexo B (CRUZ, 2011). Há espécies pertencentes a Annona que auxiliam em tratamentos de espasmos, úlceras, cólica, possuindo efeitos cicatrizante, anti-inflamatório, sedativo, entre outras atividades medicinais de conhecimento popular e científico, todavia algumas espécies, pertencentes ao gênero não apresentam tais propriedades (RABELO, 2014). A espécie estudada, A. squamosa, ou fruta de conde (Figura 1), tem características morfológicas de uma árvore de pequeno porte, em média de 4 a 8 metros de altura; casca castanho- acinzentada; suas folhas possuem de 6 a 7 cm de comprimento, são rígidas, inteiras e alternadas, elípticas, obtusas, glabras, com coloração verde escura na parte superior; as flores são pediceladas, opostas e solitárias, sendo esverdeadas ou brancas; as sépalas são pequenas; pétalas oblongo- lineares com cor amarelada ou branca; com mácula purpúrea na base, atribuindo um intenso aroma, de grande relevância para a polinização e frutificação, sendo esta uma característica marcante nessa II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 105 espécie; seu fruto é esférico ou cordiforme, com até 12 cm de diâmetro, quando maduro a epiderme é verde-amarelada, composta por carpelos areolados, com 5 a 6 gonas, com ápice arredondado; a polpa é branca, densa e adocicada; as sementes lisas e pretas (CORRÊA, 1984). Figura 1. Folhas e fruto da Annona squamosa L. Fonte: Globo Rural (2018). É uma planta de grande importância comercial devido aos seus frutos, os quais são utilizados na culinária. Entretanto a ata detém de propriedades medicinais em decorrência da presença de classes de metabólitos secundários, a depender da parte utilizada, como as raízes, as folhas e as sementes, podem contribuir para o tratamento de doenças e enfermidades (PEREIRA, 2012). De acordo com Cordeiro et al. (2000), o extrato e o chá da raiz auxiliam no tratamento de prolapso retal; as sementes são capazes de hemolizar as células do sangue e possuem ação inseticida devido a presença da classe de metabólito secundário da saponina, mas em tribos da Índia o seu pó é utilizado para matar piolhos, entretanto, também possuem alto teor de óleos voláteis que podem atuar como antimicrobianos (CHAVAN et al., 2006; RAHMAN et al., 2005). As folhas infusionadas são utilizadas como sudorífico e para hipertireoidismo; as folhas contusas como cataplasma, que auxiliam em furúnculos, e cozidas são empregadas em banhos contra reumatismo, tais métodos são utilizados na medicina popular (PECKOLT, 2016). Diante dos conhecimentos tradicionais e populares, a ciência analítica possibilitou a comprovação das atividades biológicas e suas ações terapêuticas, através da análisefitoquímica. O perfil fitoquímico da A. squamosa é representado por fenóis, flavonoides, taninos, proteínas, aminoácidos e ácidos orgânicos. O objetivo desta pesquisa foi determinar e identificar as principais classes de metabólitos secundários encontradas nas folhas da espécie vegetal A. squamosa. Metodologia A espécie vegetal foi coletada no Amapá, na cidade de Macapá, no bairro Jesus de Nazaré, nas coordenadas (Latitude 0°3‘2,21‖ N e Longitude 51°3‘42,28‖ W). Realizou-se a confecção de exsicatas para o Herbário do Instituto de Pesquisa do Estado do Amapá (IEPA). A metodologia utilizada foi de Barbosa et al. (2004), no Laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica da Universidade Federal do Amapá. O material vegetal utilizado para a análise foram as folhas da pinha, estas passaram por uma seleção, em seguida iniciou-se o processo de secagem, as folhas foram acondicionadas na estufa de secagem à 45°C, em seguida foram moídas, no qual foi possível obter 100g do material seco e moído, este foi submetido ao processo de extração por maceração, no qual foi utilizado como solvente 750mL de álcool etílico 96°GL, após 72 horas, foi filtrado utilizando um papel filtro estéril, obtendo-se o extrato etanólico, adicionou-se novamente 750mL do solvente ao material vegetal, sendo repetido 3 vezes a cada 3 dias a maceração. O extrato etanólico obtido passou pelo processo de rotaevaporação em temperatura constante de 50°C- 60°C para a eliminação do solvente, obtendo-se 0,180g de extrato bruto. Foram realizados 16 testes fitoquímicos com o extrato bruto das folhas da A. squamosa para a II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 106 identificação das classes de metabólitos secundários presentes na espécie vegetal (Figura 2), sendo esses: ácidos orgânicos, açúcares redutores, antraquinonas, alcaloides, cumarinas, depsideos, depsidonas, fenóis, taninos, flavonoides, proteínas, aminoácidos, saponinas, entre outros. Figura 2. Esquema de Análise Fitoquímica Fonte: Autor (2020). Resultados e discussão De acordo com os testes realizados, a partir da metodologia de Barbosa et al. (2001), foi possível identificar algumas das 16 classes de metabólitos secundários, através da análise fitoquímica com as folhas da A. squamosa L., apresentando resultado positivo para 3 (três) classes de metabólitos secundários, de acordo com a Tabela 1: Tabela 1- Testes fitoquímicos realizados para identificação das classes de metabólitos secundários TESTE FITOQUÍMICO RESULTADO Ácidos Orgânicos + Açucares Redutores - Antraquinonas - Alcaloides - Cumarinas - Depsideos e depsidonas - Esteroides e Triterpenoides - Fenóis e Taninos + Flavonoides + Heterosídeos antraquinômicos - Núcleo Esteroidal - Polissacarídeos - Purinas - Proteínas e Aminoácidos + Resinas - Saponinas - Parâmetros: Negativo (-); Positivo (+) A partir dos resultados da prospecção fitoquímica, foi possível observar a presença de ácidos orgânicos, devido a capacidade das folhas de acumular ácidos orgânico em seus vacúolos, justificando a presença dele no material analisado. Entretanto, há uma grande diversidade de vegetais que apresentam ácidos orgânicos, estes lhes conferem sabor ácido e propriedades farmacêuticas semelhantes, a destaque os ácidos: tartárico, málico, cítrico e o silícico (DUARTE, 2014). Concomitante, os ácidos orgânicos podem ser considerados laxativos, auxiliam no tratamento de prolapso retal, antibactericidas e antimicrobianos, portanto, esta classe de metabólito, II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 107 provavelmente, é responsável, em parte, por esta atividade biológica da A. squamosa, pois se não dissociados podem difundir-se passivamente através da parede celular das bactérias, e dissociar-se quando o pH interno é superior a constante de dissociação e promover a diminuição do pH interno. Os íons H + reduzem o pH interno, e isto é incompatível com certas classes de bactérias que não toleram um gradiente significativo de pH em ambos os lados da membrana. Dependendo do pH interno, acumulam-se internamente os ânions, modificam a pressão osmótica interna e são tóxicos para a bactéria, interrompendo a síntese de ácido nucléico, bloqueando as reações enzimáticas e alterando o transporte através da membrana (CHIQUIERI et al., 2010; CHAVAN et al., 2006). Os fenóis identificados no extrato das folhas, provavelmente, podem ter ação antimicrobiana e inseticida, devido ao estudo realizado por Gould (2009), onde apresentou uma atividade contra cepas de Pseudomonas aeruginosa, Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus e Salmonella typhi, tendo possivelmente potencial, nessa classe, presente na espécie estudada, para estas ações biológicas, pois há estudos que apontam que os microrganismos Gram-negativos possuem uma maior resistência à ação de antimicrobianos, uma vez que sua parede celular se encontra protegida por uma camada de lipopolissacarídeos. A maior suscetibilidade de microrganismos Gram-positivos, acredita-se que o mecanismo da ação antimicrobiana do extrato, decorra da interação do mesmo com o peptidoglicano presente na parede celular bacteriana, caracterizando uma barreira mais frágil do que a parede celular das bactérias Gram-negativas (CHANDRASHEKAR et al., 2011). Os taninos identificados na planta em estudo, supostamente, podem, em parte, auxiliar no tratamento de furúnculos, ação antidiarreica, ter ação vasoconstritora, impedindo agressões externas e diminuição de fluido; é cicatrizante, podendo regenerar tecidos nos casos de feridas ou queimaduras; possui ação biológica contra determinados microrganismos, como agentes carcinogênicos e causadores de toxicidade hepática; podendo atuar como anti-inflamatórios, auxiliando no tratamento de hipertensão arterial e problemas renais, no qual na medicina popular a pinha é amplamente empregada (MONTEIRO et al., 2005; SIMÕES, 2010). As ações farmacológicas dos taninos, derivam de suas capacidades de formarem complexos com proteínas e polissacarídeos, desta maneira contribuem na cura de feridas e queimaduras. Semelhantemente, esta afinidade dos polifenóis por proteínas, de essencial importância na atividade de inativação de enzimas, impedindo assim o crescimento de alguns microrganismos (SIMÕES, 2010). Dessa forma, essa classe metabólica, segundo Peckolt (2016), pode ser responsável, decerto, pela atividade tóxica no pó das sementes da A. squamosa, no qual, tradicionalmente, é utilizado para matar piolhos. Entretanto, de acordo com a pesquisa realizada por Sunanda et al. (2003), a mesma não apresenta, até o momento, potencial de interferência reprodutiva. A classe de flavonoides, podem ser responsáveis por atividades medicinais para tratamento hipertireoidismo, como sudoríferos, podendo atuar como antioxidantes; auxiliam na prevenção e tratamento de reumatismo, na modulação da inflamação, na hemolização de células sanguíneas, na prevenção do câncer e de sua progressão. Dessa forma, estas funções medicinais, desta classe de metabólito, podem, supostamente, de acordo com sua concentração, ser correlacionadas a tais atividades biológicas presentes nas folhas da espécie estudada, conhecida popularmente como pinha, dado que estes são carregadores diretos de radicais livres, uma vez que protegem moléculas como o DNA, podem vir a abortar alguns processos carcinogênicos e sequestrar radicais DPPH, reduzindo a sua forma menos reativa um grupo de pigmentos de vegetais amplamente distribuídos na natureza, que dão cor as folhas, flores e frutos e desempenhamfunção de defesa, protegendo contra a radiação UV e outras ameaças (MACHADO et al., 2010; RABELO et al., 2014). Os aminoácidos detectados na análise são essenciais. Estes podem ser relacionados a espécie, devido à capacidade de serem sintetizados nos vegetais através do aproveitamento do nitrogênio na forma de NH4 + , nitritos e nitratos presentes no solo e que são produzidos por bactérias capazes de fixar o N2 atmosférico convertendo-os nos produtos nitrogenados absorvidos pelos vegetais, aqueles que o organismo não consegue produzir e por isso precisam ser obtidos por meio da alimentação; aminoácidos não essenciais, o corpo humano consegue produzir; e aminoácidos II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 108 condicionalmente essenciais, em certas condições patológicas não conseguem ser produzidos em quantidade suficiente, ou são sintetizados a partir de outros aminoácidos (VOET, 2000). As proteínas exercem funções diversas, principalmente como catalisadores, elementos estruturais e sistemas contráteis, armazenamento (ferritina), veículos de transporte (hemoglobina), hormônios, anti-infecciosas (imunoglobulina), enzimáticas (lipases), nutricional (caseína) e agentes protetores (VOET, 2000). Dessa forma, pode-se ter ou não, de acordo com a concentração, tais ações biológicas, destas classes metabólitos secundários, nas folhas da A. squamosa. Considerações finais A pesquisa realizada com a espécie vegetal A. squamosa por meio de testes fitoquímicos realizados a partir do extrato bruto etanólico das folhas da ata apresentaram positividade para algumas classes de metabólitos secundários, nos quais estes são responsáveis por atividades biológicas no corpo humano, como tratamento ou amenização de infecções. O estudo e aplicação desta pesquisa se mostra de grande relevância tanto para a conhecimento científico na área da saúde, como para pessoas que já utilizam desse recurso terapêutico, almejando tratamentos como anti-inflamatórios, antioxidantes, cicatrizante, antimicrobiano, entre outros objetivos, entretanto, de acordo com o conhecimento popular, a semente da ata apresenta um grau de toxicidade para o organismo, portanto, para que tenha uma aplicabilidade farmacológica e terapêutica evidencia-se a importância dessa pesquisa, no qual busca esclarecer e identificar os metabólitos e suas funcionalidades, como a interferência metabólica negativa, visando sempre informar a população e garantir o bem-estar destes. Dessa forma, a análise fitoquímica proporcionou um maior conhecimento das substâncias das folhas da ata, suas ações e funções no organismo, possibilitando maior compreensão dos efeitos metabólicos referente a sua composição e aplicação farmacológica de acordo com o estudo literário e os testes laboratoriais. Agradecimentos Agradecimento pela concessão da Bolsa pelo Programa de Educação Tutorial (PET-MEC-FNDE), ao curso de Farmácia, da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) para com o Laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica, coordenado pela Dra. Sheylla Susan Moreira. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (FAPEAP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Referências ARAÚJO, C. S. Estudo fitoquímico e atividade biológica in vitro de annona vepretorum mart. (Annonaceae). Revista Brasileira de Fruticultura. v. 31, n. especial 1, p. 258-264, 2014. BARBOSA, W. L. R., et al. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 109 CORDEIRO, M. C. R.; PINTO, A. C. Q; RAMOS, V.H.V. O cultivo da pinha, fruta-do-conde ou ata no Brasil. Circular técnica . Embrapa Cerrados.n. 9, p. 1-52, 2000. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2010/20402/1/cirtec-09.pdf. Acesso em: 04 out. 2020. CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasile dasexóticascultivadas. Ministério da Agricultura, IBDF. Rio de Janeiro, v. 3, p. 318-320. 1984. Disponível em: http://www.dataplamt.org.br/v3-novaversao- block/#/planta/?idPlanta=1088. Acesso em: 04 out. 2020. CRUZ, P. E. O. Estudo fitoquímico e investigação das atividades antioxidante, antimicrobiana e larvicida das cascas de Annona salzmannii a. dc. (Annonaceae). Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Sergipe, Sergipe. 158 f. 2011. CUNHA, P. A. Aspectos históricos sobre plantas medicinais, seus constituintes activos e fitoterapia. 2005. 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Possible amelioration of hyperthyroidism by the leaf extract of Annona squamosa. Current Science. v. 84. p. 1402-4. 2003. VOET, D.; VOET, J.G.; PRATT, C.W. Fundamentos de bioquímica. Editora: ArtMed. Porto Alegre.2000. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 111 ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE BOTÂNICA: JOGO, EXPERIMENTO E PRÁTICA Jéssica R. Ferreira*, Eslane L. Alves, Alday de O. Souza Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. *jeu.ferreira@outlook.com Introdução O ensino de botânica gera discussões em sintonia com os pensamentos referentes ao processo de ensino-aprendizagem, apresentando peculiaridades que justificam um olhar mais cuidadoso e especifico nessa área (URSI et al., 2018). O conhecimento da Botânica é essencial para a formação de cidadãos conscientes, conhecedores da diversidade e importância dos vegetais para o meio ambiente e, consequentemente, para o homem (ARRAIS et al., 2014). Os conteúdos da botânica incluem áreas de estudo como Fisiologia Vegetal, Morfologia e Anatomia Vegetal, Sistemática e Taxonomia Vegetal, o que a torna bastante temida pelos estudantes (SILVA, 2015). Existe uma aversão com o ensino de botânica na sala de aula, se tornando uma das disciplinas menos atrativas, podendo ser associada à forma como vem sendo trabalhada em sala, limitando a exposição de nomes vazios de significado para os estudantes (BITENCOURT et al., 2011). Os conceitos são bastante complexos e extensos, exigindo uma necessidade de memorização por parte dos alunos (JORGE et al, 2009). Nesse cenário, o professor é desafiado a adotar alternativas pedagógicas que contribuam para a construção de conhecimentos botânicos efetivos, trazendo inicialmente o conhecimento de mundo e incluindo no ensino analogias com a realidade dos discentes para melhor assimilação (MACEDO et al., 2013). O uso de atividades lúdicas, experimentais e aulas práticas são importantes no processo de ensino e aprendizagem uma vez que desperta um maior interesse e participação, favorecendo o desenvolvendo do conhecimento e promovendo uma melhor aprendizagem (MOREIRA e DINIZ, 2002; PIAGET, 2002). Essas atividades fornecem aos estudantes um ambiente estimulador, prazeroso e agradável possibilitando a aprendizagem de várias habilidades e desenvolvem a cooperação e socialização, contribuindo para a construção do conhecimento (PEDROSO, 2009). O tempo tem se tornado uma questão chave, principalmente para os professores que apresentam uma grande carga horária na escola, além da falta de materiais, mesmo os de custo acessível (URSI et al., 2018). Aulas práticas e experimentais, necessitam de tempo para preparo, no entanto, a realização de atividades lúdicas dependerá da motivação do professor (MAIA et al., 2013). Diante das dificuldades encontradas pelos professores no ensino de botânica, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver estratégias metodológicas ativas como facilitadoras de aprendizagens no ensino de Botânica na Educação Básica. Metodologia Local O projeto foi desenvolvido em uma turma de 2º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Camilo de Jesus Lima, localizado na cidade de Vitória da Conquista, Bahia. Período de observação e planejamento Inicialmente, durante o período de agosto a setembro do ano de 2017, houve um momento de observação das aulas da disciplina de Biologia que permitiu uma aproximação com os discentes e a verificação das atividades trabalhadas, conhecer a dinâmica da turma, interação aluno-aluno, professor-aluno. Os planos de aula foram elaborados com a supervisão da professora regente da graduação, assim como os materiais a serem utilizados durante o estágio como: jogos didáticos, modelos didáticos e atividades práticas. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 112 Atividades propostas As atividades desenvolvidas no projeto constaram de aulas expositivas sobre o Reino Fungi e Plantae. Foram necessárias 20 aulas, sendo 5 horas/aulas por dia. Inicialmente foi feito uma sondagem explanatória por meio de questionário misto com apenas cinco perguntas para verificar o conhecimento prévio dos alunos sobre os temas que seriam trabalhados em sala de aula. Em seguida, iniciaram as aulas expositivas com maior enfoque nas reais dificuldades elencadas pelos estudantes. Após as aulas expositivas, foram feitas aulas de observação no pátio da escola, para registrar os exemplares de plantas com flores, levando os alunos a voltar o olhar para as espécies, onde foi mostrado e detalhado cada parte das folhas e flores, e seus respectivos significados. Para as aulas, foi pedido aos estudantes que levassem exemplares de plantas das suas casas para serem trabalhadas em sala de aula. Foi realizado experimento com folhas de acelga para ilustrar o transporte de seiva. No último dia de aula foi aplicado o jogo didático, ―o tabuleiro cientifico‖. No final de cada aula, foi aplicado atividades xerocopiadas para verificar a assimilação dos alunos com os conteúdos trabalhados. Aplicação das atividades em sala de aula A primeira atividade desenvolvida foi o jogo do tabuleiro em tamanho aumentado, possibilitando que o aluno (representante escolhido pelo grupo) exercesse o papel de ―pino marcador‖, sendo distinguíveis pela cor do chapéu que eles receberam (Figura 1). Foram colocados no quadro 40 envelopes com perguntas referentes aos assuntos: Reino Fungi e Reino Plantae, trabalhando por meio da evolução dos grupos, Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Os alunos escolheram as perguntas pelo número do envelope, cada grupo tinha 1 minuto para responder a questão. O jogo contou com um dado que definia o número de casas que cada grupo deveria avançar caso acertasse a pergunta escolhida, ganhando o jogo o grupo que chegasse à última casa. A segunda atividade proposta foi o experimento que consistiu na imersão das folhas de acelga em um recipiente com água e corante, (anilina vermelha e azul), para melhor visualização, objetivando mostrar a condução de água através dos vasos presentes nas plantas, um processo que permite que a água absorvida pelo caule seja distribuída por todo o corpo da planta, chegando até as folhas (Figura 2). Após a experimentação, foi solicitado que cada aluno fizesse anotações descrevendo o processo e socializando com a turma. Na terceira atividade, foi realizada uma aula prática para melhor visualização e entendimento da botânica. A atividade consistiu na amostragem de material biológico onde puderam visualizar, manusear, desenhar e identificaras estruturas dos espécimes referente ao Reino Fungi e Plantae (Figura 3). Resultados e discussão Observações no Ensino de Botânica No decorrer das observações foi possível notar que os objetivos traçados pelos professores, nem sempre são alcançados junto aos alunos. A conscientização sobre a importância dos conteúdos trabalhados é dificilmente aceita pela maioria dos estudantes. No inicio das aulas, o docente levantava questionamentos a respeito do conteúdo da aula, com pouco interesse por parte dos alunos em responder ao professor, ao serem questionados sobre a botânica, muitos relataram ser uma disciplina chata e desinteressante devido a quantidade excessiva de informações dificultando a aprendizagem. Devido ao grande desinteresse da maioria dos estudantes, ficou nítido que havia uma minoria participativa nas aulas, cumprindo as atividades e exigindo aulas mais dinâmicas. As aulas expositivas, eram ministradas com domínio do conteúdo, o professor soube trazer informações compatíveis com a realidade dos estudantes. Para amenizar a falta de materiais didáticos o docente II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 113 fez um cladrograma no quadro branco, ilustrando a evolução das plantas e os pontos principais de adaptação de cada evento. Essa metodologia, facilitou o entendimento do conteúdo, onde os estudantes puderam visualizar melhor os aspectos evolutivos das plantas. Durante as observações não foi notado a utilização de nenhum recurso didático, como materiais didáticos, jogos, equipamentos audiovisuais ou materiais de laboratório, apenas a aula expositiva utilizando o livro didático como único recurso como método de ensino para todas as aulas. Apesar do domínio do conteúdo pelo professor, aulas expositivas em excesso se tornam maçantes e cansativas tanto para o aluno, quanto para o docente. Conhecimentos prévios: aplicação de questionário Na sondagem explanatória por meio de questionário a primeira pergunta foi quais das grandes áreas de biologia eles mais tinham afinidade ou gostavam e qual menos gostavam. A maioria dos alunos responderam se identificar com genética e apenas 20% responderam botânica. A resposta mais expressiva sobre gostar da botânica foi ―Tenho mais afinidade com a botânica, pois amo cuidar das plantas e entender como elas funcionam, isso facilita os cuidados‖. O segundo questionamento, foi acerca das aulas, qual estratégia gostaria de adicionar nas aulas de botânica para torna-la mais prazerosa de ser estudada? A resposta mais expressiva foi ― Nossas aulas de botânica são apenas expositivas, sempre com o uso do livro didático como principal fonte, então gostaria que o professor adicionasse jogos, aulas práticas para entendermos como são as folhas, e quem sabe um dia conhecer um laboratório pra vê as plantas no microscópio e realizar aulas de campo‖. A terceira pergunta, foi se os alunos conseguem assimilar o que é estudado em sala de aula com o cotidiano deles. A maioria respondeu que não, um dos relatos extraídos do questionário foi que ―Eu não consigo visualizar a importância da botânica no meu dia a dia, sei que é importante conservar as plantas, mas não sabemos como e o que fazer para melhorar‖. A quarta pergunta foi pedido uma definição do que são plantas, o que elas significam e qual a importância. Todos os relatos foram que plantas são seres vivos e são extremamente importantes para manutenção da vida. Alguns relatos ―Plantas tem caule, folhas, raízes e frutos‖ ―Plantas produzem oxigênio, desde o inicio da vida e foram evoluindo até produzir frutas e flores‖. Bitencourt et al. (2011) e Silva (2015) apresentaram resultados parecidos, onde, embora as respostas possam não está completamente errada, elas são breves e vagas colocadas de uma forma generalista sem apontar as principais características de um vegetal. A última pergunta foi sobre os grupos das plantas, se os alunos conseguiam identificar e saber quais plantas pertencem a quais grupos de plantas do cotidiano deles. A maioria respondeu que não sabem identificar, e alguns responderam que só sabem que o grupo das angiospermas apresentam flores e frutos. Com estes resultados, é possível concluir que está ocorrendo uma defasagem no ensino de botânica em sala de aula, pois, os estudantes não conseguem assimilar o que está sendo estudado com a realidade. Freitas et al. (2012) enfatiza a importância da utilização de recursos para nortear os alunos a criarem uma visão interdisciplinar e encaixarem os conteúdos aplicados em sala de aula no seu dia a dia. Aplicações das atividades em sala de aula Jogo do tabuleiro A primeira atividade realizada em sala, após as aulas expositivas, foi o jogo do tabuleiro em tamanho aumentado. O jogo funcionou como uma estratégia para avaliar a assimilação dos alunos, quanto aos conteúdos. Durante a realização do jogo (Figura 1), os alunos mostraram bastante entusiasmo, estavam atentos para não responder às perguntas equivocadamente. Com a aplicação do jogo, foi possível perceber ainda uma grande interação entre os alunos, afirmando o que Miranda (2001) vem dizendo sobre o jogo didático, pois o mesmo pode proporcionar ao discente II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 114 uma maior capacidade de interação com os conteúdos trabalhados, favorecendo o desenvolvimento de habilidades em relação à cognição, possibilitando socialização, motivação e criatividade. Figura 1. Alunos participando do Jogo o tabuleiro científico. Fonte: Eslane Luz Alves. Experimento O experimento foi a segunda atividade desenvolvida (Figura 2). Eles despertam a motivação e interesse dos discentes pelo conhecimento, facilitando a compreensão de fenômenos naturais e de concepção científica (POSSOBOM, 2002). Na atividade de experimentação foi desenvolvido um trabalho de observação com os alunos, a partir da utilização de folhas de acelga para demonstrar um pouco a respeito do processo de transporte de seiva que ocorre nas plantas, uma vez que grande parte dos alunos apresentam dificuldades de compreender os processos fisiológicos da planta. Este fato ocorre pela falta de suporte para aulas experimentais na escola, devido à ausência de laboratórios. De acordo as observações e relatos feitos pelos estudantes, estes acharam bastante interessante e compreensível, por saber que existem vasos condutores de seiva, uma vez que conseguiram visualizar o processo de condução na prática. Figura 2. Experimento com folhas de acelga e corante (Anilina). Foto: Eslane Luz Alves Aula prática Os materiais biológicos utilizados fazem com que o aluno tenha uma relação entre teoria e prática, não se limitando apenas as abstrações, mas na observação do material real (XAVIER, 2007). Levando a compreensão dos conteúdos trabalhados permitindo uma visualização direta dos fungos e plantas, tanto a parte anatômica, quanto fisiológica. Os estudantes estavam empolgados para a aula prática, todos os exemplares foram trazidos por eles e alguns coletados no jardim da escola (Figura 3). A aula gerou maior comprometimento com o conteúdo apresentado, foi pedido um relatório final sobre a aula prática. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 115 Figura 3. Alunos em aula prática. Foto: Jéssica Rocha Ferreira Considerações finais Manter a aprendizagem mais significativa, com desenvolvimentoe execução de atividades pedagógicas diferenciadas, exige do professor mais criatividade, tempo e recursos variados. Pois, são estratégias válidas para alcançar melhor entendimento e compreensão dos conteúdos estudados. O professor deve buscar métodos alternativos para contextualizar os assuntos abordados e tentar ao máximo inseri-los no cotidiano dos discentes. É importante desconstruir o pensamento sobre a botânica ser chata e desinteressante. Por este motivo, é necessário encontrar formas de ensinar conteúdos de maneira mais articulada e contextualizada com a realidade do aluno. Quando o professor fica preso á ensinar apenas os conteúdos do livro, as aulas se tornam difíceis de serem assimiladas recebendo um status de sem importância. Devido a isso, estratégias devem ser traçadas para minimizar os impactos negativos que envolvem o ensino de botânica, deixando-a mais clara e prazerosa promovendo uma aprendizagem significativa. O estudo revelou que a adoção de metodologias ativas é uma opção interessante, promovendo um ensino mais contextualizado dos conteúdos de botânica, contribuindo para melhor compreensão dos conceitos além de favorecer a valorização do cenário florístico que existe na escola do estudo. Além disso, o estudo permitiu reflexões sobre as contribuições da utilização de estratégias simples que podem ser aplicadas em sala de aula para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos. O uso de atividades diversificadas, como jogos, aulas práticas e experimentais fazem uma grande diferença no aprendizado. Os discentes aprovaram a metodologia diferenciada, os relatos foram positivos e animadores. As atividades aplicadas em sala, demonstraram que ocorreu uma excelente assimilação dos conteúdos trabalhados. Portanto, é preciso que os professores se dediquem em trabalhar estratégias diversificadas em sala de aula, para estimular os alunos á construir um conhecimento mais sedimentado e não apenas decoração de nomes científicos. Assim, o planejamento e a metodologia são essenciais para o sucesso da aula, principalmente no manuseio dos experimentos, práticas e dos jogos educativos como recursos pedagógicos necessários a desenvolver as habilidades dos alunos. Agradecimentos À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), pelo suporte necessário e contato com as escolas da cidade verificando a disponibilidade de ceder o espaço para realização do projeto. À professora de estágio em docência, Alday, por todos os ensinamentos e assistência. Ao Colégio Estadual Camilo de Jesus Lima, por disponibilizar as aulas para elaboração do projeto na turma do 2º ano do Ensino Médio. À Joboeco2020, pelo espaço no evento para apresentação dos trabalhos. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 116 Referências ARRAIS, M. G. M.; SOUSA, G. M.; MARSUA, M. L. A. O ensino de botânica: Investigando dificuldades na prática docente. RevistadaSBEnBio, n.7, p. 5409-5418, 2014. Disponível em:. Acesso em: 26 Mar. 2017. BITTENCOURT, I. M.; MACEDO, G. E. L.; SOUZA, M. L. et al. As plantas na percepção de estudantes de ensino fundamental no município de Jequié – Ba. VIII ENPEC, 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, UFRJ, 2011. Disponível em:. Acesso em: Acesso em: 26 Mar. 2017. JORGE, V.L., GUEDES, A.G., FONTOURA, M.T.S; PEREIRA, R.M.M. Biologia limitada: um jogo interativo para alunos do terceiro ano do ensino médio. Encontro Nacional de pesquisa em educação e ciência. Florianópolis, 2009. MAIA, E.D., A, P., Vannier-Santos, M.A. O Ensino de Ciências Biológicas a partir de experimentos nas Aulas Práticas no Colégio Estadual Luiz Vianna – Salvador/Ba. 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Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. *karina.m.della@gmail.com Introdução A partir de estudos morfológicos externos e anatômicos, Siparunaceae foi segregada de Monimiaceae compondo uma família própria (Schodde 1970). Siparunaceae engloba Siparuna Aubl. e Glossocalyx Benth. e aproximadamente 60 espécies (Renner & Haussner 2005). Mais tarde, pesquisas filogenéticas moleculares mostraram maior proximidade filogenética de Siparunaceae com Gomortegaceae e Atherospermataceae do que com Monimiaceae, confirmando a necessidade da segregação anteriormente sugerida por Schodde (l.c.) (Renner et al. 1997, Renner 1998, 1999). Siparuna é exclusiva da região Neotropical, ocorre do México ao norte do Paraguai, já Glossocalyx longicuspis Benth., monotípico, ocorre apenas nas planícies da África ocidental (Renner & Hausner 2005a; Stevens 2011). No Brasil ocorrem 20 espécies, quatro delas são endêmicas do país (Flora do Brasil em construção 2020). A Amazônia é o bioma com maior abundância, pois conta com 19 espécies, na sequência está a Mata Atlântica, que conta com sete espécies (Flora do Brasil em construção 2020). Pode-se encontrar espécies da família em todos os estados, exceto Rio Grande do Sul e Santa Catarina (BFG, 2015). O gênero é composto por arbustos, arvoretas ou árvores, monóicas ou dióicas, possuem aroma devido às células de óleos presente na planta, folhas opostas cruzadas ou verticiladas, inisófilas. Cimeiras uni ou díparas, flores unissexuadas, inflorescência axilar ou cauliflora, cimosa ou fasciculada (Renner e Haussner 2005). O Espírito Santo é um estado com aproximadamente 45.600 km², e está inteiramente coberto pela Mata Atlântica (Ministério do Meio Ambiente, 2000). Segundo Dutra et al. (2015) o EspíritoSanto possui 6204 espécies, sendo 516 espécies endêmicas, ainda que disponha de apenas 11,7% de seus remanescentes naturais. O estado possui uma extensa heterogeneidade de ambientes, variando do nível do mar até 2892 m de altitude, com formações de: Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Cerrados, Formações Pioneiras e Refúgios Ecológicos (Garbin et al., 2017). O estado do Espírito Santo abrange uma riqueza de 16,5% a respeito da diversidade de angiospermas do Brasil (BFG 2015). Uma parte considerável dessas espécies são classificadas como ameaçadas de extinção (BFG 2015; Martinelli e Moraes 2013). O objetivo deste estudo é caracterizar as espécies de Siparunaceae que ocorrem no Espírito Santo além de fornecer distribuição geográfica e imagens das espécies para auxílio na identificação. Material e métodos O estudo foi produzido através de observações em campo e material dos herbários CVRD, MBML, VIES, RB e SPF, acrônimos de acordo com Thiers (2020). Além disso, foram consultadas fotografias disponíveis em coleções científicas e banco de dados virtuais. Para a identificação das plantas foram utilizadas literaturas especializadas (e.g. Renner e Hausnner, 2005) e comparação com exsicatas identificadas por especialistas e material tipo disponível em bancos de dados virtuais de coleções científicas. Os termos morfológicos seguiram Radford et al. (1974), Payne (1978), Barroso et al. (1999), Stern (2004). Resultados e discussão Foram identificadas cinco espécies para o estado do Espírito Santo: Siparuna bifida (Poepp. e Endl.), Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC., Siparuna cymosa Tolm., Siparuna guianensis Aubl.e Siparuna reginae (Tul.) A.DC. Siparuma bifida e S. reginae ocorrem no Cerrado, Mata II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 118 Atlântica e Amazônia, enquanto S. brasiliensis ocorre somente no Cerrado e Mata Atlântica. S. cymosa ocorre nos biomas Amazônia e Mata Atlântica. Já S. guianensis está presente em diversos biomas como a Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal (Flora do Brasil em construção 2020). Somente S. cymosa e S. brasiliense são endêmicas do Brasil, as demais espécies são encontradas em outros países. Siparuna bifida é caracterizada pelas folhas elípticas, ovadas a lanceoladas, glabras, base aguda, ápice agudo, obtuso ou pontiagudo, tricomas ramificados ou estrelados. As inflorescências são monóicas e bífidas, flores masculinas com receptáculo cupuliforme ou subgloboso, flores femininas com tépalas atrofiadas, diminutas. Os frutos são deiscentes e os receptáculos de frutificação tuberculosos (Renner e Won, 2001). Podem ser diferenciadas da S. reginae por seus pecíolos longos nas flores masculinas e por suas folhas maiores (Renner e Won, 2001). No Brasil, podem ser encontradas nas regiões Norte (Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia e Ceará), Centro-Oeste (Mato Grosso) e Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) (Flora do Brasil em construção 2020). É nativa, mas não endêmica do Brasil, ocorre em países como Bolívia, Venezuela e Peru (Peixoto, 2015). Geralmente são encontradas em terras baixas, atingindo no máximo 1100 m de altitude (Renner e Hausner, 2005). Siparuna brasiliensis (Figura 1) é caracterizada por arvoretas ou árvores que podem atingir até 6 metros de altura, folhas opostas, decussadas, tomentosas. Suas flores são em cimeiras curtas e tépalas triangulares. As inflorescências são dióicas, flores masculinas apresentam numerosos receptáculos no topo, enquanto as flores femininas exibem o receptáculo subgloboso e frutífero na base. Os frutos são drupas deiscentes (Renner e Hausnner 2005). Pode ser encontrada em vegetação de Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar ou de Galeria, Floresta de Terra Firme, Floresta Estacional Semidecidual ou Floresta Ombrófila. No Brasil, sua distribuição geográfica se dá no Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Distrito Federal e Goiás) e Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). A espécie é endêmica do Brasil e conhecida popularmente como negramina, negra-mina, limoeiro-do-mato, limãozinho ou limão-bravo, os três últimos nomes correspondem ao intenso aroma das folhas que lembram o cheiro do limão. São predominantes em vegetações rupestres e se encontram em altitudes superiores a 900 metros (Flora do Brasil em construção 2020). Figura 1. Ramo com frutos de Siparuna brasiliensis Foto: Elton J. de Líri Siparuna cymosa é caracterizada por folhas opostas, de base aguda e ápice acuminado, tricomas estrelados e escamosos. As inflorescências são monóicas e em cimas bífidas, indumento tomentoso e tricoma estrelado. Flor estaminada e receptáculo em formato cupuliforme, tépala obsoleta, pistilo no formato do receptáculo ovoide, e estilete conato. Os frutos são lisos. Podem ser II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 119 encontradas nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, está presente nas Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial). Endêmicas no Brasil, ocorrem no Norte (Acre, Amazonas e Pará), Nordeste (Alagoas e Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso) e Sudeste (Espírito Santo) (Flora do Brasil em construção 2020). Siparuna guianensis é composta por espécies arbustivas ou pequenas árvores, que atingem de 2 a 7 metros de altura. Possuem folhas opostas, elípticas ou ovaladas com tricomas estrelados ou escamosos. Tanto a base quanto o ápice das folhas são arredondados. As flores masculinas têm o receptáculo amplamente aberto, esparsamente estrelado-tomentoso. Já as flores femininas possuem o receptáculo ovóide intensamente estrelado-tomentoso. Possuem numerosos carpelos (RENNER e HAUSSNER, 2005). Ocorre nos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. Está presente nos estados do Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná), ou seja, estão em todos os estados do Brasil, exceto Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Flora do Brasil em construção 2020). A espécienão é endêmica do Brasil, ocorrendo desde a Nicarágua, até o norte da América do Sul e o Paraguai, em planícies de florestas primárias e secundárias elevadas, com altitude de 1200 metros, eventualmente de 1400 metros (RENNER e HAUSNER, 2005). A Figura 2 exibe as folhas e frutos da S. guianensis. Figura 2. Ramo com frutos de Siparuna guianensis (Foto: Alex Popovkin) Siparuna reginae é caracterizada por arvoretas ou árvores, que podem atingir de 5 a 22 metros de altura. Suas folhas são reconhecidas por serem opostas, de nervuras secundárias com anastomose longe da margem, seu formato é elíptico ou lanceado, podendo também ser ovada, de base aguda e ápice agudo ou cuneiforme. Possui tricomas estrelados ou ramificados em tufos. A face adaxial apresenta glabra, enquanto a face abaxial possui poucos tricomas. As inflorescências são monóicas, bífidas e tomentosas. Flores masculinas possuem o receptáculo cupuliforme subgloboso, as femininas por sua vez, possuem tépalas atrofiadas. Os frutos são tuberculosos ou espinosos e são deiscentes. No Brasil está distribuída nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Ceará, Tocantins, Mato Grosso, Pará, Amazonas, Rondônia e Roraima (Flora do Brasil em construção2020). São típicas de vegetação como Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila. Frequentemente estão em solos arenosos, no decurso das margens dos rios, sendo assim são encontradas em terras mais baixas atingindo no máximo 1100 m de altitude (Renner e Hausner, 2005). O Espírito Santo é o segundo estado com maior riqueza de espécies da família na Mata Atlântica no Brasil, sendo o estado com maior ocorrência de espécies de Siparunaceae a Bahia, que conta com 7 espécies. Na Bahia, são descritas as mesmas espécies de Siparuna que ocorre no Espírito Santo, além disso conta com mais duas espécies, Siparuna glycycarpa (Ducke), endêmica do Brasil e Siparuna poeppigii (Tul.) A.DC., não endêmica do Brasil (PEIXOTO, 2015). II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 120 Considerações finais Ao todo foram cinco espécies ocorrentes no território do estado do Espírito Santo: Siparuna bifida, Siparuna brasiliensis, Siparuna cymosa, Siparuna guianensis e Siparuna reginae. Siparuna bifida são plantas dióicas e possuem poucos tricomas em ambas as faces da folha sendo esses concentrados na nervura principal e frutos tuberculados. Contém ampla distribuição e no Brasil ocorre nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Não endêmica, está presente em outros países como Bolívia, Venezuela e Peru. Comumente confundida com a S. bifida, Siparuna guianensis possui características fundamentais para diferenciação pois são plantas monóicas e seus frutos possuem superfície lisa, e no que se refere à sua distribuição, no Brasil, apresenta ocorrência nos estados Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Não endêmica, além de ser observada em países da América do Sul, também ocorre em países da América Central. Siparuna brasiliensis dispõe de uma particularidade, visto que possui folhas dentadas, diferenciando-se das demais espécies de Siparuna descritas neste trabalho, sua distribuição se dá pelos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Siparuna cymosa caracteriza-se por ser uma planta monoica, face abaxial da folha glabecente exceto pelos tricomas estrelados a lepidotos na nervura principal, é endêmica do Brasil e ocorre nos estados Acre, Amazonas, Pará, Alagoas, Bahia, Mato Grosso e Espírito Santo. Por fim, Siparuna reginae é reconhecida pelas folhas com tricomas simples ou pouca ramificação, inflorescências em cimas bífidas e frutos com receptáculo espinhoso ou tuberculado, ocorre nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Não é endêmica do Brasil, ocorre em outros países como Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador e Peru. Se comparado aos demais estados do Brasil, o Espírito Santo é o segundo estado com a maior riqueza de espécies de Siparunaceae ocorrentes na Mata Atlântica. O presente estudo contribui para o entendimento de espécies de Angiospermas basais presentes nas florestas da Mata Atlântica. As espécies têm potencial importância econômica devido a extração de óleos para etnofarmacológica e etnobotânica, embora exista utilização das espécies por comunidades tradicionais, os potenciais são pouco explorados em estudos acadêmicos. Agradecimentos Agradecemos aos herbários visitados pela disponibilização da coleção de Siparunaceae para que o presente estudo pudesse ser concluído, e aos bancos virtuais por viabilizar o acervo de imagens e dados online. Referências Brazil Flora Group [BFG], 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. Dutra V.F., Alves-Araújo, A.; Carrijo T.T., 2015. Angiosperm checklist of Espírito Santo: using electronic tools to improve the knowledge of an Atlantic Forest biodiversity hotspot. Rodriguésia 66: 1145-1152. Filho, J., 1987. 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Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro. Pp. 353-385. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 122 PROSPECÇÃO FITOQUÍMICADra. Tânia Maria de Moura – Instituto Federal Goiano, Urutaí, Goiás, Brasil Diversidade de Mucuna (Leguminosae, Papilionoideae) na região neotropical Novos materiais a partir de biomassas da Amazônia Me. Dhimitrius Neves Paraguassu Smith de Oliveira – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil Painéis sustentáveis cimento-açaí Dr. Thiago de Paula Protásio – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Parauapebas, Pará, Brasil Bioenergia a partir de biomassas da Amazônia PhD. Luciano Araujo Pereira – Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá, Amapá, Brasil Diversidade e morfologia de Anthurium sect. Dactylophyllium (Araceae) no estado do Amapá, Brasil Me. Mel de Castro Camelo – Doutoranda Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ), Rio de Janeiro, Brasil Novidades taxonômicas de Anthurium sect. Pachyneurium (Araceae) da Mata Atlântica Dr. Marcus Alberto Nadruz Coelho – Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Rio de Janeiro, Brasil Anthurium: um gênero ainda desconhecido e seu uso na telinha Dia 11/12/2020 (Sexta-feira) Minicursos 19h às 20h30min 19h às 20h30min 19h às 20h30min 19h às 22h Minicurso 1 Dra. Valéria Saldanha Bezerra Ministrante A ferramenta Mendeley e sua interação com plataformas de buscas de artigos científicos Minicurso 2 Dr. Antônio Francelino de Oliveira Filho Ministrante A sistemática vegetal como ferramenta para conhecer a diversidade Minicurso 3 MSc. George Azevedo de Queiroz Ministrante Introdução a Morfologia das Angiospermas Minicurso 5 Dr. Tonny David Santiago Medeiros Ministrante Bancos de Dados de Coleções Botânicas - como acessar e manusear as informações do Herbário Amapaense (HAMAB) PREMIAÇÃO A Coordenação da II Jornada de Botânica e Ecologia e II Jornada Amapaense de Botânica parabeniza todos os trabalhos submetidos e divulga os premiados com menção honrosa para categoria: Simpósio “NOVOS TALENTOS NA CIÊNCIA” Segue ordem de classificação, identificado empate técnico obtivemos dois primeiros lugares. 1° Lugar: João F. V. Corrêa et al. DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA E PRODUÇÃO DE SEMENTES DE ANDIROBEIRAS EM FLORESTA DE TERRA FIRME 1° Lugar: Suellen P. O. Maciel et al. USO DE MATERIAIS ORGÂNICOS NA CONSTRUÇÃO DE BARREIRAS FÍSICAS PARA A COLETA DE SEMENTES 2° Lugar: Alessandra dos S. Facundes et al. POTENCIAL DE USO DE PLANTAS DA FAMÍLIA PIPERACEAE NA REGIÃO DE MUNGUBA, PORTO GRANDE, AMAPÁ, BRASIL 3° Lugar: Mariana S. dos Santos Peperomia Ruiz & Pav. SUBGÊNERO Rhynchophorum (Miq.) Dahlst. (PIPERACEAE) NO ESTADO DO AMAPÁ A Coordenação da II Jornada de Botânica e Ecologia e II Jornada Amapaense de Botânica parabeniza todos os trabalhos submetidos e divulga os premiados com menção honrosa para categoria: “CURTAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA” Segue ordem de classificação. 1° Lugar: Larissa C. M. Coutinho et al. PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DO EXTRATO BRUTO DA ESPÉCIE VEGETAL Hancornia speciosa GOMES (APOCYNACEAE) 2° Lugar: Andreza S. Silva et al. ANÁLISE FITOQUÍMICA DAS FOLHAS DE Heliconia psittacorum L. f. (HELICONIACEAE) 3° Lugar: Daniele Souza da Costa et al. AÇÃO DE EXTENSÃO NO CONHECIMENTO DE ALUNOS DE ESCOLAS FAMÍLIA AGRÍCOLA ACERCA DA BOTÂNICA Menção honrosa: Caroline C. Vasconcelos et al. CARACTERÍSTICAS INVISÍVEIS APOIAM O DESCOBRIMENTO DE ESPÉCIES NOVAS? O CASO DE Chromolucuma brevipedicellata C.C. Vasconcelos & Terra-Araujo (SAPOTACEAE, CHRYSOPHYLLOIDEAE) AGRADECIMENTOS A comissão organizadora agradece à Pró-reitoria de Extensão da UEAP, à coordenação do curso de Ciências Naturais da UEAP e aos membros do comitê científico pela avaliação dos trabalhos submetidos. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO AGRADECIMENTOS SEÇÃO TÍTULO Pág. Autor(es) RESUMOS EXPANDIDOS PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA ESPÉCIE VEGETAL Licania tomentosa (Benth.) Fritsch (CHRYSOBALANACEAE) ........................................................... 27 Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, Camila A. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Jeruza F. Miceli, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida DOMINÂNCIA DE ESPÉCIES DE MANGUE NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA MARACÁ-JIPIÓCA – AMAPÁ ....................................................................................... 32 Alison P. Magalhães, Gabriela G. Costa, Libna G. Fernandes, Zenaide P. Miranda, Salustiano V. Costa-Neto ANÁLISE FITOQUÍMICA DAS FOLHAS DE Heliconia psittacorum L.f. (HELICONIACEAE)............................................................................. 37 Andreza S. Silva, Alice M. R. Costa, Camila A. M. Soares, Jaryelle S. Oliveira, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida, Yasmin M. N. Cardoso ENTRE EXPERIMENTO DIDÁTICO E REGISTROS FOTOGRÁFICOS: UMA METODOLOGIA IMPORTANTE PARA O ENSINO DE BIOLOGIA VEGETAL ............... 45 Antonio J. C. Ferreira, Aparecida B. de Paiva AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong SUBMETIDAS EM DIFERENTES SUBSTRATOS E PROFUNDIDADES ..... 50 Brenda R. de S. Barbosa, Alison P. Magalhães, Fabrício dos S. Lobato, Alexandre P. Mira, Gabriela G. Costa QUAL A QUANTIDADE DE ÁGUA NECESSÁRIA PARA A GERMINAÇÃO DAS SEMENTES DA CAATINGA? ............................................................................... 55 Bruno de S. Santos, Ayslan T. Lima, Marcos V. Meiado CARACTERÍSTICAS INVISÍVEIS APOIAM O DESCOBRIMENTO DE ESPÉCIES NOVAS? ... 60 Caroline C. Vasconcelos, Isolde D. K. Ferraz, José Luís C. Camargo, Mário H. Terra-Araujo POLINIZAÇÃO: TRANSPORTANDO IDEIAS E AFLORANDO A CONSERVAÇÃO – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA SUPERAR A CEGUEIRA BOTÂNICA .................. 66 Daniele O. Silva, Eric B. G. Rocha, Henarmmany C. A. Oliveira, Elisangela L. S. Bezerra AÇÕES DE EXTENSÃO E A MODIFICAÇÃO NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE ESCOLAS FAMÍLIA AGRÍCOLA ACERCA DA BOTÂNICA ............................................... 74 Daniele Souza da Costa, Angélica Souza da Costa, Mellissa Sousa Sobrinho CATÁLOGO DA BRIOFLORA DO ESTADO DE SERGIPE, BRASIL .......................... 80 Fabiano S. Dantas, Marla I. U. de Oliveira USO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE CACAUÍ (Theobroma speciosum Willd. ex Spreng.) .............................................. 87 Fabrício dos S. Lobato, Alison P. Magalhães, Patrícia de S. Vitoriano, Alexandre P. Mira, Robson B. Lima ESPÉCIES FRUTÍFERAS UTILIZADAS NA ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS DA CAPITAL DO TOCANTINS .................................................................... 91 Gabriela S. Araújo, Ian Carlos M. dos Reis, Laiane F. de Morais, Rafaela P. Soares, Luciana D. S. D. de Oliveira ESTUDO FITOQUÍMICO DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO BRUTO DE FOLHAS DE Ficus benjamina L. (MORACEAE) .......................................................... 98 Ingrid I. A. Barbosa, Nathália S. Piedade, Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, Heloíza R. Cunha, Jaryelle S. Oliveira, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida ANÁLISE FITOQUÍMICA DO EXTRATO BRUTO ETANÓLICO DA ESPÉCIE VEGETAL Annona squamosa L. (ANNONACEAE) ..................................................... 104 Jaryelle S. Oliveira, Amanda S. Rocha, Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, CamilaDO EXTRATO BRUTO DA ESPÉCIE VEGETAL Hancornia speciosa Gomes (APOCYNACEAE) Larissa C. M. Coutinho 1 *, Letícia O. Machado 1 , Alice M. R. Costa 1 , Andreza S. Silva 1 , Camila A. M. Soares 1 , Heloíza R. Cunha 1 , Ingrid I. A. Barbosa 1 , Jaryelle S. Oliveira 1 , Mayra A. C. Leite 1 , Mirian A. Oliveira 1 , Natálya G. L. Santos 1 , Rafaela N. Marques 1 , Ridelley S. Sousa 1 , Thayná O. Corrêa 1 , Thays R. Peres 1 , Marlon O. Nascimento 2 , Sheylla S. M. S. Almeida 1 1. Universidade Federal do Amapá; 2. Instituto Federal do Amapá. *larissa.cout30@gmail.com Introdução As plantas medicinais têm sido utilizadas pela humanidade na cura e alívio de diversas enfermidades, caracterizando um dos hábitos mais antigos da população mundial. Achados em uma sepultura antiga no Iraque sugerem o uso desses vegetais com finalidade terapêutica há mais de 60 mil anos (BARROS, 2008; DUTRA, 2008). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos contempla todas etapas de produção de um fitoterápico, que envolve em suas atividades a sabedoria popular e o conhecimento das comunidades tradicionais. Portanto, conhecer o uso popular da planta medicinal, é a base para o desenvolvimento de novos fármacos a partir da extração desses vegetais. A espécie vegetal Hancornia speciosa, conhecida popularmente como mangabeira, mangaba, mangabeira-do-norte, foi descrita por Gomes em 1812, e pertence à família Apocynaceae, compreendendo seis variedades botânicas (DUTRA, 2008). É uma árvore laticífera de porte médio, com altura de 4 a 7m, de clima tropical e encontrada em várias regiões do país, sendo mais abundante na região nordeste (LIMA, 2014). A espécie apresenta um único tronco, tortuoso ou reto, com 0,2 a 0,3m de diâmetro e os ramos são inclinados, numerosos, separados e bem formados (BARROS, 2008). Suas folhas são opostas, simples, pecioladas, inteiras, oblangas, agudas, coriáceas, brilhantes e glabras; sua inflorescência possui 1 a 7 flores de coloração branca (GOMES, 2010). Segundo Silva (2018), a espécie frequentemente desenvolve-se em solos arenosos e pobres, especificamente na região do cerrado e nas planícies costeiras caracterizadas por baixas matéria orgânica, alta acidez e baixa disponibilidade de nutrientes. A H. speciosa possui importância econômica, visto que o seu fruto (mangaba) é a matéria- prima para industrialização, resultando em vários produtos como, doces, sucos, sorvetes e compotas (BARROS,2008). O principal uso popular da H. speciosa é para o tratamento de dermatoses, diabetes, dismenorreia e obesidade, podendo ser utilizadas as folhas, cascas, frutos e o látex para a obtenção dos metabólitos secundários (SILVA; MIRANDA; CONCEIÇÃO, 2010). No entanto estudos recentes evidenciaram potencial farmacológico da H. speciosa, para atividade anti- hipertensiva (SILVA et al., 2016), cicatrizante (GELLER et al., 2015) e anti-inflamatória (TORRES-REGO et al., 2016). Alguns dos compostos químicos isolados envolvidos nessas atividades farmacológicas são o ácido clorogênico, L-(+) -bornesitol, rutina, ácido quínico, narigenina-7-O-glicosídeo e proantocianidinas (SILVA, 2018). Dessa forma, têm aumentando os avanços científicos nos vegetais, devido aos processos vitais de biossíntese serem os responsáveis pela formação, acúmulo e degradação de inúmeras substâncias orgânicas no interior das células que formam diversos tecidos dos organismos animais e vegetais (SILVA; MIRANDA; CONCEIÇÃO, 2010). Diante disso o objetivo deste estudo foi realizar uma análise fitoquímica do extrato bruto da espécie H. speciosa e correlacionar com o seu uso na medicina tradicional. Material e métodos OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO Para a análise fitoquímica foram utilizadas as folhas da espécie H. speciosa coletadas em sítio na estrada AP-070, Estados do Amapá, Município de Macapá, em março de 2015, às 16 horas, II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 123 sob coordenada 0°37'09.6"N 50°52'42.3"W. O material vegetal foi colocado em estufa a 45ºC durante quatro dias. Em seguida foi triturado e retirado 100 g do material para a maceração em 750 mL de álcool etílico durante três dias. O mesmo processo se repetiu por mais duas vezes, alternando a cada três dias. Posteriormente, o extrato etanólico obtido foi submetido a evaporação, e consequentemente a obtenção do extrato bruto da espécie H. speciosa. TESTES FITOQUÍMICOS Os testes fitoquímicos foram realizados de acordo com a metodologia de Barbosa (2001) para a identificação dos seguintes metabólitos: ácidos orgânicos, fenóis e taninos, flavonóides, polissacarídeos, proteínas e aminoácidos, saponinas, antraquinonas, depsídeos e depsidonas, purinas, açúcares redutores, resinas, cumarinas, núcleo esteroidal, esteroides e triterpenóides e heterosídeos. As análises foram qualitativas, com reações de coloração e/ou precipitação. Resultados e discussão Através da análise fitoquímica do extrato bruto das folhas da espécie H. speciosa foi possível identificar classes de metabólitos secundários de interesse farmacológico, sendo eles: ácidos orgânicos, alcaloides, antraquinonas, depsídeos e despsidonas, fenóis e taninos, resinas e saponinas, demonstrados na tabela 1. Tabela 1. Resultados das análises fitoquímicas do extrato bruto das folhas da espécie Hancornia speciosa (+ indica presença e – indica ausência) METABÓLITO SECUNDÁRIO RESULTADO ÁCIDOS ORGÂNICOS + AÇÚCARES REDUTORES - ALCALÓIDES + ANTRAQUINONAS + CUMARINAS - DEPSÍDEOS E DEPSIDONAS + ESTERÓIDES E TRITERPENÓIDES - FENÓIS E TANINOS + FLAVONÓIDES - NÚCLEO ESTEROIDAL - HETEROSÍDEOS - POLISSACARÍDEOS - PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS - RESINAS + SAPONINAS + Os principais usos populares da H. speciosa é para o tratamento de hipertensão, diabetes, obesidade, dermatoses e dismenorreia (SILVA; MIRANDA; CONCEIÇÃO, 2010). Diante disso, os resultados apresentaram metabólitos secundários (tabela 1) com diversas atividades farmacológicas que, possivelmente, possam estar relacionadas ao tratamento dessas doenças. Dentre os metabólitos secundários observados na espécie estão os taninos, que além de possuírem atividade antibacteriana e antiparasitária (CASTEJON, 2011), atuam na reparação tecidual formando uma camada protetora (complexo tanino-proteína) sobre tecidos lesionados, permitindo que, logo abaixo dessa camada, a reparação ocorra de forma tecidual (MELO; SANTOS, 2001). Portanto, pode ser utilizado em processos de cura de feridas, queimaduras e inflamações, justificando a sua possível ação em dermatoses e diabetes. Além disso, os polifenóis podem regular a atividade das enzimas antioxidantes endógenas e detoxificantes, ao inibir as enzimas produtoras de carcinógenos (PINHEIRO, 2016), ou seja, os fenóis provocam o bloqueio da formação de substâncias cancerígenas e consequentemente sua ação também será inibida. Vários compostos fenólicos apresentam também alta capacidade antioxidante II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 124 de neutralizar a atividade de radicais livres gerados no organismo, que estão associados a diversas doenças crônico-degenerativas (ROCHA et al., 2011). As saponinas são uma classe de metabólitos secundários que apresentam propriedades detergentes e surfactantes, ação antioxidante e capacidade de redução de colesterol (SCHENKEL et al., 2007; PINHEIRO, 2016), sendo esta última um dos fatores que podem estar relacionados a atividade anti-obesidade e hipertensiva da H. speciosa. Além disso, no organismoA. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE BOTÂNICA: JOGO, EXPERIMENTO E PRÁTICA ................................................................... 111 Jéssica R. Ferreira, Eslane L. Alves, Alday de O. Souza SIPARUNACEAE (LAURALES) DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ........................ 117 Karina M. D. Sanita, Elton J. de Lírio PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DO EXTRATO BRUTO DA ESPÉCIE VEGETAL Hancornia speciosa Gomes (APOCYNACEAE) ......................................................... 122 Larissa C. M. Coutinho, Letícia O. Machado, Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, Camila A. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida PLANTAS COM POTENCIAL DE USO NO MUNICÍPIO DE PIAMONTE, CAUCA, COLÔMBIA .................................................................................... 127 Laura L. Rivera-Parada, Jaime A. Barrera-García ESTUDO FITOQUÍMICO DO EXTRATO BRUTO ETANÓLICO DAS FLORES DE Tagetes erecta L. (ASTERACEAE) .................................................................... 134 Mirian A. Oliveira, Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, Camila A. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida ESTUDO FITOQUÍMICO DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DA ESPÉCIE Ficus carica L. (MORACEAE) ...................................................................... 142 Natálya G. L. Santos, Alice, M. R. Costa, Andreza S. Silva, Camila A. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Rafaela N. Marques, Ridelley S. Sousa, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida EFEITO DA FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL NA DENSIDADE DE LIANAS Machaerium Pers. (FABACEAE) ........................................................................... 147 Paulo R. R. Piovesan, Robyn J. Burnham, Isolde D. K. Ferraz, José L. C. Camargo COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DE UMA COMUNIDADE ARBÓREA, EM UMA ÁREA DE SAVANA NA APA DO RIO CURIAÚ, MACAPÁ-AP ......................... 152 Priscila H. F. Silva, Alison P. Magalhães, Fabrício S. Lobato, Gabriela G. Costa, Victor R. D. Gomes ESTUDO FITOQUÍMICO QUALITATIVO DA Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. (ANNONACEAE) .............................................................................. 157 Ridelley S. Sousa, Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, Camila A. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Rafaela N. Marques, Thayná O. Corrêa, Thays R. Peres, Marlon. O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida ANÁLISE FITOQUÍMICA DO EXTRATO BRUTO DE FOLHAS DA ESPÉCIE Passiflora laurifolia L. (PASSIFLORACEAE) ........................................................... 162 Thayná O. Corrêa, Matheus M. Ramos, Alice M. R. Costa, Andreza S. Silva, Camila A. M. Soares, Heloíza R. Cunha, Ingrid I. A. Barbosa, Jaryelle S. Oliveira, Larissa C. M. Coutinho, Mayra A. C. Leite, Mirian A. Oliveira, Natálya G. L. Santos, Ridelley S. Sousa, Rafaela N. Marques, Thays R. Peres, Marlon O. Nascimento, Sheylla S. M. S. Almeida INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE PREDAÇÃO DE Pygiopachymerus lineola Chevrolat NA GERMINAÇÃO DE Cassia grandis L.f. (FABACEAE: CAESALPINIOIDEAE) .............. 168 Victor R. D. Gomes, Alison P. Magalhães, Priscila H. F. Silva, Gabriela G. Costa, Fabrício S. Lobato SIMPÓSIO NOVOS TALENTOS NA CIÊNCIA POTENCIAL DE USO DE PLANTAS DA FAMÍLIA PIPERACEAE NA REGIÃO DE MUNGUBA, PORTO GRANDE, AMAPÁ, BRASIL ............................................ 173 Alessandra dos Santos Facundes, Plúcia Franciane Ataide Rodrigues, Adriano Castro de Brito, Luciano Araújo Pereira O SABER ETNOBOTÂNICO DOS ESTUDANTES SOBRE O CIPÓ-TITICA (Heteropsis spp. - ARACEAE) E AS INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS DE UMA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA NO AMAPÁ ....................................................................... 180 Cleicy A. de Sousa, Ruana S. Ferreira, Luciano A. Pereira A EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DE EXTRATORAS DE ÓLEO DE PRACAXI NO 2° PRÊMIO SAT BNDES: ESTÍMULO À ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA ...................... 185 Isabelly Ribeiro Guabiraba, Suellen Patrícia Oliveira Maciel, João Felipe Vilhena Corrêa, Ana Cláudia Lira-Guedes, Ana Margarida Castro Euler DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA E PRODUÇÃO DE SEMENTES DE ANDIROBEIRAS EM FLORESTA DE TERRA FIRME ................................................................ 191 João F. V. Corrêa, Paulo C. da Silva, Suellen P. O. Maciel, Isabelly R. Guabiraba, Ana C. Lira-Guedes MULHERES COLETORAS DE SEMENTES NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO: A MANUTENÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE E DA SOCIOBIODIVERSIDADE .............. 198 Kátia dos S. Pantoja, Lúcia Tereza R. Rosário ÍNDICE DE VEGETAÇÃO DE DIFERENÇA NORMALIZADA (NDVI) NA RESEX DO RIO CAJARI, APÓS O MAIS FORTE EL NIÑO (2015/2016) DA AMAZÔNIA ................... 203 Larissa S. Sarges, Daniele A. Gonçalves, Marcelino C. Guedes Peperomia Ruiz & Pav. SUBGÊNERO Rhynchophorum (Miq.) Dahlst. (PIPERACEAE) NO ESTADO DO AMAPÁ .................................................... 209 Mariana Serrão dos Santos, Micheline Carvalho Silva, Luciano Araujo Pereira A VALORIZAÇÃO DO SABER LOCAL SOBRE O CIPÓ TITICA (Heteropsis spp. - ARACEAE) COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE BOTÂNICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA NA REGIÃO DA PERIMETRAL NORTE NO ESTADO AMAPÁ .............................................................................. 215 Ruana S. Ferreira, Cleicy A. de Sousa, Luciano A. Pereira, Mellissa S. Sobrinho USO DE MATERIAIS ORGÂNICOS NA CONSTRUÇÃO DE BARREIRAS FÍSICAS PARA A COLETA DE SEMENTES ...................................................................... 219 Suellen P. O. Maciel, Jamile A. Ferreira, Isabelly R. Guabiraba, João F. V. Corrêa, Paulo C. da Silva, Ana C. Lira-Guedes RESUMOS DAS PALESTRAS HISTÓRIA NATURAL DE Pentaclethra macroloba (FABACEAE) EM FLORESTA DE VÁRZEA DO ESTUÁRIO DO RIO AMAZONAS ............................................... 226 Adelson Rocha Dantas COMPONENTE FLORÍSTICO E ESTRUTURAL E SUA RELAÇÃO COM AS ESPÉCIES DENOMINADAS DE CIPÓ-TITICA (Heteropsis spp.) ...................................... 231 Adriano Castro de Brito, Luciano Araujo Pereira PROSPECÇÃO QUÍMICA E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DA PRÓPOLIS DE SALINÓPOLIS, PARÁ .......................................................................... 237 Aislan Baden da Conceição Araújo, Gabriel Araújo da Silva, Darlan Coutinho dos Santos PRODUÇÃO E POLINIZAÇÃO DO AÇAIZEIRO, Euterpe oleracea MART. (ARECACEAE) ................................................................................. 242 Alexandre Luis Jordão, Richardson Ferreira Frazão, Laryssa Nogueira de Souza FLORESTAS SAGRADAS: AS ÁRVORES QUE CONTAM A HISTÓRIA DO POVO DE SANTO ......................................................................................... 246 Ana Angélica Monteiro de Barros, Vitor Amorim Moreira de Azevedo ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS DO AÇAIZEIRO NO ESTADO DO AMAPÁ .........................................................................................254 Ana Margarida Castro Euler MULHERES NA BOTÂNICA BRASILEIRA .................................................... 259 Annelise Frazão, Vera L. Scatena, Rebeca V. R. Viana e Pamela C. Santana EVOLUÇÃO DE LIANAS DA FAMÍLIA BIGNONIACEAE NA AMAZÔNIA .................... 262 Annelise Frazão MODELOS ALOMÉTRICOS PARA ESTIMATIVA DA BIOMASSA AÉREA EM UMA SAVANA AMAZÔNICA .................................................................................. 265 Marisol Alfaro Cruz, Ricardo Adaime, Salustiano Vilar Costa-Neto, Jose Júlio Toledo DISTRIBUIÇÃO DE MAMÍFEROS NO ESTADO DO AMAPÁ: ENDEMISMO E CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES EM DIFERENTES FORMAÇÕES VEGETAIS .............. 271 Cláudia Regina da Silva IMPORTÂNCIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DO SANTUÁRIO DE ÁRVORES GIGANTES DA AMAZÔNIA ................................................................... 276 Diego Armando Silva da Silva, Eric Bastos Gorgens, Robson Borges de Lima, Carla Samara Campelo de Sousa DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES E BIOGEOGRAFIA DE UM COMPLEXO DE ESPÉCIES EM Epidendrum (ORCHIDACEAE): UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR ................ 282 Edlley Max Pessoa AGROBIODIVERSIDADE E RECURSOS ALIMENTÍCIOS LOCAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR ................................................................. 286 Galdino Xavier de Paula Filho DESVENDANDO A COMPLEXIDADE TAXONÔMICA DE Dyckia (BROMELIACEAE) ....... 290 Henrique Mallmann Büneker PEQUEÑAS JOYAS VERDES: ORQUÍDEAS Malaxis EN COSTA RICA ..................... 296 Isler F. Chinchilla, Mario A. Blanco HECHTIOIDEAE (BROMELIACEAE) UN GRUPO MEGAMEXICANO ........................ 299 Ivón M. Ramírez-Morillo, Katya J. Romero-Soler, Claudia Hornung-Leoni, Ricardo Rivera, Germán Carnevali, Néstor Raigoza COMPOSTOS VOLÁTEIS DAS FLORES DO AÇAIZEIRO ..................................... 306 Jakeline Maria dos Santos, Laryssa Nogueira de Souza, Alexandre Luís Jordão, Henrique Fonseca Goulart, Antônio Euzébio Goulart Santana AGROEXTRATIVISMO E USO SUSTENTÁVEL DA SOCIOBIODIVERSIDADE NO CERRADO BRASILEIRO ....................................................................... 312 Janaína Deane de Abreu Sá Diniz, Lúcia Tereza Ribeiro do Rosário RIQUEZA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ANFÍBIOS NO AMAPÁ ......................... 318 Janaina Reis Ferreira Lima, Jucivaldo Dias Lima RÉPTEIS DO ESTADO DO AMAPÁ: DISTRIBUIÇÃO E CONSERVAÇÃO .................... 325 Jucivaldo Dias Lima, Janaina Reis Ferreira Lima FIELD GUIDES: KELLER SCIENCE ACTION CENTERSCIENCE & EDUCATION, THE FIELD MUSEUM …............................................................................ 336 Juliana G. Philipp TAXONOMÍA, ECOLOGÍA Y CONSERVACIÓN DE MAGNOLIAS COLOMBIANAS .......... 339 Marcela Serna-González DIVERSIDADE E MORFOLOGIA DE Anthurium sect. Dactylophyllium (ARACEAE) NO ESTADO DO AMAPÁ, BRASIL ............................................................ 346 Luciano Araujo Pereira, John Laurent Saraiva Ferreira, Marcus Augustus Nadruz Coelho, Monica M. Carlsen, Thomas Bernard Croat ECOLOGIA E MANEJO DE PAU-MULATO (Calycophyllum spruceanum (Benth.) K. Schum. - RUBIACEAE) ....................................................................... 351 Marcelino Carneiro Guedes DOCUMENTACIÓN DEL GÉNERO Monstera EN MESOAMÉRICA Y COLOMBIA .......... 356 Marco Vinicio Cedeño Fonseca, Thomas B. Croat, Orlando O. Ortíz, Mario A. Blanco NOVIDADES TAXONÔMICAS EM Anthurium sect. Pachyneurium (ARACEAE) DA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA, INCLUINDO UMA ESPÉCIE NOVA ...................... 362 Mel de Castro Camelo LEGUMINOSAE EM MAZAGÃO E SUAS INTERAÇÕES ECOLÓGICAS: POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO .................................................................................... 370 Mellissa Sousa Sobrinho, Angélica Souza da Costa, Daniele Souza da Costa GENÓMICA DE PLANTAS NEOTROPICALES:LOGROS Y DESAFIOS ACTUALES ......... 376 Mónica Carlsen A MULHER NEGRA NA CIÊNCIA BRASILEIRA: POLÍTICAS PÚBLICAS DE INSERÇÃO ONTEM E HOJE ............................................................................... 379 Nadia Farias dos Santos VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CICATRIZES DE QUEIMADA NO MUNICÍPIO DE MAZAGÃO, ESTADO DO AMAPÁ ............................................................ 381 Nadiane Munhoz Araujo MÚLTIPLOS PADRÕES DE ESPECIAÇÃO NOS ANDES: O CASO DE Phaedranassa (AMARYLLIDACEAE) .......................................................................... 388 Nora Helena Oleas FOCOS DE CALOR E INCÊNDIOS FLORESTAIS NA RESERVA BIOLÓGICA DO LAGO PIRATUBA E ENTORNO ...................................................................... 392 Patricia Ribeiro Salgado Pinha SELEÇÃO DE ESPÉCIES ESTRUTURANTES PARA A RESTAURAÇÃO FLORESTAL ....... 399 Rafael de Paiva Salomão,André Luis Ferreira Hage, Vanessa Gomes de Sousa, Camila Fernandes Barra, Jamily Moraes Costa ABELHAS MELÍFERAS ASSOCIADAS AO AÇAÍZEIRO (Euterpe oleracea Mart.) NO ESTADO DO AMAPÁ .......................................................................... 404 Richardson Ferreira Frazão, Alexandre Luís Jordão ÓLEOS ESSENCIAIS DE ASTERACEAE: PERSPECTIVAS E APLICAÇÕES .................. 410 Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida DIVERSIDADE DE Mucuna Adans. (LEGUMINOSAE, PAPILIONOIDEAE) NA REGIÃO NEOTROPICAL ................................................................................ 416 Tânia Maria de Moura Resumos Expandidos II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 27 PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA ESPÉCIE VEGETAL Licania tomentosa (Benth.) Fritsch (CHRYSOBALANACEAE) Alice M. R. Costa 1 *, Andreza S. Silva 1 , Camila A. M. Soares 1 , Heloíza R. Cunha 1 , Ingrid I. A. Barbosa 1 , Jaryelle S. Oliveira 1 ,Jeruza F. Miceli 1 , Larissa C. M. Coutinho 1 , Mayra A. C. Leite 1 , Mirian A. Oliveira 1 , Natálya G. L. Santos 1 , Rafaela N. Marques 1 , Ridelley S. Sousa 1 , Thayná O. Corrêa 1 , Thays R. Peres 1 , Marlon O. Nascimento 2 , Sheylla S. M. S. Almeida 1 1. Universidade Federal do Amapá;2. Instituto Federal do Amapá. *alicemarac203@gmail.com Introdução O uso da medicina popular é empregado por diversas civilizações ao longo da história, bem como a utilização de fitocosméticos e produtos de origem vegetal, o que tem se tornado a alternativa de grande parte da população e de empresas muito populares nesse ramo de atuação. No Brasil, as matérias-primas vegetais têm forte presença no setor comercial estimulando a economia do país (ZUANAZZI; MAYORGA, 2010). Mesmo com o avanço de técnicas medicinais modernas, o uso da medicina tradicional na atenção primária é abrangente em grande parte da população dos países em desenvolvimento, tendo em vista que 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes utilizam plantas ou preparações destas. Revelando a importância dos produtos naturais, incluindo derivados de plantas, no desenvolvimento de produtos terapêuticos (CALIXTO, 1997). Oiti – Licania tomentosa Fonte: jardineiro.net (2014) A Licania tomentosa (Benth.) Fritsch, popularmente conhecida como oiti ou oitizeiro, pertence à família Chrysobalanaceae, é originária de regiões de clima subtropical e tropical do nordeste brasileiro. Sendo uma espécie arbórea e frutífera, somado aos seus aspectos de tronco esgalhado, altura de até 20 metros e copa bastante ampla, teve seu cultivo muito incentivado para o processo de arborização em regiões urbanas, principalmente nas cidades do Norte e das regiões litorâneas do Brasil, pois propicia sombra e a redução da temperatura (ALBUQUERQUEet al., 2009). Além disso, essa espécie está presente em diversas culturas tradicionais da América do Sul, haja vista que suas sementes são utilizadas para o tratamento do vírus Herpes Simplex-1, e as suas folhas para problemas intestinais e atribuições citotóxicas às suas células (CASTILHO; KAPLAN, 2010). As espécies da família do oiti são utilizadas para os mais variados fins farmacológicos. A partir das espécies do gênero Licania já foram isoladas e identificadas várias substâncias, principalmente das classes dos diterpenos, triterpenos, flavonoides e também taninos (PEREIRA et al., 2002). O objetivo dessa pesquisa foi identificar as principais classes de metabólitos secundários do extrato bruto das folhas de L. tomentosa. II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 28 Material e métodos O material vegetal foi coletado no campus Marco Zero da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), localizado na Rodovia Juscelino Kubitscheck, KM 02, S/N - Jardim Marco Zero, Macapá-AP, 68903-419 (0°00‘13.9‘‘S 51°05‘06.3‖W), em abril de 2015. As atividades foram realizadas no laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica do bloco de Ciências Farmacêuticas da UNIFAP, onde foram limpas, secas e submetidas à extração. O material foi colocado em estufa a 45ºC durante três dias, para a retirada de água. Após a secagem, procedeu-se à moagem em triturador elétrico. Obtendo-se 250g do vegetal, seco e triturado. Foi colocado em um balão volumétrico de 2000 mL e submetido à extração, usando-se álcool 70°GL como líquido extrator. O processo foi realizado três vezes, macerando por três dias em cada processo. O extrato foi filtrado em um funil com papel de filtro e armazenado em uma garrafa de plástico, para a etapa seguinte, concentração. O solvente extrator foi recuperado em cada etapa de concentração. O extrato etanólico de L. tomentosa foi submetido a evaporador rotativo para concentração do extrato, retirando o solvente e obtendo-se o Extrato Bruto Etanólico (EBE) da plantaem quantidade suficiente para realizar a pesquisa. A análise fitoquímica foi realizada baseada na metodologia empregada por Barbosa et al. (2001) em que o extrato é analisado a partir de reações de coloração e/ou precipitação possibilitando, assim, visualizar e identificar os principais metabólitos presentes no material vegetal. Resultando em testes positivos para ácidos orgânicos, açúcares redutores, fenóis e taninos, flavonoides, alcaloides, esteroides e triterpenoides, catequinas, saponinas, polissacarídeos, proteínas e aminoácidos, depsídios e depsidonas, glicosídeos cardíacos, antraquinonas, purinas, derivados da cumarina e heterosídeos antraquinônicos. Resultados e discussão O extrato bruto do oiti foi submetido aos testes de fitoquímicos. Dentre estes, detectou-se a presença dos seguintes metabólitos: ácidos orgânicos, açúcares redutores, fenóis e taninos, esteroides e triterpenoides, catequinas, saponinas, depsídios e depsidonas, e cumarina, demonstrados na tabela 1. Tabela 1 – Resultados da análise fitoquímica da Licania tomentosa (Benth.) Fritsch. Metabólitos identificados Atividades Biológicas (Simões et al., 2007) Ácidos Orgânicos Ação bactericida Açúcares Redutores Ação antioxidante Catequinas Ação anticarcinogênica Cumarinas Atividade anticoagulante Depsídeos e Depsidonas Ação analgésica e antipirética Esteroides e Triterpenos Ação anti-inflamatória Fenóis e Taninos Ação antifúngica Flavonoides Atividade antimicrobiana Saponinas Atividade hipocolesterolêmica Ácidos orgânicos Ácidos orgânicos são compostos químicoslargamente usados na indústria de alimentoscomo aditivos.As plantas possuem a habilidade deacumular essa substância em seusvacúolos, isto pode ser evidenciado nosuco de frutas cítricas (pH ~ 2,5) devidoa presença do ácido cítrico. Estes ácidosnão estão restritos apenas aos frutose podem aparecer também nas folhasde muitas plantas. Os ácidos orgânicos possuem poder bacteriostático e bactericida gram-negativo, in vitro, desde que II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 29 as moléculas ácidas se encontrem ionizadas e que haja contato com a bactéria por tempo adequado (ALVES et al., 2011). Infere-se, portanto, que a atividade bactericida estudada na planta pode estar relacionada à presença deste metabólito. Açúcares redutores Açúcares redutores são aqueles capazes de reduzir íons metálicos como a prata e o cobre em reações onde o açúcar se oxida e forma ácidos carboxílicos. Monossacarídeos, glicose e frutose são açúcares redutores caracterizados pela presença de grupos carbonílicos e cetônicos livres, que oxidam-se na presença de agentes oxidantes em soluções alcalinas. Como açucares redutores, os monossacarídeos têm a capacidade de serem oxidados por íons cúpricos (Cu2 + ) e férricos (Fe3 + ), tendo sido útil, há muito tempo, na determinação dos níveis de glicose no sangue e na urina em diagnósticos da diabetes melito (FRANCISCO JUNIOR, 2008). Desse modo, supõe-se que a ação antioxidante pode estar agregada a presença de açúcares redutores. Catequinas A espécie L. tomentosa (oiti) mostrou por meio da prospecção do seu extrato etanólico a presença de catequinas. Catequinas pertencem a um grupo de polifenóis e apresentam uma série de atividades biológicas, antioxidantes, quimioprotetora, termogênicas, antiinflamatória e anticarcinogênica, o que caracteriza a provável (SCHMITZ et al., 2005); Sendo assim, a atividade antioxidante demonstrada nas folhas do oiti pode ter relação com a presença de catequinas. Cumarinas A presença de derivados da cumarina também foi constatada com o ensaio fitoquímico. Cumarinas são utilizadas no tratamento de doenças de pele, como psoríases, vitiligo, apresentam ação contra micoses, urticária, alopecia areata, herpes simples, parasitoses humanas e animais, além de outras dermatoses (LEITE, 2009; POZZETI, 2005). A presença de cumarinas no oiti pode ser atrelada a sua atividade anticoagulante descrita na literatura. Depsídeos e depsidonas Depsídios e depsidonas são compostos fenólicos, ocorrendo em líquens e vegetais superiores. Em geral, a biossíntese dos compostos fenólicos de líquens ocorre pela rota do acetatopolimalonato. As depsidonas representam um grupo de compostos estruturalmente relacionados aos depsídios, sendo estes considerados seus precursores. Esses grupos têm sido reconhecidos por apresentarem propriedades antioxidantes, antivirais, antitumorais, analgésicas e antipiréticas (HONDA;VILEGAS,1998; HIDALGO et al., 1994). Portanto, pode-se conjecturar que o tratamento de febre e infecções bacterianas advém da presença deste metabólito. Esteróides e Triterpenos Os triterpenos constituem um dos grupos dos terpenos, que são diferenciados conforme número de carbonos em sua estrutura química. Um dos exemplos destes, são os esteróides, constituintes de muitas plantas e responsáveis por atividades biológicas como na redução de doenças cardíacas a partir de sua ação hipocolesterolêmica, indicaram a atividade antiproliferativa, proapoptótica, anti-inflamatória, analgésica e antipirética (ANTONISAMY, 2011). Além disto, os triterpenos são considerados inibidores do HIV, a partir do bloqueio da última etapa do ciclo de vida destes vírus, ou seja, inibem a maturação (SILVA, 2014).As folhas do oiti são comumente utilizadas como antiinflamatórios, o que pode ser relacionado a presença de esteróides e triterpenos. Fenóis Compostos fenólicos, apresentam capacidade antioxidante de neutralizar a atividade de radicais livresgerados no organismo, com associações a diversas doenças crônico-degenerativas como diabetes, câncer e processos inflamatórios inibindo também o risco das doenças II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 30 cardiovasculares (ROCHA et al., 2011). A presença de fenóis nas plantas sugere que há ações benéficas em processos inflamatórios e a inibição de doenças vasculares por meio do impedimento de aglomeração plaquetária, como descrito na literatura, pode ser atrelado à presença dos compostos fenólicos. Taninos Os taninos possuem a capacidade de precipitar celulose, pectinas e proteínas, são definidos como substâncias fenólicas solúveis em água com massa 500- 3000 Da, que apresentam habilidade de formar complexos insolúveis em água com alcalóides, gelatina e outras proteínas. Essa sua complexação é a base para suas propriedades farmacológica e antimicrobiana (SIMÕES, 2010). A ação antifúngica e a utilização no tratamento de diarreia da L. tomentosa podem ser atribuídas à presença de taninos pela característica adstringente dada ao fruto por esse metabólito. Flavonoides Nos vegetais, os flavonóides possuem funções de defesa contra raios ultravioleta, fungos e bactérias, já seus pigmentos servem de atração a agentes polinizadores. Compõem um dos grupos de metabólitos secundários mais importante e, até hoje, são conhecidos mais de 4.200 flavonoides. Possuem atividade anti-inflamatória, antioxidante, antitumoral, antiviral, antiespasmódica, diminuição dos riscos de doenças coronarianas, aumento da resistência nas paredes dos vasos sanguíneos, dentre outros (ZUANAZZI, 2005). Desse modo, infere-se que, por haver a presença desse metabólito, pode haver correlação ao uso do oiti como antimicrobiano. Saponinas Saponinas tem atividade hemolítica, molusquicida, antiinflamatória, antifúngica, antibacteriana, antimicrobiana, antiparasitária, citotóxica e antitumoral, antiviral entre outras (SPARG et al., 2004). Plantas que apresentam saponinas são citadas com determinadas ações farmacológicas, tais como larvicida, hipocolesterolemiante, expectorante, ventrópica, e cicatrizante (LOPES et al., 2011). Portanto, a ação hipercolesterolêmica pode estar atribuída a presença desse metabólito na L. tomentosa. Considerações finais A partir das análises fitoquímicas preliminares realizadas, os metabólitos secundários presentes nas folhas de L. tomentosa, corroboram com alguns estudos feitos e seu uso para fins terapêuticos. A atividade biológica dos metabólitos presentes nas folhas dessa espécie demonstra grande potencial a ser explorado, através de novas formulações desenvolvidas a partir de combinações com outras substâncias, ou tratamentos diferenciados dessa matéria prima, tanto para fins microbiológicos como nutricionais. Entretanto, cabe salientar que é de suma importância estudos mais aprofundados com seu material vegetal, pois na literatura há escassez de estudos atualizados sobre o oiti. Desse modo, o experimento contribui para a comunidade científica como forma de agregar aporte teórico e prático. Agradecimentos Agradecimento pela concessão da Bolsa pelo Programa de Educação Tutorial (PET-MEC-FNDE), ao curso de Farmácia, da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) para com o Laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica, coordenado pela Dra. Sheylla Susan Moreira. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (FAPEAP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 31 Referências ALBUQUERQUE, A. J. R.; ANGELO, J.A.C.; SILVA, I.R.A.; AMORIM, R.V.S. Produção de substrato para cultivo de zygomycetes produtores de quitosana usando a polpa do fruto do oitizeiro (Licaniatomentosa).2009.Disponívelem:Acesso em: 5 de abril de 2015. ALVES, E. M. et al. Estudo fitoquímico da erva-de-passarinho (Struthanthus marginatus Desr. Blume) parasitando laranjeira (Citrus sinensis L. Osbeck). Encontro Latino Americano De Iniciação Científica; Encontro Latino Americano De Pós-Graduação, v. 23, n. 2, p. 1-4, 2019. ANTONISAMY, Paulrayer; DURAIPANDIYAN, Veeramuthu; IGNACIMUTHU, Savarimuthu. 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II Jornada de Botânica e Ecologia II Jornada Amapaense de Botânica Macapá-AP, 03 a 07 de novembro de 2020 32 DOMINÂNCIA DE ESPÉCIES DE MANGUE NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA MARACÁ- JIPIÓCA -