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Objetos Transicionais e Fenômenos Transicionais

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Objetos Transicionais e Fenômenos Transicionais
A primeira posse
Introduzi as expressões “objeto transicional” e “fenômeno transicional” para designar a área intermédia da experiência, entre o erotismo oral e a verdadeira relação objetal, entre a atividade da criatividade primária e a projeção do que já teria sido introjetado, entra a não consciência primária da dívida e o reconhecimento da dívida.
É frequente a referência ao ‘teste de realidade’ e a uma clara distinção entre percepção e apercepção. Existe um estado intermediário entre a incapacidade do bebê de reconhecer e aceitar a realidade, e sua crescente capacidade em fazê-lo. A substância da ilusão é aquela que admitimos na criança, e que na vida adulta é inerente à arte e à religião. Podemos compartilhar um respeito por alguma experiência ilusória, e se desejarmos, podemos nos unir e formar um grupo com base em experiências ilusórias semelhantes. Esta é uma das raízes para a tendência humana de formar grupos. No entanto, identificamos a marca registrada da loucura na tentativa de um adulto de fazer uma reivindicação intensa demais sobre a credulidade alheia, a fim de forçar outras pessoas a reconhecerem e compartilharem uma ilusão que não é delas.
O desenvolvimento de um padrão pessoal
Cedo ou tarde ocorre no desenvolvimento da criança a tendência de tecer objetos outros que não-eu no interior do padrão pessoa. Alguns bebês colocam na boca o polegar, enquanto os dedos são levados a acariciar o rosto por meio de movimentos de pronação e supinação do antebraço.
Na experiência cotidiana encontramos os seguintes fenômenos, complicando a atividade auto erótica de chupar o polegar: 
Com a outra mão, o bebê segura um objeto externo, uma parte do lençol ou do cobertor, e a leva à boca juntamente com os dedos.
De algum modo o pedaço de pano é segurado e chupado, ou não chupado realmente. Os objetos incluem naturalmente guardanapos e posteriormente, lenços, dependendo do que esteja disponível pronta e confiavelmente.
O bebê começa desde os primeiros meses a arrancar e coletar lã e usá-la para fazer as carícias. Mais raramente a lã é engolida, mesmo causando problemas.
Movimentos com a boca, acompanhados por balbucios, ruídos anais, as primeiras notas musicais, etc.
A todas estas coisas, são chamados de fenômenos transicionais. A criança pode ter encontrado e passado a usar algum objeto macio ou a coberta do berço, que se transformam no que é chamado de objeto transicional. Esse objeto conserva a sua importância. Os pais ficam sabendo de seu valor e o levam nas viagens de família. A mão permite que ele fique sujo e mesmo malcheiroso, sabendo que se ela o lavar haverá uma ruptura na experiência do bebê, uma quebra que poderá destruir o valor e o significado do objeto.
Não há objeto transicional algum, exceto a mãe. Ou então, o bebê está de tal modo perturbado emocionalmente que a transição não pode ser usufruída, e pode ocorrer também que a sequência de objetos utilizados seja rompida.
Sumário das características especiais no relacionamento
O bebê assume direitos sobre o objeto, nós concordamos com isso. Ainda assim, alguma ab-rogação de onipotência está presente desde o início.
O objeto é afetuosamente acariciado tanto quanto amado cm excitação e mutilado.
Ele não deve mudar nunca, a não ser que a mudança seja provocada pelo bebê.
Ele deve sobreviver ao amor e também ao ódio instintivos e, caso esta seja uma característica, à agressividade em estado bruto.
Mas ele deve dar a impressão de proporcionar calor, ou de se mover, ou de ser dotado de textura, ou fazer algo mostrando que tem vitalidade ou realidade próprias.
Vem de fora, do nosso ponto de vista, mas não do ponto de vista do bebê. Ele também não vem de dentro: não é uma alucinação.
Seu destino é o de poder ser gradualmente descatexizado, de modo que no decorrer dos anos ele se torna não tanto esquecido, mas relegado ao limbo. Com isso, na saúde, o objeto transicional não ‘vai para dentro’, nem o sentimento a seu respeito sofre repressão necessariamente. Ele não é esquecido e não há um luto por ele. Ele perde o sentido porque os fenômenos transicionais tornam-se difusos sobre o território intermediário entre a ‘realidade psíquica interna’ e o ‘mundo conforme é percebido por duas pessoas que estão de acordo’, isto é, sobre o campo da cultura.
A relação entre o objeto transicional e o simbolismo
O pedaço de cobertor (ou o que quer que seja) simboliza algum objeto parcial, como por exemplo, o seio. Haveria utilidade para um termo que indicasse a raiz do simbolismo no tempo, um termo que descrevesse a travessia do bebê desde a subjetividade até a objetividade. O objeto transicional é o aspecto visível dessa travessia em direção à experimentação.
Discussão teórica
Objeto transicional representa o seio ou o objeto do primeiro relacionamento.
Antecede a consolidação do teste de realidade.
O bebê passa de um controle onipotente para o controle por manipulação (mágico para erotismo muscular e prazer na coordenação).
Pode vir a se transformar num objeto fetiche e a persistir como característica na vida sexual adulta.
Pode, em função de uma organização anal erótica, representar fezes.
Ilusão-desilusão
Não existe qualquer possibilidade de que um bebê progrida do princípio do prazer para o de realidade ou para e além da identificação primária, a não ser que exista uma mãe suficientemente boa. A ‘mãe’ suficientemente boa é a que faz uma adaptação ativa às necessidades do mesmo, uma adaptação ativa que gradualmente diminuiu, de acordo com a crescente capacidade do bebê de suportar as falhas na adaptação e de tolerar os resultados da frustração.
A ilusão e o valor da ilusão
Nos primeiros tempos, a mãe, por adaptar-se em quase 100%, proporciona ao bebê a possibilidade de ter a ilusão de que o seio é uma parte dele. Ou seja, como se este estivesse sob seu controle mágico. A tarefa da mãe será posteriormente a de desiludir o bebê.
 O ser humano, portanto, preocupa-se desde a infância com a questão do relacionamento entre o que é objetivamente percebido e o que é subjetivamente concebido, e na resolução desse problema não haverá saúde para o indivíduo cuja mãe não lhe proporcionou um ponto de partida adequado. A região intermediária é aquela que é liberada para o bebê entre a criatividade primária e a percepção objetiva baseada no teste da realidade. Os fenômenos transicionais representam os primeiros estágios do uso da ilusão, sem a qual não há para o ser humano sentido algum na ideia de um relacionamento com um objeto percebido pelos outros como externo a ele.
O processo de aceitação da realidade jamais se completa, nenhum ser humano está livre da tensão de relacionar a realidade interna à realidade externa, e o alívio para essa tensão é proporcionado pela área intermediária de experiências, a qual não é submetida questionamentos (religião). Essa região intermediária continua de modo direto a área do brincar da criança pequena que se encontra ‘perdida’ em sua brincadeira.
Os fenômenos transicionais são permitidos à criança por causa da admissão intuitiva dos pais quanto à tensão inerente à percepção objetiva, e não se desafia a criança sobre a subjetividade ou a objetividade justamente ali onde se encontra o objeto transicional.
Sumário
A área intermediária da experiência, não questionada sobre se ela pertence à realidade interna ou externa (compartilhada), constitui a parte maior da experiência do bebê, e pela vida afora se mantém como o lugar das experiências intensas no campo da arte, religião, imaginação e do trabalho científico criativo.
O objeto transicional de um bebê torna-se, em geral, gradativamente descatexizado, especialmente à medida que se desenvolvem os interesses culturais.
Na psicopatologia: A adição pode ser descrita como uma regressão a um estágio em que os fenômenos transicionais não eram questionados.
O fetichismo pode ser descrito em termos de persistências de um objeto ou tipo de objeto específico datando das primeiras experiências infantis no campoda transicionalidade, ligado a um delírio do falo materno.
A pseudologia fantástica e o furto podem ser descritos em termos do anseio inconsciente por estabelecer uma ponte sobre uma lacuna na experiência em relação a um objeto transicional.

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