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Peptídeos e Proteínas Peptídeos e proteínas são polímeros de aminoácidos. ❖ Dois aminoácidos se ligam covalentemente por uma ligação amida substituída chamada ligação peptídica, que forma um dipeptídeo. Esta é uma ligação que funciona por desidratação, ou seja, há a remoção de moléculas de água de um grupo α-carboxila de um aminoácido e de um grupo α-amino de outro. Três aminoácidos podem se ligar formando um tripeptídeo, da mesma forma que podem formar um tetra ou um pentapeptídeo, A ligação de um grupo de aminoácidos é chamada de oligopeptídeo e a ligação de vários aminoácidos é chamada de polipeptídeo. As unidades de aminoácidos de um peptídeo geralmente são chamadas de resíduos (porque cada um deles perdeu um átomo de hidrogênio de seu grupo amino e a parte hidroxila do grupo carboxila). Em um peptídeo, o resíduo de aminoácido presente na extremidade que exibe um grupo α-amino é o resíduo aminoterminal – N-terminal – e o resíduo da outra extremidade que exibe um grupo α-carboxila é o resíduo carboxiterminal – C-terminal. As proteínas podem ter milhares de unidades de aminoácidos. ❖ As proteínas são as moléculas orgânicas mais abundantes nas células, elas são macromoléculas de alto peso molecular. Nas moléculas proteicas os aminoácidos se ligam covalentemente, formando longas cadeias não ramificadas, através de ligações peptídicas como foi citado acima. Muitas proteínas contêm apenas resíduos de aminoácidos e nenhum outro grupo químico, estas são chamadas de proteínas simples. Entretanto, algumas proteínas contêm componentes químicos permanentemente associados além dos aminoácidos, estas são chamadas de proteínas conjugadas. A porção não-aminoácida desta proteína é chamada de grupo prostético. Proteínas conjugadas são classificadas de acordo com a natureza química de seus grupos prostéticos, por exemplo, as lipoproteínas contêm lipídios, as glicoproteínas contêm carboidratos. Algumas proteínas podem apresentar mais de um grupo prostético. Este grupo geralmente é muito importante na função biológica das proteínas. ➢ • Estrutura Primária – O elemento mais importante da estrutura primária é a sequência de resíduos de aminoácidos. • Estrutura Secundária – Refere-se aos arranjos particularmente estáveis dos resíduos de aminoácidos, dando origem a padrões estruturais recorrentes. • Estrutura Terciária – Descreve todos os aspectos do dobramento tridimensional de um polipeptídeo. • Estrutura Quaternária – Quando uma proteína possui duas ou mais subunidades polipeptídicas. Para ocorrer a quebra de uma proteína, deve ocorrer o processo de hidrólise. Ocorrer a adição da molécula de água, permitindo a separação dos aminoácidos. A hidrólise ocorre no processo digestivo, uma vez que o corpo absorve aminoácidos, para que possa manter suas proteínas necessárias. ➢ A proteína pode assumir um número ilimitado de conformações, por conta das rotações livres em torno das centenas de ligações individuais que a proteína tem. As proteínas possuem função química ou estrutural diferente uma das outras, portanto sugere-se que cada uma possui uma estrutura tridimensional singular. Conformação é a denominação dada ao arranjo espacial dos átomos de uma proteína. As possíveis conformações de uma proteína incluem qualquer estado estrutural que possa ser atingido sem romper as ligações covalentes. Geralmente, a conformação existente sob um determinado conjunto de condições é a termodinamicamente mais estável, tendo a menor Energia Livre de Gibs (G). Diz respeito à sequência de aminoácidos, dada pela sequência de nucleotídeos da molécula de DNA responsável por sua síntese. A estrutura primária de peptídeos e proteínas refere-se ao número linear e a ordem dos aminoácidos presentes. A convenção para a designação da ordem dos aminoácidos é de que o N-terminal, ou seja, a extremidade com o resíduo com o grupo α-amino livre, é para a esquerda – é a do primeiro aminoácido – e do C-terminal, ou seja, a extremidade com o resíduo que contém um grupo α-carboxila livre, é para a direita. Nesta estrutura são encontradas ligações peptídicas e, dependendo da proteína, podem ser encontradas ainda as pontes de dissulfeto. Esta sequência deve ser mantida, sob o peso de a proteína perder sua função, como é o caso da presença de valina ao invés de glutamato no sexto aminoácido da cadeia polipeptídica da hemoglobina, que a doença genética denominada anemia falciforme. A ausência ou o acréscimo de aminoácidos à estrutura primária das proteínas, também pode ser responsável pela modificação em sua eficácia funcional. Refere-se à conformação local de alguma porção de um polipeptídeo. Alguns tipos de estrutura secundária são particularmente estáveis e frequentemente encontrados nas proteínas. Os mais proeminentes são a α-hélice e as conformações folha -pregueada. A conformação em α-hélice é conferida através do ângulo de torção que os resíduos de aminoácidos apresentam na ligação peptídica, estabilizada por pontes de hidrogênio entre o oxigênio do grupamento carboxila de um Cα e o H do grupamento amino do outro aminoácido. A folha -pregueada é possível graças a pontes de hidrogênio que ocorrem entre duas partes das cadeias polipeptídicas dentro da molécula proteica. Uma proteína pode apresentar os dois tipos de organização secundária dentro de sua molécula. Forma α-hélice de uma proteína Forma folha -pregueada de uma proteína ➢ α O arranjo mais simples que uma cadeia polipeptídica pode assumir com suas ligações peptídicas rígidas – porém com as demais ligações livres para rotação – é uma estrutura helicoidal, a α-hélice. Nessa estrutura a cadeia polipeptídica é muito retorcida em torno de um eixo imaginário longitudinal que passa pelo centro da hélice, com os grupos R dos resíduos de aminoácidos projetando-se para a face externa da hélice. A hélice é sempre orientada para a direita em todas as proteínas. A α-hélice é facilmente se forma mais facilmente do que as outras conformações, pelo fato de que ela otimiza o uso das ligações de hidrogênio internas. A estrutura é estabilizada por ligações de hidrogênio entre o átomo de hidrogênio ligado ao átomo de nitrogênio eletronegativo do grupo carbonila do quarto aminoácido na extremidade aminoterminal dessa ligação peptídica. Na α-hélice, todas as ligações peptídicas – menos as que são próximas de cada uma das extremidades da hélice – participam dessas ligações de hidrogênio. Todas as ligações de hidrogênio combinadas fornecem uma estabilidade à estrutura helicoidal. Uma α-hélice pode se formar em polipeptídeos que consistem de L ou D- aminoácidos. Mas, todos os resíduos devem ser de uma única série estereoisomérica; um D-aminoácido irá interromper uma série regular que insista de L-aminoácidos, e vice- versa. ➢ α Nem todos os polipeptídeos podem formar uma α-hélice estável. As interações entre cadeias laterais de aminoácidos podem estabilizar ou desestabilizar essa estrutura. Por exemplo, se uma cadeia polipeptídica possuir um grande bloco de resíduos de Glu, esse segmento da cadeia não irá formar uma α-hélice em pH 7. A estrutura de uma α-hélice faz com que as interações críticas ocorram entre uma cadeia lateral de um aminoácido e uma cadeia lateral do terceiro (e, às vezes, do quarto) resíduo de aminoácido a partir daquele, tanto em uma direção quanto em outra. Aminoácidos positivamente carregados frequentemente se encontram afastados de aminoácidos negativamente carregados por três resíduos, permitindo a formação de um par iônico. Dois resíduos de aminoácidos aromáticos aparecem, com frequência, espaçados de modos semelhantes, resultando em uma interação hidrofóbica. Um impedimento para a formação de uma α-hélice é a presençade resíduos de Pro ou Gly. Na prolina, o átomo de Nitrogênio faz de parte de um anel rígido, e a rotação em torno da ligação N – Cα não é possível. Assim, um resíduo de Pro introduz uma dobra desestabilizadora em uma α-hélice. Além disso, o átomo de nitrogênio de um resíduo de Pro em uma ligação peptídica não possui nenhum hidrogênio substituinte que possa participar de ligações de hidrogênio com outros resíduos. Por esses motivos, a prolina é raramente encontrada em α-hélice. A glicina ocorre com pouca frequência em α -hélices por uma razão diferente: possui uma flexibilidade conformacional maior do que a dos demais resíduos de aminoácidos. Os polímeros de glicina tendem a assumir estruturas enoveladas bem distintas de uma α-hélice. ➢ Na conformação , a cadeia polipeptídica estende-se em uma estrutura de ziguezague ao invés de helicoidal. As cadeias polipeptídicas em ziguezague podem ser dispostas lado a lado, para formar uma estrutura que se assemelha a uma série de pregas. Nesse arranjo, denominado folha , as ligações de hidrogênio são formadas entre os segmentos adjacentes da cadeia polipeptídica. Os seguimentos individuais que formam uma folha geralmente estão próximos entre si na cadeia polipeptídica, mas podem também estar bem distantes uns dos outros na sequência linear do polipeptídeo; podem até mesmo ser segmentos em cadeias polipeptídicas distintas. Corresponde às relações da cadeia polipeptídica no sentido de estabilizar a conformação tridimensional. Muitos tipos de interações químicas podem ocorrer dentro de uma molécula proteica para garantir a estabilidade das cadeias polipeptídicas. As mais fortes são as ligações covalentes, como a que ocorre entre dois aminoácidos cisteína que se unem através de pontes dissulfeto entre seus grupamentos S formando o complexo cistina. Há ainda a formação de pontes de hidrogênio, interações eletrostáticas e interações fracas de van der Walls entre os grupamentos R. ➢ • Pontes de Hidrogênio: Grande número de pontes de H são formadas no interior e na superfície das proteínas. Além de formar pontes de H entre si, os grupos polares das cadeias laterais dos aminoácidos podem interagir com a água ou com o esqueleto polipeptídico. As pontes de H contribuem moderadamente para direcionar o enovelamento. • Interações Hidrofóbicas: São as forças não covalentes mais importantes para a estabilidade da estrutura enovelada. Ocorrem entre aminoácidos de cadeia lateral hidrofóbica, excluindo e afastando as moléculas de água no momento de ligação. • Interações Eletrostáticas (ligações iônicas): Ocorrem entre aminoácidos que possuem carga positiva ou negativa na cadeia lateral. • Forças de van der Waals: É uma força de atração inespecífica que ocorre quando dois átomos quaisquer estão próximos. Apesar dessas forças serem comparativamente fracas em relação as demais, o efeito cumulativo de numerosas interações tem substancial influência para a estabilidade da estrutura enovelada. Esta estrutura terciária é comum a todas as proteínas. Algumas proteínas contêm apenas uma cadeia polipeptídica enquanto outras são compostas por mais de um tipo iguais ou diferentes entre si (proteínas oligoméricas), como é o caso da hemoglobina. É o arranjo espacial entre cadeias peptídicas das proteínas oligoméricas, definida por interações não covalentes entre as cadeias peptídicas e outros compostos de origem não proteica que, frequentemente, fazem parte da proteína. A estrutura quaternária, então, diz respeito ao arranjo não covalente formado por várias cadeias polipeptídicas como é o caso da hemoglobina. A configuração espacial final das proteínas – estrutura terciária ou quaternária – é constante e determinante das funções biológicas por elas exercidas. • Proteínas globulares: são esferas compactas e irregulares resultantes do enovelamento da cadeia polipeptídica. São bastante solúveis em água e possuem funções diversificadas. A mioglobina e a hemoglobina são exemplos. • Proteínas fibrosas: são proteínas de formato cilíndrico, apresentam baixa solubilidade em água e possuem funções estruturais (ex: colágeno e queratina). O colágeno é pouco solúvel em água, apresenta uma tripla hélice estabilizada por pontes de hidrogênio. Com uma sequência repetida de glicina, prolina e hidroxiprolina. Possuindo também ligações cruzadas covalentes de alisinas que aumentam a sua resistência tensional. A formação de hidroxiprolina e hidroxilisina requer vitamina C. ➢ A perda da estrutura tridimensional de uma proteína causa a perda da função dela, isso se chamada desnaturação proteica. Esse estado não necessariamente corresponde a um desenovelamento completo da proteína. A maioria das proteínas pode ser desnaturada por conta do calor, que afeta as interações fracas em uma proteína – principalmente as ligações de hidrogênio – de forma complexa. Se a temperatura aumenta de forma lenta, uma conformação proteica geralmente parece intacta até que de repente há uma perda na estrutura, e função, em uma faixa estreita de temperaturas. Essa alteração repentina sugere que o desenovelamento é um processo cooperativo, ou seja, a perda de estrutura em uma parte da proteína desestabiliza outras partes. As proteínas podem ser desnaturadas não apenas pelo calor, mas também por agentes desnaturantes como extremos de pH, solventes orgânicos – como álcool e acetona – substâncias caotrópicas – como ureia, cloreto de guanidina, perclorato de sódio etc – ou detergentes. Cada um desses agentes representa um tratamento relativamente moderado no sentido de que nenhuma ligação covalente na cadeia polipeptídica é rompida. • Detergentes: A porção hidrofóbica do detergente interage com as cadeias laterais hidrofóbicas da proteína, enquanto a parte polar da molécula estabelece forte interação com o solvente e os grupos polares da proteína. Estas duas forças tendem a abrir e desordenar a estrutura da proteína. • Extremos de pH: alteram a carga das cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos da proteína, provocando rompimento de algumas ligações de hidrogênio. • Substâncias caotrópicas: Em altas concentrações, pode haver uma desestabilização das pontes de hidrogênio com consequente mudança na conformação nativa da proteína. • Solventes orgânicos: Sua ação vai depender do grau de polaridade do solvente e, portanto, da sua capacidade de interagir com certos grupos laterais da proteína. O efeito desnaturante desses solventes pode diminuir se utilizados em baixas temperaturas, o que favorece a insolubilidade da proteína. Os estados desnaturados obtidos por esses diversos tratamentos não são necessariamente equivalentes. ➢ Para que haja a renaturação da proteína é fundamental que a sua estrutura primária não tenha sido alterada, portanto quando o agente desnaturador for removido, a proteína dobra-se novamente em sua estrutura original, ocorrendo a renaturação dela. Então, a esse fator, diz-se que a desnaturação é reversível. Muitas vezes a desnaturação é irreversível, por exemplo quando a proteína ocorre por elevações extremas de temperatura ou de alterações muito intensas de pH. Um exemplo de desnaturação irreversível é a desnaturação da proteína predominante do ovo, a albumina, quando ele é frito ou cozido. Isso ocorre porque o ovo está exposto à uma temperatura extremamente alta, o que faz com que a estrutura seja destruída ou alterada. Então, quando aquecido ocorre a aglutinação e a precipitação da albumina, por isso ela se torna branca. O mesmo acontece quando o leite é fervido, o calor desnatura a proteína do leite, que se junta com a gordura e forma uma película, a nata. ➢ Para entender como acontece a anemia falciforme, primeiro temosque entender sobre a hemoglobina. A hemoglobina é uma proteína que possui como principal função transportar o oxigênio dos pulmões para todos os tecidos do corpo. Ao mesmo tempo, também transporta parte do dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões. É a hemoglobina que dá a cor vermelha às hemácias – células vermelhas do sangue, formadas pelas hemoglobinas e globulinas. A hemoglobina é uma proteína de estrutura quaternária. Ela é composta por quatro cadeias de globina (parte proteica) e um grupo heme (grupo prostético) ligado a cada uma delas. Em adultos, as cadeias de globina são de dois tipos: duas do tipo α e duas do tipo . O grupo heme contém um átomo de ferro central em seu interior, mantido no estado ferroso. O ferro é o responsável pela captação do oxigênio, uma vez que o mineral se liga ao oxigênio com facilidade. A hemoglobina anormal mais conhecida é a HbS – sickle (em português significa foice, devido ao seu formato), ela é a responsável pela anemia falciforme. A anemia falciforme é uma doença hereditária que causa deformação nos glóbulos vermelhos, deixando-os em forma de foices. Com isso, as membranas dessas células são alteradas e podem se romper com facilidade. Além disso, a forma diferenciada das células também dificulta a passagem do sangue pelos vasos mais finos, dificultando a oxigenação dos tecidos. Resumo Proteínas: são macromoléculas contendo um número elevado de aminoácidos (aa) Aminoácidos: existem 20 aa diferentes tendo uma parte central comum e cadeias laterais (R) diferentes que lhes conferem especificidade. Estruturas proteicas: numa proteína os aa estão ligados linearmente (estrutura primária) e por estabelecimento de ligações extras mais fracas entre as cadeias laterais, nomeadamente através de ligações iônicas, ligações de hidrogênio e interações de van der Waals originam estruturas secundárias e terciárias. As propriedades e funções das proteínas são determinadas pelo número e tipo de aa e pela sua estrutura tridimensional. Proteínas fibrosas: estruturas com forma de “zig- zag” ou forma de hélice. Proteínas globulares: formas quase esféricas resultantes de um enovelamento Desnaturação: estas estruturas são mantidas por interações fracas, por isso são facilmente quebradas quando expostas a agentes desnaturantes como calor, pH, detergentes ou solventes orgânicos.
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