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ORGANIZAÇÃO DA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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Carla Sampaio

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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6584-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 8 4 4
Código Logístico
59181
Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o 
trabalho docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, 
com conteúdo e objetivos claros que garantam o processo de ensino-
-aprendizagem. Além disso, é fundamental que os professores e os 
alunos possam contar com o amparo e auxílio do pedagogo.
Com base em todas essas questões, é ressaltado, no decorrer dos 
capítulos deste livro, o papel do pedagogo – desde a educação infantil 
até o ensino médio –, buscando reflexões que possam enriquecer o 
significado da educação básica e sua qualidade.
PRISCILA CHUPIL
PR
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ILA
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PIL
ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Organização didática 
da educação básica
Priscila Chupil
IESDE
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: karen roach/Evgeny Karandaev/Shutterstock
envatoelements
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C487o
Chupil, Priscila
Organização didática da educação básica / Priscila Chupil. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020.
88 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6584-4
1. Ensino - Metodologia. 2. Prática de ensino. 3. Educação pré-escolar. 
I. Título.
19-61713 CDD: 371.3
CDU: 37.026
Priscila Chupil Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUCPR). Graduada em 
Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro 
Universitário Internacional (Uninter). Professora 
no ensino superior, ministrando as disciplinas de 
Didática e Gestão Escolar. Atua também como 
psicopedagoga clínica.
SUMÁRIO
1 O trabalho do pedagogo na educação infantil 9
1.1 Características das crianças da educação infantil 10
1.2 A educação infantil e sua função social 17
1.3 Múltiplos papéis do pedagogo na educação infantil 20
2 Organização didática na educação infantil 23
2.1 Planejamento e práticas educativas 24
2.2 A metodologia no ensino de crianças pequenas 28
2.3 Avaliação na educação infantil 31
3 Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37
3.1 Processo de transição e adaptação para o ensino fundamental 37
3.2 Identidade do pedagogo nos anos iniciais do ensino 
 fundamental 40
3.3 Planejamento com os professores 44
3.4 Métodos e metodologia para enriquecer o trabalho docente 46
3.5 Orientações para avaliação 52
4 Organização didática do ensino fundamental – anos finais 56
4.1 Da infância para a adolescência 56
4.2 O papel do pedagogo nos anos finais do ensino fundamental 59
4.3 Métodos para atrair a atenção dos alunos 61
4.4 Como avaliar? 63
5 Desafios do pedagogo no ensino médio 67
5.1 A idade da pressão 67
5.2 A formação continuada do professor para além da sua 
 especialização 70
5.3 O papel do pedagogo no ensino médio e na educação 
 profissional 73
6 Organização didática do ensino médio e da educação profissional 77
6.1 Envolvendo os professores e os alunos no aprendizado 77
6.2 Projetos interdisciplinares e o Enem 80
6.3 A escola e as novas exigências da sociedade contemporânea 83
7 Gabarito 85
APRESENTAÇÃO
Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o trabalho 
docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, com conteúdo 
e objetivos claros que garantam o processo de ensino-aprendizagem. Além 
disso, é fundamental que os professores e os alunos possam contar com o 
amparo e auxílio do pedagogo.
Nesse viés, no primeiro capítulo, discorremos sobre o trabalho do 
pedagogo na educação infantil, reconhecendo inicialmente as características 
das crianças nessa faixa etária, a função social dessa etapa da educação, bem 
como o papel do pedagogo nessa fase.
No segundo capítulo, tratamos da organização didática na educação 
infantil em que, pautados nos conhecimentos do Capítulo 1, será possível 
visualizar os planejamentos e práticas educativas, bem como metodologias e 
a avaliação pertinente à criança pequena.
O terceiro capítulo propõe reflexões sobre a organização didática no ensino 
fundamental – anos iniciais. Em especial, esse capítulo trata inicialmente da 
transição entre a educação infantil e o ensino fundamental – anos iniciais e 
suas implicações. Além dessa questão, é abordado o reconhecimento do papel 
do pedagogo nesse nível, assim como sua atuação frente ao planejamento 
dos professores, com metodologias que possam enriquecer o trabalho em 
sala de aula e a avaliação.
Ainda a respeito do ensino fundamental, o quarto capítulo tratará dos 
anos finais. Iniciamos com uma reflexão sobre o processo de transição entre a 
infância e a adolescência. Veremos também o papel do pedagogo, bem como 
sua atuação com os alunos e professores dessa etapa, fora de sala de aula.
No quinto capítulo, tratamos os desafios do pedagogo no ensino médio. 
Inicialmente, refletimos sobre a idade típica do ensino médio, suas características 
e desafios. Nesse contexto, surgem novos desafios para o pedagogo e para o 
professor, que vão além de sua formação inicial. Tratar dessas questões e do 
papel do pedagogo no ensino médio é uma questão necessária.
No último capítulo, abordamos a organização didática do ensino médio e da 
educação profissional, assim como o envolvimento efetivo entre professores, 
alunos e pedagogo nesse processo. Será ressaltada a necessidade de 
reflexão sobre novas metodologias e projetos interdisciplinares que atinjam a 
abrangência de exigências do aluno nessa faixa etária, voltadas a sua formação 
para os vestibulares e o Enem.
Com base em todas essas discussões, será ressaltado, no decorrer 
dos capítulos, o papel do pedagogo na educação básica, do início ao fim, 
buscando reflexões que possam enriquecer o significado da educação básica 
e sua qualidade.
Bons estudos!
O trabalho do pedagogo na educação infantil 9
O trabalho do pedagogo na educação básica, em todos os 
seus aspectos, seja em sala de aula ou no acompanhamento de 
todos os processos dentro da escola, requer muita organização, 
além de direcionamento e clareza. Isso é oportunizado pela for-
mação pedagógica.
Dessa forma, o pedagogo pode assumir o trabalho em sala de 
aula como professor, desde a educação infantil até o quinto ano 
do ensino fundamental, ou como gestor, coordenador e orienta-
dor no ensino fundamental anos finais e ensino médio, acompa-
nhando, assim, o trabalho dos demais professores.
Diante da complexidade que envolve todos esses níveis, inicial-
mente, é preciso compreender o trabalho do pedagogo no nível que 
é base de desenvolvimento de todos os outros: a educação infantil.
Organizar os processos didáticos nessa fase escolar é um gran-
de e prazeroso desafio. Essa organização tem por responsabilida-
de o desenvolvimento humano, em que cada processo tem um 
valor imensurável, especificidades únicas, e necessita de um cui-
dado especial.
Mas o que torna esse momento tão importante? Que caracte-
rísticas correspondem ao universo infantil da criança entre zero e 
cinco anos? Para compreender melhor algumas questões iniciais, 
vamos tratar, neste capítulo, da função social desse primeiro con-
tato da criança com a escola, o qual é determinante para todo o 
seu desenvolvimento escolar.
Trataremos também das características das crianças da educa-
ção infantil, conhecimento fundamental para que o professor pos-
sa organizar, planejar e executar suas aulas. Vamos lá?
O trabalho do pedagogo 
na educação infantil
1
10 Organização didática da educação básica
Estágio sensório-motor: compreende o primeiro estágio do desenvolvimento,relevante em todos 
os aspectos da vida. Ao implantar nossa identidade, realçamos nosso 
modo de pensar, agir e viver que foram construídos com base em nos-
sa educação e nossas vivências. 
Nesse sentido, a identidade profissional também é desenvolvida 
por meio de estudos, vivências e experiências, que devem nos levar a 
acreditar e desenvolver o trabalho de maneira ética e coerente com o 
papel que ocupamos. Essa mudança de papel, ora professor, ora coor-
denador, ou ainda atuando em ambientes empresariais, cabe muito 
bem na formação do pedagogo, uma vez que o profissional de pedago-
gia pode atuar nas mais diferentes organizações voltadas ao trabalho 
com educação, como escolas, empresas, ONGs e hospitais. 
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 41
Com relação à identidade do pedagogo, construída ao longo de seus 
estudos e de sua experiência profissional, Marcelo (2009) reconhece a 
identidade profissional como um processo de aprendizagem ao lon-
go da vida, visto que seu desenvolvimento é interminável. Nessa pers-
pectiva, faz-se necessário considerar que os professores e pedagogos 
precisam constantemente questionar-se: “Quem eu quero ser?” e, com 
isso, buscar saber qual é o seu espaço na sociedade.
Brzezinski (2011, p. 122) afirma também que 
a identidade profissional é uma identidade coletiva, pois vai se 
delineando. E no caso do pedagogo, tal como o professor, as re-
lações de trabalho se estabelecem no interior da escola, no con-
texto da comunidade, mas o pedagogo, por força de lei em vigor, 
atua também em espaços não escolares.
Dessa forma, a atuação do pedagogo se amplia a diferentes áreas, e 
sendo estas relevantes em todos os campos de atuação e níveis, vamos 
pensar agora no que se refere especificamente ao ensino fundamental. 
Quais saberes e questões devem ser considerados pelo pedagogo para 
firmar sua identidade e personificação em sua prática?
Inicialmente, é preciso deixar evidente que a escola precisa dos sa-
beres e das práticas que o pedagogo realiza. Para Pimenta (1996, p. 
248), o “fazer pedagógico que ultrapassa a sala de aula, configura-se 
como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para 
que esta seja efetivamente democrática’’. 
As DCN para o curso de Pedagogia definem o pedagogo como pes-
soa habilitada para atuar no ensino, na gestão e na organização de 
projetos educacionais, sistemas, unidades e na produção e difusão do 
conhecimento, nas mais diversas áreas da educação, tendo a docência 
como base obrigatória de sua formação e identidade de profissional. 
Com isso, o papel da formação inicial do pedagogo remete ao trabalho 
em sala de aula. Porém, sua formação abrange outras áreas que se 
responsabilizam frente ao trabalho docente e à organização escolar. 
Nesse momento, vamos evidenciar a identidade do pedagogo en-
quanto professor do ensino fundamental e refletir sobre essa identida-
de, a qual é construída desde os anos iniciais de sua formação, durante 
a graduação, até o que os anos de prática em sala de aula o transfor-
mam, por meio de suas experiências. 
42 Organização didática da educação básica
Nesse sentido, podemos considerar a importância da práxis, isto é, 
a relação entre teoria e prática, que traz sentido ao que o professor faz 
em sala de aula e contribui para o desenvolvimento da sua identidade 
frente a sua ação.
O conceito de práxis remete ao processo de reflexão-ação-reflexão. 
O ato de refletir sobre a sua prática e agir sobre ela torna o profes-
sor muito mais próximo da realidade e capaz de pensar em estratégias 
para mudar sua prática – mudanças essas tão necessárias diante dos 
desafios diários da sala de aula, em especial no ensino fundamental. 
Nessa etapa, os desafios do pedagogo/professor estão relacionados 
inicialmente ao processo de alfabetização e letramento.
A alfabetização, além de representar fonemas (sons) em grafe-
mas (letras), no caso da escrita, e representar os grafemas (le-
tras) em fonemas (sons), no caso da leitura, os aprendizes, sejam 
eles crianças ou adultos, precisam, para além da simples codi-
ficação/decodificação de símbolos e caracteres, passar por um 
processo de ‘compreensão/expressão de significados do código 
escrito’. (PARANÁ, 2015, p. 7)
O trabalho minucioso com fonemas e grafemas faz parte de um 
primeiro momento e deve ser desenvolvido com total clareza, pois é 
a base para uma boa compreensão escrita durante os processos de 
alfabetização e letramento.
De acordo com Soares (2013), esses dois processos introduzem a 
criança e o adulto que ainda não passou pelo processo de alfabetiza-
ção ao mundo da escrita. Segundo a autora, a alfabetização 
é o processo pelo qual a criança adquire o sistema con-
vencional de escrita, enquanto o letramento 
se refere ao desenvolvimento do uso 
desse sistema em práticas de leitura 
e escrita.
A alfabetização é um proces-
so complexo e que não 
ocorre somente nos 
anos iniciais. Ler e es-
crever é um dos princi-
pais objetivos dos anos 
iniciais, porém letrar e 
inserir o aluno em um 
Figura 2
A alfabetização é um dos 
principais objetivos dos 
anos iniciais.
wavebreakmedia/Shutterstock
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 43
mundo de criticidade e interpretação da realidade é um processo que se 
estende por todo o ensino fundamental e que deve ser objeto de preocu-
pação e constante trabalho do pedagogo que atua nesse nível de ensino. 
Saber as especificidades dessa etapa e desenvolver um trabalho 
que venha ao encontro dessas características, muitas vezes, direciona 
o pedagogo a se tornar um especialista em alfabetização – o que abran-
ge um campo de muitas descobertas e novas possibilidades.
Contudo, o ensino fundamental traz outros desafios, relacionados 
à continuidade desse processo ao longo dos demais anos, e que vão 
ser tratados na próxima seção. Por isso, a identidade do pedagogo en-
quanto professor dessa etapa vai se expandindo no que se refere à 
formação continuada, para a compreensão especificamente em letra-
mento, criticidade e autonomia e, ao trabalhar com habilidades e com-
petências, contribui para o ser cidadão.
A identidade do pedagogo no ensino fundamental pode ser cons-
truída como professor e como gestor, ou seja, aquele que acompanha 
o andamento do trabalho desenvolvido na escola, o trabalho do profes-
sor, seu sucesso e insucesso. 
Conforme Lück (2013, p. 39), 
é importante ter em mente que o fracasso escolar de um aluno 
não acontece apenas no final do ano e nem por acaso, ou por 
culpa do professor. Ele acontece no dia a dia, desde as primeiras 
aulas do ano letivo, a partir de pequenas aprendizagens que dei-
xam de acontecer, que ficam desatendidas pelos professores e 
que vão se acumulando no dia a dia, gerando mais dificuldade, 
insucessos e construindo gradualmente uma atitude discente 
negativa em relação ao processo de aprender.
Nessa perspectiva, o gestor assume grande responsabilidade sobre 
o que acontece também em sala de aula, uma vez que participa indire-
tamente do planejamento do professor, com orientações, por meio do 
contato com os pais, da estruturação do currículo e demais demandas 
que envolvam a aprendizagem dos alunos.
Entendemos, assim, que a busca pela identidade do pedagogo no 
ensino fundamental estará pautada na sua escolha de atuação, no 
aprofundamento teórico realizado frente a essa escolha e, principal-
mente, na sua predisposição, tão característica da pedagogia, que sig-
nifica o compromisso transformador frente aos educandos, seja em 
sala de aula seja como gestor desse processo.
44 Organização didática da educação básica
3.3 Planejamento com os professores 
Videoaula Pensar no papel do pedagogo no ensino fundamental pode remeter 
ao trabalho como gestor, direcionado aos professores, com orientação 
direta de seu trabalho e planejamento. Ao pensar em planejamento 
nessa etapa, inicialmente, o pedagogo deve orientar o professor sobre 
alguns cuidados específicos, como a atenção relativa à diversidadecul-
tural e cognitiva que se pode encontrar nas turmas, principalmente no 
período de alfabetização e letramento. 
Outro fator que merece especial atenção do pedagogo ao realizar 
essas orientações é a delicadeza da transição entre a educação infantil 
e o ensino fundamental. O pedagogo, nesse sentido, é o profissional 
responsável por abrir caminhos que tragam ao trabalho do professor 
mais sentido e significado, buscando soluções para situações cotidia-
nas e processos em sala de aula. 
Sabemos que, nos anos iniciais do ensino fundamental, o professor 
é o responsável por ministrar praticamente todas as disciplinas, com 
exceção de Arte e Educação Física, que competem aos profissionais for-
mados nessas áreas. Cabe então trabalhar com as demais disciplinas a 
fim de tornar os saberes integrados e investir em desenvolver habilida-
des e competências nessas áreas. 
Assim, planejar adequadamente cada aula e cada momento requer 
criatividade, busca de soluções para contemplar os alunos que apresen-
tam dificuldades na aprendizagem, bem como para aqueles que possuem 
facilidades ao aprender, uma vez que demandam um tempo de planeja-
mento individualizado com atividades complementares. Nesse momento, 
o pedagogo surge como um apoiador desse processo, aquele que acom-
panha esse trabalho e, com o professor, busca caminhos e soluções. 
Essas novas soluções abrangem a necessidade de inovar os pro-
cessos didáticos, propor novas metodologias, novas visões diante das 
dificuldades e facilidades de aprendizagem. Abrir novos caminhos e 
desenvolver novos pensamentos faz parte do trabalho do pedagogo 
frente aos professores. 
Essas orientações e esses acompanhamentos podem ocorrer confor-
me a organização de trabalho do pedagogo, sendo semanalmente ou 
quinzenalmente, com reuniões específicas ou em grupo. O importante 
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 45
é a manutenção diante do que é feito e produzido e, principalmente, a 
intencionalidade de melhorar e ampliar o que é feito. Além disso, o apoio 
por parte do pedagogo é importante quando há contato dos professores 
com os pais, oferecendo respaldo aos docentes diante de dúvidas e con-
flitos para que as informações sejam claras e direcionadas à necessidade 
do momento. 
Por ser o início de uma nova fase e novas adaptações, nesse período 
do ensino fundamental, não somente as crianças, mas também as famílias 
passam por um momento de dúvidas e descobertas. Consequentemente, 
recorrem ao professor e ao pedagogo para que, por meio de um trabalho 
integrado, prezem pelo desenvolvimento da criança. 
Todo esse caminho a ser desenvolvido pela escola para que a apren-
dizagem da criança ocorra, bem como a forma de trabalho e o que será 
desenvolvido, é registrado e seguido por meio do currículo, documento 
que traz diretamente o que deve ser trabalhado em cada ano. Por isso, ele 
deve ser revisto e atualizado com frequência. 
Para esclarecer dúvidas de pais e apresentar a proposta curricular da 
escola, o pedagogo deve ter o currículo como algo vivo e em constante 
transformação. Nesse momento, ele deve contar com o auxílio do profes-
sor, pois é ele quem está à frente em sala de aula, logo, ele percebe o que 
pode ser melhorado e ampliado a cada ano. Dessa forma, é perceptível 
a necessidade, mais uma vez, de se estabelecer um trabalho integrado 
entre professor e pedagogo, em que este realizará um trabalho não de 
fiscalizador, mas de orientador da prática docente, integrado nas deman-
das diárias.
Dentro dessas demandas, o pedagogo precisa também preocupar-
-se com outras tarefas que envolvem sua função, como a de participar 
da escrita e atualização do Projeto Político Pedagógico (PPP); realizar os 
conselhos de classe; registrar atas; elaborar pautas a serem discutidas; 
integrar-se no convívio com as famílias e, tudo isso, sem perder a essência 
da atuação em sala de aula. Desse modo, seu trabalho estará mais voltado 
às reais necessidades dos professores e da escola como um todo. 
Portanto, ainda que em posição de gestor, o pedagogo deve pensar 
na realidade da sala de aula e contribuir positivamente para esse espa-
ço em conjunto com o professor, visando um objetivo único: a aprendi-
zagem dos alunos. Por isso, a qualidade do trabalho dos professores é 
46 Organização didática da educação básica
uma responsabilidade conjunta e de interação para garantir e otimizar 
a aprendizagem.
Dessa maneira, o pedagogo deve priorizar uma boa comunicação, 
clara e ética, que transmita informações necessárias, sem dúvidas, re-
ceios ou constrangimentos, com o intuito de um trabalho que vise ao 
crescimento mútuo e à busca de um mesmo objetivo, e não que se 
torne algo impositivo ou fiscalizador.
Esse auxílio frente ao planejamento e, consequentemente, à forma-
ção docente reflete nas relações de aprendizagem dentro da escola, pois 
um educador-educando que permite que o educando, enquanto 
aprende, também ensine, tornando-o um educando educador. 
[…] Isso implica em todo educando e educador como sujeitos de 
saberes, inacabados como seres humanos com possibilidades 
de formarem-se como sujeitos críticos, reflexivos, capazes de re-
fletirem sobre sua própria prática, no sentido de transformá-la. 
(SANTOS, 2009, p. 128) 
Logo, o pedagogo e o professor aprendem mutuamente durante 
todo o processo e constroem caminhos adequados à aprendizagem 
dos alunos, superando desafios e elaborando práticas diferentes e sig-
nificativas a cada momento. 
3.4 Métodos e metodologia para 
enriquecer o trabalho docente Videoaula
Ao pensar em como a as aulas devem ser desenvolvidas no ensino 
fundamental, inicialmente, devemos entender a diferença entre o que 
é método e o que é metodologia, pois essa compreensão levará o pro-
fissional à clareza do que será elaborado.
O método de ensino se refere a uma postura geralmente adotada 
pela escola e que reflete a forma de ensinar e conduzir os processos 
em sala de aula daquela instituição. Podemos ter, por exemplo, os mé-
todos mais tradicionais de ensino, em que o centro do processo é o 
professor e o aluno é um expectador e receptor de conhecimentos.
Outro exemplo é o método de ensino construtivista, em que as prá-
ticas têm como centro do processo de aprendizagem o aluno. Este pos-
sui um papel ativo e de construção do conhecimento com o professor, 
em que trabalham e constroem juntos.
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 47
Já a metodologia consiste na opção de práticas efetivas de sala para 
que a aprendizagem aconteça. Essas metodologias podem variar con-
forme a intencionalidade do professor, o número de alunos, ou até mes-
mo a proposta da escola. Por exemplo, uma escola que segue 
um método construtivista, pode trabalhar com metodologias 
ativas, pois elas colocam o aluno como protagonista da 
sua aprendizagem e são responsáveis pelo 
ato de aprender com autonomia e cri-
ticidade. Contudo, a metodologia 
escolhida pelo professor em de-
terminado momento pode ser 
também um trabalho individua-
lizado e mais voltado à atenção 
sem, necessariamente, a inte-
ração entre alunos, ou seja, as 
metodologias alteram conforme 
cada aula e intenção.
Dessa forma, para que o pedagogo oriente o professor em seu pla-
nejamento, ele precisa ter claro inicialmente o método e a metodologia 
adotados pela escola em que atua.
Após conhecer o método adotado, é o momento de escolher as me-
todologias adequadas para o ensino fundamental – ano iniciais. A esco-
lha da metodologia pode estar relacionada às características dos alunos 
Figura 3
O método de ensino 
tradicional tem o professor 
como centro do processo 
de ensino-aprendizagem.
Figura 4
Metodologias recentes propõem mais 
autonomia para que o aluno seja o prota-
gonista de sua aprendizagem.
Iakov Filimonov/S
hu
tte
rs
to
ck
Iakov Filimonov/Shutterstock
ou da turma no geral, uma vez que 
adequações podem ser feitas para 
ir ao encontro das necessidades 
dos educandos.
48 Organização didática da educação básicaAs metodologias que compõem o dia a dia em sala de aula são as 
mais variadas e contam com uma diversidade de possibilidades de ade-
quações, as quais podem ocorrer de um nível para outro, por exemplo, 
um determinado tipo de trabalho em grupo no ensino médio pode ser 
adaptado para ser utilizado no ensino fundamental.
Entre os recursos a serem utilizados nas metodologias em sala de 
aula, a tecnologia é considerada um dos maiores desafios das escolas 
contemporâneas. Isso porque não basta tê-la, é preciso saber usá-la 
como ferramenta integrada às demais metodologias, uma vez que é um 
instrumento próximo da realidade do aluno. Por exemplo, as tecnologias 
podem ser utilizadas por meio de jogos interativos, apoio ou comple-
mento ao que se foi desenvolvido previamente. 
Os recursos tecnológicos podem ser utilizados como metodologia de 
diferentes formas: por meio de aplicativos para a realização de exercí-
cios, exposição de conteúdo via apresentações previamente preparadas 
pelo professor, uso de vídeos e sites interativos para exemplificar teorias. 
De qualquer modo, é um recurso que pode ser utilizado para o desenvol-
vimento de uma metodologia a fim de trazer diferentes possibilidades 
de aprendizagem. O aluno do ensino fundamental já espera e acolhe 
muito bem a utilização desses recursos nas aulas, pois estão em uma fai-
xa etária extremamente competitiva, curiosa e aberta a novos desafios e 
conhecimentos, geralmente de maneira espontânea e interessada.
Publicado no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, o artigo Facilitar a aprendi-
zagem: ajudar aos alunos a aprender e a pensar, do autor Leandro S. Almeida, traz uma 
reflexão sobre a forma com que o professor direciona suas aulas e estabelece o contato 
com o aluno e o conhecimento. Esse contato ocorre durante todo o ano letivo, por meio 
do planejamento e da execução das práticas do professor em sala de aula. 
Acesso em: 22 jan. 2020. 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572002000200006&script=sci_abstract&tlng=pt
Artigo
Seja qual for o método ou a metodologia escolhida, o objetivo é o 
mesmo: a formação sólida dos alunos, de modo que eles percebam a 
beleza e a diversidade encontrada nas formas de aprender e obter o 
conhecimento. Ninguém melhor do que o pedagogo, especialista em 
aprendizagem e em métodos, para refletir e criar com sua equipe de 
professores as melhores estratégias com esses recursos. 
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 49
Apesar disso, as metodologias ativas são o grande desafio encon-
trado nas escolas no ensino fundamental. Mas o que são essas meto-
dologias? Como planejá-las? Como aplicá-las? Nem sempre é tão fácil 
inseri-las no cotidiano escolar pelo fato de ser algo novo e, muitas ve-
zes, ainda não incluso na formação docente.
3.4.1 Metodologias ativas
Para destacar a importância do uso das metodologias ativas, é ne-
cessário compreender de fato o que são essas abordagens e como a 
forma de aprender está diretamente ligada a elas. 
Moran (2017b, p. 2) define metodologias ativas da seguinte forma: 
São estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos 
estudantes na construção do processo de aprendizagem, de 
forma flexível, interligada, híbrida. [...] A junção de metodologias 
ativas com modelos flexíveis, híbridos traz contribuições impor-
tantes para o desenho de soluções atuais para aprendizes de hoje.
A proposta das metodologias ativas apresenta um novo modelo para 
permanência de interesse nos estudos na vida do aluno, com a intenção 
de mostrar um novo olhar sobre a educação. Uma proposta de inovar 
com projetos, aulas invertidas, pesquisas, discussões, prática, professor 
mediador e aluno ativo são possibilidades de uma educação significativa 
a todos os envolvidos dentro do processo de aprendizagem. 
Para se trabalhar com metodologias ativas, inicialmente, é neces-
sário que a escola tenha bem definido fatores como as características 
particulares que cada região do território brasileiro apresenta. Assim 
como a economia e a cultura da comunidade escolar, que apresenta 
uma grande diversidade nas regiões, a adaptação ao contexto é neces-
sária dentro da realidade de cada escola. 
Por isso, generalizar o ensino é uma opção contraditória para o ce-
nário brasileiro. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 
2018), a igualdade é necessária somente no sentido de ofertar a todos 
uma educação que compreenda as singularidades de atendimento de 
cada aluno e garanta sua permanência na escola. Já a equidade tem um 
viés de respeitar as particularidades do aluno e a região pertencente. 
Assim, diante de todas as atribuições do pedagogo, vale ressaltar 
também o seu papel em orientar e trazer esse novo contexto para o 
dia a dia do professor, visto que as metodologias ativas devem ser suas 
aliadas, auxiliando para aulas mais dinâmicas, compartilhamento dos 
50 Organização didática da educação básica
conteúdos, envolvimento maior dos alunos nas atividades propostas e 
uma visão mais ampla das dificuldades, construindo, assim, estratégias 
para contorná-las. 
Como argumento e comprovação da necessidade de práticas me-
todológicas diferenciadas, a pirâmide de Dale (1969 apud CAMARGO; 
DAROS, 2018) apresenta formas diferentes de aprendizagem, asso-
ciadas ao percentual de retenção do conhecimento, em que o aluno 
encontra-se passivo em assistir a uma palestra, realizar uma leitura, 
utilizar recursos audiovisuais ou uma simples demonstração; em con-
trapartida, está ativo ao discutir em grupos com argumentos, praticar o 
conhecimento e ensinar os outros. 
Dessa forma, o pedagogo pode ter clareza da necessidade de me-
todologias inovadoras, e transmiti-la aos professores. Para um proces-
so de aprendizagem mais significativo, dentro da realidade, podemos 
contar com alguns exemplos de metodologias ativas, como a apren-
Figura 5
Pirâmide de Dale
5%
10%
20%
30%
50%
75%
85%
Percentual de 
retenção do 
conhecimento
Assistir a 
uma palestra 
(escutar)
Ler
Utilizar 
recursos 
audiovisuais
Demonstrar/
uso imediato
Argumentar/
discussão em 
grupo
Praticar o 
conhecimento
Ensinar os 
outros
Passivo 
Ativo
Fonte: Camargo e Daros, 2018.
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 51
dizagem em espiral, o mapa mental e o storytelling 
(narração de histórias), sugeridos por Camargo e Da-
ros (2018).
A aprendizagem em espiral desenvolve as com-
petências: ampliação de conceitos, síntese, siste-
matização de conhecimentos, análise de conteúdos 
mais complexos, comparação, expressão de opinião 
(oral e escrita) acerca de um assunto, comunicação, 
estudo colaborativo e associação de ideias. 
Essa estratégia permite exercícios argumenta-
tivos e parte da ideia de que, de modo individual, 
o aluno expõe seus pensamentos por meio de um 
texto selecionado pelo docente, mesmo que não tão 
bem elaborado e com poucos argumentos.
O mapa mental desenvolve a capacidade de sin-
tetizar, ordenar, organizar e associar as ideias com o 
intuito de aprimorar a aprendizagem e a memoriza-
Figura 6
Aprendizagem em espiral
Pensar
Analisar
Sintetizar
Argumentar
Aplicar
Pensar
Analisar
Sintetizar
Aplicar
Ab
er
t/
Sh
ut
te
rs
to
ck
ção. Utilizando uma abordagem não linear de encadeamento de infor-
mações, esse recurso permite ao cérebro conseguir armazená-las de 
maneira sintetizada. 
Ele retrata, nos mínimos detalhes, a relação conceitual entre as in-
formações do conteúdo ou texto a ser trabalhado, as quais tendem a 
estar fragmentadas e difusas, tanto em textos curtos quanto longos, 
dificultando a memorização e assimilação do conteúdo. Esse recurso 
ilustra ainda ideias e conceitos – como a relação de simetria e de causa 
e efeito – de modo inteligente, permitindo ligações rápidas em forma 
de resumo para melhor compreensão. 
O storytelling (narração de história) desenvolve as competências de 
argumentação oral e escrita, criatividade, cooperação, colaboração e 
empatia. Essa estratégia é utilizada paraaprimorar as habilidades de 
contar e inventar histórias por meio de um determinado personagem. 
A personagem pode ser real ou inventada pelos alunos – isso muda de 
acordo com a matéria e o assunto estudado. Para utilizar o storytelling, 
é necessário iniciar a abordagem com uma situação-problema e pro-
porcionar aos alunos uma exposição do tema.
52 Organização didática da educação básica
A parte central dessa estratégia é a personagem, 
a qual deverá ter desejos, necessidades, problemas, 
conflitos ou obstáculos; além de passar por transfor-
mações no decorrer da história. O aluno deverá tam-
bém criar algo concreto dessa personagem, 
proporcionando mais vida e enriquecendo mais sua 
história. Com essa estratégia, os conceitos abstratos 
passam a ser mais concretos e os alunos vivenciam 
uma sensibilidade maior com as histórias 
compartilhadas. 
Tais metodologias enriquecem o trabalho em sala 
de aula e, no geral, são muito bem aceitas pelos alu-
nos do ensino fundamental, que, por sua faixa etária, 
se sentem mais motivados em expressar-se, expor 
suas ideias, compartilhar e construir conhecimentos 
com os colegas.
nf
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Sh
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ck
Figura 7
O storytelling desenvolve 
competências como argu-
mentação oral e escrita e 
criatividade.
3.5 Orientações para avaliação 
Videoaula Assim como as metodologias, as rotinas e a forma de condução das 
aulas no ensino fundamental devem ter o cuidado necessário à fase do 
desenvolvimento em que a criança se encontra, bem como a clara per-
cepção da delicadeza desse momento de transição da educação infan-
til para o ensino fundamental. Nesse contexto, as formas de avaliação 
também são uma preocupação pertinente.
Por mais que os alunos agora passem a ser avaliados de maneira 
diferente do que eram na educação infantil, os mecanismos escolhidos 
devem fugir daqueles que simplesmente classificam os alunos sem o 
intuito de trabalhar com as diferenças e estimular as potencialidades, 
pois é preciso que haja mudanças de acordo com a realidade dos alu-
nos, levando sempre em consideração as habilidades e competências 
de cada um. 
De acordo com Luckesi (1995, p. 33), “a avaliação pode ser caracte-
rizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto ava-
liado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, 
para aceitá-lo ou transformá-lo”. Ou seja, o objetivo de um processo de 
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 53
avaliação deve ser direcionado ao processo de ensino-aprendizagem, à 
compreensão do que o aluno sabe, do que ele não sabe e quais os pon-
tos a serem reforçados e desenvolvidos para se atingir as habilidades 
esperadas para o momento. 
No que se refere à avaliação do aluno do ensino fundamental – 
anos iniciais, é essencial considerar que os instrumentos de avaliação 
não precisam necessariamente ser representados por meio de notas 
expressas em provas e testes. Estes fazem parte do contexto escolar, 
porém é necessário compreender que avaliar o rendimento do aluno 
durante o processo de ensino-aprendizagem abre a possibilidade de, 
ainda durante o processo, atuar sobre as dificuldades dos alunos e le-
var à superação de obstáculos. 
Dessa forma, a avaliação deve estar em consonância com o plane-
jamento do professor de modo contínuo, por meio de atividades coti-
dianas que apenas situem o professor de como está o entendimento e 
rendimento do aluno até determinado momento.
Para se ter nítido o caminho a seguir e como conduzir o processo 
de avaliação, devemos conhecer os tipos de avaliação e suas intenções. 
Conforme Hoffmann (2005), podemos destacar dois tipos de avaliação, 
sendo a primeira conhecida como diagnóstica, que permite ao profes-
sor verificar inicialmente em que momento se encontra o desenvolvi-
mento do aluno, seu processo de evolução e detectar dificuldades para 
que sejam trabalhadas, repensando seu planejamento quando neces-
sário. Ou seja, diagnosticar se aproxima de verificar, conhecer a situa-
ção de cada aluno.
A segunda maneira de avaliar é por meio da avaliação formativa, que 
visa superar dificuldades verificadas anteriormente e formar, ao longo 
do processo, o modo mais adequado para se trabalhar com o aluno no 
momento em que ele se encontra, conforme suas necessidades. 
O processo de transição da educação infantil para os anos iniciais do ensino fun-
damental: desafios e possibilidades, das autoras Joana Zanatta, Vera Inês Mar-
con e Maria Lucia M. Maraschin, apresentado durante o XII Congresso Nacio-
nal de Educação (EDUCERE), traz a aproximação da necessidade de um olhar 
diferenciado do professor que trabalha na transição da educação infantil para 
o ensino fundamental.
Acesso em: 22 jan. 2020.
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/21717_9248.pdf
Artigo
54 Organização didática da educação básica
De qualquer forma, a avaliação no ensino fundamental deve ser um 
processo contínuo, que possibilite o acesso ao conhecimento, de verifi-
cação da aprendizagem do aluno e de reflexão sobre a atuação docente.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS 
Refletir sobre os anos iniciais do ensino fundamental é algo extre-
mamente instigante. A transição da educação infantil para o ensino 
fundamental é um marco de mudança no crescimento da criança, e o 
pedagogo, como profissional que atua diretamente com essa faixa etária, 
sendo coordenador ou professor, tem a responsabilidade de tornar esse 
momento tranquilo e significativo.
Para isso, vimos que a construção da identidade do pedagogo deve 
estar ligada ao embasamento teórico, o qual torna a pessoa sensível 
frente às necessidades das crianças no período de transição entre a 
educação infantil e o ensino fundamental e de uma nova construção 
de conhecimentos. 
Nesse percurso, as reflexões sobre planejamento, métodos e avaliação 
são instrumentos de constante cuidado e análise, uma vez que represen-
tam o caminho a ser percorrido na busca por métodos diferenciados que 
contemplem a aprendizagem dos alunos, levem à superação de obstácu-
los de aprendizagem e tornem o aprender algo instigante e motivador.
ATIVIDADES
1. Ao orientar o professor, o coordenador pedagógico deve destacar 
fatores que influenciam no fazer cotidiano da sala de aula, como os 
saberes e as peculiaridades apresentados pela criança ao ingressar no 
ensino fundamental. Com relação à proposta pedagógica, quais são 
esses fatores envolvidos?
2. Um elemento muito importante no papel do coordenador pedagógico 
é a práxis. Em que consiste esse termo?
3. Para um fazer significativo e planejado com objetividade em sala de 
aula, é necessário que o pedagogo/professor identifique a diferença 
entre método e metodologia. Qual é a diferença entre eles?
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 55
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível 
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
BRZEZINSKI, I. Pedagogo: Delineando Identidade(s). Revista UFG, n. 10, jul. 2011. Disponível 
em: https://www.proec.ufg.br/up/694/o/10_iria_brzezinski.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar 
o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.
HOFFMANN, J. Pontos e contrapostos: do pensar ao agir em avaliação. 9 ed. Porto Alegre: 
Mediação, 2005.
LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 
1995.
LÜCK, H. Avaliação e monitoramento do trabalho educacional. Petrópolis: Vozes, 2013. 
MARCELO, C. Desenvolvimento Profissional Docente: passado e futuro. Revista de Ciência 
da Educação, n. 8, p. 7-22, jan./abr. 2009. Disponível em: http://www.unitau.br/files/
arquivos/category_1/MARCELO___Desenvolvimento_Profissional_Docente_passado_e_
futuro_1386180263.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
MORAN, J. Como transformar nossas escolas em instituições inovadoras?: Novas formas de 
ensinar a alunos sempreconectados. 2017a. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/
moran/wp-content/uploads/2017/08/transformar_escolas.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
MORAN, J. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. 2017b. Disponível em: 
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2018/03/Metodologias_Ativas.pdf. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
PIMENTA, S. G. Panorama atual da didática no quadro das ciências da educação: Educação, 
pedagogia e didática. In: PIMENTA, S. G. Pedagogia, ciência da educação? São Paulo: Cortez, 
1996.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento 
de Educação Básica. Alfabetização e Letramento. Curitiba, 2015. Disponível em: http://
www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/programa_aceleracao_estudos/
alfabetizacao_letramento.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
SANTOS, A. R. J. Currículo, conhecimento e cultura escolar. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 
2009.
SOARES, M. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2013.
56 Organização didática da educação básica
Cada etapa da educação básica tem suas peculiaridades. 
Assim como a educação infantil, o ensino fundamental apresenta 
características próprias de trabalho, pois compreende uma 
nova faixa etária do desenvolvimento do aluno, novos desafios e 
demandas que tornam o trabalho do pedagogo diferenciado.
Neste capítulo, trataremos de questões voltadas à atuação 
do pedagogo no ensino fundamental – anos finais, etapa a partir 
do qual o pedagogo não atua mais em sala de aula, mas como 
o organizador dos processos escolares. Essa reflexão acerca da 
aplicação de saberes pedagógicos vista de fora da sala de aula e a 
análise do comportamento de uma nova faixa etária são essenciais 
para o desempenho do pedagogo na escola.
Trata-se de um novo desafio, pois, nessa etapa, o profissional 
terá a oportunidade de colocar em prática todo o seu conhecimento 
sobre aprendizagem, desenvolvimento humano e organização do 
trabalho pedagógico em prol da relação dos professores com a 
equipe escolar.
Organização didática 
do ensino fundamental 
– anos finais
4
4.1 Da infância para a adolescência 
Videoaula Com a conclusão do ensino fundamental – anos iniciais, o aluno ini-
cia uma nova fase do seu desenvolvimento humano com muitas mu-
danças e transformações, que implicam tanto na vida escolar como na 
vida social dos, agora, pré-adolescentes. Esse período engloba os anos 
finais do ensino fundamental, que compreende do 6º ao 9º ano. Nessa 
fase, a criança está, aproximadamente, entre os onze e catorze anos, 
ou seja, no período da puberdade.
Organização didática do ensino fundamental – anos finais 57
Calligaris (2000, p. 9), ao refletir sobre a adolescência, relata que
nossos adolescentes amam, estudam, brigam, trabalham. Bata-
lham com seus corpos, que se esticam e se transformam. 
Lidam com as dificuldades de crescer no quadro 
complicado da família moderna. Como se diz hoje, 
eles se procuram e eventualmente se acham. 
Mas, além disso, eles precisam lutar com a 
adolescência, que é uma criatura um pouco 
monstruosa, sustentada pela imagina-
ção de todos, adolescentes e pais.
Além de todas as mudanças físicas pe-
las quais os pré-adolescentes passam, 
uma das características dessa fase, que se 
apresenta de modo latente, é o desenvol-
vimento bastante acentuado e significativo 
da linguagem, assim como da expressão oral e 
escrita, agora mais madura e própria da idade.
Juntamente com essa maturação, há uma expectativa de que nessa 
idade o aluno consiga se expressar de maneira clara e objetiva e de que, 
por meio da fala e da escrita, ele apresente melhor concordância, bem 
como um pensamento organizado e bem expressado, o que traz novas 
responsabilidades à sua aprendizagem. Segundo Piaget (1998), espera-
-se que o aluno consiga realizar determinadas atividades, pois ele está 
no estágio das operações formais, ou seja, já possui a noção de conser-
vação numérica, probabilidade, hipóteses e abstração de pensamento.
O estudo Infância e adolescência na sociedade contemporânea: alguns aponta-
mentos, da autora Leila Maria Ferreira Salles, publicado na revista Estudos de 
psicologia, trata-se de uma visão psicológica desse momento de transforma-
ção que é a passagem da infância para a adolescência. Ótima leitura, pois 
aproxima as discussões deste capítulo da necessidade de se conhecer quem 
é esse aluno, agora pré-adolescente.
Acesso em: 22 jan. 2020. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2005000100005
Artigo
Nessa fase, o pensamento lógico-concreto leva o pré-adolescente a 
manipular mentalmente a representação do mundo que internalizou nas 
fases anteriores. Apesar de conceitos abstratos ainda serem de difícil com-
Figura 1
Na puberdade, ocorrem 
muitas mudanças: as bioló-
gicas, resultantes da idade, 
e as sociais e educacionais, 
resultantes da transição 
nas séries escolares.
Monkey Business Images/Shutterstock
preensão para ele, as regras sociais começam a fazer sentido, permitindo-
-lhe se apresentar com mais autonomia e julgar o certo e o errado.
Outro fator considerável é a mudança hormonal, que proporciona 
mudanças físicas e afeta também o humor desse pré-adolescente, que 
busca, nesse momento, compreender a si e ao mundo. Assim, o desejo 
de se posicionar e ganhar um papel na sociedade se mistura à necessi-
dade de proteção de uma criança.
Com todas essas mudanças sociais, emocionais e afetivas, o estudante 
do ensino fundamental – anos finais enfrenta desafios de maior comple-
xidade que exigem de sua organização maior lógica de raciocínio e maior 
reflexão sobre a aprendizagem nas diferentes áreas do conhecimento.
Nessa fase, o adolescente se compreende como sujeito em desen-
volvimento, com suas características individuais e culturais, e busca 
identidade e inserção social, que demandam práticas diferenciadas nas 
salas de aula.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais,
é frequente, nessa etapa, observar forte adesão aos padrões de 
comportamento dos jovens da mesma idade, o que é evidencia-
do pela forma de se vestir e pela linguagem utilizada por eles. 
Isso requer dos educadores maior disposição para entender e 
dialogar com as formas próprias de expressão das culturas juve-
nis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas 
mais densamente povoadas. (BRASIL, 2010, p. 110)
Ge
or
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Figura 2
A cultura digital possui 
forte influência sobre os 
pré-adolescentes, o que 
requer novas estratégias 
de trabalho na escola.
58 Organização didática da educação básica
Organização didática do ensino fundamental – anos finais 59
Além dessas questões típicas da idade, é necessário considerar tam-
bém que, nos dias atuais, a cultura digital propõe mudanças ainda mais 
significativas a essa faixa etária. As tecnologias da informação e comu-
nicação proporcionam ao pré-adolescente (e às demais fases) o acesso 
a uma diversidade de conteúdos e um maior dinamismo em relação às 
interações sociais, à cultura digital, às respostas imediatistas e a uma 
grande gama de informações variadas. Ou seja, além de essa fase do 
desenvolvimento humano trazer variadas transformações, também 
conta com diferenciais do mundo externo que a tornam ainda mais 
desafiadoras para o trabalho escolar.
Assim, essas mudanças influenciam o meio em que o pré-adoles-
cente vive, para que ele também mude e se adapte, principalmente 
quando se trata do ambiente escolar. Nesse contexto, novas estraté-
gias e possibilidades de ensino devem ser consideradas a partir dessas 
mudanças de caraterísticas que trazem novas necessidades de estímu-
los e vivências.
4.2 O papel do pedagogo nos anos 
finais do ensino fundamental Videoaula
Sabendo de todo o contexto do qual faz parte a faixa etária dos alu-
nos de ensino fundamental – anos finais, percebemos que a escola tem 
um grande desafio ao contribuir para a formação das novas gerações. 
Essa contribuição abrange o compromisso em relação aodesenvolvi-
mento do aluno, em estimular reflexões e análises aprofundadas de 
conhecimentos que contribuam tanto para o desenvolvimento indivi-
dual quanto para a sua ação como cidadão transformador do meio em 
que vive.
Para que isso ocorra, é necessário que a escola internalize novas 
formas de vivenciar a aprendizagem, com diferentes formas de comu-
nicação de abordagens democráticas e interativas, entre professor, alu-
no e mundo.
Nesse contexto – e para que essa educação ocorra –, o pedagogo é o 
profissional responsável por tecer os caminhos que chegam a esses re-
sultados. Ele deve atuar juntamente com o corpo docente, delineando 
projetos que, além de levar ao contexto do desenvolvimento escolar, 
contribuirão para a reflexão sobre o futuro.
60 Organização didática da educação básica
Dessa forma, a atuação do pedagogo nesse nível de ensino é di-
ferente dos níveis anteriores, pois, antes, além de sua atuação como 
gestor ou coordenador pedagógico, esse profissional poderia ser 
também professor de sala de aula. Para ministrar aulas no ensino 
fundamental – anos finais, o professor precisa necessariamente ser 
um especialista, ou seja, ser licenciado em História, Geografia, Língua 
Portuguesa, Matemática etc.
Nesse momento, o pedagogo surge como um orientador do ensino. 
Ele irá trabalhar diretamente com professores, orientando a elabora-
ção e aplicação de planejamentos, atendendo aos alunos com ênfase 
na orientação educacional, realizando todo o trabalho de coordenação 
ou gestão pedagógica da escola, além de realizar a elaboração e a atua-
lização do Projeto Político Pedagógico (PPP) – o principal documento 
que atribui identidade à escola por trazer, de maneira minuciosa, todos 
os processos que a envolvem, regendo o trabalho escolar e refletindo a 
proposta educacional da escola.
Pensando sobre cada etapa da atuação do pedagogo no ensino 
fundamental – anos finais, podemos analisar diferentes momentos, a 
iniciar pelo trabalho a ser desenvolvido com o professor licenciado em 
diferentes áreas. É sabido que o pedagogo não domina, em sua forma-
ção, os conteúdos das áreas do conhecimento desse nível de ensino. 
Por isso, nessa etapa, ele atuará como canal de comunicação entre os 
professores, buscando estabelecer um trabalho interdisciplinar, orien-
tando os planejamentos de acordo com as características das turmas, 
ou ainda nos casos de inclusão. O profissional pensará, juntamente 
com cada professor, em estratégias diferenciadas para levar os alunos 
a compreenderem determinados conhecimentos.
Sendo assim, o trabalho conjunto do pedagogo com o do professor 
se torna complementar, pois, enquanto este possui seu conhecimento 
específico da disciplina, aquele domina o trabalho com metodologias 
diferenciadas e compreende as diferentes formas com que o ser hu-
mano aprende.
No que se refere ao aluno da etapa de aprendizagem em questão, 
o pedagogo poderá ser o orientador educacional que guiará as turmas 
em direção à resolução de conflitos em grupo ou à superação da falta 
de hábitos de estudos, que são primordiais para o bom desenvolvimen-
to do aprendizado. Esse trabalho se estende também às famílias, uma 
Organização didática do ensino fundamental – anos finais 61
4.3 Métodos para atrair a atenção dos alunos 
Videoaula Um dos maiores desafios do pedagogo em relação ao trabalho 
de orientação aos professores é pensar uma metodologia adequada 
aos alunos do ensino fundamental – anos finais. Ou seja, é preciso 
considerar as peculiaridades da faixa etária dos alunos nessa etapa 
de ensino, suprir as necessidades diferenciadas de aprendizagem, 
de interação com o conhecimento e socializar adequadamente com 
seus pares.
Por isso, ao se pensar em métodos que atraiam os pré-adolescen-
tes, é necessário considerar e lembrar que, nesse momento, as inte-
rações sociais estão em evidência, assim como a maior capacidade de 
autonomia e abertura para diferentes práticas de ensino. De acordo 
vez que o apoio familiar é essencial para o sucesso 
do estudante. Nesse momento, cabe ao pedago-
go compreender os contextos familiares e auxiliar 
aluno e família a conduzirem hábitos que possam 
colaborar para a aprendizagem do aluno.
Algumas vezes, nessa fase de desenvolvimento, o 
pedagogo precisará intervir em casos de conduta in-
disciplinar ou de não aceitação das regras, já que é 
um momento de muitas mudanças e novidades 
para os alunos.
A organização do ensino é outra forma de 
atuação do pedagogo no ensino fundamental 
– anos finais. Essa organização se inicia com as-
pectos legais, como a formulação ou atualização do PPP, já que é 
por meio desse documento que as famílias e a comunidade escolar po-
dem ter conhecimento da identidade da escola, compreendendo como 
ela funciona. Além de ser um documento com base legal, o PPP rege 
o trabalho do pedagogo escolar, uma vez que esse profissional deve 
fazer cumprir e zelar para seja cumprido tudo o que nele se apresenta.
Dessa forma, podemos perceber que o papel do pedagogo nos anos 
finais do ensino fundamental ganha importância diferenciada e foco 
específico nas questões organizacionais e de contato com professores 
e alunos em situações específicas.
Ad
am
ov
a 
M
ar
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a/
Sh
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te
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ck
Figura 3
Resistência às regras, 
indisciplina e alguma 
rebeldia são características 
da pré-adolescência.
62 Organização didática da educação básica
com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ao longo do ensino 
fundamental – anos finais,
os estudantes se deparam com desafios de maior complexidade, 
sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferen-
tes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às 
áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante, 
nos vários componentes curriculares, retomar e ressignificar as 
aprendizagens do Ensino Fundamental - Anos Iniciais no con-
texto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à am-
pliação de repertório dos estudantes. Nesse sentido, também é 
importante fortalecer a autonomia desses adolescentes, ofere-
cendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir criti-
camente com diferentes conhecimentos e fontes de informação. 
(BRASIL, 2018, p. 60)
Cada um dos elementos trazidos pela BNCC reforça a importância 
de um processo contínuo entre as etapas de ensino. Assim como a 
transição da educação infantil para o ensino fundamental – anos ini-
ciais requer a sensibilidade de um período transitório, com a retomada 
de conceitos, a transição para o ensino fundamental – anos finais não é 
diferente. Nesse sentido, é preciso que as metodologias também sejam 
mantidas nessa linha de continuidade, pois não são apenas as crianças 
que precisam de aulas diversificadas.
Para que isso ocorra, Dewey (apud TEIXEIRA, 1957, p. 21) já mencio-
nava que
o processo educativo não pode ter fins elaborados fora dele 
próprio. Os seus objetivos se contêm dentro do processo e são 
eles que o fazem educativo. Não podem, portanto, ser elabora-
dos senão pelas próprias pessoas que participam do processo. 
O educador, o mestre é uma delas. A sua participação na elabo-
ração desses objetivos não é um privilégio, mas a consequência 
de ser, naquele processo educativo, o participante mais experi-
mentado e, esperemos, mais sábio.
Assim, para possibilitar essa atuação do professor como participan-
te de um processo de construção do conhecimento, algumas ferramen-
tas e métodos – que suprem a necessidade dos pré-adolescentes – são 
sugeridos por Camargo e Daros (2018):
 • Scribble Press: permite contar histórias com imagens e fotos.
 • StoryKit: permite que aluno crie conteúdo interativo, utilizando 
som e imagem.
No vídeo Pré-adolescência, 
adolescência e juventude, 
publicado pelo canal A Melhor 
Família do Mundo, o Dr. Italo 
Marsili fala sobre o programa 
do projeto do blog Como Educar 
seus Filhos, sobre as várias eta-
pas do desenvolvimento juvenil 
e da adolescência – saberes 
essenciais para o pedagogo 
que irá interagir com essa faixa 
etária.
Disponívelem: https://www.youtu-
be.com/watch?v=JoByaYWvAnA. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
Vídeo
Organização didática do ensino fundamental – anos finais 63
 • Motion Math: jogo em 3D baseado no estudo de frações. Simula 
uma viagem ao espaço, na qual, para avançar no percurso, o alu-
no deve mover frações para locais corretos na escala numérica.
Dentre as metodologias, uma boa sugestão é o debate inteligente, 
que possibilita a troca e o gerenciamento de informações, argumenta-
ção, trabalho em equipe e desenvolvimento de ideias, ou seja, habili-
dades em evidência nos alunos de ensino fundamental – anos finais.
Para realizar esse método, o professor inicialmente escolhe um 
tema, o qual deve ter diferentes pontos de vista. Os alunos formam 
grupos com quatro integrantes, mas trabalham em dupla. Cada dupla 
deve preparar uma apresentação de 10 a 15 minutos e colocar seus 
apontamentos, defendendo seu posicionamento para a outra dupla. 
Ao final das apresentações, a turma poderá discutir e trocar ideias so-
bre os pontos de vista.
Atividades como essa proporcionam o respeito mútuo, incentivando 
o aluno a contra-argumentar respeitosamente em vez de criticar a pes-
soa, tentando entender as diferenças e os posicionamentos dos outros.
O pedagogo deve, portanto, orientar o professor a seguir uma linha 
de metodologias e estratégias que contemplem questões que alcan-
cem o desenvolvimento cognitivo dos alunos nessa faixa etária.
4.4 Como avaliar? 
Videoaula Avaliar na educação infantil e no ensino fundamental – anos iniciais 
já é uma tarefa que requer cuidado e critério ao elaborar e pensar so-
bre essas etapas, e no ensino fundamental – anos finais isso não é di-
ferente. Avaliar o desempenho da aprendizagem requer instrumentos 
capazes de identificar, por meio de diferentes perspectivas e observa-
ções, se o aluno alcançou os objetivos preestabelecidos inicialmente. 
Caso isso não ocorra, com base também na avaliação, surge a possibi-
lidade de verificar quais são as formas de levá-lo a isso, seja com mu-
danças na metodologia em aula para auxiliar na compreensão do que 
está sendo proposto, seja na própria forma de avaliar.
Para tanto, os instrumentos avaliativos devem ser os mais varia-
dos. Contudo, devemos dar preferência aos de caráter cumulativo 
e contínuo, conforme orienta a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – Lei 
n.  9.394/1996. Assim, os alunos poderão ser avaliados por diferentes 
perspectivas, possibilitando que o professor verifique suas dificuldades.
Para aplicar as diferentes formas de avaliação, é necessário com-
preender o que elas significam, até porque, dentro do trabalho do 
pedagogo, essa clareza sobre os tipos de avaliação pode e deve ser 
repassada para todo o grupo docente.
Para compreender o que é a avaliação cumulativa, vamos recor-
rer ao próprio nome desse tipo de avaliação, que nos remete à pala-
vra acúmulo. Assim, é o acúmulo de possibilidades que o professor 
cria ao acompanhar cotidianamente o rendimento do aluno, ao in-
tervir nos momentos oportunos e até mesmo ao orientá-lo a saber 
como buscar a solução para suas dúvidas. Ela é cumulativa e contí-
nua porque não é realizada apenas no final de todo um processo, 
mas considerada durante a aprendizagem.
Todo esse processo e cuidado cumulativo e contínuo, além de 
demonstrar ao professor tais dados, leva em consideração o fato de 
que cada aluno aprende de maneiras diferentes. Nesse caso, se o 
professor planeja diferentes formas de avaliar, ele estará contem-
plando também os diversos modos de se expressar e de demonstrar 
o conhecimento utilizados por cada aluno.
Pensar sobre essa perspectiva ressalta ainda mais o trabalho do 
pedagogo escolar como coordenador, pois ele será o articulador 
que levará todos os professores a praticarem as avaliações de ma-
neira contínua.
Entre as preocupações que o pedagogo deve ter para 
conduzir esse trabalho de avaliação está o de sempre 
ressaltar entre os professores a necessidade de co-
nhecerem seus alunos, analisando as carac-
terísticas de cada um, suas dificuldades 
e até mesmo os aspectos familiares. 
Dessa maneira, a condução do tra-
balho se dará de modo mais próxi-
mo das capacidades de cada um.
Nesse sentido, é importante 
considerar que, muitas vezes, os 
pré-adolescentes não atingem 
o objetivo esperado em 
Figura 4
Atividades extraclasse, 
como as feiras de ciências, 
são excelentes formas de 
avaliação para essa etapa 
do ensino.
Pataporn Kuanui/Shutterstock
64 Organização didática da educação básica
Organização didática do ensino fundamental – anos finais 65
provas formais devido a questões emocionais relativas à pressão que 
esse momento traz. Se o professor conhece bem seu aluno por acom-
panhá-lo continuamente, perceberá, consequentemente, se um baixo 
rendimento em determinada prova se deve a um fator cognitivo ou 
emocional.
Destacamos, mais uma vez, a necessidade de haver, além das 
provas padrões – ainda utilizadas por muitas instituições escolares 
–, avaliações diferenciadas. Uma das alternativas é investir em pro-
jetos extraclasse, como as feiras de ciências, as literárias e muitas 
outras possibilidades, por meio das quais os alunos possam buscar co-
nhecimentos e expressá-los de diferentes formas.
Sabemos que, do 6º ao 9º ano, o aluno possui uma capacidade ainda 
maior de expressão, criatividade, autonomia e busca por diferentes for-
mas de comunicação. Tais atividades diferenciadas de avaliação, além 
de favorecerem esse momento do desenvolvimento do aluno, propi-
ciam a avaliação vista por diferentes olhares.
Cabe ressaltar, assim, que o papel do pedagogo no ensino funda-
mental – anos finais é essencial para dar sentido ao processo avaliativo, 
uma vez que, além de aplicar as práticas citadas, ele precisa, também, 
integrar todos os professores e levá-los a trabalharem a partir dessa 
mesma perspectiva. Assim, a continuidade dos estudos do pré-adoles-
cente e a maneira que ele é visto serão justas e eficazes.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
O ensino fundamental – anos finais é uma fase tão especial quanto 
as anteriores. É preciso disponibilizar o cuidado e a atenção que os alu-
nos dessa etapa precisam, visto que se trata de um momento de grandes 
transformações e novidades, não somente físicas e psicológicas, mas tam-
bém escolares.
O olhar do pedagogo nesse período deve ter um foco diferente, uma 
vez que seu papel, agora, é de coordenação dos processos, tanto do pon-
to de vista do aluno quanto do professor, que necessita do trabalho des-
se profissional para conduzir, alinhar e direcionar da melhor forma cada 
caso de aprendizagem.
Essa variação do papel do pedagogo pode se dar de aluno para alu-
no, de ano para ano, de professor para aluno ou até mesmo para tratar 
66 Organização didática da educação básica
de casos de inclusão. Dessa forma, reconhecemos o pedagogo como um 
profissional indispensável no cotidiano escolar, não só em sala de aula, 
mas também nesse momento, como um guia do trabalho docente.
ATIVIDADES
1. Em qual etapa do desenvolvimento humano se encontra o aluno 
do ensino fundamental – anos finais e quais são as características 
que o pedagogo deve conhecer para melhor lidar com essa fase no 
ambiente escolar?
2. Analise por quais demandas o pedagogo é responsável em seu 
trabalho junto aos professores do ensino fundamental – anos finais.
3. Quais são as indicações de como deve ocorrer o processo de avaliação 
no ensino fundamental – anos finais?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2010.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível 
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 6 jan. 2020.
CALLIGARIS, C. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar 
o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso,2018.
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.
TEIXEIRA, A. Ciência e arte de educar. Educação e Ciências Sociais, v. 2, n. 5, p. 5-22, ago. 
1957. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/ciencia.html. Acesso 
em: 22 jan. 2020.
Desafios do pedagogo no ensino médio 67
Já sabemos a relevância do pedagogo na educação infantil e no 
ensino fundamental – anos iniciais e finais. Agora, vamos refletir 
sobre sua atuação no ensino médio, que se torna ainda mais 
ampla, pois suas preocupações são voltadas também à formação 
profissional dos alunos.
Nessa fase, o aluno, agora adolescente, além de todos 
os desafios que a idade traz, depara-se, também, com novas 
decisões, com uma visão mais realista do futuro e dos estudos que 
direcionarão os rumos de sua vida profissional.
Sendo assim, analisaremos, neste capítulo, as formas de 
trabalho e os desafios encontrados pelo pedagogo nessa etapa 
final da educação básica chamada ensino médio.
Desafios do pedagogo 
no ensino médio
5
5.1 A idade da pressão 
Videoaula É por volta dos quinze anos de idade que o adolescente ingressa no 
ensino médio. Nessa fase, acontecem muitas alterações de humor, de 
concentração e de interesse pelo que o rodeia. Por ser um momento 
repleto de diferentes sensações, o pedagogo, que atua orientando os 
professores desses alunos, deve compreender que, por conta dessas 
diferentes sensações, algumas posturas são essenciais para o bom 
convívio e desenvolvimento das aulas.
Ao se deparar com uma situação de conflito com os adolescentes, é 
preciso ter sabedoria para lidar com o caso, pois suas reações podem 
ser adversas. Dessa maneira, o confronto não é uma boa solução para 
casos como esse, uma vez que, provavelmente, o adolescente está ape-
nas buscando uma forma de se expressar e de se impor na sociedade. 
68 Organização didática da educação básica
Assim, o sentimento de companheirismo e parceria pode trazer uma 
condução diferenciada para os momentos de aprendizagem.
Esse período de instabilidade requer momentos de escuta, acolhida 
de sugestões e reflexões que levarão o adolescente a se sentir parte do 
processo em que está inserido. Por consequência, com o desenvolvi-
mento desse relacionamento interpessoal e o interesse despertado, a 
aprendizagem ocorrerá de maneira efetiva.
Para compreender ainda mais esse momento em que o aluno já se 
encontra, que Piaget (2001) chama de estágio das operações formais, o 
pedagogo pode buscar, em diferentes áreas, conhecimentos que em-
basarão sua orientação aos professores.
Uma dessas áreas é a Neurociência, que explica a instabilidade de 
humor e as reações dos adolescentes em uma mudança de sinapses. 
É no córtex frontal que essas funções são reorganizadas, assim como 
ocorre na primeira infância, permitindo novas conexões, que levarão o 
adolescente à maturidade neural e à vida adulta.
Essas questões vão ao encontro de um momento que, além de mui-
tas mudanças, traz também novas responsabilidades, principalmente 
para os alunos do último ano do ensino médio. É a fase da vida em 
que há uma grande cobrança, principalmente da família, em relação 
ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao vestibular e, conse-
quentemente, à escolha de uma profissão. Além disso, separar-se da 
turma que até então o acompanhava por muito tempo pode ser um 
dos fatores emocionais com o qual o adolescente tem dificulda-
de em lidar.
Como citado, uma das questões desafiadoras é o 
Enem, que foi criado em 1998 para avaliar a qualidade 
do ensino médio no país e, ao mesmo tempo, servir 
como ingresso ao ensino superior; ou seja, é um mo-
mento em que, por meio de um exame, o aluno demos-
tra o conhecimento adquirido durante sua vida escolar.
Outro fator desafiador e que exige grande preparo 
dos estudantes é o vestibular, conhecido exame para in-
gresso no ensino superior. Ele também é parte da pres-
são vivida pelo aluno, que deve se preparar para a prova 
em si e escolher sua futura profissão.
Figura 1
As mudanças dessa fase, so-
madas à cobrança, são algo 
difícil para o adolescente.
Monkey Business Images/Shutte
rst
oc
k
córtex frontal: área 
do cérebro responsável pelo 
planejamento e controle das 
emoções.
Glossário
Desafios do pedagogo no ensino médio 69
Essa escolha, no entanto, pode ser feita ainda mais cedo, no próprio 
ensino médio. A educação profissional é uma modalidade de ensino 
encontrada na educação básica e sua oferta ocorre por meio de cursos 
técnicos, de formação inicial e continuada. Esses cursos, a nível de en-
sino médio integrado, destinam-se aos alunos que concluíram o 9º ano 
do ensino fundamental – anos finais.
Para além dessa preocupação quanto à formação profissional, qual 
curso fazer, que profissão seguir etc., há, muitas vezes, a necessida-
de de conciliar estudo e trabalho. Tais desafios, em alguns momentos, 
podem gerar a evasão escolar, ou seja, a desistência de estudar. É im-
portante deixar claro que a evasão não é somente responsabilidade 
do próprio aluno ou da família, uma vez que a escola e os professores 
podem ter sua parcela de responsabilidade.
Ao pensarmos no âmbito familiar, podemos considerar que a pre-
sença da família na escola, quando os alunos estão no ensino médio, 
é bem menor em comparação aos outros níveis. Isso acontece porque 
muitas famílias pensam que esse aluno já tem autonomia suficiente 
para conduzir sua vida escolar. No entanto, nem todos conseguem li-
dar com essa fase de maneira autônoma. Assim, a ausência familiar 
pode acarretar a falta de interesse e comprometimento do aluno para 
com os estudos. Consequentemente, essa desmotivação gera desistên-
cia. Apesar dessa análise geral da situação de evasão escolar, é preciso 
estudar os casos individualmente e com muita atenção, pois cada um 
possui uma característica diferente.
Segundo Brandão, Baeta e Rocha (1983, p. 38),
o fenômeno da evasão e repetência está longe de ser fruto de ca-
racterísticas individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, 
reflete a forma como a escola recebe e exerce a ação sobre os 
membros desses diferentes segmentos da sociedade.
Por isso, consideramos não somente a família, mas também a esco-
la como corresponsável pela evasão escolar. Isso porque é clara a falta 
de tratamento individualizado ao aluno (BRANDÃO, 1983). A impressão 
de que agora o aluno “cresceu” e de que ele não precisa de todos os 
cuidados como no ensino fundamental não é verdadeira.
A individualidade diante das dificuldades, das facilidades e da cultu-
ra do aluno deve ser vista pelos pedagogos e professores em todos os 
níveis de ensino, considerando as peculiaridades de cada um. A conse-
quência desse cuidado, juntamente com o apoio da família e um traba-
70 Organização didática da educação básica
lho direcionado de orientação a esses desafios, seria a diminuição de 
alunos desistentes.
Ainda entre os desafios está a necessidade de lidar com a sexualida-
de e o namoro, elementos novos para quem acabou de sair da infância. 
É nessa fase que os interesses pessoais mudam por conta da transfor-
mação hormonal, que vai aos poucos inserindo o adolescente na idade 
adulta. Por isso, focar nos estudos e pensar em namoro, nas obriga-
ções com a família, no Enem e no vestibular são demandas que 
agora surgem na vida do adolescente com mais intensidade 
em todo o período do ensino médio.
Em qualquer um desses momentos, o pedagogo 
responsável por esses processos deve organizar as 
formas efetivas de sucesso de aprendizagem e as 
orientações e vivências dos alunos. Deve, ainda, 
auxiliar o professor, que também enfrenta gran-
des desafios nessa fase, para que, em cada ano 
do ensino médio, saiba adequar-se às necessi-
dades daquele momento.
Chegar ao ensino médio não é garantia de 
maturidade para vivenciá-lo. A maturidade e a 
forma como lidar com cada momento da vida 
escolar é reflexo das fases anteriores, desenvol-
vidas no ensino fundamental.
5.2 A formação continuada do professorpara além da sua especialização Videoaula
Sabemos que os professores que trabalham com os alunos de ensi-
no fundamental – anos finais e ensino médio são licenciados em uma 
área específica. Nesse sentido, cabe ao pedagogo orientar os professo-
res sobre o trabalho integrado e auxiliá-los em possíveis dificuldades 
que possam ter com as metodologias.
Hoje, o mercado de trabalho exige profissionais cada vez mais capa-
citados e inovadores, e o pedagogo também é o profissional competen-
te para trazer tal capacitação aos professores, por meio da formação 
continuada na escola.
Figura 2
A descoberta da sexuali-
dade e os relacionamentos 
são desafios tanto para os 
alunos quanto para pedago-
gos e professores.
LightField Studios/Shutterstock
Desafios do pedagogo no ensino médio 71
Há algum tempo, a graduação era suficiente para conseguir bons 
cargos e manter-se no mercado de trabalho. Hoje, devido à globaliza-
ção e à tecnologia, uma demanda diferenciada, em relação à maneira 
da aquisição do conhecimento, exige que profissionais busquem sabe-
res aprofundados e novas formas de exercer a docência.
Dessa forma, ao pensarmos em uma atualização constante dos pro-
fissionais, estamos falando em uma formação continuada que abrange 
os professores licenciados nas mais diversas áreas e o pedagogo. Figura 3
A formação continuada 
coloca o professor de volta 
na posição de estudante.
Monkey Business Images/ Shutterstock
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) implementou 
o conceito de formação continuada, que visa valorizar e orientar a for-
mação dos profissionais da educação. Sendo assim, ela é considerada 
um direito de extrema importância para os profissionais da educação.
A orientação de que o profissional de pedagogia deve, durante sua 
carreira, passar constantemente por formação continuada é algo que 
os cursos de graduação em pedagogia precisam trazer desde o início. 
Assim, o pedagogo que busca a formação para superar seus próprios 
desafios diante da profissão e de situações vivenciadas no dia a dia 
escolar terá subsídios para trabalhar com seu grupo de professores, 
trazendo diferentes benefícios para o cotidiano escolar.
72 Organização didática da educação básica
Esses benefícios iniciam a partir do momento em que o professor 
busca aprimorar suas práticas e dá um novo sentido e significado a 
suas aulas. Isso pode ocorrer por meio de dinâmicas diferenciadas, 
com metodologias que aproximem o aluno do conhecimento de ma-
neira ativa e participativa. Ao mesmo tempo, essa prática cria subsídios 
que auxiliam o professor a perceber possíveis problemas no processo 
de aprendizagem dos alunos.
Práticas tradicionais, em que o aluno é apenas o receptor do conhe-
cimento, estão totalmente ultrapassadas para as características das 
crianças e dos adolescentes de hoje. Dessa forma, para que os alunos 
possam aprender de maneira saudável em momentos de pressão, como 
no ensino médio, eles precisam se sentir engajados e motivados na bus-
ca pelo conhecimento. Essa consciência de constante transformação da 
prática docente só será evidente por meio da formação continuada.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como documento nor-
teador da educação em nosso país, também evidencia a formação 
continuada como pauta obrigatória nas escolas diante da busca pela 
educação de qualidade, estabelecendo a necessidade de que as esco-
las criem formas de:
 • criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, 
bem como manter processos permanentes de formação docen-
te que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de 
ensino e aprendizagem;
 • manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pe-
dagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das 
escolas e sistemas de ensino. (BRASIL, 2018, p. 17)
Tais instrumentos e direcionamentos voltados à formação continua-
da levam o professor a compreender que a própria cultura escolar ne-
cessita se aprimorar quanto às exigências do mundo atual. Não basta 
apenas formar alunos com saberes teóricos, é necessário desenvolver 
habilidades que venham ao encontro das características das novas ge-
rações e do mercado de trabalho, que é uma das preocupações no en-
sino médio.
Sendo assim, desenvolver competências socioemocionais, saber 
fazer uso das tecnologias digitais e agir de maneira efetiva na socie-
dade, com base nos conhecimentos adquiridos, é o que se espera da 
formação atual para os alunos de ensino médio. O pedagogo à frente 
da coordenação desse trabalho deve estar engajado em fazer com que 
Desafios do pedagogo no ensino médio 73
essa realidade ocorra na escola. Uma das maneiras de efetivar esse 
acontecimento é por meio da formação continuada.
Segundo o Parecer CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câ-
mara de Educação Básica) n. 5, de 2011, é fundamental reconhecer:
a juventude como condição socio-histórico-cultural de uma ca-
tegoria de sujeitos que necessita ser considerada em suas múl-
tiplas dimensões, com especificidades próprias que não estão 
restritas às dimensões biológica e etária, mas que se encontram 
articuladas com uma multiplicidade de atravessamentos sociais 
e culturais, produzindo múltiplas culturas juvenis ou muitas ju-
ventudes. (BRASIL, 2011, p. 12-13)
Dessa forma, considerando essa multiplicidade cultural e social, o 
ensino não pode permanecer igual. Por isso, a forma de ver e agir em 
educação se modifica e apropria-se conforme os novos tempos, as no-
vas realidades e as necessidades diferentes das instauradas até então.
 O vídeo Especialista em 
educação fala da formação de 
professores no Brasil, publicado 
pelo canal TV Senado, traz uma 
análise sobre a formação dos 
professores da educação básica 
no Brasil, tratando tanto dos pe-
dagogos quanto dos professores 
formados nas licenciaturas.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=63h6U 
4drFLU. Acesso em: 22 jan. 
2020.
Vídeo
5.3 O papel do pedagogo no ensino 
médio e na educação profissional Videoaula
O pedagogo que atua no ensino médio, além de conhecer todos os 
desafios vinculados a essa etapa da educação básica, deve conhecer as 
possibilidades que esses mesmos desafios trazem à educação profis-
sional, a qual pode ocorrer durante o ensino médio.
Contudo, o papel do pedagogo está em torno da formação conti-
nuada do professor que trabalhará nesse nível de ensino – médio ou 
profissional– e do auxílio constante nas demandas que surgirem aos 
alunos. Nessa perspectiva, é necessário o entendimento inicial do que 
é a educação profissional.
Prevista pela LDB, a educação profissional tem a finalidade de pre-
parar o indivíduo para a entrada no mundo do trabalho e exercer uma 
profissão. Para isso, são disponibilizadas duas modalidades de apren-
dizagem. A primeira, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), é voltada 
àqueles alunos que estão retomando seus estudos em outras fases da 
vida. A segunda, a nível de ensino médio, articula a formação dessa 
etapa com a preparação profissionalizante.
Paralelamente a essas possibilidades, o novo ensino médio, aprova-
do pelo governo em 2017, tem o objetivo de levar o jovem a conhecer 
74 Organização didática da educação básica
as transformações do mercado de trabalho, disponibilizando, assim, 
uma formação mais atualizada. Com isso, o aluno tem a possibilidade 
de definir os rumos a serem seguidos em seus estudos de acordo com 
suas afinidades e interesses pessoais.
A BNCC, por sua vez, é o documento responsável por nortear essa 
nova forma de conduzir o ensino médio e orienta para que esse novo 
currículo seja organizado por meio da oferta de diferentes arranjos cur-
riculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade 
dos sistemas de ensino, os quais serão:
• Linguagens e suas tecnologias
• Matemática e suas tecnologias
• Ciências da natureza e suas tecnologias
• Ciências humanas e sociais aplicadas
• Formação técnica e profissional
Apenas as disciplinas de Português, Matemática e Língua Inglesa se-
rão obrigatóriasdurante os três anos de ensino médio. Com essa realida-
de, cabe aos estados e municípios organizarem seus currículos com base 
na BNCC, assim como o projeto da escola e a realidade da comunidade.
Essa organização tem como principal envolvido o pedagogo, pois 
ele é o articulador responsável por conduzir, em conjunto com a equipe 
escolar, as melhores formas de organizar e tornar real os conhecimen-
tos trabalhados no ensino médio.
Para que esse movimento ocorra, as escolas precisam ter clara a 
necessidade de tratar a teoria e a prática de maneira integrada, em 
que os saberes trabalhados na formação continuada dos professores 
sejam verdadeiramente aplicados em sala se aula. Ao tratar da forma-
ção profissional, o pedagogo e a escola estão investindo, juntamente, 
na formação do cidadão autônomo, com conhecimentos que possibili-
tem a sua produção na sociedade por meio de sua prática profissional, 
superando desigualdades.
Desse modo, com todos os detalhes que constituem o trabalho ao 
longo do ensino médio, fica clara a necessidade da integração do pe-
dagogo com os demais envolvidos no ambiente escolar, a fim de co-
laborarem para essa formação. Assim, busca-se garantir um trabalho 
No livro Pedagogos em cena: 
espaços de atuação e expe-
riências profissionais, vemos 
o registro da reflexão teóri-
ca e prática de pedagogos 
sobre seus espaços de 
atuação profissional e/ou 
suas trajetórias acadêmicas/
profissionais, o que propicia 
a reflexão sobre os aspectos 
tratados neste capítulo.
MAGALHAES, J.; SOUZA, R.; RAMOS, 
M.; ARAUJO, A. L. Jundiaí: Paco 
Editorial, 2019.
Livro
Desafios do pedagogo no ensino médio 75
pedagógico efetivo, que contribua para a formação de alunos e profes-
sores, possibilitando ao aluno adolescente exercer, de maneira efetiva, 
seu papel de cidadão.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
O pedagogo é aquele que articula e auxilia na aplicação de métodos 
de aprendizagem em diferentes níveis de ensino. Sua profissão, assim 
como a dos professores, requer uma formação continuada e a busca 
constante por formas de trabalho atualizadas em diferentes ambientes.
No caso do ensino médio, tendo em vista a formação específica dos 
professores em diferentes áreas, o pedagogo é aquele que orienta e 
auxilia nas questões didáticas e metodológicas, as quais podem ajudar 
a prática em sala de aula. Essa preocupação ocorre em todos os níveis 
de ensino, porém é nessa fase final do ensino básico que os alunos 
possuem uma carga maior de responsabilidades.
Além disso, pensar e traçar os melhores caminhos que direcionarão 
a vida do estudante, também em um âmbito profissional, traz ao peda-
gogo e aos professores envolvidos uma responsabilidade ainda maior e 
mais próxima da formação de um cidadão crítico e atuante na sociedade.
ATIVIDADES
1. A adolescência, fase em que se está iniciando o ensino médio, é um 
momento de muitas transformações biológicas e psicológicas. Essas 
transformações alteram o modo dos adolescentes de agir e reagir 
diante de algumas situações. Reflita e escreva sobre como o pedagogo 
deve atuar diante desse contexto.
2. Durante todos os anos da educação básica, a presença da família é 
tratada como relevante no processo. No ensino médio, essas questões 
mudam um pouco. De acordo com as reflexões do capítulo, escreva 
qual é a ação da maioria das famílias nessa fase e qual é a consequência.
3. Durante este capítulo, tratamos do papel do pedagogo no ensino médio. 
Escreva algumas das ações que o pedagogo exerce nessa etapa da 
educação e que contribuem para o processo de ensino-aprendizagem.
76 Organização didática da educação básica
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Z.; BAETA, A. M. B.; ROCHA, A. D. C. O estado da arte da pesquisa sobre evasão 
e repetência no ensino de 1º grau no Brasil (1971-1981).  Revista Brasileira de Estudos 
Pedagógicos, Brasília, DF, v. 64, n. 147, p. 38-69, maio/ago. 1983.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Parecer n. 5, de 
4 de maio de 2011. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 24 de janeiro de 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_docman&view=download&alias=8016-pceb005-11&category_
slug=maio-2011-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 22 jan. 2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível 
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
PIAGET, J. Inteligencia y afectividad. Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 2001.
Organização didática do ensino médio e da educação profissional 77
Ao longo da história, a educação passou por muitos momentos de 
transformação. Diferentes tendências, métodos e metodologias fazem 
parte de cada momento vivido dentro das escolas. Essas modificações 
trouxeram ampliações de possibilidades e melhorias que contribuí-
ram para a aquisição do conhecimento pela humanidade.
Hoje, não é diferente. Ao tratarmos do ensino das diferentes 
etapas – educação infantil, ensino fundamental e o ensino médio –, 
é emergente uma nova perspectiva frente aos desafios de uma so-
ciedade tecnológica e ágil na assimilação do conhecimento.
Por isso, muitos são os desafios que escolas e professores en-
frentam em busca de ações indispensáveis, como o envolvimento 
efetivo entre professor e aluno, o desenvolvimento de projetos in-
terdisciplinares que transforme e torne a educação mais próxima 
das vivências e dos desafios diários.
Sendo assim, neste capítulo, refletiremos sobre tais fatores edu-
cacionais e sobre formas de tornar o ensino diferenciado e signifi-
cativo no ensino médio e na educação profissional.
Organização didática 
do ensino médio e da 
educação profissional
6
6.1 Envolvendo os professores e os 
alunos no aprendizado Videoaula
Ao pensar em aprendizado, seja na educação infantil, no ensino fun-
damental, ou até mesmo no ensino médio, muitos fatores precisam ser 
considerados para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra, 
como o ambiente, os recursos utilizados, as metodologias e a afetividade.
Os fatores estruturais, de recursos e de metodologias devem ser 
constantemente atualizados, e a relação professor-aluno deve ser alvo 
78 Organização didática da educação básica
de preocupação e cuidado do pedagogo durante o trabalho na escola, 
pois sabemos que essa questão é um dos caminhos para que o propó-
sito educacional não venha a fracassar.
Desse modo, entendendo a escola como um local propício para que 
o conhecimento seja construído, sistematizado, elaborado e aplicado, 
as condições escolares devem ser favoráveis para que isso ocorra.
Nesse sentido, o envolvimento do professor com o aluno no pro-
cesso de aprendizagem reflete em muitos pontos no resultado. A 
afetividade, confiança mútua, curiosidade e pesquisa são construídas 
juntamente com os alunos, em uma caminhada contínua e rica de no-
vas possibilidades em cada momento.
Além disso, a boa instrumentalização do professor, a clareza sobre 
os objetivos a serem atingidos, o amparo dado pelo pedagogo durante 
o ano letivo, aliados à aproximação positiva com o aluno, são funda-
mentais para que a construção do conhecimento ocorra de maneira 
efetiva. A consciência de que esses aspectos caminham juntos deve fa-
zer parte da formação do professor e do trabalho do pedagogo escolar 
como condutor dessa tarefa.
Mudar a realidade de que o professor é apenas alguém em sala 
para mediar conhecimento e aproximá-lo do aluno de modo mais 
envolvente, considerando ainda as dificuldades e facilidades de cada 
um, é um dos desafios do pedagogo. Isso porque ainda se percebe 
certa resistência de alguns professores em aproximar-se dos alunos 
de ensino médio, seguindo a crença de que estes não precisam mais 
de apoio emocional.
Na relação professor-aluno, é necessário estabelecer o entendi-
mento de que o professor possui um papel social e político frente à for-
mação do aluno. Assim, ele pode assumir uma postura crítica diante 
dedesde 
o nascimento até, aproximadamente, os dois anos de idade. Nesse estágio, a criança 
começa a identificar o ambiente à sua volta, ou seja, suas capacidades sensoriais estão 
sensíveis a essas novas descobertas e prontas para recebê-las. Além de compreender 
esse meio, a criança começa a agir sobre ele, onde sua percepção atua na identificação 
inicial do que é imediatamente percebido pelos seus sentidos.
1.1 Características das crianças 
da educação infantil Videoaula
Ao pensarmos nas características da criança de educação infan-
til e identificarmos a fase que se estende até os cinco anos de idade, 
deparamo-nos com um mundo cheio de descobertas e novas possibi-
lidades que sustentam a base para o desenvolvimento integral do ser 
humano, ou seja, frente aos aspectos cognitivos, emocionais, sociais e 
motores. A criança é um todo integrado, composto por esses aspectos, 
que geram seu desenvolvimento e aprendizagem.
Muitas pesquisas em relação ao desenvolvimento infantil foram e 
são realizadas. Dentre os autores que trouxeram contribuições para 
que hoje possamos compreender a relevância dessa fase, estão Piaget, 
Vygotsky e Wallon. Recentemente, outros autores trouxeram conheci-
mentos voltados ao desenvolvimento motor como um dos pontos prin-
cipais nesse processo de evolução. 
Outra área que muito tem contribuído para o entendimento do ser 
humano é a neurociência, que busca, na compreensão do cérebro, no-
vas descobertas voltadas ao desenvolvimento e à aprendizagem. Va-
mos, então, conhecer um pouco sobre cada uma dessas contribuições. 
Iniciaremos por Piaget, que acredita na aprendizagem como uma 
“interpretação pessoal do mundo, ou seja, é uma atividade individuali-
zada, um processo ativo no qual o significado é desenvolvido com base 
em experiências” (MOREIRA, 1995, p. 34). Para ele, essas experiências 
são vivenciadas ao longo da primeira infância, em que o desenvolvi-
mento infantil ocorre em quatro estágios (MOREIRA,1995).
O trabalho do pedagogo na educação infantil 11
Esse momento proporciona ao professor a possibilidade de traba-
lhar diversos estímulos referentes aos cinco sentidos: tato, visão, olfa-
to, paladar e gustação. A partir do momento em que a criança começa a 
compreender o mundo por meio desses sentidos, consequentemente, 
a aquisição da aprendizagem será melhor.
Estágio pré-operacional: inicia-se aproximadamente aos dois anos de idade e estende-
-se até os seis ou sete anos. A principal característica a ser desenvolvida nesse momento 
é a capacidade simbólica e o desenvolvimento da linguagem. Essas transformações 
ocorrem no decorrer desse estágio, que deve ser o marco dos estímulos relacionados 
à fala e aos materiais que compõem os espaços por elas vivenciados. Nesse estágio, 
encontram-se as crianças de educação infantil, que já estão em fase de preparação para 
o ingresso no ensino fundamental.
Nessa fase, graças ao início de uma capacidade maior de abstração, 
a criança começa a interagir com o mundo da leitura e da escrita. Por 
tratar-se de estágio de transição, é importante lembrar que as ativida-
des lúdicas e concretas ainda se fazem necessárias.
Estágio das operações concretas: ocorre dos seis aos doze anos, aproximadamente. Está-
gio em que a criança se torna apta a manipular mentalmente os símbolos internos que 
construiu durante o período sensório-motor.
Nesse estágio, agora com a capacidade de abstração mais desen-
volvida, surge a necessidade de estimular ainda mais a autonomia de 
pensamento e trabalho com regras e grupos.
Estágio operatório formal: inicia-se a partir dos onze anos. Nesse estágio, a criança 
já possui capacidade de pensar abstratamente, criar hipóteses, observar, relacionar 
e finalizar.
12 Organização didática da educação básica
Nessa fase, a criança está com várias funções cognitivas já maduras, 
porém os estímulos e desafios devem sempre fazer parte das aulas e 
dos projetos em sala.
Figura 1
Os quatro estágios de desenvolvimento segundo Piaget
IE
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Br
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il 
S/
A
0 a 2 anos – Sensório-motor 2 a 7 anos – Pré-operacional
7 a 11 anos – 
Operações concretas 11 em diante – Operatório formal
O trabalho do pedagogo na educação infantil 13
Compreendidas as fases que, para Piaget, marcam o desenvol-
vimento infantil, podemos perceber que a criança, na educação 
infantil, se encontra no estágio sensório-motor e pré-operacional. 
Por isso, é essencial que o pedagogo conheça e compreenda as 
possibilidades e os limites do trabalho efetivo com as crianças 
nessas fases.
Os aspectos emocionais e sociais também fazem parte de todo 
esse contexto de desenvolvimento. Associada a eles, surge a afe-
tividade, considerada por Piaget como a parte responsável pelo 
desenvolvimento da inteligência na infância e por propiciar cons-
tantes interações (PIAGET, 2001). Esta, para o autor, é entendida 
em dois aspectos:
 • A afetividade estimula, acelera e perturba as operações da 
inteligência, ou seja, causa um movimento em suas ações 
que a levam a desenvolver novas experiências.
 • A afetividade ajuda nas construções das estruturas cogniti-
vas, pois, ao viver novas experiências, interage, constrói, re-
solve problemas e busca soluções para diferentes situações.
Para o autor, a afetividade pode provocar modificações nas 
estruturas de desenvolvimento da inteligência, porém “não pode 
nem produzir nem modificar as estruturas” (PIAGET, 2001, p. 103). 
Ainda, em sua perspectiva, o desenvolvimento psicológico é en-
tendido como único, pois, durante toda a vida, existe uma relação 
entre as construções afetivas e cognitivas.
Henri Wallon também contribui fortemente para o entendi-
mento do desenvolvimento infantil. Seu trabalho sobre o tema 
foi baseado no estudo das personalidades em cada faixa etária 
e contemplou aspectos da motricidade e da inteligência. Ele con-
sidera cinco estágios principais do desenvolvimento da criança , 
sendo os três primeiros parte da educação infantil (WALLON apud 
CARDOSO, 2015). São eles:
14 Organização didática da educação básica
Impulsivo emocional (0 a 3 me-
ses/3 meses a 1 ano): trata-se do 
período em que os bebês estão 
desenvolvendo as condições 
sensório-motoras, como olhar e 
pegar, explorando o ambiente e 
as relações emocionais que ele 
traz. O bebê começa sua desco-
berta do mundo e de si próprio. 
É a fase em que o pedagogo 
tem as melhores oportunidades 
de desenvolver sentidos, como 
o tato, a visão, entre outros, que 
constituirão a base para os de-
mais desenvolvimentos ao longo 
de cada estágio.
Personalismo: divide-se em três 
etapas: crise de oposição (3 a 
4 anos), idade da graça (4 a 5 
anos) e imitação (5 a 6 anos). 
Nesse estágio, o que prevalece, 
de maneira geral, é a construção 
das relações afetivas, a cons-
trução de si. Contudo, a criança 
ainda não consegue desenvolver 
a empatia, ou seja, ela ainda não 
consegue se colocar no lugar do 
outro. Suas vontades imperam e, 
por isso, o entendimento do con-
vívio e das relações começa a ser 
um desafio e a ganhar sentido.
Sensório-motor e projetivo (1 ano 
a 18 meses/3 anos): trata-se de 
quando a criança começa a explorar 
o ambiente em que está inserida 
nos aspectos físicos e a simbolizar, 
conseguindo reconhecer certos 
objetos apenas pronunciando o 
nome, não havendo necessidade de 
possuir ou tocar o objeto concreto. 
Além disso, predominam aspec-
tos referentes à cognição, já que a 
criança compreende comandos, co-
meça a conceber a diferença entre o 
sim e o não, imita ações e reproduz 
o que o adulto solicita, iniciando 
o desenvolvimento de memória e 
atenção com pequenas brincadeiras 
e descobertas cotidianas.
0 a 1 ano 
Impulsivo 
Emocional
1 a 3 anos 
Sensório-motor 
e Projetivo
3 a 6 anos 
Personalismo
O trabalho do pedagogo na educação infantil 15
Categorial (6 a 11 anos): estágio 
mais voltado para o desenvol-
vimento cognitivo em si, pois 
a criança está em processo de 
alfabetização. Lembrando que 
esse processo se estende por 
todo o ensino fundamental, no 
sentido de aprimorarcada necessidade em sala de aula de maneira reflexiva e imparcial.
De acordo com Pimenta (1999), é preciso compreender inicialmen-
te o conceito desse professor reflexivo, pois o termo se tornou mais 
uma expressão da moda do que uma meta de transformação propria-
mente dita. Nesse sentido, mais uma vez, aparece a necessidade de 
se estabelecer uma relação da teoria com a prática, pois se o profes-
sor reflete sobre os processos, é necessário também agir sobre eles.
No livro Pedagogia da ter-
nura, Luiz Schettini Filho 
desenvolve um conceito 
de ternura aplicado à 
prática pedagógica como 
um instrumento de valo-
rização da pessoa, tendo 
em vista a singularidade 
de cada indivíduo. Longe 
de ser um livro teórico, o 
autor se vale da exempli-
ficação para desenvolver 
sua pedagogia, tornando 
o texto, ao mesmo tempo, 
prático e reflexivo.
SCHETTINI FILHO, L. 3. ed. Petrópo-
lis: Vozes, 2011.
Livro
Organização didática do ensino médio e da educação profissional 79
Já para Libâneo (2005, p. 76), é fundamental questionar o tipo de 
reflexão que o professor precisa para alterar sua prática, pois
a reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refleti-
da não resolve tudo. São necessárias estratégias, procedimentos, 
modos de fazer, além de uma sólida cultura geral, que ajudam a 
realizar o trabalho e melhorar a capacidade reflexiva sobre o que 
e como mudar.
Assim, mais uma vez, teoria e prática caminham juntas e devem re-
fletir resultados visíveis, voltados à elaboração de estratégias que apro-
ximem professor, aluno e metodologias, para que juntos construam o 
conhecimento e convivam em um ambiente escolar saudável e intera-
tivo. Lembrando que, no ensino médio, o pedagogo é o responsável 
para que todo esse trabalho ocorra e por orientar professores frente a 
dificuldades nessa condução. Portanto, a boa relação profissional en-
tre pedagogo e professor é imprescindível para que ocorra a interação 
entre professor e aluno durante o aprendizado.
Com esse trabalho, há muitas possibilidades de se estabelecer essa 
relação entre professor e aluno, principalmente nos momentos de 
construção de conhecimento em sala de aula, durante pesquisas, tra-
balhos em grupo e situações de desafio, em que o aluno deve se sentir 
parte desse grupo, assistido pelo professor e, consequentemente, con-
fiante a caminhar com autonomia.
Para que isso aconteça, o diálogo é um elemento essencial. Freire 
(2005, p. 91) acrescenta que
o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em 
que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereça-
dos ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode re-
duzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, 
nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consu-
midas pelos permutantes.
Ou seja, por meio de algumas estratégias simples, como o diá-
logo, é possível envolver alunos e professores no processo de en-
sino-aprendizagem, tornando o ensino significativo e voltado ao 
desenvolvimento humano.
Entre outras possibilidades de se estabelecer uma relação constru-
tiva e prazerosa entre professor e aluno, está a de que o aluno precisa 
perceber a aplicabilidade prática daquilo que está sendo tratado em 
80 Organização didática da educação básica
sala de aula, em que parte do seu 
cotidiano será aplicado. Essa apro-
ximação da relação entre teoria e 
prática é algo que o professor deve 
incluir durante o desenvolvimento 
de suas aulas.
Com isso, a valorização e o 
respeito mútuo entre professor e 
aluno acontecem, uma vez que, ao 
perceber sentido nas aulas, o aluno 
automaticamente participará mais e se 
aproximará do professor para se posicionar 
ou solucionar dúvidas.
Dessa maneira, com criatividade e investimento no diálogo, são 
abertas novas portas com inúmeras possibilidades de trabalho integra-
do e efetivo em sala de aula para professor e aluno.
6.2 Projetos interdisciplinares e o Enem 
Videoaula As possibilidades de aprendizado atualmente são diversas. As tec-
nologias acabaram com as barreiras de comunicação entre os mais va-
riados locais do mundo e, consequentemente, suas culturas. Assim, o 
conhecimento se tornou de fácil acesso para muitas pessoas.
A partir desse panorama, devemos reconhecer que a escola, por ser 
um local de socialização, de troca mútua e construção do conhecimen-
to, não pode continuar com metodologias que hoje não fazem sentido 
para a nova geração de alunos, já que é possível adquirir conhecimento 
de diversas maneiras, independente do ambiente escolar.
Nessa perspectiva, é importante que a escola reconheça a integra-
ção das áreas do conhecimento em seu ambiente e fora dele. A geo-
grafia está relacionada à história, assim como a língua portuguesa e a 
matemática estão também. As ciências são vivenciadas cotidianamen-
te, pois fatores humanos e ambientais nos rodeiam a todo momento, 
interagindo uns com os outros.
Por isso, não é cabível tratar os saberes de maneira fragmentada e 
distante da sua aplicação prática. É necessário olhar o conhecimento 
como integrado e interdisciplinar, ou seja, relacionando as disciplinas 
de maneira que elas façam sentido em seu uso.
Para que isso aconteça, o projeto pedagógico das escolas precisa ser 
revisto e reelaborado nessa nova perspectiva, voltada ao pensamen-
to crítico, integrado e com aplicabilidade clara no dia a dia. A revisão 
do projeto pedagógico da escola pode ser conduzida pelo pedagogo e 
construída de maneira democrática, em que a participação de todos os 
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem é de extrema impor-
tância para manter as características da cultura escolar, mesmo diante 
de grandes mudanças.
A partir desse novo olhar interdisciplinar, surge a oportunidade 
de desenvolver metodologias ativas de aprendizagem e projetos di-
ferenciados que alcancem novas formas de construir conhecimento. 
Essa nova construção torna o aluno mais ativo e autônomo para a sua 
aprendizagem e crítico ao buscar novos conhecimentos.
Para que essa nova perspectiva ocorra no ambiente escolar durante 
o processo de ensino-aprendizagem, é necessário inicialmente que pe-
dagogo e professores façam um bom planejamento. Nesse momento, 
evidencia-se o papel do pedagogo como aquele que faz a intermedia-
ção para que a interdisciplinaridade ocorra, pois, no ensino fundamen-
tal – anos finais e no ensino médio, em que há um professor para cada 
disciplina, ele precisa estar integrado e planejar juntamente com as de-
mais áreas para garantir esse olhar abrangente sobre os temas.
Figura 2
É importante sair até mes-
mo do ambiente tradicional 
da sala de aula e propor 
trabalhos em grupo em 
outros espaços da escola, 
como a biblioteca.
M
on
ke
y 
Bu
si
ne
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st
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Figura 1
Aulas expositivas podem se 
tornar enfadonhas, gerando 
distração e distanciamento 
entre professor e alunos.
IIIII IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
como integrado e interdisciplinar, ou seja, relacionando as disciplinas 
de maneira que elas façam sentido em seu uso.
Para que isso aconteça, o projeto pedagógico das escolas precisa ser 
revisto e reelaborado nessa nova perspectiva, voltada ao pensamen-
to crítico, integrado e com aplicabilidade clara no dia a dia. A revisão 
do projeto pedagógico da escola pode ser conduzida pelo pedagogo e 
construída de maneira democrática, em que a participação de todos os 
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem é de extrema impor-
tância para manter as características da cultura escolar, mesmo diante 
de grandes mudanças.
A partir desse novo olhar interdisciplinar, surge a oportunidade 
de desenvolver metodologias ativas de aprendizagem e projetos di-
ferenciados que alcancem novas formas de construir conhecimento. 
Essa nova construção torna o aluno mais ativo e autônomo para a sua 
aprendizagem e crítico ao buscar novos conhecimentos.
Para que essa nova perspectiva ocorra no ambiente escolar durante 
o processo de ensino-aprendizagem, é necessário inicialmente que pe-
dagogo e professoresfaçam um bom planejamento. Nesse momento, 
evidencia-se o papel do pedagogo como aquele que faz a intermedia-
ção para que a interdisciplinaridade ocorra, pois, no ensino fundamen-
tal – anos finais e no ensino médio, em que há um professor para cada 
disciplina, ele precisa estar integrado e planejar juntamente com as de-
mais áreas para garantir esse olhar abrangente sobre os temas.
Figura 2
É importante sair até mes-
mo do ambiente tradicional 
da sala de aula e propor 
trabalhos em grupo em 
outros espaços da escola, 
como a biblioteca.
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Organização didática do ensino médio e da educação profissional 81
82 Organização didática da educação básica
A partir desse planejamento, diversas possibilidades de integração 
podem surgir, como o desenvolvimento de uma peça de teatro, ou a 
elaboração de plataformas interativas. Essas são ferramentas que vão 
ao encontro do interesse dos adolescentes, permitindo-lhes a obten-
ção de conhecimento de diferentes formas, bem como a socialização 
e a expressão, elementos tão importantes nessa fase da vida.
Para o sucesso desse processo, a escola deve conversar como um 
todo. É necessária a ação integrada entre professores e pedagogo para 
garantir o suporte diante dos planejamentos e desafios que possam 
surgir, e entre professores e alunos para que o momento de constru-
ção do conhecimento seja prazeroso e rico em possibilidades. Com 
essa boa condução, o processo interdisciplinar se tornará parte da cul-
tura escolar e, consequentemente, dessa nova forma de o aluno visua-
lizar a aprendizagem.
Por isso, essa aprendizagem necessita de um olhar inovador, pois, 
hoje, até mesmo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) adota cada 
vez mais um viés interdisciplinar, crítico e amplo do conhecimento re-
lacionado às ciências e à sociedade. Assim, para que esse objetivo seja 
alcançado, são necessários alguns cuidados específicos ao pensar no 
planejamento de uma proposta interdisciplinar.
Inicialmente, é preciso ter claro as prioridades de estudo. No caso 
de projetos voltados a contemplar as competências cobradas no 
Enem, os professores que se propuserem a desenvolver o projeto in-
terdisciplinar precisam saber quais objetivos devem ser alcançados 
com esse trabalho.
Um exemplo de trabalho interdisciplinar é o estudo das obras 
literárias pertinentes ao Enem ou aos vestibulares, pois é possível 
observar, dentro dessas leituras, fatores geográficos, históricos, na-
turais e políticos.
Assim, seja esperando um bom resultado no Enem ou aplicando 
em qualquer outro momento da vida, os conhecimentos interdiscipli-
nares fazem parte dessa nova perspectiva de ensino-aprendizagem, 
os quais não podem deixar de ser alvo de cuidado e trabalho do peda-
gogo nas escolas.
O livro Pedagogia da Auto-
nomia: saberes necessários 
para a prática educativa 
trata de maneira direta e 
sensível a necessidade de 
um olhar especial do pro-
fessor sobre a sua prática, 
sobre a sua ação frente à 
formação do aluno e aos 
reflexos na construção do 
ser cidadão.
FREIRE, P. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 1997.
Livro
Organização didática do ensino médio e da educação profissional 83
6.3 A escola e as novas exigências da 
sociedade contemporânea Videoaula
A sociedade atual passa constantemente por transformações que 
modificam comportamentos e estruturas sociais. Assim, a escola, como 
agente transformador do cidadão, deve acompanhar essas mudanças 
e suprir as necessidades contemporâneas.
Nesse sentido, ela deve munir-se de um acervo de possibilidades que 
formem um aluno cada vez mais integrado e ativo nessa sociedade. Po-
rém, os caminhos para que isso ocorra devem ser planejados em prol da 
busca por superações de obstáculos que a escola ainda encontra.
No vídeo Educação na sociedade 
do conhecimento, publicado 
pelo canal vivianemosevideos, 
Viviane Mosé fala sobre as mu-
danças sociais que impactam 
diretamente no modo de ser, 
pensar e agir do ser humano. 
Consequentemente, essas 
mudanças ocorrem também no 
interior da escola.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=v-
qkUWJINT_k. Acesso em: 22 
jan. 2020.
Vídeo
Nessa perspectiva, a tecnologia digital ainda é uma 
dessas dificuldades, tanto pelo uso dos próprios pro-
fessores, que algumas vezes não dominam as ferra-
mentas, quanto na sua utilização em sala de aula, que 
precisa ocorrer de maneira integrada e como recurso 
importante nas dinâmicas – no formato de pesquisa, 
nas descobertas, no complemento, na criticidade e 
até mesmo para desenvolver o olhar crítico do aluno.
Ou seja, não basta utilizar slides ou passar ví-
deos para os alunos em sala, é necessário utilizar 
as tecnologias digitais para uma ação efetiva com a 
participação dos alunos, por meio de jogos, plata-
formas interativas, pesquisas diferenciadas, entre 
outras possibilidades.
Com relação à motivação dos alunos, levá-los à sensibilização e a 
uma participação efetiva nas aulas de maneira articulada e ativa é ou-
tro desafio. O uso de tecnologias digitais e de metodologias ativas é um 
caminho para superá-lo.
Assim, a mediação do conhecimento ocorre partindo principalmen-
te de metodologias ativas, aproximando o aluno, despertando interes-
se e motivação em descobrir novos conhecimentos, além de buscar 
superação diante de dificuldades.
Para que tudo isso ocorra, é necessário repensar a forma de conduzir 
as aulas, pois essa questão diz respeito também às competências sociais e 
emocionais dos alunos. Saber conviver e lidar com as diferenças faz parte 
dessa forma de pensar a educação.
84 Organização didática da educação básica
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Em qualquer etapa de ensino, da educação infantil ao ensino médio, é 
notório o importante papel do pedagogo e do professor para o desenvol-
vimento efetivo do ser humano. Para que esse desenvolvimento ocorra, é 
necessário que o processo de conduzir o pensar pedagógico pelos mais 
diferentes caminhos seja traçado aproveitando a beleza e a diversidade 
de cada fase da criança e do adolescente.
Nesse caminho, pudemos perceber que não bastam conhecimentos 
científicos para que o professor realize um bom trabalho – estes são ape-
nas a base que norteia a prática –, é preciso que a prática seja prazerosa, 
significativa, crítica, criativa e adequada às necessidades individuais e co-
letivas dos alunos.
A influência que se exerce na formação do ser humano na condução 
da sua aprendizagem é o sentido da educação. Por isso, olhar essa edu-
cação com delicadeza e cuidado, é essencial ao pedagogo/professor que 
estará à frente desse processo que marca e faz a diferença na vida e na 
formação humana.
ATIVIDADES
1. Conforme refletimos neste capítulo, para que a escola esteja no 
caminho das necessidades sociais contemporâneas, é necessário que 
o professor adote encaminhamentos e posturas específicas em sala 
de aula. Com relação à metodologia aplicada, comente como você 
acredita ser a dinâmica adequada para a condução das aulas de hoje.
2. A interdisciplinaridade hoje é um conceito de grande importância 
a ser aplicado nas escolas. Sendo assim, descreva o conceito de 
interdisciplinaridade e o motivo dessa importância.
3. Entre os desafios encontrados pela escola na sociedade contemporânea, 
o uso das tecnologias ainda é um fator a ser trabalhado. Comente por 
que esse recurso ainda é um desafio nas escolas.
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2005.
LIBÂNEO, J. C. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005.
PIMENTA, S. G. Professor: formação, identidade e trabalho docente. In: PIMENTA, S. G. 
(org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.
Gabarito 85
GABARITO 
1 O trabalho do pedagogo na educação infantil
1. As habilidades socioemocionais consistem em competências a serem 
trabalhadas, praticadas e aprendidas na educação infantil. Elas devem 
estar relacionadas ao convívio social e, consequentemente, envolvemfatores emocionais. Sua importância se destaca no momento em que o 
desenvolvimento dessas competências torna a criança um cidadão bem 
resolvido com suas emoções e integrado ao convívio com o próximo.
2. O período sensório-motor (0 a 2 anos) ocorre mediante a exploração 
do mundo por meio dos sentidos. A criança precisa tocar, provar os 
objetos. É uma fase de muita curiosidade e exploração do meio e, por 
isso, o professor deve estar atendo a todos os estímulos necessários 
para seu desenvolvimento amplo. Já no período pré-operacional (2 a 7 
anos), no qual a criança conclui a educação infantil e já é inserida nos 
primeiros anos do ensino fundamental, há o estabelecimento de uma 
representatividade para os símbolos presentes no cotidiano, tal como 
atribuir nomenclaturas para pessoas ou coisas. Dentro do estágio 
pré-operacional, estão presentes algumas funções simbólicas, como 
a identificação e a apropriação de identidade, além da capacidade 
de classificação e compreensão, essenciais para o desenvolvimento 
infantil. Esse período tem ainda como elemento principal os estímulos 
à alfabetização.
3. Educar consiste no ato de abrir possibilidades de aprendizagem para a 
criança, com momentos planejados e intencionalidade de desenvolver 
cognição e novos saberes. Paralelo a esse ato, o cuidar consiste nas 
necessidades essenciais que a criança de educação infantil requer e 
focaliza o preparo para as habilidades emocionais e de convívio com 
o próximo.
2 Organização didática na Educação Infantil 
1. Dentro dessa preocupação, é necessário que o pedagogo conheça a 
faixa etária e a realidade de seus alunos, planeje com intencionalidade, 
definindo objetivos claros e utilizando uma metodologia que alcance 
os alunos de maneira construtiva.
86 Organização didática da educação básica
2. O dia do brinquedo, além de ser um momento agradável para as 
crianças, possui uma função social. Nesse dia, a criança aprende a 
compartilhar, cuidar do que não é seu, respeitar a vontade dos colegas, 
além de desenvolver a imaginação e a criatividade.
3. Após uma primeira ocasião de sondagem da turma, em um segundo 
momento, é importante o pedagogo manter a avaliação de modo 
contínuo, ou seja, não considerando apenas resultados finais, mas 
também a evolução que o aluno teve ao longo do processo.
3 Organização didática no ensino fundamental – 
anos iniciais 
1. Dentro da proposta pedagógica, o coordenador deve ter claro a 
necessidade de continuidade no processo de privilegiar o movimento, 
os saberes prévios e o contexto sociocultural. Com base nesses três 
elementos, a proposta é cuidar para que a peculiaridade de cada aluno 
seja preservada.
2. A práxis diz respeito à relação entre teoria e prática. É ela que concede 
sentido ao que o professor realiza em sala de aula e contribui para o 
desenvolvimento da sua identidade frente a sua ação, pois apresenta 
elementos teóricos de sua formação que fazem sentido em situações 
do dia a dia. 
3. O método de ensino se refere a uma postura geralmente adotada pela 
escola e que reflete a forma de ensinar e conduzir os processos de 
sala de aula daquela instituição. Já a metodologia consiste na opção 
de práticas que ocorrem efetivamente em sala para a aprendizagem 
acontecer e para desenvolver o conhecimento. 
4 Organização didática do ensino fundamental – 
anos finais
1. Segundo Piaget, o pré-adolescente se encontra na fase das operações 
formais, na qual ele apresenta melhor concordância e um pensamento 
organizado e bem expressado na fala e na escrita. O aluno tem a 
noção de conservação numérica, probabilidade, hipóteses e abstração 
de pensamento, bem como manipula mentalmente a representação 
do mundo que internalizou nas fases anteriores. Apesar de conceitos 
abstratos ainda serem de difícil compreensão para ele, as regras 
Gabarito 87
sociais começam a fazer sentido, permitindo-lhe se apresentar com 
mais autonomia e julgar o certo e o errado.
2. Nessa etapa, o pedagogo atuará como canal de comunicação entre 
os professores, buscando estabelecer um trabalho interdisciplinar 
e orientando planejamentos de acordo com as características das 
turmas ou, ainda, nos casos de inclusão. Pensará, juntamente com 
cada professor, em estratégias diferenciadas para levar os alunos a 
compreenderem determinados conhecimentos.
3. Inicialmente, a avaliação é cumulativa, ou seja, por meio de diferentes 
possibilidades cotidianas. O professor cria formas de acompanhar 
o rendimento do aluno, de intervir nos momentos oportunos e até 
mesmo de orientá-lo a saber como buscar a solução para suas dúvidas. 
Ela é cumulativa e contínua porque não é realizada apenas no final de 
todo um processo, mas considerada durante a aprendizagem.
5 Desafios do pedagogo no ensino médio
1. O pedagogo deve orientar os professores que trabalham nesse 
nível, levando-os a compreender que esse período de instabilidade 
psicológica requer momentos de escuta, acolhida de sugestões e 
reflexões, que levarão o adolescente a sentir-se parte do processo em 
que está inserido durante as aulas.
2. O ensino médio é uma etapa em que algumas famílias não acompanham 
mais os alunos. Isso ocorre até mesmo pelas transformações que 
ocorrem nas estruturas emocionais e sociais do adolescente. No 
entanto, esse acompanhamento ainda é importante, mesmo prezando 
pela autonomia do aluno. Uma das consequências dessa falta de 
acompanhamento é a evasão escolar.
3. O pedagogo no ensino médio assume o papel de organizador dos 
processos que conduzem esse nível de formação e da educação 
profissional. Ele atua em questões voltadas à atualização do currículo 
escolar, à formação continuada de professores e à aplicação da teoria 
e da prática no ambiente escolar.
6 Organização didática do ensino médio e da 
educação profissional 
1. O professor precisa inicialmente estar bem instrumentalizado, com 
clareza nos objetivos a serem atingidos, bem amparado pelo pedagogo 
88 Organização didática da educação básica
durante o transcorrer do ano escolar e proporcionar a aproximação 
com o aluno para que a construção do conhecimento ocorra de 
maneira efetiva. A consciência de que esses aspectos caminham juntos 
deve fazer parte da formação do professor e do trabalho do pedagogo 
escolar como condutor do trabalho pedagógico. Além de conhecimento 
científico, é necessário o conhecimento do perfil do aluno e de novas 
metodologias. Essas metodologias são o grande diferencial do trabalho, 
uma vez que, ao optar por metodologias diferenciadas, o aluno será 
ativo diante do seu processo de aprendizagem. Assim, a metodologia 
deve ser voltada a estimular a participação e a autonomia.
2. Interdisciplinaridade é o tratamento integrado do conhecimento 
entre as áreas. Os professores planejam aula fazendo a relação entre 
as matérias e sua aplicabilidade prática. Hoje, a interdisciplinaridade 
vem ao encontro do perfil do estudante do mundo atual, devido a 
sua relação próxima do cotidiano e das possibilidades de trabalhos 
atrativos e diferenciados, que tornam o ensino instigante para o aluno.
3. O uso das tecnologias nas escolas ainda é um desafio por dois 
pontos principais: o primeiro trata-se da resistência ou falta de 
instrução de alguns professores, e o outro é quando são utilizadas 
de maneira superficial nas aulas. A tecnologia deve estar integrada 
como recurso significativo.
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6584-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 8 4 4
Código Logístico
59181
PRISCILA CHUPIL
PR
ISC
ILA
 C
H
U
PIL
ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICAa escrita 
ano a ano. A capacidade cogniti-
va e de abstração estão em pleno 
desenvolvimento.
Ie
sd
e 
Br
as
il 
S/
A
Adolescência (a partir de 11 
anos): nesse estágio, a pessoa, 
agora adolescente, está desen-
volvendo os valores morais e 
pessoais. O que mais predomina 
nessa idade é a afetividade, pois 
se estabelecem fortes relações 
sociais e, principalmente, há a 
necessidade de se posicionar no 
mundo, colocar suas ideias e ser 
aceito socialmente.
3 a 6 anos 
Personalismo
6 a 11 anos 
Pensamento 
Categorial
11 em diante 
Puberdade e 
Adolescência
16 Organização didática da educação básica
Desse modo, por meio das diferentes concepções voltadas às fases 
do desenvolvimento infantil, percebemos que, desde o nascimento, a 
criança passa por momentos intensos de transformação e que são pre-
dominantes em seu desenvolvimento.
Na educação infantil, além dos conhecimentos sobre as fases do 
desenvolvimento e a importância da afetividade, outro fator de extre-
ma relevância é o desenvolvimento motor, que é marcado pelo aper-
feiçoamento das habilidades de locomoção e pela ampliação dessas 
possibilidades. Dentro dessas habilidades, temos aquelas relacionadas 
ao desenvolvimento motor amplo, como correr, saltar, pular em um 
pé só, pedalar, entre outras, e ao desenvolvimento motor fino, como 
o movimento de pinça – essencial para a escrita.
Tais conhecimentos nos trazem uma visão ampla sobre as caracte-
rísticas das crianças e o seu desenvolvimento. Porém, recentemente, a 
neurociência trouxe novas contribuições, que complementam o papel 
do pedagogo frente ao trabalho com o desenvolvimento infantil e nos 
fazem refletir ainda mais sobre o assunto.
Todas as funções desenvolvidas nos aspectos citados anteriormen-
te estão diretamente ligadas ao sistema nervoso. Este desempenha vá-
rios papeis que fazem parte do controle do organismo. Normalmente, 
as atividades rápidas do organismo são controladas pelo sistema ner-
voso, como as contrações musculares e os fenômenos viscerais que se 
modificam depressa.
O sistema nervoso recebe milhares de estímulos a partir das infor-
mações de diferentes órgãos sensoriais. Na sequência, abrange todas 
elas para designar a resposta a ser realizada pelo organismo. Se não 
fossem os bilhões de células que formam o sistema nervoso, não seria 
possível termos a capacidade sensitiva, tão importante durante toda a 
vida, que começa a se desenvolver logo na primeira infância – no perío-
do sensório-motor.
Portanto, para entender o mecanismo de aprender, é preciso saber 
um pouco sobre o funcionamento do sistema nervoso central, o orga-
nizador dos nossos comportamentos:
Cada tipo de habilidade ou comportamento pode ser bem rela-
cionado a certas áreas do cérebro em particular. Assim, há áreas 
habilitadas a interpretar estímulos que levam à percepção visual 
O trabalho do pedagogo na educação infantil 17
e auditiva, à compreensão e à capacidade linguística, à cognição, 
ao planejamento de ações futuras, inclusive movimento, e assim 
por diante. (RELVAS, 2010, p. 14)
Sendo assim, o desenvolvimento humano é algo extraordinário e 
complexo, desde o nascimento. Nesse âmbito, o pedagogo é o entende-
dor principal desse desenvolvimento, levando em consideração todos 
os fatores que envolvem a aprendizagem, seu maior campo de atuação.
Compreender as características do desenvolvimento da criança de 
educação infantil e como ela aprende leva o pedagogo a tornar seu 
trabalho em sala de aula mais concreto e significativo, planejando aulas 
de acordo com a capacidade cognitiva da criança e promovendo evolu-
ções constantes em seu desenvolvimento.
Não podemos esquecer que a educação infantil possui uma grande 
função no desenvolvimento, em seus mais diferentes aspectos – afeti-
vo, cognitivo, motor –, e uma função social de grande relevância para a 
formação do cidadão.
1.2 A educação infantil e sua função social 
Videoaula Para compreender os aspectos específicos relacionados à educação 
infantil e, assim, atribuir sentido à sua função social, vamos inicialmente 
tratar da concepção de infância. Podemos nos basear, inicialmente, no 
texto do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):
A concepção de criança é uma noção historicamente construída 
e consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não 
se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior 
de uma mesma sociedade e época. Assim é possível que, por 
exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras 
de se considerar as crianças pequenas dependendo da classe 
social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. 
(BRASIL, 1998, p. 21)
Esse reconhecimento do ser individual se inicia na educação infantil, 
que é o momento em que a criança tem o primeiro contato com o am-
biente escolar. Nesse instante, ela traz para si a responsabilidade de que 
a apresentação a esse novo mundo, agora fora do ambiente familiar, 
seja repleta de boas experiências e riqueza de novos conhecimentos.
18 Organização didática da educação básica
Sabe-se que a criança de hoje não é a mesma de antigamente. Em 
todo o mundo, a infância não é tida como um padrão único e imutá-
vel. Tal como todos os aspectos sociais que nos rodeiam, ela também 
sofre mudanças.
Você faz parte do processo social e humano de constante trans-
formação. Essa transformação chega também ao ambiente escolar; à 
construção de novos sujeitos, que, hoje, habitam diferentes configu-
rações de organização familiar, participam das diferentes práticas de 
criação dos filhos e da divisão de tarefas; e aos papéis que modificam 
a criação da criança pequena e, consequentemente, tornam cada vez 
mais coletiva a responsabilidade sobre sua educação e seu cuidado.
Não podemos deixar de atribuir ainda mais valor e respeito à identi-
dade da educação infantil para o desenvolvimento da criança, além de 
repensar constantemente a ação pedagógica que nela é aplicada.
Essa ação pedagógica deve ter o objetivo de desenvolver as habili-
dades cognitivas, motoras, emocionais e afetivas da criança, a fim de 
formá-la e torná-la uma pessoa capaz de identificar suas próprias indi-
vidualidades e de atuar coletivamente. Nesse sentido, incentiva-se as 
habilidades socioemocionais, que são as competências que podem ser 
ensinadas, praticadas e aprendidas tanto na escola quanto em casa, 
por meio de diversas atividades, e que são consideradas a base do de-
senvolvimento humano.
Dentro desse contexto de relevância social e cognitiva, devemos ter 
claro, ainda, que a educação infantil desempenha um trabalho preven-
tivo quanto a dificuldades de aprendizagem, pois proporciona o supor-
te necessário para que as demais aprendizagens ocorram durante a 
vida escolar.
A responsabilidade da educação infantil é muito grande. Por esse 
motivo, é preciso pensar seriamente sobre as possibilidades de atua-
ção, mediando os estímulos que serão oferecidos à criança em seu 
crescimento por meio de um processo evolutivo, visando atingir o mais 
amplo desenvolvimento biopsicossocial 1
O desenvolvimento biopsicosso-
cial considera todos os âmbitos 
do desenvolvimento: o biológi-
co, o psicológico e o social.
1
. A banalização ou a subvalo-
rização de sinais que apontam para o desenvolvimento infantil podem 
adiar a tomada de decisão em oferecer à criança os atendimentos ne-
cessários, trazendo prejuízos na aprendizagem escolar e no desenvol-
vimento biopsicossocial da criança (AYRES, 2012).
O livro Educação Infantil: 
teoria e práticas para 
uma proposta pedagó-
gica trata de questões 
amplas sobre a função 
da educação infantil no 
desenvolvimento da 
criança, além de trazer 
exemplos de como essa 
prática deve acontecer de 
forma significativa.
AYRES, S. N. Petrópolis, RJ: Vozes, 
2012.
Livros
O trabalho do pedagogo na educação infantil 19
Além disso, os pedagogos precisam ter a consciência de que o tra-
balho com a realidade sociocultural que a educação infantil requer está 
diretamente ligado ao ato de educar e de cuidar.
Apesarde sentidos distintos, educar e cuidar são premissas para a 
educação infantil, pois segundo o RCNEI:
Educar é propiciar situações de cuidados, brincadeiras e apren-
dizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir 
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação 
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude de 
aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças aos co-
nhecimentos mais amplos da realidade cultural e social. (BRASIL, 
1998, p. 23)
Assim, o ato de educar envolve questões de maneira direcionada, 
com a intencionalidade que um objetivo deve ser alcançado. Precisa 
ser pensado em prol da faixa etária das crianças a serem atendidas 
e que desenvolvam questões necessárias para seu desenvolvimento, 
sejam elas cognitivas, afetivas ou sociais.
Contudo, na educação infantil, além de educar é necessário tam-
bém cuidar, o que o RCNEI define do seguinte modo:
Cuidar significa a base do cuidado humano, é compreender como 
ajudar o outro a desenvolver como ser humano. Cuidar significa 
valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um 
ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão 
expressiva em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24)
Dessa forma, cuidar representa uma necessidade primária do ser 
humano para que ele possa se desenvolver. Por meio das relações 
estabelecidas, cuidar se torna parte até mesmo de uma necessidade. 
Quando tratamos de educação infantil, esse cuidado, muitas vezes, 
também é efetivo frente à dependência que crianças menores ainda 
apresentam. Por isso, cuidar e educar caminham juntos nessa cons-
trução social e humana da criança na educação infantil, suprindo suas 
necessidades básicas e agindo com intencionalidade no seu desenvol-
vimento cognitivo, afetivo, motor e social.
Por conta de todos esses aspectos e pela relevância destacada des-
se período do desenvolvimento infantil, cada vez mais os professores e 
a sociedade podem visualizar a educação infantil como a base de sus-
tentação para toda a vida escolar e social das crianças. Trata-se de um 
período único e de extrema importância em suas vidas.
20 Organização didática da educação básica
1.3 Múltiplos papéis do pedagogo 
na educação infantil Videoaula
Assim como em todos os níveis de ensino, na educação infantil são 
vários os papéis assumidos pelo pedagogo. Porém, o que se diferencia 
nesse nível é a delicadeza do momento, no sentido de compreender fa-
tores de adaptação diferentes dos demais níveis de construção de base 
e desenvolvimento específico, que marcarão toda a vida escolar do alu-
no. Por isso, inicialmente, entende-se que seu papel principal é enten-
der o que representa essa fase cognitiva e de desenvolvimento infantil, 
assim como suas fases e os principais momentos em que cabem os 
estímulos necessários para um desenvolvimento amplo e efetivo.
Dessa forma, entende-se que o pedagogo que trabalha com a edu-
cação infantil assume o papel de mediador do conhecimento, criando 
oportunidades de desenvolver pensamento, imaginação, criatividade e 
proporcionado integração social, refletindo constantemente sobre sua 
ação frente a esses processos.
De acordo com o conceito de ação docente, a profissão de edu-
cador é uma prática social. Como tantas outras, é uma forma de 
se intervir na realidade social, no caso, por meio da educação 
que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições de ensi-
no. Isso porque a atividade docente é ao mesmo tempo prática e 
ação. (PIMENTA; LIMA, 2008, p. 41)
Para que esse processo ocorra, o pedagogo deve utilizar sua base 
teórica de conhecimento, a fim de elaborar práticas que alcancem as 
necessidades da idade no contexto da educação infantil. Essas práticas 
compreendem desde o ato de brincar até o investimento de rotinas 
com intencionalidades diferenciadas, proporcionando adequações du-
rante o planejamento para que os projetos possam ser desenvolvidos 
de forma significativa para a criança, contemplando, assim, as mais va-
riadas dificuldades.
Além de educar, o professor também precisa ter cuidado e zelo pela 
criança. Ele deve realizar tais atividades de maneira simultânea e inte-
grada. Esse cuidado envolve, também, acompanhar e orientar a família, 
que precisa estar presente no desenvolvimento da criança e incorpora-
da a essa responsabilidade. Pedagogo, aluno e família devem caminhar 
rumo ao melhor desenvolvimento da criança.
Baseado em uma história 
real, Escritores da Liberda-
de narra os desafios en-
frentados pela professora 
Erin Gruwell ao perceber 
que os problemas da es-
cola são provenientes da 
comunidade e que eles 
começam a agir sobre 
ela também. Esse filme 
demonstra a importância 
e o potencial da formação 
humana e as influências 
do professor sobre ela, 
reforçando os múltiplos 
papéis do pedagogo/
professor.
Direção: Richard LaGravenese. EUA: 
Paramount Pictures, 2007.
Filme
O trabalho do pedagogo na educação infantil 21
Essa é uma das maiores peculiaridades da educação infantil, uma 
vez que o desenvolvimento do trabalho necessita efetivamente do 
cumprimento de todos esses personagens: escola, família e aluno. Por 
ser pequena, a criança ainda se apresenta dependente em muitos as-
pectos, que se tornam parte integrante das responsabilidades da famí-
lia e da escola ao ingressar na vida escolar.
Assim, na educação, consideramos múltiplos os papéis do peda-
gogo, que são visualizados em dois aspectos: enquanto professor e 
enquanto pedagogo. Dentre as características que mais contemplam 
esse profissional, estão: conhecer a criança; planejar as atividades de 
acordo com sua faixa etária; contemplar e respeitar cada momento do 
seu desenvolvimento; e proporcionar relação saudável e próxima com 
as famílias e demais envolvidos no trabalho pedagógico.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Compreender quem é a criança que está na educação infantil e a fun-
ção e a importância dessa fase escolar no desenvolvimento humano são 
questões fundamentais. Durante o planejamento das aulas, o pedagogo, na 
função de professor desse nível ou de coordenador pedagógico, deve ter 
clareza dessa importância, fazendo uso de metodologias que respeitem os 
aspectos emocionais da criança e da sua faixa etária.
Subestimar a capacidade infantil com metodologias ineficazes pode ser 
prejudicial ao progresso da criança. Por isso, é importante sempre plane-
jar as aulas tendo em vista as fases do desenvolvimento infantil estudadas 
neste capítulo.
Assim, cabe ao pedagogo a responsabilidade de, ao atuar como do-
cente ou coordenador da educação infantil, conhecer as características 
e capacidades cognitivas da criança, para, então, propor uma atuação 
significativa.
ATIVIDADES
1. Sabemos que, atualmente, o estímulo às habilidades é essencial para a 
formação completa da criança. Com base nisso, escreva o significado de 
habilidades socioemocionais e argumente o porquê de sua importância.
22 Organização didática da educação básica
2. Sabendo que o período sensório-motor e o período pré-operacional 
correspondem às fases em que a criança está na educação 
infantil, como as características desses períodos determinam o 
desenvolvimento da criança?
3. Na educação infantil, o pedagogo deve se preocupar com o ato de 
educar seus alunos, mas também deve se preocupar com o ato de 
cuidar. Comente a relação entre esses dois fatores: cuidar e educar.
REFERÊNCIAS
AYRES, S. N. Educação Infantil. Teoria e práticas para uma proposta pedagógica. Petrópolis, 
RJ: Vozes, 2012.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para 
Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC, 1998. Disponível em: https://www.novaconcursos.
com.br/blog/pdf/referencial-curricular-nacional-educacao-infantil-pref-limeira-sp.pdf. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
CARDOSO, M. G. Importância da Afetividade na Educação Infantil. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Pedagogia) – Universidade Estadual da 
Paraíba, Campina Grande, 2015. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/10463/1/PDF%20-%20Michelle%20Gertrudes%20Cardoso.pdf. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagens. São Paulo: EPU, 1995.
PIAGET, J. Inteligencia y afectividad. Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 2001.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2008.
RELVAS, M. P. Neurociência e Educação, potencialidades dos gêneros humanos em sala de 
aula. Rio de Janeiro: WAK, 2010.
Organização didática na educação infantil 23
Além de um ato complexo, o trabalho com crianças da educação 
infantil é um ato de grande amor, responsabilidade e organização, 
pois, a cada ação, o pedagogo necessita de intencionalidade e de 
planejamento frente ao que será executado. Para isso, iremos 
refletir sobre a organização didática necessária ao trabalho na 
educação infantil.
Inicialmente, o planejamento e as práticas educativas são 
os grandes momentos nos quais o pedagogo irá pensar sobre 
as mais amplas questões que envolvem a tomada de decisões 
sobre os processos educacionais em sala de aula. Para optar 
pela prática ou metodologia mais adequada, o planejamento 
das aulas perpassa por preocupações voltadas à faixa etária da 
criança e, consequentemente, pelas suas capacidades cognitivas 
e pelas condições do espaço de atuação; ou seja, os recursos 
que a escola disponibiliza. Paralelamente, o pedagogo deve se 
preocupar com sua formação continuada e a busca por novas 
possibilidades metodológicas.
A partir dessa preocupação inicial, é necessário, também, 
refletirmos sobre a continuidade e a verificação desse processo, ou 
seja, os resultados a serem avaliados. Precisamos nos perguntar: 
a aula, ou o projeto, alcançou os objetivos propostos? Atingiu 
os alunos a ponto de contribuir com novos conhecimentos e 
sistematizá-los? A avaliação também serve para o próprio pedagogo 
rever sua prática e repensar possíveis melhorias nesse processo.
Organização didática 
na educação infantil 
2
24 Organização didática da educação básica
Cada um desses elementos ganha proporção teórica 
e direcionamento legal, uma vez pautados no Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Esse 
documento trata justamente das referências base para todo o 
desenvolvimento do trabalho na educação, sua significância e 
cuidados em cada momento.
Então, vamos refletir mais a fundo sobre essas questões?
2.1 Planejamento e práticas educativas 
Videoaula O ato de planejar faz parte da atividade humana. Planejamos nosso 
dia, nossas férias, o quanto economizaremos para trocar de carro etc. 
O planejamento está em nossas vidas nas formas mais amplas e, até 
mesmo, nas atividades mais simples, como o que cozinhar para o jantar 
ou que caminho seguir para chegar ao trabalho de maneira mais rápi-
da; enfim, planejamos constantemente.
Esse mesmo planejamento que faz parte do nosso dia a dia também 
ocorre no ambiente de trabalho, independentemente da profissão. No 
entanto, ao pensarmos especificamente sobre as atividades desenvol-
vidas em sala de aula, o planejamento certamente se torna o principal 
aspecto que as move, pois também é o ponto de partida para que os pro-
cessos curriculares, cognitivos e organizacionais ocorram efetivamente.
Algumas escolas organizam reuniões pedagógicas no início e duran-
te o ano letivo, nas quais planejam suas ações anuais, e os professores, 
por sua vez, organizam suas práticas e como elas irão ocorrer a cada 
momento: os eventos, as avaliações, as tarefas, a metodologia a ser 
utilizada e o material didático, isto é, o dia a dia em sala de aula.
Já o trabalho desenvolvido pelo pedagogo na educação infantil 
deve ser seguido de intencionalidade, objetivos e recursos que tornem 
essas práticas significativas. Nesse sentido, o que irá assegurar, em boa 
parte, o sucesso dessas ações é a formação de pedagogos cientes da 
importância de suas práticas.
É preciso formar os professores em sua prática docente diária e ins-
truí-los quanto ao saber prático, como profissionais da educação, em 
Organização didática na educação infantil 25
relação ao conjunto de recursos didáticos que podem ser usados no 
exercício da docência (JULIATTO, 2013). É uma exigência dos alunos que 
os profissionais do magistério exerçam a atividade com responsabilida-
de e competência. Assim sendo, a docência é um trabalho fundamental 
prestado à coletividade, uma vez que dela decorrem consequências im-
portantes, que podem ser boas ou más.
A partir dessa reflexão sobre a relevância da prática docente, 
entendendo o planejamento como um dos principais pontos a serem 
tratados, ele não deve ser considerado algo simples e óbvio, mas, sim, 
ser visto com a delicadeza que o trabalho do professor requer, pois, 
dessa forma, renderá bons frutos de modo organizado, estruturado, 
eficiente e prazeroso, tanto para o pedagogo como para o aluno.
Para que esse alinhamento ocorra, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz eixos 
norteadores que indicam o trabalho a ser desenvolvido para um ensino 
de qualidade nessa etapa e que, por isso, devem fazer parte do plane-
jamento do professor:
 • O primeiro deles trata de identidade e autonomia. Esse eixo 
ressalta a importância de despertar na criança o sentimento de 
ser único, conhecendo suas qualidades e potenciais. Entendemos 
que, a partir do momento em que o aluno conhece e compreen-
de a si mesmo, consequentemente as relações com os demais 
será mais saudável e produtiva.
 • A matemática refere-se ao desenvolvimento, desde cedo, do 
raciocínio lógico e do raciocínio matemático, que formam a base 
para toda a sequência de entendimentos da criança nos anos 
posteriores relativos a esses temas e para a busca de solução 
de problemas.
 • Natureza e sociedade trazem todas as discussões de mundo, 
envolvendo conhecimentos de história, geografia e ciências de 
maneira integrada. Em seu planejamento, o professor deve levar 
a criança a se sentir como parte do meio em que vive e, automa-
ticamente, responsável por ele.
 • O trabalho com a música é outro fator importante, visto que esse 
conhecimento, desde o início, proporciona grandes benefícios ao 
desenvolvimento neuronal e à criatividade.
 • O movimento vem, também, como aspecto relevante, pois, na 
educação infantil, o desenvolvimento motor está em um dos seus 
períodos mais evidentes. Tanto a motricidade ampla (como correr, 
O livro Planejamento na Sala de 
aula traz, de maneira objetiva, 
aspectos importantes e que 
devem ser considerados pelo 
professor ao planejar e executar 
suas aulas. Trata, também, da 
relação tão importante entre 
planejamento e avaliação.
GANDIN, D.; CRUZ, C. H. C. 4. ed. São 
Paulo: Vozes, 2010.
Livro
26 Organização didática da educação básica
saltar, organizar-se no espaço) quanto a motricidade fina (movi-
mentos de escrita) são elementos de extrema importância e que 
devem, portanto, ser contemplados no planejamento do professor.
 • Diretamente ligada à motricidade está a linguagem oral e escri-
ta. O movimento da escrita e a expressão corporal possuem uma 
forte ligação com os pré-requisitos para a alfabetização, que virá 
nos anos posteriores. Essa ligação se dá ao fato de que a criança, 
inicialmente, por meio de suas expressões corporais, desenvolve 
a sua linguagem, a qual, quando bem estabelecida, abre cami-
nhos para que seja feito o seu registro no papel.
 • O trabalho com as artes visuais é outro fator que deve ser con-
siderado, pois contribui para o desenvolvimento das habilidades 
motoras e desenvolve a criatividade e o conhecimento de ele-
mentos, tais como cores, formas e texturas, que levam a criança 
a essa identificação de mundo, tão necessária nessa fase.
Além desses eixos, podemos falar em princípios e valores como 
algo importante nessa etapa, para um ensino de qualidade. Eles de-
vem ser inseridos no cotidiano das aulas do professor, pois a fase de 
zero a seis anos é uma época em que a socialização, o convívio com os 
demais, o entendimento e a aceitação de regras começam a ser desen-
volvidos gradativamente.Considerando esses eixos, devemos analisar quais fatores envol-
vem o ato de planejar na educação infantil. Desse modo, o número de 
alunos em sala, inicialmente, é um fator de extrema importância ao se 
pensar em um planejamento para uma aula ou, ainda, para um ano 
letivo. Assim, pensar e elaborar a prática a partir do número de alunos 
seria, até mesmo, o ponto principal desse planejamento.
As turmas de educação infantil, no geral, apresentam um número 
reduzido de alunos em comparação às do ensino fundamental. Mesmo 
com esse diferencial, faz parte da prática do pedagogo considerar o 
número de alunos em sala para a concretização do que se imaginou.
Identificado o espaço a ser trabalhado, os recursos disponíveis a 
serem utilizados e as possibilidades de realização, conforme a quanti-
dade de alunos, outro fator essencial para o planejamento adequado 
do professor é conhecer a faixa etária dos alunos e o que cada uma de-
las significa. Afinal, as características das crianças em suas respectivas 
Organização didática na educação infantil 27
idades e as fases de desenvolvimento interferem no planejamento do 
professor, que deve preparar atividades viáveis para essas realidades.
Além de o professor conhecer e aprofundar seus conhecimentos 
sobre as fases do desenvolvimento infantil, ele deve também tomar 
cuidado para que o planejamento e o direcionamento das atividades 
estejam de acordo com as condições de aprendizagem dos alunos, 
a fim de não desfavorecer suas capacidades, mas, sim, encorajar as 
crianças em seu desenvolvimento, com o cuidado de não ultrapassar o 
que é característico de cada fase.
Por isso, ao iniciar um novo ano, muitos pensamentos e dúvidas vêm 
à cabeça dos pedagogos: será que a turma tem um comportamento agi-
tado? Será que terei muitos alunos com dificuldades de aprendizagem?
Boa parte dessa curiosidade inicial, e até mesmo de certa ansieda-
de, pode ser resolvida nas primeiras semanas de aula, quando se é 
aconselhado realizar um levantamento inicial das facilidades e das di-
ficuldades de cada aluno. Ressalta-se, nesse momento, as facilidades 
pelo fato de que o pedagogo deve identificar, também, os pontos em 
que os alunos se destacam, visto que esta será uma informação precio-
sa no planejamento estratégico anual e, até mesmo, nos trabalhos em 
grupos entre os alunos.
Por meio desse levantamento, a elaboração de estratégias será mais 
direcionada, pois, conhecendo as dificuldades existentes, o pedagogo 
poderá planejar a melhor maneira de encaminhar a aula para que 
esses desafios sejam superados. No caso da educação infantil, ficam 
evidentes as questões voltadas ao desenvolvimento motor, socialização 
e oralidade.
Realizado esse levantamento e detectadas todas as características 
iniciais que a turma e a instituição escolar apresentam, torna-se neces-
sário, então, planejar de acordo com esses aspectos.
Na educação infantil, os conteúdos vêm distribuídos de maneira 
contínua e gradativa. Devemos lembrar que a criança, nessa faixa etá-
ria, aprende também por meio de repetições; assim, é preciso ensiná-la 
diversas vezes e de diferentes formas um mesmo tema. Ou seja, algo 
trabalhado em fevereiro deve ser relembrado mês a mês até dezem-
bro, para que, aos poucos, as novas descobertas ganhem sentido.
28 Organização didática da educação básica
Outro momento que deve aparecer no planejamento do professor 
e que é um fator a ser trabalhado é o aprender a compartilhar brin-
quedos, o que gera certa socialização. Este não é tema de aula, é algo 
diário, assim como a hora da roda e outras metodologias que serão 
vistas logo após.
Segundo Libâneo (2004, p. 222),
o planejamento é um processo de racionalização, organização e 
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e 
a problemática do contexto social. A escola, os professores e os 
alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o 
que acontece no meio escolar está atravessado por influências 
econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de 
classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar 
– objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implica-
ções sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa 
razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das 
nossas opções; se não pensarmos detidamente sobre o rumo 
que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos 
rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade. 
Dessa forma, planejar uma aula é algo complexo, não óbvio, em que 
deverá haver cautela com os detalhes e com as possibilidades. Assim, 
nesse processo, também cabe ao professor a flexibilidade, a adaptação 
do proposto com sua realidade e a predisposição para criar e inovar.
2.2 A metodologia no ensino de 
crianças pequenas Videoaula
A escolha pela melhor metodologia em sala de aula envolve sele-
cionar métodos que possam colaborar de maneira significativa para o 
desenvolvimento da criança.
Sabemos que o ser humano aprende em grupo, mas seu desenvol-
vimento ocorre de modo individual, pois cada um possui uma capaci-
dade e lógica diferentes frente ao que lhe é apresentado. Considerando 
essa diversidade na forma de aprender, é necessário que, ao planejar 
suas aulas, o pedagogo opte por metodologias e procedimentos que 
contribuam para a evolução do processo de aprendizagem infantil.
Desse modo, dentro dessas metodologias existem rotinas utilizadas 
em sala de aula que indiretamente trazem para a criança grandes pos-
sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe-
cimentos cognitivos.
É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre 
a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a 
avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação 
do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento 
de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap-
tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes 
estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala 
de aula de educação infantil.
Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas, 
por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente 
sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que, 
a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa 
etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento. 
Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada 
e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança 
desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são 
elementos importantes no desenvolvimento infantil.
Organização didática na educação infantil 29
Figura 1
A hora da roda promove 
elementos importantes no 
desenvolvimento infantil.
Rawpixel.com/Shutterstock
sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe-
cimentos cognitivos.
É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre 
a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a 
avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação 
do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento 
de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap-
tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes 
estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala 
de aula de educação infantil.
Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas, 
por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente 
sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que, 
a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa 
etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento. 
Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada 
e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança 
desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são 
elementosimportantes no desenvolvimento infantil.
Organização didática na educação infantil 29
Figura 1
A hora da roda promove 
elementos importantes no 
desenvolvimento infantil.
Rawpixel.com/Shutterstock
Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no 
que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade.
Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu-
cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um 
tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem 
ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre 
ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter-
disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian-
ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com 
crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade.
Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas 
sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor 
possa contemplar cada parte do processo.
A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o 
tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti-
nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado 
da melhor forma.
A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais, 
que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando 
os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa-
ber o que fazer, mas também quando e onde.
A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às 
observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer 
ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção.
Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia-
das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por 
objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem 
o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas.
 O fato de relatar situações que já aconteceram, falando de forma a 
ser entendido pelos demais, ajuda a desenvolver questões de oralida-
de essenciais à criança. Salvo esses importantes fatores, há também a 
socialização e o respeito ao próximo; saber ouvir o que o outro tem a 
dizer é uma habilidade a ser desenvolvida, assim como esperar sua vez 
de falar, o que gradativamente contribui para a organização mental de 
ideias e controle de ações da criança.
Outro exemplo de metodologia a ser utilizada na educação infantil 
é o hábito de deixar claro para as crianças a rotina do dia. A partir do 
momento em que a criança identifica o que acontecerá durante o pe-
ríodo em que ficará na escola, seu grau de ansiedade se estabiliza. Esse 
hábito traz, também, benefícios para a organização mental da criança 
e controle do tempo. Desse modo, o pedagogo pode expor essa rotina 
de diferentes formas, como em formato de imagens, palavras ou sím-
bolos que representem cada momento: hora da roda, educação física, 
lanche, atividade e assim por diante.
O dia do brinquedo é outra forma de tornar as aulas atrativas e di-
vertidas para a criança. No entanto, sua função é acima de tudo social. 
Geralmente, as escolas elegem um dia específico da semana em que 
os alunos trazem seus brinquedos para brincar na escola. Nesse dia, 
a criança aprende a compartilhar, cuidar do que não é seu, respeitar a 
vontade dos colegas e socializar. O pedagogo, ao planejar esse momen-
to, deve ter a consciência dessas questões e explorar situações de con-
flito que os alunos podem enfrentar, orientando-os adequadamente. 
30 Organização didática da educação básica
Figura 2
O dia do brinquedo tem 
a socialização como 
principal função.
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Organização didática na educação infantil 31
Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no 
que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade.
Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu-
cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um 
tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem 
ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre 
ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter-
disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian-
ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com 
crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade.
Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas 
sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor 
possa contemplar cada parte do processo.
A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o 
tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti-
nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado 
da melhor forma.
A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais, 
que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando 
os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa-
ber o que fazer, mas também quando e onde.
A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às 
observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer 
ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção.
Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia-
das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por 
objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem 
o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas.
2.3 Avaliação na educação infantil 
Videoaula Executadas todas as estratégias e tomados todos os cuidados perti-
nentes à garantia do bem-estar e da educação da criança, como visua-
lizar os resultados desse processo?
Para essa questão, só existe uma resposta: avaliar. Esse ato na edu-
cação infantil está diretamente ligado à tomada de decisões. Decisões 
32 Organização didática da educação básica
essas relacionadas à própria atuação profissional do pedagogo, aos 
processos que envolvem as rotinas da escola e a efetivação de sua pro-
posta curricular e à aprendizagem dos alunos.
 Segundo Sousa (2008, p. 56),
o ato de avaliar deve estar fundamentado nos seguintes pontos:
1. Continuidade: a avaliação deve estar presente durante todo o 
processo educacional, e não somente em períodos específicos;
2. Compatibilidade com os objetivos propostos: a avaliação deve 
estar em conformidade com os objetivos definidos como nortea-
dores do processo educacional para que venha realmente cum-
prir a função de diagnóstico;
3. Amplitude: a avaliação deve estar presente em todas as pers-
pectivas do processo educacional, avaliando assim todos os com-
portamentos do domínio (cognitivo, afetivo e psicomotor);
4. Diversidade de formas: para avaliar devemos utilizar as várias téc-
nicas possíveis, visando também avaliar todos os comportamentos.
Após essas reflexões sobre a importância da continuidade, compati-
bilidade, amplitude e diversidade da avaliação, devemos também pen-
sar de modo mais prático a avaliação em momentos diferentes, porém 
com mesmo grau de importância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em dezembro 
de 1996, estabelece, na Seção II, referente à educação infantil, artigo 
31, inciso I, que a avaliação deve ocorrer “mediante acompanhamento 
e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promo-
ção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, 1996).
Assim, o primeiro momento seria o de avaliar os conhecimentos 
prévios dos alunos, descobrindo o que eles já sabem sobre o que preci-
sa ser desenvolvido naquele estágio. Uma vez que as crianças sempre 
têm algo a apresentar a partir da realidade social em que vivem, é im-
portante a sensibilidade do pedagogo, pois essa verificação inicial trará 
informações para a elaboração do seu planejamento.
O momento da avaliação pode aparecer,no caso da educação infan-
til, no formato de brincadeiras, rodas de conversa e, também, realizan-
do uma entrevista com os pais para conhecer mais sobre a realidade da 
criança, suas habilidades e possíveis dificuldades, levando em conside-
ração a perspectiva da família.
Um segundo momento está relacionado ao processo. As estraté-
gias ao longo do período, os erros, os acertos, as dificuldades encontra-
Organização didática na educação infantil 33
das no caminho, as habilidades, as aprendizagens e os conhecimentos 
adquiridos pelos alunos no decorrer das aulas devem ser considerados 
ao realizar a avaliação do aluno.
No caso da educação infantil, esse momento da avaliação pode 
ocorrer por meio de instrumentos de acompa-
nhamento em que o professor faz anota-
ções diárias do rendimento dos alunos, 
observando a evolução que tiveram e o 
que ainda precisa ser alcançado. Esse 
instrumento pode ser em formato 
de fichas, em que o pedagogo irá 
registrar diariamente a evolução 
dos alunos. Outra forma impor-
tante de acompanhamento fre-
quente é a observação da 
resolução das atividades. Dessas 
duas formas, o pedagogo conse-
guirá observar de maneira proces-
sual e contínua a evolução da criança 
nos âmbitos social e cognitivo.
De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), a avaliação nessa etapa deve 
ser processual e destinada a auxiliar na evolução da aprendizagem, for-
talecendo a autoestima das crianças. Nesse documento, a avaliação é 
entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam 
o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e, 
com isso, ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças.
É um elemento indissociável do processo educativo que possi-
bilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e 
criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crian-
ças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecio-
nar esse processo como um todo (BRASIL, 1998, p. 59).
Dessa forma, espera-se visualizar os resultados das aprendizagens, 
ou seja, o que efetivamente foi desenvolvido e assimilado pelos alunos. 
Essa etapa pode ocorrer com atividades direcionadas, que intencional-
mente analisam o que o aluno atingiu em termos de conhecimento e 
desenvolvimento, como “avaliações finais”.
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Figura 3
A participação da família 
no processo de avaliação 
na educação infantil.
34 Organização didática da educação básica
Torna-se importante visualizar, durante cada um desses tipos de avalia-
ção e em diferentes momentos, a diversidade que compõe a sala de aula. 
Cada aluno é único em seu desenvolvimento, e o sucesso ou não de 
sua aprendizagem dependerá de diferentes fatores que devem ser 
considerados pelo professor. Sabe-se que os estímulos externos nessa 
fase são um marco importantíssimo frente ao desenvolvimento do alu-
no. Crianças mais estimuladas desde cedo apresentarão desempenho 
mais acelerado. Esses estímulos podem ocorrer com a simples exposi-
ção da criança a diferentes materiais desde cedo, com formas e cores 
diversas, participando de contação de histórias e utilizando brinquedos 
educativos. Porém, muitas podem não apresentar esses estímulos pre-
coces e, assim, se desenvolverão no seu tempo.
Nesse sentido, o planejamento de uma aula e, consequentemente, 
a sua avaliação e a do aluno devem partir de princípios em que a diver-
sidade, bem como as dificuldades e deficiências, sejam consideradas. 
Muitas vezes, esse momento necessita de um olhar diferenciado do pe-
dagogo, no que diz respeito à adaptação das avaliações para a capacida-
de cognitiva em que a criança se encontra, respeitando suas limitações.
Após todo esse acompanhamento e cuidado, outro momento 
muito importante é a devolutiva das avaliações aos pais. Na maioria 
das escolas de educação infantil, isso ocorre na forma de relatórios, 
nos quais o desenvolvimento da criança é descrito sob a perspectiva 
pedagógica em seus diferentes aspectos (afetivo, cognitivo, motor 
e outros). A entrega desse relatório pode ocorrer bimestralmente, 
trimestralmente ou semestralmente, com a presença dos pais em 
reunião com o professor.
Por se tratar de um momento importante do desenvolvimento in-
fantil, as famílias precisam acompanhar e atentar-se a todos os âmbitos 
de desenvolvimento de seus filhos. Nesse sentido, cabe ao pedagogo a 
qualidade dessa devolutiva, sabendo apontar, com seus conhecimen-
tos teóricos, quais os aspectos a serem trabalhados com a criança, o 
por quê e de que forma. Dessa maneira, busca-se a aproximação com 
a família em prol do desenvolvimento da criança, estabelecendo um 
trabalho com união e parceria.
Por fim, o feedback que é dado às crianças com relação ao seu de-
senvolvimento tem uma grande importância nesse processo. Explicar 
com clareza o que precisam fazer, o que se espera, e dizer como se 
No vídeo Reflexões sobre 
a avaliação na escola 
infantil, publicado pelo 
canal Instituto Advento, 
Jussara Hoffmann, em 
uma entrevista, relata 
os processos e desafios 
de avaliar na educação 
infantil, tema tratado aqui 
de maneira prática e pró-
xima à realidade aplicada 
em sala de aula.
Disponível em: https://www.youtu-
be.com/watch?v=FL3gjVUWs2M. 
Acesso em: 22 jan. 2020. 
Vídeo
Organização didática na educação infantil 35
saíram no resultado é motivador e importante para perceberem o ca-
minho a ser trilhado. Lembrando que a valorização das conquistas e do 
quanto a criança conseguiu se desenvolver dentro de sua capacidade 
deve ser vista pelo pedagogo.
No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas 
acompanhem suas conquistas, suas dificuldades e suas possi-
bilidades ao longo de seu processo de aprendizagem. Para que 
isso ocorra, o professor deve compartilhar com elas aquelas ob-
servações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de 
superação das dificuldades (BRASIL, 1998, p. 60).
Assim, percebemos que avaliar é um processo importante, rico em 
conhecimentos da individualidade de cada um, e é também uma ferra-
menta de autoavaliação para o pedagogo, pois, por meio desses resul-
tados, ele perceberá o quanto a sua prática está tendo sucesso em sala 
de aula, ou o quanto é necessário revê-la.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Entendemos a educação infantil como a base que sustenta o de-
senvolvimento cognitivo, afetivo e motor do ser humano. Dessa forma, 
ressaltamos a importância de o pedagogo ter claro os processos que a 
compõem. Desde o planejamento à escolha pela metodologia adequada 
e ao processo de avaliação, torna-se rico esse momento de descobertas e 
de novas possibilidades de desenvolvimento.
Fica evidente que o pedagogo, como o principal profissional que 
conduz os saberes nessa etapa da educação, deve prezar pelo bom 
desenvolvimento da criança, favorecendo a criação das bases que o sus-
tentarão para toda a sua vida escolar e social. Lembrando que essa atua-
ção do professor-pedagogo deve pautar-se no profundo conhecimento 
teórico e no entendimento das recomendações legais apresentados por 
documentos como o RCNEI, que traz apoio e direcionamento ao tra-
balho do professor e é seu grande aliado no trabalho desenvolvido na 
educação infantil.
Seja o professor em sala de aula ou o pedagogo escolar, o profissional 
que atua na educação infantil tem a missão de fazer com que os proces-
sos ocorram da melhor forma, prezando por uma organização didática 
que contemple todas as necessidades das crianças nesse momento.
36 Organização didática da educação básica
ATIVIDADES
1. Discorra sobre as preocupações que o pedagogo deve ter ao realizar 
o planejamento na educação infantil.
2. Dentre as diferentes metodologias utilizadas na educação infantil, o 
dia do brinquedo possui um significado muito importante frente ao 
desenvolvimento infantil. Escreva sobre seus benefícios.
3. Ao pensarmos sobre avaliação, podemos considerar que ela deve 
ser feita nos primeiros momentos com a turma, sendo realizada 
novamente durante o processo e, também, no final do período.O que 
se espera obter com a avaliação em um segundo momento, durante o 
processo de aprendizagem?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 22 jan. 2020.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação 
infantil. Brasília: MEC, 1998.
JULIATTO, C. I. De professor para professor, falando de educação. Curitiba: Champagnat, 
2013.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2004. 
SOUSA, C. P. Dimensões da avaliação educacional. São Paulo: Vozes, 2008.
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37
Após a jornada que a criança percorre durante o período na 
educação infantil e os desafios enfrentados, iniciamos um perío-
do cheio de possibilidades e que exige um novo olhar voltado ao 
desenvolvimento. Nessa fase que se inicia, a criança se apresenta 
um pouco mais madura e aberta às novas descobertas; é o mo-
mento em que novas capacidades cognitivas são experimentadas.
Os anos iniciais do ensino fundamental contam com a beleza 
de uma criança capaz de compreender o próximo e de socializar 
de uma maneira diferente, que a leva a uma integração mais efe-
tiva. Essa fase conta também com a inserção no mundo letrado 
por meio da leitura e escrita aprendidas durante a alfabetização.
Corresponde, portanto, a uma fase de transição da educação 
infantil para o ensino fundamental, em que é preciso compreender 
o papel do pedagogo em relação à didática, metodologia e avalia-
ção empregadas pelos professores em sala de aula. Neste capítulo, 
vamos refletir sobre esse tema e fatores como planejamento e mé-
todos pertinentes ao ensino fundamental – anos iniciais.
Organização didática 
no ensino fundamental 
– anos iniciais
3
3.1 Processo de transição e adaptação 
para o ensino fundamental Videoaula
O universo da educação infantil é repleto de criatividade, imagina-
ção, cor e movimento. Brincar faz parte do dia a dia e as atividades são 
diversificadas e lúdicas. Porém, ao fim do último ano letivo dessa fase 
da educação, a criança é inserida em uma nova realidade.
38 Organização didática da educação básica
 Salas de aula diferentes, trabalho individualizado, silêncio e uma 
gama diferente de atividades são disponibilizadas para as crianças, al-
gumas vezes esquecendo que o ingresso nessa nova etapa da educa-
ção básica não representa o final da infância. Tal processo, algumas 
vezes, pode ocasionar certa resistência por parte das crianças, ou até 
mesmo desmotivação com o ambiente escolar, por não encontrar tan-
to tempo de liberdade de criação, para brincar e resolver com esponta-
neidade suas atividades.
Esses fatores, mesmo não sendo uma regra, representam uma rea-
lidade comum nesse momento de transição da educação infantil para 
o primeiro ano do ensino fundamental. Por isso, torna-se um motivo 
de atenção e cuidado por parte do pedagogo que acompanha esse mo-
mento, a fim de que não se perca a infância com mudanças repentinas 
de postura por parte do professor em sala de aula.
Em nosso país, esse momento de transição já foi discutido e modi-
ficado algumas vezes. A Lei n. 11.274 de 2006 reduziu para seis anos 
a idade de ingresso da criança no ensino fundamental e, em 2016, a 
Emenda Constitucional n. 59/2009 determinou que as crianças de qua-
tro e cinco anos devem ingressar na educação infantil. 
Dessa forma, o ingresso da criança na escola passa a ser mais cedo, 
o que nos faz pensar que esse ambiente deve estar adequadamente 
apropriado para recebê-la, em todos os aspectos, desde os físicos e 
curriculares até a formação de pedagogos e professores.
Tanto a necessidade de uma transição tranquila para o ensino 
fundamental quanto a garantia de espaços adequados de 
permanência na escola são ressaltados nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais (DCN), aprovadas em 2010. 
Elas se preocupam em estabelecer 
a relação entre esses dois pe-
ríodos – a educação infantil 
e o ensino fundamental 
– como uma continuida-
de, e não uma quebra 
que possa afetar o de-
sempenho e a motivação 
da criança em aprender 
e em permanecer o 
ambiente escolar.
Figura 1
A entrada no ensino 
fundamental representa 
grandes mudanças na vida 
da criança.
Monkey Business Images/Shutterstock
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 39
Para tanto, destaca-se que a formação do pedagogo, responsável 
pelo trabalho nesses níveis, seja como professor seja como coordena-
dor pedagógico, deve estar voltada aos saberes e às peculiaridades que 
essa fase apresenta, estando sempre ciente de questões como:
 • A contínua necessidade de brincar e a interação com os seus co-
legas por meio de atividades lúdicas.
 • A peculiaridade de cada um e o respeito às diferenças, relaciona-
das a fatores emocionais e cognitivos.
 • O desenvolvimento de uma proposta pedagógica que continue 
priorizando o movimento durante as aulas, destacando a diver-
sidade de atividades propostas, os saberes prévios e o contexto 
sociocultural.
Desse modo, se os procedimentos e cuidados utilizados até então 
na educação infantil forem tratados como uma continuidade no ensino 
fundamental, todos os aspectos maturacionais que se espera da crian-
ça virão gradativamente. As novas configurações de turma, professo-
res, ambiente, autonomia e hábitos diferentes de estudos, bem como 
a curiosidade pelo novo, devem ser elementos de motivação e anseio 
por novas experiências. 
Dentro das novas experiências, vários fatores devem ser considera-
dos, estes que vão desde o planejamento e formação do professor até 
elementos predominantes dessa mudança, como o processo de avalia-
ção, o qual deve ser visto como algo que faz parte da aprendizagem, e 
não como um desafio negativo. 
O conceito de avaliação deve ser recebido pelo aluno por meio de 
um trabalho consciente e direcionado do professor ou pedagogo que 
assume a turma. É ele que deve explicar o sentido, processo e objetivo 
de cada atividade realizada, pois a prática de provas que geralmente 
surge nesse período, muitas vezes, não é encontrada na educação in-
fantil. Sabe-se que muito do que o aluno levará para a sua vida acadê-
mica é respaldo de uma fase de base inicial, como o momento tratado 
aqui, ou seja, os primeiros anos da educação básica. Na educação in-
fantil e no ensino fundamental, o aluno cria alicerces que serão a base 
da sua vida acadêmica no que se refere à leitura, à escrita, ao letramen-
to e aos hábitos de estudos. 
É preciso ainda ter cuidado quanto às expectativas das famílias em 
relação aos novos desafios encontrados pelos filhos nessa nova fase de 
40 Organização didática da educação básica
ensino. O pedagogo deve, nesse momento, adotar uma postura aco-
lhedora, de escuta e segurança, que transmita confiança e serenidade 
frente às novas fases da vida escolar da criança. Ou seja, em todos os 
momentos, o olhar do pedagogo durante essa transição deve ser per-
meado por sensibilidade e clareza, com o intuito de tornar esse mo-
mento algo prazeroso e significativo.
Publicado no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, o artigo A 
pré-escola e a construção da autonomia, das autoras Patrícia Ligocki Silva e Tâ-
nia Mara Sperb, traz uma reflexão sobre o preparo da criança na educação 
infantil para se adaptar ao ensino fundamental. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1999000100007
Artigo
Por fim, cabe ressaltar que cada criança e cada família apresentam 
peculiaridades, como tempos diferentes de aprendizagem, de adapta-
ção e formas diferentes de lidar com processos de mudanças. O peda-
gogo, como profissional à frente desse processo, deve ter estratégias, 
de acordo com o ambiente em que atua, que as auxiliem nesse proces-
so de transição.
3.2 Identidade do pedagogo nos anos 
iniciais do ensino fundamental Videoaula
Compor a própria identidade é extremamente

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