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Doenças bolhosas representam um conjunto heterogêneo de dermatoses autoimunes caracterizadas pela formação de bolhas subepidérmicas ou intraepidérmicas, decorrentes de autoanticorpos direcionados a componentes da junção dermoepidérmica ou desmossomos. Entre as mais prevalentes estão o pénfigo (principalmente o pénfigo vulgar e foliáceo) e a penfigoide bolhosa (bullous pemphigoid). A abordagem terapêutica moderna tem como objetivo não apenas controlar a atividade inflamatória e promover cicatrização, mas também reduzir efeitos colaterais sistêmicos, melhorar qualidade de vida e modular respostas imunes específicas.
Diagnóstico preciso é prerrequisito terapêutico. A correlação clínica (topografia das lesões, mucosas envolvidas), histopatologia e imunofluorescência direta (DIF) definem o padrão: acantólise e depósitos intercelulares de IgG/C3 para pénfigo; separação subepidérmica com depósito linear de IgG e C3 para penfigoide bolhosa. Sorologias quantitativas (ELISA para desmogleína 1 e 3, BP180/BP230) orientam gravidade e monitoramento terapêutico. Escalas validadas (PDAI para pénfigo; BPDAI para penfigoide) padronizam decisões.
O pilar histórico — corticosteroides sistêmicos — permanece relevante, mas a terapêutica contemporânea busca minimizar seu uso pela toxicidade acumulada, sobretudo em faixa etária elevada (penfigoide bolhoso) e em comorbidades. Nesse contexto, imunossupressores antimetabólitos (azatioprina, micofenolato mofetil) e agentes como ciclofosfamida continuam sendo opções adjuvantes em regimes de “steroid-sparing”, escolhidos conforme perfil de risco, função hepática/renal e intenção reprodutiva.
A revolução terapêutica dos últimos quinze anos veio com a terapia alvo-específica. Rituximabe, um anticorpo monoclonal anti-CD20, demonstrou eficácia robusta no pénfigo, promovendo depleção de células B produtoras de autoanticorpos e permitindo remissões prolongadas com redução importante da necessidade de esteroides. Protocolos de indução (esquemas hematológicos ou adaptados de linfoma) e manutenção variam; monitoramento de IgG e recidiva deve orientar reexposições. Em penfigoide bolhoso, rituximabe também apresenta benefício em casos refratários, ainda que evidências sejam mais heterogêneas.
Novas classes terapêuticas têm mostrado potencial transformador: inibidores do receptor neonatal Fc (FcRn), como efgartigimod e rozanolixizumab, reduzem níveis circulantes de IgG patogênica por aumentar a depuração, oferecendo uma estratégia direta para doenças mediadas por IgG com perfil de segurança favorável até o momento. Inibidores de tirosina quinase de Bruton (BTK) e moléculas dirigidas a vias de sinalização B têm sido estudados para modular ativação de células B e células apresentadoras.
Para penfigoide bolhoso, agentes que modulam vias de tipo 2 (Th2) mostraram-se promissores: dupilumabe (anticorpo anti-IL-4Rα) reportou eficácia em ensaios e séries, reduzindo prurido e bolhas, com bom perfil de tolerabilidade, especialmente útil em idosos com múltiplas comorbidades. IVIG (imunoglobulina endovenosa) e plasmapherese permanecem como intervenções adjuvantes para remoção de autoanticorpos em casos graves ou refratários, ou quando imunossupressão sistêmica é contraindicada.
Abordagem prática moderna deve ser individualizada: estratificação por gravidade, com emprego de terapias localizadas (corticosteroides tópicos potentes) em doença limitada e preferir terapias sistêmicas alvo-específicas em doença moderada a grave ou incapacitante. Protocolos combinados (rituximabe + curta terapia com esteroide + imunomodulador) têm mostrado taxas superiores de remissão e menor morbidade relacionada a esteroides. Monitoramento laboratorial rigoroso (hemograma, função hepática/renal, sorologias infecciosas) e profilaxia (p. ex., profilaxia contra Pneumocystis quando indicado) são mandatórios.
Aspectos práticos adicionais incluem manejo de complicações cutâneas (prevenção de infecções secundárias), suporte nutricional, controle da dor e cuidado com mucosas. Vacinação atualizada e avaliação de risco infeccioso antes de imunobiológicos fazem parte do fluxo de trabalho. Em mulheres em idade fértil, discutir fertilidade e alternativas terapêuticas seguras durante gravidez é imprescindível; algumas drogas são teratogênicas (ciclofosfamida) enquanto outras podem ser usadas com cautela.
Perspectiva de sistemas de saúde: terapias modernas implicam custo elevado e requerem infraestrutura para infusão, monitoramento e acesso a testes sorológicos. Assim, advocacy por inclusão em protocolos públicos, participação em ensaios clínicos e uso racional baseado em biomarcadores são estratégias para democratizar acesso. A pesquisa translacional continua identificando epítopos antigênicos específicos e mecanismos de tolerância que potencialmente permitirão terapias verdadeiramente antigeno-específicas (vacinas de tolerização, células T reguladoras manipuladas, terapias gênicas).
Conclusivamente, o manejo contemporâneo das doenças bolhosas combina diagnóstico imunopatológico preciso, estratificação de risco, redução da dependência de corticosteroides e emprego de terapias alvo-específicas que visam células B, FcRn ou vias citocinas específicas. Essa direção tem demonstrado reduzir mortalidade, complicações e melhorar qualidade de vida, ainda que desafios econômicos e necessidade de long-term follow-up persistam. A adoção ampla e criteriosa desses avanços, articulada a protocolos locais e educação do paciente, é imperativa para consolidar melhores desfechos.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Quais exames confirmam diagnóstico e orientam tratamento?
Resposta: Histologia, imunofluorescência direta, e ELISA para desmogleínas ou BP180/BP230; monitoramento sorológico correlaciona com atividade.
2) Quando usar rituximabe?
Resposta: Indicado em pénfigo moderado/ grave ou refratário; também em penfigoide refratário; preferir para reduzir esteroides.
3) Quais novas terapias promissoras?
Resposta: Inibidores de FcRn, BTK inhibitors, dupilumabe (penfigoide), e terapias direcionadas a células B ou antígenos específicos.
4) Como reduzir efeitos dos corticosteroides?
Resposta: Estratégia steroid-sparing: combinar imunossupressores ou biologics, usar corticosteroides tópicos quando possível e reduzir dose gradualmente com monitoramento.
5) Quais cuidados gerais importantes?
Resposta: Prevenção de infecção, suporte nutricional, vacinação, monitoramento laboratorial e abordagem multidisciplinar para otimizar segurança e qualidade de vida.

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