Logo Passei Direto
Buscar

curso-216973-aula-15-f571-completo

User badge image
lantislenor

em

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022
(Pré-Edital)
Autor:
Equipe Materiais Carreiras
Jurídicas
12 de Janeiro de 2023
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
Sumário 
Considerações iniciais .................................................................................................................................................................. 3 
I. Teoria geral .................................................................................................................................................................................. 4 
1. Noções gerais ............................................................................................................................................. 4 
2. Pressupostos do dever de indenizar ........................................................................................................... 9 
2.1. Ato ilícito ............................................................................................................................................... 11 
2.2. Dano ...................................................................................................................................................... 17 
2.3. Nexo de causalidade ............................................................................................................................. 21 
3.1. Objetiva e subjetiva ............................................................................................................................... 29 
3.2. Contratual e extracontratual ................................................................................................................ 34 
4. Indenização .............................................................................................................................................. 36 
5. Excludentes da responsabilidade civil ...................................................................................................... 39 
1. Legítima defesa (art. 188, inc. I) ................................................................................................................................. 40 
2. Estado de necessidade (art. 188, inc. II) ..................................................................................................................... 42 
3. Exercício regular de direito (art. 188, inc. I) ............................................................................................................... 44 
4. Estrito cumprimento do dever legal ........................................................................................................................... 45 
5. Caso fortuito ou força maior (art. 393)....................................................................................................................... 45 
6. Culpa exclusiva da vítima (art. 945) ............................................................................................................................ 46 
7. Fato exclusivo de terceiro ........................................................................................................................................... 47 
8. Cláusula de não indenizar ........................................................................................................................................... 48 
9. Absolvição criminal ..................................................................................................................................................... 49 
10. Acordo de não persecução cível ............................................................................................................................... 49 
Jurisprudência Correlata .......................................................................................................................................................... 50 
1. Cálculo da indenização ............................................................................................................................................... 50 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
2. Prescrição da indenização .......................................................................................................................................... 54 
3. Pessoa jurídica ............................................................................................................................................................ 55 
3. Dano in re ipsa ............................................................................................................................................................ 56 
5. Teoria da perda de uma chance ................................................................................................................................. 57 
6. Seguro automobilístico e DPVAT ................................................................................................................................ 60 
7. Depósito (estacionamentos, bagagens etc.)............................................................................................................... 62 
Considerações finais .................................................................................................................................................................. 64 
Questões Comentadas .............................................................................................................................................................. 64 
Lista de Questões ....................................................................................................................................................................... 82 
Gabaritos ....................................................................................................................................................................................... 90 
 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
3 
90 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do 
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais: 
 
prof.phms@estrategiaconcursos.com.br 
 
prof.phms 
 
prof.phms 
 
prof.phms 
 
Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno 
Chegamos agora, a uma parte menos densa do Direito Civil. Menos densa, porque a responsabilidade 
civil, em termos de legislação e em comparação com os demais tópicos do CC/2002, conta com um rol 
normativo relativamente menor. 
Diferentemente do legislador, os tribunais não foram sucintos ao tratar do tema. A jurisprudência acerca 
da responsabilidade civil é bem extensa, especialmente a do STJ. Caso você ainda não tenha uma base, 
ou queira complementar seus estudos, recomendo que dê uma olhadinha em meu canal do YouTube, lá 
existe uma play list com diversos julgados, inclusive, sobre este tema. 
Além disso, você deve se ater à existência de uma lógica e uma correlação entre a responsabilidade civil 
do CC/2002 e outros ramos do direito, como por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor e o Direito 
Ambiental. Minha recomendação? Revise essas outras áreas, também. 
E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja: 
Responsabilidade Civil I 
 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
4 
90 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
I. TEORIA GERAL 
1. NOÇÕES GERAIS 
Inicialmente, vale lembrar que a culpa não é elemento de todos fatos jurídicos ilícitos, mas apenas de 
alguns deles. Esse é um equívoco comum, por dois motivos, em geral: porquechance perdida, pois esta 
é o objeto de reparação. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
26 
90 
 
(CESPE / DPU – 2017) A aplicação da teoria da perda de uma chance pressupõe uma 
possibilidade concreta, real e com alto grau de probabilidade de se garantir um benefício 
ou sofrer um prejuízo, bem como que a ação ou omissão do agente tenha nexo causal com a 
perda da oportunidade de exercer a chance. 
Comentários 
O item está correto, como recorrentemente decide o STJ: “CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR 
DANO MATERIAL E COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. ERRO MÉDICO. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO CONFIGURADA. PREQUESTIONAMENTO. 
AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE 
FÁTICA. INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. AUSÊNCIA. ACOMPANHAMENTO NO PÓS-
OPERATÓRIO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. POSSIBILIDADE. ERRO 
GROSSEIRO. NEGLIGÊNCIA. AUSÊNCIA. Por ocasião do julgamento do REsp 1.254.141/PR, a 3ª 
Turma do STJ decidiu que a teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para 
a apuração de responsabilidade civil, ocasionada por erro médico, na hipótese em que o erro tenha 
reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente. A visão tradicional da 
responsabilidade civil subjetiva; na qual é imprescindível a demonstração do dano, do ato ilícito e 
do nexo de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e o ato praticado pelo sujeito; não é 
mitigada na teoria da perda de uma chance. Presentes a conduta do médico, omissiva ou comissiva, 
e o comprometimento real da possibilidade de cura do paciente, presente o nexo causal (REsp 
1622538/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/03/2017, DJe 
24/03/2017)”. 
A chance, em si, pode ser considerada um bem autônomo, cuja violação pode levar à indenização 
de seu equivalente econômico. Considera o STJ que é desnecessário, nesses casos, sustentar teoria da 
causalidade proporcional, reconhecendo-se a própria chance como bem jurídico autônomo. 
Na seara jurídica e médica verificam-se frequentemente situações que ensejam a aplicação dessa Teoria. 
Em caso de perda de prazo pelo advogado, o cliente perde a chance de conseguir vitória na lide (REsp 
932.446). Em caso de diagnóstico e tratamento claramente equivocados, o paciente perde a chance de 
conseguir a cura (REsp 1.254.141). 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
27 
90 
(VUNESP / TJ-SP – 2017) José outorga mandato verbal a advogado para em seu nome propor 
ação de revisão de benefício previdenciário. A ação é julgada improcedente em primeiro 
grau e o advogado perde o prazo para interpor apelação. Entendendo que poderia ter sido 
vencedor na referida ação, José propõe ação de indenização, pleiteando a condenação do 
advogado ao pagamento de indenização por dano material correspondente ao valor que 
receberia na ação de revisão, caso esta fosse procedente, e por dano moral. A ação de 
indenização é julgada procedente. 
Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos fundamentos adotados na sentença. 
A) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual e do 
descumprimento da obrigação de aplicar a diligência habitual na execução do mandato. 
B) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de culpa aquiliana e do 
descumprimento de dever comum de cuidado na prática de atividade profissional. 
C) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de responsabilidade 
contratual objetiva, independentemente da existência de culpa. 
D) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual pelo fato do 
serviço e do descumprimento de obrigação de resultado. 
Comentários 
A alternativa A está correta, pois o manejo dos recursos cabíveis, quando razoáveis, constitui 
dever lateral de conduta, que, ainda que não expressamente previsto no pacto, gera dever de 
indenizar em face da quebra do princípio da boa-fé objetiva, em razão da evidente negligência do 
profissional. 
A alternativa B está incorreta, já que o caso trata de responsabilidade civil contratual, e não 
extracontratual (aquiliana). 
A alternativa C está incorreta, já que a aplicação da teoria da perda de uma chance se aplica 
apenas a situações nas quais a probabilidade do ganho é real, séria, e, inclusive, matematicamente 
elevada, não tendo o exercício mencionado qual era a probabilidade de vitória da ação judicial. 
A alternativa D está incorreta, porque a obrigação do causídico era de meio, não de resultado. 
O CC/2002, de qualquer forma, já previa algumas situações que ficam, na realidade, no meio-termo entre 
a aplicação da “Teoria perda de uma chance” e a “Teoria de causalidade adequada”. Vou falar a respeito 
delas. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
28 
90 
O art. 948 estabelece que no caso de homicídio, a indenização consiste no 
pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da 
família e na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-
se em conta a duração provável da vida da vítima. O artigo não exclui outras 
reparações, como o dano moral. 
O STJ (REsp 698.443), interpretando esse dispositivo, fixa que os alimentos devidos 
devem obedecer à expectativa de vida média fixada pelo IBGE, bem como as demais verbas trabalhistas 
(2/3 do salário do falecido, FGTS, 13º salário, férias e horas extras, se habituais). Caso o falecimento 
ocorra após essa idade, o cálculo da sobrevida deve levar em consideração as condições gerais de saúde, 
de acordo com tabela do IBGE (REsp 1.311.402). 
No entanto, a Corte vê cum granu salis casos específicos. Assim, se o falecido devia alimentos a filho seu 
já maior, mas ainda em curso universitário, absurdo pensar que o causador do dano deveria manter os 
alimentos por décadas, caso seu genitor, morto, tivesse 50 anos, por exemplo. Por isso, o STJ (REsp 
275.274) entende que os alimentos devem ser fixados em correlação ao grau e ao tempo de 
dependência. 
Se, em vez de homicídio, tratar-se de dano à incolumidade física, segundo o art. 949, o ofensor indenizará 
o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim do tratamento, além de 
eventuais outros prejuízos sofridos. 
Por fim, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu 
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além 
das despesas do tratamento e lucros cessantes, incluirá pensão correspondente à 
importância do trabalho para que se inabilitou, conforme regra do art. 950. 
Tanto no caso do art. 949 quanto no do art. 950, não se excluem outras indenizações. Nesse 
sentido, o Enunciado 192 da III Jornada de Direito Civil prevê que os danos devem ser analisados em 
conjunto, para o efeito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com dano moral 
e estético. 
O parágrafo único do art. 950 ainda permite que o prejudicado, se preferir, possa exigir que a 
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Há aqui, uma divergência doutrinária e jurisprudencial. 
Prevê o Enunciado 381 da IV Jornada de Direito Civil que o lesado pode exigir que a indenização sob a 
forma de pensionamento seja arbitrada e paga de uma só vez, salvo impossibilidade econômica do 
devedor, caso em que o juiz poderá fixar outra forma de pagamento, atendendo à condição financeira 
do ofensor e aos benefícios resultantes do pagamento antecipado. De acordo com o Enunciado 48 da I 
Jornada de Direito Civil que essaregra constitui direito potestativo do lesado para exigir pagamento da 
indenização de uma só vez, mediante arbitramento do valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a 
possibilidade econômica do ofensor. 
Ao contrário, o STJ (REsp 1.349.968) entende que esse dispositivo, porém, não pode ser aplicado 
indiscriminadamente, de maneira absoluta. Ao contrário, pauta-se na conveniente análise 
judicial, que deve ponderar a satisfação do crédito do beneficiário e o risco de o devedor ser 
levado à ruína. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
29 
90 
Assim, a regra de que a indenização pode ser repassada ao beneficiário em parcela única, ao invés de 
em pensionamento mensal, conforme sua preferência, não é absoluta. Ela dependeria de análise judicial 
quanto à conveniência, segundo o STJ. Segundo o Enunciado do CNJ, no entanto, poderia o beneficiário 
exigi-la, conforme sua conveniência. 
Atente porque esses casos que envolvem pensionamento tratam dos chamados “alimentos 
indenizatórios”, que não se confundem com os alimentos típicos do Direito de Família. 
Consequentemente, não se aplicam a eles a prescrição típica do art. 206, §2º (“Prescreve em dois anos 
a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem”), e nem a prisão 
por inadimplemento prevista no art. 538, §3º do CPC (“Se o executado não pagar ou se a justificativa 
apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do §1º, 
decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses”). 
Nesses três casos (art. 948, no caso de homicídio; art. 949, no caso de lesão à saúde; e art. 950, no caso 
de perda de capacidade laborativa), o art. 951 determina que a indenização é devida por aquele que, no 
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do 
paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 
Por fim, veja que o caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da vítima afastam o 
dever de indenizar precisamente porque há rompimento do nexo de causalidade. De 
qualquer forma, não há como enunciar uma regra absoluta em se tratando de nexo causal, 
como tenta a “Teoria do dano direto e imediato”, devendo o julgador atentar para o caso 
concreto. Essa perspectiva encontra contraprova fática, uma vez que nossas Cortes decidem 
de maneira eclética, até casuística. 
3.1. OBJETIVA E SUBJETIVA 
A responsabilidade subjetiva é regra, conforme estabelece o art. 927 do CC/2002. Arnaldo Rizzardo 
estabelece que: 
Pela teoria da responsabilidade subjetiva, só é imputável, a título de culpa, aquele que 
praticou o fato culposo possível de ser evitado. Não há responsabilidade quando o agente 
não pretendeu e nem podia prever, tendo agido com a necessária cautela. 
Veja, novamente, que se fala em imputação da conduta ao ofensor, não propriamente culpa. Como a 
imputação, na esmagadora maioria dos casos, dá-se pela culpa, na perspectiva tradicional, forjou-se a 
ideia (equivocada) de que a culpa é pressuposto elementar da responsabilidade civil. O art. 186, por sua 
vez, traça as linhas gerais da responsabilidade civil subjetiva: 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
30 
90 
A responsabilidade civil subjetiva era a única presente no CC/1916 originário. Com o tempo, porém, nos 
casos de prova de culpa muito difícil ou impossível (no processo civil a chamada prova impossível ou 
diabólica) passou-se para a responsabilidade civil com “culpa presumida”. 
A culpa presumida nada mais é do que o inverso da presunção de inocência do Direito 
Penal. Eu presumo que o causador do dano é culpado e ele tem de provar que estava 
certo. Nesses casos, não se prescinde a culpa, apenas inverte-se o ônus da prova. 
São os casos em que se presume que o autor não agiu conforme o direito, como nos 
acidentes de trânsito em que há uma batida traseira. Quem está errado? Não dá para saber 
de antemão, mas nós presumimos que o carro que trafegava atrás está errado. Ele sempre será obrigado 
a indenizar? Não, mas ele terá de provar que o motorista da frente estava errado ou provar força maior, 
por exemplo. Presume-se a culpa e inverte-se o ônus da prova. 
Sérgio Cavalieri Filho, inclusive, parte dessa premissa para tratar da chamada “Teoria da culpa contra a 
legalidade”. Em que consiste essa teoria? Segundo ela, pela simples infração da norma, já há 
responsabilidade. 
Ou seja, incorre em culpa aquele que pratica um ato proibido pela norma ou não cumpre o que a norma 
determina, de per si, sem que seja necessário analisar a culpa do agente, talqualmente a culpa presumida. 
Ao invés de ser necessário provar culpa, basta que o ofendido mostre a violação da proibição legal, sem 
que seja necessário adentrar na análise da culpa, mas pode o ofensor afastar o dever de indenizar, 
provando que agiu sem culpa. 
A doutrina vai apontar a aplicação dessa teoria nos casos de acidente de trânsito, quando, por exemplo, 
um motorista alcoolizado causa dano. É desnecessário provar culpa ou dolo do agente, basta evidenciar 
que ele descumpriu a norma de trânsito, que agiu “contra a legalidade”. 
Passa-se, então, para a responsabilidade civil “sem culpa”, ou objetiva. Nesses 
casos, dispensa-se a culpa, sequer se falando em culpa ou ônus; agiu ou se omitiu? 
É responsável, mesmo que prove que não tem culpa alguma. 
Há uma diferença fundamental entre a responsabilidade subjetiva com 
presunção de culpa e a responsabilidade objetiva. Na responsabilidade 
subjetiva com presunção de culpa, admite-se o afastamento da 
responsabilidade se o agente provar que não agiu com culpa; na responsabilidade 
objetiva, inversamente, mesmo que o agente prove não ter culpa, não se isenta do 
dever de indenizar. 
Dou um exemplo de Direito das Obrigações: “obrigação de dar coisa incerta, em que, antes da escolha, o 
devedor não pode exonerar-se da obrigação, mesmo havendo fortuito, segundo o art. 246 do CC/2002”. 
Ou seja, eu tenho de te dar um tablet de um modelo específico. Antes da entrega, porém, mesmo 
ocorrendo fortuito, eu sou obrigado a entregar a você um tablet igual, ainda que eu prove que houve um 
dilúvio bíblico que derrubou a minha loja ou que eu fui roubado por um funcionário vingativo meliante. 
Atente porque a responsabilidade objetiva não afasta a análise de eventual conduta da própria vítima, 
especialmente no dano extrapatrimonial. Não à toa, o Enunciado 458 da V Jornada de Direito Civil 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
31 
90 
evidencia que o grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser levado em 
conta pelo juiz para a quantificação do dano moral. 
E quando falaremos em responsabilidade objetiva, sem culpa? Tradicionalmente pensamos no Direito 
do Consumidor, que é o sub-ramo do Direito Privado no qual está ela presente por excelência. O 
CC/2002, não obstante, também versa sobre a responsabilidade civil objetiva. O art. 927, parágrafo 
único, traz as linhas gerais da responsabilidade objetiva: 
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados 
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por 
sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
O art. 931, por sua vez, prevê que ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários 
individuais e asempresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos 
produtos postos em circulação. Esclarece o Enunciado 378 da IV Jornada de Direito Civil que esse 
dispositivo se aplica haja ou não relação de consumo. 
Prevê o Enunciado 43 da I Jornada de Direito Civil que a responsabilidade civil pelo fato do produto, 
prevista no art. 931, também inclui os riscos do desenvolvimento. O art. 931 é um gérmen do CDC, 
plantado no Projeto do CC/2002, ainda na década de 1970. 
O Direito Civil, portanto, já versava sobre a responsabilidade civil objetiva dos fornecedores de produtos 
por danos causados aos compradores duas décadas antes do CDC. Como o Projeto ficou dormitando no 
Congresso Nacional por quase quatro décadas, a disposição revolucionária e vanguardista do Código 
Civil acabou se tornando quase caricatural depois do CDC. 
Por isso, o Enunciado 190 da III Jornada de Direito Civil não titubeia ao prever que a regra do art. 931 
não afasta as normas acerca da responsabilidade pelo fato do produto previstas no art. 12 do CDC, que 
continuam mais favoráveis ao consumidor lesado. Ou seja, o CDC não apenas avançou quanto ao tema 
como foi além. 
O CDC não tratou apenas de produtos, mas também de serviços. Não versou apenas sobre os 
vendedores, mas também sobre fabricantes, importadores, intermediadores etc. Mas, curiosamente, 
segundo o Enunciado 42 da I Jornada de Direito Civil, o art. 931 ampliou o conceito de fato do produto 
existente no art. 12 do CDC, ao imputar responsabilidade civil à empresa e aos empresários individuais 
vinculados à circulação dos produtos. 
O art. 927, parágrafo único, e o art. 931 tratam da objetivação da responsabilidade a partir de uma teoria 
muito em voga nos anos 1970-1990, a “Teoria do risco”. Assim, a responsabilidade objetiva presente no 
CC/2002 baseia-se largamente na “Teoria do Risco”, que, segundo Arnaldo Rizzardo, se adota porque: 
Todo aquele que dispõe de um bem deve suportar os riscos decorrentes, a que expõem os 
estranhos. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
32 
90 
Essa Teoria surge com o risco-proveito, estampado no art. 931. Assim, aquele 
que quer ter determinado lucro com uma atividade, um proveito, deve arcar 
com os prejuízos, os riscos, decorrentes dessa atividade. Isso se assenta no 
princípio ubi est emolumentum, ibi onus esse debet (“onde está o ganho, reside aí o 
ônus”). 
Posteriormente, essa discussão abrange também o risco da atividade, constante do art. 
927, parágrafo único, segunda parte. No que tange a esse dispositivo, há grande discussão doutrinária e 
jurisprudencial a respeito de sua extensão, em termos mais práticos. 
Isso porque o dispositivo trata de uma “cláusula geral do dever de responsabilidade civil objetiva” 
quando a atividade normalmente desenvolvida implicar, por sua natureza, risco para os direitos 
de outrem. Segundo o Enunciado 555 da VI Jornada de Direito Civil, esses “direitos de outrem” 
abrangem não apenas a vida e a integridade física, mas também outros direitos, de caráter patrimonial 
ou extrapatrimonial. 
A questão é saber o que é essa tal atividade de risco. Propõe o Enunciado 38 da I Jornada de Direito Civil 
que ele se configura quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa 
determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade. Assim, é um risco “para além 
do normal”. 
Tentando minudenciar essa dificuldade, o Enunciado 446 da V Jornada de Direito Civil aprofunda a 
compreensão sobre a atividade de risco. Prevê que a aplicação do dispositivo deve levar em 
consideração não apenas a proteção da vítima e a atividade do ofensor, mas também a prevenção e o 
interesse da sociedade. 
Já o Enunciado 448, também da V Jornada de Direito Civil, vai além. Exige a aplicação desse 
dispositivo sempre que a atividade normalmente desenvolvida, mesmo sem defeito e não 
essencialmente perigosa, induza, por sua natureza, risco especial e diferenciado aos direitos de 
outrem. São critérios de avaliação desse risco, entre outros, a estatística, a prova técnica e as máximas 
de experiência. 
Há, no caso do art. 927, parágrafo único, do CC/2002, antinomia com o art. 7º, inc. XXVIII, da CF/1998. 
O dispositivo da Carta Magna exige a comprovação de culpa ou dolo para a caracterização da 
responsabilidade civil em caso de acidente de trabalho. O art. 927, parágrafo único, do CC/2002, por sua 
vez, permite assumir que a responsabilidade do empregador, dado o risco inerente à atividade, é 
objetiva. 
Segundo o Enunciado 377 da IV Jornada de Direito Civil, o art. 7º, inc. XXVIII, da CF/1998 não é 
impedimento para a aplicação do disposto no art. 927, parágrafo único, do CC/2002, quando se tratar 
de atividade de risco. A jurisprudência majoritária do TST, no entanto, só aplica a responsabilização 
objetiva para o caso de seguro acidentário, não para deferir indenização ao empregado pelo dano 
causado na relação empregatícia. Julgados em sentido contrário existem, mas são raros. 
Além dessa controvérsia, o Enunciado 447 da V Jornada de Direito Civil versa a respeito de outra. 
Segundo ele, as agremiações esportivas são objetivamente responsáveis por danos causados a terceiros 
pelas torcidas organizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, as financiam ou 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
33 
90 
custeiam, direta ou indiretamente, total ou parcialmente. Seria um caso de responsabilidade objetiva 
não prevista taxativamente em lei, mas derivada da “Teoria do risco”. 
Mostrei, até aqui, duas modalidades sobre a “Teoria do risco”, o risco-proveito e o risco da atividade. 
Mas a “Teoria do risco” tem diversas modalidades, a depender do seu âmbito de aplicação e de seus 
pressupostos. Em resumo, quais são as principais modalidades da “Teoria do risco”? 
 
A partir da “teoria do risco”, o CDC inaugura um novo ramo na responsabilidade civil, pois tem 
pressupostos e características peculiares e especiais em relação ao CC/2002. A Teoria é o mote do 
CDC, já que as atividades direcionadas ao consumo são criadoras de risco por natureza. 
Segundo Sergio Cavalieri Filho, “a responsabilidade civil passou a ser dividida em duas partes: a 
responsabilidade tradicional e a responsabilidade nas relações de consumo”. Ou seja, há verdadeira 
bipartição da responsabilidade civil, mesmo em se tratando de responsabilidade objetiva, tamanhas são 
as peculiaridades presentes na responsabilidade civil prevista no CDC. 
Não obstante, deixo de me aprofundar na responsabilidade civil das relações de consumo, dada a 
especialidade do tema e dados os limites da proposta de análise do Direito Civil em sentido mais estrito. 
De qualquer forma, o ápice da responsabilidade objetiva é o seguro social. 
• Art. 37, §6º, da CF/1988
• Adotada nos casos de responsabilidade civil objetiva do Estado
Teoria do risco administrativo
• Art. 927, parágrafo único, segunda parte, do CC/2002
• Adotada nos casos de atividades criadoras de riscos a terceiros
Teoria do risco da atividade ou Teoria do risco profissional
• Art. 931 do CC/2002 e CDC
• Adotada nos casos de riscos decorrentes de atividades lucrativas
Teoria do risco-proveito
• Arts. 936, 937 e 938 do CC/2002
• Adotada nos casos de riscos criados por pessoas ou coisas
Teoria do risco criado
• Art. 14, §1º, da Lei 6.938/1981 e art. 21, inc. XXIII, d, da CF/1988
• Adotada nos casos que não há excludentes de responsabilidade
Teoria do risco integral
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
34 
90 
Trata-se de dissolver, espraiar osriscos e danos por toda a sociedade, não mais se restringindo a questão 
meramente ao ofensor e à vítima, respectivamente. É possível se visualizar esse fenômeno a partir da 
função de socialização de riscos/danos, vista anteriormente. 
Indeniza-se ainda que não se saiba o causador do dano, tutelando-se a vítima ao extremo. Isso ocorre, 
por exemplo, no DPVAT e no INSS. Não resta, nesses casos, quase nenhum dano que sem ressarcimento, 
justamente o objetivo da responsabilidade objetiva, que se pauta no dano e não na culpa, na vítima e 
não no ofensor. 
Quando se tratará de responsabilidade subjetiva ou objetiva, sinteticamente? Não há uma 
resposta fixa, pois a espécie depende da lei, da atividade e mesmo da jurisprudência. A resposta 
é casuística, sem prefixação, e mutável. 
Ao longo do tempo, foram sendo construídos alguns “marcos” para fixação das hipóteses de 
responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva. De igual modo, lentamente se constroem as 
hipóteses de presunção de culpa, de aplicação de excludentes de responsabilidade etc. A regra, porém, 
permanece sendo a responsabilidade civil subjetiva, não esqueça (art. 927, caput, do CC/2002)! 
 
3.2. CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL 
É possível distinguir a responsabilidade civil em contratual, ou negocial, e extracontratual, ou 
aquiliana. Lembra-se quando eu falei da responsabilidade e disse que a responsabilidade era diferente 
da obrigação? Pois bem, “a responsabilidade pode advir do descumprimento de uma obrigação 
estabelecida entre as partes ou advir do contato social”. 
Teoria da Culpa
Responsabilidade 
subjetiva
Regra do CC/2002 Presunção de culpa
Teoria do Dano 
Responsabilidade 
Objetiva
Exceções do CC/2002
Regra do CDC
Socialização dos 
danos/riscos: seguro 
social
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
35 
90 
No primeiro caso, o descumprimento de uma obrigação gerará a responsabilidade 
civil contratual quando há a violação de deveres inerentes ao contrato, quando o 
contratante deixa de cumprir com o acordado, gerando prejuízo à contraparte. Nesse 
caso, aplica-se a disciplina das perdas e danos, prevista nos arts. 389 e ss., dispositivos 
próprios do Direito das Obrigações. 
Fala-se, no âmbito da responsabilidade civil contratual, de outra espécie de culpa, a culpa 
in contrahendo, que basicamente é a culpa originada do fato de um contratante fazer com que o outro 
estabeleça um contrato que claramente gerará prejuízo pelo simples fato de se ter contratado. É, em 
resumo, uma violação de algum dos deveres laterais de conduta do princípio da boa-fé objetiva, como o 
dever de informação, por exemplo. 
Já a responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana se verifica pela ocorrência de 
ato ilícito em sentido amplo (ato ilícito stricto sensu e abuso de direito). Não me parece 
ter havido mudança substancial em relação ao CC/1916, dado que o art. 187 do CC/2002 
trata do abuso de direito como espécie de ato ilícito, e não como categoria jurídica 
absolutamente autônoma, ainda que possa assim ser visto em determinados casos. 
A doutrina mais contemporânea estabelece que a responsabilidade civil extracontratual se 
baseia no contato social, ou seja, na inexistência de uma relação jurídica prévia entre o causador do dano 
e a vítima. Nesse caso, aplica-se o disposto nos arts. 186 e ss. 
Segundo boa parte da doutrina brasileira, como Fernando Noronha e Judith Martins-Costa, atualmente 
é indiferente classificar a culpa como contratual ou extracontratual, pois os efeitos trazidos pelo 
CC/2002 são basicamente os mesmos. É a corrente chamada de monista, que apregoa haver apenas uma 
forma de responsabilidade, independentemente de provir de contrato ou contato. 
Não obstante, persistem diferenças importantes, como, por exemplo, em 
relação ao ônus da prova. Na responsabilidade contratual, por exemplo, basta 
ao credor demonstrar o descumprimento de uma cláusula contratual para 
exigir a responsabilização do devedor/agente, não sendo necessária a 
demonstração de culpa. Já na responsabilidade extracontratual, deve o credor 
demonstrar a culpa do devedor/agente para obter a indenização (lembrando 
que a regra geral é a responsabilidade subjetiva, que demanda prova de culpa). 
Por isso é que você, quando maneja uma ação de despejo contra o locatário, não precisa dizer nada mais 
do que “ele não pagou”, sem qualquer prova. Ele, para não pagar, é quem deverá provar algo, como já 
ter pago, ou ter consignado em pagamento porque você exigiu valor superior ao devido. A 
responsabilidade é contratual. 
Agora, se batem no seu carro e você entra com uma ação de reparação, deve mostrar que o sujeito furou 
a preferencial, ou não receberá indenização alguma. Por isso, a corrente monista, ainda que “modista”, 
é tecnicamente equivocada. 
Além disso, vale acrescentar a polêmica jurisprudência do STJ que fixa prazo prescricional trienal para 
as ações reparatórias derivadas de responsabilidade extracontratual, mas prazo prescricional decenal 
para as ações reparatórias derivadas de responsabilidade contratual. Contato e contrato, portanto, 
trazem diferenças na ótica de responsabilização. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
36 
90 
De fato, a legislação e a jurisprudência, no Brasil, aproximaram muito ambas as responsabilidades. 
Tanto a ponto de haver quem defenda não existir diferença. Não obstante, há distinções, e importantes, 
como mostrei a você. 
Parece-me inadequado tratar de hipóteses distintas como se distinção não houvesse; aproximação sim, 
mas indistinção, não. Não há um modelo monista ou unitário na origem, na fonte da responsabilidade 
civil, consequentemente, mas um modelo binário ou dual. 
4. INDENIZAÇÃO 
Verificada a tríade da responsabilidade civil (conduta/ato ilícito/culpa, dano e nexo de causalidade), 
deve-se procurar pelo melhor meio para a reparação que seja mais conveniente, tanto ao agente quanto 
à vítima. Apesar de a reparação pecuniária ser a primeira a vir à mente quando se pensa em reparação, 
ela não deve ser, ao contrário, a mais indicada. 
Por isso, vale lembrar que o objetivo da responsabilidade civil é retornar ao status quo 
ante. Ou seja, a melhor reparação é aquela que deixa as coisas no estado anterior, 
como se não tivesse havido dano. É a chamada “reparação perfeita”. 
Assim, a melhor resposta, genericamente falando, não é a pecúnia, mas a reparação do dano 
em si, por si. Assim, num acidente automobilístico, o melhor é reparar o veículo; no caso de 
uma cirurgia comum malfeita, refazê-la, deixando o paciente “bem”; numa cirurgia plástica, 
o melhor é arrumar o defeito; no caso de um produto ruim, o ideal é trocá-lo por um hígido etc. 
Mesmo em se tratando de dano extrapatrimonial, a compensação pecuniária não é o único modo 
de reparar o dano. Admite-se a reparação in natura, na forma de retratação pública, por exemplo, 
frisa o Enunciado 589 da VII Jornada de Direito Civil. 
Por vezes, é impossível a reparação específica, “perfeita”, restando somente a indenização 
correspondente. Em outros casos, apesar de possível, a reparação em espécie (in natura), não é a melhor 
saída, seja para o lesado, seja para o autor do dano. Isso porque ela não será indicada para a reparação 
integral do dano. Isso ocorre, por exemplo, num caso de dano estético, pois não é interessante ser 
operado novamente pelo mesmo médico. 
E, de outra banda, às vezes a reparação em espécie gerará enriquecimento sem causa ao lesado. Exemplo 
é a substituição de um bem com problemas, depois de um tempo relativamente longo, já que o bem 
estaria desgastado pelo uso e, consequentemente, desvalorizado. 
A quantificação dos danos é talvez a maior dificuldade na responsabilidade civil.Quando a responsabilidade é contratual, podem os contratantes prefixar no 
próprio contrato, em uma cláusula penal, os valores de ressarcimento. Se for 
responsabilidade extracontratual, o ressarcimento deverá ser verificado 
caso a caso, especificamente, segundo regra do art. 946. 
Entretanto, a indenização não é aferida de modo amplo, irrestrito e ilimitado, mas 
segundo os parâmetros estabelecimentos no art. 402: o que perdeu (dano emergente) e o que deixou de 
ganhar (lucro cessante). Porém, quando a indenização versa sobre danos morais, a liberdade do julgador 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
37 
90 
é muitíssimo alargada, inexistindo qualquer parâmetro legal como limite, seja positivo, seja negativo. O 
balizamento fica a cargo, então, da jurisprudência, que vai consolidando entendimentos sobre o 
quantum caso a caso. 
Para compreender como facilitar esse problema, é necessário entender os sistemas de aferição de dano. 
Eles são dois: 
 
Pode-se dizer que o sistema brasileiro é aberto. Tão aberto que o próprio STJ se permite rever 
decisões das Cortes inferiores em relação ao quantum da indenização quando ele se revela 
irrisório ou exorbitante. É uma exceção criada pela própria Corte relativamente à aplicação da 
Súmula 7, que veda que no julgado especial sejam revistas provas ou revolvidos fatos já discutidos nas 
instâncias ordinárias. 
Porém, o sistema de responsabilidade civil brasileiro tem algumas “pitadas tarifárias”. Alguns 
autores consideram nosso sistema misto, pois temos na legislação algumas fontes de tarifação, ainda 
que bastante restritas. Nos arts. 939 e 940, o legislador coloca o quantum exato para a aferição de danos: 
 
Os danos patrimoniais, via de regra, devem ser provados. Apenas excepcionalmente eles podem ser 
presumidos. Em regra, são tarifados, limitados ao montante efetivamente despendido. Já em relação aos 
“danos morais”, sempre serão eles arbitrados pelo juiz, não havendo tarifação para tanto, em nenhuma 
hipótese. 
A. Sistema aberto (Sistema do arbitramento)
• Em tese, nosso ordenamento se pauta por esse sistema, ou seja, o magistrado pode livremente
fixar o montante da indenização
• Contudo, isso não é de todo verdadeiro, pois há limitações negativas e positivas para o magistrado.
Esse sistema ganhou força com o CC/2002, pois legou ao magistrado mais poder; é um sistema que
preza mais pela justiça do caso, mas tem o ônus de ser mais “inseguro”
B. Sistema tarifário
• É um sistema mais seguro, mas mais problemático, pois exclui a possibilidade de aferição dos danos
reais, de sua extensão real, estabelecendo um quantum fechado, impassível, "pétreo"
1) Credor demanda dívida não vencida
• Segundo o art. 939, o credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em
que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar
os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
2) Credor demanda dívida já paga
• O art. 940 estabelece que aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor,
no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir.
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
38 
90 
O STJ estabelece que para a fixação de dano extrapatrimonial deve o juiz determinar a 
indenização a partir de arbitramento equitativo. Como o fazer, na prática? A Corte aplica o 
chamado método bifásico. Assim, fixa-se montante de indenização que não seja pura aleatoriedade. 
Na primeira fase, estabelece-se um valor básico para a indenização, considerando o interesse jurídico 
lesado, com base nos precedentes jurisprudenciais que apreciaram casos semelhantes. Essa primeira 
fase é abstrata, portanto, sem que se prenda aos meandros do caso concreto. 
Já na segunda etapa, devem ser consideradas as circunstâncias do caso, para fixação definitiva do valor 
da indenização, atendendo a determinação legal de arbitramento equitativo pelo juiz. Aqui, 
inversamente, a análise não é mais abstrata, mas concreta, sopesando-se as vicissitudes do caso 
particularmente tomando em consideração. 
Inversamente, a legislação trabalhista tratou de tarifar os danos extrapatrimoniais depois da 
vigência da Lei 13.467/2017, que implementou a chamada “reforma trabalhista”. O art. 223-G, 
§1º, tarifou os danos extrapatrimoniais, nos seguintes termos: 
I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; 
II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; 
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; 
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do 
ofendido. 
Esses dispositivos, entre outros, foram objeto da ADI 5.870. O pedido vai na esteira da declaração de 
inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 5.250/1967, a Lei de Imprensa, quando do julgamento da 
ADPF 130. Na ocasião, o STF firmou jurisprudência no sentido de que a indenização por danos 
decorrentes de ofensas praticadas pela imprensa não poderia ficar limitada a valores previamente 
fixados em lei. 
Parte relevante da doutrina afiança que qualquer tipo de tarifação quanto a danos morais é, na 
gênese, inconstitucional. Nesse mesmo sentido vai o Enunciado 550 da VI Jornada de Direito Civil, ao 
prever que a quantificação da reparação por danos extrapatrimoniais não deve estar sujeita a 
tabelamento ou a valores fixos. 
De volta ao CC/2002, o art. 952 fixa que havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição 
da coisa, a indenização consiste no pagamento do valor das suas deteriorações e o devido a título de 
lucros cessantes. Em caso de impossibilidade de restituição, deve-se reembolsar o seu equivalente à 
vítima. 
Esse equivalente deve ser estimado pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se 
avantaje àquele, determina o parágrafo único. Trata-se do chamado “valor de afeição”. Prevê o 
Enunciado 561 da VI Jornada de Direito Civil, que mesmo no caso de impossibilidade de restiuição deve-
se, além do reembolso pelo equivalente, indenizar também os lucros cessantes. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
39 
90 
No tocante a ofensa à liberdade pessoal, o CC/2002 tem regra específica. Mas, o que se caracteriza como 
ofensivo da liberdade pessoal? O art. 954, parágrafo único, em seus incisos, define como ofensivo à 
liberdade pessoal o cárcere privado, a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé e a prisão ilegal. 
Nesses casos, de acordo com o art. 954, a indenização por ofensa à liberdade pessoal consiste no 
pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido. Caso ele não possa provar prejuízo, cabe 
ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso, por 
aplicação do art. 953, parágrafo único. 
Retomando um tema de Parte Geral, a respeito da caducidade, em regra, segundo o 
art. 206, § 3º, inc. V, o prazo da ação de reparação de danos é de 3 anos, contados da 
data do evento. 
Estatui o art. 943 que o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la 
transmitem-se com a herança. Assim, mesmo que a vítima morra, seus herdeiros podem 
exigir indenização; igualmente, se o ofensor morrer, seus herdeiros continuam obrigados a prestar a 
indenização, mas o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança, claro (art. 
1.792).O Enunciado 454 da V Jornada de Direito Civil evidencia que esse direito abrange inclusive os danos 
morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima. Aqui, a tutela é da própria vítima, 
inconfundível com o eventual dano moral por ricochete que tenha sofrido o herdeiro da vítima. 
5. EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
Inicialmente, há de se ter cuidado porque as excludentes da responsabilidade civil serão analisadas 
genericamente. Em determinadas situações, por questões de política legislativa, o CC/2002 afasta a 
excludente de responsabilidade em certas situações. 
Além disso, pode haver uma excludente de responsabilidade civil que não exclui o dever de indenizar; 
indeniza-se sem ser o responsável. Há, ainda, outras previsões que não excluem o dever de indenizar, 
mas atenuam a responsabilidade civil, como a culpa concorrente prevista no art. 945. 
O art. 936, ao tratar da responsabilidade do dono do animal, afasta o dever de indenizar em apenas duas 
hipóteses: culpa exclusiva da vítima e força maior. Em outras palavras, se o ato foi de terceiro, mantém-
se o dever de indenizar, apesar de o “fato de terceiro” ser uma excludente da responsabilidade civil. 
Há situações em que a ação humana, embora cause dano, com nexo causal, não é 
considerada ato ilícito, não gerando, muitas vezes, dever de indenizar. São as 
hipóteses de isenção de responsabilidade civil inscritas no art. 188. 
Trata-se de atos legitimados pelo direito, pois exercidos com apoio em algumas das 
seguintes hipóteses: a) legítima defesa; b) exercício regular de direito reconhecido e c) 
estado de necessidade, com destruição de coisa ou lesão a pessoa para remoção de perigo 
iminente. Apesar de serem excludentes de responsabilidade, nem sempre excluirão o dever de indenizar 
(art. 929). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
40 
90 
Segundo o art. 65 do CPP/1941, a sentença penal que reconhece as excludentes de 
antijuridicidade (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, 
exercício regular de direito) faz coisa julgada no juízo cível. Isso significa que não é preciso 
comprovar novamente essas circunstâncias na esfera cível, como evidencia o art. 935 do 
CC/2002. 
Igualmente, nem sempre a exclusão da antijuridicidade na esfera penal excluirá o dever de indenizar no 
cível. Isso porque a esfera cível e a criminal são independentes, havendo grande restrição à comunicação 
delas, a teor do referido art. 935. 
Além disso, a ocorrência de caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima e a absolvição criminal 
são outras possibilidades de exclusão, mas estão fora do âmbito do art. 188. O art. 187, por sua vez, 
dispõe que o excesso no exercício de direito é ilícito, consoante os limites dados pela boa-fé e os bons 
costumes. 
As excludentes de responsabilidade podem evidentemente ser aplicados mesmo em se tratando de 
responsabilidade objetiva. Ora, o fornecedor responde independentemente de culpa. A pessoa adquire 
uma faca e usa para tentar se suicidar. Pode exigir em juízo indenização, postulando a desnecessidade 
de comprovação de culpa (responsabilidade objetiva) do fabricante de facas, provando apenas o nexo 
de causalidade e o dano? Evidente que não. 
Mesmo aos casos do art. 931 do CC/2002 (empresários individuais e empresas) aplicam-se as 
excludentes da responsabilidade objetiva, portanto. Esse é o entendimento previsto pelo Enunciado 562 
da VI Jornada de Direito Civil. 
Vou analisar excludentes de responsabilidade civil de maneira ampla. Apontarei, inclusive, as situações 
em que o dever de indenizar não é afastado ou quando o caso não é configurado tecnicamente como 
excludente de responsabilidade civil, ainda que possa ser reconhecido como excludente de 
responsabilidade penal. 
EM RESUMO, SÃO EXCLUDENTES DO DEVER DE INDENIZAR: A LEGÍTIMA DEFESA VERA E PRÓPRIA, O 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO RECONHECIDO, O ESTADO DE NECESSIDADE PARA REMOÇÃO DE PERIGO 
IMINENTE, O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM CASO DE 
INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. SÃO EXCLUDENTES DE NEXO DE CAUSALIDADE: A CULPA EXCLUSIVA DA 
VÍTIMA, A CULPA DE TERCEIRO E O CASO FORTUITO OU A FORMA MAIOR. SÃO EXCLUDENTES DE 
RESPONSABILIDADE A CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR E O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL. 
1. Legítima defesa (art. 188, inc. I) 
A legítima defesa é uma excludente do dever de indenizar. Não é necessário o prévio julgamento 
no juízo criminal para ficar comprovada, pois há independência dos juízos, na forma do art. 935 
do CC/2002, como dito. Mas os requisitos para sua aferição vêm, sem dúvida, do Direito Penal. 
O art. 25 do CP/1940 define a legítima defesa como aquela praticada por “quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem”. Assim, pode-se sintetizar os requisitos para a configuração da legítima defesa: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
41 
90 
 
Imprescindível que a defesa seja moderada. Por isso, não é legítima defesa, ainda que defesa seja, o ato 
de atirar contra alguém para proteger a posse (o chamado desforço possessório imediato previsto no 
art. 1.210 do CC/2002). Igualmente abusiva a defesa de quem contra-ataca com socos e pontapés 
violentos aquele que o xinga. 
A legítima defesa que ofende a honra não exclui o dever de indenizar. Da mesma 
forma, se o resultado da legítima defesa ofende a pessoa estranha à agressão, a 
responsabilidade de indenizar subsiste em relação ao terceiro. O ato, embora 
justificável, não exclui a indenização, segundo o art. 930, parágrafo único. 
Ademais, em caso de acidente ou erro de execução (aberratio ictus), quando o agente, em 
vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se 
tivesse praticado o crime contra aquela, prevê o art. 73 do CP/1941. Haverá acidente ou erro de 
execução também quando, além de terceiro, atinge-se também a vítima pretendida. 
Por isso, pouco importa se o acidente ou erro de execução na pretensa legítima defesa atingiu o ofensor 
e um terceiro (aberratio ictus em sentido amplo) ou se o acidente ou erro de execução na pretensa 
legítima defesa atingiu apenas um terceiro (aberratio ictus em sentido estrito). Na esfera cível, tanto a 
aberratio ictus lato sensu quanto a aberratio ictus stricto sensu geram dever de indenizar. 
Evidentemente, pode haver direito de regresso em face daquele em defesa de quem a reação 
ocorreu quanto à indenização a ser paga ao terceiro, como estabelece o parágrafo único do art. 930 
do CC/2002. Isso vale tanto para a aberratio ictus lato sensu quanto a aberratio ictus stricto sensu. 
Há aqui um detalhe técnico que exige atenção. O parágrafo único do art. 930 estabelece que a ação 
regressiva, no caso de legítima defesa, deve ser manejada em face daquele em defesa de quem se causou 
o dano. 
Ou seja, se defendo uma vítima de um ofensor, mas causo dano a terceiro (aberratio ictus), no ato de 
heroísmo, terei de indenizar. Paga a indenização, posso regredir contra a vítima, em defesa de quem 
causei o dano, e não contra o ofensor. 
Há quem leia o parágrafo único pelo caput, asseverando que a ação regressiva deveria ser manejada em 
face do ofensor, apenas. Outros preferem compreender caput e parágrafo único conjuntamente, pelo 
que a ação regressiva poderia ser proposta tanto em face da vítima quanto do ofensor. 
A primeira posição não me parece defensável; a segunda, ao contrário, mais defensável. De toda sorte, 
me parece que o parágrafo único traz situação diversa da situação prevista no caput. 
Se na legítima defesa o causador do dano ao terceiro tivesse de regredir em face do ofensor, bastaria aolegislador ter previsto uma única norma. Não o fez e ainda deixou claro que as regras eram diferentes, 
prevendo, aqui, a regressão em face da vítima. 
A) Agressão atual ou iminente e 
injusta (sem provocação)
B) Preservação de direito 
próprio ou alheio
C) Emprego moderado dos 
meios
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
42 
90 
Pode parecer um tanto injusto, mas a norma é tecnicamente adequada. Isso porque o causador do dano 
ao terceiro protegeu bem jurídico da vítima, ao passo que esta é quem tem eventual direito em face do 
ofensor, conforme as circunstâncias. Se for o caso, a vítima poderá regredir contra o ofensor, tanto pelo 
dano sofrido, quanto pelo montante que teve de desembolsar para indenizar seu protetor. 
Por fim, a legítima defesa putativa – em que há erro de fato sobre a situação de legítima defesa – 
não exclui a ilicitude, nem o dever de indenizar, se decorreu de negligência na apreciação 
errônea dos fatos (REsp 1.433.566). 
2. Estado de necessidade (art. 188, inc. II) 
O estado de necessidade é uma excludente do dever de indenizar. Para que se configure 
o estado de necessidade vero e próprio, deve haver deterioração/destruição de coisa 
alheia para remover perigo iminente, restringindo-se aos casos absolutamente 
necessários, e desde que não haja excesso. 
Não confunda o estado de necessidade com o estado de perigo (“quando alguém, premido da 
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra 
parte, assume obrigação excessivamente onerosa”). Não confunda também com a lesão (“quando uma 
pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta”). Esses são institutos relativos aos defeitos dos negócios 
jurídicos, previstos nos arts. 156 e 157, respectivamente. 
Nem sempre o estado de necessidade exclui a ilicitude, pois ele está bem delimitado pelas hipóteses do 
art. 188, em seu caput e parágrafo único. Segundo o art. 929 do CC/2002, se o dono da coisa ou a 
pessoa lesada não forem culpados por causar o perigo, fica-lhes garantido o direito à indenização 
pelos danos a ser paga por quem os causou. 
 
(TRF / TRF-2ª Região – 2017) Magnus, com 15 anos de idade, pega a chave do veículo de seu 
pai e, ao dirigi-lo com cautela, perto de sua casa, faz desvio para evitar o atropelamento de 
criancinha que, de surpresa, avançou sobre a rua. Magnus, ao fazer a manobra salvadora da 
criança, colide com veículo da Empresa de Correios e Telégrafos, regularmente 
estacionado. Assinale a opção correta: 
A) Magnus, ao desviar, agiu em estado de necessidade, daí que não há base legal para obrigá-lo, a 
si ou a seu responsável, a reparar o dano causado ao veículo da ECT. 
B) Admitindo que o pai de Magnus seja condenado a reparar o dano, ele, mais tarde, faz jus a obter 
o regresso contra o filho. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
43 
90 
C) Embora não se configure o estado de necessidade, o absolutamente incapaz não responde em 
termos civis, e apenas seu representante ou responsável pode ser chamado a reparar o dano. 
D) Mesmo que se acolha a tese de estado de necessidade, o responsável pelo menor pode, 
legalmente, ser condenado a reparar o dano causado à ECT. 
E) O estado de necessidade não se caracteriza. Dirigir sem habilitação é ilícito permanente e incide 
o Estatuto da Criança e do Adolescente, com responsabilidade civil direta de Magnus e subsidiária 
de seu pai. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, na conjugação do art. 929 (“Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, 
no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização 
do prejuízo que sofreram”) com o art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração ou 
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”). 
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado 
por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano 
for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz”. 
A alternativa C está incorreta, como se vê pelo art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que 
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de 
meios suficientes”. 
A alternativa D está correta, consoante mencionado na alternativa A, pela conjugação dos arts. 
929 e 188, inc. II. 
A alternativa E está incorreta, já que, de acordo com o art. 928 a responsabilidade do menor é 
subsidiária, não do genitor. 
Porém, há direito de regresso do autor do dano contra quem causou o perigo a ser evitado, nos 
termos do art. 930. Consequentemente, se o perigo foi causado pelo próprio dono da coisa ou pessoa 
lesada, está afastado o dever de indenizar. 
Diferentemente da legítima defesa, no estado de necessidade se aplica o caput do art. 930. Lá, pela regra 
do parágrafo único, o autor do dano regride em face da vítima (“aquele em defesa de quem se causou o 
dano”); aqui, pela regra do caput, o autor do dano regride em face do terceiro culpado pelo perigo. 
Assim, se vejo uma mulher sendo agredida por um ladrão, tomo uma pequena estátua e a arremesso 
contra o agressor (legítima defesa de terceiro), terei de indenizar o dono da estátua. Poderei regredir 
contra a mulher, para receber o que paguei (e ela, se for o caso, pode regredir contra o ladrão). 
Por outro lado, se vejo uma mulher presa em uma casa em chamas, tomo uma pequena estátua e a 
arremesso para quebrar a vidraça (estado de necessidade), terei de indenizar o dono da estátua. Poderei 
regredir contra quem causou o incêndio, caso não tenha sido o dono da estátua, seja a mulher ou não). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
44 
90 
O estado de necessidade enseja dever de indenizar, mesmo que não seja ato ilícito e 
mesmo que o ato tenha salvado os interesses de outrem. É caso de responsabilidade 
objetiva, pois não é justo que a vítima suporte os prejuízos sob a escusa de que o autor 
tinha direito de praticar o dano. 
Por isso, é irrelevante que eu tenha salvado 247 crianças que estavam atravessando 
desavisadamente a rodovia. Se bati no seu carro, vou ter de indenizar você. Tenho direito 
de regresso contra quem deixou a criançada na rua, mas eu indenizarei você, não o responsável pelas 
crianças. 
Cuidado! Trata-se da lógica do Direito Civil, de uma lógica específica e própria da responsabilidade civil, 
que é a tutela da vítima. Mitigando esse entendimento, porém, o STJ (REsp 1.292.141) entende possível 
a redução do quantum indenizatório, de modo a evitar onerar demasiadamente o ato de heroísmo em 
prol do patrimônio. 
3. Exercício regular de direito (art. 188, inc. I) 
O exercício regular de direito reconhecido é uma excludente do dever de indenizar. Seu conceito 
é autoevidente. Trata-se de um direito reconhecido pelo ordenamento, que é exercido pelo seu titular, 
de maneira regular (sim, não há como explicar sem ser tautológico). Ao contrário, se o exercício do 
direito não é regular ou o direito não é reconhecido, está configurado o abuso de direito, 
considerado ato ilícito, por aplicação do art. 187. 
O exercício do direito não pode ir além de um justo limite, portanto, e deve atender 
à satisfação de um interesse sério e legítimo. A prova do exercício regular é de 
quem causa o dano e não de quem o sofreu, porque este só precisa comprovar a 
contrariedade do ato com o direito, nas palavras de Pontes de Miranda. 
Como caracterizaro exercício de um direito de maneira regular ou abusiva? É 
necessário, primeiro, analisar a legislação, de modo a se evidenciar que, de fato, o direito 
é reconhecido. Isso porque é comum as pessoas acharem que têm mais direito do que efetivamente têm, 
e ainda mais comum se olvidarem de suas obrigações. 
O exemplo mais fácil para demonstrar a tênue linha entre direito e abuso é o direito do credor de cobrar 
seu crédito. Inscrever o devedor em serviço de proteção de crédito é direito do credor. Protestar o 
cheque é um direito do credor. Coagir o devedor com um “leão de chácara” é abusivo. “Plantar” um carro 
de som em frente ao local de trabalho do devedor é abusivo. Enviar cobrança em seu endereço de 
trabalho (“cartinha da SERASA”), se foi esse que ele forneceu, é um direito. 
Em regra, releva atentar nos princípios contratuais para se analisar se a ação do titular do direito 
é regular ou abusiva, em se tratando de relação contratual. Quer outro exemplo? 
No caso de inadimplemento das mensalidades escolares, pode a instituição de ensino vedar que o aluno 
participe das atividades institucionais ou reter seu histórico escolar, em caso de inadimplemento? 
Segundo o STJ (REsp 61.344), não pode a instituição impedir a participação nas atividades escolares 
(abuso), mas pode reter o histórico escolar (direito), cumpridas as normas da Lei 8.170/1991 (sob pena 
de abuso). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
45 
90 
4. Estrito cumprimento do dever legal 
O estrito cumprimento do dever legal é uma excludente do dever de indenizar. Parte da doutrina 
aloca essa hipótese em conjunto com a antecedente, ou seja, um “exercício regular de direito e/ou de 
função”. No entanto, são hipóteses diversas, pois a segunda se liga a um dever legal, e não a um direito, 
como a primeira. 
O credor tem um direito de cobrar seu crédito, não um dever. O bombeiro não tem direito de arrombar 
a porta para salvar uma pessoa num edifício em chamas, tem dever. Quem tem direito pode optar por 
não o exercer, quem tem dever não. O bombeiro “desertor” será punido pela inação; o credor que não 
cobra, não. 
O cumprimento do dever legal, mesmo que reconhecido no juízo penal, gerando a 
absolvição do agente, não obsta sua análise também no juízo cível. Isso porque 
pode ser aferida a extensão da conduta lesiva e o grau de culpa, de modo a se 
verificar se o cumprimento foi verdadeiramente “estrito”. 
Em outras palavras, primeiro, deve ser reconhecido o estrito cumprimento do dever legal. 
Veja-se que é “estrito”, ou seja, se o agente transborda, ainda que minimamente, o 
comando legal, afasta-se a irresponsabilidade e há dever de indenizar. 
Igualmente, se mesmo agindo estritamente dentro da lei, o agente causar dano a terceiro, sem 
correlação com o fato, permanece o dever de indenizar. Por fim, o excesso afasta a irresponsabilização, 
dado que se verifica, então, abuso de direito. 
Os exemplos são numerosos, especialmente na seara policial. O agente público que dispara em via 
pública em perseguição a criminosos não age em estrito cumprimento do dever legal. Não há 
mandamento legal para que se atire a esmo. Há dever de indenizar. 
O agente público que dispara contra criminoso que disparou primeiro, com real chance de ser acertado, 
não age em estrito cumprimento do dever legal. Não há mandamento legal para que se atire contra quem 
atira em mim. No entanto, há evidente legítima defesa. Não há dever de indenizar. 
O agente público que dispara contra criminoso que disparou primeiro, com real chance de ser acertado, 
e atinge terceiro não age em estrito cumprimento do dever legal. No entanto, há evidente legítima 
defesa. Mas há dever de indenizar em face do terceiro e direito de regresso contra o criminoso. 
Por isso, cuidado para não confundir, especialmente na esfera cível, o estrito cumprimento do dever 
legal e a legítima defesa. São conceitos a âmbitos de aplicação absolutamente distintos. 
5. Caso fortuito ou força maior (art. 393) 
O caso fortuito e a força maior são excludentes do nexo de causalidade. O art. 393 estabelece que 
o devedor não responde pelos prejuízos resultantes do caso fortuito ou da força maior se não se 
houver responsabilizado expressamente. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
46 
90 
Há quem distinga o caso fortuito da força maior. Orlando Gomes afiança que o caso fortuito é o evento 
imprevisível, humano ou natural, ao passo que a força maior seria o evento previsível, mas inevitável 
ou irresistível. Não me parece necessário fazer a distinção porque o CC/2002 não o faz; trata das 
duas hipóteses como se fossem termos equívocos e mesmo unívocos. 
Além disso, a noção de “previsível” tem sentido peculiar no Direito. Basta assistir à previsão do tempo. 
Ora, a chuva não é mais ou menos previsível, em vista dos conhecimentos climáticos que hoje se tem? 
Ou é imprevisível? O desabamento de um prédio condenado pela Defesa Civil é previsível ou 
imprevisível? Como a vida contemporânea se pauta cotidianamente por cálculos matemáticos de 
previsibilidade, essa distinção se mostra ultrapassada, a meu ver. 
Adiante, trabalharei, no caso de “fato de terceiro”, outra distinção existente entre o caso fortuito e a 
força maior, que começou já há tempos, mas vem se consolidando apenas mais recentemente. Essa sim 
me parece ser uma distinção mais interessante e de aplicabilidade prática relevante. 
Superado o ponto, se verificará o caso fortuito ou a força maior nas situações nas quais o evento danoso 
é necessário, com efeitos inevitáveis. A chuva forte é evento necessário, em dadas circunstâncias 
climáticas, e seus efeitos não podem ser evitados; podem até ser previstos, mas não 
evitados. 
Inversamente, não se verifica caso fortuito ou força maior nas situações nas quais o 
risco de dano é inerente à atividade, ou se poderia falar que é inerente a um carro 
explodir, já que ele traz numerosos compostos químicos explosivos, pode explodir 
espontaneamente. Não há lógica nesse raciocínio. 
A regra de que o caso fortuito e a força maior afastam o dever de indenizar é sujeita a exceções. 
Essas exceções, no entanto, são esparsas, vistas especificamente em cada situação que enseja o dever de 
indenizar. 
Por exemplo, nos casos de mora do devedor, antes da tradição da coisa incerta; ou no comodato, quando 
o comodatário salva as coisas próprias primeiro. Mesmo em havendo caso fortuito ou força maior, 
perdura o dever de indenizar, por expressa previsão legal. 
6. Culpa exclusiva da vítima (art. 945) 
A culpa exclusiva da vítima é uma excludente do nexo de causalidade. O ato da vítima é o fato 
gerador do evento danoso, ou seja, a gravidade da sua culpa, em confronto com a do autor, é de 100%. 
Como o art. 945 estabelece que a indenização é fixada tomando-se em conta as “culpas” do autor e do 
réu, se o próprio autor tem 100% de responsabilidade, ele terá 0% de dano indenizado. 
É o que ocorre, por exemplo, no caso do condutor de um veículo que, notoriamente embriagado, 
sonolento ou desatento, bate o carro em um poste ou bate em outro carro, sem que a via, o veículo ou 
outros elementos tenham turvado suas condições ao dirigir. 
Nos casos de culpa ou fato exclusivo da vítima inexiste o nexo causal entre o dano e a conduta do 
autor. A própria vítima é a causadora do dano. Não confunda essa hipótese com a culpa 
concorrente entre a vítima e o autor do dano; nesse caso há dever de indenizar, mas o quantum 
da indenização é obviamente reduzido. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
47 
90 
Todas essas situaçõesnão impedem, contudo, a cobertura de danos por seguro que estabelece 
reparação independentemente de culpa ou tão somente com a verificação do dano. Isso porque a 
situação se conecta com uma relação contratual prevista exatamente para abarcar essas situações, 
também. 
7. Fato exclusivo de terceiro 
O fato exclusivo de terceiro é uma excludente do nexo de causalidade. Inicialmente, necessário é 
caracterizar quem é o terceiro. Em se tratando de responsabilidade contratual, é fácil compreender que 
qualquer um que não seja um dos contratantes é terceiro. No entanto, na responsabilidade 
extracontratual ou aquiliana, a tarefa não é tão simples. 
O funcionário é um terceiro, relativamente a dano causado por ele nas dependências da sede da 
sociedade empresarial? E um ex-funcionário que causa dano, é terceiro, relativamente a empregado 
atual? A jurisprudência é vacilante quanto à exclusão da responsabilidade civil por fato de 
terceiro. 
Não me parece muito adequado traçar – merecidas – teorizações mais aprofundadas a respeito do tema, 
pois isso não ajudaria muito numa prova. Por isso, parece-me mais adequado, a partir das minhas 
percepções da jurisprudência, traçar a seguinte correlação: 
 
Cheguei a essas conclusões com base numa passagem de um julgado do STJ (REsp 976.564) bem 
elucidativo que tomou algumas lições que vêm sendo desenvolvidas pela doutrina já há algum tempo. 
Em resumo, afasta-se a distinção clássica entre o caso fortuito e a força maior e se constrói uma nova: 
A força maior deve ser entendida, atualmente, como espécie do gênero fortuito externo, do 
qual faz parte também a culpa exclusiva de terceiros, os quais se contrapõem ao chamado 
fortuito interno. O roubo, mediante uso de arma de fogo, em regra é fato de terceiro 
equiparável a força maior, que deve excluir o dever de indenizar, mesmo no sistema de 
responsabilidade civil objetiva. 
Complementando esse raciocínio, o gênero seria o caso fortuito, que comportaria duas espécies, o 
fortuito externo e o fortuito interno. Externamente, o fortuito poderia ser subdividido em duas espécies, 
a força maior, fruto da natureza, e a culpa exclusiva de terceiro, fruto de ação humana (desde que 
Caso de: Fato de terceiro
Semelhante a: Força 
Maior Fortuito Externo
Afasta-se o dever de 
indenizar
Semelhante a: Fortuito 
Interno
Não se afasta o dever de 
indenizar
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
48 
90 
exclusive e não semelhante ao fortuito interno). Esquematicamente, pode-se dividir o caso fortuito 
em: 
 
Assim, por exemplo, o STJ estabelece que o roubo de joias depositadas em cofre de banco não constitui 
fato de terceiro, porque equiparado ao fortuito interno, pelo que há dever de indenizar. No entanto, o 
roubo de carga a ser transportada do depósito de transportadora que mantém segurança razoável se 
equipara à força maior, espécie do gênero fortuito externo, não gerando dever de indenizar. 
Tentando simplificar a controvérsia, o Enunciado 443 da V Jornada de Direito Civil expõe que o caso 
fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil quando 
o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida. Vale dizer, se for fortuito interno, 
típico da atividade, não há que se excluir o dever de indenizar. 
8. Cláusula de não indenizar 
A cláusula de não indenizar, cláusula de irresponsabilidade ou ainda cláusula excludente de 
responsabilidade é objeto de controvérsia. Esse tipo de cláusula, evidentemente, não se aplica a 
situações de responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana, mas somente à 
responsabilidade civil contratual. 
Por isso, aquelas placas que ficam nos muros de algumas casas (“Cuidado! Cão feroz. Não nos 
responsabilizamos por eventuais danos”) é evidentemente descabida. O mesmo vale para condomínios, 
em relação a danos causados nas garagens, e para outras relações que derivam do contato social. 
'Esse tipo de cláusula não é permitida, de antemão, nas relações consumeristas, por força do art. 51, inc. 
I, do CDC. Também proibida em contratos de adesão não consumeristas, por violação do art. 424 do 
CC/2002. Igualmente, vedada sua utilização em casos de crime ou de ato doloso, pois ela vigeria 
talqualmente uma condição meramente potestativa, proibida pelo art. 122 do CC/2002. 
No entanto, de maneira restrita e justificada, a doutrina e a jurisprudência aceitam 
sua aplicação. A jurisprudência acaba construindo essas hipóteses, casuisticamente. 
Exemplo é a cláusula securitária que exige instalação de rastreador ou escolta armada, sob 
pena de exclusão da garantia, a chamada “cláusula de gerenciamento de riscos”, reputada 
válida pelo STJ (REsp 1.314.318). A Corte, igualmente, mantém a cláusula de exclusão de 
Fortuito externo (inevitável e irresistível ao 
ofensor)
Força maior (natural)
Culpa de terceiro (humano)
Fortuito interno (evitável ou resistível do 
ofensor)
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
49 
90 
cobertura de danos morais em contrato de seguro automobilístico caso esteja ela expressamente 
prevista (AgRg no AREsp 378.288). 
O Enunciado 631 da VIII Jornada de Direito Civil vai além, ao trazer permissão de exclusão ainda mais 
ampla. Estabelece ele que como instrumento de gestão de riscos na prática negocial paritária, é lícita a 
estipulação de cláusula que exclui a reparação por perdas e danos decorrentes do inadimplemento 
(cláusula excludente do dever de indenizar) e de cláusula que fixa valor máximo de indenização 
(cláusula limitativa do dever de indenizar). 
9. Absolvição criminal 
Segundo o art. 66 do CPP, a absolvição criminal não impede a responsabilização civil 
se não houver sido reconhecida a inexistência material do fato. Ou seja, se o sujeito é 
absolvido por falta de provas, por exemplo, não há afastamento do dever de indenizar. 
A absolvição criminal só seria impeditiva de reconhecimento da responsabilidade civil se o 
juiz criminal reconhecesse, na sentença, que não houve conduta do agente apontado como 
causador do dano. O Estado de dúvida, consequentemente, não impede a busca pela reparação e o dever 
de indenizar. 
10. Acordo de não persecução cível 
Segundo o art. 17, §1º, da Lei 8.429/1992, a Lei de Improbidade Administrativa - LIA, as ações de 
improbidade administrativa admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos 
termos da lei. Assim, praticado ato que seja apontado pela legislação como ímprobo, a atrair a aplicação 
da norma, na ação proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada (União, Estados, 
autarquias etc.), podem as partes estabelecer acordo para evitar a continuidade das medidas cíveis. 
O art. 17-A (caput, incisos e parágrafos) foi integralmente vetado, estabelecendo-se verdadeira lacuna 
normativa a respeito das condições de celebração desse acordo. A literatura jurídica e a jurisprudência 
do STJ acabarão por fixar as balizas hermenêuticas do instituto, paulatinamente. A Corte (AREsp 
1.314.581), por exemplo, já fixou o entendimento de que o acordo pode ser celebrado a qualquer tempo, 
ainda pendente o litígio, não havendo limite temporal que não o processual trânsito em julgado da 
demanda. 
 
Excludentes de responsabilidade 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
50 
90 
 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 
Diferentemente do habitual, vou dividir a análise aqui por “temas”, já que há certo pot-pourri de julgados 
que aparecem nas provas. São eles: 
1. Cálculo da indenização 
2. Prescrição da indenização 
3. Pessoa jurídica 
4. Dano in re ipsa5. Teoria da perda de uma chance 
6. Seguro automobilístico e DPVAT 
7. Depósito (estacionamentos, bagagens etc.) 
1. Cálculo da indenização 
A antiga Súmula 159 do STF já impunha limitação ao art. 1.531 do CC/1916 (art. 940 do CC/2002), cuja 
previsão era de indenização em dobro no caso de cobrança indevida. Segundo a Corte, a cobrança de 
dívida já paga ou a cobrança em excesso, mas de boa-fé, não impõe pagamento de indenização 
pelo dobro ou pelo valor simples, respectivamente, a depender do caso: 
STF Súmula 159 
Cobrança excessiva, mas de boa-fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil. 
Em se tratando de indenização medida em salários mínimos, a Súmula 490 do STF determina que 
devem ser calculados os salários vigentes ao tempo da sentença. Assim, irrelevante o valor do 
Legítima defesa
Estado de necessidade
Exercício regular de direito reconhecido
Estrito cumprimento do dever legal
Caso fortuito e força maior
Culpa exclusiva da vítima
Fato exclusivo de terceiro (equiparada à força maior)
Cláusula contratual de exclusão de responsabilidade
Absolvição criminal por inexistência material do fato
Acordo de não persecução cível
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
51 
90 
salário ao tempo da inicial ou do trânsito em julgado. O valor do salário mínimo vigente ao tempo da 
sentença deve ser corrigido, evidentemente, na fase de execução: 
STF Súmula 490 
A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada 
com base no salário-mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações 
ulteriores. 
Quando se pensa em indenização por morte, logo se pensa na capacidade laborativa do falecido e qual 
o impacto da morte dele nas finanças familiares. No entanto, o STF determina que a morte de menor, 
mesmo que não exerça trabalho remunerado, gera dever de indenizar. 
Isso porque há a presunção de que ele contribuiria nas finanças domésticas, ao iniciar o labor. Esse 
entendimento é apontado como indevido por parte da doutrina, especialmente porque esse 
entendimento pretendia indenizar materialmente os pais num tempo em que o dano moral era 
controvertido. 
STF Súmula 491 
É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho 
remunerado. 
Em se tratando de indenização paga em prestações periódicas deve levar em consideração a 
incidência do imposto de renda. Atente porque os dispositivos referidos pela Súmula, art. 911 (“No 
arbitramento da indenização proveniente de ato ilícito, os lucros cessantes serão convertidos em 
prestação de renda ou pensão, mediante pagamento de capital que, aos juros legais, assegure as 
prestações devida”) e 912 (“A indenização referida no artigo anterior será fixada, sempre que possível, 
na ação principal, e compreenderá as custas judiciais, os honorários de advogado, as pensões vencidas 
e respectivos juros, devendo a sentença determinar a aplicação do capital em títulos da dívida pública 
federal para a constituição da renda”) dizem respeito ao CPC/1939, não havendo mais dispositivo igual 
no CPC/2015. De qualquer forma, a compreensão do STF de que o valor deve considerar o abatimento 
feito pelo imposto de renda permanece: 
STF Súmula 493 
O valor da indenização, se consistente em prestações periódicas e sucessivas, compreenderá, 
para que se mantenha inalterável na sua fixação, parcelas compensatórias do imposto de 
renda, incidente sobre os juros do capital gravado ou caucionado, nos termos dos arts. 911 e 
912 do Código de Processo Civil. 
A correção monetária, nas ações de indenização que têm por base um ato ilícito, incide a partir da 
data do efetivo prejuízo, em se tratando de dano material: 
STJ Súmula 43 
Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
52 
90 
Cuidado para não confundir, pois no caso de indenização por dano moral, a correção monetária não 
incide desde o efetivo prejuízo, mas desde a data do arbitramento. Isso porque a sentença judicial é 
aí constitutiva do direito, e não meramente declaratória, surgindo o dever de indenizar, apenas, após a 
decisão judicial respectiva: 
STJ Súmula 362 
A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do 
arbitramento. 
Seguindo a mesma linha de raciocínio, os juros moratórios se aplicam desde a data do evento 
danoso, em se tratando de responsabilidade extracontratual: 
STJ Súmula 54 
Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade 
extracontratual. 
A cobrança dos juros moratórios será feita de maneira simples pelos responsáveis pela indenização, só 
se cobrando juros compostos daquele que praticou o ato ilícito. Assim, empregadores e aquele que 
recebe produto de crime, gratuitamente, por exemplo, indenizam com a cobrança simples de juros, 
sendo que os empregados e os criminosos que praticaram o furto ou roubo respondem por juros 
compostos: 
STJ Súmula 186 
Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos somente são devidos por aquele que 
praticou o crime. 
A Súmula 281 do STJ já não mais se aplica mais aos danos morais praticados pela imprensa. Isso porque 
a Lei 5.250/1967 – Lei de Imprensa, foi declarada inconstitucional pelo STF, pela ausência de recepção 
pela CF/1988 no âmbito da ADPF 130, em 2009, relativamente aos dispositivos que previam tarifação 
do dano. 
No entanto, a Súmula é de 2004, cinco anos antes da ADPF 2009. O STJ, portanto, foi pioneiro ao vedar 
a tarifação legal no caso de dano extrapatrimonial. Em sua perspectiva mais ampla, ademais, ela prevê 
que não pode haver qualquer tarifação ou escalonamento objetivo nas indenizações por dano 
moral: 
STJ Súmula 281 
A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. 
A constituição de capital para pagamento de indenização na forma de pensionamento à vítima 
independe da situação financeira do executado. Assim, apenas porque o executado tem condições 
de arcar, no presente, com a pensão derivada de ato ilícito, isso não significa que sua situação se manterá 
no futuro, pelo que pode ser determinada a constituição de capital do mesmo modo: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
53 
90 
STJ Súmula 313 
Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou 
caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da 
situação financeira do demandado. 
A valor dado à causa relativamente ao dano moral, ou o valor pedido a título de danos morais, é 
meramente ilustrativo, de alçada. Por isso, a procedência do pedido, mas em montante inferior ao 
pedido, não caracteriza sucumbência recíproca, já que houve atendimento ao pedido de condenação 
pelo dano moral ocasionado: 
STJ Súmula 326 
Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na 
inicial não implica sucumbência recíproca. 
A Súmula 580 do STJ apenas veio aclarar um entendimento que é lógico do ponto de vista da Teoria das 
Obrigações. A correção monetária, em regra, incide desde o momento no qual o desembolso foi feito, ou 
desde que a pessoa deveria receber determinado valor, mas não recebeu, por algum motivo. 
O caput do art. 5º da Lei 6.194/1974, que trata do DPVAT, é claro ao dispor que “o pagamento da 
indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, 
independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de 
responsabilidade do segurado”.nossa responsabilidade 
civil é tradicionalmente baseada na culpa e porque outro grande ramo do Direito tem sua 
responsabilização centrada na culpa, o Direito Penal. 
A responsabilidade, assim, não depende de culpa, mas de imputação. Ou seja, determinada 
ilicitude deve gerar uma imputação a alguém. E só. Ponto. Atualmente, inclusive, fala-se até em 
responsabilidade por ato lícito, como mostrarei a você mais adiante. 
Trata-se de uma nova perspectiva, que funcionaliza também a responsabilidade civil. Ou seja, muito 
mais que a discussão a respeito da culpa, atenta-se para a função, ou as funções, que a responsabilidade 
civil apresenta. Por isso, passo às funções que a responsabilidade civil tem, atualmente. Quais são 
elas? 
 
Essa é a função mais básica da responsabilidade civil e geralmente fica intensamente ligada à 
indenização por danos materiais ou patrimoniais. O objetivo aqui lembra muito a Lei de Talião, num 
sentido “econômico”: “me fez perder dinheiro, você também vai perder dinheiro”, “deixei de ganhar 
dinheiro por sua causa, você é quem vai me pagar pelo prejuízo”. Em resumo, ab alio spectes alteri quod 
feceris (quem faz o mal, espere outro tal). 
É, em linhas gerais, a previsão do art. 927, ao estabelecer que aquele que causa dano a outrem 
fica obrigado a repará-lo. Desse dispositivo, a doutrina retira dois princípios, que são 
habitualmente muito utilizados pela jurisprudência: 
•Significa recolocar, recompor, reconstruir o status quo ante deteriorado pelo ato ilícito cometido
•Aqui não há componente sancionatório na responsabilização patrimonial, mas apenas conteúdo
ressarcitório
A. Ressarcitória/Indenizatória/Reparatória
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
5 
90 
 
 
Essa modalidade sempre foi discutida e continuamente trouxe controvérsia grande. Isso porque não se 
chega a um ponto pacífico quanto a quando uma indenização é devida. Ainda assim, a função 
compensatória é reconhecida contemporaneamente de maneira bastante ampla, sendo controversos 
apenas os casos de reconhecimento e o quantum devido. 
Em outras palavras, nós reconhecemos que o dano extrapatrimonial, imaterial, ou dano moral, 
é devido, mas não há exatamente um consenso sobre quando e quanto ele é devido. Apesar de ter 
sido reconhecida claramente no art. 186, a função compensatória é casuisticamente observada. Em 
outras palavras, é a jurisprudência quem vai visualizar se é, ou não, cabível dano de natureza 
compensatória. 
Por conta do princípio da restituição integral, que rege amplamente a responsabilidade civil brasileira, 
há dificuldade de se aceitar a função compensatória (e a punitiva, vista logo mais). As exceções estão 
previstas nos arts. 944, parágrafo único, e 945. 
No primeiro caso, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Ou seja, a restituição, 
para a vítima, não será integral. 
Por exemplo, imagine que você, indo para o trabalho, ao desviar de um pedestre que 
atravessa a rua desatento, bate no carro ao lado; o carro ao lado é um veículo de R$2 milhões 
e, com a batida, alguns fragmentos do veículo atingem o rosto da motorista, que é a modelo 
mais bem paga do mundo. Você consegue imaginar o valor da indenização? Nesse caso, o juiz poderá 
reduzir a indenização, já que sua culpa foi muito pequena e o dano à vítima, ao contrário, imenso. 
1. Restitutio in 
integrum
(restituição 
integral)
O dano deve ser integralmente ressarcido, o que significa dizer que ele não pode
ser nem ressarcido a menor nem a maior
Isso gera, assim, uma limitação ao ofensor e à vítima, pois aquele terá um piso a
indenizar e esta terá um teto a receber
2. Compensatio 
lucri cum damno
(compensação dos 
danos pelos lucros)
Efeito inverso do ato ilícito, quando ele, que num primeiro momento gerou dano,
acabou por posteriormente trazer benefícios à vítima
Nesse caso, os benefícios gerados pelo evento danoso devem ser descontados do
valor a indenizar
• No plano extrapatrimonial, é impossível recolocar o sujeito na situação anterior, ou seja,
o dano não comporta um dimensionamento econômico
• Por isso, equipara-se o dano a uma quantidade econômica, para fins de indenização
B. Compensatória
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
6 
90 
No segundo caso, quando a vítima concorre para o dano, num concurso de culpas, há 
mitigação da indenização, que será fixada se tendo em conta a gravidade de sua 
culpa em confronto com a do autor do dano. Novamente, a restituição não será 
integral. 
Isso ocorre, por exemplo, numa situação em que você, apressado para o trabalho, está 
acima do limite de velocidade permitido e, numa esquina, outro motorista fura o sinal. 
Nesse caso, como ambos têm culpa, um pelo excesso de velocidade, outro por não respeitar a preferência 
legal, a indenização será parcial, não integral a nenhum dos dois. 
Por isso, o grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional (dolo), deve ser levado em 
conta pelo juiz para a quantificação do dano moral. É a previsão do Enunciado 458 da V Jornada de 
Direito Civil. Ao contrário, o patrimônio do ofendido não pode funcionar como parâmetro 
preponderante para o arbitramento de compensação por dano extrapatrimonial, aduz o 
Enunciado 588 da VII Jornada de Direito Civil. 
Minudenciando ainda mais a previsão do art. 945, atente para o interessante Enunciado 630 da VIII 
Jornada de Direito Civil. Dispõe ele que culpas não se compensam. Para os efeitos desse dispositivo, 
cabe observar os seguintes critérios: (i) há diminuição do quantum da reparação do dano causado 
quando, ao lado da conduta do lesante, verifica-se ação ou omissão do próprio lesado da qual resulta o 
dano, ou o seu agravamento, desde que (ii) reportadas ambas as condutas a um mesmo fato, ou ao 
mesmo fundamento de imputação, conquanto possam ser simultâneas ou sucessivas, devendo-se 
considerar o percentual causal do agir de cada um. 
Tradicionalmente, são essas as duas funções que a doutrina aponta para a responsabilidade 
civil. Por isso, não se consideram as demais funções como funções genuínas, mas apenas funções 
incidentais, acidentais ou acessórias. 
Numa prova objetiva, você para por aqui. Numa prova dissertativa, por sua vez, é de pensar em outras 
funções à responsabilidade civil, tradicionalmente relegadas ao Direito Penal (função sancionatória ou 
punitiva), ao Direito Processual Civil (função preventiva) ou ao Direito dos Contratos (função de 
socialização dos riscos e danos). 
 
Aqui, destaca-se a Teoria dos Punitive Damages, amplamente utilizada pelo direito consuetudinário, mas 
que enfrenta forte resistência no Brasil, ainda com uma cultura muito arraigada na ideia de que o 
quantum deve sempre corresponder à perda sofrida pela vítima (restitutio in integrum). 
Em regra, aponta-se o art. 944, caput, como impedimento à função punitiva, dado que o dispositivo se 
baseia no dano, e não na ofensa (“A indenização mede-se pela extensão do dano”). Não obstante, o 
• Função peculiar, caminhando conjuntamente com a função compensatória do dano
• A quantificação do dano traz em si uma carga de punição ao ofensor (sem ligação
alguma com a responsabilidade criminal)
C. Sancionatória/Punitiva
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
7 
90 
Enunciado 379 da IV Jornada de Direito Civil estabelece que o art. 944, caput, não afasta a possibilidade 
de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil. 
Boa parte da jurisprudência já se utiliza da função punitiva ao estabelecerOu seja, provei que teve acidente? Recebo indenização. 
Logo, a indenização me é devida, pela leitura do art. 5º, desde o momento no qual o acidente ocorreu. 
Se não recebi a indenização nessa data, estou perdendo dinheiro pela desvalorização da moeda, o que 
atrai a aplicabilidade da correção monetária. Por isso, a correção monetária na indenização do 
seguro DPVAT é devida desde a data do evento danoso: 
STJ Súmula 580 
A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista 
no § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide desde 
a data do evento danoso. 
O STJ estabelece que para a indenização por dano extrapatrimonial deve se dar por arbitramento 
equitativo, a partir da aplicação do chamado método bifásico. Ao longo da aula eu mostrei a você, 
resumidamente, como funciona o método bifásico. 
Parte da doutrina critica esse julgado por duas razões. Primeiro, porque ele feriria a impossibilidade de 
tarifação do dano extrapatrimonial. Segundo, porque ele seria bifásico apenas na superfície, mas 
monofásico na gênese. Isso porque os elementos da segunda fase estariam contidos já na primeira: 
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE MENOR POR AFOGAMENTO. 
RESPONSABILIDADE DO CLUBE PELA FALHA NO SERVIÇO. DANO MORAL. QUANTUM 
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO. MÉTODO BIFÁSICO. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
54 
90 
NÚCLEO FAMILIAR. SUJEITO DO DANO. NECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA 
INDENIZAÇÃO. PENSÃO MENSAL DEVIDA. O método bifásico, como parâmetro para a 
aferição da indenização por danos morais, atende às exigências de um arbitramento 
equitativo, pois, além de minimizar eventuais arbitrariedades, evitando a adoção de critérios 
unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano. Traz um ponto de equilíbrio, 
pois se alcançará uma razoável correspondência entre o valor da indenização e o interesse 
jurídico lesado, além do fato de estabelecer montante que melhor corresponda às 
peculiaridades do caso. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado 
tendo-se em conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes 
jurisprudenciais acerca da matéria (grupo de casos). Na segunda fase, ajusta-se o valor às 
peculiaridades do caso, com base nas suas circunstâncias (gravidade do fato em si, 
culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes), 
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo 
juiz (REsp 1332366/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
10/11/2016, DJe 07/12/2016). 
2. Prescrição da indenização 
A ação do segurado em face do segurador, em caso de verificação de sinistro, prescreve no curto 
prazo de 1 ano, segundo o STJ. Assim, não se aplica o prazo trienal para a reparação civil, mas o prazo 
específico ânuo do art. 206, §1º, inc. II, alíneas a”” e “b”: 
STJ Súmula 101 
A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano. 
A Súmula 39 do STJ, de 1992, ainda trata da prescrição sob a perspectiva do CC/1916, pelo que precisa 
ser relida à luz do CC/2002. Assim, prescreve em 10 anos a ação de indenização por 
responsabilidade civil contra sociedade de economia mista: 
STJ Súmula 39 
Prescreve em vinte anos a ação para haver indenização, por responsabilidade civil, de 
sociedade de economia mista. 
A Corte tem entendimento sedimentando há tempos que “a demora na busca da reparação do dano 
moral é fator influente na fixação do quantum indenizatório, a fazer obrigatória a consideração do tempo 
decorrido entre o fato danoso e a propositura da ação” (EREsp 526.299). Isso porque a Corte tem 
entendimento de que o dano moral tem certa natureza de “dor”. 
A despeito de numerosos julgados em contrário, fixando-se, em geral, a tese de que o dano moral se liga 
à violação de algum aspecto da dignidade da pessoa humana, aqui se vê como, no fundo, o julgador ainda 
trabalha com a perspectiva de que o dano moral é sim sinônimo de sofrimento ou dor. Do contrário, não 
faria sentido em reduzir o valor da indenização com o passar do tempo, já que há não prescrição 
contínua no ordenamento jurídico brasileiro. Fica o questionamento, em todo caso. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
55 
90 
Porém, a Corte entendeu que esse posicionamento não se coaduna com a situação em que o autor da 
ação de indenização era absolutamente incapaz à época do infortúnio. Por isso, o STJ, acertadamente, 
compreendeu que o entendimento consolidado na Corte acerca da redução do quantum 
indenizatório pela demora na propositura da demanda não deve ser aplicado em se tratando de 
absolutamente incapaz: 
AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. 
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. MORTE DO GENITOR. FILHAS MENORES. DEMORA PARA 
AJUIZAMENTO DA DEMANDA. DESINFLUÊNCIA NO ARBITRAMENTO. A demora na busca da 
compensação por dano moral, quando justificada pela interrupção prescricional da 
pretensão dos autores – menores à época do evento danoso – não configura desídia apta a 
influenciar a fixação do valor indenizatório (REsp 1.529.971-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas 
Cueva, por unanimidade, julgado em 12/9/2017, DJe 19/9/2017). 
3. Pessoa jurídica 
De modo a encerrar qualquer controvérsia, a Súmula 227 estabelece de maneira bastante clara e 
objetiva que a pessoa jurídica pode ser indenizada na ocorrência de dano moral, por equiparação 
às pessoas físicas. Vale lembrar que essa súmula é de 1999, ou seja, ainda antes da existência do art. 52 
do CC/2002 que ao dizer que se aplica “às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da 
personalidade”, sedimentou o entendimento jurisprudencial a respeito do cabimento de danos morais 
às pessoas jurídicas: 
STJ Súmula 227 
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
Pode sofrer pessoa jurídica de direito público dano moral? Segundo o STJ, não, por subversão à 
lógica dos danos e pela possibilidade de subversão da ordem democrática: 
DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INFORMAÇÕES 
VEICULADAS EM REDE DE RÁDIO E TELEVISÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL 
AJUIZADA POR MUNICÍPIO CONTRA O PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE. DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. RECONHECIMENTO LIMITADO. 
Em razão disso, de modo geral, a doutrina e jurisprudência nacionais só têm reconhecido às 
pessoas jurídicas de direito público direitos fundamentais de caráter processual ou 
relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou competência de 
entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos oponíveis ao próprio Estado e não ao particular. 
Porém, ao que se pôde pesquisar, em se tratando de direitos fundamentais de natureza 
material pretensamente oponíveis contra particulares, a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal nunca referendou a tese de titularização por pessoa jurídica de direito 
público. No caso em exame, o reconhecimento da possibilidade teórica de o município 
pleitear indenização por dano moral contra o particular constitui a completa subversão da 
essência dos direitos fundamentais, não se mostrando presente nenhum elemento 
justificador do pleito, como aqueles apontados pela doutrina e relacionados à defesa de suas 
prerrogativas, competência ou alusivos a garantias constitucionais do processo. Pretende-se 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
56 
90 
a responsabilidade de rede de rádio e televisão local por informaçõesveiculadas em sua 
programação que, como alega o autor, teriam atingido a honra e a imagem da própria 
Municipalidade. Tal pretensão representa real ameaça a centros nervosos do Estado 
Democrático de Direito, como a imprensa livre e independente, ameaça que poderia voltar-
se contra outros personagens igualmente essenciais à democracia. A Súmula n. 227/STJ 
constitui solução pragmática à recomposição de danos de ordem material de difícil 
liquidação - em regra, microdanos - potencialmente resultantes do abalo à honra objetiva da 
pessoa jurídica. Cuida-se, com efeito, de resguardar a credibilidade mercadológica ou a 
reputação negocial da empresa, que poderiam ser paulatinamente fragmentadas por 
violações a sua imagem, o que, ao fim e ao cabo, conduziria a uma perda pecuniária na 
atividade empresarial. Porém, esse cenário não se verifica no caso de suposta violação à 
imagem ou à honra - se existente - de pessoa jurídica de direito público (REsp 1258389/PB, 
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 
15/04/2014). 
3. Dano in re ipsa 
A doutrina defende que a possibilidade de considerar o dano moral como in re ipsa decorre da existência 
de uma comunhão de valores éticos e sociais ou, ainda, de uma essência comum universal dos seres 
humanos. Nessa linha de raciocínio, e considerando a falta dessa “essência comum”, é impossível ao 
julgador avaliar a existência e a extensão de danos morais supostamente sofridos pela pessoa jurídica, 
sem qualquer tipo de comprovação. Disso não decorre, contudo, a impossibilidade da utilização de 
presunções ou regras de experiência no julgamento de pedidos de indenização por danos morais 
sofridos por pessoa jurídica. 
Nesse sentido, apesar de incabível haver dano moral in re ipsa em favor de pessoa jurídica, 
cabíveis presunções a respeito, como é o caso de protesto indevido de cambial ou outros documentos 
de dívida, mesmo tendo o pagamento sido feito em atraso: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROTESTO INDEVIDO. PAGAMENTO EM 
ATRASO. DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. Para a pessoa jurídica, o dano moral não se 
configura in re ipsa, por se tratar de fenômeno muito distinto daquele relacionado à pessoa 
natural. É, contudo, possível a utilização de presunções e regras de experiência no 
julgamento (REsp 1564955/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 06/02/2018, DJe 15/02/2018). 
Há, em algumas situações, entendimento consolidado de que certos danos são in re ipsa, ou seja, 
dispensam a prova do dano. Ou seja, a pessoa não precisa provar qualquer violação a direito de 
personalidade ou que efetivamente tenha “sofrido” ou passado por situações vexatórias. 
Basta provar que há uma conduta violadora e nexo de causalidade entre ela e o alegado dano 
extrapatrimonial, presumindo-se o dano. É o caso da devolução indevida de cheque, que gera dever 
de indenizar, verificando-se aí dano in re ipsa, ou seja, dano que dispensa prova. Desnecessário é 
demonstrar “sofrimento” ou efetivo prejuízo; basta comprovar a conduta: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
57 
90 
STJ Súmula 388 
A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 
Outra situação de presunção de dano (dano in re ipsa) está na publicação indevida, sem 
autorização, de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Basta provar a conduta e o 
nexo de causalidade para se verificar dano moral indenizável: 
STJ Súmula 403 
Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de 
pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
O STJ reconhece a existência de dano material no caso de uso indevido da marca, uma vez que a própria 
violação do direito se revela capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular, como, por exemplo, 
no desvio de clientela e na confusão entre as empresas, acarretando inexorável prejuízo. O dano moral 
por uso indevido da marca é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera 
comprovação da prática de conduta ilícita, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos 
concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral: 
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. USO INDEVIDO DE MARCA DE EMPRESA. 
SEMELHANÇA DE FORMA. DANO MATERIAL. OCORRÊNCIA. PRESUNÇÃO. DANO MORAL. 
AFERIÇÃO. IN RE IPSA. DECORRENTE DO PRÓPRIO ATO ILÍCITO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 
RECURSO PROVIDO (REsp 1327773/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA 
TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 15/02/2018). 
5. Teoria da perda de uma chance 
A vedação de revolvimento de fatos e de revisão de provas pelo STJ é bastante contundente, sendo que 
a esmagadora maioria dos casos que chegam à Corte não têm o mérito analisado por esbarrarem na 
Súmula 7. No entanto, a própria Corte excepciona o entendimento consolidado nesse enunciado 
quanto ao dano moral, permitindo-se rever os valores quando eles são irrisórios ou exagerados. 
Esse entendimento é bastante antigo já no STJ: 
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. VALOR DA CONDENAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIAS. 
PRECEDENTES. O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior 
Tribunal de Justiça, notadamente quando o quantum contraria a razoabilidade, mostrando-
se exagerado ou irrisório, distanciando-se das finalidades da lei. Na espécie, diante das 
circunstâncias, e também em face dos precedentes da Turma, o valor fixado mostrou-se 
modesto, a reclamar elevação (AgRg no REsp 324.130/DF, Rel. Ministro SÁLVIO DE 
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2001, DJ 04/02/2002, p. 386). 
O STJ reconheceu a aplicação da “Teoria da perda de uma chance”, em 2005, no caso do “Show do 
Milhão” pela primeira vez. Posteriormente, a Corte ainda aplicou a Teoria a outras situações, 
especialmente em casos advocatícios (perda de prazo) e médicos (perda de capacidade física). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
58 
90 
É aplicável a “Teoria da perda de uma chance” à situação na qual o advogado perde o prazo para 
interpor medida que poderia beneficiar o cliente. A indenização pode abranger tanto danos 
materiais quanto danos morais. No entanto, a perda do prazo não gera, automaticamente, dever de 
indenizar decorrente da aplicação da Teoria, mas se deve analisar a real probabilidade de sucesso da 
demanda, em casos análogos, frustrada pela desídia do causídico (REsp 993.936/RJ): 
RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO PELA PERDA DO PRAZO DE APELAÇÃO. TEORIA DA 
PERDA DA CHANCE. APLICAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA NA 
FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE REVISÃO DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
SÚMULA 7, STJ. APLICAÇÃO. A responsabilidade do advogado na condução da defesa 
processual de seu cliente é de ordem contratual. Embora não responda pelo resultado, o 
advogado é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual no exercício do mandato. Ao 
perder, de forma negligente, o prazo para a interposição de apelação, recurso cabível na 
hipótese e desejado pelo mandante, o advogado frusta as chances de êxito de seu cliente. 
Responde, portanto, pela perda da probabilidade de sucesso no recurso, desde que tal chance 
seja séria e real. Não se trata, portanto, de reparar a perda de “uma simples esperança 
subjetiva”, nem tampouco de conferir ao lesado a integralidade do que esperava ter caso 
obtivesse êxito ao usufruir plenamente de sua chance. A perda da chance se aplica tanto aos 
danos materiais quanto aos danos morais (REsp 1079185/MG, Rel. Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 04/08/2009). 
É aplicável a “Teoria da perda de uma chance” à situação na qual o político perde a eleição por 
margem ínfima de votos por conta da divulgação de notícias falsas a seurespeito, às vésperas da 
eleição. Assim, em que pese não poder ele retomar o mandato eletivo, já que perdeu o pleito, pode haver 
indenização por conta do ocorrido: 
RECURSO ESPECIAL. 1) NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL AFASTADA. 2) PERDA 
DE CHANCE QUE GERA DEVER DE INDENIZAR. 3) CANDIDATO A VEREADOR, SOBRE QUEM 
PUBLICADA NOTÍCIA FALSA, NÃO ELEITO POR REDUZIDA MARGEM DE VOTOS. 4) FATO DA 
PERDA DA CHANCE QUE CONSTITUI MATÉRIA FÁTICA NÃO REEXAMINÁVEL PELO STJ. As 
Turmas que compõem a Segunda Seção desta Corte vêm reconhecendo a possibilidade de 
indenização pelo benefício cuja chance de obter a parte lesada perdeu, mas que tinha 
possibilidade de ser obtida. Aplica-se a teoria da perda de uma chance ao caso de candidato 
a Vereador que deixa de ser eleito por reduzida diferença de oito votos após atingido por 
notícia falsa publicada por jornal, resultando, por isso, a obrigação de indenizar (REsp 
821.004/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 
24/09/2010). 
A “Teoria da perda de uma chance” tem grande aplicação na seara médica, especialmente nos 
casos de dano à pessoa. Caso comum de visualização dela é quando o médico dispensa tratamento 
evidentemente inadequado de acordo com a literatura médica especializada, reduzindo as 
chances de cura do paciente. 
Essa situação, aliada à morte da pessoa, deve ser vista com cuidado. Em princípio, o dano é causado por 
força da doença, e não pela falha de tratamento. No entanto, se há participação do médico nesse 
resultado, possível se falar em dever de indenizar pela chance perdida: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
59 
90 
DIREITO CIVIL. CÂNCER. TRATAMENTO INADEQUADO. REDUÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE 
CURA. ÓBITO. IMPUTAÇÃO DE CULPA AO MÉDICO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA 
TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PERDA DE UMA CHANCE. REDUÇÃO 
PROPORCIONAL DA INDENIZAÇÃO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. O STJ 
vem enfrentando diversas hipóteses de responsabilidade civil pela perda de uma chance em 
sua versão tradicional, na qual o agente frustra à vítima uma oportunidade de ganho. Nessas 
situações, há certeza quanto ao causador do dano e incerteza quanto à respectiva extensão, 
o que torna aplicável o critério de ponderação característico da referida teoria para a fixação 
do montante da indenização a ser fixada. Precedentes. Nas hipóteses em que se discute erro 
médico, a incerteza não está no dano experimentado, notadamente nas situações em que a 
vítima vem a óbito. A incerteza está na participação do médico nesse resultado, à medida 
que, em princípio, o dano é causado por força da doença, e não pela falha de tratamento. 
Conquanto seja viva a controvérsia, sobretudo no direito francês, acerca da aplicabilidade da 
teoria da responsabilidade civil pela perda de uma chance nas situações de erro médico, é 
forçoso reconhecer sua aplicabilidade. Basta, nesse sentido, notar que a chance, em si, pode 
ser considerado um bem autônomo, cuja violação pode dar lugar à indenização de seu 
equivalente econômico, a exemplo do que se defende no direito americano. Prescinde-se, 
assim, da difícil sustentação da teoria da causalidade proporcional. Admitida a indenização 
pela chance perdida, o valor do bem deve ser calculado em uma proporção sobre o prejuízo 
final experimentado pela vítima. A chance, contudo, jamais pode alcançar o valor do bem 
perdido. É necessária uma redução proporcional (REsp 1254141/PR, Rel. Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 20/02/2013). 
A “Teoria da perda de uma chance” também se aplica aos casos nos quais não é feita a coleta de 
células-tronco de recém-nato cujos pais contratam o serviço, gerando dano moral indenizável. 
Irrelevante que a criança que mova a ação esteja em tenra idade, porque, como já assentado na 
jurisprudência, o absolutamente incapaz (com menos de 16 anos) e mesmo o nascituro podem sofrer 
achaques que originam o dever de indenizar: 
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERDA DE UMA CHANCE. 
DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS DO 
CORDÃO UMBILICAL DO RECÉM NASCIDO. NÃO COMPARECIMENTO AO HOSPITAL. 
LEGITIMIDADE DA CRIANÇA PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL 
CARACTERIZADO. Demanda indenizatória movida contra empresa especializada em coleta 
e armazenagem de células tronco embrionárias, em face da falha na prestação de serviço 
caracterizada pela ausência de prepostos no momento do parto. Não se exige a comprovação 
da existência do dano final, bastando prova da certeza da chance perdida, pois esta é o objeto 
de reparação. Caracterização de dano extrapatrimonial para criança que tem frustrada a 
chance de ter suas células embrionárias colhidas e armazenadas para, se for preciso, no 
futuro, fazer uso em tratamento de saúde (REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO 
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014). 
O STJ entende que, demonstrada a chance real de ganho, a perda de um prazo pelo atraso na 
entrega da correspondência é conduta sujeita à reparação pecuniária pela aplicação da “Teoria da 
perda de uma chance”: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
60 
90 
RECURSO ESPECIAL - PROCESSUAL CIVIL - CIVIL - TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE - 
PARTICIPAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE - ENVIO DA PROPOSTA 
PELO CORREIO A ESTADO DIVERSO DA FEDERAÇÃO - POSSIBILIDADE CONCRETA DE 
ÊXITO - PREJUÍZO REAL - ART. 159 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - SÚMULA Nº 7/STJ. CUSTAS 
PROCESSUAIS. ISENÇÃO. A teoria da perda de uma chance incide em situações de 
responsabilidade contratual e extracontratual, desde que séria e real a possibilidade de êxito, 
o que afasta qualquer reparação no caso de uma simples esperança subjetiva ou mera 
expectativa aleatória. O êxito em licitação, possibilidade frustrada em virtude da conduta 
ilícita da empresa responsável pela entrega, em tempo hábil, da documentação devidamente 
enviada, enseja dano concreto, aferível à luz do art. 159 do Código Civil de 1916 (REsp 
614.266/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
18/12/2012, DJe 02/08/2013). 
6. Seguro automobilístico e DPVAT 
Imagine que você sofra um acidente automobilístico. Busca indenização do causador do dano e também 
procura obter a indenização do seguro obrigatório, DPVAT, que você, e todo mundo que tem um veículo 
automotor, paga. Recebe do DPVAT valores de R$3 mil. 
O magistrado dá procedência ao seu pedido indenizatório contra o motorista e determina indenização 
por danos materiais e morais no valor de R$10 mil. Você receberá, portanto, R$13mil? Segundo o STJ, 
não. 
A Súmula 246 é bastante controvertida por isso. Determina que caso seja fixada indenização por 
acidente automobilístico, a vítima terá descontados os valores recebidos a título de DPVAT. No 
exemplo que eu dei, você receberá do ofensor apenas R$7 mil. A crítica é dupla. 
Tecnicamente falando, criticável porque a fonte do dever de indenizar é distinta. Uma se origina de 
seguro, seja ele obrigatório ou não. Além disso, ela viola uma lógica da Responsabilidade Civil, que é a 
tutela da vítima. O enunciado tutela o ofensor, pois permite que ele indenize em valor inferior ao que se 
julga necessário. 
STJ – Súmula 246 
O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada. 
Mesmo que não esteja adimplente em relação ao pagamento do DPVAT, a vítima de acidente 
automobilístico faz jus ao recebimento da indenização. Isso, em certa medida, contraria a regra do 
contrato de seguro (que no caso do DPVAT é obrigatório), que impede a percepção da indenização em 
caso de inadimplência do prêmio. 
Porém, necessário ir além. O que acontececom um pedestre que é atropelado por um veículo, ele recebe 
ou não recebe indenização do DPVAT? Claro que sim, mesmo que nunca pague nem um tostão, porque 
os pedestres, apesar de receberem indenização pelo seguro obrigatório, não o pagam. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
61 
90 
Assim, seria contrassensual permitir que mesmo por pessoas que não pagam o DPVAT recebessem o 
seguro, não porque inadimplentes, mas simplesmente porque não têm dever legal de fazê-lo, e pessoas 
que pagam, mas estão inadimplentes, não recebessem: 
STJ – Súmula 257 
A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por 
Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento 
da indenização. 
Havia grande discussão a respeito do tabelamento das indenizações do DPVAT. Isso porque muitos 
juízes, a despeito de uma redução ordenada pela lei, em caso de invalidez parcial, acabavam deferindo 
a indenização no valor integral, por variadas razões. O STJ, então, em 2012, fixou o entendimento de que 
a indenização do DPVAT deve ser paga de maneira proporcional, em caso de invalidez também 
proporcional: 
STJ – Súmula 474 
A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de 
forma proporcional ao grau da invalidez. 
Uma pessoa sofre um acidente. Sofre lesões que a invalidam permanentemente e, não em razão da lesão, 
mas depois da invalidez, ela morre. Podem os sucessores requer a indenização pela invalidez? 
O STJ entendeu que os sucessores da vítima têm legitimidade para ajuizar ação de cobrança para 
obter a indenização do seguro DPVAT por invalidez permanente ocorrida antes da morte do de 
cujus. Obviamente que a ação tem de ser proposta dentro do prazo prescricional para a obtenção 
da indenização. 
Isso porque não há como o próprio morto fazê-lo, ainda que pudesse quando vivo, estendendo-se a 
legitimidade aos herdeiros. Veja que não se trata de ação pessoal, cuja morte extingue a legitimidade, 
como nos casos de revogação da doação por agressão física, por exemplo. Não intentada a lide pelo 
doador em face do donatário, se aquele vem a falecer, mas não em decorrência da agressão, não podem 
os herdeiros fazê-lo: 
SEGURO DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. INDENIZAÇÃO. MORTE POSTERIOR DO 
SEGURADO DESVINCULADA DO ACIDENTE DE TRÂNSITO. DIREITO PATRIMONIAL. 
SUCESSORES. LEGITIMIDADE PARA COBRANÇA. Os sucessores da vítima têm legitimidade 
para ajuizar ação de cobrança de pagamento de indenização do seguro DPVAT por invalidez 
permanente ocorrida antes da morte daquela (REsp 1.185.907-CE, Rel. Min. Maria Isabel 
Gallotti, por unanimidade, julgado em 14/2/2017, DJe 21/2/2017). 
Fora das hipóteses do DPVAT, no caso de seguro automobilístico facultativo, a vítima do evento 
danoso não pode manejar a ação de indenização em face da seguradora do causador do dano, 
direta e exclusivamente: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
62 
90 
STJ – Súmula 529 
No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro 
prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano. 
7. Depósito (estacionamentos, bagagens etc.) 
Não responde o depositário por roubo ocorrido no depósito, caso tenha ele sistema de segurança 
adequado, em caso de transportadora. Caracteriza-se aí fato exclusivo ou culpa exclusiva de terceiro. 
Evidente que o que se espera de uma transportadora é que ela tenha sistemas de segurança adequados, 
mas não sistemas de segurança que excedem o comum: 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTADORA. ROUBO. FORTUITO 
EXTERNO. Hipótese em que o acórdão recorrido reconhece que a empresa transportadora 
mantinha segurança adequada em seu depósito, com muros altos e monitoramento 
adequado via rádio e segurança, não tendo tido parcela de culpa alguma no roubo da 
mercadoria a ser transportada mediante assalto a mão armada cometido por grande número 
de homens, com moderno armamento e ameaça de morte aos funcionários da 
transportadora (AgRg no REsp 748.322/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, 
QUARTA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 18/12/2012). 
O roubo nas dependências do hotel, por criminosos fortemente armados, sendo que o hotel 
mantém segurança adequada e não se omitiu ou facilitou a ação daqueles, afasta o dever de 
indenizar. Aqui, novamente, a ação dos bandidos constitui fortuito externo por fato exclusivo ou culpa 
exclusiva de terceiros e não gera dever de indenizar: 
Direito civil. Assalto à mão armada no interior de hotel. Hipótese em que, durante a noite, os 
recepcionistas do estabelecimento foram rendidos pelos criminosos, que invadiram o quarto 
do autor e lhe roubaram joias que portava consigo, para venda em feira de artesanato. Caso 
fortuito configurado. - De acordo com as regras do Código Civil de 1916, a responsabilidade 
do hotel por roubo à mão armada no interior do estabelecimento somente se caracteriza caso 
fique comprovado que agiu com culpa, facilitando a ação dos criminosos ou omitindo-se de 
impedi-la. - Comprovado que os recepcionistas do hotel agiram de maneira correta, 
procurando barrar a entrada dos criminosos, e que a chave mestra dos quartos somente foi 
entregue aos assaltantes mediante ameaça de morte com arma de fogo, resta caracterizado 
caso fortuito. - Na hipótese, o hóspede portava quantidade considerável de joias, que 
expunha para venda em público em feira livre. Desempenhava, portanto, atividade de risco, 
que não declarou ao hotel no check in. Também não se utilizou do cofre conferido pelo 
estabelecimento para guarda de objetos de valor. (REsp 841.090/DF, Rel. Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/10/2006, DJ 12/02/2007, p. 261). 
Inversamente aos casos da transportadora e do hotel, responde o banco pelo roubo de joias 
depositadas na instituição perpetrado por terceiros. Nesse caso, ao contrário, há fortuito interno, 
inerente à atividade. Evidente que o que se espera de um banco é que ele tenha sistemas de segurança 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
63 
90 
não apenas adequados, mas sistemas de segurança que excedem o comum, ou seja, que sejam mais 
seguros do que a segurança que a própria pessoa teria: 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. 
RESPONSABILIDADE CIVIL. ROUBO DE JÓIAS DEPOSITADAS EM COFRE DE BANCO. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FATO DE TERCEIRO NÃO RECONHECIDO. RISCO DO 
NEGÓCIO. PRECEDENTE ESPECÍFICO. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1229551/SP, 
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/09/2012, 
DJe 27/09/2012). 
A Súmula 130 do STJ trata apenas de dano ou furto, mas a jurisprudência da Corte já há tempos inclui o 
roubo no rol de situações que geram indenização ao consumidor lesado. Além disso, a mera gratuidade 
do estacionamento não tem o condão de afastar o dever de indenizar do estabelecimento. 
O que foi foco desse julgado foi o porte e o tipo do estabelecimento. O STJ afirmou que, de fato, tem 
jurisprudência farta a respeito da indenizabilidade de roubo ocorrido nas dependências de shopping 
centers e hipermercados. Igualmente, se for o estacionamento privado, vale a mesma regra. Isso porque 
esse tipo de comércio trabalha com a justa expectativa do consumidor de que está em “local seguro”, no 
caso de shopping centers e hipermercados ou, no caso de estacionamentos, porque essa é a atividade 
própria (guardar veículos em segurança). 
No entanto, num restaurante no qual o estacionamento é aberto (sem grades, cercas),sem aparato de 
segurança (câmeras, vigilância armada), sem restrição (não tem cancela, tíquete) e gratuito, não é de 
esperar proteção idêntica. 
Talvez a imagem mental resuma bem: basta imaginar o estacionamento dos tradicionais shoppings e o 
estacionamento do Mc Donald’s. Você certamente não espera o mesmo nível de segurança nos dois 
estabelecimentos. 
Foi exatamente isso que o STJ decidiu. Se o estabelecimento tem estacionamento externo, gratuito, 
sem controle ou segurança substancial, o roubo perpetrado com arma de fogo e grave ameaça 
constitui fortuito externo, que afasta o dever de indenizar: 
AÇÃO INDENIZATÓRIA. ROUBO DE MOTOCICLETA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ÁREA 
EXTERNA DE LANCHONETE. ESTACIONAMENTO GRATUITO. FORTUITO EXTERNO. 
SÚMULA N. 130/STJ. INAPLICABILIDADE. A incidência do disposto na Súmula 130/STJ não 
alcança as hipóteses de crime de roubo a cliente de lanchonete, praticado mediante grave 
ameaça e com emprego de arma de fogo, ocorrido no estacionamento externo e gratuito 
oferecido pelo estabelecimento comercial (REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 15/08/2017, 
DJe 13/10/2017). 
O drive-thru, em linhas gerais, é a forma de atendimento ou de serviço diferenciado de fornecimento de 
mercadorias em que o estabelecimento comercial disponibiliza aos seus clientes a opção de aquisição 
de produtos sem que tenham que sair do automóvel. O consumidor é atendido e servido ao passar com 
o veículo pelo restaurante, mais precisamente em área contígua à loja. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
64 
90 
Assim como ocorre nos assaltos em estacionamentos, a rede de restaurantes, ao disponibilizar o serviço 
de drive-thru em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos 
consumidores, assumiu o dever implícito de lealdade e segurança em qualquer relação contratual, como 
incidência concreta do princípio da confiança. De fato, dentro do seu poder de livremente contratar e 
oferecer diversos tipos de serviços, ao agregar a forma de venda pelo drive-thru ao empreendimento, 
acaba por incrementar, de alguma forma, o risco à sua atividade, notadamente por instigar os 
consumidores a efetuar o consumo de seus produtos de dentro do veículo, em área contígua ao 
estabelecimento, deixando-os, por outro lado, mais expostos e vulneráveis a intercorrências criminais. 
Diante disso, verifica-se que se a pessoa é vítima de furto ou roubo no drive-thru, o serviço 
disponibilizado foi inadequado e ineficiente, não havendo falar em caso fortuito ou força maior. Há, sim, 
fortuito interno, porquanto incidente na proteção dos riscos esperados da atividade empresarial 
desenvolvida e na frustração da legítima expectativa de segurança do consumidor-médio, 
concretizando-se o nexo de imputação na frustração da confiança a que fora induzido o cliente. Por isso, 
a lanchonete responde pela reparação de danos sofridos pelo consumidor que foi vítima de 
crime ocorrido no drive-thru do estabelecimento comercial: 
RESPONSABILIDADE CIVIL E CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. ASSALTO À MÃO 
ARMADA EM DRIVE-THRU DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. FORTUITO INTERNO. 
FATO DO SERVIÇO. RELAÇÃO DE CONSUMO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR (REsp 
1450434/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
18/09/2018, DJe 09/11/2018). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Chegamos ao final desta aula! Você pôde ver o funcionamento geral da Responsabilidade Civil por meio 
da Teoria Geral. Fazendo uma analogia marinha, vimos a cabeça do polvo. Esse polvo espalhará seus 
tentáculos por numerosos sub-ramos do Direito: Administrativo, Processual, Penal, Ambiental, do 
Consumidor, do Trabalho etc. Cada “braço” do polvo apresentará peculiaridades próprias, mas a cabeça 
está aqui! 
Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar em contato comigo. Estou 
disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do Curso, mas também nas redes sociais, claro. 
Estou aguardando você na próxima aula. Até lá! 
Paulo H M Sousa 
QUESTÕES COMENTADAS 
Juiz 
1. (CESPE – TJ/CE – Juiz Estadual Substituto – 2018) Pedro descobriu que seu nome havia 
sido inscrito em órgãos de restrição ao crédito por determinada instituição financeira em 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
65 
90 
decorrência do inadimplemento de contrato fraudado por terceiro. Nesse caso hipotético, a 
instituição financeira 
a) não responderá civilmente, uma vez que se trata de fato de terceiro, mas deverá proceder à retirada 
do registro negativo no nome de Pedro. 
b) não responderá civilmente, porque a fraude configura uma excludente de caso fortuito externo. 
c) responderá civilmente na modalidade objetiva integral. 
d) responderá civilmente apenas se Pedro comprovar que sofreu prejuízos devido à inscrição de seu 
nome nos órgãos de restrição ao crédito. 
e) responderá civilmente na modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois a instituição deverá responder, na medida em que o caso 
apresentado trata de fortuito interno, conforme dispõe o art. 14 do CDC: “O fornecedor de serviços 
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. 
A alternativa B está incorreta, porque é de se destacar que a fraude é diretamente ligada ao exercício 
do serviço bancário, sendo própria aos riscos da atividade, sendo, portanto, considerada como caso 
fortuito interno. Dessa maneira entende o STJ, na Súmula 479: “As instituições financeiras respondem 
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por 
terceiros no âmbito de operações bancárias 
A alternativa C está incorreta, porque não se fala em responsabilidade civil objetiva integral no direito 
brasileiro, situação que geraria o dever de indenizar ainda que houvesse culpa ou dolo da vítima. 
A alternativa D está incorreta, na medida em que entende de maneira pacífica o STJ que se trata de 
dano presumido, dispensando-se prova efetiva do dano (STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 577.584/SP, rel. 
Min. Raul Araujo, j. 24.10.2014). 
A alternativa E está correta, pois expressa o posicionamento atual do STJ (REsp 685.662) a respeito do 
tema: “A responsabilidade objetiva das instituições financeiras se funda na teoria do risco empresarial”. 
2. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Caio, servidor público municipal aposentado, contratou Tício 
para que ajuizasse ação contra o Município, pleiteando o pagamento de auxílio-alimentação. O 
pedido foi julgado improcedente em sentença, confirmada pelo Tribunal Estadual. Sem requerer 
autorização de Caio, Tício deixou de apresentar recursos aos Tribunais Superiores, em razão da 
Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal nº 55, a qual consubstancia o entendimento de 
que “o direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos”. 
É correto afirmar que Tício: 
a) não deve ser condenado, tendo em vista que a condenação pela perda de uma chance pressupõe a 
possibilidade de vitória na demanda, não existente no caso, em razão da súmula vinculante. 
b) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor 
equivalente à pretensão de Caio, podendo ser acrescida de lucros cessantes e danos morais. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
6690 
c) não pode ser condenado por não ter recorrido, tendo em vista o não acolhimento pelo ordenamento 
jurídico brasileiro da teoria da perda de uma chance. 
d) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor a ser 
apurado, não podendo ser equivalente à pretensão de Caio, tendo em vista que o que se indeniza é a 
perda da chance e não a pretensão perdida. 
e) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, tendo em vista 
que, mesmo improvável a vitória, Caio tinha o direito de requerer sua pretensão em juízo em última 
instância. 
Comentários 
A alternativa A está correta, porque o STJ, em reiterada jurisprudência, exige que a chance seja real, 
séria e probabilisticamente razoável, o que aconteceu no caso. Em sentido contrário, veja quando a Corte 
entende que caberia a aplicação da teoria: “RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO PELA PERDA DO 
PRAZO DE APELAÇÃO. TEORIA DA PERDA DA CHANCE. APLICAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. 
ADMISSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE REVISÃO DO CONTEXTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7, STJ. APLICAÇÃO. A responsabilidade do advogado na condução da 
defesa processual de seu cliente é de ordem contratual. Embora não responda pelo resultado, o 
advogado é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual no exercício do mandato. Ao perder, de 
forma negligente, o prazo para a interposição de apelação, recurso cabível na hipótese e desejado pelo 
mandante, o advogado frusta as chances de êxito de seu cliente. Responde, portanto, pela perda da 
probabilidade de sucesso no recurso, desde que tal chance seja séria e real. Não se trata, portanto, de 
reparar a perda de “uma simples esperança subjetiva”, nem tampouco de conferir ao lesado a 
integralidade do que esperava ter caso obtivesse êxito ao usufruir plenamente de sua chance. A perda 
da chance se aplica tanto aos danos materiais quanto aos danos morais (REsp 1079185/MG, Rel. 
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 04/08/2009)”. 
A alternativa B está incorreta, porque, como visto, não há probabilidade real de vitória, inexistindo 
responsabilidade. 
A alternativa C está incorreta, já que o ordenamento jurídico brasileiro consagrou a aplicação da teoria, 
pela doutrina e pela jurisprudência. 
A alternativa D está incorreta, estando essa assertiva, em larga medida, em contradição interna. 
Indeniza-se a perda de uma chance que, no caso, era a pretensão perdida. 
A alternativa E está incorreta, evidentemente, pelo que já se disse. Não se poderia imputar ao 
procurador a obrigação de recorrer eternamente. 
3. (ENAMAT – TST – Juiz do Trabalho Substituto – 2017) Em uma pequena comunidade, em que 
todas as construções foram erguidas com a instalação de portas de madeira de alto custo, 
Nero, ali residente, soltou, em plena época de festejos juninos, um balão que caiu sobre a casa 
de Antônio, incendiando-a por completo. Entre as casas de Antônio e de João, ficava a de 
Pedro, que foi alcançada pelo fogo. João, para evitar o alastramento das chamas e o eventual 
acometimento da morada de sua família, derrubou, a machadadas, a porta da casa de Pedro 
e, ali dentro, conseguiu debelar o incêndio e evitou maiores prejuízos, removendo perigo 
iminente. Restou constatado que, pelas circunstâncias, a conduta de João foi necessária e não 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
67 
90 
excedeu os limites do indispensável para a remoção do perigo. Diante de tal cenário, com 
relação aos estragos ocasionados à porta da casa de Pedro, este 
a) poderá obter indenização de Antônio, com fundamento no direito de vizinhança, ou de Nero, por culpa 
deste. 
b) poderá obter indenização de João, apesar de este não ter praticado ato ilícito, ou de Nero, cabendo a João 
ação regressiva contra este. 
c) poderá obter indenização de João, com fundamento na prática de ato ilícito por este, ou de Nero. 
d) não fará jus à indenização de João, pois este agiu em estado de necessidade, nem à indenização de 
Antônio. 
e) poderá obter indenização de João, apesar de este não ter praticado ato ilícito, cabendo a João ação 
regressiva contra Antônio e Nero 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois Antônio não responderá, já que não participou das ações que causaram 
prejuízos. 
A alternativa B está correta, dado que Antônio não participou da ação, portanto, nada responde. João, por 
sua vez, não cometeu ato ilícito, mas como o fogo não foi causado por Pedro, este último terá direito a ser 
indenizado pelo prejuízo sofrido, conforme o art. 929: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso 
do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo 
que sofreram”. João, por sua vez, terá ação regressiva contra Nero, causador do dano, conforme o art. 
930: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor 
do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado”. 
A alternativa C está incorreta, uma vez que João não cometeu ato ilícito, nos termos do art. 188, inc. 
II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a 
fim de remover perigo iminente”) e seu parágrafo único (“No caso do inciso II, o ato será legítimo 
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites 
do indispensável para a remoção do perigo”). 
A alternativa D está incorreta, pois apesar de João ter agido em estado de necessidade, como o dano 
não foi causado por Pedro, este deverá ser reparado. 
A alternativa E está incorreta, dado que Antônio apenas teve a casa atingida pelo fogo, não tendo 
obrigação de indenizar pelos danos sofridos. 
4. (TRF / TRF-2ªRegião – 2017) Magnus, com 15 anos de idade, pega a chave do veículo de 
seu pai e, ao dirigi-lo com cautela, perto de sua casa, faz desvio para evitar o atropelamento de 
criancinha que, de surpresa, avançou sobre a rua. Magnus, ao fazer a manobra salvadora da 
criança, colide com veículo da Empresa de Correios e Telégrafos, regularmente estacionado. 
Assinale a opção correta: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
68 
90 
a) Magnus, ao desviar, agiu em estado de necessidade, daí que não há base legal para obrigá-lo, a si ou a 
seu responsável, a reparar o dano causado ao veículo da ECT. 
b) Admitindo que o pai de Magnus seja condenado a reparar o dano, ele, mais tarde, faz jus a obter o 
regresso contra o filho. 
c) Embora não se configure o estado de necessidade, o absolutamente incapaz não responde em termos 
civis, e apenas seu representante ou responsável pode ser chamado a reparar o dano. 
d) Mesmo que se acolha a tese de estado de necessidade, o responsável pelo menor pode, legalmente, 
ser condenado a reparar o dano causado à ECT. 
e) O estado de necessidade não se caracteriza. Dirigir sem habilitação é ilícito permanente e incide o 
Estatuto da Criança e do Adolescente, com responsabilidade civil direta de Magnus e subsidiária de seu 
pai. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, na conjugação do art. 929 (“Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no 
caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do 
prejuízo que sofreram”) com o art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição 
da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”). 
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por 
outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for 
descendente seu, absolutaou relativamente incapaz”. 
A alternativa C está incorreta, como se vê pelo art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, 
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios 
suficientes”. 
A alternativa D está correta, consoante mencionado na alternativa A, pela conjugação dos arts. 929 e 
188, inc. II. 
A alternativa E está incorreta, já que, de acordo com o art. 928 a responsabilidade do menor é 
subsidiária, não do genitor. 
5. (VUNESP / TJ-SP – 2017) José outorga mandato verbal a advogado para em seu nome 
propor ação de revisão de benefício previdenciário. A ação é julgada improcedente em primeiro 
grau e o advogado perde o prazo para interpor apelação. Entendendo que poderia ter sido 
vencedor na referida ação, José propõe ação de indenização, pleiteando a condenação do 
advogado ao pagamento de indenização por dano material correspondente ao valor que 
receberia na ação de revisão, caso esta fosse procedente, e por dano moral. A ação de 
indenização é julgada procedente. 
Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos fundamentos adotados na sentença. 
a) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual e do descumprimento 
da obrigação de aplicar a diligência habitual na execução do mandato. 
b) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de culpa aquiliana e do 
descumprimento de dever comum de cuidado na prática de atividade profissional. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
69 
90 
c) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de responsabilidade contratual 
objetiva, independentemente da existência de culpa. 
d) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual pelo fato do serviço e 
do descumprimento de obrigação de resultado. 
Comentários 
A alternativa A está correta, pois o manejo dos recursos cabíveis, quando razoáveis, constitui dever 
lateral de conduta, que, ainda que não expressamente previsto no pacto, gera dever de indenizar em 
face da quebra do princípio da boa-fé objetiva, em razão da evidente negligência do profissional. 
A alternativa B está incorreta, já que o caso trata de responsabilidade civil contratual, e não 
extracontratual (aquiliana). 
A alternativa C está incorreta, já que a aplicação da teoria da perda de uma chance se aplica apenas a 
situações nas quais a probabilidade do ganho é real, séria, e, inclusive, matematicamente elevada, não 
tendo o exercício mencionado qual era a probabilidade de vitória da ação judicial. 
A alternativa D está incorreta, porque a obrigação do causídico era de meio, não de resultado. 
6. (TRF 4ª REGIÃO / TRF 4ª REGIÃO – 2016) Assinale a alternativa INCORRETA. 
a) As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno 
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 
b) No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável 
por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. 
c) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa 
com fins econômicos ou comerciais. 
d) A apresentação antecipada de cheque pré-datado não caracteriza dano moral, visto consistir o cheque 
em ordem de pagamento à vista. 
e) As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, 
ainda que fixada em percentual superior a dez por cento. 
Comentários 
A alternativa A está correta, conforme a Súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem 
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por 
terceiros no âmbito de operações bancárias”. 
A alternativa B está correta, segundo a Súmula 145 do STJ: “No transporte desinteressado, de simples 
cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando 
incorrer em dolo ou culpa grave”. 
A alternativa C está correta, de acordo com a Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a 
indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
70 
90 
A alternativa D está incorreta, dada a previsão inversa da Súmula 370 do STJ: “Caracteriza dano moral 
a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. 
A alternativa E está correta, consoante a Súmula 538 do STJ: “As administradoras de consórcio têm 
liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior 
a dez por cento”. 
7. (TRF 3ª REGIÃO / TRF 3ª REGIÃO – 2016) Considerando a jurisprudência dominante no 
Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa incorreta: 
a) A correção monetária do valor da indenização do dano material incide desde a data do arbitramento. 
b) São cumuláveis as pretensões ao dano moral, ao dano estético e ao dano material decorrentes do 
mesmo fato. 
c) A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 
d) São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, 
tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, conforme a Súmula 43 do STJ: “Incide correção monetária sobre dívida 
por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo”. 
A alternativa B está correta, como se extrai da Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das 
indenizações de dano estético e dano moral”. 
A alternativa C está correta, de acordo com a Súmula 388 do STJ: “A simples devolução indevida de 
cheque caracteriza dano moral”. 
A alternativa D está correta, conforme a Súmula 221 do STJ: “São civilmente responsáveis pelo 
ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o 
proprietário do veículo de divulgação”. 
8. (CESPE / TJ-DFT– 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. 
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é 
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva. 
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus 
respectivos prejuízos. 
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração 
do ato ilícito. 
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método 
denominado bifásico na aferição do valor da indenização. 
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a 
prova de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil. 
Comentários 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
71 
90 
A alternativa A está incorreta, por aplicação do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a 
indenização”. Veja que o dispositivo exige “culpa”, sendo inaplicável à responsabilidade objetiva. 
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 945: “Se a vítima tiver concorrido culposamente 
para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em 
confronto com a do autor do dano”. 
A alternativa C está incorreta, já que nos termos do art. 186, a configuração do ato ilícito exige apenasuma conduta dolosa ou culposa. Nesse sentido, pouco importa se a culpa é grave, média ou leve, algo 
relevante apenas no estabelecimento da indenização, como permite o art. 944, parágrafo único. 
A alternativa D é correta, conforme a Corte: “RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE 
DE MENOR POR AFOGAMENTO. RESPONSABILIDADE DO CLUBE PELA FALHA NO SERVIÇO. DANO 
MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO. MÉTODO 
BIFÁSICO. NÚCLEO FAMILIAR SUJEITO DO DANO. NECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA 
INDENIZAÇÃO. PENSÃO MENSAL DEVIDA. 3. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da 
indenização por danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de 
minimizar eventuais arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo 
julgador, afasta a tarifação do dano. Traz um ponto de equilíbrio, pois se alcançará uma razoável 
correspondência entre o valor da indenização e o interesse jurídico lesado, além do fato de estabelecer 
montante que melhor corresponda às peculiaridades do caso. 4. Na primeira fase, o valor básico ou 
inicial da indenização é arbitrado tendo-se em conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com 
os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo de casos). 5. Na segunda fase, ajusta-se o valor 
às peculiaridades do caso, com base nas suas circunstâncias (gravidade do fato em si, culpabilidade do 
agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes), procedendo-se à fixação definitiva 
da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz (REsp 1332366/MS, Rel. Ministro LUIS 
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/2016, DJe 07/12/2016)”. 
A alternativa E é incorreta, pois além da demanda judicial por cobrança de dívida já paga, a 
jurisprudência do STJ entende que é necessário demonstrar que o demandante agiu com manifesta má-
fé. 
9. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Sobre a reparação de danos, é correto afirmar que 
a) apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como causa de redução da indenização pelo Código 
Civil, constituindo exceção ao princípio da reparação integral. 
b) se adota, segundo entendimento majoritário, a teoria do risco integral como fundamento da 
imputação de responsabilidade, independente de culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, 
parágrafo único). 
c) todos os membros de um grupo, pela adoção da teoria da causalidade alternativa, podem ser 
responsabilizados, quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão. 
d) a responsabilidade pelo fato do animal é independente de culpa do seu dono ou detentor, não 
podendo ser afastada mesmo quando ausente o nexo de causalidade. 
e) o patrimônio do incapaz não pode servir ao pagamento da indenização, cabendo exclusivamente aos 
pais, tutores ou curadores, conforme o caso, responder pelos danos que ele causar. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
72 
90 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, conforme o art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção 
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”. 
A alternativa B está incorreta, já que risco integral é uma coisa, risco é outra, e não se confundem; sendo 
que aquele se aplica em situações bastante específicas, como no caso de dano ambiental. 
A alternativa C está correta, como no caso do lançamento de objeto de prédio de apartamentos, pelo 
que todos os condôminos são responsabilizados, sendo cobrado o condomínio, como se extrai do art. 
938: "Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele 
caírem ou forem lançadas em lugar indevido." 
A alternativa D está incorreta, já que a ausência de nexo de causalidade afasta o dever de indenizar, 
como se vê pelo art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não 
provar culpa da vítima ou força maior”. 
A alternativa E está incorreta, na forma do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se 
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios 
suficientes”. 
10. (CESPE / TJ-DFT – 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. 
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é 
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva. 
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus 
respectivos prejuízos. 
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração 
do ato ilícito. 
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método 
denominado bifásico na aferição do valor da indenização. 
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a 
prova de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, visto que de acordo com o Código Civil, no art. 944, parágrafo único, 
somente nos casos em que há aferição de culpa é possível ter redução equitativa da indenização. 
A alternativa B está incorreta, pois é preciso fazer um balanço entre o grau de culpa de ambas as partes, 
que nem sempre se equivalerão a ponto de cada um arcar com seu próprio prejuízo. 
A alternativa C está incorreta, pois o ato ilícito se configura independentemente do grau da culpa, 
conforme art. 186, CC. 
A alternativa D está correta, conforme entendimento do STJ: RECURSO ESPECIAL. 
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO RESTRITIVO DE 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
73 
90 
CRÉDITO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CRITÉRIOS DE 
ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE 
JURÍDICO LESADO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. Elevação do valor da indenização por dano moral 
na linha dos precedentes desta Corte, considerando as duas etapas que devem ser percorridas para esse 
arbitramento. Na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor básico para a indenização, considerando 
o interesse jurídico lesado, com base em grupo de precedentes jurisprudenciais que apreciaram casos 
semelhantes. Na segunda etapa, devem ser consideradas as circunstâncias do caso, para fixação 
definitiva do valor da indenização, atendendo a determinação legal de arbitramento equitativo pelo juiz 
(REsp 1152541/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 
13/09/2011, DJe 21/09/2011). 
A alternativa E está incorreta, visto que além da cobrança por via judicial é necessária a comprovação 
da má-fé do demandante. 
11. (FCC / TJ-PE – 2015) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
a) sempre que o juiz, verificando a hipossuficiência da vítima, inverter o ônus da prova. 
b) apenas quando o dano for ocasionado por agente público ou preposto de empresa concessionária de 
serviço público, no exercício de seu trabalho. 
c) quando a lei não estabelecer que a hipótese se regula pela responsabilidade civil subjetiva. 
d) quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco 
para os direitos de outrem. 
e) somente nos casos especificados em lei. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, já que a inversão do ônus probatório é elemento processual, 
inconfundível com a culpa, elemento material da responsabilidade civil. 
A alternativa B está incorreta, pois há outras várias hipóteses de responsabilidade civil objetiva que 
não apenas a do Estado. 
A alternativaC está incorreta, dada a regra do art. 927: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
A alternativa D está correta, como estabelece o art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar 
o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem”. 
A alternativa E está incorreta, porque a segunda parte do referido dispositivo deixa claro outras 
hipóteses. 
12. (FCC / TJ-CE – 2015) Entre os poderes do juiz, ao fixar a indenização por responsabilidade 
civil extracontratual, acha-se o de 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
74 
90 
a) impor a pessoa incapaz, qualquer que seja a sua situação econômica ou financeira, condenação a 
indenizar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de 
meios suficientes. 
b) desconsiderar, em qualquer hipótese, a sentença absolutória proferida no Juízo criminal. 
c) desconsiderar a circunstância de a vítima ter concorrido culposamente para o evento danoso. 
d) reduzir, equitativamente, a indenização, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da 
culpa e o dano produzido. 
e) reconhecer a responsabilidade objetiva do causador do dano discricionariamente, segundo as 
circunstâncias do evento danoso. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, como se extrai do art. 928, parágrafo único: “A indenização prevista 
neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas 
que dele dependem”. 
A alternativa B está incorreta, na clareza do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da 
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, 
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”. 
A alternativa C está incorreta, evidentemente, pela redação do art. 945: “Se a vítima tiver concorrido 
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de 
sua culpa em confronto com a do autor”. 
A alternativa D está correta, na quase literalidade do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a 
indenização”. 
A alternativa E está incorreta porque o magistrado deve seguir o comando do art. 927, parágrafo único: 
“Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando 
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem”. 
13. (FCC / TJ-SE – 2015) Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem 
ficam sujeitos à reparação do dano causado e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos 
responderão: 
a) solidariamente, devendo o ofendido cobrar deles a dívida toda, ou a cota parte de cada um em ações 
autônomas ou em litisconsórcio, dividindo-se, porém, entre eles a cota parte do insolvente, se houver, e 
acrescentando-se, ao do preponente ou responsável indireto, o que tocar ao preposto ou responsável 
direto. 
b) conjuntamente pela reparação, devendo o ofendido cobrar de cada um sua cota parte na dívida, 
dividindo-se, porém, por todos, a do insolvente. 
c) conjuntamente, pela reparação, exceto nas hipóteses previstas na lei, em que uma pessoa responde 
pelos atos do outro, como no caso do preponente e preposto, devendo naquele caso o ofendido 
demandar a todos os ofensores e nestas, aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo em relação a 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
75 
90 
descendente absolutamente incapaz, poderá cobrar dos demais a respectiva cota parte, dividindo-se 
entre os pagantes a cota do insolvente, se houver. 
d) solidariamente pela reparação, podendo o ofendido cobrar de qualquer um deles a dívida toda, mas 
aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo as exceções legais, poderá exigir de cada um dos co-
devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver. 
e) solidariamente, exceto se algum for descendente absolutamente incapaz de um deles, cabendo a este 
suportar sozinho essa cota parte, mas os que pagarem serão remidos do que tocar ao insolvente se 
houver, tendo o ofendido, neste caso, de habilitar-se no concurso de credores, para receber 
proporcionalmente a parte que o insolvente lhe dever. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, como se extrai do art. 275, parágrafo único (“Não importará renúncia da 
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”), não se exigindo 
que a cobrança recaia sobre todos, mas apenas sobre aqueles que o credor quiser. 
A alternativa B está incorreta, porque o art. 942, parágrafo único (“São solidariamente responsáveis 
com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”), remetendo-se ao caso de 
responsabilidade por fato de outrem, deixa clara a solidariedade da obrigação. 
A alternativa C está incorreta, mais uma vez, sendo o caso mencionado de responsabilidade solidária. 
A alternativa D está correta, de acordo com o art. 275, parágrafo único, art. 942, parágrafo único, 
supramencionados, na conjugação com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem 
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente 
seu, absoluta ou relativamente incapaz”. 
A alternativa E está incorreta, conforme se extrai do art. 283 (“O devedor que satisfez a dívida por 
inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos 
a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores”), já 
que a cota do devedor insolvente é redistribuída entre os demais codevedores. 
14. (VUNESP / TJ-SP – 2015) Em matéria de ilicitude dos atos jurídicos, é correto afirmar que 
a) o termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data do efetivo prejuízo, 
enquanto que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento. 
b) o descumprimento da prática convencional da pós-datação não retira a obrigação do sacado de 
efetuar o pagamento de título de crédito à vista e não gera indenização por responsabilidade civil do 
beneficiário. 
c) a pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por dano moral. 
d) depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa 
com fins econômicos ou comerciais. 
Comentários 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
76 
90 
A alternativa A está correta, em conformidade com a Súmula 43 (“Incide correção monetária sobre 
dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo”) e a Súmula 362 (“A correção monetária do 
valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”) do STJ, respectivamente. 
A alternativa B está incorreta, de acordo com a jurisprudência assentada no STJ: “AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DA APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-
DATADO, ENSEJANDO A INSCRIÇÃO DO NOME DO EMITENTE NO BANCO CENTRAL - PROCEDÊNCIA - 
PROVA DO DANO - DESNECESSIDADE - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 83/STJ - QUANTUM 
INDENIZATÓRIO - RAZOABILIDADE (AgRg no REsp 1222180/AL)”. 
A alternativa C está correta, como se assentou no STJ: “A pessoa jurídica de direito público não tem 
direito à indenização por danos morais relacionados à violação da honra ou daimagem (REsp 
1.258.389/PB)”. 
A alternativa D está incorreta, novamente, já se tendo assentado tal entendimento no STJ: “Em se 
tratando de direito à imagem, a obrigação da reparação decorre do próprio uso indevido do direito 
personalíssimo, não havendo de cogitar-se da prova da existência de prejuízo ou dano. O dano é a 
própria utilização indevida da imagem, não sendo necessária a demonstração do prejuízo material ou 
moral (REsp 267.529/RJ)”. 
15. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Acerca da responsabilidade civil, e considerada a jurisprudência 
assente, é certo afirmar que 
a) se sentença criminal definir que determinado fato existiu, a existência desse fato não pode mais ser 
discutida na ação de responsabilidade civil. 
b) aquele que cobra dívida já paga na sua inteireza é obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver 
pago, ainda que tenha agido de boa-fé. 
c) na responsabilidade objetiva não se exige culpa e nem nexo de causalidade. 
d) a perda de uma chance, por não se caracterizar como dano real e concreto, não pode ser indenizada. 
Comentários 
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da 
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, 
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”. 
A alternativa B está incorreta, por aplicação da Súmula 159 do STF: “Cobrança excessiva, mas de boa 
fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil” (de 1916, correspondente ao atual art. 940 do 
CC/2002). 
A alternativa C está incorreta, evidentemente, dado que a despeito do afastamento da exigência de 
comprovação da culpabilidade, continua obrigada a vítima a demonstrar o nexo de causalidade. 
A alternativa D está incorreta, conforme a jurisprudência do STJ: “RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO 
PELA PERDA DO PRAZO DE APELAÇÃO. TEORIA DA PERDA DA CHANCE. APLICAÇÃO. RECURSO 
ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE REVISÃO DO 
CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7, STJ. APLICAÇÃO. A responsabilidade do advogado na 
condução da defesa processual de seu cliente é de ordem contratual. Embora não responda pelo 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
77 
90 
resultado, o advogado é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual no exercício do mandato. Ao 
perder, de forma negligente, o prazo para a interposição de apelação, recurso cabível na hipótese e 
desejado pelo mandante, o advogado frusta as chances de êxito de seu cliente. Responde, portanto, pela 
perda da probabilidade de sucesso no recurso, desde que tal chance seja séria e real. Não se trata, 
portanto, de reparar a perda de “uma simples esperança subjetiva”, nem tampouco de conferir ao lesado 
a integralidade do que esperava ter caso obtivesse êxito ao usufruir plenamente de sua chance. A perda 
da chance se aplica tanto aos danos materiais quanto aos danos morais (REsp 1079185/MG, Rel. 
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 04/08/2009)”. 
16. (VUNESP / TJ-MT – 2009) Observe as assertivas a seguir. 
I. Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução 
fidejussória para a garantia de pagamento de pensão, independentemente da situação financeira do 
demandado. 
II. Não é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, visto que se confundem. 
III. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. 
IV. Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial 
não implica sucumbência recíproca. 
V. O valor do seguro obrigatório não deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada. 
Está correto apenas o que se afirma em 
a) I e II. 
b) III e V. 
c) I, III e IV. 
d) II, IV e V. 
e) I, II e IV. 
Comentários 
A afirmativa I está correta, pois é oque afirma expressamente a Súmula 313 do STJ: “Em ação de 
indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a 
garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação financeira do demandado”. 
A afirmativa II está incorreta, pois colide com a Súmula 387 do STJ: "É lícita a cumulação das 
indenizações de dano estético e dano moral". 
A afirmativa III está correta, pois é o que afirma expressamente a Súmula 362 do STJ:"A correção 
monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento". 
A afirmativa IV está correta, de acordo com a Súmula 326 do STJ: "Na ação de indenização por dano 
moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca". 
A afirmativa V está incorreta, pois está em desacordo com a Súmula 246 do STJ: "O valor do seguro 
obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada". 
A alternativa C está correta, portanto. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
78 
90 
Promotor 
17. (CESPE – MP/PI – Promotor de Justiça Substituto – 2019) Acerca do conceito, das formas e de 
consequências das obrigações, é correto afirmar que 
a) a lei é uma fonte de obrigações, porque estabelece o dever de cada indivíduo em função de seu 
comportamento, o que não é viável pela vontade humana ou manifestação volitiva. 
b) a responsabilidade objetiva cria obrigações que são verificadas independentemente da configuração 
da ilicitude ou licitude da conduta do agente, bastando, para isso, verificar o nexo causal entre a ação do 
ofensor e o dano. 
c) o credor, em caso de obrigações por coisa certa, na impossibilidade de cumprimento do acordado, 
poderá ser compelido a receber outra coisa desde que mais valiosa que a inicialmente pactuada. 
d) a obrigação que tenha por objeto prestação divisível poderá ser cumprida de forma parcial, ainda que 
não tenha sido assim convencionado anteriormente pelas partes. 
e) o comportamento desejado, em situação de obrigações de fazer, deverá ser desempenhado pelo 
próprio devedor, sendo vedada a substituição do ato por terceiros, mesmo que isso não gere nenhum 
prejuízo ao credor. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, tendo em vista que as obrigações podem ser contraídas pela vontade das 
partes pelos contratos, por atos unilaterais e por atos ilícitos, igualmente. 
A alternativa B está correta, conforme estabelece o art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de 
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem”. 
A alternativa C está incorreta, pela previsão do art. 313: “O credor não é obrigado a receber prestação 
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. 
A alternativa D está incorreta, segundo orienta Orlando Gomes: “a distinção entre bens divisíveis e 
indivisíveis aplica-se às obrigações e aos direitos. A regra dominante para as obrigações é que, mesmo 
quando a prestação é divisível, o credor não pode ser compelido a receber por partes, se assim não 
convencionou. Se a prestação for indivisível e houver pluralidade de devedores, cada qual será obrigado 
pela dívida toda”. 
A alternativa E está incorreta, uma vez que a obrigação poderá ser cumprida por terceiro, desde que 
não seja personalíssima, como estabelece o art. 249: “Se o fato puder ser executado por terceiro, será 
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da 
indenização cabível”. 
18. (MPE/BA – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto – 2018) Analise as assertivas abaixo e 
assinale a alternativa correta. 
I - A responsabilidade civilo valor dos danos 
morais, de forma a evitar que o ofensor continue a praticar condutas lesivas. A jurisprudência 
mais tradicional, ainda muito corrente, porém, não enxerga com bons olhos essa função, porque a 
punição seria funcionalizada pelo Direito Penal, nos casos cabíveis, havendo bis in idem numa punição 
civil. 
Ademais, ao se falar em punição ao ofensor, a vítima acabaria recebendo benefícios indevidos (em tese, 
enriquecimento sem causa). Parte da doutrina e jurisprudência, tentando contornar o problema, 
reputam válido se fixar indenização punitiva destinada não à vítima, mas a terceiros. Isso ocorre nos 
casos de dano moral coletivo, direcionado a fundos de amparo ou entidades assistenciais. 
Essa possibilidade, interessante no caso de danos coletivos, esbarra numa questão processual, porém, 
nas situações de dano moral individual. Como o autor, habitualmente, não faz esse tipo de pedido, o juiz, 
ao determinar uma punição pecuniária revertida a um fundo ou entidade decidiria de maneira extra 
petita, o que violaria o disposto no art. 492 do CPC/2015. 
A controvérsia é grande, mas, em geral, a jurisprudência acaba “punindo” o ofensor a partir da função 
compensatória, de maneira pouco clara, a rigor. Na prática, a função punitiva é aplicada, ainda que por 
linhas tortas. 
Em se tratando de dano moral, há três correntes a tentar explicar sua natureza jurídica, sendo a terceira 
a mais utilizada pela jurisprudência. A primeira assenta que a indenização tem apenas intuito 
reparatório. A segunda, que ela tem caráter punitivo. A terceira, que a indenização por dano moral 
à pessoa jurídica tem caráter reparatório principal e caráter punitivo secundário ou acessório. 
 
Resumidamente, pretende-se imputar ao ofensor responsabilização que extrapole o plano individual, 
ou seja, indeniza-se não apenas porque a vítima sofreu um prejuízo, mas porque é necessário fazer o 
causador do dano tomar maior cautela em seus atos. Há, aqui, as mesmas discussões existentes no 
Direito Penal sobre a efetividade dessa função. 
Distingue-se a função sancionatória/punitiva da preventiva pelo âmbito/plano de aplicação. A função 
sancionatória volta-se à individualidade do caso; precisamente porque o ofensor causou dano, deve ser 
punido por aquele ato já praticado. A função preventiva, por sua vez, não se volta ao caso passado, mas 
à eventualidade de casos futuros; precisamente porque o ofensor causou dano, devo admoestá-lo de 
forma que não mais daneie, em outras situações. 
• Mais presente na esfera cível, já que na sociedade capitalista de consumo atual,
provavelmente, a sanção mais eficaz é a econômica
• A prevenção é tanto geral quanto especial
D. Preventiva
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
8 
90 
Essa função tem estreita ligação com a função sancionatória/punitiva, e, tal qual ela, gera as mesmas 
controvérsias. Adiciona-se ainda a questão problemática de uma punição exacerbada por conta de uma 
pretensa prevenção. Ou seja, pune-se alguém (no caso da responsabilidade civil, pecuniariamente) por 
ato que sequer cometeu, mas apenas pela possibilidade, baseada em conduta passada, de agir em 
desacordo novamente. 
Por outro lado, trata-se de uma punição em vista de reiteração de conduta (como companhias 
telefônicas e instituições financeiras que reiteradamente inscrevem seus clientes indevidamente em 
serviços de proteção ao crédito) ou de punição que se revela estatisticamente esperada, em vista da 
ausência de alteração de condutas lesivas. É, em suma, um juízo de probabilidade, bastante comum na 
responsabilidade civil como um todo. 
 
São situações nas quais todos os danos acidentais são indenizados, independentemente da origem. 
Lembrou de alguma coisa? Temos alguns exemplos disso: o INSS e o DPVAT. No caso do seguro 
automobilístico obrigatório, todos os que têm veículos pagam anualmente o seguro, 
independentemente de quererem ou não, independentemente de causarem dano ou não. Todas as 
vítimas são indenizadas, por outro lado. O mesmo vale para o INSS, em larga medida. 
Sílvio de Salvo Venosa, porém, critica a função de socialização de riscos. Para ele indeniza-se sempre, 
mas se indeniza menos, já que são sempre tarifados os danos. O próprio DPVAT é um exemplo; veja 
alguns dos valores de indenização, segundo a tabela da Lei 6.194/1974, atualizada pela Lei 11.482/2007 
(ou seja, mais de uma década sem atualização de valores): 
Morte R$13.500,00 
Compra de remédios e tratamentos R$2.700,00 
Perda de dedo do pé R$1.350,00 
 
Funções da Responsabilidade Civil 
• Funciona como uma distribuição do risco por toda a sociedade
• Assim, evita-se, de um lado, que a vítima não seja indenizada, por variadas razões, e se
faz com que todos paguem por um risco socialmente distribuído, desonerando o devedor
E. Socialização do risco/dano
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
9 
90 
 
2. PRESSUPOSTOS DO DEVER DE INDENIZAR 
Os pressupostos do dever de indenizar são os elementos que compõem o dever de indenizar. 
Curiosamente, aquilo que é mais elementar em se tratando de responsabilidade civil – quais sejam seus 
pressupostos – não encontra unanimidade na doutrina. Longe disso. 
Há quem considere haver três elementos, há quem considere haver quatro. Há quem considere a culpa 
elemento indispensável, há quem considere um elemento acidental. Há quem considere o ato ilícito base 
do dever de indenizar, há quem o considere apenas uma possibilidade. Enfim, dissenso amplo. 
Eu, particularmente, com base na teoria do fato jurídico ponteana, tenho que a responsabilidade civil 
contemporânea desafia os pressupostos tradicionais. O ato ilícito é dispensado em variados 
momentos. A culpa foi erodida pela responsabilidade civil nas relações de consumo. O dano é presumido 
(in re ipsa). 
O nexo de causalidade talvez seja o mais estável e menos questionado desses elementos. Ainda assim, 
na aplicação sincera da “Teoria da perda de uma chance” ele é desconstruído para ser reconstruído e a 
jurisprudência cível tem compreensão bem alargada – para não dizer, já dizendo, assistemática, 
simplista e contraditória – a respeito de sua efetiva verificação. 
Como superar isso? A meu ver, ou sendo radicalmente sincero – ao dizer que os pressupostos são fluidos 
e podem ser afastados no caso concreto, tendo por base um determinado objetivo, como a proteção da 
vítima, efetivamente –, ou apelando para os pressupostos tradicionais. Farei a segunda coisa, já que 
a primeira não cai nas graças nem dos examinadores e bancas, nem da jurisprudência generalizada e do 
STJ. 
O art. 186 do CC/2002 trata do ato ilícito. Esse artigo conjuga os pressupostos de verificação do ato 
ilícito. Verificado o ato ilícito, o art. 927 manda o ofensor indenizar, desde que existente dano e nexo de 
causalidade. Eis a literalidade desse dispositivo para que eu possa escrutiná-lo: 
Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Ressarcitória/indenizatória/reparatória
Compensatória
Sancionatória/Punitiva
Preventiva
Socialização de riscos/danos
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
10 
90 
A passagem “... que, por...” evidencia o nexo de causalidade. Necessário que uma determinada causa gere 
um determinado efeito. Qual é a causa? “... ato ilícito...”. A causa, portanto, é um ato ilícito, um ato contra 
legem, um fato ilícito em sentido amplo, mais tecnicamente falando. Qual é a consequência? “...causar 
dano...”. A consequência, portanto, é um dano em sentido amplo. 
Na perspectiva mais tradicionalopera a partir do ato ilícito ou abuso do direito, com o nascimento da 
obrigação de indenizar, que tem por finalidade reparar ou compensar o lesado. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
79 
90 
II - Em virtude da natureza jurídica do contrato não se aplica a teoria da perda de uma chance a 
prestação de serviços advocatícios. 
III - A teoria da perda de uma chance de origem francesa se caracteriza pela frustração de uma 
expectativa, uma oportunidade futura, dentro da lógica do razoável, que ocorreria se não houvesse ação 
ou omissão do agente causador do dano. 
IV - A perda de uma chance caracteriza-se como um dano imaterial que resulte de fato não hipotético. 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I e III. 
e) III e IV 
Comentários 
O item I está correto, conforme dispõe o art. 927, caput (“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”), combinado com o seu respectivo parágrafo único 
(“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para 
os direitos de outrem”). 
Cumpre ressaltar, ainda, as previsões dos arts. 186 (“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito”) e 187 (“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes”), mencionados no dispositivo supracitado, que caracterizam, respectivamente, o ato ilícito e 
o abuso de direito. 
O item II está incorreto, já que ao advogado é aplicada a teoria da perda de uma chance na medida em 
que sua obrigação perante o seu cliente é de meio, não de fim. O advogado deve, portanto, praticar todos 
os atos necessários e possíveis para melhor representar os interesses de seus clientes, mas não está 
obrigado ao êxito da demanda. 
Contudo, não se pode imputar ao patrono nenhuma responsabilidade pelo insucesso da causa, se restar 
provado que ele agiu correta e zelosamente no curso da demanda. Logo, apenas poderá ser indenizável 
a causa em que restar comprovado que houve a perda de chance praticamente certa de obter a vantagem 
ou de evitar o prejuízo do cliente. 
O item III está correto, sendo que a questão traz um resumo objetivo da teoria da perda de uma chance, 
vista doutrinariamente. 
O item IV está incorreto, porque a compreensão doutrinária corrente defende que a perda de uma 
chance não configura hipótese de dano extrapatrimonial, imaterial, mas de dano patrimonial. 
Conclui-se, portanto, que a alternativa D está correta. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
80 
90 
19. (MPT / MPT – 2015) Analise as assertivas abaixo: 
1) O devedor incorre de pleno direito na cláusula penal, desde que, dolosamente, deixe de cumprir a 
obrigação ou se constitua em mora. 
2) O empregador é responsável pela reparação civil dos atos que seus empregados praticarem no 
exercício ou em razão do trabalho, desde que configurada a culpa dos trabalhadores. 
3) Quando a violação ou ofensa a direito tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela 
reparação. 
4) Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação 
a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a 
pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 
Marque a alternativa CORRETA: 
a) apenas as assertivas 3 e 4 estão corretas; 
b) apenas as assertivas 1 e 3 estão corretas; 
c) apenas as assertivas 2 e 4 estão corretas; 
d) apenas as assertivas 1 e 2 estão corretas. 
e) Não respondida. 
Comentários 
A assertiva 1 está incorreta, de acordo com o art. 408: “Incorre de pleno direito o devedor na cláusula 
penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora”. 
A assertiva 2 está incorreta, segundo o gabarito oficial. No entanto, por se tratar de responsabilidade 
civil imprópria, responde objetivamente apenas o responsável legal, sendo que o causador do dano 
responde por culpa. Nesse sentido, o STJ: “O novo Código Civil (art. 933), seguindo evolução doutrinária, 
considera a responsabilidade civil por ato de terceiro como sendo objetiva, aumentando sobejamente a 
garantia da vítima. Malgrado a responsabilização objetiva do empregador, esta só exsurgirá se, antes, 
for demonstrada a culpa do empregado ou preposto, à exceção, por evidência, da relação de consumo." 
(REsp 1135988/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 17/10/2013) (AgRg no REsp 
1411569/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 
17/02/2014)”. Poder-se-ia ventilar que teríamos exceções, como nos casos do parágrafo único do art. 
927, no caso de atividade de risco, mas não me parece que era esse o ponto tratado no item. 
A assertiva 3 está correta, na clara disposição do art. 942: “Os bens do responsável pela ofensa ou 
violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de 
um autor, todos responderão solidariamente pela reparação”. 
A assertiva 4 está correta, na literalidade do art. 312: “Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado 
da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá 
contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso 
contra o credor”. 
A alternativa A está correta, portanto. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
81 
90 
20. (FCC / MPE-PE – 2014) A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá 
a) necessariamente em reparação por dano moral, que é presumido, sendo a indenização tarifada em 
lei, não podendo o Juiz arbitrá-la. 
b) na reparação de dano que o ofendido conseguir provar e não se admite, em nenhuma hipótese, 
presunção de dano moral. 
c) em reparação exclusivamente moral, cabendo ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, 
conforme a gravidade da ofensa. 
d) em reparação exclusivamente material, não sendo admissível sua cumulação com reparação por dano 
moral. 
e) na reparação de dano que delas resulte ao ofendido e, se o ofendido não puder provar prejuízo 
material, caberá ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das 
circunstâncias do caso. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois não há tarifação legal e a indenização pode se referir a dano 
material. 
A alternativa B está incorreta, já que o parágrafo único do art. 953 permite a indenização mesmo sem 
prova do dano. 
A alternativa C está incorreta, cabendo indenização por dano material, em havendo, como se retira do 
art. 953, parágrafo único. 
A alternativa D está incorreta, porque o art. 953 não exclui – e nem poderia – o dano moral. 
A alternativa E está correta, pela conjugação entre o art. 953, caput (“A indenização por injúria, 
difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido”), com seu 
parágrafo único (“Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, 
equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso”). 
21. (MPE-SC / MPE-SC – 2014) A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à 
categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstânciasdo caso concreto, a 
chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. 
Comentários 
O item está correto, já que a aplicação da teoria não se limita aos danos materiais ou morais. 
22. (MPT / MPT – 2013) Sobre a responsabilidade civil do empregador, analise os itens 
abaixo: 
I - Consoante jurisprudência uniforme do STJ, é lícita a cumulação das indenizações por dano moral e 
por dano estético decorrentes de um mesmo fato, desde que passíveis de identificação autônoma. 
II - A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada às relações de trabalho. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
82 
90 
III - Para que reste caracterizada culpa exclusiva da vítima, é preciso que não haja culpa do empregador 
em nenhum grau. 
Marque a alternativa CORRETA: 
a) todas as assertivas estão corretas; 
b) apenas as assertivas II e III estão corretas; 
c) apenas as assertivas I e III estão corretas; 
d) apenas a assertiva I está correta; 
e) não respondida. 
Comentários 
O item I está correto, conforme a Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano 
estético e dano moral”. 
O item II está correto, de acordo com o TST: “o contrário do que alega a recorrente, o dano, nos casos 
em que a contratação não é efetivada, após a realização de entrevista - o que gera expectativa na pessoa 
de conseguir um novo emprego -, é in re ipsa, ou seja, decorre do próprio evento danoso, não havendo 
falar em demonstração do dano, pois, nesse caso, ele se situa no psicológico do lesado, em que é 
impossível se extrair uma prova material. Convém destacar, mais uma vez, o ensinamento de Sérgio 
Cavalieri Filho, segundo o qual -a doutrina francesa, aplicada com frequência pelos nossos Tribunais, 
fala na perda de uma chance (perte d'une chance) nos casos em que o ato ilícito tira da vítima a 
oportunidade de obter uma situação futura melhor, como progredir na carreira artística ou no trabalho, 
arrumar um novo emprego, deixar de ganhar uma causa pela falha do advogado etc. (grifou-se - in 
Programa de Responsabilidade Civil. 3ª edição. São Paulo: Editora Malheiros, 2002, pp. 81 e 82) (TST – 
RR - 484400-27.2009.5.09.0021, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 
28/08/2013, 2ª Turma, Data de Publicação: 06/09/2013)”. 
O item III está correto, aplicando-se não apenas ao direito do trabalho o entendimento, mas a qualquer 
situação. Havendo responsabilidade de outrem, ainda que mínima, a culpa não é exclusiva, mas 
concorrente. 
A alternativa A está correta, portanto. 
LISTA DE QUESTÕES 
Juiz 
1. (CESPE – TJ/CE – Juiz Estadual Substituto – 2018) Pedro descobriu que seu nome havia 
sido inscrito em órgãos de restrição ao crédito por determinada instituição financeira em 
decorrência do inadimplemento de contrato fraudado por terceiro. Nesse caso hipotético, a 
instituição financeira 
a) não responderá civilmente, uma vez que se trata de fato de terceiro, mas deverá proceder à retirada 
do registro negativo no nome de Pedro. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
83 
90 
b) não responderá civilmente, porque a fraude configura uma excludente de caso fortuito externo. 
c) responderá civilmente na modalidade objetiva integral. 
d) responderá civilmente apenas se Pedro comprovar que sofreu prejuízos devido à inscrição de seu 
nome nos órgãos de restrição ao crédito. 
e) responderá civilmente na modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento. 
2. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Caio, servidor público municipal aposentado, contratou Tício 
para que ajuizasse ação contra o Município, pleiteando o pagamento de auxílio-alimentação. O 
pedido foi julgado improcedente em sentença, confirmada pelo Tribunal Estadual. Sem requerer 
autorização de Caio, Tício deixou de apresentar recursos aos Tribunais Superiores, em razão da 
Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal nº 55, a qual consubstancia o entendimento de 
que “o direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos”. 
É correto afirmar que Tício: 
a) não deve ser condenado, tendo em vista que a condenação pela perda de uma chance pressupõe a 
possibilidade de vitória na demanda, não existente no caso, em razão da súmula vinculante. 
b) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor 
equivalente à pretensão de Caio, podendo ser acrescida de lucros cessantes e danos morais. 
c) não pode ser condenado por não ter recorrido, tendo em vista o não acolhimento pelo ordenamento 
jurídico brasileiro da teoria da perda de uma chance. 
d) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor a ser 
apurado, não podendo ser equivalente à pretensão de Caio, tendo em vista que o que se indeniza é a 
perda da chance e não a pretensão perdida. 
e) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, tendo em vista 
que, mesmo improvável a vitória, Caio tinha o direito de requerer sua pretensão em juízo em última 
instância. 
3. (ENAMAT – TST – Juiz do Trabalho Substituto – 2017) Em uma pequena comunidade, em que 
todas as construções foram erguidas com a instalação de portas de madeira de alto custo, 
Nero, ali residente, soltou, em plena época de festejos juninos, um balão que caiu sobre a casa 
de Antônio, incendiando-a por completo. Entre as casas de Antônio e de João, ficava a de 
Pedro, que foi alcançada pelo fogo. João, para evitar o alastramento das chamas e o eventual 
acometimento da morada de sua família, derrubou, a machadadas, a porta da casa de Pedro 
e, ali dentro, conseguiu debelar o incêndio e evitou maiores prejuízos, removendo perigo 
iminente. Restou constatado que, pelas circunstâncias, a conduta de João foi necessária e não 
excedeu os limites do indispensável para a remoção do perigo. Diante de tal cenário, com 
relação aos estragos ocasionados à porta da casa de Pedro, este 
a) poderá obter indenização de Antônio, com fundamento no direito de vizinhança, ou de Nero, por culpa 
deste. 
b) poderá obter indenização de João, apesar de este não ter praticado ato ilícito, ou de Nero, cabendo a João 
ação regressiva contra este. 
c) poderá obter indenização de João, com fundamento na prática de ato ilícito por este, ou de Nero. 
d) não fará jus à indenização de João, pois este agiu em estado de necessidade, nem à indenização de 
Antônio. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
84 
90 
e) poderá obter indenização de João, apesar de este não ter praticado ato ilícito, cabendo a João ação 
regressiva contra Antônio e Nero 
4. (TRF / TRF-2ªRegião – 2017) Magnus, com 15 anos de idade, pega a chave do veículo de 
seu pai e, ao dirigi-lo com cautela, perto de sua casa, faz desvio para evitar o atropelamento de 
criancinha que, de surpresa, avançou sobre a rua. Magnus, ao fazer a manobra salvadora da 
criança, colide com veículo da Empresa de Correios e Telégrafos, regularmente estacionado. 
Assinale a opção correta: 
a) Magnus, ao desviar, agiu em estado de necessidade, daí que não há base legal para obrigá-lo, a si ou a 
seu responsável, a reparar o dano causado ao veículo da ECT. 
b) Admitindo que o pai de Magnus seja condenado a reparar o dano, ele, mais tarde, faz jus a obter o 
regresso contra o filho. 
c) Embora não se configure o estado de necessidade, o absolutamente incapaz não responde em termos 
civis, e apenas seu representante ou responsável pode ser chamado a reparar o dano. 
d) Mesmo que se acolha a tese de estado de necessidade, o responsável pelo menorpode, legalmente, 
ser condenado a reparar o dano causado à ECT. 
e) O estado de necessidade não se caracteriza. Dirigir sem habilitação é ilícito permanente e incide o 
Estatuto da Criança e do Adolescente, com responsabilidade civil direta de Magnus e subsidiária de seu 
pai. 
5. (VUNESP / TJ-SP – 2017) José outorga mandato verbal a advogado para em seu nome 
propor ação de revisão de benefício previdenciário. A ação é julgada improcedente em primeiro 
grau e o advogado perde o prazo para interpor apelação. Entendendo que poderia ter sido 
vencedor na referida ação, José propõe ação de indenização, pleiteando a condenação do 
advogado ao pagamento de indenização por dano material correspondente ao valor que 
receberia na ação de revisão, caso esta fosse procedente, e por dano moral. A ação de 
indenização é julgada procedente. 
Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos fundamentos adotados na sentença. 
a) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual e do descumprimento 
da obrigação de aplicar a diligência habitual na execução do mandato. 
b) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de culpa aquiliana e do 
descumprimento de dever comum de cuidado na prática de atividade profissional. 
c) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de responsabilidade contratual 
objetiva, independentemente da existência de culpa. 
d) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual pelo fato do serviço e 
do descumprimento de obrigação de resultado. 
6. (TRF 4ª REGIÃO / TRF 4ª REGIÃO – 2016) Assinale a alternativa INCORRETA. 
a) As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno 
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 
b) No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável 
por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. 
c) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa 
com fins econômicos ou comerciais. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
85 
90 
d) A apresentação antecipada de cheque pré-datado não caracteriza dano moral, visto consistir o cheque 
em ordem de pagamento à vista. 
e) As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, 
ainda que fixada em percentual superior a dez por cento. 
7. (TRF 3ª REGIÃO / TRF 3ª REGIÃO – 2016) Considerando a jurisprudência dominante no 
Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa incorreta: 
a) A correção monetária do valor da indenização do dano material incide desde a data do arbitramento. 
b) São cumuláveis as pretensões ao dano moral, ao dano estético e ao dano material decorrentes do 
mesmo fato. 
c) A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 
d) São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, 
tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. 
8. (CESPE / TJ-DFT– 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. 
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é 
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva. 
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus 
respectivos prejuízos. 
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração 
do ato ilícito. 
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método 
denominado bifásico na aferição do valor da indenização. 
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a 
prova de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil. 
9. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Sobre a reparação de danos, é correto afirmar que 
a) apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como causa de redução da indenização pelo Código 
Civil, constituindo exceção ao princípio da reparação integral. 
b) se adota, segundo entendimento majoritário, a teoria do risco integral como fundamento da 
imputação de responsabilidade, independente de culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, 
parágrafo único). 
c) todos os membros de um grupo, pela adoção da teoria da causalidade alternativa, podem ser 
responsabilizados, quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão. 
d) a responsabilidade pelo fato do animal é independente de culpa do seu dono ou detentor, não 
podendo ser afastada mesmo quando ausente o nexo de causalidade. 
e) o patrimônio do incapaz não pode servir ao pagamento da indenização, cabendo exclusivamente aos 
pais, tutores ou curadores, conforme o caso, responder pelos danos que ele causar. 
10. (CESPE / TJ-DFT – 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. 
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é 
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
86 
90 
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus 
respectivos prejuízos. 
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração 
do ato ilícito. 
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método 
denominado bifásico na aferição do valor da indenização. 
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a 
prova de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil. 
11. (FCC / TJ-PE – 2015) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
a) sempre que o juiz, verificando a hipossuficiência da vítima, inverter o ônus da prova. 
b) apenas quando o dano for ocasionado por agente público ou preposto de empresa concessionária de 
serviço público, no exercício de seu trabalho. 
c) quando a lei não estabelecer que a hipótese se regula pela responsabilidade civil subjetiva. 
d) quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco 
para os direitos de outrem. 
e) somente nos casos especificados em lei. 
12. (FCC / TJ-CE – 2015) Entre os poderes do juiz, ao fixar a indenização por responsabilidade 
civil extracontratual, acha-se o de 
a) impor a pessoa incapaz, qualquer que seja a sua situação econômica ou financeira, condenação a 
indenizar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de 
meios suficientes. 
b) desconsiderar, em qualquer hipótese, a sentença absolutória proferida no Juízo criminal. 
c) desconsiderar a circunstância de a vítima ter concorrido culposamente para o evento danoso. 
d) reduzir, equitativamente, a indenização, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da 
culpa e o dano produzido. 
e) reconhecer a responsabilidade objetiva do causador do dano discricionariamente, segundo as 
circunstâncias do evento danoso. 
13. (FCC / TJ-SE – 2015) Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem 
ficam sujeitos à reparação do dano causado e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos 
responderão: 
a) solidariamente, devendo o ofendido cobrar deles a dívida toda, ou a cota parte de cada um em ações 
autônomas ou em litisconsórcio, dividindo-se, porém, entre elesa cota parte do insolvente, se houver, e 
acrescentando-se, ao do preponente ou responsável indireto, o que tocar ao preposto ou responsável 
direto. 
b) conjuntamente pela reparação, devendo o ofendido cobrar de cada um sua cota parte na dívida, 
dividindo-se, porém, por todos, a do insolvente. 
c) conjuntamente, pela reparação, exceto nas hipóteses previstas na lei, em que uma pessoa responde 
pelos atos do outro, como no caso do preponente e preposto, devendo naquele caso o ofendido 
demandar a todos os ofensores e nestas, aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo em relação a 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
87 
90 
descendente absolutamente incapaz, poderá cobrar dos demais a respectiva cota parte, dividindo-se 
entre os pagantes a cota do insolvente, se houver. 
d) solidariamente pela reparação, podendo o ofendido cobrar de qualquer um deles a dívida toda, mas 
aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo as exceções legais, poderá exigir de cada um dos co-
devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver. 
e) solidariamente, exceto se algum for descendente absolutamente incapaz de um deles, cabendo a este 
suportar sozinho essa cota parte, mas os que pagarem serão remidos do que tocar ao insolvente se 
houver, tendo o ofendido, neste caso, de habilitar-se no concurso de credores, para receber 
proporcionalmente a parte que o insolvente lhe dever. 
14. (VUNESP / TJ-SP – 2015) Em matéria de ilicitude dos atos jurídicos, é correto afirmar que 
a) o termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data do efetivo prejuízo, 
enquanto que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento. 
b) o descumprimento da prática convencional da pós-datação não retira a obrigação do sacado de 
efetuar o pagamento de título de crédito à vista e não gera indenização por responsabilidade civil do 
beneficiário. 
c) a pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por dano moral. 
d) depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa 
com fins econômicos ou comerciais. 
15. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Acerca da responsabilidade civil, e considerada a jurisprudência 
assente, é certo afirmar que 
a) se sentença criminal definir que determinado fato existiu, a existência desse fato não pode mais ser 
discutida na ação de responsabilidade civil. 
b) aquele que cobra dívida já paga na sua inteireza é obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver 
pago, ainda que tenha agido de boa-fé. 
c) na responsabilidade objetiva não se exige culpa e nem nexo de causalidade. 
d) a perda de uma chance, por não se caracterizar como dano real e concreto, não pode ser indenizada. 
16. (VUNESP / TJ-MT – 2009) Observe as assertivas a seguir. 
I. Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução 
fidejussória para a garantia de pagamento de pensão, independentemente da situação financeira do 
demandado. 
II. Não é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, visto que se confundem. 
III. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. 
IV. Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial 
não implica sucumbência recíproca. 
V. O valor do seguro obrigatório não deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada. 
Está correto apenas o que se afirma em 
a) I e II. 
b) III e V. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
88 
90 
c) I, III e IV. 
d) II, IV e V. 
e) I, II e IV. 
Promotor 
17. (CESPE – MP/PI – Promotor de Justiça Substituto – 2019) Acerca do conceito, das formas e de 
consequências das obrigações, é correto afirmar que 
a) a lei é uma fonte de obrigações, porque estabelece o dever de cada indivíduo em função de seu 
comportamento, o que não é viável pela vontade humana ou manifestação volitiva. 
b) a responsabilidade objetiva cria obrigações que são verificadas independentemente da configuração 
da ilicitude ou licitude da conduta do agente, bastando, para isso, verificar o nexo causal entre a ação do 
ofensor e o dano. 
c) o credor, em caso de obrigações por coisa certa, na impossibilidade de cumprimento do acordado, 
poderá ser compelido a receber outra coisa desde que mais valiosa que a inicialmente pactuada. 
d) a obrigação que tenha por objeto prestação divisível poderá ser cumprida de forma parcial, ainda que 
não tenha sido assim convencionado anteriormente pelas partes. 
e) o comportamento desejado, em situação de obrigações de fazer, deverá ser desempenhado pelo 
próprio devedor, sendo vedada a substituição do ato por terceiros, mesmo que isso não gere nenhum 
prejuízo ao credor. 
18. (MPE/BA – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto – 2018) Analise as assertivas abaixo e 
assinale a alternativa correta. 
I - A responsabilidade civil opera a partir do ato ilícito ou abuso do direito, com o nascimento da 
obrigação de indenizar, que tem por finalidade reparar ou compensar o lesado. 
II - Em virtude da natureza jurídica do contrato não se aplica a teoria da perda de uma chance a 
prestação de serviços advocatícios. 
III - A teoria da perda de uma chance de origem francesa se caracteriza pela frustração de uma 
expectativa, uma oportunidade futura, dentro da lógica do razoável, que ocorreria se não houvesse ação 
ou omissão do agente causador do dano. 
IV - A perda de uma chance caracteriza-se como um dano imaterial que resulte de fato não hipotético. 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I e III. 
e) III e IV 
19. (MPT / MPT – 2015) Analise as assertivas abaixo: 
1) O devedor incorre de pleno direito na cláusula penal, desde que, dolosamente, deixe de cumprir a 
obrigação ou se constitua em mora. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
89 
90 
2) O empregador é responsável pela reparação civil dos atos que seus empregados praticarem no 
exercício ou em razão do trabalho, desde que configurada a culpa dos trabalhadores. 
3) Quando a violação ou ofensa a direito tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela 
reparação. 
4) Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação 
a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a 
pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 
Marque a alternativa CORRETA: 
a) apenas as assertivas 3 e 4 estão corretas; 
b) apenas as assertivas 1 e 3 estão corretas; 
c) apenas as assertivas 2 e 4 estão corretas; 
d) apenas as assertivas 1 e 2 estão corretas. 
e) Não respondida. 
20. (FCC / MPE-PE – 2014) A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá 
a) necessariamente em reparação por dano moral, que é presumido, sendo a indenização tarifada em 
lei, não podendo o Juiz arbitrá-la. 
b) na reparação de dano que o ofendido conseguir provar e não se admite, em nenhuma hipótese, 
presunção de dano moral. 
c) em reparação exclusivamente moral, cabendo ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, 
conforme a gravidade da ofensa. 
d) em reparação exclusivamente material, não sendo admissível sua cumulação com reparação por dano 
moral. 
e) na reparação de dano que delas resulte ao ofendido e, se o ofendido não puder provar prejuízo 
material, caberá ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das 
circunstâncias do caso. 
21. (MPE-SC / MPE-SC – 2014)A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à 
categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a 
chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. 
22. (MPT / MPT – 2013) Sobre a responsabilidade civil do empregador, analise os itens 
abaixo: 
I - Consoante jurisprudência uniforme do STJ, é lícita a cumulação das indenizações por dano moral e 
por dano estético decorrentes de um mesmo fato, desde que passíveis de identificação autônoma. 
II - A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada às relações de trabalho. 
III - Para que reste caracterizada culpa exclusiva da vítima, é preciso que não haja culpa do empregador 
em nenhum grau. 
Marque a alternativa CORRETA: 
a) todas as assertivas estão corretas; 
b) apenas as assertivas II e III estão corretas; 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
90 
90 
c) apenas as assertivas I e III estão corretas; 
d) apenas a assertiva I está correta; 
e) não respondida. 
GABARITOS 
Juiz 
1. TJ/CE E 
2. TJ-MT A 
3. TST B 
4. TRF-2ªR D 
5. TJ-SP A 
6. TRF 4ª R D 
7. TRF 3ª R A 
8. TJ-DFT D 
9. TJ-RS C 
10. TJ-DFT D 
11. TJ-PE D 
12. TJ-CE D 
13. TJ-SE D 
14. TJ-SP A e C 
15. TJ-SP A 
16. TJ-MT C 
Promotor 
17. MP/PI B 
18. MPE/BA D 
19. MPT A 
20. MPE-PE E 
21. MPE-SC C 
22. MPT A 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRApossível traçada pelo art. 927, o dever de indenizar se subsume a uma 
causa que se liga a uma consequência. Os componentes do dever de indenizar são, assim, três, na 
estrita interpretação do art. 927 do CC/2002: 
1. ato ilícito; 
2. dano; 
3. nexo de causalidade. 
Mas, e a culpa? Não é ela um componente do dever de indenizar? A meu ver, não. Primeiro, de maneira 
bastante técnica, porque todos os fatos em sentido amplo podem ser praeter legem (fato jurídico em 
sentido amplo) ou contra legem (fato ilícito em sentido amplo), e não apenas os atos jurídicos em sentido 
amplo. De qualquer forma, isso é objeto da teoria do fato jurídico, para evitar delongas e repetições. 
O art. 927, porém, é atécnico no tema, pois fala em “ato”. Toma o gênero pela espécie. É como dizer que 
o Brasil tem grande poluição atmosférica urbana porque só tem carros com motor a combustão. 
Efetivamente, o volume de veículos nas ruas brasileiras que têm motor exclusivamente elétrico é 
desprezível, infelizmente. Mas a afirmação está incorreta, em síntese. 
De regra, o dever de indenizar derivará de uma conduta humana (daí se falar na culpa), o que remete ao 
ato ilícito em sentido amplo, mas nem sempre. Há outros fatos ilícitos em sentido amplo que ensejam o 
dever de indenizar. 
Exemplo de fato jurídico em sentido estrito, no qual não há vontade humana, que gera dever de 
indenizar, está no art. 1.251 (“Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de 
um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono 
do primeiro”). Exemplo de ato-fato ilícito, no qual a vontade é irrelevante, que gera dever de indenizar, 
é o dano causado pelas pessoas com menos de 16 anos, absolutamente incapazes e inimputáveis, 
segundo o ECA. 
Esse erro, porém, é francamente ignorado pela maior parte da doutrina, que não compreende a teoria 
do fato jurídico ponteana de maneira efetivamente adequada. O segundo erro é mais perceptível. São 
pressupostos do dever de indenizar o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade. 
Elemento central do ato ilícito, por sua vez, é a culpa. Ora, como eu disse a você que a culpa não era um 
componente do dever de indenizar e agora digo que é? E retruco: eu disse que a culpa é elemento central 
do dever de indenizar (art. 927)? Não; eu disse que é elemento central do ato ilícito (art. 186). 
Não é uma distinção meramente topográfica. Isso porque, atualmente, o dever de indenizar já não se 
remete apenas ao ato ilícito em sentido estrito (art. 186), mas ao ato ilícito em sentido amplo, que 
compreende também o abuso de direito (art. 187). Como o abuso de direito não exige culpa em sua 
verificação, a culpa não é, tecnicamente, pressuposto do dever de indenizar. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
11 
90 
Como os casos de responsabilidade civil por ato ilícito são absolutamente mais numerosos (os veículos 
com motor a combustão) que os decorrentes de abuso de direito (os veículos puramente elétricos), a 
doutrina desatenta reputa a culpa elemento central do dever de indenizar. Não é. 
Ou seja, a premissa de que a culpa é pressuposto do dever de indenizar foi esbodegada com o art. 187 
do CC/2002, dispositivo que não encontra similitude no CC/1916. Ao que me parece, aqueles que 
perpetuam a culpa como pressuposto do dever de indenizar não atentaram para a mudança operada 
pelo art. 187, que promoveu uma derrocada na conexão havida entre ato ilícito e culpa. 
Não é possível enxergar essa conexão mesmo que se entenda o abuso de direito como figura 
absolutamente apartada do ato ilícito. O art. 927 do CC/2002 é claro ao se remeter tanto ao ato ilícito 
do art. 186 (seja ele ato ilícito em sentido amplo, seja ele somente ato ilícito) quanto ao abuso de direito 
do art. 187 (seja ele ato ilícito em sentido estrito, seja ele figura autônoma). 
Assim, não é que a culpa pode ser afastada aqui ou acolá. A culpa não é mais pressuposto do dever de 
indenizar. O que deve haver é a imputação de um fato – ou ato ilícito, nas atécnicas palavras do art. 927, 
caput – a alguém, em vista da causação de dano a outrem. 
Além disso, estabelecer que a “conduta humana” é pressuposto do dever de indenizar é, como visto, 
igualmente atécnico. Nem sempre haverá dever de indenizar diretamente relacionado à conduta de 
alguém. O art. 936, ao determinar o dever de indenizar do dono do animal por dano causado por ele, é 
contraprova disso. 
Quem causa o dano é o animal, não o dono. “Ah, mas ele causa dano porque seu dono tem culpa in 
vigilando“. Encontre elemento culposo no art. 936 e eu concordarei com você. Como você não vai 
encontrar, já que esse é um caso típico de responsabilidade objetiva (sem culpa), evidente que a tal 
conduta humana é despicienda. 
A responsabilidade, assim, não depende de culpa, mas de imputação. Ou seja, 
determinada ilicitude deve gerar uma imputação a alguém. E só. Ponto. 
Atualmente, inclusive, fala-se até em responsabilidade por ato lícito, mesmo não 
havendo abuso de direito, como mostrarei a você mais adiante. 
O que é ato ilícito? O que é dano? O que é nexo de causalidade? Vou analisar cada um 
desse pressupostos detalhadamente, fazendo as devidas considerações. Friso, mais 
uma vez, que tratarei nuclearmente dessas perspectivas mais tradicionais, porque se formos criticar 
com um mínimo de profundidade esses elementos, toda a teoria geral da responsabilidade civil estaria 
escangalhada. 
2.1. ATO ILÍCITO 
O ato ilícito, por aplicação do art. 186, deverá ser, em regra, culposo lato sensu, ao menos. O 
direito civil brasileiro adota o princípio da culpa, excepcionando o princípio do 
risco/dano. Entende-se que não há responsabilidade sem culpa em sentido amplo 
(lato sensu). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
12 
90 
Verifica-se a existência da culpa em sentido amplo quando se exige comportamento diverso do agente 
e há censura ao comportamento tomado, contrário ao ordenamento. A culpa é analisada pela 
censurabilidade da conduta, ou seja, não num juízo a priori do magistrado, mas uma análise comparada 
da censura (probidade, ética, moral). 
Aqui, apesar de toda a controvérsia a respeito dessa possibilidade, adotou-se a figura romana do bonus 
pater familias, o “bom pai de família”, para balizar esse juízo de censurabilidade. Assim, o julgador, para 
analisar se a conduta de alguém era censurável ou não, deveria se pautar numa imagem, nas condutas 
imaginadas por um “bom pai de família”. Curiosamente, esse termo ainda é extensamente aplicado pela 
jurisprudência portuguesa. 
Posteriormente, substituiu-se a polêmica figura por outra, menos, mas igualmente controversa: o 
homem médio. Assim, seria necessário analisar o que um homem médio faria nas circunstâncias fáticas. 
É mais ou menos a aplicação da química CNTP (condições normais de temperatura e pressão) ou do 
weberiano “tipo ideal”. 
O “homem médio”, portanto, não existe na realidade, assim como não existem CNTP (não em lapso 
temporal alargado, ao menos) ou sistemas políticos típicos e puros previstos na teoria de Max Weber. 
Essa figura é apenas um parâmetro, uma escala de medida. 
A figura do homem médio gera a noção de “conduta esperada do agente”. Podemos 
pensar essa figura, mais contemporaneamente, a partir do princípio da boa-fé 
objetiva, numa noção de standard de comportamento esperado dos agentes na vida 
social. Ou seja, a imagem ideal de um agente probo, honesto, prudente, que procura 
não causar dano a outrem. 
A meu ver, há mera ressignificação dos significantes, às avessas da perspectiva mais profunda da 
metodologia do direito civil-constitucional. Ao invés de ressignificarmos os significantes, dando a eles 
novossignificados, mantemos os mesmos significados, dando a eles novos significantes. 
Vale dizer, ao passo que o direito civil-constitucional ressignifica o termo “cônjuge” em diversas 
passagens do CC/2002, dando-lhe o significado de convivente, abarcando tanto o companheiro quanto 
o cônjuge, a responsabilidade civil manteve o significado da expressão “bom pai de família”, que é a de 
um “tipo ideal” weberiano, substituindo-a por outra, “standard de comportamento”. 
Superada essa questão filosófica, volto à análise da culpa em sentido amplo (lato sensu). Primeiro, a 
culpa em sentido amplo se subdivide em culpa em sentido estrito (stricto sensu) e dolo. Em regra, 
não se faz a distinção entre a culpa stricto sensu e o dolo porque desnecessária; como diz o 
brocardo, culpa lata dolo aequiparatur, ou seja, a culpa se equipara ao dolo, para fins de 
responsabilidade civil. 
Não obstante, por vezes o Direito Civil distingue a culpa do dolo para imputar responsabilidade 
ao agente apenas no caso de dolo. O art. 353 (“Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas 
líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a 
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo”) e 
o art. 392 (“Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato 
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das 
partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei”) são exemplares. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
13 
90 
De qualquer forma, as distinções feitas pelo Direito Penal a respeito da matéria são irrelevantes, 
à exceção da culpa vs. dolo, quando cabível (art. 18, inc. II do CP/1940). Dolo eventual (e mesmo o 
preterdolo) e culpa consciente são categorias inaplicáveis ao Direito Civil, felizmente. Ou o dolo é não 
eventual ou é culpa. A culpa stricto sensu baseia-se em três fatores (art. 18, inc. II do CP/1940): 
 
No caso de negligência, ou seja, de omissão do agente, necessário também 
provar que seu ato seria apto a evitar o dano. Caso, com a ação, o dano se 
verificasse do mesmo modo, não há que se falar em omissão, em negligência. 
Quanto à imperícia, a rigor ela não é tecnicamente um fator; ou o agente age de 
maneira negligente ou age de maneira imprudente. A imperícia é, em realidade, 
imperícia por negligência ou imperícia por imprudência. 
O médico é imperito quando deixa uma gaze no paciente operado, por negligência; o motorista de um 
caminhão de cargas perigosas é imperito ao, dirigindo em alta velocidade, tombar numa curva fechada, 
bem sinalizada, por imprudência. De maneira mais apurada tecnicamente, portanto, a culpa se 
baseia em apenas dois fatores: imprudência ou negligência. 
Ultrapassados os fatores da culpa, passa-se à sua classificação. Primeiramente, em relação à atuação 
do agente, pode-se classificar a culpa em: 
• Conduta omissiva, passiva. Esperava-se que o agente tomasse determinada medida
(omissão genérica), mas ele não toma, se omite, permanece passivo. Exige-se prova da
ausência de prática (omissão específica).
• Exemplo é o motorista que não conserta os freios do carro, após uma revisão, e,
posteriormente, bate o carro por falta deles; o dono não coloca focinheira no cachorro,
que morde um pedestre no parque.
A. Negligência
• Conduta comissiva, ativa. Esperava-se que o agente não tomasse determinada medida,
mas ele se arrisca e a toma, age. Ele tem uma conduta contrária à exigida pelo
ordenamento.
• Exemplo é o motorista que dirige alcoolizado e causa acidente; o dono do imóvel que
deixa coisas no parapeito da janela do prédio e elas caem sobre um passante.
B. Imprudência
• A imperícia, ou falta de perícia, é ligada às atividades técnicas, ou seja, o sujeito age
sem a qualificação ou treinamento necessários ao ato.
• Exemplo é o enfermeiro inexperiente que ministra medicamentos errados; o médico,
sem especialização, que realiza procedimento cirúrgico contra as normas médicas.
C. Imperícia
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
14 
90 
 
Em relação à forma de atuação do agente, a classificação da culpa é feita com base em: 
 
Ademais, a culpa também admite gradação. Quanto aos graus, a culpa pode ser classificada em: 
 
• Culpa pela prática ativa de um ato
• Por exemplo, o acidente automobilístico provocado por motorista que fura preferencial
A. Culpa in committendo
• Culpa pela falta de iniciativa, desde que exigida a ação
• Por exemplo, a responsabilidade do dono do cachorro que ataca um pedestre porque 
estava sem a coleira
B. Culpa in omittendo
• A falta de acerto na escolha de preposto, representante, empregado ou a falta de
controle sobre os bens usados em uma atividade
• Por exemplo, o empregador é responsabilizado por acidente causado pelo empregado
A. Culpa in eligendo
• É a falta de cuidado e/ou fiscalização do responsável por bens ou pessoas
• Por exemplo, a culpa dos pais pelos atos praticados pelos filhos
B. Culpa in vigilando
• Ocorre quando há falta de atenção e cuidado com coisas sob custódia
• Por exemplo, o acidente em estrada causado por uma vaca que foge da fazenda, por
falta de cerca
C. Culpa in custodiendo
• Inobservância crassa e imperdoável das regras comuns exigidas nas atividades.
Avizinha-se ao dolo (culpa lata dolo aequiparatur), como, por exemplo, o acidente
causado por motorista embriagado.
A. Grave ou lata
• Falta evitável com a atenção comum e normal esperada. Ocorre, por exemplo, no caso
de um acidente causado por motorista desatento que mexe no retrovisor enquanto
dirige.
B. Leve ou média
• Ocorre se evitável o erro apenas com uma atenção especial ou habilidade incomum.
Exemplo disso é o acidente no qual o motorista não desvia de um objeto que aparece
repentinamente, batendo em outros carros.
C. Levíssima
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
15 
90 
Na distinção em relação aos graus leve e levíssimo, necessário atentar para a culpa in abstrato, ou seja, 
o standard de comportamento esperado do agente. A verificação da culpa in concreto, ou seja, de acordo 
com o caso concreto, é insuficiente para aferir essa distinção. 
Mas, por que a gradação da culpa é relevante, se basta a simples culpa para a identificação 
do dever de indenizar? Em verdade, já dei a resposta a isso, ainda que não diretamente, mais 
acima. Apesar de não ser possível estabelecer a indenização a partir do grau de culpa, 
o art. 944, parágrafo único, permite ao juiz reduzir o montante indenizatório se 
mínima a culpa. 
A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional. Por isso, somente se realiza quando a 
amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente, prevê o 
Enunciado 457 da V Jornada de Direito Civil. 
A norma se coaduna com a chamada Teoria do Inferno de Severidade (Enfer de Severité, nas palavras de 
Geneviève Viney). Segundo ela, ao se aplicar de maneira desmesurada o princípio da reparação integral 
pode-se visualizar, para o causador do dano, a criação de um verdadeiro inferno de severidade na medida 
em que um ato singelo e infeliz tenha o condão de lhe proporcionar a ruína econômica. 
Se do ponto de vista da vítima a reparação integral é de incontestável razoabilidade, o mesmo não pode 
ser dito para o ofensor. Basta imaginar o motorista que espirra ao volante, vindo a colidir culposamente 
com carro de luxo, cujo motorista sofre lesões extensas. Em que pese a indenização dever se pautar na 
integralidade do dano, o graude culpa é baixo demais a se jogar o ofensor aos leões, ao inferno de 
severidade do caput do art. 944. 
Ainda assim, de acordo com o Enunciado 46 da I Jornada de Direito Civil (alterado pelo Enunciado 380, 
na IV Jornada), a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do 
agente deve ser interpretada restritivamente. Isso porque ela representa uma exceção ao princípio da 
reparação integral do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva. 
 
(FUNRIO / PGM-Trindade (GO) – 2016) A obrigação de indenizar decorre do sistema de 
responsabilidade civil. Nesse sentido, diante da responsabilidade por um dano, é 
INCORRETO afirmar que: 
A) Em qualquer hipótese, quando alguém ressarcir o dano causado por outrem, pode reaver o que 
houver pago daquele por quem pagou. 
B) A indenização mede-se pela extensão do dano, mas, se houver excessiva desproporção entre a 
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzi-la equitativamente. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
16 
90 
C) O nexo de causalidade tem uma dupla função, funcionando como fator de imputação de 
responsabilidade e como um mecanismo de quantificação da extensão do dano; 
D) Para a reparação dos danos submetida ao regime de responsabilidade subjetiva, é necessário 
que o autor da ofensa incida num erro de conduta, isto é, que ele não observe um arquétipo de 
conduta que deveria ser adotado para a situação concreta. 
E) Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, operou-se uma radical mudança do sistema 
de responsabilidade, que passou a ser dualista, convivendo simultaneamente uma cláusula geral 
de responsabilidade subjetiva e uma cláusula geral de responsabilidade objetiva. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, já que em variadas situações se afasta o direito de regresso, como 
no caso da responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores, sob seu poder familiar. 
A alternativa B está correta, conforme regra do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização”. 
A alternativa C está correta, servindo ele de quantificação do dano no caso de culpa concorrente, 
por exemplo, e balizamento de extensão da responsabilidade, como no caso da concausalidade. 
A alternativa D está correta, inclusive adotando a jurisprudência o chamado “standard de 
comportamento”, uma revisão do que anteriormente se chamava de “homem médio”. 
A alternativa E está correta, uma vez que o CDC abriu novo flanco na responsabilidade civil, 
estabelecendo-se lá a cláusula geral de responsabilidade objetiva, contrariamente ao CC/2002, 
subjetivista. 
Atente, porém, pois o inverso não pode ocorrer. O juiz não pode aumentar o valor da indenização, no 
caso de um dano pequeno, mesmo que a culpa seja grave. Aqui, entra novamente a discussão das funções 
da responsabilidade civil. Pela regra do art. 944, parágrafo único, do CC/2002, pode o juiz reduzir a 
indenização se a culpa for mínima, mas não pode a elevar se ele for máxima, dolosa. 
Assim, a aplicação da função punitiva e/ou preventiva ficaria prejudicada pela aplicação literal do 
refetido dispositivo legal. Aí está precisamente a razão pela qual nossa jurisprudência majoritária 
rechaça a majoração da indenização em prol da vítima simplesmente para “punir” o ofensor ou 
“prevenir” novas condutas, diferentemente do que faz a jurisprudência estadunidense, por exemplo. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
==64240==
 
 
 
 
 
 
17 
90 
2.2. DANO 
O dano é o pressuposto central da responsabilidade civil. Em regra, o dano deve 
envolver um comportamento contrário ao Direito (contra legem). Entretanto, 
nem sempre a antijuridicidade é necessária, já que um ato lícito pode também 
gerar danos. Aqui a responsabilidade civil distancia-se da penal, dado que esta apenas 
responsabiliza quando há antijuridicidade, enquanto naquela há responsabilidade 
ainda que nenhum ilícito tenha sido cometido. 
De um lado, temos o dano patrimonial ou material. No dano patrimonial há visível interesse econômico 
no fato. Por isso, verifica-se um dano quando uma necessidade econômica é insatisfeita, seja 
negativamente, seja positivamente. 
Esse dano é quantificável em dinheiro, em pecúnia, em “valores econômicos”. Os efeitos patrimoniais 
podem ser imediatos, presentes, ou futuros, mediatos, diminuindo ou impedindo o acréscimo de 
patrimônio do lesado. 
Se o dano for atual, ele é chamado de dano emergente, ou dano positivo, ou seja, é o dano que 
emerge do ato. Ao contrário, se forem danos futuros, eles são chamados de lucros cessantes, ou 
dano negativo, ou seja, danos que cessam os lucros futuros. Trata-se da aplicação do instituto das 
perdas e danos, instituto de Direito das Obrigações presente no art. 402. 
Assim, o dano emergente se consubstancia no momento do ato ilícito ou logo após, ao passo que o lucro 
cessante é o dano que se projeta no futuro pela perda de vantagens e interesses futuros. Geralmente, as 
duas espécies de dano surgem concomitantemente, havendo tanto uma perda quanto a cessação de um 
ganho. 
Com um exemplo fica fácil lembrar: um motorista de táxi/Uber é abalroado por outro carro. Ele, além 
de perder o carro parcialmente (um dano emergente), deixa de lucrar com as corridas (os lucros 
cessantes). Verifica-se, no mesmo ato, ambos, danos emergentes e lucros cessantes. 
O dano reparável é o dano certo, ainda que seja futuro, o que não se repara é dano 
eventual. É possível estabelecer danos presumidos, de acordo com a doutrina. 
No caso do dano patrimonial, a responsabilização se dá pelo princípio da boa-
fé objetiva, pela violação dos deveres laterais de conduta esperados pela boa-fé 
objetiva. Abrange a responsabilidade pré-contratual, e até mesmo a 
responsabilidade pré-negocial, além da responsabilização pela culpa post 
pactum finitum, ou seja, mesmo após o término do contrato, cujo adimplemento foi perfeito. 
Por outro lado, temos o dano extrapatrimonial, imaterial, comumente chamado de 
dano moral. Além de uma lesão ao patrimônio, pode o indivíduo sofrer danos que não podem ser 
quantificados, que não são economicamente visíveis e suscetíveis de apreciação monetária. 
São os danos que perturbam a moral, a honra, o nome, a tranquilidade, os sentimentos, o afeto, ou seja, 
todos elementos subjetivos, ao contrário dos danos materiais, que são objetivamente verificáveis. Todo 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
18 
90 
dano moral traria ofensa à personalidade, aos direitos de personalidade, segundo a doutrina. Mesmo a 
partir de danos a bens materiais pode haver dano moral, decorrente daqueles. 
Esses configurariam o dano moral em sentido impróprio ou lato sensu, ou seja, os danos que 
trariam lesão a um direito de personalidade. Consequentemente, eles não exigiriam prova de 
sofrimento, ou seja, seriam dano morais presumidos (in re ipsa). Já o dano moral em sentido 
próprio constitui o dano moral in natura, e causariam dor, sofrimento etc., pelo que necessária a prova. 
De qualquer sorte, é difícil estabelecer com precisão o fundamento da responsabilização por danos 
extrapatrimoniais. De maneira ampla, a doutrina reconhece lesão à dignidade da pessoa humana, vale 
dizer, o dano moral é aquele que viola o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Por isso, o absolutamente incapaz e mesmo o nascituro são capazes de experimentar dano 
moral. É nesse sentido que o Enunciado 445 da V Jornada de Direito Civil estabelece que o dano moral 
indenizávelnão pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como 
dor ou sofrimento. 
Evidentemente que o princípio-mor ou supraprincípio constitucional é demasiado genérico quando se 
pensa em sua aplicação num caso concreto. E nem poderia ser diferente, claro. Por isso, necessário 
densificar o princípio na concretude do caso, de modo a se construir, doutrinária e 
jurisprudencialmente, as situações concretas que demandam reprimenda do Estado-juiz. 
Tradicionalmente, a doutrina e a jurisprudência apontam que meros transtornos, aborrecimentos e 
dissabores cotidianos não configuram dano moral indenizável. Além disso, conforme o Enunciado 159 
da III Jornada de Direito Civil, o dano moral não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente 
a prejuízo material. 
Por isso, o mero inadimplemento contratual não é suficiente para ensejar indenização por danos morais. 
Inversamente, o descumprimento de contrato pode gerar dano moral quando envolver valor 
fundamental protegido pela CF/1988, elucida o Enunciado 411 da V Jornada de Direito Civil. 
Quando estamos diante de transtornos, aborrecimentos e aborrecimentos cotidianos? Construção 
jurisprudencial vai se consolidando, com o tempo, a respeito. No tópico próprio sobre a jurisprudência 
detalharei casuisticamente as controvérsias. 
De qualquer forma, a extensão desses danos será analisada pelo juiz, que definirá o montante da 
indenização. Como não há um valor apriorístico, de antemão, a condenação, em valor inferior, não 
geraria sucumbência à vítima. 
O dano moral deve ser visto amplamente, incluindo-se nele até mesmo o 
dano estético, o dano existencial, e, eventualmente, o dano punitivo, quando 
aplicado, já que não se encaixa na categoria dos danos patrimoniais. 
Quanto ao dano estético, Teresa Ancona Lopez, ao conceituá-lo (1980), 
estabelece a necessidade de se mirar “a modificação sofrida pela pessoa em 
relação ao que ela era”. Isso porque o conceito de estético, e de beleza a ele 
associado, é eminentemente relativo (daí o ditado popular, “quem ama o feio, bonito lhe parece”). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
19 
90 
Havendo feridas, cicatrizes, lesões, perda de órgãos, amputações ou outras anomalias ao corpo 
“normal”, há de se falar em perturbação da estética corporal. Trata-se de hipótese de dano in re ipsa, 
que não exige demonstração cabal de prova do dano, precisamente diante do caráter relativo da estética. 
Muito comum que os julgados acabem fixando a indenização por dano morais e por danos estéticos por 
um único quantum (R$150 mil a título de danos morais E estéticos), ou por valores apartados, mas em 
igual medida (R$75 mil a título de danos morais e outros R$75 mil a título de danos estéticos). Essa 
percepção, porém, é incorreta, pois se trata de duas modalidades de dano distintas, com causas 
diferentes e apreciação diversa. 
Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, em numerosos casos, independentemente de prova 
(in re ipsa), deve o juiz investigar, sempre que entender necessário, as circunstâncias do caso concreto, 
para a sua adequada quantificação. Inclusive, deve fazê-lo por intermédio da produção de depoimento 
pessoal e da prova testemunhal em audiência, deixa claro o Enunciado 455 da V Jornada de Direito Civil. 
Uma coisa não exclui a outra, inclusive para que danos diferentes – morais e estéticos, por exemplo – 
possam ser quantificados de maneira adequada. 
Desde 1992, o STJ reconhece a cumulabilidade dos danos materiais com os danos morais 
(Súmula 37). Já em 2009, a Corte avançou e permitiu também a cumulação dos danos 
estéticos com os danos morais (Súmula 387). Consequentemente, por lógica sistemática, 
permite-se não apenas a cumulação dupla de danos (morais e estéticos ou materiais 
e morais), mas também a cumulação tripla de danos (materiais, morais e estéticos). 
Em vista da construção doutrinária a respeito dos novos danos, é possível pensar, 
inclusive, em cumulação quádrupla de danos. Se reconhecidos danos existenciais, possível cumular 
o dano patrimonial com o dano extrapatrimonial, este sob as espécies de dano moral, estético e 
existencial. Evidentemente, para tanto, necessário provar cada modalidade de dano. 
Superadas as distinções entre o dano a partir de sua patrimonialidade, avancemos. Num caso ou no 
outro, seja no dano material, seja no dano imaterial/moral, o dano pode ser classificado como direto e 
indireto. 
O dano direto surge do resultado imediato da ação danosa e causa imediato déficit econômico. 
São os danos verificados a partir da conduta, que, se não tivesse existido, inexistiria também 
dano, ou seja, há uma ligação direta ou imediata com as circunstâncias. Assim, por exemplo, sofro 
dano direto quando contrato técnico de informática que, ao tentar consertar um componente eletrônico, 
quebra minha placa-mãe, que fica inutilizada. 
Já o dano indireto indaga as consequências indiretas, remotas da ação, ou seja, os efeitos dos 
efeitos. Continuando o exemplo anterior, ao reconectar a placa-mãe ao computador, o componente 
quebrado gera um superaquecimento da máquina, que, consequentemente, atinge o HD, fazendo com 
que todos os dados que eu tenho nele se percam. Esse é o dano indireto. 
Não confunda, assim, dano indireto com dano reflexo, também conhecido como dano 
por ricochete. No dano indireto, a própria vítima é quem experimenta o dano; sofre o dano 
direto e o dano indireto (que pode não existir, claro). Já no dano reflexo, não é a própria 
vítima a experimentar um segundo dano, mas terceira pessoa. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
20 
90 
Assim, por exemplo, ao desviar de um objeto arremessado contra mim, que me acerta de raspão, terceiro 
é atingido, e sofre dano. Esse tipo de situação é muito comum e objeto de análise aprofundada no Direito 
de Consumidor, casos nos quais esse terceiro, vítima de acidente de consumo, é equiparado ao 
consumidor, nos termos do art. 17 do CDC: 
Para os efeitos desta Seção, que cuida da responsabilidade dos fornecedores pelo fato do 
produto e do serviço, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
Segundo o Enunciado 560 da VI Jornada de Direito Civil, no plano patrimonial, a manifestação do dano 
reflexo ou por ricochete não se restringe às hipóteses previstas no art. 948 do CC/2002. E há mesmo 
dano moral por ricochete ou reflexo também, e não apenas patrimonial. Imagine um ente querido 
seu faleça em virtude do ato de alguém. Essa conduta danosa, direcionada a outrem, pode causar dano 
moral a você. 
Novamente, não confunda, e já vi parte da doutrina o fazer, esse dano moral por ricochete ou reflexo 
com o dano indireto. Lembre-se, o dano indireto é experimentado pela própria vítima, ao passo que o 
dano por reflexo ou ricochete por outrem, que não a própria vítima. 
 
 
Em qualquer caso, deve-se analisar o vínculo de causalidade entre a conduta e os 
danos. Deve haver um vínculo de causalidade entre ambos (nexo de causalidade), ou 
seja, a conduta deve desempenhar papel suficientemente decisivo na consumação 
daquele dano em específico. Portanto, deve haver uma relação direta de causa e efeito 
entre as situações, como veremos mais à frente, quando tratarmos do nexo de causalidade. 
Nesse sentido, necessário faz-se analisar as concausas: qual a parcela de “culpa” de cada 
uma das causas e se elas são, de fato, causas do dano. Eventualmente, segundo o art. 945, se houver 
Dano indireto 
Efeitos dos efeitos 
Própria vítima experimenta 
o dano
Dano reflexo/ricochete 
Dano não causado pela 
vítima 
Dano que não se verifica na 
vítima, mas em terceiro
Equipe Materiais CarreirasJurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
21 
90 
culpa concorrente entre o causador do dano e a própria vítima, a indenização deve ser reduzida 
proporcionalmente à parcela de culpa da vítima no evento. Mas aí já estou a tratar de nexo de 
causalidade. 
2.3. NEXO DE CAUSALIDADE 
O nexo de causalidade, como o próprio nome diz, investiga a causa e, por isso, está intimamente ligado 
ao pressuposto anterior. Trata-se do elemento imaterial, virtual, “espiritual” dos pressupostos do dever 
de indenizar. É um daqueles casos fáceis de se visualizar e difíceis de se analisar, conceituar, tratar 
analiticamente e reconhecer tecnicamente. 
Esse é o tema mais tratado atualmente pela doutrina e pela jurisprudência. Isso corre, em larga medida, 
em face do reconhecimento de inúmeras situações de responsabilidade sem culpa, ou, mais 
propriamente, responsabilidade objetiva, dependente apenas da verificação da conduta e do dano. 
Já verificamos a conduta e o dano, falta analisar o liame que liga essas duas fontes. Desse modo, faz-se a 
triangulação necessária e se configura a responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar. 
Assim, para se responsabilizar um sujeito, ante um dano causado, é necessário 
analisar se a conduta por ele tomada encontra uma ligação com esse dano. O 
nexo causal, portanto, pode ser chamado de imputação, mais ou menos como a 
doutrina do Direito Penal, mas mais ampla que ela, pois mais abrangente. 
No Direito Penal, a imputação limita-se ao “autor” do dano, ao passo que o Direito Civil 
pode responsabilizar um terceiro que não causou o dano, mas que deve ser 
responsabilizado por ele. Isso por conta da bipartição que existe entre obrigação e responsabilidade, 
que são elementos distintos de um mesmo fenômeno. 
Os problemas enfrentados pelo Direito Penal, nesse sentido, são igualmente causadores de dor de 
cabeça no Direito Civil. O grande questionamento que se faz é: até que ponto se pode estabelecer que 
entre um evento (a causa, a conduta danosa) e outro (o efeito, o dano sofrido), há uma ligação 
suficientemente forte para se responsabilizar o agente do primeiro evento em relação ao outro? 
Ou, em que momento “se quebra” a corrente que liga um evento a outro? 
Para que possa entender a extensão desse problema, veja um exemplo que pode ajudar você a visualizar 
como o nexo de causalidade é difícil de analisar. É mais ou menos assim: há um acidente automobilístico 
envolvendo um motorista que, desatento, avança o sinal vermelho após se assustar com um disparo de 
uma arma de fogo de um policial militar ocorrido numa perseguição; o outro motorista, em alta 
velocidade, estava ultrapassando um veículo que trafegava abaixo da velocidade mínima da via e não 
conseguiu parar porque seus freios apresentaram um defeito. Um dos dois motoristas fica preso nas 
ferragens do veículo, vem um pedestre que tenta ajudá-lo a sair, mas o carro acaba pegando fogo. O 
pedestre se queima e vão ambos para o hospital. O motorista sofre sua infecção hospitalar e morre; o 
terceiro fica incapacitado para o trabalho, por causa das queimaduras. O outro motorista era um artista 
de teatro, que perde a peça inaugural, que é cancelada, e a empresa responsável pelo evento sofre uma 
pesada multa contratual. Por conta do cancelamento do evento, há um quebra-quebra na entrada do 
teatro e muitas pessoas se ferem; alguns dos convidados, inclusive, destroem o patrimônio público. Por 
quais danos aquele agente vai responder? Ou, ainda, quem é o responsável por cada um dos danos? 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
22 
90 
A doutrina se divide em muitas teorias. Segundo a maioria, o art. 403 traz, ainda que 
relativamente às perdas e danos (“as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os 
lucros cessantes por efeito dela direto e imediato”), um indicativo da teoria adotada pelo 
CC/2002, a Teoria do dano direto e imediato. 
Outra parte substancial ainda adota a Teoria da causalidade adequada, que teria sido 
adotada pelo art. 944 (“A indenização mede-se pela extensão do dano”). Segundo ela, 
somente o fato relevante ao evento geraria o dever de indenizar. 
De qualquer forma, há certa unanimidade da doutrina em não adotar a Teoria da equivalência das 
condições, ou Teoria da conditio sine qua non ou ainda Teoria do histórico dos antecedentes. Em 
tese adotada pelo art. 13 do CP/1940 (“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido”), na redação dada pela Lei 7.209/1984, ela enuncia a necessidade de se verificar a presença 
de cada uma das condições identificadas na situação concreta necessárias ao evento danoso. 
 
(CESPE / PGM-Belo Horizonte (MG) – 2017) À luz da legislação aplicável e do entendimento 
doutrinário prevalecente a respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. 
A. O abuso do direito, ato ilícito, exige a comprovação do dolo ou da culpa para fins de 
responsabilização civil. 
B. No contrato de transporte de pessoas, a obrigação assumida pelo transportador é de resultado, 
e a responsabilidade é objetiva. 
C. O dever de indenizar pressupõe, necessariamente, a prática de ato ilícito. 
D. No que se refere ao nexo causal, elemento da responsabilidade civil, o Código Civil adota a teoria 
da equivalência das condições. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, conforme o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “A 
responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se 
somente no critério objetivo-finalístico”. 
A alternativa B está correta, como se extrai do art. 734, que apresenta como única excludente de 
responsabilidade a força maior: “O transportador responde pelos danos causados às pessoas 
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula 
excludente da responsabilidade”. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
23 
90 
A alternativa C está incorreta, como se observa da simples conjugação do caput do art. 927 
(“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”) 
com seu parágrafo único (“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos 
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”). 
A alternativa D está incorreta, já que, segundo entendimento majoritário da literatura jurídica, 
adota o art. 403 (“Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem 
os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do 
disposto na lei processual”) a Teoria do da Causalidade Adequada ou Teoria do Dano Direto e 
Imediato; a Teoria da Equivalência das Condições seria adotada pelo Código Penal brasileiro. 
Isso, porém, não impede que a jurisprudência utilize outras teorias, de maneira equívoca, quando da 
aplicação delas ao caso concreto, infelizmente. É comum ver decisões nas quais o julgador apela para a 
“Teoria do dano direto e imediato” para resolver o caso, mas aplica teoria diversa; ou, frente a dano 
direto e imediato, rechaça a indenização, baseado, curiosamente, na “Teoria do dano direto e imediato”; 
ou ainda diz que aplicará a Teoria, mas na resolução do caso, usa de outros critérios; ou, por fim, resolve 
os diferentes casos no puro casuísmo mesmo. 
Segundo a Teoria da causalidade adequada, interessa o dano que é efeito 
imediato e direto do fatocausador. Por isso, num acidente automobilístico, 
reparam-se os danos decorrentes do acidente e não do tratamento ruim, ou do 
acidente com a ambulância, por exemplo. 
Em relação ao nexo de causalidade, faz-se necessário atentar para a questão da culpa 
concorrente, pois o art. 945 estabelece que se a vítima tiver concorrido 
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Assenta o Enunciado 47 da I Jornada 
de Direito Civil que essa regra não exclui a aplicação da “Teoria da causalidade adequada”. 
Assim, se a vítima do dano concorrer com o agente causador, cada um arcará equitativamente 
com o prejuízo, na proporção de suas culpas. O problema, fático, é saber qual é a proporção das 
culpas. Nesses casos, não há muito o que se fazer, deve-se recorrer ao arbítrio do juiz, numa tentativa 
de se mensurar a culpa in concreto. 
De outra banda, de maneira diversa do Direito Penal, todos os membros de um grupo podem ser 
responsabilizados quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão. É a 
chamada “Teoria da causalidade alternativa”, aplicável a casos, por exemplo, de dano físico causado 
por agressões cometidas por várias pessoas. 
Por fim, de um modo um tanto excepcional quanto à regra trazida pela “Teoria do dano direto e 
imediato”, surge a “Teoria da perda de uma chance”. Nas situações em que se aplica tal Teoria, o 
dano, em realidade, é virtual, probabilístico, abandonando-se a perspectiva de que o dano 
precisa ser certo, direto, imediato. 
Por aplicação dela, indeniza-se a vítima pelas situações em que, havendo uma oportunidade 
potencial, ela é perdida pelo dano causado. Ou seja, na realidade, verificando-se com relativa 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
24 
90 
precisão a conduta danosa e o nexo de causalidade, dispensa-se a prova do dano, ao menos no plano 
concreto, material, projetando-se o dano em uma probabilidade, uma chance. 
Essa chance, porém, não é qualquer chance, mas uma chance efetiva, real, probabilisticamente 
razoável. Talvez um ótimo exemplo é o caso do corredor brasileiro que foi agarrado por um 
manifestante nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Veja a notícia do ocorrido: 1 
Vanderlei Cordeiro de Lima ficou neste domingo com a medalha de bronze na prova da 
maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas. O brasileiro liderou boa parte da prova, mas foi 
atrapalhado por um invasor já perto do final. O ouro ficou com o italiano Stefano Baldini, 
enquanto a prata foi para o norte-americano Mebrahtom Keflezighi. 
O COB protestou contra o resultado, mas a IAAF (Federação Internacional de Atletismo) 
rejeitou o pedido e confirmou o resultado final da prova. O Comitê Olímpico Brasileiro 
promete recorrer ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte). 
O brasileiro levou o susto com 1h53 de prova. Ele foi agarrado por um invasor, que saiu do 
meio da torcida e furou o bloqueio de segurança. Segurando um cartaz e vestindo roupas 
tipicamente irlandesas, o penetra empurrou e quase derrubou o atleta fora da pista. Logo em 
seguida, torcedores, voluntários e seguranças livraram Vanderlei. 
O invasor é o padre Neil Horan, que é famoso por seus protestos em todo o mundo. No Grande 
Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1, em 2003, por exemplo, ele invadiu a pista e arriscou a 
própria vida correndo para cima dos carros também com um cartaz. A prova foi vencida pelo 
brasileiro Rubens Barrichello. 
O problema abalou o brasileiro, que saiu fazendo cara de dor e colocou a mão na perna 
direita. Ele ainda balançou negativamente a cabeça depois de olhar inconformado para trás. 
A diferença para o segundo colocado, que era de cerca de 45 segundos, caiu para 
aproximadamente 11 pouco depois. Assim, com 2h de disputa, Vanderlei perdeu posições 
para o italiano Baldini e para o norte-americano Keflezighi, respectivamente. 
Apesar do problema, Vanderlei comemorou muito o resultado. Antes mesmo de cruzar a 
linha de chegada, ele abriu um sorriso e abriu os braços. Aplaudido, ele mandou beijos para 
a torcida. 
Pois bem, e aí, ele iria ganhar a prova? Ele tinha 45s de vantagem, depois do ocorrido a vantagem caiu 
para 11s. No fim da prova, ficou em terceiro, mais de um minuto atrás do primeiro colocado. Ele levaria 
o ouro? Ou, mesmo sem o “ataque” do manifestante, acabaria ficando atrás? Ele tinha 45s de vantagem, 
e mesmo perdendo só 36s no “agarramento”, ainda ficou mais de 60s atrás do primeiro colocado... 
Veja, é impossível, com absoluta certeza, dizer que há um nexo de causalidade ligando a conduta do 
manifestante (agarrar o corredor) ao dano (ficar com o bronze). É aí que entra a discussão sobre a 
“indenizabilidade” da perda de uma chance. 
 
 
1 Fonte: http://esportes.terra.com.br/atenas2004/interna/0,,OI374207-EI2806,00.html 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 15
PGE-AL (Procurador) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
76294005272 - JEAN CARLOS DA SILVA OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
25 
90 
Surpreendentemente, em 2005, pouco depois do “causo”, o STJ aplicou a “Teoria da perda de uma 
chance” no caso do nostálgico “Show do Milhão”, do SBT. Veja a ementa do julgado: 
RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO. IMPROPRIEDADE DE PERGUNTA FORMULADA EM 
PROGRAMA DE TELEVISÃO. PERDA DA OPORTUNIDADE. 1. O questionamento, em 
programa de perguntas e respostas, pela televisão, sem viabilidade lógica, uma vez que a 
Constituição Federal não indica percentual relativo às terras reservadas aos índios, acarreta, 
como decidido pelas instâncias ordinárias, a impossibilidade da prestação por culpa do 
devedor, impondo o dever de ressarcir o participante pelo que razoavelmente haja deixado 
de lucrar, pela perda da oportunidade (REsp 788.459/BA, Rel. Ministro FERNANDO 
GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 08/11/2005, DJ 13/03/2006, p. 334). 
Ora, havia chance à participante de acertar a “pergunta do Milhão”, se não havia, nas quatro alternativas, 
a resposta certa? É mais ou menos como se numa questão da prova objetiva eles fizessem a você 
uma pergunta que não tivesse resposta certa. 
Pois bem, exatamente por causa dessa questão você não conseguiu obter a nota mínima nessa prova. 
Bom, você acertaria a questão se tivesse uma resposta certa? É impossível saber, mas você, de qualquer 
forma, “perdeu a chance” de conseguir. Ou seja, houve um dano, ainda que ele não seja verificável com 
“certeza absoluta”. 
No caso do Show do Milhão, como o participante tinha 25% por cento das chances de acertar a resposta 
(já que eram quatro alternativas), decidiu o STJ condenar o SBT em 25% do valor final esperado. 
Imagine se a banca aplicasse essa teoria? Você receberia 25% dos pontos da questão! Felizmente, eles 
simplesmente a anulam (quando reconhecem o erro)... 
A “Teoria da perda de uma chance”, assim, permite aplicar a responsabilidade civil mesmo 
no caso de dano não tão certo assim. O STJ afirma que a aplicação da Teoria depende de 
ser o dano real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e não de mera 
possibilidade eventual. 
A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria de danos 
extrapatrimoniais. Conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode apresentar 
também a natureza jurídica de dano patrimonial (como no caso do “Show do Milhão”). A chance deve 
ser séria e real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos, prevê o Enunciado 444 da V Jornada de 
Direito Civil. 
A Teoria incide tanto em situações de responsabilidade contratual quanto em situações de 
responsabilidade extracontratual. No entanto, deve ser séria e real a possibilidade de êxito, o que 
afasta a reparação no caso de simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória. Não se 
exige a comprovação da existência do dano final, bastando prova da certeza da

Mais conteúdos dessa disciplina