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HISTÓRIA DO PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO

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HISTÓRIA DO PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO
AULA 1
INTRODUÇÃO
Quando falamos em Estado, nossa mente projeta primeiramente o conceito de local onde vivemos, porção territorial que está inserida dentro de algum país e que, no caso do Brasil, temos a presença de 27 estados, cada qual com uma representação política dentro de nossa instituição maior, o país. Mas, o Estado que trataremos em nossa aula nos remete a uma instituição que se formou ao longo da história e que se consolida por estar presente na vida de todos nós através de suas leis, seu poder e sua gestão.
Para que nosso conhecimento se torne mais amplo, analisaremos diferentes tipos de Estado e sua formação ao longo da história, o que nos possibilitará acompanhar um pouco da herança que cada um deixou e pensarmos como o nosso Estado brasileiro se formou. Vamos lá!
Para que nosso conhecimento se torne mais amplo, analisaremos diferentes tipos de Estado e sua formação ao longo da história, o que nos possibilitará acompanhar um pouco da herança que cada um deixou e pensarmos como o nosso Estado brasileiro se formou. Vamos lá!
“Temos diferentes versões para o surgimento do Estado.”
Alguns dizem que ele sempre existiu, pois o homem sempre esteve integrado em algum tipo de organização 
social com poder 
e autoridade para 
comandar o grupo.
Outros afirmam que ele surgiu a partir do momento em que passamos a ter delimitações de fronteiras para determinar o espaço territorial.
São diferentes visões que se complementam e colaboram para pensarmos o desenvolvimento do Estado.
A seguir, veremos mais algumas definições que nos ajudarão a perceber como o Estado é pensado, lembrando que estamos tratando em nossa aula do Estado governo.  
Streck & Morais identificam algumas formas de Estado que enumeramos.
ESTADO ROMANO
ESTADO ANTIGO
ESTADO GREGO
Veremos mais a seguir.
O Estado Antigo como sendo uma forma estatal definida entre as antigas civilizações do Oriente ou do Mediterrâneo, onde a família, a religião, o estado e a organização econômica formavam um conjunto confuso, sem diferenciação aparente.
Tinha as seguintes 
características:
• Não eram Estados nacionais, ou seja, o povo não estava ligado por tradições, lembranças, costumes, língua e cultura, mas produtos de guerras e conquistas; 
• Modelo social baseado na separação rígida das classes e no sistema de castas; 
• Governos marcados pela autocracia (palavra derivada do grego auto e kratos - como uma forma de governo onde um único homem detém o poder) ou por monarquias despóticas e o caráter autoritário e teocrático do poder político; 
• Sistema econômico (produção rural e mercantil) baseada 
na escravidão; 
• Profunda influência religiosa.
• Não eram Estados nacionais, ou seja, o povo não estava ligado por tradições, lembranças, costumes, língua e cultura, mas produtos de guerras e conquistas; 
• Modelo social baseado na separação rígida das classes e no sistema de castas; 
• Governos marcados pela autocracia (palavra derivada do grego auto e kratos - como uma forma de governo onde um único homem detém o poder) ou por monarquias despóticas e o caráter autoritário e teocrático do poder político; 
• Sistema econômico (produção rural e mercantil) baseada 
na escravidão; 
• Profunda influência religiosa.
O Estado Romano, que se apresentava assentado em: 
• Base familiar de organização; 
• A noção de povo era restrita, compreendendo faixa estreita da população; c) magistrados como governantes superiores.
Os diferentes tipos de Estados que apresentamos, extraídos da obra de Streck & Morais, nos permitem ter uma visão bem ampla das diferentes característica que essa instituição teve ao longo de sua história, marcando claramente as diferenças entre cada um dos modelos e como o Estado que temos hoje se diferencia dos anteriores. 
 
O Estado evoluiu muito ao longo de sua história, deixando para trás alguns resquícios que hoje não se encontram mais presentes em sua formação, dentre os quais podemos citar a forte influência religiosa que caracterizou o Estado Medieval e evoluiu para consolidar o poder da Igreja Católica dentro desse período.
Com o advento das monarquias absolutistas, o Estado Medieval, fortemente influenciado pela religião, deixa de existir e dá lugar ao Estado Centralizado, que tem em Nicolau Maquiavel um de seus mais árduos defensores.
Maquiavel foi um dos primeiros teóricos a utilizar essa denominação em sua obra clássica O Príncipe. Ele afirmava a necessidade de um Estado forte, com uma liderança que unificasse os diferentes reinos e repúblicas italianas que guerreavam entre si, o que lhes permitiria adquirir estabilidade tanto no âmbito político quanto no econômico.
Definição de Estado-nação
O Estado-nação é caracterizado por ser uma determinada região com delimitações próprias, fronteiras que as separam de outras regiões; uma população que tenha identificações comuns dentro daquela localidade; um governante com poder supremo reconhecido dentro do território; uma moeda própria e um exército preparado para agir em qualquer circunstância pelo seu Estado.
Dentro dessa comunidade, o indivíduo passa a ter uma referência própria e surge, com isso, o sentimento de pertencer àquela localidade, o que será de fundamental importância para o desenvolvimento do nacionalismo, que veremos mais detalhadamente adiante. 
Preparamos esse arquivo com o texto sobre o Estado-nação na íntegra! Nele, você terá detalhes históricos e filosóficos da relação do Estado com o indivíduo.
 1 
 E agora vamos conhecer um pouco mais sobre o Estado-nação 
O Estado-nação é caracterizado por ser uma determinada região com delimitações próprias, fronteiras que as separam de outras regiões; uma população que tenha identificações comuns dentro daquela localidade; um governante com poder supremo reconhecido dentro do território; uma moeda própria e um exército preparado para agir em qualquer circunstância pelo seu Estado. 
Dentro dessa comunidade, o indivíduo passa a ter uma referência própria e surge, com isso, o sentimento de pertencer àquela localidade, o que será de fundamental importância para o desenvolvimento do nacionalismo, que veremos mais detalhadamente adiante. 
Para alguns teóricos, ele surge a partir de 1648 com a assinatura do Tratado de Vestfália, também conhecido como a Paz de Vestfália. Esse tratado estabeleceu alguns princípios internacionais tais como o reconhecimento da soberania nacional, o Estado é a autoridade máxima em termos de direito, tanto nacional quanto internacional e a definição de que todos os Estados são iguais em direito, fortalecendo a soberania e estabelecendo um novo ordenamento jurídico entre os reinos europeus. Esse tratado encerrou a Guerra dos Trinta Anos entre Suécia e França. 
Vamos analisar agora alguns filósofos modernos que trataram da questão do Estado e sua relação com o indivíduo. 
John Locke (1632-1704) – para esse filósofo, os homens vivem no estado natureza, também chamado de estado de selvageria, sem nenhuma limitação de sua liberdade, sendo iguais uns aos outros e totalmente livres. 
Segundo Locke, essa liberdade é um direito natural e para ele os conflitos surgem quando atentados são feitos 2 
contra esse direito de liberdade. Então, os homens se associam e instituem uma instância que tem como objetivo organizar a sociedade constituída com regras comuns, utilizando-se de meios adequados para esse fim. 
Um poder público seria então constituído para salvaguardar o direito natural de todos, a liberdade. Ainda, segundo ele, os homens, no seu estado natureza, teriam plenas condições de se organizarem harmoniosamente, sem a necessidade de uma ordem política. Mas, quando sua organização natural passa a ser ameaçada, há a necessidade da força da lei, com todo o seu aparato. Assim, a existência do Estado está na necessidade de garantir a liberdade do indivíduo e, caso ele falhassenesse princípio, é praticamente um dever dos cidadãos instituir uma insurreição e escolher novos governantes que pudessem garantir a liberdade. 
Uma de suas mais famosas obras é Segundo Tratado sobre o Governo Civil (1690), onde ele debate a fórmula do Estado Moderno. 
Fonte: Wikipedia 
Thomas Hobbes – (1588-1651) – Para ele, assim como Locke, os homens vivem no estado de natureza, exercitando plenamente suas liberdades e sem nenhum tipo de entrave, libertos de qualquer coisa que os prenda, experimentando todo tipo de desejo desde o medo, a inveja, a ausência de moral. É o que Hobbes denomina o homem vivendo a lei do lobo. Esse estado natureza é dual: permite ao homem vivenciar a sua plena liberdade, mas o condena a viver um temor constante. Para diminuir essa instabilidade e almejar a paz, os homens, de comum acordo, despojam-se de suas liberdades e a transferem a uma autoridade maior que irá garantir a tranquilidade e o bem-estar de todos. Essa autoridade é o Estado, pondo fim à luta entre os indivíduos, exercendo seu poder através de leis necessárias ao seu exercício. 3 
Curiosamente, Hobbes não vê problemas no exercício de um poder que encarne a soberania, não devendo ser contestado por quem o elegeu, devendo-se “a minoria submeter-se à maioria”, tendo o poder de decisão em todas as instâncias, decidindo sobre o que é melhor para os indivíduos e para o país, retribuindo e castigando, quando necessário. Sua obra mais famosa chama-se Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil (1651).
Agora, vamos analisar o nacionalismo, seu desenvolvimento e seus desdobramentos tanto de direita quando de esquerda
O conceito de nacionalismo é algo muito amplo e que assume diferentes posições ao longo da história. Ele pode ser analisado a partir de diferentes autores, que fornecerão variadas interpretações. 
Clique nas imagens para ler as opiniões do cientista político Benedict Anderson e do antropólogo (e filósofo) Ernest Gellner.
De acordo com Ernest Gellner (1983), nacionalismo é a ligação entre o Estado e uma cultura nacionalmente definida.
Benedict Anderson (1989) define nação como uma comunidade política imaginada e implicitamente limitada e soberana. Ainda de acordo com o autor, ela é imaginada porque nem os membros das menores nações jamais conhecerão a maioria de seus compatriotas e nem ouvirão falar deles.
A nação é imaginada como limitada porque, apesar de sua extensão, ela possui fronteiras específicas e além delas se encontram outras nações.
Normalmente, vemos os países ao nosso redor como independentes e dotados de autonomia para todas as suas decisões, mas você já parou para pensar quando esses países se formaram?
Sabemos do nosso pelo processo de independência, ocorrido em 1822 através da figura de D. Pedro I e que culminou na formação do Estado Brasileiro, independente e com suas fronteiras estabelecidas. E nossos vizinhos?
Tivemos, no século XIX, a formação dos Estados Nacionais na América Latina, com o processo de independência de praticamente todas as ex-colônias espanholas e a independência da colônia portuguesa, como já falado anteriormente. 
Abaixo, confira uma linha do tempo comparativa entre os países da América Latina e seus anos de início da independência.
Relação do Estado e nacionalismo
Para pensarmos Estado e nacionalismo, vamos juntos analisar a ideia de Estado-nação, entendida aqui a partir da análise de Châtelet (1985). 
 
Para ele, o Estado-Nação é entendido:
“enquanto representação política que implica o fato de que as populações que constituem uma sociedade no mesmo território reconhecem-se como pertencentes essencialmente a um poder soberano que emana delas e que as expressa”. (p.85)
Nacionalismo
O nacionalismo torna-se um elemento muito importante na formação dos Estados e pode assumir diferentes características.
O sentimento de amor à pátria, que identifica nacionalismo e patriotismo, de identificação de interesses comuns dentro do mesmo grupo, identificação com a nação e de luta por ideais que possam trazer benefícios para os membros do grupo são algumas das características presentes no nacionalismo, mas a forma como esse sentimento se apresenta pode assumir diferentes características.
Ele moldou as sociedades contemporâneas e adquiriu diferentes formas ao longo dos últimos séculos, fortalecendo a ideia de que pessoas com as mesmas origens, com o mesmo idioma e as mesmas aspirações políticas deveriam pertencer ao mesmo território, o que é denominado por alguns teóricos como nacionalismo patriótico.
Como exemplos desse tipo de nacionalismo, podemos citar o fascismo italiano e o nazismo alemão. No caso da Alemanha, o nacionalismo foi cada vez mais fortalecido, tornando-se extremamente exacerbado.  Apresentou características de valorização da pátria e ódio ao elemento estrangeiro, direcionado quase que exclusivamente aos judeus, fomentando o desprezo e a falta de importância pela vida do outro. Havia ainda a ideia de escravização de todos os outros povos, incluindo-se os latino-americanos.
É importante destacarmos que esse tipo de nacionalismo pode levar à ocorrência de guerras e conflitos e temos que ter muito cuidado ao lidarmos com isso. Tudo o que debatemos nesta aula auxilia na formação de um pensamento contemporâneo que norteou as sociedades e que dialoga claramente com diferentes áreas do conhecimento.
A superioridade racial ariana era refletida nas artes e a valorização do corpo perfeito também era reflexo da mentalidade da época. Todos os que não tivessem sua saúde perfeita não estavam aptos a fazerem parte da Alemanha e deveriam ser eliminados. A xenofobia era utilizada para reforçar a aversão dos alemães por tudo o que era diferente, levando ao máximo a ideia de “estranhamento”.
Um dos mais importantes processos de independência da região do continente americano e que se constituiu como um marco na história contemporânea foi a independência das 13 colônias inglesas da América do Norte, que se transformaram no que conhecemos como os Estados Unidos da América.
Em 04 de julho de 1776, publicaram a sua declaração de independência, onde ressaltavam valores que consideravam fundamentais para a constituição da nova nação que surgia e que serviram de inspiração para outros processos de independência que ocorreram na região.
Seu desejo por independência decorreu principalmente do intenso aumento na cobrança de impostos efetuada por sua metrópole, a Inglaterra, o que gerou nos colonos um fortíssimo desejo de buscar a sua autonomia. Não podemos deixar de mencionar que esse processo teve forte influência do Iluminismo e de conceitos aplicados dentro da própria metrópole.
A concepção dos direitos naturais dos indivíduos de levantarem-se contra um governo que não agisse no intuito de preservar seus cidadãos, o que garantia o direito legal de insurgência, foi aplicado pelas colônias, gerando uma espécie de nacionalismo institucional.
 
Foi a primeira experiência democrática na América e teve uma dimensão intensa na história por ter sido o processo de independência de colônias, que se levantaram contra a sua metrópole e, posteriormente, se consolidaram como um grande país.
 1 
 Declaração de Independência dos Estados Unidos 
Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação. 
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, 
derivando seus justos poderes do consentimento dosgovernados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo 
o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os 
homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos-Guardas para sua futura 
segurança. Tal tem sido o sofrimento paciente destas colônias e tal agora a necessidade que as força a alterar os sistemas anteriores de governo. A história 
do atual Rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidos danos e usurpações, tendo todos por objetivo direto o estabelecimento da tirania absoluta sobre 2 
estes Estados. Para prová-lo, permitam-nos submeter os fatos a um cândido mundo: 
Recusou assentimento a leis das mais salutares e necessárias ao bem público. 
Proibiu aos governadores a promulgação de leis de importância imediata e urgente, a menos que a aplicação fosse suspensa até que se obtivesse o seu assentimento, e, uma vez suspensas, deixou inteiramente de dispensar-lhes atenção. 
Recusou promulgar outras leis para o bem-estar de grande distritos de povo, a menos que abandonassem o direito à representação no Legislativo, direito inestimável para eles temível apenas para os tiranos. 
Convocou os corpos legislativos a lugares não usuais, ser conforto e distantes dos locais em que se encontram os arquivos públicos, com o único fito de 
arrancar-lhes, pela fadiga o assentimento às medidas que lhe conviessem. 
Dissolveu Casas de Representantes repetidamente porque: opunham com máscula firmeza às invasões dos direitos do povo. 
Recusou por muito tempo, depois de tais dissoluções, fazer com que outros fossem eleitos, em virtude do que os poderes legislativos incapazes de aniquilação voltaram ao povo em geral para que os exercesse; ficando nesse ínterim o Estado exposto a todos os perigos de invasão externa ou convulsão interna. 
Procurou impedir o povoamento destes estados, obstruindo para esse fim as leis de naturalização de estrangeiros, recusando promulgar outras que animassem as migrações para cá e complicando as condições para novas apropriações de terras. 
Dificultou a administração da justiça pela recusa de assentimento a leis que estabeleciam poderes judiciários. 3 
Tornou os juízes dependentes apenas da vontade dele para gozo do cargo e valor e pagamento dos respectivos salários. 
Criou uma multidão de novos cargos e para eles enviou enxames de funcionários para perseguir o povo e devorar-nos a substância. 
Manteve entre nós, em tempo de paz, exércitos permanentes sem o consentimento de nossos corpos legislativos. 
Tentou tornar o militar independente do poder civil e a ele superior. 
Combinou com outros sujeitar-nos a jurisdição estranha à nossa Constituição e não reconhecida por nossas leis, dando assentimento a seus atos de 
pretensa legislação: por aquartelar grandes corpos de tropas entre nós; 
por protegê-las por meio de julgamentos simulados, de punição por assassinatos que viessem a cometer contra os habitantes destes estados; por fazer cessar nosso comércio com todas as partes do mundo; pelo lançamento de taxas sem nosso consentimento; por privar-nos, em muitos casos, dos benefícios do julgamento pelo júri; por transportar-nos para além-mar para julgamento por pretensas ofensas; 
por abolir o sistema livre de leis inglesas em província vizinha, aí estabelecendo governo arbitrário e ampliando-lhe os limites, de sorte a torná-lo, de imediato, exemplo e instrumento apropriado para a introdução do mesmo domínio absoluto nestas colônias; por tirar-nos nossas cartas, abolindo nossas leis mais valiosas e alterando fundamentalmente a forma de nosso governo; por suspender nossos corpos legislativos, declarando se investido do poder de legislar para nós em todos e quaisquer casos. 
Abdicou do governo aqui por declarar-nos fora de sua proteção e movendo guerra contra nós. 
Saqueou nossos mares, devastou nossas costas, incendiou nossas cidades e destruiu a vida de nosso povo. 4 
Está, agora mesmo, transportando grandes exércitos de mercenários estrangeiros para completar a obra da morte, desolação e tirania, já iniciada em circunstâncias de crueldade e perfídia raramente igualadas nas idades mais bárbaras e totalmente indignas do chefe de uma nação civilizada. 
Obrigou nossos concidadãos aprisionados em alto-mar a tomarem armas contra a própria pátria, para que se tornassem algozes dos amigos e irmãos ou para que caíssem por suas mãos. 
Provocou insurreições internas entre nós e procurou trazer contra os habitantes das fronteiras os índios selvagens e impiedosos, cuja regra sabida de guerra é a destruição sem distinção de idade, sexo e condições. 
Em cada fase dessas opressões solicitamos reparação nos termos mais humildes; responderam a nossas apenas com repetido agravo. Um príncipe cujo caráter se assinala deste modo por todos os atos capazes de definir tirano não está em condições de governar um povo livre. 
Tampouco deixamos de chamar a atenção de nossos irmãos britânicos. De tempos em tempos, os advertimos sobre as tentativas do Legislativo deles de estender sobre nós jurisdição insustentável. Lembramos a eles das circunstâncias de nossa 
migração e estabelecimento aqui. Apelamos para a justiça natural e para a magnanimidade, e os conjuramos, pelos laços de nosso parentesco comum, a 
repudiarem essas usurpações que interromperiam, inevitavelmente, nossas ligações e nossa correspondência. Permaneceram também surdos à voz da justiça e da consangüinidade. Temos, portanto, de aquiescer na necessidade de denunciar nossa separação e considerá-los, como consideramos o restante dos homens, inimigos na guerra e amigos na paz. 
Nós, portanto, representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela retidão de nossas intenções, em nome e por autoridade do bom povo destas colônias, publicamos e declaramos 5 
solenemente: que estas colônias unidas são e de direito têm de ser Estados livres e independentes, que estão desoneradas de qualquer vassalagem para com a Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve ficar totalmente dissolvido; e que, como Estados livres e independentes, têm inteiro poder para declarar guerra, concluir paz, contratar alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações a que têm direito 
os estados independentes. E em apoio desta declaração, plenos de firme confiança na proteção da Divina Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra. 
- John Hancock 
 1 
 Declaração de Independência dos Estados Unidos 
Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação. 
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, 
derivando seus justos poderes do consentimento dos governados;que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo 
o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os 
homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos-Guardas para sua futura 
segurança. Tal tem sido o sofrimento paciente destas colônias e tal agora a necessidade que as força a alterar os sistemas anteriores de governo. A história 
do atual Rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidos danos e usurpações, tendo todos por objetivo direto o estabelecimento da tirania absoluta sobre 2 
estes Estados. Para prová-lo, permitam-nos submeter os fatos a um cândido mundo: 
Recusou assentimento a leis das mais salutares e necessárias ao bem público. 
Proibiu aos governadores a promulgação de leis de importância imediata e urgente, a menos que a aplicação fosse suspensa até que se obtivesse o seu assentimento, e, uma vez suspensas, deixou inteiramente de dispensar-lhes atenção. 
Recusou promulgar outras leis para o bem-estar de grande distritos de povo, a menos que abandonassem o direito à representação no Legislativo, direito inestimável para eles temível apenas para os tiranos. 
Convocou os corpos legislativos a lugares não usuais, ser conforto e distantes dos locais em que se encontram os arquivos públicos, com o único fito de 
arrancar-lhes, pela fadiga o assentimento às medidas que lhe conviessem. 
Dissolveu Casas de Representantes repetidamente porque: opunham com máscula firmeza às invasões dos direitos do povo. 
Recusou por muito tempo, depois de tais dissoluções, fazer com que outros fossem eleitos, em virtude do que os poderes legislativos incapazes de aniquilação voltaram ao povo em geral para que os exercesse; ficando nesse ínterim o Estado exposto a todos os perigos de invasão externa ou convulsão interna. 
Procurou impedir o povoamento destes estados, obstruindo para esse fim as leis de naturalização de estrangeiros, recusando promulgar outras que animassem as migrações para cá e complicando as condições para novas apropriações de terras. 
Dificultou a administração da justiça pela recusa de assentimento a leis que estabeleciam poderes judiciários. 3 
Tornou os juízes dependentes apenas da vontade dele para gozo do cargo e valor e pagamento dos respectivos salários. 
Criou uma multidão de novos cargos e para eles enviou enxames de funcionários para perseguir o povo e devorar-nos a substância. 
Manteve entre nós, em tempo de paz, exércitos permanentes sem o consentimento de nossos corpos legislativos. 
Tentou tornar o militar independente do poder civil e a ele superior. 
Combinou com outros sujeitar-nos a jurisdição estranha à nossa Constituição e não reconhecida por nossas leis, dando assentimento a seus atos de 
pretensa legislação: por aquartelar grandes corpos de tropas entre nós; 
por protegê-las por meio de julgamentos simulados, de punição por assassinatos que viessem a cometer contra os habitantes destes estados; por fazer cessar nosso comércio com todas as partes do mundo; pelo lançamento de taxas sem nosso consentimento; por privar-nos, em muitos casos, dos benefícios do julgamento pelo júri; por transportar-nos para além-mar para julgamento por pretensas ofensas; 
por abolir o sistema livre de leis inglesas em província vizinha, aí estabelecendo governo arbitrário e ampliando-lhe os limites, de sorte a torná-lo, de imediato, exemplo e instrumento apropriado para a introdução do mesmo domínio absoluto nestas colônias; por tirar-nos nossas cartas, abolindo nossas leis mais valiosas e alterando fundamentalmente a forma de nosso governo; por suspender nossos corpos legislativos, declarando se investido do poder de legislar para nós em todos e quaisquer casos. 
Abdicou do governo aqui por declarar-nos fora de sua proteção e movendo guerra contra nós. 
Saqueou nossos mares, devastou nossas costas, incendiou nossas cidades e destruiu a vida de nosso povo. 4 
Está, agora mesmo, transportando grandes exércitos de mercenários estrangeiros para completar a obra da morte, desolação e tirania, já iniciada em circunstâncias de crueldade e perfídia raramente igualadas nas idades mais bárbaras e totalmente indignas do chefe de uma nação civilizada. 
Obrigou nossos concidadãos aprisionados em alto-mar a tomarem armas contra a própria pátria, para que se tornassem algozes dos amigos e irmãos ou para que caíssem por suas mãos. 
Provocou insurreições internas entre nós e procurou trazer contra os habitantes das fronteiras os índios selvagens e impiedosos, cuja regra sabida de guerra é a destruição sem distinção de idade, sexo e condições. 
Em cada fase dessas opressões solicitamos reparação nos termos mais humildes; responderam a nossas apenas com repetido agravo. Um príncipe cujo caráter se assinala deste modo por todos os atos capazes de definir tirano não está em condições de governar um povo livre. 
Tampouco deixamos de chamar a atenção de nossos irmãos britânicos. De tempos em tempos, os advertimos sobre as tentativas do Legislativo deles de estender sobre nós jurisdição insustentável. Lembramos a eles das circunstâncias de nossa 
migração e estabelecimento aqui. Apelamos para a justiça natural e para a magnanimidade, e os conjuramos, pelos laços de nosso parentesco comum, a 
repudiarem essas usurpações que interromperiam, inevitavelmente, nossas ligações e nossa correspondência. Permaneceram também surdos à voz da justiça e da consangüinidade. Temos, portanto, de aquiescer na necessidade de denunciar nossa separação e considerá-los, como consideramos o restante dos homens, inimigos na guerra e amigos na paz. 
Nós, portanto, representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela retidão de nossas intenções, em nome e por autoridade do bom povo destas colônias, publicamos e declaramos 5 
solenemente: que estas colônias unidas são e de direito têm de ser Estados livres e independentes, que estão desoneradas de qualquer vassalagem para com a Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve ficar totalmente dissolvido; e que, como Estados livres e independentes, têm inteiro poder para declarar guerra, concluir paz, contratar alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações a que têm direito 
os estados independentes. E em apoio desta declaração, plenos de firme confiança na proteção da Divina Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra. 
- John Hancock
Outro importante processo de mudança na ótica governamental ocorreu com a Revolução Francesa, 13 anos após o processo ocorrido em terras americanas e que sofreu forte influência dos acontecimentos de 1776. 
A ideia de união dos indivíduos a partir de algo que liga a vontade de uns à dos outros, a ideia de dificuldades e aspirações comuns faz com que se queira constituir um poder nacional que lhes dê representatividade enquanto indivíduos.
Isso é o cerne da formação da nação francesa a partir da revolução, que é a luta pela liberdade e pela igualdade contra a política de privilégios e usurpações que até então existia. Há a substituição do poder emanado do rei pela representação a partir de corpos instituídos e que atuarão no sentido de representar o povo. O poder centrado na figura do reideixa de existir.
Nessa revolução, temos a vontade do povo e suas aspirações passando a ter representatividade, com a unidade sendo forjada em todos os lugares. Há o desenvolvimento de que a ideia de República é mais viável, pois encarnaria as aspirações do povo de uma forma mais concreta.
“Defender o povo e seus ideais é defender e administrar seu território”. (Châtelet: 1985)
A partir da Revolução Francesa, do momento em que a burguesia afirma que o poder deve emanar do povo e da nação, o que contradiz a ideia de direito divino, a concepção de nacionalismo ganha força e se expande pela Europa e pelo mundo.
AULA 2
Introdução
Quando falamos em Governo, pode nos vir à mente que tipo de governo seria o mais eficiente para manter a sociedade organizada e garantir os direitos mais importantes para os indivíduos ? Seria um governo civil ou um governo militar? Deveríamos viver a democracia ou a ditadura ? O que seria mais viável para a nossa sociedade?
Antes de tentarmos responder a qualquer uma dessas perguntas, temos que reconhecer um pouco mais sobre as diferentes formas de governo para que nosso conhecimento se amplie um pouco mais e é isso que faremos na nossa aula de hoje.
Governo
Entendemos governo como uma autoridade política existente dentro de uma sociedade constituída e que, com regras próprias, procura garantir a organização de uma dada sociedade e, resgatando um pouco de nossa aula anterior, consolidar a ideia de Estado-nação, dando-lhe um aspecto mais seguro e organizado.
Nesse sentido, a existência do governo se faz praticamente obrigatória e resta à sociedade decidir qual forma é mais viável para o exercício desse governo. Stuart Mill, em seu livro Considerações sobre o governo representativo (1861) procura tecer algumas reflexões acerca da formação dos governos, considerando que o governo representativo é a melhor forma de constituição, pois nele o povo ou uma parte dele exerce participação através dos seus representantes políticos.
Totalitarismo, despotismo, tirania e ditadura são regimes de pessoas ou grupos que podem até usar de força bruta para impor seus mandamentos, regras ou leis, pré-existentes ou não.
DEMAGOGIA
O sentido de demagogia mudou a partir de Aristóteles, que a vê como uma prática “corrupta ou degenerada da Politeia”, com a formação de governos despóticos ou que governam em nome do povo.  
Formas de
Governo
DEMOCRACIA
A Democracia (demos + kratos) surge na Antiguidade, especificamente dentro da teoria clássica ou aristotélica e no Dicionário de Política organizado por Bobbio (1983), é entendida como “a democracia como Governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania, distingue-se da monarquia, como Governo de um só, e da aristocracia como Governo de poucos”. Sua principal característica é a participação do povo de forma intensa nas decisões, participação essa que pode ocorrer de forma direita ou indireta.
Um dos teóricos que mais buscou compreender a democracia no mundo moderno foi Alexis de Tocqueville. Em sua clássica obra, Democracia na América (1835), o autor analisou o processo que viu se desenvolver nas antigas colônias inglesas da América do Norte. O modelo que visualizou correspondia ao que ele identificava como o que mais se aproximava de uma sociedade onde o exercício da liberdade era plenamente efetuado e era ainda elemento gerador de mudanças. Para o autor ainda, o povo deveria participar plena e ativamente desse exercício de liberdade através de suas ações políticas e participações nos negócios públicos.
A liberdade ainda deveria ser um fator constante e o cerne do exercício da democracia e teria que ser preservada, utilizando-se todos os esforços possíveis e uma constante vigilância para a manutenção dessa conquista. 
Tocqueville, em Democracia na América, afirma que: 
“(...) Não voltemos nossos olhos para a América para copiar servilmente as instituições que ela se concedeu, mas para melhor compreender aquelas que nos convém, menos para aproveitar os exemplos do que os ensinamentos e antes para nos servir dos princípios do que dos detalhes de suas leis.
“(...) As leis da república francesa podem e devem, em muitos casos, ser diferentes daquelas que regem os Estados Unidos, mas os princípios sobre os quais as constituições americanas se baseiam, estes princípios de ordem, de equilíbrio dos poderes, de liberdade real, de respeito sincero e profundo ao direito, são indispensáveis a todas as repúblicas, devem ser comuns a todas e pode-se dizer de antemão que, onde eles não existirem mais, a república logo deixará de existir. ”
Ao analisarmos os governos ao nosso redor, vemos que a maioria deles assenta suas bases no modelo democrático inaugurado com a Constituição dos Estados Unidos da América, definindo a divisão de poderes, para evitar que um acabe dominando o outro e, assim, garantindo a plena liberdade de atuação e tendo o princípio da liberdade como máxima que não deve ser, de forma alguma, desconsiderada. O Continente Americano, ao buscar o seu processo de independência, adotou a democracia representativa como forma de governo e, apesar de diversos problemas de ordem política que a região apresentou, conseguimos perceber que o exercício desse poder de liberdade política conseguiu construir países sólidos, ainda que durante a segunda metade do século XX, uma grande parte da região tenha sido alvo de ditaduras militares.
DETURPAÇÃO DA DEMOCRACIA Demagogia
A demagogia pode ser caracterizada como a deturpação da democracia e é um termo de origem grega que, basicamente, significa “a arte de conduzir o povo”. Na Grécia Antiga, aquele que era um bom orador e sabia conduzir o povo adequadamente fazia jus ao título. Não é propriamente uma forma de governo e seu sentido está justamente em ser um tipo de política que busca sua base de apoio nas massas e em seus principais anseios. Sua prática está associada a trabalhar esses anseios e alguns a associam ao populismo.
O fortalecimento da demagogia ocorreu de forma intensa a partir do advento da sociedade industrial, quando líderes passaram a surgir no seio de uma sociedade com muito mais demandas e aspirações. Esses líderes enfocavam cada vez mais as necessidades de uma população que buscava representação diante de uma gama de aspirações, principalmente no que diz respeito aos seus direitos. 
Muitos políticos são considerados demagogos quando manipulam a massa de acordo com seus próprios interesses, sujeitando-as e obtendo admiração e respeito, o que lhe garante a continuidade de sua participação dentro do jogo político, seja dentro de um modelo democrático, autoritário ou ditatorial.
ARISTOCRACIA
É entendida como o governo dos melhores, ou seja, onde a liderança é creditada a um grupo de pessoas que estariam plenamente aptas a conduzir uma dada sociedade. Seriam os melhores cidadãos, com formação moral e intelectual, mas com o único objetivo de atender aos interesses do povo. Esses “melhores homens” seriam escolhidos em consenso com os cidadãos de forma a garantir o interesse da coletividade. Na concepção aristotélica, esses melhores homens não seriam escolhidos por suas origens de nascimento ou mesmo de riqueza, o que permitiria que qualquer pessoa pudesse ser alçada à condição de liderança.
Com o passar do tempo e, principalmente na Idade Média, aristocracia passou a ser associada à nobreza e ao clero, que passaram a compor uma classe de privilegiados por nascimento ou por ordem religiosa, o que acabou por suplantar de vez a ideia aristotélica de liderança a partir de qualidades e por merecimento.
Deturpação da Oligarquia
Está muito associada a abuso de poder e a opressão. É uma forma de manter o poder com o uso da força e pode ser considerada como o desvirtuamento da monarquia. Seu termo designava um governo marcado, muitas vezes, pelo uso da força sem limites. No Dicionário de Política (1983) ela aparece associada à ditaduramoderna, sendo o tirano apontado como o chefe de uma facção política que buscava impor seu poder com o uso de sua força, exercendo um comando “arbitrário e ilimitado”.
Por ter essa associação com pessoas abastadas, a oligarquia acabou por caracterizar o poder exercido pelos mais abastados em uma dada localidade, ainda que não fosse um país. Como exemplo, podemos citar a formação das oligarquias no Brasil no período conhecido como República Velha (1889-1930). Os estados de São Paulo e Minas Gerais possuíam as oligarquias mais fortes da época, que juntas formaram a conhecia política do café com leite. Esse modelo político era tão forte que, inclusive, estava presente na presidência da república brasileira, tal o alcance de sua atuação.
DITADURA Inverso da democracia
Acerca da ditadura, é interessante falarmos que ela esteve presente ao longo da história de diferentes formas. Na antiguidade, especificamente em Roma, era utilizada para situações de emergência e dentro de limites constitucionalmente definidos, perdendo, ao longo do tempo, sua função de existir somente em situações de crise e passando a se tornar mais constante e com motivações diferentes daquela para as quais ela havia sido pensada.
Na modernidade, ela ganha uma nova roupagem, onde o líder exerce seu poder de forma absoluta e se mantém no exercício desse poder por um longo tempo, mesmo inicialmente se autoproclamando temporária. É considerado um regime não democrático, pois não pressupõe a participação popular e as decisões são centradas na figura do líder. Também não há o respeito à divisão de poderes e as decisões são tomadas unilateralmente ou pelo grupo que esteja no poder. 
Em diversos casos, ditaduras são constituídas a partir de golpes de estado e contam com o apoio e a estrutura das forças militares, pois esse grupo, por deter o poder legal da força, exerce uma influência muito grande na garantia do exercício do poder dos ditadores em alguns locais.
Na era contemporânea, diversas ditaduras foram instauradas, algumas com cunho político, outras de cunho ideológico. Cada um desses modelos aborda um ponto de vista que considera essencial para a sua manutenção no poder e o explora ao máximo. Como exemplo de ditadura política podemos citar as que ocorreram na América Latina na segunda metade do século XX. Na teoria, eram fomentadas pelo temor ao crescimento do comunismo. Na prática, buscavam estabelecer uma rede de militares no poder que garantissem interesses diversos. Muitas dessas ditaduras permaneceram longos anos no poder e começaram a se encerrar a partir do enfraquecimento da Guerra Fria, na década de 1980. Como exemplo de ditadura ideológica, podemos citar a massificação dos indivíduos dentro de um mundo globalizado que procura impor suas opiniões e modelos, estabelecendo, ainda que indiretamente, a sua hegemonia.
Monarquia
Uma das mais antigas formas de governo, onde é exercido por uma liderança que o detém em suas mãos e que permanece no poder de forma hereditária. Monarquia, no Dicionário de Política (1983) organizado por Norberto Bobbio, é definida comumente como “aquele sistema de dirigir a res publica que se centraliza estavelmente em uma só pessoa investida de poderes especialíssimos, exatamente monárquicos que a colocam claramente, acima de todo o conjunto dos governados”. No entanto, como ela apresenta diferentes vertentes, é entendida como “um regime substancial, mas não exclusivamente monopessoal, baseado no consenso, geralmente fundado em bases hereditárias e dotado daquelas atribuições que a tradição define com o termo de soberania”.
As monarquias absolutas, centradas exclusivamente na figura do rei, começaram a entrar em crise a partir da Revolução Francesa (1789), inaugurando uma nova fase na história do pensamento contemporâneo. Essa revolução fez com que o Antigo Regime, esse poder voltado exclusivamente para o rei e que reside em sua figura, entrasse em crise. A soberania passou a ser exercida através do povo e da manifestação de sua vontade. 
Atualmente, ainda temos formas de governo monárquicas, mas não absolutas como antes do processo da França. Hoje, muitas são monarquias constitucionais e como exemplo atual disso vemos a Inglaterra, também denominada como monarquia representativa. Essa limitação do poder do rei ocorreu exatamente para que o poder absoluto não fosse exercido de forma a não atender aos interesses do povo, da nobreza e da burguesia 
Deturpação da Tirania
Está muito associada a abuso de poder e a opressão. É uma forma de manter o poder com o uso da força e pode ser considerada como o desvirtuamento da monarquia. Seu termo designava um governo marcado, muitas vezes, pelo uso da força sem limites. No Dicionário de Política (1983) ela aparece associada à ditadura moderna, sendo o tirano apontado como o chefe de uma facção política que buscava impor seu poder com o uso de sua força, exercendo um comando “arbitrário e ilimitado”.
Os principais sistemas de governo
Principais características do presidencialismo
• O sistema só pode ser usado em repúblicas
• O chefe de estado(presidente) é o chefe de governo e portanto tem plena responsabilidade política e amplas atribuições.
• O chefe de governo é o presidente eleito pelo povo, direta ou indiretamente. Fica no cargo por tempo determinado, previsto na Constituição.
• O poder executivo é exercido pelo presidente da República auxiliado pelos ministros de estado que são livremente escolhidos pelo presidente. A responsabilidade dos ministros é relativa à confiança do presidente.
• Adotado no Brasil, nos EUA, México, entre outros.
O sistema parlamentarista e o sistema presidencialista só se aplicam em regimes democráticos, sejam monarquias ou repúblicas. Não são aplicados em ditaduras. Em caráter excepcional podemos encontrar modelos alternativos como os diretórios encontrados na Suíça.
Principais características do parlamentarismo
• O sistema pode ser usado em monarquias ou repúblicas.
• O chefe de Estado (rei ou presidente) não é o chefe de governo e portanto não tem responsabilidade política. Suas funções são restritas.
• O chefe de governo é o premier ou primeiro ministro, indicado pelo chefe de Estado e escolhido pelos representantes do povo. Fica no cargo enquanto tiver a confiança do Parlamento.
• O poder Executivo é exercido pelo Gabinete dos Ministros. Os Ministros de Estado são indicados pelo premier e são aprovados pelo parlamento. Sua responsabilidade é solidária; se um sair todos saem em tese
• È o caso de Inglaterra, França, Alemanha.
Positivismo
Quando pensamos acerca do positivismo, a primeira ideia que nos vem à mente é a  associação da palavra com algo positivo, o que pode levar você a refletir sobre se o período positivista teria sido um momento em que a mente do homem, ligada ao aspecto positivo, ganhou fortalecimento.
"Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto" Auguste Comte
Vamos começar a nossa análise conhecendo o conceito de positivismo. 
O positivismo pode ser entendido como uma busca pelo conhecimento científico. Ele foi uma teoria sociológica inaugurada por August Comte (1798-1857), que buscava nas ações dos indivíduos explicações para vários fatores sociais, contrariando, principalmente, a metafísica e a Teologia. O positivismo buscava demonstrar que explicações para diversos acontecimentos não apareciam somente nas ciências ditas racionais, a Matemática e a ciência, como até aquele momento pregava o racionalismo.
Vamos começar a nossa análise conhecendo o conceito de positivismo. 
O positivismo pode ser entendido como uma busca pelo conhecimento científico. Ele foi uma teoria sociológica inaugurada por August Comte (1798-1857), que buscava nas ações dos indivíduos explicações para vários fatores sociais, contrariando, principalmente, a metafísica e a Teologia. O positivismo buscava demonstrar que explicações para diversos acontecimentos não apareciam somente nas ciências ditas racionais, a Matemática e a ciência,como até aquele momento pregava o racionalismo.
Herdeiro do humanismo e do renascimento, via com otimismo as realizações humanas e entendia que a razão era o princípio norteador do homem, que assim passava a adquirir plena consciência de seus atos.
Defendia a valorização da experimentação e buscava explicações para  além do universo religioso, que havia permeado épocas anteriores, atrelando o conhecimento a uma busca por luz dentro de um universo considerado de trevas, pois havia essa visão consolidada em relação à Idade Média, seria a Idade das Trevas e o iluminismo traria luz para esse mundo que habitava a escuridão.
Legado positivista
De acordo com Barros (2011:91), o positivismo acrescentou ao ideal iluminista de Progresso, o conceito de Ordem, com o objetivo de conciliar as classes, uma maneira de encobrir a expressão marxista de dominação de classe. Comte, seu maior representante, era considerado um positivista conservador, equiparando os métodos das ciências naturais às sociais e afirmando a necessidade de uma rigorosa neutralidade das ciências sociais.
Ainda de acordo com Barros, o discurso de ordem e progresso do positivismo constituiu zelosamente uma das estratégias mais favoráveis ao desenvolvimento da burguesia ascendente. Pregava-se a conciliação das classes, mas, na verdade, o que buscava era a submissão dos trabalhadores aos industriais, que seriam os responsáveis por garantir o progresso positivista. A educação das massas seria orientada pela educação positivista, preparando os proletários para respeitarem e reforçarem as leis naturais que determinavam a concentração do poder e da riqueza nas mãos dos industriais.      
Karl Heinrich Marx (1818-1883) nasceu em Treves, capital da província alemã do Reno. Como filósofo político, economista e teórico social de origem judaica exerceu grande  influência no pensamento socialista e nos movimentos políticos revolucionários dos séculos  XIX e XX. Durante sua conturbada vida escreveu diversas obras, sendo que, “O Capital”  (1867) é  considerada a mais importante.
No século XIX, o ideal positivista auxiliou a consolidar a visão de que a sociedade era um corpo que precisava ter seus órgãos em correto funcionamento, com espaço delimitado para o cérebro (que seriam os industriais) e os braços e pernas (que representariam a classe trabalhadora), fortalecendo a ideia de uma correta junção das classes, onde cada um teria um papel específico a ser cumprido, não devendo dele se distanciar. Assim, o ideal da revolução perde todo o seu sentido e espaço, calando as vozes que pudessem vir a se opor a essa mentalidade.
Legado positivista
interessante falarmos que o ideal positivista esteve fortemente presente no ideário da proclamação da república brasileira, ocorrida no ano de 1889, conforme podemos observar na constituição da bandeira brasileira de cunho republicano, que apresenta o lema Ordem e Progresso. Essa frase era uma velada alusão ao fato de que sem a ordem, o país não conseguiria se desenvolver - mentalidade muito presente no conjunto das Forças Armadas brasileiras - responsáveis diretas pelo fim da monarquia no Brasil.
O positivismo afirmava ainda que cada ramo do saber deveria passar por três estágios diferentes, seriam eles:
Estagio teológico 
Existente na juventude do ser humano, onde o mundo é visto a partir de crenças religiosas, que geram a interpretação do que está ao nosso redor. O espírito humano explica fenômenos por meio da vontade de agentes sobrenaturais.
Estagio metafísico
Também chamado de estado abstrato – está presente na idade adulta e se caracteriza por ser um meio termo entre o homem e a sua relação com a religião e com a razão. Os deuses são substituídos por princípios abstratos relacionados à natureza e a noção de causa passa a ser analisada a partir da noção de lei. É um contraponto à explicação teológica para os fenômenos.
Estagio positivo
Alcançado na idade adulta, é o estágio no qual o homem começa a buscar explicações para os porquês das coisas, substituindo a noção de causa pela de lei, principalmente o das leis positivas da natureza, permitindo prever um determinado futuro. Nesse estado, o espírito humano encontra a ciência.
O positivismo sob a ótica das pesquisas históricas
No que diz respeito à construção da pesquisa histórica, os positivistas defendiam que os acontecimentos históricos deveriam ser analisados à luz de uma intensa objetividade, com a utilização da razão, e a escrita da história deveria ser feita com o uso de fontes relacionadas a documentos escritos e legitimados pelo Estado. 
Essa seria uma forma de escrever a história oficial, sem os questionamentos que temos hoje, onde era garantida a reprodução de uma escrita da história com objetivos extremamente específicos. Os pensadores positivistas propunham uma construção da escrita assentada na neutralidade do historiador, na separação do que é pertinente ao sujeito e do que é para o objeto, ou seja, entre o pesquisador e o objeto do seu trabalho.
Como exemplo de um importante teórico do positivismo, citamos David Hume (1711-1776). Ele defendia a experiência e a observação como elementos importantes para a construção da ciência do homem. Pretendeu implantar nas ciências humanas as propostas das ciências exatas, consolidadas a partir da observação e experimentação. Não pensava na natureza da alma e só se amparava na experiência.
O positivismo sob a ótica do evolucionismo
Agora, tratando um pouco sobre o evolucionismo, ele pode ser entendido como um ramo que aborda a evolução orgânica das espécies e é um tema que sempre intrigou estudiosos de diferentes épocas. As perguntas “de onde viemos ? o que somos ?” são algo que sempre intrigou a mente humana mas, antes do século XIX e das concepções de Charles Darwin, essa questão não havia ganho o espaço que conseguiu dentro das discussões nas sociedades.
A partir do momento que o homem passa a questionar a si com o advento do pensamento racional expresso no Iluminismo, novos questionamentos passam a fazer parte do universo dos homens e a célebre pergunta acerca de nossas origens começa a ganhar mais corpo. Até o século XVIII havia um reinar da Teoria Criacionista, mas isso começou a ganhar uma nova concepção a partir do XIX.
O primeiro teórico evolucionista foi Jean-Baptiste de Lamarck, ele considerava que um organismo podia ser modelado e determinado pelo meio no qual vivia, se adaptando para garantir a sua sobrevivência. Ele defendia a teoria da evolução, que um organismo mais simples poderia se desenvolver a partir de modificações no seu ambiente e por suas necessidades. Um dos exemplos usados por Lamarck para corroborar sua teoria eram as girafas. Segundo ele, elas iam ficando com seu pescoço alongado peça necessidade de alcançar os galhos mais altos das árvores. Suas reflexões ficaram conhecidas como a Teoria dos Caracteres Adquiridos e após algum tempo elas passaram a não ter mais credibilidade, o que ainda assim não desmerece sua importante contribuição para a Biologia e seus estudos, obtendo inclusive a admiração de Charles Darwin. 
Lamarck foi considerado o primeiro grande evolucionista por suas proposições, mas ainda faltava a aplicação prática das teorias desse grande teórico da evolução.
Outro importante estudioso do evolucionismo foi Charles Darwin (1809-1872). Ele foi um grande naturalista e seus estudos basearam-se na observação das espécies e seu comportamento. Suas análises se iniciam quando é convidado a tornar-se membro de uma expedição científica a bordo do navio Beagle, passando assim 5 anos de sua vida navegando pela costa do Pacífico e América do Sul, o que lhe permitiu coletar espécies das mais variadas possíveis. Para onde ia, ele coletava plantas, animais, rochas e todo tipo de elemento que julgava útil para a sua análise. Sua grande questão era explicar como as espécies apareciam e desapareciam, surgindo em sua mente vários questionamentos.
O positivismo sob a ótica do evolucionismo – DarwinSeu trabalho de coleta acabou por fomentar a sua Teoria da Evolução resultando em um famoso livro Origem das espécies por meio da seleção natural, ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida, que foi intensamente criticado na época por lançar as bases de uma análise diferenciada sobre a origem de todas as espécies, mudando totalmente a forma de pensar a vida na Terra.  
Em seu livro, ele defende a Teoria da Evolução Biológica e afirma que ocorre por seleção natural, onde esse tipo de seleção impediria o aumento da população. Ele defende que alguns indivíduos de uma espécie são mais fortes, correm mais rápido, são considerados melhores e mais aptos, mais inteligentes e sobreviverão e se reproduzirão, enquanto outros, considerados mais fracos e inferiores, perecerão e isso, com o passar do tempo, levará a formação de uma espécie mais forte e superior.
Claro que a teoria de Darwin foi contestada. Ela afirmava algo totalmente diferente daquilo que havia sido o pensamento dominante por séculos e gerou um grande número de questionamentos. Mas, também, legitimou o pensamento de uma sociedade em evolução e que já tinha o positivismo entranhado em si.
A teoria de Darwin era importante para justificar a ascensão de uma burguesia que se via como a legítima condutora da sociedade que então se formava. Assim, as ideias de Darwin passaram a ser aplicadas para as sociedades, dando origem ao surgimento de correntes baseadas na sobrevivência dos mais aptos dentro de uma “selva de pedra”.
Posteriormente, Darwin publica um novo livro onde aborda a origem do homem, intitulado A origem do homem e a seleção sexual.
Nesse livro, Darwin aborda a inserção dos macacos em nossa árvore genealógica, incluindo-os junto aos homens em uma única “família” genealógica, o que favoreceu a sua origem da evolução humana. Para ele, novas espécies não eram criadas e sim, derivadas de ancestrais comuns.
Daí surge a teoria de que o homem tenha evoluído do macaco, o que causou grande impacto na época e que até os dias atuais ainda é o cerne de um grande debate entre a ciência e a religião.
As teorias de Darwin acabaram por fomentar o que foi conhecido como o evolucionismo social, onde o pensamento político-social passou a receber forte influência da Biologia. A sociedade passa a ser comparada a vida orgânica. Assim, as bases para esse tipo de evolucionismo foram lançadas por Herbert Spencer (1830-1903). Para ele, o progresso social é derivado de múltiplos fatores sociais e que o processo de evolução darwiniana se aplicava às sociedades, dando origem ao conhecido darwinismo social, proposta que levaria ao domínio dos socialmente mais fracos.
Spencer afirmava que o universo evolui e que a evolução é progresso e que a ordem era necessária ao progresso. Para ele, a seleção natural se aplicaria dentro das sociedades em prol da supremacia de um grupo. Assim, não seria um indivíduo mais forte a prosperar, mas, um grupo coeso e diferente dos demais que alcançaria a primazia necessária para conduzir os outros.
Aula 4
SOCIALISMO
Socialismo, palavra que acompanhou a história do pensamento contemporâneo e gerou grandes e acalorados debates sobre qual tipo de sistema econômico seria o melhor para as sociedades.
Socialismo, termo que gerou incerteza em capitalistas ante a iminência de seu principal discurso: a divisão da propriedade privada dos meios de produção. Esse embate se estendeu por um longo tempo e colocou as sociedades em constante dúvida sobre qual seria o sistema mais justo, qual seria o melhor ou qual garantiria o maior número de benefícios. Era pensar o todo ou o individual
Em nossa aula, abordaremos um pouco do socialismo utópico, contrapondo com o modelo de socialismo identificado como sendo o mais adequado para a sociedade do século XIX.
Afinal, o que é o socialismo?
Qual a proposta desse modelo econômico e por que alguns afirmam que ele seria um modelo mais justo e igualitário?
Justo e igualitário, mas, aos olhos de quem?
Para compreendermos melhor o socialismo utópico, primeiramente analisaremos o conceito de socialismo.
Ele é entendido como um sistema fundado na organização da sociedade de maneira igualitária e na administração pública como forma de garantir essa igualdade aos membros de uma dada sociedade.
Norberto Bobbio, a partir dos anos 1840, as palavras socialismo e comunismo “passaram, ao menos em parte, a indicar variações diversas do movimento que denunciava as condições dos operários no desenvolvimento da sociedade industrial, se opunha ao liberalismo político e econômico e ao individualismo, apresentava um projeto de uma reconstrução da sociedade em bases comunitárias e promovia formas associativas de vários gêneros para realizar as ideias”. (p.1197)
No Dicionário de Política de Norberto Bobbio (1988), ele é definido historicamente como programa político das classes trabalhadoras que foram se formando durante a Revolução Industrial.
O objetivo de pensar o socialismo era analisar os problemas de forte desigualdade em uma sociedade onde a riqueza começa a evoluir aceleradamente. Pensar como eram díspares as condições de vida e de trabalho em uma sociedade que se mostrava como cada vez mais capaz de produzir riquezas aceleradamente.
Assim, vários teóricos começaram a pensar e a refletir acerca dessa sociedade e de como seria possível fazer transformações nesse ambiente de constantes desigualdades e deram origem ao que ficou conhecido como o socialismo utópico, que analisaremos detalhadamente durante nossa aula.
Socialismo utópico
O socialismo utópico tem esse nome porque muitos de seus pensadores acreditavam ser possível conseguir transformações na sociedade sem ocorrer o confronto entre as classes e disso deriva o termo utópico.
Suas ideias têm inspiração no iluminismo, pois acreditavam no desenvolvimento da razão e do progresso para ao alcance da felicidade e da igualdade dentro das sociedades. A denominação de utópico veio principalmente a partir de escritos de Karl Marx e Friederich Engels, diferenciando esse tipo de socialismo do científico.
Viam no socialismo utópico uma função positiva, especialmente na identificação das contradições da sociedade industrial em formação e na proposta de reordenação da família dentro desse universo de contradições e na limitação da ação estatal, que passaria a ser um simples gestor da produção. Para os críticos, a proposta dos utópicos seria imatura diante de uma sociedade com problemas e contradições cada vez mais acirrados, não enxergando a necessidade de um ordenamento político para esse proletariado.
Óbvio que não se pode negar a importância desse tipo de socialismo até porque ele foi o primeiro a pensar em uma alternativa para as contradições, o que se tornou claro a partir de seus principais pensadores, que analisaremos a seguir.
Socialismo utópico – Conde Saint-Simon
Conde Saint-Simon (1760-1825) – seu nome era Claude-Henry de Rouvroy - um pensador e economista francês considerado um dos precursores do socialismo utópico. Não era favorável às desigualdades sociais que presenciava e sua proposta se baseava no fato de que o Estado deveria gerir os meios de produção, tanto no planejamento quanto na organização, mas essa liderança deveria estar nas mãos dos industriais e dos homens de negócios, estabelecendo as igualdades e contribuindo para uma sociedade mais justa, eliminando alguns elementos do sistema liberal totalmente livre.
Para ele, o individualismo que se acirrava cada vez mais era prejudicial à construção de uma sociedade mais igualitária e a solução seria o progresso econômico, pois isso eliminaria os conflitos de uma sociedade considerada desordenada. A industrialização era vista como benéfica porque traria esse progresso econômico e reduziria os problemas sociais, ou seja, o progresso do mundo acabaria com os conflitos, mas não sob a liderança dos trabalhadores, como afirmou posteriormente Karl Marx. 
Para Simon, os capitalistas deveriam assumir responsabilidades sociaise melhorar as condições de vida de seus trabalhadores.
Barros (2011) afirma que Saint-Simon era considerado um profeta da burguesia e entusiasta da sociedade industrial. Para ele reinava na sociedade a desordem e a anarquia e o pensamento social deveria orientar a indústria e a produção.  Industriais e homens da ciência formariam uma elite capaz de conduzir a sociedade. Os cientistas tomariam o lugar que a religião havia ocupado na sociedade medieval no que diz respeito à conservação social, estabelecendo verdades aceitas por todos os homens e os fabricantes, banqueiros e industriais, seriam os senhores feudais, formando uma nova elite, estabelecendo os objetivos da sociedade, ocupando uma posição de mando diante dos trabalhadores e, assim, mantendo o controle.
Socialismo utópico – Marie Charles Fourier
Outro importante teórico do socialismo utópico foi François Marie Charles Fourier (1772-1837).  Nascido em família rica é considerado um dos pais do cooperativismo, através do qual propunha a formação de comunidades. Era um crítico do capitalismo de sua época, do liberalismo, condenava a industrialização e a exploração de mulheres e crianças, defendendo a igualdade de gênero.
Sua análise das comunidades que propunha denominou-se falanstério, que eram comunidades intencionais com construções comunais e onde cada um exerceria seu ofício de acordo com o seu gosto e sua vontade. Nesse tipo de organização, cada membro ocuparia um espaço específico e isso ajudaria na resolução dos problemas da sociedade.
Para Fourier, a sociedade existente impedia que o homem pudesse desenvolver livremente suas qualidades e, por isso, o trabalho deveria ser associado ao prazer pelo ofício. Foi um forte crítico da moral cristã e burguesa, que para ele impediam o homem de exercitar livremente sua busca pela felicidade e por isso sua doutrina foi denominada por alguns teóricos como sendo uma precursora da Psicanálise e do marxismo.
Socialismo utópico – Robert Owen
Robert Owen (1771-1858) – era um empresário britânico proprietário de uma indústria têxtil que propunha a criação de cooperativas de trabalho como forma de equilibrar a sociedade. Sua proposta de cooperativas incluía ainda moradia e escola para os trabalhadores. Dando continuidade ao seu projeto, Owen fundou cooperativas e inseriu nelas moradias considerando-as adequadas para os trabalhadores,  criando ainda escolas, reduzindo jornadas diárias de trabalho em uma busca por humanização do capitalismo sem destruí-lo, pois esse não era o seu objetivo.
Owen mesmo sendo um burguês buscava melhorias nas condições de vida de seus trabalhadores. Ele tinha consciência da situação crítica que o mundo do trabalho vivia. Sua contribuição com as condições do mundo trabalhista nasceram de sua experiência em uma fábrica de fios de sua propriedade, onde analisou as condições de seus trabalhadores. Foi o primeiro a usar a palavra socialismo para designar sua forma de pensar.
Socialismo utópico – Conclusão
Vimos alguns dos mais importantes teóricos do socialismo utópico e que foram muito importantes para consolidar a ideia do socialismo. 
Um ponto comum a todos foi a exploração do trabalhador e, a seu modo, cada um deles propôs formas de diminuir ou mesmo eliminar essa exploração, que para eles acabava por gerar uma sociedade cada vez mais desigual. 
É interessante pensar que desta forma, todos propunham mudanças, mas não passavam pela eliminação do capital ou mesmo dos industriais e, sim, por uma reorganização desse mundo do trabalho e de todos os que dele faziam parte.
Anarquismo
Ao pensarmos ainda a estruturação da sociedade que se desenvolveu no período da Revolução Industrial, tivemos a formação do anarquismo, uma palavra de origem grega que significa “sem governo”, ou seja, seria um Estado constituído sem uma liderança constituída que tivesse peso de autoridade, defendendo uma organização baseada na cooperação entre todos os indivíduos, que seriam então livres e autônomos, sendo abolidas todas as formas de poder por serem consideradas opressoras.
Então, compreendemos que a recusa do anarquismo, no que diz respeito ao Estado, está na sua associação com o autoritarismo e por ser um órgão repressivo por excelência, privando o indivíduo de sua liberdade e impondo regras e comportamentos limitadores, tendo uma imensa capacidade de intervir na vida dos indivíduos de acordo com essas próprias regras.
Assim, os cidadãos se autogovernariam e conseguiriam garantir a igualdade para todos os membros de uma dada comunidade e todos teriam as mesmas capacidades de decisão, sendo contrários às ordens hierárquicas e limitadoras das ações individuais, onde o homem se afirmaria através de suas ações e permitiria que ele usufruísse de sua liberdade no sentido pleno.
A ideia básica do anarquismo é a concepção de auxílio mútuo e sua doutrina pode ser resumida na palavra “liberdade”, sendo o uso da violência algo extremamente atacado pelos anarquistas.
William Godwin, "o primeiro a formular as concepções políticas e econômicas do anarquismo, mesmo que ele não tenha dado nome às ideias desenvolvidas em seu trabalho"
Anarquismo – Características
Como características do anarquismo, podemos apontar:
o socialismo libertário,
o humanismo,
a ausência de governo limitador,
a realização da liberdade plena,
o internacionalismo,
o antiautoritarismo e
o apoio mútuo.
CRÍTICAS
Alguns críticos do anarquismo tendem a afirmar que ele é uma utopia, pois o homem vive em constante disputa por poder e dinheiro, e para frear esses instintos, a ação do Estado se faz necessária, caso contrário, viveríamos em constante disputa. O homem por si não seria capaz de harmonizar-se com seu semelhante.
APOIO
Entre os principais teóricos do anarquismo, destacam-se:
Pierre-Joseph Proudhon (18909-1865), um dos mais influentes expositores do anarquismo, questionando a ideia de propriedade e a posse da terra e sendo contrário aos ganhos através da exploração do outro.
Mikhail Aleksandrovitch Bakunin (1814-1876), um dos principais teóricos do anarquismo em meados do século XIX.
William Godwin (1756-1835), considerado um dos proponentes modernos do anarquismo. Em suas obras, ataca as instituições políticas e os privilégios da aristocracia.
No Brasil, o anarquismo ganhou força com a vinda de imigrantes europeus a partir da segunda metade do século XIX e início do século XX, desdobrando-se no movimento conhecido como anarcossindicalismo. 
Ocorreu principalmente dentro dos sindicatos que então se formavam e ganhou destaque durante grande parte do período conhecido como República Velha, predominando principalmente no movimento operário de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Teve participação ativa nas greves de 1917 em São Paulo, de 1918 no Rio de Janeiro e de 1919 tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Em 1919, foi instituído o Partido Comunista Anarquista, mas perdeu força com a criação do Partido Comunista do Brasil no ano de 1922.
AULA 5
Introdução
A formação e a consolidação de um pensamento liberal foram fatores de grande destaque na consolidação da sociedade contemporânea, influenciando claramente na formação do pensamento moderno.
A História e o mundo das artes passam a estabelecer um diálogo mais próximo e as transformações do mundo refletiram-se em diferentes campos artísticos tais como a literatura e a pintura. 
O homem passa a buscar cada vez mais inspiração para o estabelecimento de um diálogo entre ele e o mundo exterior e isso aparece bastante no universo artístico.
A Arte passa a ser vista como uma representação histórica, uma voz que se constrói para além do intelectual e do político e que se distancia de interesses gerais para retratar o indivíduo em sua essência.
Dentre os vários movimentos artísticos que se formaram ao longo do período, aqui denominados de contemporâneo, destacaremos alguns muito importantes para a nossa análise. Os que aqui abordaremos representaramuma dualidade do homem que vê a modernidade e busca inserir-se nesse universo.
O primeiro movimento que compõe nossa análise é o romantismo.
Surgimento do Romantismo
O romantismo foi uma escola literária que se desenvolveu na Europa a partir dos últimos 25 anos do século XVIII, espalhando-se posteriormente por outras regiões. Inicialmente, ele refletia tudo aquilo que se opunha ao clássico, com a difusão de uma arte que passou a valorizar mais o folclórico e o nacional, sendo este último elemento uma presença constante em várias obras românticas brasileiras. 
O indivíduo passa a estar no centro das atenções  e a refletir sobre a história a partir da sua visão de mundo e com enfoque para seus sentimentos, o que resulta em uma interpretação um tanto quanto subjetiva da realidade e faz do romantismo uma escola extremamente interessante.
É importante notarmos que o surgimento histórico do romantismo está ligado a dois acontecimentos muito importantes: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, ambas responsáveis pela formação de uma sociedade burguesa.
Romantismo
Temos o advento do liberalismo burguês e seus princípios, com o desaparecimento da censura absolutista e o surgimento de novas ideias 
políticas e literárias. Nesse contexto, há uma evolução no mundo e as 
artes acompanham esse processo. 
A liberdade de expressão se torna algo latente, não há mais a necessidade de prender-se a determinados valores considerados arcaicos e nem aceitar nenhum modelo estabelecido. A possibilidade de expressar-se individualmente e de forma única torna-se então uma realidade. 
Assim, a arte romântica ganha as ruas, passando a fazer parte tanto do cotidiano das pessoas quanto a refletir esse próprio cotidiano em suas obras. 
O público passa a ser anônimo e já não há mais um compromisso com a nobreza, que antes financiava muitos desses trabalhos. A Literatura torna-se popular e ganha um público diversificado, onde o sentimentalismo adquire amplo espaço. 
O romantismo valorizava as emoções e os sentimentos, estabelecendo como ponto de partida a experiência individual de uma relação intuitiva com a realidade.
Os anos 1800, também conhecidos como era oitocentista, foram uma fase onde o nacionalismo esteve fortemente relacionado ao romantismo artístico e literário, principalmente pelo fato de que surgiram, na Europa, Estados-nações, tais como Alemanha e Itália, nos quais o romantismo foi um dos recursos artísticos mobilizados para legitimar culturalmente a existência desses Estados. 
E não podemos nos esquecer ainda de que a Alemanha foi uma das precursoras desse movimento romântico! E viva a liberdade!
Romantismo no Brasil
No Brasil, também tivemos a fase romântica nas artes e na Literatura. 
Vamos analisar as imagens a seguir e refletir acerca de como se inserem nesse momento artístico.
“Primeira missa celebrada no Brasil de Vitor Meireles”
Nesse quadro percebemos claramente a ideia de nacionalismo e a busca de um passado histórico baseando-se nos fatos e representações presentes na imagem. 
Vemos a reprodução por parte do pintor, Vitor Meireles, da primeira missa celebrada no Brasil onde temos todos os elementos formadores da nação brasileira e a reafirmação da fé cristã. Observe que todos estão voltados para a cruz, ponto dominante do quadro. 
Essa imagem é do ano de 1860, um momento histórico de afirmação da nacionalidade brasileira e de consolidação da construção da história do Brasil.
“Independência ou Morte, do pintor Pedro Américo”
O quadro em questão, intitulado Independência ou Morte, também conhecido como O grito do Ipiranga, do pintor Pedro Américo, foi feito em 1888.
A pintura foi encomendada pela Família Real Brasileira para compor o futuro Museu do Ipiranga, ainda em construção e seu objetivo seria ressaltar a monarquia brasileira e suas conquistas. 
Nele, identificamos o ideal de nacionalismo, apesar da obra não retratar fielmente o que ocorreu na época. Havia que ressaltar o ideal de grandiosidade e esplendor da monarquia brasileira e isso foi pensado através dessa retratação.
Naturalismo
No século XIX, vimos surgir outro movimento artístico vinculado ao contexto histórico daquele momento, o naturalismo. Junto a estudos sobre as novas concepções do homem e sua inserção na realidade, os naturalistas começaram a analisar o comportamento social e humano, identificando problemas e apontando soluções.     
O naturalismo é considerado como a radicalização do projeto realista e com um interesse em reproduzir a realidade em seus mínimos detalhes, vendo o homem a partir de diferentes determinismos dentre eles o histórico, o do meio no qual vive, da herança e dos caracteres e da raça. A obra naturalista analisa personagens patológicos, uma determinação instintiva do homem.
No naturalismo, o sujeito passou a ser visto como mera reprodução da realidade dentro das condições exteriores que serviram de palco para a manifestação de sua subjetividade. 
O naturalismo, ao lado do cientificismo, tinha a pretensão de racionalizar a realidade, trazendo o que ela tinha em si, sem falseamentos. 
Ele enxergava o homem e a sociedade como objetos de experiências, retratando a realidade de uma forma objetiva e abordando o homem como um ser materialista e um produto biológico que passa a agir de acordo com seus instintos e guiado por vários fatores, dentre eles o meio social no qual estava inserido.
A literatura naturalista se caracterizava por diversos aspectos, dentre eles a evocação da oralidade característica da linguagem falada e o tratamento aberto de temas até então considerados tabus e que começaram a ganhar espaço nesse período, dentre eles o sexo e a infidelidade. 
Outros temas ainda abordados foram a miséria, os crimes, os problemas sociais. Havia uma demanda por analisar o indivíduo em todas as suas vertentes, fossem quaisquer, mesmo aquelas consideradas mais perigosas.
O marco do movimento naturalista foi o livro O romance experimental e o naturalismo no teatro, de Émile Zola (1880). Nele, o autor reflete seu entusiasmo pelo progresso das ciências. 
Para ele, o romancista deveria se ater mais ao universo que o rodeia, estando vigilante ao progresso científico que se tornava cada vez mais latente, buscando estabelecer uma sociedade melhor.
Outra obra muito interessante de Zola foi o livro Germinal, lançado em 1881, onde o autor buscava retratar a realidade dos trabalhadores das minas de carvão francesas. 
Para isso, o autor passou um tempo vivendo como eles viviam, identificando suas principais necessidades e anseios e, inclusive, acompanhou de perto movimentos grevistas nas minas e por isso sua obra é considerada tão impactante na literatura e na própria história da época.
Como representante da pintura naturalista, podemos citar Vincent Van Gogh. 
Em sua obra Os comedores de batatas (1885), vemos uma análise muito próxima dos mineiros oprimidos do livro Germinal, de Zola.
A literatura naturalista no Brasil
No Brasil, a literatura naturalista, com forte influência da obra de Zola, foi retratada nas obras de diferentes artistas, vamos ver agora algumas das obras de Aluízio Azevedo.
Aluízio Azevedo – autor de O Mulato, de 1881. Esse livro marca o início do naturalismo no Brasil. 
Ambientado no Maranhão, retrata a sociedade da época, a corrupção do clero e o forte preconceito racial existente naquela sociedade.
Nesse romance, aparece claramente uma forte preocupação com as classes marginalizadas pela sociedade da época e uma intensa crítica ao conservadorismo então dominante.
Do mesmo autor temos outra obra naturalista muito conhecida, o livro O Cortiço, nele, são abordados temas vinculados ao momento cientificista que o mundo então vivia e destacam-se as bases do determinismo e do darwinismo com a teoria evolucionista. 
As pessoas retratadas presenciam as misérias dos outros e, alheios a isso, querem mais

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