Prévia do material em texto
G RU PO SER ED U CACIO N AL BIO ÉTICA E BIO SSEG U R AN ÇA EM SAÚ D E BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA EM SAÚDE Paulo Heraldo Costa do Valle Organizador(a): Fernanda Carolina Gomes BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA EM SAÚDE Paulo Heraldo Costa do Valle Bioética e Biossegurança em Saúde © by Ser Educacional Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash. Diretor de EAD: Enzo Moreira. Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato. Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa. Revisora: Daniele Souza. Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; Jonas Fragoso; Lucas Amaral, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael Carvalho. Ilustrador: João Henrique Martins. Valle, Paulo Heraldo Costa do. Bioética e Biossegurança em Saúde: Recife: Grupo Ser Educacional e Telesapiens - 2022. 140 p.: pdf ISBN: 9786581507237 1. Ética 2. Segurança 3. Ciência. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Iconografia Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura: ACESSE Links que complementam o contéudo. OBJETIVO Descrição do conteúdo abordado. IMPORTANTE Informações importantes que merecem atenção. OBSERVAÇÃO Nota sobre uma informação. PALAVRAS DO PROFESSOR/AUTOR Nota pessoal e particular do autor. PODCAST Recomendação de podcasts. REFLITA Convite a reflexão sobre um determinado texto. RESUMINDO Um resumo sobre o que foi visto no conteúdo. SAIBA MAIS Informações extras sobre o conteúdo. SINTETIZANDO Uma síntese sobre o conteúdo estudado. VOCÊ SABIA? Informações complementares. ASSISTA Recomendação de vídeos e videoaulas. ATENÇÃO Informações importantes que merecem maior atenção. CURIOSIDADES Informações interessantes e relevantes. CONTEXTUALIZANDO Contextualização sobre o tema abordado. DEFINIÇÃO Definição sobre o tema abordado. DICA Dicas interessantes sobre o tema abordado. EXEMPLIFICANDO Exemplos e explicações para melhor absorção do tema. EXEMPLO Exemplos sobre o tema abordado. FIQUE DE OLHO Informações que merecem relevância. Sumário UNIDADE 1 Ética: Introdução e histórico � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Conceito de ética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Comportamento antiéticos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Objetivos da ética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �14 História da ética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �15 Ética na Grécia � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �16 Ética na Idade Média � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �16 Ética na idade moderna � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �17 Ética Contemporânea � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 20 Ética na pesquisa com seres humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �21 Atrocidades da segunda guerra mundial � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �21 Código de Nuremberg � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 22 Diretrizes internacionais para pesquisa biomédica � � � � � � � � � � � � � � � � � 25 Resolução Conselho Nacional de Saúde 196/96 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 26 Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 26 Termo de consentimento livre e esclarecido � � � � � � � � � � 27 Riscos e benefícios � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27 Ética na pesquisa com animais experimentais � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27 Utilização dos animais em pesquisa experimental � � � � � � � � � � � � � � � � � 28 Debates éticos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 29 Aspectos positivos e negativos da pesquisa com animais � � � � � � � � � � � 30 Contribuições significativas quanto aos aspectos éticos � � � � � � � � � � � 30 Lei Arouca � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32 Ética ambiental � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 33 Crescimento econômico e a ética ambiental � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 34 Mudanças durante o século XIX � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 34 Evidências quanto aos graves problemas ambientais � � � � � � � � � � � � � � 35 Prática da ética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 36 Visão holística � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 36 Constitução Federal de 1988 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 37 UNIDADE 2 Bioética: Introdução, histórico e conceitos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 43 Introdução a bioética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 43 Princípios da bioética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 45 Beneficência � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 45 Não-maleficência � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 46 Autonomia � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 46 Justiça ou equidade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 47 Ética ao profissional de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �48 Objetivo de criação dos conselhos Profissionais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 49 Funções dos conselhos da área da saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 49 Situação atual dos conselhos de classe � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 50 Profissões da área da saúde Regulamentadas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 52 Código de Ética profissional � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 52 Organização Mundial da Saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 54 Organização Pan-Americana da Saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 54 Biossegurança: histórico, conceito e legislação � � � � � � � � � � � � � � � � � � 55 Histórico da biossegurança � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 55 Conceito sobre a biossegurança � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 56 Comissão Técnica Nacional de Biossegurança � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 58 Principais classes de riscos ocupacionais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 58 Biossegurança em laboratórios � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �59 Normas de Biossegurança para os laboratórios � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 60 Programa de Segurança � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 62 Avaliação e Representação de Riscos Ambientais � � � � � � � � � � � � � � � � � � 63 Mapa de riscos � � � �BRASIL: Em 1984 foi realizado o I Workshop de Biossegurança em Laboratórios, en- quanto que no ano de 1986 foi realizada a primeira avaliação sobre os riscos em Laboratório pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). A linha do tempo a seguir destaca outros grandes marcos da biossegurança no Brasil. 57 Fonte: Barbosa, F.C.G., 2021. 58 Comissão Técnica Nacional de Biossegurança Por meio da aprovação da Lei Nº 11.105 de 25 de março de 2005, foi revogada a Lei Nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995. Por meio desta lei foi criada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNT- Bio), cujo mandato do presidente é de dois anos, podendo ser reno- vado por igual período, sendo designado pelo Ministro da Ciência e Tecnologia. A finalidade foi garantir uma assistência técnico con- sultivo e o assessoramento para o Governo Federal, com a proposta de desenvolver a formulação, atualização e imple- mentação da Política Nacional de Biossegurança associado com os organismos geneticamente modificados (OGMS). Em 03 De Outubro De 2019, Uma Resolução Normativa, Nº23, Foi Publicada No Diário Oficial Da União, Trantando Da Libe- ração Planejada No Meio Ambiente De Organismos Genetica- mente Modificados Da Classe De Risco 1. Principais classes de riscos ocupacionais Os principais riscos ocupacionais são: físicos, químicos, bio- lógicos, ergonômicos e de acidentes, que são mostrados no mapa de risco por cores características. • Físicos - Ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, temperaturas extremas e umidade. COR: VERDE. • Químicos - Poeira, fumo, neblinas, névoas, gases e va- pores, explosivos inflamáveis, corrosivos, irritantes, tóxicos e cancerígenos. COR: VERMELHO VOCÊ SABIA? 59 • Biológicos - Vírus, bactérias, protozoários, parasitas, insetos e organismos geneticamente modi icados. COR: MARROM • Ergonômicos - Esforço físico ou cargas excessivas, produtividade ou ritmo de trabalho excessivo, postu- ra inadequada e jornada de trabalho prolongada. COR: AMARELO • Acidentais - Arranjo físico e iluminação inadequados, equipamentos inadequados, defeituosos ou sem prote- ção, sobrecarga de eletricidade, incêndio ou explosão e armazenamento de material inadequado. COR: AZUL Figura 6: Principais classes de riscos ocupacionais Fonte: BARBOSA, F.C.G.,2021. Biossegurança em laboratórios Neste item você será capaz de entender as normas de biosse- gurança para os laboratórios, programa de segurança, ava- liação e representação de riscos ambientais, mapa de riscos, serviço especializado de engenharia de segurança em medi- cina do trabalho e etapas para elaboração dos mapas de riscos. OBJETIVO 60 Figura 7: Biossegurança nos laboratórios Fonte: Pixabay Normas de Biossegurança para os laboratórios As Normas de biossegurança nos laboratórios são essenciais para prevenirem e também reduzirem os riscos dos profissionais que trabalham nesses locais desenvolverem doenças devido a exposição aos vários agentes que estão presentes nestes locais. Todas as circunstâncias onde existe um risco pode ocorrer acidentes, em alguns dos casos eles não são reversíveis, ocasionan- do afastamento temporário, definitivo ou até mesmo à morte do colaborador. Existe uma série de processos que devem ser empregados nos laboratórios, tendo como principal finalidade a diminuição da exposição de todos os indivíduos a esses riscos, por meio da: limpeza de materiais e dos locais de traba- lho; manipulação correta de todos os equipa- mentos; manipulação correta das substâncias químicas; manipulação correta dos materiais biológicos e radioativos; utilização adequada de todos os aparelhos de proteção coletiva e individual (HIRATA, et al, 2012). 61 Na tabela a seguir você verá algumas orientações que são fundamentais para o planejamento e a organização de todas as ati- vidades realizadas dentro de um laboratório. Tabela 2: Orientações para planejamento e organização das atividades 62 Fonte: HIRATA; HIRATA; MANCINI FILHO (2012) Programa de Segurança Todo laboratório deve ter um programa de segurança com o objeti- vo de reduzir os riscos ambientais e prevenção de acidentes, assim como um treinamento em contexto de emergência e a realização de todas as normas de segurança em vigor. 63 É imprescindível que todo colaborador saiba quais são as con- dições mínimas para um programa de segurança, entre eles estão: • quantidade disponível e utilização adequada dos equipamen- tos de proteção coletiva e individual; • realização regulares dos programas de treinamento; • os equipamentos de combate a incêndio precisam estar dispo- níveis em todos os locais; • sinalização das áreas de risco e rotas de fuga; • manutenção de um sistema de geração de energia elétrica • de emergência; • elaboração e realização de um programa de prevenção de • riscos ambientais; • sistema de registros para todos os testes de segurança desen- volvidos quanto ao desempenho dos equipamentos. Avaliação e Representação de Riscos Ambientais A avaliação é desenvolvida com o propósito de diminuir os riscos de manipulação dos materiais e a proteção para todos os indivíduos e ao meio ambiente. Todas estas informações estão fundamenta- das em função da periculosidade e/ou patogenicidade do agente. Por meio dessa avaliação é possível então verificar o nível de biossegu- rança que é necessário para combater esses agentes. Essa avaliação dos riscos ambientais pode ser desenvolvida por meio da produção de um mapa de risco ambiental, que permite fazer um diagnóstico da condição de segurança e saúde ocupacional no laboratório. A confecção do mapa de risco ambiental deve ser executada por meio dos membros da comissão interna de prevenção de aci- dentes (CIPA) estando fundamentada por meio da Norma Regula- mentadora n° 5 (NR 5). 64 Mapa de riscos O mapa de riscos deve ser elaborado através da utilização da planta baixa do local. Todos os riscos (químicos, físicos, acidentais, bio- lógicos e egonômicos) precisam ser representados por meio de co- res e círculos padronizados. Figura 8: Exemplo de um mapa de Risco Fonte: LEAL,V.L., 2019. Disponível em: (PDF) Protocolos e técnicas laboratoriais de rotina: aplicações em biologia molecular, microbiologia, cultivo celular e farmacognosia (researchgate.net) Além das cores usadas para definir os riscos no mapa, exis- tem outras que são empregadas com o intuíto de promover uma melhor seguridade no local, conforme você pode observar nas ta- belas seguintes: Tabela 3: Descrição das cores utilizadas para delimitar riscos em um laboratório COR UTILIZAÇÃO Branca Delimitar áreas isoladamente ou combinadas com a cor preta 65 Amarela Indicar “Atenção” ou “Cuidado” Alaranjada Identificar partes móveis de máquinas e Equipamentos Vermelha Indicar equipamentos e os apa- relhos de proteção e combate ao incêndio, além das rotas de fuga e da saída de emergência Púrpura Indicar os perigos provenientes de radiações eletromagnéti- cas penetrantes e de partículas nucleares Verde Indicar dispositivos de segu- rança como chuveiros de emer- gência, lava-olhos, caixas de primeiros socorros e caixas com materiais para situações de emergência (máscaras contra gases) Azul Indicar equipamentos fora de uso Preta Indicar coletores de esgoto ou lixo Fonte: HIRATA; HIRATA; FILHO (2012) Serviço especializado de engenharia de segurança e em medicina do trabalho Ao elaborar o mapa de riscos é necessário que exista um suporte por parte do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) de acordo com a Norma Regula- mentadora n° 4 (NR 4 ). 66 Para saber mais, leia na íntegra a Norma Regulamentadora n° 4 (NR 4) que possui todas as informações sobre o Serviço Especia- lizado de Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Etapas para a elaboração do Mapa de riscos As etapas utilizadas para a confecção do mapa de riscos são: • conhecer todos os processos e procedimentos do laboratório;• identificar todos os riscos ambientes presentes no local; • determinar as medidas de controle existentes como tam- bém a sua eficácia; • verificar a existência de levantamentos ambientais anteriores pertencentes ao mesmo local; • elaborar o mapa de riscos na planta baixa com a identificação de todos os tipos de riscos. A elaboração do mapa de riscos pode ser realizada por meio de seis etapas: 1ª ETAPA É fundamental avaliar os quatro elementos: elemento hu- mano (pessoal do laboratório), processo (todas as atividades de- senvolvidas), material (instrumentos e materiais utilizados) e o ambiente (laboratório). 2ª ETAPA Devem ser avaliados todos os riscos presentes de acordo com a tabela 3, e também analisados os efeitos e os danos à saúde. SAIBA MAIS 67 3ª ETAPA Devem ser definidas quais serão as medidas preventivas de proteção coletiva e individual e a estruturação das atividades no laboratório. 4ª ETAPA É essencial que sejam levantados quais são os indicadores de saúde, por meio das informações registradas, como: acidentes de trabalho mais comuns, doenças ocupacionais identificadas, faltas e/ ou ausência ao trabalho. 5ª ETAPA Devem ser verificados todos os levantamentos ambientais realizados anteriormente, durante esta avaliação devem ser reali- zadas toda as medições e o registro de todos os riscos ambientais. 6ª ETAPA Nesta etapa deve ser preparado o relatório o qual deve conter todos os riscos presentes, junto com o mapa de riscos, posterior- mente a aprovação pela CIPA. O mapa de riscos precisa estar fixado em um local de fácil vi- sualização para que todos os indivíduos que passam no local tenha acesso a ele. E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudo? Ago- ra, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que foi abordado. Estudamos inicialmente a bioética: introdução, histórico e con- ceitos através da introdução e princípios da bioética (beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça ou equidade). Posterior- mente foi estudado a ética ao profissional de saúde através do es- tudo do objetivo da criação dos conselhos profissionais, funções dos conselhos da área da saúde, situação atual dos conselhos de RESUMINDO 68 classe, profissões da área da saúde regulamentadas, Código de Ética profissional, Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-A- mericana da Saúde. Foi abordado também a biossegurança: histó- rico, conceito e legislação através do estudo do histórico e conceito de biossegurança, legislação sobre biossegurança, comissão técnica nacional de biossegurança e principais classes de risco ocupacio- nais. E por último foi estudado a biossegurança em laboratórios por meio da investigação das normas de biossegurança para os labora- tórios, programa de segurança, avaliação e representação de riscos ambientais, mapa de riscos, serviço especializado de engenharia de segurança e em medicina do trabalho e etapas para a elaboração do mapa de riscos. UN ID AD E 3 Equipamentos de proteção e assuntos controversos Objetivos 1. Estudar a segurança biológica e doenças adquiridas em laboratórios; 2. Compreender como funcionam os equipamentos de proteção individual e coletiva; 3. Conhecer os organismos geneticamente modificados; 4. Analisar os assuntos éticos controversos. 70 Introdução Olá, tudo bem com você? Prezado aluno, gostaria de convidar você neste momento para iniciar este processo de conhecimento e aprendizagem, tenho certeza que será muito enriquecedor, repleto de desafios e estímulos para o seu o crescimento. Você é o nosso convidado especial para iniciar essa viagem por meio do conheci- mento . Durante esta trajetória você irá se deparar com trilhas mui- to interessantes e desafiadoras em todo o percurso. O tema desta unidade é “Equipamentos de proteção e assuntos controversos”, o qual está dividido nos seguintes conteúdos: Segurança biológica e doenças adquiridas em laboratórios; Equipamentos de proteção individual e coletiva; Organismos geneticamente modificados e assuntos éticos controversos. 71 Segurança biológica e doenças adquiridas em laboratório Ao término deste item você será capaz de reconhecer os níveis de segurança biológica, código de prática, acesso ao laboratório e proteção individual no laboratório e normas. Níveis de segurança biológica Existem recomendações e orientações básicas que são consideradas como condições mínimas para todos os laboratórios com relação aos níveis de segurança biológica de acordo com os grupos de risco de 1 a 4. Apesar de que algumas recomendações possam ser julgadas como não necessárias para alguns organismos do grupo de risco 1, as mesmas podem ser consideradas com o propósito de realização de atividades mais seguras. Já os laboratórios que apresentam a finalidade de diagnós- ticos e cuidados de saúde (saúde pública, clínicos ou hospitalares), são configurados no mínimo para o nível 2 de segurança biológica, visto que os laboratórios não tem um controle completo de todas as espécimes que recebem. Os agentes laboratoriais podem estar expostos a organismos em grupos de risco que são mais elevados do que o previsto, por- tanto deve ser levado em consideração essas questões quanto a ela- boração dos planos e políticas de segurança biológica. Em vários países, os laboratórios clínicos são obrigados a es- tarem oficialmente acreditados, sendo, portanto, necessário a ado- ção e a utilização de cuidados padrão nesses casos. OBJETIVO 72 As condutas para os laboratórios de base com os níveis 1 e 2 de segurança biológica devem ser amplas e com muitos detalhes, uma vez que são primordiais para os laboratórios de todos os níveis de segurança biológica. No nível 1 está envolvido o trabalho dos agentes com menor grau de risco para os indivíduos que estão em contato com eles, sen- do recomendado, por exemplo, para a pipetagem, um dispositivo mecânico além da utilização dos outros equipamentos de proteção. Já o nível 2 corresponde aos agentes de risco moderado tanto para os indivíduos como para o meio ambiente, sendo adequada a utilização de uma cabine de segurança biológica além dos equipa- mentos de proteção individual. Para os laboratórios de confinamento com nível 3 de segu- rança biológica, e laboratórios de confinamento máximo com ní- vel 4, as condutas são o objetivo com relação às modificações e o complemento visto que o trabalho com os agentes patogênicos são muito perigosos. O nível 3 está relacionado com a manipulação dos agentes infecciosos que podem causar doenças muito sérias ou em certos casos podem ser letais. Todos os procedimentos devem ser realizados na cabine de segurança biológica, devendo ser utilizadas máscaras faciais ou respiradores além de todos os outros equipamentos de proteção individual. O nível 4 está relacionado com o organismo receptor ou doador com o potencial patogênico. Nesse caso é indicado a utilização da rou- pa protetora completa, descartável e ventilada através da pressão positiva. Nesses casos os pipetadores automáticos são obrigatórios além de todos os outros equipamentos de proteção individual. IMPORTANTE 73 Código de práticas O código de práticas corresponde a uma relação das práticas e normas mais importantes que compõem a base das técnicas de microbiologia. A experiências dos laboratórios e os programas nacionais para laboratórios podem auxiliar na construção das práticas e nor- mas escritas para garantirem um desempenho mais seguro. É fundamental que cada laboratório adote um manual de segurança ou de trabalho, onde exista a identificação de todos os perigos conhecidos e potenciais, e que estejam detalhados todas as práticas e normas tendo como objetivo a eliminação ou a minimiza- ção de todos os perigos. As boas técnicas de microbiologia são primordiais para ga- rantir a segurança nos laboratórios, todos os equipamentos labo- ratoriais especializados são considerados como auxiliaresdesta segurança, mas não devem e não podem nunca substituir as normas. Acesso ao laboratório É obrigatório que esteja exposto em todas as portas das salas, o símbolo e o sinal internacional de risco biológico (figura 1), nos lo- cais onde existe a manipulação de microrganismos que fazem parte do grupo de risco 2, 3 e 4. Nas áreas de trabalho é permitido a entrada apenas dos indi- víduos que estão autorizados, sendo que as portas devem sempre permanecerem fechadas. Nenhuma criança está autorizada a entrar ou ter contato nas áreas de trabalho do laboratório. Quanto ao acesso aos locais onde estão os animais é necessá- ria uma autorização especial, nenhum outro animal pode entrar no laboratório além dos que já estão. 74 Figura 1: Símbolo risco biológico Fonte: Pixabay Proteção individual no laboratório Fluxograma 1: O que pode e não pode em laboratório Fonte: Barbosa, F.C.G., 2021. 75 Normas A seguir será abordado as várias normas que devem sempre ser res- peitadas em um laboratório, por exemplo: • É terminantemente proibido realizar a pipetagem com a boca; • Não se pode colocar na boca nenhum material; Não se pode lamber nenhum rótulo; • Os procedimentos técnicos precisam ser realizados de uma maneira que exista a redução quanto a formação dos aerossóis e gotículas. • Não deve ser limitada a utilização das agulhas e seringas hi- podérmicas, as mesmas não podem ser substituídas por pipe- tas ou qualquer outro procedimento. • Em caso de acidente, por exemplo, a aspiração de algum fluido deve ser notificada imediatamente para o supervisor responsável. • Todos os acidentes precisam ser documentados, ou seja, • devem ser registrados por escrito imediatamente. • É necessário que todas as normas quanto a limpeza esteja es- crita de forma bastante detalhada. • Todos os líquidos que estiverem contaminados de forma química ou física devem ser descontaminados previamen- te antes de serem lançados nos esgotos sanitários. De acor- do com o caso pode ser necessário a existência de um sistema de tratamento de efluentes, devendo ser realizado a avalia- ção dos riscos quanto ao agente ou agentes que estão sendo manipulados. • Todos os documentos escritos que por algum motivo tenham que sair do laboratório, necessitam estar protegidos quanto a contaminação dentro do laboratório. 76 Nesta competência você estudou sobre os níveis de segurança bio- lógica, código de prática, acesso ao laboratório e proteção individual no laboratório e normas, viu que há normas quanto ao uso do equi- pamento de proteção, bem como para a segurança no laboratório. Equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva Neste tópico vamos estudar a função do Ministério do Trabalho, os equipamentos de proteção coletiva e individual e as obrigações es- pecíficas para empregador, empregados, fabricante e importadores. Ministério do Trabalho A função do Ministério do Trabalho é comprovar a qualidade dos equipamentos de proteção que estão disponíveis no mercado por meio da emissão de um certificado que é chamado de certificado de aprovação (CA). A comercialização ou fornecimento de qualquer equipamento de proteção sem o certificado de aprovação é considerado como um ato criminal, o que significa que tanto o comerciante quanto o em- pregador vão estar sujeitos às penalidades previstas em lei. RESUMINDO OBJETIVO 77 Através da Lei n° 6.514 de 22 de dezembro de 12 de 1997 toda empre- sa é obrigada a fornecer de forma gratuita a todo seus funcionários os equipamentos de proteção individual estando em completo esta- do de conservação, de acordo as necessidades do trabalho e os riscos aos quais o trabalhador vai estar exposto. Equipamentos de Proteção Existem dois tipos de equipamentos de proteção que devem ser utilizados: • Equipamentos de proteção coletiva (EPCs); • Equipamentos de proteção individual (EPIs). Figura 2: Equipamento de proteção individual Fonte: BARBOSA, F.C.G.,2021. IMPORTANTE 78 Equipamento de proteção coletiva Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) como o próprio nome diz, possuem a função de proteger ou socorrer de forma coletiva todos os indivíduos. Esses equipamentos listados a seguir precisam estar instala- dos ou posicionados nos locais que são considerados como estraté- gicos, alguns exemplos destes equipamentos são: • Cabines de segurança (mais conhecidas como “capelas”); • Chuveiros de emergência; • Lavador de olhos; • Equipamentos de socorro; • Luminárias de emergência; • Isolamentos acústicos; • Extintores; • Hidrantes; • Chuveiro automático ou sprinklers; • Cones de sinalização. Figura 3: Equipamentos de proteção coletiva Fonte: BARBOSA, F.C.G.,2021. 79 Extintores A finalidade dos extintores é combater os princípios de in- cêndio. Existem quatro tipos: • Espuma; • Água pressurizada; • Dióxido de carbono; • Pó químico. Extintores de espuma Os extintores de espuma são indicados para os incêndios em com- bustíveis comuns (classe A) e líquidos inflamáveis. O agente ex- tintor neste caso é a espuma (bicarbonato de sódio e sulfato de alumínio) somado a um estabilizador (gás carbônico), sendo então o agente propulsor. Extintores de água Os extintores de água pressurizada atuam por meio do resfriamen- to do material combustível que está em combustão. O agente pro- pulsor neste caso é um gás (dióxido de carbono e nitrogênio). Extintores de dióxido de carbono Estes extintores de dióxido de carbono vão agir sobre o fogo por meio da exclusão do oxigênio através do abafamento e também por uma ação de resfriamento. Extintor de pó químico O extintor de pó químico é o agente extintor composto pelo bicar- bonato de sódio ou bicarbonato de potássio, que vai obter Um tra- tamento para tornar-se higroscópico (a higroscopia é a propriedade que determinados materiais possuem de absorver a água). O agente propulsor neste caso é o dióxido de carbono ou nitrogênio. 80 Figura 4: Extintores Fonte: Pixabay Chuveiro automático ou sprinklers Outro equipamento importante de proteção coletiva é o chuveiro automático ou sprinklers, sendo um tipo de instalação de proteção contra incêndio formado por uma série de crivos que tem o objetivo de borrifar de forma automática a água no local do foco inicial de um incêndio para evitar a propagação por meio da sua extinção. Figura 4: Sprinklers Fonte: Pixabay Chuveiros automáticos Todos os chuveiros automáticos precisam estar com os seus re- gistros sempre abertos. É necessário que exista um espaço li- vre de 1,00m abaixo e ao redor dos pontos de saída dos chuveiros 81 automáticos, tendo como objetivo garantir a dispersão da água de forma eficiente. Hidrantes Os hidrantes são utilizados para o combate de incêndio, sendo for- mados pela mangueira, requinte, esguicho e um conjunto de insta- lação. Tendo a função de atuarem de forma autossuficiente, devem estar situados estrategicamente para que toda a área esteja protegi- da completamente. Equipamentos de proteção individual Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são dispositivos de uso individual, devendo ser manipulados por todos os funcionários. A finalidade é oferecer a proteção para todos os riscos que são sus- cetíveis que podem prejudicar a segurança e a saúde de todos os empregados, assegurando um mínimo de desconforto sem tirar a liberdade de movimento de quem está usando. Os principais equipamentos de proteção individual que de- vem ser utilizados são: • Luvas; • Óculos; • Máscaras; • Protetores auriculares; • Capacetes; • Sapatos apropriados; • Avental. Todos os equipamentos de proteção individual são funda- mentais na prevenção de acidentes e doenças envolvidos com o trabalho. É obrigatório o fornecimento desses equipamentos de proteção para todos os funcionários. 82 Entrega dos equipamentos de proteção individual Os materiais devem ser entregues nas seguintes situações: • Nos casos onde os cuidados não conseguemoferecer uma completa proteção contra aos riscos de acidentes de trabalho ou de doenças ocupacionais; • Enquanto as medidas de proteção coletiva ainda estão sendo implantadas; • Para atender às situações de emergência. Toda empresa é obrigada a providenciar para todos os empre- gados, sem nenhum custo, os equipamentos de proteção individual devendo estar adequados ao risco e em perfeito estado de conserva- ção e funcionamento, nos casos em que as medidas de ordem geral não garantem uma proteção completa contra os riscos de acidentes e danos à saúde de todos os empregados. Obrigações Específicas para Empregador, Empregados, Fabricante e Importador Existem algumas obrigações que são específicas para o empregador, para os empregados e também para o fabricante ou o importador. Seguem abaixo todas essas obrigações: Obrigações para o empregador As obrigações para o empregador são: • Utilizar o equipamento adequado ao risco para cada atividade; • Exigir o uso dos equipamentos para todos os funcionários do setor envolvido; • Fornecer ao trabalhador somente os equipamentos que estão aprovados através do Órgão Nacional competente relativo à segurança e à saúde no trabalho; 83 • Orientar todos os trabalhadores com relação a utilização ade- quada e à conservação; • Substituir todos os equipamentos que forem danificados; • Ser o responsável pela higienização e manutenção periódica de todos os equipamentos; • O gerenciamento de todos os equipamentos de proteção indi- vidual é fundamental para o empregador, visto que em uma auditoria deve ser comprovado, por exemplo, o uso efetivo de protetores auriculares, respiradores, capacetes, luvas entre outros. • Caso o empregador não consiga comprovar a utilização, será condenado a pagar indenizações em função da inexistência de provas quanto à utilização efetiva dos equipamentos de pro- teção individual. Obrigações para o empregado As obrigações para o empregado estão listadas a seguir: • Utilização dos equipamentos apenas para a finalidade destinada; • Ser o responsável pela guarda e conservação; • Comunicar imediatamente ao empregador qualquer alteração que possa deixar impróprio o equipamento; • Cumprir todas as determinações do empregador quanto a uti- lização adequada; • Caso o funcionário não queira utilizar o equipamento, esta atitude será considerada como uma falta grave. 84 Obrigações do fabricante ou do importador As obrigações do fabricante ou do importador são as seguintes: • Estar cadastrado no Órgão Nacional competente com relação à segurança e saúde do trabalho; • Solicitar o certificado de aprovação periodicamente; • Requerer um novo certificado de aprovação quando existir alteração referente às especificações do equipamento; • Ser o responsável pela manutenção da qualidade dos equipa- mentos de proteção individual que deram origem ao certifi- cado de aprovação; • Comercializar apenas os equipamentos de proteção indivi- dual que possuam o certificado de aprovação; • O equipamento deve sempre ser vendido portando todas as instruções técnicas no idioma nacional, com todas as orien- tações relativas à sua utilização, manutenção e restrição quanto a utilização. • Deve constar nos equipamentos de proteção individual o número do lote de fabricação. • É dever manter a qualidade de todos os equipamentos de proteção individual que deram origem ao certificado de aprovação; • Todos os equipamentos precisam ser testados em laborató- rios para a comprovação quanto à qualidade e, ainda, serão avaliados pelo auditor fiscal e pelos profissionais da área de segurança. Não se pode comercializar ou vender nenhum equipamento sem o certificado de aprovação. A validade é de cinco anos para os equipamentos com laudos de ensaio que não tenham sua conformi- dade avaliada no Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SIMMETRO), dois anos para os equipamentos 85 de proteção que foram desenvolvidos até a data de publicação des- ta norma e no caso de não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais oficialmente reconhecidas ou laboratório capacitado para a realização dos exames. O gerenciamento dos equipamentos de proteção individual deve sempre ser realizados com base na NR 6 levando em conside- ração os principais pontos que são: A seleção do equipamento a ser utilizado pelo empregado deve ser realizada com base no critério técnico; O empregador deve exigir a utilização dos equipamentos de proteção individual, visto que a recusa injustificada pelo empregado quanto a utilização dos equipamentos de proteção individual é con- siderada como um ato faltoso; Só deve ser oferecido ao empregado os equipamentos de pro- teção individual que forem aprovados pelo órgão nacional respon- sável pela segurança e saúde do trabalhador; O funcionário precisa ser orientado e treinado com relação a utilização adequada dos equipamentos de proteção individual, o treinamento para a utilização dos equipamentos é primordial para o programa de gerenciamento; Todo o treinamento com os funcionários deve sempre ser documentado, visto que nos processos judiciais e administrativos pode ser utilizado como uma prova para justificar de que o preparo era realizado de forma satisfatória; Todo equipamento quando estiver danificado ou extraviado precisa ser substituído imediatamente, sendo fundamental tam- bém que exista um programa de gerenciamento dos equipamentos de proteção, prevendo a periodicidade de substituição dos mes- mos, orientando que os trabalhadores comuniquem imediatamente quando os equipamentos forem danificados ou extraviados. A hi- gienização e a manutenção dos equipamentos devem ser realizadas periodicamente. 86 Organismos geneticamente modificados A seguir será estudado as Lei n° 8.974/95, Lei n°11.105 que estão relacionadas com a fiscalização dos organismos geneticamente modificados, gestão das comissões internas de biossegurança e as principais funções das comissões internas de biossegurança. Lei n° 8�974 No Brasil, a legislação sobre biossegurança iniciou através da Lei 8.974/95, que inicialmente apresentou todas as normas de biosse- gurança para regular a manipulação e a utilização de todos os orga- nismos geneticamente modificados. Figura 5: Organismos geneticamente modificados Fonte: Freepik Lei n° 11�105 A Lei n° 11.105 de 24 de março de 2005 foi promulgada com o obje- tivo de determinar os mecanismos relacionados com a fiscalização referente aos organismos geneticamente modificados e seus deri- vados por meio dos seguintes itens: 87 • Construção; • Cultivo; • Produção; • Manipulação; • Transporte; • Transferência; • Importação; • Exportação; • Armazenamento; • Pesquisa; • Comercialização; • Consumo, • Liberação no meio ambiente; • Descarte. As principais diretrizes desta lei estão as- sociadas com um grande estímulo para um importante avanço científico na área de bios- segurança e biotecnologia, como também quanto a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal (SALIBA, 2008). Todos os órgãos financiadores ou patrocinadores públicos, privados, internacionais ou qualquer outro tipo de organizações que desenvolvem atividades relacionadas com os organismos genetica- mente modificados são obrigados a cumprirem esta lei, além de serem obrigados a comprovar a sua idoneidade técnico-científica por meio do Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) que deverá ser emitido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegu- rança (CNTBio). 88 Todas as instituições que precisam prestar contas a este órgão estão envolvidas com o ensino, pesquisa científica e o desenvol- vimento tecnológico como também à prestação dos serviços que estejam relacionados com organismos geneticamente modificados. Comparações entre as duas leis Ao ser comparado as duas leis (Lei 8.974/1995 e Lei n° 11.105/2005) pode ser observado que houve um certo retrocesso, uma vez quea lei anterior era mais rigorosa com relação a liberação de transgêni- cos em território nacional. Os dados mostram que desde a aprovação desta lei, nenhum pedido de liberação comercial de transgênicos foi negado, e de acordo com vários estudiosos neste assunto estão sendo aprovadas pesquisas incompletas que possuem conclusões erradas. Nestes últimos anos foram aprovadas algumas variedades de soja e de milho resistentes ao herbicida 2,4 D que por incrível que pareça foi utilizado pelos Estados Unidos durante a guerra do Viet- nã, sendo considerado altamente tóxico. Em 2019, uma resolução normativa tratando sobre OGMs foi publi- cada no Diário Oficial da União, chamada de normativa número 23. Nela, pode-se ver uma reformulação a respeiro da liberação plane- jada no meio ambiente de organismos geneticamente modificados da classe de risco 1. Para saber mais pesquise a Resolução Normati- va nº23, de 03 de outubro de 2019. SAIBA MAIS 89 Gestão das Comissões Internas de Biossegurança O papel das Comissões Internas de Biossegurança (CIBio) é primor- dial com relação as questões de biossegurança, a composição destas comissões deve ser constituída por especialistas que possuam co- nhecimento e experiência para realizarem todas as atividades que estão envolvidas com a engenharia genética, manipulação, produ- ção e transporte dos organismos geneticamente modificados. Os membros das CIBio são os responsáveis quanto a no- meação do responsável legal da instituição, devendo ser consti- tuída no mínimo por três especialistas que façam parte das áreas compatíveis. Também pode ser incluído um membro externo à comunida- de científica como um colaborador da empresa que tenha condições para retratar os interesses da comunidade. É primordial que exista a criação de um regu- lamento interno com o objetivo de facilitar o funcionamento, garantindo a padronização de todas as atividades, como também a definição da agenda das reuniões, entre outras ativida- des (SALIBA, 2008). Principais funções das comissões internas de biossegurança Algumas das principais funções das comissões internas de biosse- gurança são as seguintes: • Assegurar que os responsáveis técnicos por todos os projetos saibam da necessidade de cumprimento de todas as normas de biossegurança estando de acordo com todas as recomen- dações das comissões. • Solicitar o certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) através da apresentação dos documentos que estão definidos por lei. 90 • Devem ser realizadas pelo menos uma reunião semestral e outras extraordinárias todas as vezes que forem necessárias. • Promover treinamentos em biossegurança para garantir que todos os envolvidos estejam cientes de seus riscos. • Estabelecer programas de prevenção de acidentes. Submeter anualmente à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança o relatório das atividades desenvolvidas sob pena de perder o certificado de Qualidade em Biossegurança. Assuntos éticos controversos Este item reúne assuntos bastante controversos, mas que preci- sam sem dúvida alguma serem discutidos com um enfoque bastante ético, como por exemplo o começo da vida, engenharia genética, aborto, reprodução assistida, transplante de órgãos, pacientes terminais, eutanásia e morte assistida. Começo da vida Na Constituição da República Brasileira de 1988, mais conheci- da como Constituição Cidadã está previsto e assegurado o direito à vida. Existe uma grande discussão por parte dos pesquisadores quanto ao início da vida, ou seja, não se pode ainda afirmar com exatidão quando realmente a vida começa. Para alguns pesquisado- res ela inicia por volta de vinte e quatro a trinta e seis horas após a fecundação, onde se iniciam as divisões que dá origem ao embrião. Para algumas pessoas e nações, todos os grandes avanços da ciência na área da saúde não podem e não devem de nenhuma forma impedir a vida, e sim permitir a vida, por meio do respeito de todos os princípios da bioética como a beneficência, não-maleficência, autonomia e a justiça ou equidade. 91 Figura 6: feto Fonte: Pixabay Engenharia genética A engenharia genética tem como definição um grupo de processos que permitem a manipulação dos genes de um organismo. Nor- malmente este processo diferente da atividade normal reprodutivo deste ser vai ocorrer por meio do isolamento, manipulação e a in- trodução do DNA em um ser vivo. Um grande risco que pode existir no futuro caso não existam normas éticas que considerem estas questões é a possibilidade de rejeição ou eliminação de embriões e fetos com defeitos genéticos, devido uma sociedade que está na busca de filhos perfeitos e com características físicas pré estabelecidas, principalmente pelos pró- prios pais e a sociedade em geral. Outra questão que precisa ser levada em consideração é o preconceito racial por meio da identificação dos genes que estão relacionados com as raças, visto que em algumas raças pode exis- tir a discriminação em função de ações que são consideradas como antissociais. Uma tendência bastante comum nos casais que buscam à fer- tilização in vitro, é a escolha do sexo. 92 Figura 7: Engenharia genética Fonte: Pixabay Aborto De acordo com a Legislação Brasileira o aborto ou a interrupção da gravidez no Brasil é considerada como um ato criminoso. Quanto ao ponto de vista ético, existem três posições dife- rentes sobre o embrião: • Pode ser considerado como um indivíduo que já pertence a comunidade, não sendo feito, portanto, nenhum tipo de di- ferença entre os vários estágios de desenvolvimento humano como embrião, feto, recém-nascido, criança, adulto. Neste caso desde a concepção, já existe um novo membro na sociedade, ou seja, o óvulo que foi fertilizado torna-se um novo membro desta comunidade. Esta posição ética não concorda com qualquer tipo de pesquisa que for realizada com os embriões e nem com a prática do aborto. • O embrião não é considerado como uma vida, sendo classi- ficado como uma “coisa”. Esta posição tem apresentado um grande crescimento nos últimos anos, devido as várias técni- cas de reprodução artificial. • O embrião pode ser transferido, congelado, estocado e utiliza- do para a pesquisa. 93 O embrião humano é uma entidade biológi- ca, durante o período que não é colocado um projeto parental para a formação da criança, o mesmo pode ser utilizado como material para pesquisas com a finalidade de experimentação científica (VEATCH, 20014). O Ministério da Saúde estima que anualmente são realizados mais de um milhão de abortos induzidos, sendo o aborto clandestino a quinta causa de morte materna no país. Modalidades do aborto não espontâneo O aborto pode ser dividido em três modalidades: • Provocado pela gestante; • Provocado por terceiro, mas sem o consentimento da • gestante; • Provocado por terceiro, através do consentimento da • gestante. Código Penal O Código Penal vigente criado através do Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, pelo presidente Getúlio Vargas durante chamado período do Estado Novo, consta duas possibilidades onde a prática do aborto é apontada como uma atividade lícita: SAIBA MAIS 94 • Quando a gravidez é decorrente de um estupro, denominado como um aborto sentimental. • Quando não existe outra forma de salvar a vida da gestante, denominado de aborto necessário ou terapêutico. Posteriormente, mais especificamente a partir de 13 de abril de 2012 por uma decisão considerada como histórica para o Supre- mo Tribunal Federal, através da direção do Ministro Marco Aurélio Mello, o aborto para casos de feto anencéfalo (ausência completa do cérebro) foi considerado também como um ato lícito ou legal. Atualmente o Brasil é o quarto país do mundo com maior ocorrência de fetos anencéfalos, estando atrás somente dos países como Chile, México e Paraguai, a incidência é de um em cada mil nascimentos. Reprodução assistida Os procedimentos relacionados com a reprodução assistida inicia-ram no final do século XVIII, porém obtiveram êxito em 1978 atra- vés nascimento de Louise Brown, o primeiro bebê gerado in vitro e em 1984 na Austrália por meio do nascimento de Baby Zoe que foi o primeiro bebê que nasceu a partir de um embrião congelado. Normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida. As normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assis- tida foram instituídas no Brasil por meio da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1358/1992, sendo atualizada posterior- mente por meio da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº CURIOSIDADE 95 1957/2010 e por último foram atualizadas através da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2168/2017. Alterações da Resolução do Conselho Federal de Medicina em vigor Nesta resolução em vigor foram acrescentadas importante questões como a possibilidade dos indivíduos que não possuem problemas diagnosticados quanto a reprodução, mas querem utilizar as técni- cas de reprodução assistida como uma forma para o congelamento dos gametas, embriões e tecidos germinativos, ou seja estes indi- víduos querem planejar o aumento da sua família de acordo com um calendário pessoal, levando em consideração, por exemplo, todos os projetos de estudo e trabalho. Quanto ao descarte e a doação, foi reduzido de cinco para três anos o tempo mínimo para o descarte de embriões. Este novo critério está relacionado com os casos onde existe uma condição de abandono, existindo um descumprimento do contrato pré- estabe- lecido entre o paciente e o serviço de reprodução assistida que não consegue entrar em contato com os responsáveis pelo material ge- nético criopreservado. Nesta resolução está definida que a idade máxima para a par- ticipação como doador é de 50 anos para os homens e 35 anos para as mulheres. Transplante de órgãos Com relação ao aspecto ético, é indispensável que o doador dê o consentimento em vida possuindo plena condição de decisão no caso da retirada de um órgão ímpar como o rim ou no caso de morte acidental, para que a doação possa ocorrer é obrigatório a autoriza- ção da família para a retirada de qualquer órgão. Toda doação de um órgão para o transplan- te deve ser gratuita, sendo considerado como crime qualquer tipo de tráfico remunerado de 96 pessoas e órgãos entre países e instituições (VEATCH, 20014). Na prática, infelizmente, ainda existe atualmente um co- mércio clandestino, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), movimenta mais de US$ 600 milhões e US$ 1,2 bilhões a cada ano por meio de venda ilegal de órgãos. A maior parte destes transplantes são efetuados na África do Sul e Índia. Estima-se que cerca de 10% de todos os transplantes de rins no mundo inteiro são obtidos clandestinamente. O Brasil atualmente é a maior referência mundial quanto a área de transplantes, sendo considerado como o maior sistema público de transplantes em todo o mundo. O Sistema Único de Saúde é respon- sável por 96% de todos os procedimentos. Em números absolutos o Brasil ocupa o segundo lugar de maior transplantador em todo o mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Figura 8: Doação de órgãos Fonte: Freepik CURIOSIDADE 97 Pacientes terminais Durante a progressão de algumas doenças, pode chegar um deter- minado momento onde não existe mais nenhum recurso disponível, portanto a morte do paciente passa a ser inevitável. Nestes casos, toda a terapêutica disponível não é mais capaz de aumentar ainda mais a sobrevida do paciente, mas apenas con- seguir prolongar este processo lento da morte. A atuação da equipe de saúde, precisa sempre estar compro- metida por meio de dois princípios morais que são: • Preservação da vida; • Alívio do sofrimento. Estes dois princípios vão se complementar na grande maioria dos casos, mas existem algumas situações onde os dois princípios podem ser considerados como antagônicos: neste caso um deles vai prevalecer sobre o outro. Em boa parte dos casos a progressão da doença vai levar a morte, sendo então apontada como um processo natural, onde não existe mais possibilidades para ser combatida. O que significa dizer que enquanto existe alguma possibilidade quanto a preservação da vida a equipe de saúde deve trabalhar a todo custo para que possa reverter este quadro, porém nos casos onde a morte é inevitável, a equipe deve então estar preocupada em aliviar o sofrimento do paciente. Eutanásia e morte assistida A eutanásia é uma palavra de origem grega e tem como significa- do “boa morte” ou “morte sem dor”, não sendo aceita pela grande maioria dos países, uma vez que acaba ferindo a conduta ética, mo- ral e legal. 98 O Uruguai em 1934 foi o primeiro país no mundo a permitir a euta- násia, nos países onde esta prática é permitida ela vai ocorrer poste- riormente a aprovação do médico ao ser confirmado que o paciente apresenta um prognóstico não favorável e irreversível. Está prática também é permitida nos seguintes países: Ho- landa, Bélgica, Suíça, Colômbia, Canadá e Estados Unidos. Existe uma outra possibilidade de morte chamada de “suicí- dio assistido”, onde é o próprio paciente vai provocar a morte, nor- malmente por meio da ingestão de um medicamento. A diferença entre estas práticas é que a eutanásia é realizada por meio da intervenção de um profissional da saúde enquanto que o suicídio assistido é realizada pelo próprio paciente. Esta conduta pode ser dividida em dois tipos: • Ativa; • Passiva. Na ativa, um exemplo seria a injeção intravenosa de potás- sio ocasionando a morte rápida, já a passiva seria a suspensão dos cuidados vitais, e que vai levar o paciente ao óbito em um período de tempo variável, ambas as situações são consideradas proibidas. Existe uma grande diferença entre o tratamento dos pacien- tes terminais comparado com a eutanásia, visto que no tratamento do paciente terminal todos os cuidados são focados para promoção do conforto, diminuição do sofrimento do paciente. Nestes casos toda a equipe de saúde continua mantendo to- dos os cuidados referentes a higiene e o tratamento para a dor. Desta forma, os analgésicos e ansiolíticos devem ser administrados com o objetivo de reduzir o sofrimento do paciente como também para CURIOSIDADE 99 atuar na redução da função cardiorrespiratória e de forma indireta para acelerar a morte do paciente. E então? Gostou do que foi mostrado? Aprendeu mesmo tudo? Ago- ra, só para ter certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vou resumir tudo o que foi abordado. Foi estudado inicialmente a segurança biológica e doenças ad- quiridas em laboratório através da abordagem dos níveis de segu- rança biológica, código de prática, acesso ao laboratório, proteção individual no laboratório e normas. Posteriormente foi estudado os equipamentos de proteção indivi- dual e equipamentos de proteção coletiva, através da abordagem da função do Ministério do Trabalho, os equipamentos de proteção coletiva e individual e as obrigações específicas para empregador, empregados, fabricante e importador. Na sequência foram estudados os organismos geneticamente mo- dificados através das leis n° 8.974/95 e n°11.105 relacionadas com a fiscalização dos organismos geneticamente modificados, gestão das comissões internas de biossegurança e as principais funções das comissões internas de biossegurança. E por último, foi estudado os assuntos éticos controversos sendo abordado o começo da vida, engenharia genética, aborto, reprodu- ção assistida, transplante de órgãos, pacientes terminais, eutanásia e morte assistida. RESUMINDO 100 UN ID AD E 4 Normas e Gerenciamento de Resíduos Objetivos 1. Estudar a utilização das normas; 2. Compreender o comitê de ética em pesquisa em animais e humanos; 3. Pesquisar sobre os resíduos sanitários e ambientais. 4. Analisar o gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde. 102 Introdução Olá tudo bem com você? Prezado aluno, gostariade convidar você neste momento para iniciar este processo de conhecimento e aprendizagem. Tenho certeza que será muito enriquecedor, reple- to de desafios e estímulos para o seu o crescimento! Durante esta trajetória você irá se deparar com trilhas muito interessantes e de- safiadoras em todo o percurso. O tema desta unidade é “Normas e gerenciamento de resíduos”, o qual está dividido nos seguintes conteúdos: Utilização das normas; Comitê de ética em pesquisa em animais e humanos; Resíduos sanitários e ambientais; e Geren- ciamento de resíduos dos serviços de saúde. 103 Utilização das normas Ao término desta competência você será capaz de entender como funciona algumas normas técnicas e as trinta e sete normas regula- mentadoras. Isso será fundamental para o exercício de sua profis- são. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Normas Técnicas As normas técnicas são diretrizes elaboradas pela Associação Bra- sileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas normas estão relacio- nadas com o manuseio, acondicionamento, tratamento, coleta e transporte de todos os resíduos que estão relacionados com a área da saúde. Veja a seguir algumas normas técnicas: NÚMERO NORMAS TÉCNICAS NBR 7.500 Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e armazena- mento de materiais NBR 8.419 Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos Urbanos NBR 9.190 Sacos plásticos para acondicio- namento de lixo – Classificação NBR 9.191 Sacos plásticos para acon- dicionamento de lixo – Especificação OBJETIVO 104 NBR 9.195 Sacos plásticos para acondicio- namento de lixo – Métodos de Ensaio NBR 10.004 Resíduos sólidos – Classificação NBR 10.005 Lixiviação de resíduos – Classificação NBR 10.006 Solubilização de resíduos – Procedimento NBR 10.007 Amostragem de resíduos – Procedimento NBR 10.157 Aterros de resíduos perigosos – critérios para projeto, constru- ção e operação – Procedimento NBR 12.807 Resíduos de serviços de saúde – Terminologia NBR 12.808 Resíduos de serviços de saúde – Classificação NBR 12.809 Manuseio de resíduos de saúde – Procedimentos NBR 12.810 Coleta de resíduos de saúde – Procedimentos NBR 12.980 Coleta, varrição e acondicio- namento de resíduos sólidos urbanos – Terminologia NBR 13.055 Sacos plásticos para acondicio- namento de lixo – Determina- ção da capacidade volumétrica NBR 13.056 Filmes plásticos para sacos plásticos para acondiciona- mento de lixo – Verificação de transparência. Método de ensaio 105 NBR 13.221 Transporte de resíduo NBR 13.853 Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes – requisitos e métodos de ensaio Fonte: Elaborada pelo autor Normas regulamentadoras O Ministério do Trabalho no dia 8 de junho de 1978, através da Por- taria nº 3.214 aprovou as normas relacionadas com à Segurança e Medicina do Trabalho; nesse documento inicialmente foram apro- vadas 28 normas regulamentadoras. Posteriormente foram aprovadas mais 9 normas regulamen- tadoras conforme pode ser observado a seguir: • NR 29 - Portaria nº 53 de 17 de dezembro de 1997. • NR 30 - Portaria nº 34 de 4 de dezembro de 2002. • NR 31 - Portaria nº 86 de 3 de março de 2005. • NR 32 - Portaria nº 485 de 11 de novembro de 2005. • NR 33 - Portaria nº 202 de 22 de dezembro de 2005. • NR 34 - Portaria nº 200 de 20 de janeiro de 2012. • NR 35 - Portaria nº 313 de 25 de março de 2012. • NR 36 - Portaria nº 555 de 18 de abril de 2013. • NR 37 - Portaria nº 1186 de 05 de fevereiro de 2019. 106 Figura 1: Normas regulamentadoras Fonte: www.diap.org.br Tabela 2: Normas Regulamentadoras NÚMERO NORMA REGULAMENTADORA NR 1 Disposições Gerais NR 2 Inspeção Prévia NR 3 Embargo ou Interdição NR 4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) NR 6 Equipamento de Proteção Individual NR 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional NR 8 Edificações 107 NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais NR 10 Instalações e Serviços em Eletricidade NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais NR 12 Segurança no Trabalho em Má- quinas e Equipamentos NR 13 Caldeiras e Vasos de Pressão NR 14 Fornos Industriais NR 15 Atividades e Operações Insalubres NR 16 Atividades e Operações Perigosas NR 17 Ergonomia NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR 19 Explosivos NR 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis NR 21 Trabalhos a céu aberto NR 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração NR 23 Proteção contra incêndios NR 24 Condições Sanitárias e de Con- forto nos Locais de Trabalho NR 25 Resíduos Industriais NR 26 Sinalização de Segurança 108 NR 27 Registro Profissional do Téc- nico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho NR 28 Fiscalização e Penalidades NR 29 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário NR 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvi- cultura, Exploração Florestal e Aquicultura NR 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde. NR 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados NR 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Cons- trução e Reparação Naval NR 35 Trabalho em Altura NR 36 Norma Regulamentadora sobre Abate e Processamento de Car- nes e Derivados NR 37 Segurança e Saúde em Plata- formas de Petróleo Fonte: Elaborado pelo autor 109 A norma regulamentadora nº 37 foi aprovada em 12 de dezembro de 2018, através da Portaria n 1.186 que aprovou a criação dessa norma, após quase dez anos de discussão sobre a segurança nas platafor- mas de petróleo. Assim sendo, as políticas públicas vêm sendo trabalhadas no sentido de normatizar a segurança e medicina do trabalho, os des- cartes de resíduos e a segurança do meio ambiente. Nesta competência você conheceu o que são as Normas Técnicas e as Normas Regulamentadores e aprendeu o que cada uma delas tra- ta. Viu que atualmente existem 37 normas regulamentadores e que essas normas são obrigatórias para todas as empresas brasileiras. Comitês de ética em pesquisa em animais e humanos Ao término desta competência você será capaz de entender a Re- solução n º 466 de 12 de dezembro de 2012, o comitê de ética em pesquisa e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Atribui- ções do Conselho Nacional de controle de experimentação animal, VOCÊ SABIA? RESUMINDO OBJETIVO 110 Orientações técnica do Conselho Nacional de controle de experi- mentação animal e as comissões de ética no uso de animais). Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Moti- vado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Figura 2: Pesquisa com animais Fonte: Freepik Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 Antes de abordar sobre os comitês de ética em pesquisa, é funda- mental frisar que a importante Resolução 196/96, considerada como um marco quanto as diretrizes e normas regulamentadoras para as pesquisas com seres humanos, de forma direta e indireta, individualmente ou coletivamente, em todos os campos profissio- nais (biológico, cultural, educacional, psíquico e social), foi subs- tituída pela Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, que está vigente até os dias atuais. Essa nova resolução trouxe pontos muito importantes com relação: • aos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos; • ao termo de consentimento livre e esclarecido; 111 • ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP); • ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Comitê de ética em pesquisa Toda pesquisa que envolve seres humanos e animais precisa ser submetida a um comitê de ética em pesquisa (CEP), portanto todas as instituições que realizam pesquisas envolvendo seres humanos e animais são obrigadas a terem um comitê de ética em pesquisa. Nos casos emque a instituição não tem um comitê de ética em pesquisa, o pesquisador deve encaminhar o projeto de pesquisa para outra instituição que possua o comitê de ética. Todo comitê de ética em pesquisa deve ser formado por um colegiado com número não inferior a sete membros, devendo ser composto por profissionais da área da saúde, exatas, sociais e hu- manas, bem como um membro da sociedade, ao menos, que repre- sente os usuários. Todos os membros devem ter liberdade com relação a toma- da de decisões no exercício de suas funções, mantendo sempre ca- ráter confidencial referente a todas as informações recebidas, não podendo sofrer nenhum tipo de pressão por superiores hierárquicos ou ainda por indivíduos interessados em uma determinada pesqui- sa, isentando-se de qualquer envolvimento financeiro e conflito de interesse. Comissão nacional de ética em pesquisa (CONEP) A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) é uma auto- ridade colegiada vinculada ao comitê de ética e pesquisa. A função dessa comissão é avaliar os aspectos éticos da pesquisa que estão relacionados com os seres humanos, além de adequar e atualizar as normas, nesses casos podendo ser consultado a sociedade em geral sempre que for necessário. 112 Todos os comitês de ética em pesquisa precisam estar re- gistrados na comissão nacional de ética em pesquisa, tendo como função o registro e a supervisão quanto ao funcionamento dos co- mitês, podendo ainda cancelar os registros, elaborar as direretrizes referentes a acreditação dos comitês de ética em pesquisa que estão registrados. Todas as pesquisas com seres humanos precisam atender os princípios éticos, por exemplo: • autonomia individual; • direito à informação; • consentimento esclarecido; • privacidade; • confidencialidade; • os benefícios da pesquisa devem sempre ser maiores que to- dos os riscos; • a participação deve ser livre, voluntária e consciente, o indi- víduo não pode ser induzido a participar da pesquisa, não se pode trabalhar em pesquisas com indivíduos que sejam dependentes dos próprios pesquisadores, funcionários do laboratório, presidiários, visto que esses grupos constituem indivíduos que tendem a apresentar grandes dificuldades em demonstrar a sua recusa quanto a participação na pesquisa. É necessário que também sejam tomados esses cuidados nas pesquisas com pacientes hospitalizados, visto que na maioria dos casos essas pessoas estão vulneráveis e dependentes dos profissio- nais da saúde. O pesquisador é obrigado a estabelecer todas as condições necessárias para que o paciente possa aceitar ou recusar a sua par- ticipação na pesquisa. O paciente possui a liberdade de recusar a participar da pesquisa, entretanto, isso não pode trazer prejuízo em relação ao seu tratamento. 113 Para participar da pesquisa o indivíduo não pode receber ne- nhuma remuneração, pois o pagamento pode impedir a livre deci- são do indivíduo em participar ou não da pesquisa. Nos casos onde existe um gasto com a pesquisa o indivíduo avaliado deve ser reembolsado com o transporte, alimentação, per- da do dia de trabalho e etc. O pagamento não pode e não deve ser padronizado, cada par- ticipante deverá ser reembolsado conforme as suas despesas pes- soais, que são decorrentes da sua participação na pesquisa. É necessário que todos os indivíduos pesquisados sejam esclarecidos sobre a natureza da pesquisa, objetivos, métodos, duração da pesquisa, os riscos físicos e sociais, os benefícios, a pos- sibilidade de liberdade de recusa, a revogação do consentimento dado e também a garantia do sigilo. É fundamental que fique claro ao pesquisado que ele tem o direito de revogar a sua decisão a qualquer momento, sem que te- nha prejuízos quanto a assistência que já vem recebendo. Pesquisa com animais O Decreto nº 6.899 de 15 de julho de 2009 é referente a composi- ção da Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), determinando todas as normas com relação ao funcio- namento e criação do cadastro das instituições que fazem uso cien- tífico de animais, sendo criado também o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais (CIUCA). Atribuições do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal As atribuições do Conselho Nacional de Controle de Experimenta- ção animal são as seguintes: • Formular e zelar pelo cumprimento das normas relacionadas com a utilização humanitária e ética dos animais no ensino e pesquisa científica; 114 • Credenciar as instituições para criação ou utilização de ani- mais com finalidade de ensino ou pesquisa científica; • Monitorar e avaliar a introdução de técnicas alternativas que substituam a utilização de animais em ensino ou pesquisa científica; • Estabelecer e rever, periodicamente, as normas para uso e cuidados com animais para ensino e pesquisa científica, em consonância com as convenções internacionais das quais o Brasil seja signatário; • Organizar e revisar de forma periódica todas as normas téc- nicas referentes a instalação e o funcionamento dos centros de criação, biotérios e laboratórios de experimentação animal, • Organizar e revisar de forma periódica as normas sobre o cre- denciamento de instituições que criem ou utilizem animais para ensino e pesquisa; • Garantir a atualização dos cadastros quanto aos protocolos experimentais ou pedagógicos, utilizáveis para os procedi- mentos de ensino e projetos de pesquisa científica realizados ou em andamento no país; • Elaboração e submissão junto ao Ministro da Ciência e Tecno- logia, para aprovação, do regimento interno. Orientações técnica do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal A orientação técnica do Conselho Nacional de Controle de Experi- mentação Animal n° 4, de 20 de março de 2015, apresenta todas as responsabilidades que as instituições que produzem ou mantêm animais nas atividades relacionadas com o ensino ou pesquisa cien- tífica e de suas Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs) pre- cisam seguir: • A estrutura física deve ser adequada para as pesquisas que se- rão desenvolvidas; 115 • Existência de um sistema de registro automatizado, para o monitoramento do número de animais produzidos e utiliza- dos na instituição, cujos dados deverão compor o relatório das CEUAs; • Abertura de contas de endereço eletrônico institucionais es- pecíficas para a instituição, para as CEUAs e para os biotérios, os quais devem ser disponibilizadas ao CONCEA; • Registro das atividades profissionais realizadas nos CEUAs, especificando as horas de trabalho prestadas; • Subsídios materiais e financeiros para a formação e atualiza- ção técnica dos membros das CEUAs, tais como: participação em cursos ou eventos relacionados com suas atividades. Comissões de Ética no Uso de Animais As Comissões de Ética no Uso de Animais têm como função: • proporcionar a todos os membros o acesso irrestrito e igua- litário aos processos, protocolos em análise, relatórios e a quaisquer documentos relativos à sua atividade; • indicar a assinatura, pelos seus membros, de um termo de confidencialidade sobre os projetos e/ou protocolos submeti- dos à sua avaliação; • realizar a divulgação dos trabalhos, anualmente, no âmbito de suas instituições, expondo seus critérios de avaliação, o ba- lanço de projetos, as estratégias de trabalho e o plano de for- mação de seus recursos humanos; • confirmar que os protocolos e projetos envolvendo animais estejam de acordo com a legislação vigente; • monitorar de forma periódica quanto a execução dos proto- colos e dos projetos em andamento, estando atento quanto ao nível de dor, sofrimento, distresse e grau de invasividade dos procedimentos nos animais; 116 • se dedicar para que seja priorizado, quando possível, os mé- todos alternativos na execução dos projetos desenvolvidos na instituição, buscando sempre utilizar o princípio dos 3rs: re- placement, reduction, refinement; • ter uma página na internetpara a publicação das informações relacionadas com os procedimentos; • disponibilizar os dados atuais dos projetos e dos protocolos em execução na instituição, inclusive com o prazo de vigência. Assim sendo, essa Comissão tem como finalidade deixar o mais transparente possível a ética no uso de animais em pesquisas, divulgar anualmente os trabalhos, entre outras atribuições. Nesta competência você estudou sobre a pesquisa com animais e o decreto que a regulamenta, as atribuições do conselho nacional de controle de experimentação animal; as orientações técnicas do Conselho Nacional de controle de experimentação animal e a Co- missões de Ética no uso de animais. Resíduos sanitários e ambientais Ao término desta competência você será capaz de entender a for- mação de resíduos, geradores de resíduos dos serviços de saúde, atribuições das empresas geradoras de resíduos do serviço de saú- de, substâncias perigosas, plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e tipos de resíduos (A, B, C, D e E). Isso será RESUMINDO OBJETIVO 117 fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Formação de resíduos Como resultado da Revolução Industrial surgiram novos hábitos de consumo da sociedade, sendo necessário, portanto, uma infraes- trutura e locais específicos para a disposição final dos resíduos sólidos. Até os dias atuais, a destinação de um local apropriado para o despejo de todos os resíduos ainda é um grande problema. Um desses casos é o grande aumento da produção dos resíduos não orgânicos (sem a decomposição natural), devido à falta de locais apropriados para a disposição final. Infelizmente, o progresso em todo o mundo vem trazendo grandes danos ao meio ambiente, entre eles: • Aumento da poluição ambiental; • Aquecimento global; • Contaminação dos reservatórios naturais; • Diminuição da camada de ozônio; • Entre outros tantos exemplos. Geradores de resíduos dos serviços de saúde Apenas no século passado o Brasil começou a se preocupar com o meio ambiente. Existem atualmente várias questões ambientais que podem ser observadas tanto no Brasil como no mundo, devido em grande parte aos elevados níveis da degradação ambiental e dos agravos a saúde do ser humano. O objetivo fundamental para esse caso é a prevenção da con- taminação ambiental. Essa importante ação de prevenção pode ser 118 atingida através de processos que são considerados ecologica- mente corretos, com o objetivo de operarem no combate ao ciclo contaminante dos resíduos dos serviços da saúde ao meio ambiente. Figura 4: Resíduos dos serviços de saúde Fonte: Wikimedia No Brasil existe uma importante associação sem fins lucrativos, que representa todas as empresas que trabalham com a prestação de serviços de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, atuando de forma conjunta tanto para os setores públicos e privados como realizando uma troca permanente de informações. Esta associação chama-se Associação Brasileira de Empre- sas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE). VOCÊ SABIA? 119 Atribuições das empresas geradores de resíduos do serviço de saúde E obrigatório que todas as empresas geradoras de resíduos do ser- viço de saúde elaborem um plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, com base nas características dos resíduos gera- dos e na classificação dos mesmos, definindo as diretrizes quanto ao seu manejo. Todos as organizações que produzem resíduos de serviços de saúde são regulamentadas por meio da Resolução da Diretoria Colegiada da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n. 222/2018 e a Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (CO- NAMA) n. 358/2005. Os estabelecimentos que produzem resíduos são: • Hospitais; • Clinicas medicas; • Laboratórios de análises clinicas, • Funerárias; • Farmácias; • Estabelecimentos de ensino e pesquisa; • Centros de controle de zoonoses; • Distribuidores de produtos farmacêuticos; • Importadores unidades moveis de atendimento à saúde; • Serviços de acupuntura; • Entre outros. 120 Substâncias perigosas De acordo com a NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), existem algumas substâncias e produtos de vá- rias classes que são consideradas como perigosas, visto que podem oferecer um risco potencial a todos os seres vivos como também ao meio ambiente. Algumas das características que estes produtos apresentam são: • Inflamabilidade; • Corrosividade; • Reatividade; • Toxicidade. Figura 4: Símbolo substâncias radioativas Font: Pixabay A responsabilidade quanto ao destino de todos os resíduos é sempre de quem os gerou, sendo o responsável quanto ao acom- panhamento e gerenciamento de todos os resíduos gerados nos 121 serviços de saúde, tendo como objetivo a preservação da saúde pú- blica e a qualidade do ambiente. Os tipos de resíduos produzidos nos serviços de saúde, podem ser: • Infectantes; • Químicos; • Perfurocortantes; • Resíduos comuns. Plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde O plano de gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde deve levar em consideração: • Critérios técnicos; • Legislação ambiental; • Normas de coleta e transporte dos serviços locais de limpeza urbana; • Entre outros. Nos casos onde o local é constituído por mais de um servi- ço, por meio de alvarás sanitários individualizados, nestes casos o plano de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde deve ser único e precisam cobrir todos os serviços existentes, estando sob a responsabilidade técnica da empresa. Nos casos de novos serviços, reformas ou devido a amplia- ções é necessário que seja encaminhado o plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em conjunto com o projeto básico de arquitetura para a vigilância sanitária do município onde o es- tabelecimento está instalado, quando houver a solicitação do alva- rá sanitário. É necessário que exista sempre um responsável para a elaboração e implantação do plano de gerenciamento de resíduos de 122 serviços de saúde, devidamente habilitado e registrado no conselho de classe. Nos casos onde a formação do responsável não é compatível com todos os conhecimentos necessários, é permitido a assessoria através de pessoas qualificadas para desempenharem esta função. Quanto às empresas que prestam serviços terceirizados, é in- dispensável a apresentação de toda a documentação ambiental re- ferente ao tratamento ou disposição final dos resíduos de serviços de saúde. Este cadastro só é emitido pelo órgão responsável pela lim- peza urbana para a coleta e o transporte dos resíduos. Esta docu- mentação deve ser requerida junto aos órgãos públicos que são responsáveis pela execução da coleta, transporte, tratamento ou disposição final dos resíduos de serviços de saúde. Esta documen- tação deverá identificar se todas as orientações dos órgãos de meio ambiente estão em conformidade. Todos os registros relacionados com os procedimentos de venda ou doação dos resíduos destinados a reciclagem ou compos- tagem devem ser mantidos até a inspeção seguinte. As empresas que dispõem de registro de medicamentos pre- cisam mantê-los atualizados junto a ANVISA, através de uma lista com todos os produtos que em função do princípio ativo e a forma farmacêutica, não ofereçam riscos de manejo e disposição final. É necessário que sejam informados o nome comercial, prin- cípio ativo, forma farmacêutica e o registro respectivo do produto. Esta lista deve ficar disponível no endereço eletrônico da ANVISA para consulta dos geradores de resíduos. Devem também apresentar qual será a maneira do atendimento as orientações e regulamenta- ções federais, estaduais e municipais que estão relacionadas com o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. Também é obrigatório a apresentação de todas as ações que devem ser tomadas no caso de situações de emergênciae acidentes, revendo as ações relacionadas com os processos referentes a pre- venção de saúde do trabalhador. 123 Estas empresas também precisam assegurar a permanência dos programas de capacitação, englobando todos os setores gera- dores de resíduos de serviços de saúde, como também os setores de higienização e limpeza, comissão de controle de infecção hospita- lar, comissões internas de biossegurança, serviços de engenharia de segurança e medicina no trabalho, comissão interna de prevenção de acidentes. A monitorização e a avaliação do plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, também é uma função da empresa geradora dos resíduos de serviço de saúde. Estas empresas devem utilizar instrumentos de avaliação e controle para obter informa- ções do tipo: • Taxa de acidentes com resíduos perfurocortantes; • Variação da geração de resíduos; • Variação da proporção de resíduos entre os grupos existentes; • Variação do percentual de reciclagem. 124 Tipos de resíduos Fluxograma 1: Tipos de Resíduos e seus descartes Fonte: BARBOSA, F.C.G., 2021. Grupo A Os resíduos que fazem parte do grupo A estão envolvidos com uma possível presença de agentes biológicos que apresentam 125 maiores características de virulência ou concentração, podendo apresentar um alto risco de infecção. O grupo A é dividido em cinco subgrupos de resíduos que são: A1, A2, A3, A4 e A5. Através da tabela a seguir você pode observar cada um dos subgrupos. Tabela 3: Classificação do subgrupo A A1 Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fa- bricação de produtos biológicos, descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inocula- ção ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica, microrganismos com relevância epidemioló- gica e risco de disseminação ou agente causador de doença emergente que se torne importante com relação ao aspecto epidemiológico ou ainda, cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocom- ponentes rejeitadas por contaminação ou por má con- servação, ou com prazo de validade vencido. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. A2 Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resí- duos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganis- mos. Ainda os cadáveres de animais suspeitos de se- rem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não ao estudo anátomo patológico ou confirmação diagnóstica. 126 A3 Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não te- nham valor científico ou legal e não tenha havido re- quisição pelo paciente ou familiares. A4 Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospita- lar e de pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus recipien- tes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes. Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspira- ção, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduos. A4 Recipientes e materiais resultantes do processo de as- sistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resí- duos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo patológicos ou de confirmação diagnóstica. Peças anatômicas, vísceras e outros resíduos prove- nientes de animais não submetidos a processos de ex- perimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações. Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. A5 Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfuro cortantes ou escarificantes e demais materiais resul- tantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais. Fonte: Elaborado pelo autor 127 O conteúdo do subgrupo A é bastante extenso, por isso gostaria de chamar a sua atenção para observar novamente esta tabela e per- ceber como muitos destes resíduos estão presentes diariamente no trabalho de muitos profissionais da saúde, portanto, é muito im- portante que você conheça toda a sua classificação. Grupo B Os resíduos do grupo B são substâncias químicas que podem apre- sentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, de acordo com as suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade como por exemplo: • Os produtos hormonais, antimicrobianos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores precisam de uma atenção especial quando forem descartados através dos serviços de saúde como as farmácias, drogarias e distri- buidores de medicamentos. Também precisam ser levados em consideração os resíduos e os insumos farmacêuticos dos me- dicamentos controlados pela Portaria do Ministério da Saúde nº 344/98 e suas atualizações. • Resíduos de desinfetantes, contendo metais pesados; reagen- tes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes; • Rejeitos de processadores de imagem (reveladores e fixadores); • Rejeitos dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; e demais produtos considerados perigosos, de acordo com a classificação da NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (tóxicos, corrosivos, infla- máveis e reativos). OBSERVAÇÃO 128 Grupo C O grupo de resíduos do grupo C está relacionado com os materiais de decorrentes de atividades humanas que possuam radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), sendo que reutilização não pode ser realizada, como por exemplo: • Materiais decorrentes dos laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde; • Laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nu- clear e radioterapia que possuam radionuclídeos em quanti- dade maior que os limites corretos de eliminação. Grupo D Este grupo compreende os resíduos que não possuem risco bioló- gico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, sendo semelhante aos resíduos domiciliares como por exemplo: • Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, mate- rial utilizado em antissepsia; • Restos de alimentos e do preparo de alimentos; • Restos alimentares do refeitório; • Resíduos decorrentes das áreas administrativas; • Resíduos de varrição, flores, podas e jardins; • Resíduos de gesso provenientes dos cuidados à saúde. 129 Grupo E Já os resíduos do grupo E estão associados com materiais perfurocortantes ou escarificantes, como por exemplo: • Lâminas de barbear; • Agulhas; • Escalpes; • Ampolas de vidro; • Brocas; • Limas endodônticas; • Pontas diamantadas; • Lâminas de bisturi; • Lancetas; • Tubos capilares; • Micropipetas; • Lâminas e lamínulas; • Todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório. Figura 5: Material perfurocortantes Fonte: Freepik 130 O maior acidente envolvendo o descarte de resíduos dos serviços de saúde no Brasil ocorreu a 32 anos, com o césio 137, na cidade de Goiânia. Este acidente é considerado como o maior do mundo ocor- rido fora das usinas nucleares. Gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde Ao término desta competência você será capaz de entender o plano para gerenciar� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 64 Serviço especializado de engenharia de segurança e em medicina do trabalho � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 65 Etapas para a elaboração do Mapa de riscos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 66 UNIDADE 3 Segurança biológica e doenças adquiridas em laboratório � � � � � � � 71 Níveis de segurança biológica � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �71 Código de práticas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 73 Acesso ao laboratório � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 73 Proteção individual no laboratório � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 74 Normas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 75 Equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �76 Ministério do Trabalho � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 76 Equipamentos de Proteção � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 77 Equipamento de proteção coletiva � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 78 Equipamentos de proteção individual � � � � � � � � � � � � � � � � �81 Obrigações Específicas para Empregador, Empregados, Fabricante e Importador � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 82 Obrigações para o empregador � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 82 Obrigações para o empregado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 83 Obrigações do fabricante ou do importador � � � � � � � � � � 84 Organismos geneticamente modificados � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �86 Lei n° 8�974 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 86 Lei n° 11�105 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 86 Comparações entre as duas leis � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 88 Gestão das Comissões Internas de Biossegurança � � � � � � � � � � � � � � � � � 89 Principais funções das comissões internas de biossegurança � � � � � � 89 Assuntos éticos controversos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Começo da vida � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Engenharia genética � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �91 Aborto � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 92 Modalidades do aborto não espontâneo � � � � � � � � � � � � � 93 Código Penal � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 93 Reprodução assistida � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 94 Normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 94 Alterações da Resolução do Conselho Federal de Medicina em vigor � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 95 Transplante de órgãos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 95 Pacientes terminais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 97 Eutanásia e morte assistida � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 97 UNIDADE 4 Utilização das normas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 103 Normas Técnicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 103 Normas regulamentadoras � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 105 Comitês de ética em pesquisa em animais e humanos � � � � � � � � � 109 Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �110 Comitê de ética em pesquisa� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 111 Comissão nacional de ética em pesquisa (CONEP) � � � � � � � � � � � � � � � � � 111 Pesquisa com animais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 113 Atribuições do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 113 Orientações técnica do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �114 Comissões de Ética no Uso de Animais � � � � � � � � � � � � � � � 115 Resíduos sanitários e ambientais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 116 Formação de resíduos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 117 Geradores de resíduos dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 117 Atribuições das empresas geradores de resíduos do serviço de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �119 Substâncias perigosas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 120 Plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde � � � � � � � � � � 121 Tipos de resíduos� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 124 Grupo A � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 124 Grupo B � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 127 Grupo C � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 128 Grupo D � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 128 Grupo E � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 129 Gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � � � � 130 Resolução nº 306 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 131 Resolução nº 358 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 131 Plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 132 Passos para a elaboração do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 134 1º Passo - Identificação do problema � � � � � � � � � � � � � � � �135 2º Passo - Definição da equipe de trabalho � � � � � � � � � � �135 3º Passo - Mobilização da organização � � � � � � � � � � � � � � �135 4º Passo - Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 136 5º Passo - Definição de metas, objetivos, período de implantação e ações básicas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 136 6º Passo - Elaboração do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � 136 7º Passo - Implementação do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �137 8º Passo - Avaliação do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde � � � � � � � � � � � �os resíduos provenientes dos serviços de saúde e os passos para a elaboração do Plano para Gerenciar os Resíduos Pro- venientes dos serviços de Saúde (8 passos). Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvol- ver esta competência? Então vamos lá. Avante! O gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde está relacio- nado com: • Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigi- lância Sanitária (ANVISA) nº 306 de 07 de dezembro de 2004. • Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de nº 358, de 29 de abril de 2005. ACESSE OBJETIVO 131 Resolução nº 306 Esta resolução possui o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, sendo formada por 6 artigos, ane- xos e apêndices. O anexo desta resolução está dividido em: • História; • Abrangência; • Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde; • Responsabilidades; • Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde; • Manejo de resíduos dos serviços de saúde; • Segurança Ocupacional. Este regulamento é aplicado para todas as empresas gerado- ras de resíduos de serviços de saúde, estando relacionada com servi- ços envolvidos no atendimento à saúde humana ou animal, serviços de assistência domiciliar, laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem ativida- des de embalsamamento; serviços de medicina legal; drogarias, farmácias, estabelecimentos de ensino e pesquisa da área de saúde. Ainda também centros de controle de zoonoses; distribui- dores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro e por último as unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura e serviços de tatuagem. Resolução nº 358 Esta resolução aborda sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde. Este documento dividiu os resíduos 132 em cinco grupos de risco: A, B, C, D e E, sendo divididos em 32 arti- gos e 2 anexos, descrevendo cada grupo. Figura 6: Gerenciamento de resíduos Fonte: Wikimedia Plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde O documento que contém todos os procedimentos relacionados com a gestão, planejamento e implementação é chamado de Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS). O principal objetivo deste documento é reduzir a produção dos resíduos, como também proporcionar um encaminhamento mais seguro e eficiente com relação aos resíduos gerados, garantin- do a todos os trabalhadores proteção, manutenção da saúde públi- ca e do meio ambiente. Este documento foi criado por meio da RDC n° 306/04 que possui todas as ações relacionadas com o manejo dos resíduos sóli- dos de serviço de saúde (RSSS). 133 Todas as etapas quanto ao manuseio estão presentes no plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, desde o planeja- mento dos recursos físicos, materiais, processo de capacitação dos recursos humanos que estão diretas ou indiretamente envolvidos nas várias etapas do manejo, até a disposição final do resíduo. Este documento possui uma certa particularidade para cada grupo de resíduos e riscos observados, apresentando os aspectos relacionados com: • Manejo; • Segregação; • Acondicionamento; • Identificação; • Transporte interno; • Armazenamento temporário; • Tratamento; • Armazenamento externo; • Disposição final do resíduo. Todo o plano deve ser compatível com as normas locais que necessitam estar relacionadas com a coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geogra- fia e Estatística, no ano de 2012 existiam 83.379 unidades de saúde no Brasil, apresentando uma grande variação entre as atividades e produção destes resíduos, relacionados tanto com as características como também na quantidade dos resíduos que são gerados todos os dias. O plano de gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde é de responsabilidade do gerador do resíduo, sendo obrigatório que a elaboração deste documento seja realizada através de profissional 134 de nível superior que esteja apto e registrado no seu respectivo con- selho de classe. Os setores que devem estar envolvidos na unidade de saúde são: • Setores de limpeza; • Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, assim como também, os departamentos de Medicina do Trabalho e Segu- rança do Trabalho (SESMT). Todas as empresas da saúde geradoras de resíduos devem apresentar aos órgãos competentes de vigilância sanitária, até o dia 31 de março de cada ano a declaração informando o cumpri- mento de todas as exigências de acordo com as Resoluções Federais CONAMA n° 358/2005 e ANVISA n° 306/2004. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a responsável pela verificação, fiscalização e também pela orientação das técnicas adequadas para o manejo de resíduos sólidos dos ser- viços de saúde. Toda empresa geradora de resíduo é obrigada a manter uma cópia do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde disponível para consulta sempre que for solicitado por uma autori- dade competente sanitária ou ambiental, assim como também pelos funcionários, pacientes e clientes, bem como do público em geral. Os órgãos de saúde e também do meio ambiente poderão so- licitar uma avaliação do plano de gerenciamento de resíduos de ser- viço de saúde antes de sua implantação. Passos para a elaboração do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde Existe uma sequência de passos que pode auxiliar na elaboração do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde conforme pode ser observado: 135 1º Passo - Identificação do problema Está relacionado com o reconhecimento do problema e a sinaliza- ção positiva da administração da empresa para início do processo. Deve ser feito uma avaliação preliminar de todos os resíduos sóli- dos dos serviços de saúde que são gerados pela empresa, assim como também realizar um mapeamento de todas as áreas envolvidas. 2º Passo - Definição da equipe de trabalho Deve ser escolhido um profissional competente e preparado para ser o responsável pela elaboração e implantação do plano de ge- renciamento de resíduos de serviço de saúde, devendo estar inscrito junto ao seu conselho de classe. Posteriormente, deve ser consti- tuída a equipe de trabalho de acordo com a tipificação dos resíduos gerados. O responsável pelo plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde deve atender às exigências do capítulo IV da RDC no 306/04. Assim, quanto maior o tamanho da empresa, maior deve ser o grupo multidisciplinar. A equipe como um todo deve estar pre- sente e participar de todas as etapas do plano. 3º Passo - Mobilização da organização Está relacionado com o envolvimento de toda a empresa para a or- ganização e a realização do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, com o objetivo de sensibilizar os funcionários so- bre o processo que vai ser iniciado, por meio de informações sobre resíduos sólidos dos serviços de saúde e o plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. Para esta atividade, é fundamental que existam reuniões com todos os setores da empresa, assim como também conferências, oficinas dentre outras atividades. 136 4º Passo - Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos dos serviços de saúde Está relacionado com o estudo sobre a situação da empresa com re- lação aos resíduos sólidos dos serviços de saúde, possibilitando a identificação das condições do estabelecimento, as áreas críticas, assim como o fornecimento dos dados necessários para a implan- tação do plano de gestão. Deve ser realizado um levantamento das atividades desen- volvidas na empresa através de visitas em todos os setores, sendo que o profissional que for realizar este levantamento deve ter capa- cidade técnica para conseguir direcionaro melhor local de descarte dos tipos de resíduos, bem como os detalhes sobre os tipos desses resíduos e as condições específicas em que são gerados. Deve-se tomar alguns cuidados no momento da elaboração do relatório, como por exemplo: o mesmo deve ser de fácil leitura, bastante sintético, possuir apenas as informações que são conside- radas essenciais, com argumentos bastante claros e pertinentes. 5º Passo - Definição de metas, objetivos, período de implantação e ações básicas Está relacionado com toda a organização como também com a sis- tematização de informações e ações que serão a base para a im- plantação do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde. Não se pode esquecer que a principal finalidade do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde é proporcionar todas as condições necessárias para que haja uma total segurança do processo no manejo dos resíduos. 6º Passo - Elaboração do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde Neste momento deve ser realizado uma hierarquização de todos os problemas que foram diagnosticados, verificando a gravida- de ou urgência; quais são os custos de sua resolução (financeiros, 137 humanos e materiais); bem como qual será o prazo e o esforço ne- cessário para que isso aconteça. Cada plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saú- de é único. No plano deve ser informado inicialmente os dados da empresa, caracterização dos aspectos ambientais como o abas- tecimento de água, efluentes líquidos, emissões gasosas, tipos e quantidades de resíduos gerados, segregação, tipos de acondiciona- mento, coleta e transporte sólido dos resíduos dos serviços de saúde e roteiros de coleta. Também deve ser levado em consideração o transporte inter- no e externo, armazenamento temporário dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, armazenamento para a coleta externa dos resí- duos sólidos dos serviços de saúde, coleta e transporte, tratamento dos resíduos sólidos dos serviços de saúde e disposição final dos re- síduos sólidos dos serviços de saúde. 7º Passo - Implementação do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde Este item vai abranger todas as ações para a implementação do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. Para que isso aconteça, é indispensável que exista a disponibilidade dos re- cursos financeiros; equipe técnica capacitada e o comprometimento de todos os funcionários, independente de qual é a posição do fun- cionário dentro da empresa. 8º Passo - Avaliação do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde O plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde deve ser avaliado periodicamente, afim de verificar se os resultados espe- rados estão sendo atingidos. Pode-se ainda usar outros indicadores que apresentem melhor desempenho e que é mais pertinente do que aqueles que são estabelecidos. 138 E então, gostou do que foi mostrado? Aprendeu mesmo tudo? Agora, só para ter certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vou resumir tudo o que foi abordado. No item utilização das normas foi estudado algumas normas técni- cas e as 37 normas regulamentadoras. No item seguinte comitês de ética em pesquisa em animais e humanos foi estudado a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, Comitê de Ética em Pesquisa e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, atribuições do Conselho Nacional de controle de experimentação animal, orientações técni- ca do Conselho Nacional de controle de experimentação animal e as comissões de ética no uso de animais. Posteriormente foi abordado os resíduos sanitários e ambientais através da formação de resíduos, geradores de resíduos dos serviços de saúde, atribuições das empresas geradores de resíduos do serviço de saúde, substâncias perigosas, plano de gerenciamento de resí- duos de serviços de saúde, tipos de resíduos (A, B, C, D e E). E por último foi estudado o gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde através do plano para gerenciar os resíduos provenientes dos serviços de saúde e os passos para a Elaboração do Plano para Ge- renciar os Resíduos Provenientes dos serviços de Saúde (8 passos). RESUMINDO 139 Referências UNIDADE 1 BRAUNER, MCC. & DURANTE, V. Ética ambiental e bioética: pro- teção jurídica da biodiversidade. Caxias do Sul. Editora Educs, 2012. FORTES, PAC. Ética e Saúde. São Paulo, Editora Pedagógica e Uni- versitária. 6ª Edição, 2010. KOTTOW, M. História da ética em pesquisa com seres humanos, R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. 2(1): 7-18, 2008. PEGORARO, Olinto. Ética e Bioética: Da Subsistência à Existência. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2010. REZENDE, AH.; PELUZIO; MCG. & SABARENSE, CM. Experimen- tação animal: ética e legislação brasileira. Rev. Nutr. 237-241, 2008. UNIDADE 2 BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho guia prático e didático. Saraiva Educação SA, 2018. DO VALLE, PHC. Bioética e biossegurança. Editora e Distribuidora Educacional, 2016. HIRATA, M. H.; HIRATA, R. D. C.; MANCINI-FILHO J. Manual de Biossegurança. 3ª Ed. Editora Manole Ltda., Barueri, 2017. SALIBA, T. M. Saúde e segurança do trabalho. São Paulo: Editora LTR, 2008. VEATCH, RM. Bioética. 3° Ed. São Paulo, Editora Pearson, 2014. UNIDADE 3 ANDRADE, MZ. Segurança em laboratórios químicos e biotecnoló- gicos. Caxias do Sul, Editora Educs, 2008. 140 BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. 1. ed. São Paulo: Editora Érica, 2014. DO VALLE, PHC. Bioética e biossegurança. Editora e Distribuidora Educacional, 2016. HIRATA, M. H.; HIRATA, R. D. C.; MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança. 2. ed. Barueri: Manole, 2012. SALIBA, T. M. Saúde e segurança do trabalho. São Paulo: Editora LTR, 2008. VEATCH, RM. Bioética. São Paulo, Editora Pearson, 2014. UNIDADE 4 ANDRADE, MZ. Segurança em laboratórios químicos e biotecnoló- gicos. Caxias do Sul, Editora Educs, 2008. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia práti- co e didático. 1. ed. São Paulo: Editora Érica, 2014. CÉSPEDES, L. & ROCHA, FD. Segurança e Medicina do Trabalho. 19ª Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2017. DO VALLE, PHC. Bioética e biossegurança. Editora e Distribuidora Educacional, 2016. HIRATA, M. H.; HIRATA, R. D. C.; MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança. 2. ed. Barueri: Manole, 2012. SALIBA, T. M. Saúde e segurança do trabalho. São Paulo: Editora LTR, 2008. VEATCH, RM. Bioética. São Paulo, Editora Pearson, 2014.� � � � � �137 Autoria Paulo Heraldo Costa do Valle. Olá. Meu nome é Paulo Heraldo Costa do Valle. Sou formado em fi- sioterapia, com mestrado e doutorado em fisiologia pela Universi- dade Federal de São Carlos (UFSCar), com uma experiência técnico, profissional e acadêmica na área de saúde a mais de 25 anos. Trabalhei em instituições de ensino, tais como, a Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Universidade Regional do Noroeste do Es- tado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), Universidade Gama Filho (UGF), Universidade Ibi- rapuera (UNIb), Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e Kroton Educacional. Atuei como consultor AD HOC do MEC, para autorização, reconhe- cimento e renovação de cursos de graduação, por durante 10 anos. Também participei como membro da Comissão Assessora do Curso de Fisioterapia do Exame Nacional de Desempenho do Estudante - ENADE. Fui membro da Comissão de Qualificação de Cursos e da Comissão de Educação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupa- cional – COFFITO e membro da Comissão de Sindicância do Conse- lho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO. Fui Vice Presidente, assim como também fui presidente da Associa- ção Brasileira de Ensino em Fisioterapia. Além da Telesapiens já produzi conteúdos para a Kroton Educacio- nal, Editora Guanabara Koogam, 5G Educacional, Uninter, Delínea, Must, Campanha Nacional de Escolas da Comunidade e DPContent. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiên- cia de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, trabalho junto com a Editora Telesapiens compondo o seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo sempre. UN ID AD E 1 Objetivos 1. Estudar os marcos históricos da ética. 2. Pesquisar a ética na pesquisa com seres humanos. 3. Identificar a ética na pesquisa com animais experimentais. 4. Analisar a ética ambiental. Ética na pesquisa 12 Introdução Olá, prezado aluno, tudo bem com você? Gostaria de convidá-lo (a) neste momento para iniciar este processo de conhecimento e aprendizagem. Tenho certeza que será muito enriquecedor, reple- to de desafios e estímulos para o seu o crescimento! Durante esta trajetória você irá se deparar com trilhas muito interessantes e de- safiadoras em todo o percurso. Podemos começar? O tema desta primeira unidade é “Ética na pesquisa”, o qual está dividido nos se- guintes conteúdos: Ética, introdução e histórico; Ética na pesquisa com seres humanos; Ética na pesquisa com animais experimentais e Ética ambiental. 13 Ética: Introdução e histórico Ao término deste capítulo você será capaz de entender de forma de- talhada o conceito e os objetivos da ética, todas as fases da história e os acontecimentos importantes relacionados com a ética. Conceito de ética A palavra ética tem origem grega “éthos” e o seu significado é pro- priedade do caráter. Considerada como um dos mecanismos de re- gulação das relações sociais do homem, é também apontada como o estudo do que é bom ou mau. A sociedade atualmente é pluralista e apresenta diferentes compreensões e interpretações quanto aos princípios e os valores éticos. Comportamento antiéticos Devido as várias interpretações dos valores éticos, existem vários comportamentos que são considerados totalmente antiéticos. Infe- lizmente, ainda existem muitos indivíduos que buscam vantagem em tudo, esquecendo sempre dos valores éticos e morais. No Brasil, um dos principais exemplos referente a deturpação dos conceitos éticos é a famosa expressão conhecida como “Lei de Gerson” que foi introduzida na sociedade em meados dos anos 70, sendo considerada como o reflexo de uma sociedade que acaba bus- cando sempre a esperteza, querendo sempre levar vantagens em cima dos outros indivíduos. OBJETIVO 14 Tal expressão foi lançada no ano de 1976, por meio de uma propaganda de cigarros, em que o jogador da seleção brasileira Ger- son era o protagonista da história. Essa propaganda foi veiculada a nível nacional e acabou gerando um grande problema, pois tinha uma mensagem subliminar quanto a obter vantagens indiscrimi- nadas, não se importando, portanto, com as questões éticas ou morais. Esta expressão é ainda utilizada até os dias atuais em con- versas onde os indivíduos estão se referindo a várias situações na qual existe uma vantagem que está relacionada com alguma forma de corrupção. Atualmente boa parte da sociedade não aceita mais viver dessa forma, estando realmente preocupada em aplicar todos os conceitos éticos em seu dia a dia. Devido a isso, este tema vem sendo cada vez mais discutido pela sociedade. Ainda nos dias atuais existem sociedades que vivem sobre o poder absoluto, onde estão em vigor os chamados princípios e deveres abso- lutos, e devido a essa situação muitos indiví- duos, acabam fugindo em massa destes locais, por não concordarem com esta forma de go- vernar onde não existe ética em suas ações, esta situação é observada em todo mundo de- vido ao grande aumento do número de refu- giados (BRAUNER & DURANTE, 2012). Objetivos da ética Um dos principais objetivos da ética é a busca das justificativas para as regras que são propostas tanto pela moral como pelo direito. A moral e o direito são considerados como diferentes da ética, uma vez que os dois acabam estabelecendo regras. A moral é uma palavra de origem grega “mos” ou “mores” e tem como significado costumes, conduta de vida, estando relacio- nada, portanto, com as regras de conduta do homem no dia a dia. 15 É considerada como um conjunto de princípios, valores e normas que são aprendidas mediante seus círculos de convivência. Já a ética é a ideia universal do comportamento humano. Pode ser definida como a expressão única do pensamento, voltado às ações que deveriam ser adotadas para melhorar a convivencia em sociedade. Para alguns pesquisadores a moral corresponde mais a um apelo popular, já a ética tem um apelo mais acadêmico, ou seja, a moral está mais relacionada a um sentido mais prático do compor- tamento enquanto a ética está voltada mais para a teoria. Portanto, a ética pode ser definida como a propriedade do caráter, um mecanismo de regulação das relações sociais do ho- mem, considerada como o estudo geral do que é bom ou mal. Fluxograma 1: Resumindo os conceitos iniciais Fonte: Barbosa, F.C.G. 2021 História da ética Você sabia que ao longo da história a ética foi interpretada de ma- neiras variadas? 16 A seguir será estudada a ética na Grécia, na idade Média, na idade Moderna e na idade Contemporânea. Ética na Grécia Pesquisas indicam que a ética nasceu na Grécia, porém existem re- gistros que confirmam que alguns dos seus preceitos já eram pra- ticados desde o início da humanidade, que eram combinados aos conceitos religiosos na busca de imporem novas regras de com- portamento que possibilitassem o convívio entre os indivíduos que viviam em um determinado local. Na época em que viveram os filósofos gregos Sócrates, Pla- tão e Aristóteles, as preocupações eram outras, onde o que era con- siderado como bom representava apenas a preservação da ordem natural. Sócrates acreditava que o verdadeiro conhecimento estava centrado na alma humana. Para ele a verdadeira felicidade só se- ria possível de ser atingida por meio de uma conduta correta, ou seja, por meio da prática do bem em benefício de todos os indiví- duos. Portanto, esta preocupação ética estava relacionada com a coletividade. Para Platão a ética era um componente indissolúvel da polí- tica, tendo como principal função a igualdade entre todos os indi- víduos, impossibilitando, portanto, a concentração nas mãos de um grupo ou de apenas um único indivíduo. Para Aristóteles a ética era considerada como o caminho para que a desigualdade fosse eliminada. Ele foi um grande defensor da democracia associada à liberdade, mas com o dever de dividiro po- der sempre de forma igualitária. Ética na Idade Média A Idade Média está relacionada ao período entre os séculos V a XV, tendo o seu início com a queda do Império Romano do Ocidente e terminando na transição para a Idade Moderna. 17 Nessa época a ética estava relacionada com a religião e com os dogmas cristãos, portanto nesse período a igreja exerceu um gran- de poder sobre todos os indivíduos, reprimindo de todas as formas os indivíduos que não estavam enquadrados nessas propostas. Esse período foi influenciado por vários indivíduos entre eles: Santo Agostinho; Santo Anselmo e São Tomás de Aquino. Para Santo Agostinho a verdade era considerada como uma questão de fé, por meio de Deus, subordinada ao Estado e tendo como autoridade política a Igreja. Naquela época se acreditava que tudo só poderia ser alcan- çado por meio da bondade de Deus, devendo ser evitado todos os prazeres da vida, estando então a ética relacionada com a justiça em segundo plano, com a valorização da moral. Também ficou conheci- da até os dias atuais como a idade ou época das trevas, marcada pela falta da liberdade de todos os indivíduos. Ética na idade moderna A Idade Moderna ficou marcada pela consolidação dos estados eu- ropeus, antes da Revolução Francesa e Industrial. Nesse momento a ética voltou a ser vista de acordo com o seu sentido original gre- go, com foco na busca da felicidade coletiva, vinculada à política e propondo ações para os cidadãos. Se destacaram na Idade Moderna os pesquisadores Galileu Galilei e posteriormente Francis Bacon e Max Weber, dando assim, início à chamada ciência moderna. Galileu Galilei nasceu em 15 de fevereiro de 1564 e faleceu em 8 de janeiro de 1642. Por meio dos seus experimentos foi consi- derado como o responsável pelo início da ciência moderna. Foi um importante físico, matemático, astrônomo e filósofo, considerado como fundamental para toda a revolução científica. Ele descobriu, por exemplo, as quatro luas de Júpiter, os anéis de Saturno, inventou o telescópio e propôs a teoria do heliocen- trismo. Galileu se dedicou muito aos estudos sobre todos os mo- vimentos dos corpos, considerado como o cientista que conseguiu 18 elaborar as bases para que Isaac Newton pudesse descrever as três leis que estavam relacionadas com os movimentos dos corpos no universo. Figura 1: Galileu Galilei Fonte: ©Justus Sustermans (1597-1681) / Wikimedia Commons Francis Bacon nasceu no dia 22 de janeiro de 1561 e faleceu em 9 de abril de 1626. Em 1620 ele proporcionou o início da ciên- cia experimental por meio da sua proposição do método científico experimental. Foi um dos fundadores do método indutivo de inves- tigação científica. Baseado no Empirismo, seus estudos auxiliaram bastante na construção da história da ciência moderna e em fun- ção das suas contribuições foi considerado como “o pai do método experimental”. Bacon contribui bastante com a sociedade uma vez que bus- cou a promoção do conhecimento, sempre de forma eticamente neutra, ou seja, ela dava importância apenas para os valores morais que estavam relacionados com uma prática correta, não realizando nada que fosse considerado antiético. 19 Figura 2: Francis Bacon Fonte: ©National Portrait Gallery / Wikimedia Commons Maximilian Karl Emil Weber mais conhecido como Max We- ber foi um importante economista e intelectual alemão, considera- do como um dos fundadores da sociologia. Nasceu em 21 de abril de 1864 e faleceu em 14 de junho de 1920. Weber defendeu que a ciência recebia da sociedade a função para solucionar os vários problemas, estando de um lado os indiví- duos que estavam praticando a ciência e do outro lado os indivíduos que estavam utilizando todos os seus resultados, porém ambos os grupos deveriam estar sempre subordinados aos valores éticos. Em seus comentários ele sempre frisava o quanto o método científico não poderia sofrer nenhum tipo de influência subjetiva, uma vez que toda pesquisa deveria ser neutra, para que não exista nenhum tipo de distorção. 20 Figura 3: Max Weber Fonte: ©Wikimedia Commons Ética Contemporânea A ética contemporânea foi definida pela separação do conhecimento com a religião, voltando a centralização na razão, proporcionando então a autonomia humana. Na Revolução Francesa foi trabalhado o ideal de liberdade, igualdade e fraternidade; apontada quanto a tolerância com as di- ferenças e o estabelecimento de um pacto social. Esse período foi um marco pela discussão com o foco nos direitos humanos, por meio da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” em 1789. Para vários pensadores dessa época a ética passou a ser o centro para a fundamentação de todas as ações humanas; consti- tuindo então o elemento que viabilizaria a convivência entre todas as pessoas. 21 Ética na pesquisa com seres humanos Durante muitos séculos a medicina foi exercida de forma autori- tária, o que significa que praticamente não existia autonomia por parte do paciente. Seres humanos e animais foram utilizados em várias pesquisas nessa época de forma totalmente abusiva, sem te- rem nenhuma escolha de participarem ou não de tais pesquisas. Figura 4: símbolo bioética Fonte: MAIS PB. Disponível em: https://www.maispb.com.br/523695/a-bioetica- veio-para-isso.html Atrocidades da segunda guerra mundial Ao refletir quanto ao respeito ao ser humano, ninguém pode ou consegue esquecer as atrocidades que ocorreram com os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, nos campos de concentração nazistas. Os nazistas nos campos de concentração pegavam muitos prisioneiros e deixavam a disposição dos médicos para serem uti- lizados em qualquer tipo de pesquisas. Ao serem submetidos a tais experimentos, muitos deles morriam, enquanto outros ficavam desfigurados ou definitivamente incapacitados. Todas essas atrocidades ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial ficaram conhecidas por meio de imagens, que chocaram as pessoas no mundo inteiro. 22 Dentre os exemplos das atrocidades cometidas pelos nazistas des- tacam-se as do médico Josef Mengele, que realizou experiências em mais de 1500 gêmeos, dentre os quais apenas 200 sobrevive- ram às experiências. Outras pesquisas realizadas nessa época pe- los médicos alemães estavam relacionadas com as reações em altas altitudes, experiências de congelamento para o tratamento para a hipotermia, desenvolvimento de medicamentos entre tantas ou- tras realizadas. No dia 09 de dezembro de 1946, após o final da Segunda Guerra Mundial o Tribunal Militar Internacional, em Nuremberg, julgou vinte médicos que foram considerados como criminosos de guerra, em função dos experimentos que eles realizaram com os se- res humanos nos campos de concentração. Código de Nuremberg No dia 19 de agosto de 1947, sete dos vinte acusados foram conde- nados à morte, sete foram absolvidos e os demais foram condena- dos à prisão. Com isso, foi elaborado um importante documento, nomeado como Código de Nuremberg. O Código de Nuremberg possui um conjunto de dez princí- pios éticos que regem a pesquisa com os seres humanos. A seguir você vai observar os princípios éticos do Código de Nuremberg: 1. O consentimento voluntário do ser humano para a pesquisa é essencial, ou seja, todo indivíduo que será pesquisado deve estar legalmente capacitado para dar o seu consentimento, sempre consciente do seu direito livre de escolha. Não pode existir nenhum tipo de intervenção, por exemplo: força, frau- de, mentira ou coação ou qualquer outro tipo de restrição, VOCÊ SABIA? 23 tendo sempre o conhecimento e a compreensão necessária do assunto para que possa tomar a sua decisão. Portanto é fundamental que seja explicado ao indivíduo a natureza, duração e propósito da pesquisa, quais são os métodos que vão ser utilizados, os riscos esperados e os eventuais efeitos que a pesquisa possa causar na saúde dos participantes. O pesquisador tem o dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento, como também devedirigir e geren- ciar todo o experimento, sendo então deveres e responsabilidades que não podem ser delegados para qualquer outro indivíduo. 2. A pesquisa deve produzir resultados que sejam benéficos para a sociedade, os quais não são atingidos por outros métodos de estudo. 3. Toda pesquisa deve ser baseada em resultados de experimen- tação com animais, como também com relação à evolução da doença ou outros problemas relacionados com a pesqui- sa, os resultados previamente esperados devem justificar a experimentação. 4. Toda pesquisa precisa ser conduzida de uma forma que possa evitar todo o sofrimento e danos desnecessários, físicos ou mentais. 5. Nenhuma pesquisa pode ser realizada quando existe alguma possibilidade que os indivíduos avaliados possam morrer ou sofrer algum tipo de invalidez, exceto nos casos onde o pró- prio pesquisador (médico) se submeter à pesquisa. 6. O grau de risco que deve ser aceitável deve ser limitado pela importância humanitária do problema que o pesquisador se propõe a resolver. 7. É necessário que sejam tomados cuidados especiais com a fi- nalidade de proteger todos os participantes da pesquisa de qualquer possibilidade, mesmo que remota, de um possível dano, invalidez ou morte. 24 8. O experimento deve ser conduzido apenas por indivíduos cientificamente qualificados. É necessário que exista o maior grau possível de cuidado e habilidade, em todos os estágios, por parte dos indivíduos que estão conduzindo e gerenciando a pesquisa. 9. Durante o curso da pesquisa, os indivíduos têm a liberdade plena de se retirarem, caso sintam que exista alguma possibi- lidade de dano em função da sua continuidade. 10. Durante o curso da pesquisa, o pesquisador precisa estar pre- parado para suspender os procedimentos em qualquer mo- mento, se for comprovado que a pesquisa pode causar algum tipo de dano, invalidez ou morte para os pesquisados. Dica Uma forma dinâmica e legal de entender sobre o código de Nurem- berg é com o filme: “ O Julgamento de Nuremberg”. O Código de Nuremberg não foi reconhecido logo após a sua criação pelas leis americanas e alemãs. O Código de Nuremberg só passou a ser reconhecido por meio da Declaração de Helsinque, du- rante a 18ª Assembleia Médica Mundial, realizada na Finlândia em 1964. No ano de 1978, o governo norte-americano, elaborou um do- cumento no qual constavam os princípios e diretrizes éticas para a proteção de pacientes humanos, tal material ficou conhecido como Relatório de Belmont. DICA 25 Diretrizes internacionais para pesquisa biomédica No ano 1982 por meio do Conselho para Organizações Internacio- nais de Ciências Médicas (CIOMS), junto com a Organização Mun- dial da Saúde (OMS) foi escrito as diretrizes internacionais para pesquisa biomédica envolvendo seres humanos. Estas diretrizes foram revisadas no ano de 1993, sendo sub- dividas em 15 itens que são: • Consentimento informado individual; • Informações essenciais para os possíveis sujeitos da pesquisa; • Obrigações do pesquisador a respeito do consentimento informado; • Indução a participação; • Pesquisa envolvendo crianças; • Pesquisa envolvendo pessoas com deficiência intelectual ou comportamentais; • Pesquisa envolvendo prisioneiros; • Pesquisa envolvendo indivíduos de comunidades subdesenvolvidas; • Consentimento informado em e s t u d o s epidemiológicos; • Distribuição equitativa de riscos e benefícios; • Seleção de gestantes e nutrizes como sujeitos de pesquisa; • Salvaguardas à confidencialidade; • Direito dos sujeitos à compensação; • Constituição e responsabilidades dos comitês de revisão ética; • Obrigações dos países patrocinadores e anfitriões. 26 Resolução Conselho Nacional de Saúde 196/96 A Resolução número 196 do Conselho Nacional de Saúde dia 10 de outubro de 1996, possui todas as diretrizes e normas regulamenta- doras para as pesquisas com seres humanos tanto de forma direta ou indireta, individualmente ou coletivamente, em todos os campos profissionais (biológico, cultural, educacional, psíquico e social). Para a elaboração dessa resolução foram utilizados os prin- cipais documentos internacionais relacionados com as pesquisas que envolvem os seres humanos, por exemplo, o Código de Nurem- berg, Declaração de Helsinque e a Declaração Universal dos Direi- tos Humanos. A resolução 196/96 recebeu uma atualização no ano de 2012 e posteriormente no ano de 2015, e vários pontos importantes foram alteradas nessa nova versão, conforme veremos a seguir: • Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos; • Termo de consentimento livre e esclarecido; • Riscos e benefícios; • Comitê de Ética em Pesquisa (CEP); • Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos As pesquisas relacionadas com os seres humanos precisam atender todas as exigências éticas e científicas, por exemplo, o respeito aos voluntários da pesquisa em sua dignidade e autonomia, asseguran- do sempre a sua vontade de forma livre e esclarecida de permanecer ou não na pesquisa, comprometimento com o máximo de benefícios e o mínimo de riscos. 27 Termo de consentimento livre e esclarecido O termo de consentimento livre e esclarecido deve ser elabora- do pelo pesquisador responsável pela pesquisa. É fundamental que exista todas as informações necessárias para esclarecer o voluntário que será submetido à pesquisa. O voluntário participante da pesquisa deve rubricar todas as páginas e assinar no seu término, ele próprio ou por meio do seu representante legal e também pelo pesquisador responsável. Esse documento deveria ser elaborado em 2 vias, sendo que uma delas deve ficar com o voluntário da pesquisa ou seu represen- tante legal e a outra via com o pesquisador. Riscos e benefícios Todas as pesquisas que envolvem a utilização dos seres humanos possui riscos em graus variados, podendo ser imediatos ou tardios. As pesquisas que podem comprometer o indivíduo ou ainda a cole- tividade, como também a tipificação dos riscos, devem ser definidos através de um norma própria pelo Conselho Nacional de Saúde. Ética na pesquisa com animais experimentais A utilização dos animais em pesquisa experimental deve estar re- lacionada com os aspectos técnicos, éticos e políticos. Quanto ao ponto de vista técnico é necessário que seja realizada a adequação dos modelos animais com relação às metodologias utilizadas em pesquisa, como também quais são os seus benefícios em virtude da utilização dos modelos animais específicos em relação ao estudo de algumas doenças humanas. 28 Utilização dos animais em pesquisa experimental Figura 5: Animais experimentais Fonte: ©Pixabay Quanto ao aspecto ético, a relação entre os homens e os animais podem ser consideradas sobre a questão de moralidade, enquanto com relação à visão política ou jurídica, essa interação é vista de acordo com a regulamentação de leis que dizem respeito também à experimentação animal. É importante ressaltar que praticamente todos os grandes avanços alcançados quanto ao conhecimento da biologia dos mamí- feros foram atingidos por meio dos experimentos com os animais, portanto, é fundamental ressaltar a grande relevância de todas es- tas pesquisas, obedecendo sempre os critérios estabelecidos. Existem opiniões favoráveis e contrárias com relação à utilização dos animais para a pesqui- sa de doenças humanas, porém pode-se afir- mar que os grandes avanços alcançados na fisiologia e na fisiopatologia foram possíveis em função da utilização da experimentação animal, sendo que sem elas muitas inovações que foram inseridas junto aos cuidados em saúde humana não teriam acontecido (RE- ZENDE, et al, 2008). 29 Todas essas pesquisas com animais precisam levar em con- sideração durante o seu planejamento os cuidados para evitar, por exemplo, estresse, dor e sofrimento desnecessário a todos os animais. Para a escolha do delineamento experimental deve ser sele-cionado os trabalhos com um número menor de animais, que es- tejam com um menor grau de sensibilidade neurofisiológica, ou melhor, que provoquem menores dores, sofrimento, estresse e prejuízos duradouros. Debates éticos Os cientistas que estão envolvidos nas pesquisas com animais afir- mam que os animais possuem sim a consciência e a memória e, portanto, são capazes de sofrer, sentir dor, ter medo e muitas vezes lutarem fortemente pela vida. Oficialmente, desde o ano de 1876 iniciaram-se os primeiros debates com relação às pesquisas com animais, na qual foi consti- tuída uma sociedade anti-vivissecção em Londres nessa época. De acordo com vários pesquisadores ainda existe a necessi- dade de um maior esclarecimento quanto à utilização dos animais em pesquisas, visto que muitas vezes os indivíduos em geral desco- nhecem que a maioria dessas pesquisas são conduzidas por meio de padrões éticos e de bem-estar animal. Assim, torna-se cada vez mais necessário um maior esclare- cimento quanto a utilização de códigos éticos estabelecidos quanto à escolha do método a ser utilizado, bem como à evolução dos re- sultados obtidos, pois, os mesmos são fundamentais para trazerem grandes avanços quanto ao conhecimento e tratamento de várias doenças como a Diabetes mellitus tipo 2 e a doença de Chagas. 30 Aspectos positivos e negativos da pesquisa com animais As pesquisas com animais acabam assumindo dois aspectos sendo eles: • Positivos – estão relacionados com a dedicação quanto à pre- venção ou alívio do sofrimento de todos os seres humanos por meio dos resultados encontrados nas pesquisas com os animais. • Negativos – a exposição dos animais nas pesquisas acarre- tando muitas vezes dor, sofrimento, invalidez e morte. O debate sobre a utilização dos animais em pesquisa vem ga- nhando grande exposição e repercussão nas mídias: de um lado es- tão os vários cientistas que realizam experimentos com animais, e do outro os grupos de ativistas de proteção aos direitos dos animais. A grande questão em debate nesse caso é con- seguir proteger os animais evitando a sua utilização em experimentos desnecessários, como também procurar aliviar os sofrimentos dos mesmos sem comprometer os dados da pesquisa (REZENDE, et al, 2008). Infelizmente ainda existem muitas pesquisas com animais que estão sendo malconduzidas, devido à falta de planejamento e o desrespeito às normas vigentes. Neste sentido, se faz necessário um maior acompanhamento dessas atividades, em que dependendo do caso, pode levar a proibição da continuidade da referida pesquisa. Contribuições significativas quanto aos aspectos éticos No ano de 1959 houve uma importante contribuição no âmbito da bioética através da publicação do livro “Princípios da técnica expe- rimental” por William M. S. Russell e Rex L. Burch. 31 No livro os autores fizeram a proposição de um conceito de- nominado de três “R” para a experimentação animal, argumentan- do quanto a necessidade e a importância de se buscar esses três “R” que correspondem respectivamente: • Reduction; • Replacement; • Refinement. Estes três “R” ao serem traduzidos para o português signifi- cam: redução, substituição e refinamento. • Redução – é a diminuição do número de animais em cada uma das pesquisas, porém sempre com um número mínimo que seja consistente quanto a obtenção dos objetivos do estudo. • Substituição – é a substituição dos animais por metodologias alternativas como, por exemplo, os testes in vitro, modelos matemáticos e cultura de células. • Refinamento – é a diminuição do sofrimento dos ani- mais por meio de cuidados com analgesia, anestesia e pré e pós-operatórios. Devido a todo esse embasamento quanto aos fundamentos científicos que são aceitáveis, pode- se dizer que objetivo da legislação re- lacionada com as pesquisas com animais em vários países do mundo como nos Estados Uni- dos, a União Europeia, Brasil e outros países é diminuir todos os aspectos éticos que possam ser considerados como negativos com relação a utilização de pesquisas com animais (REZEN- DE, et al, 2008). 32 Um dos métodos alternativos conhecidos e aceitos internacional- mente é chamado de HET-CAM (hen’s egg test chorionallantoic membrane). Lei Arouca A Lei nº 11.794, foi promulgada no dia 8 de outubro de 2008. Mais conhecida como Lei Arouca, esta lei recebeu este nome em home- nagem a Sérgio Arouca que foi um importante médico e deputa- do federal, que ocupou vários cargos junto às comissões de saúde, ciência e tecnologia. Foi também um dos principais responsáveis pela criação da reforma sanitária e um grande defensor do acesso universal à saúde em todo o país. Essa lei se tornou um importante marco histórico, uma vez que estabeleceu todos os procedimentos necessários para a utili- zação científica de animais em pesquisas, implementando todas as definições e regras para a utilização de animais em laboratório. Por meio dessa lei foi criada, portanto, uma política nacional para a utilização dos animais em pesquisa, que contribuiu para o de- senvolvimento do país e da ciência, fazendo com que toda a comuni- dade científica fosse mobilizada quanto a importância dos aspectos éticos relacionados com a utilização dos animais em pesquisas. Os pontos principais dessa lei são: Utilização dos animais para atividades didáticas e cientí- ficas em Instituições de ensino superior e ensino técnico na área biomédica; • Criação do Controle de Experimentação Animal (CONCEA); VOCÊ SABIA? 33 • Obrigatoriedade de constituição da comissão de ética no uso de animais; • Registro e licenciamento de cada instituição para a realização da pesquisa; • Cadastro Institucional de Uso Científico de Animais (CIUCA). Ética ambiental Existem alterações constantes com relação aos valores da socieda- de, em decorrência da cobiça dos indivíduos, que coloca os homens como os grandes predadores da natureza desrespeitando alguns valores éticos existentes. É fundamental que seja atingido uma visão ética em relação ao ambiente para que essa situação possa ser revertida o mais rápi- do possível. Figura 6: Ética ambiental Fonte: Ética Ambiental. Disponível em: https://etica-ambiental.com.br/ beneficios-da-iso-14001/ 34 Crescimento econômico e a ética ambiental O crescimento econômico decorrente do progresso científico ocorre em função do grande desenvolvimento tecnológico que acabou oca- sionando um enorme diferencial na era moderna. Quando se trata da ética ambiental, somado ao modelo da economia industrial, esses fatores tendem a aumentar mais ainda a deterioração do equilíbrio ecológico, levando a altos prejuízos para a vida em todo o planeta. Mudanças durante o século XIX O aumento da industrialização (ocorrido durante todo o século XIX), aliado ao crescimento desenfreado da população humana, como também a expansão econômica (principalmente devido ao regime capitalista), foram fatores que contribuíram bastante para o au- mento do consumo, o que foi acentuando para a população em todo o mundo. A partir dos anos 70 a preocupação com relação ao meio ambiente mais sadio começou a fazer parte de uma discussão em todo o mundo, principalmente com relação ao equilíbrio dos ecossistemas naturais que são fundamentais para a preservação da vida na terra (BRAUNER & DURANTE, 2012). A utilização dos recursos naturais de forma não controla- da começou a fazer parte dos temas para as discussões relacionadas com a ética ambiental. A relevância quanto as questões lesivas do homem sobre o meio ambiente só foram ganhar realmente a aten- ção no século XXI. É exatamente nesse momento que o homem conseguiu cau- sar grandes alterações no planeta, por exemplo: • emissão dos vários poluentes; • alteração do curso dos rios; 35 • modificação da composição do solo; • desmatamento de todas as florestas; • extinção de várias espécies. Todas essas mudanças, sem dúvida alguma, estão sendo muito prejudiciais para toda a população, interferidodiretamente no ambiente natural, visto que muitas vezes os seres humanos não se preocupam com a real disponibilidade dos recursos, apenas con- sideram os seus interesses. Evidências quanto aos graves problemas ambientais Existem ínumeras evidências que a relação do homem com a na- tureza, principalmente nos últimos anos, está ocasionando graves problemas ambientais, muitas vezes devido a ação humana sem li- mites originada da ambição e da falta de sensibilidade para com o planeta. A intervenção predatória do homem na natureza atingiu ní- veis críticos. Até um certo tempo atrás a natureza ainda conseguia de certa forma “apaziguar” todas as ações do homem, visto que existia um período de tempo para recuperar-se. Porém, devido esse ritmo muito acelerado de destruição, já não existe mais esse tempo mínimo para que seja possível uma reversão dessa situação. O ambiente, então, vem sofrendo alterações. Pouco a pouco alguns fenômenos começaram a se fazer presente, como por exem- plo, cidades se transformando em desertos com poucas gostas de chuva e temperaturas cada vez mais altas, ou mesmo as leves ondas da praia sendo substituidas por Tsunamis. Sem dúvida alguma, a natureza começou a dar as suas res- postas em decorrência de toda a violência que vem sofrendo nos úl- timos anos. 36 Prática da ética Vários pesquisadores acreditam que apenas a prática da ética em sua totalidade pode ser considerada como uma das únicas possibili- dades de devolver a vida novamente à natureza. Pode-se afirmar que a relação do homem com o ambiente está totalmente deformada e a única saida, realmente, são ações re- lacionadas com a ética humana, por meio da proteção a natureza. Por outro lado existem ainda culturas que vi- vem de uma forma diferente, onde colocam a natureza com o centro de sua vida, e que não têm coragem de agredir em nenhuma situação a natureza, sem dúvida alguma o maior exem- plo nesse caso são os índios (BRAUNER & DU- RANTE, 2012). Espera-se que por meio da ética possa existir uma visão voltada para a vida, e que exista uma preocupação global que con- sidere substituir o antropocentrismo pelo chamado “biocentris- mo”, uma vez que o antropocentrismo valoriza demais o homem e o coloca no centro de tudo, esquecendo todos os demais seres que coexistem na natureza. Visão holística Para uma visão holística é necessário que seja abandonando, por- tanto, o antropocentrismo, uma vez que a visão atual além deco- locar o homem como centro de tudo, enfatiza que a natureza está “apenas para servir o homem”. Por meio dessa nova visão global o homem passa a ser um integrante da natureza como todos os outros, ou seja, o ser humano passa a ser um integrante nesse contexto global, fazendo parte da natureza. Os seres humanos, como todos os outros seres vivos, depen- dem das suas relações para sobreviverem. Portanto, todos os seres vivos podem ser considerados como “centros da vida”, visto que o 37 ser humano não é superior a nenhum dos outros seres vivos, que esses dependem dos animais, que por sua vez vão depender das plantas, que dependem da água, ou seja, fazem parte de uma cadeia que está interrelacionada para garantir a vida de todos. Essa nova visão da realidade deve ser baseada em uma pro- funda consciência quanto a interrelação e interdependência de todos os fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Entretanto, pode-se afirmar que ainda não existe uma es- trutura estabelecida. Dessa forma, as suas linhas mestras estão começando a serem formuladas por meio de vários indivíduos, co- munidade e organizações que buscam novas formas de pensamen- tos em função desses novos princípios. É fundamental que cada ser humano, seja um guardião que busca cuidar da natureza, de forma a criar uma convivência em harmonia, que busca apenas utilizar para a sua necessi- dade mínima e é claro buscando sempre repor o que foi utilizado (BRAUNER & DURANTE, 2012). O planeta deve ser considerado como um grande sistema que está dividido em três subsistemas que são o atmosférico, o conti- nental e o aquático, sendo que para a manutenção da vida é neces- sário a interação dos três subsistemas. Constitução Federal de 1988 Pode-se afirmar que a Constitução Federal de 1988 foi o primeiro documento que passou a discutir as questões ambientais, conside- rando esse assunto como fundamental para a manutenção da vida em nosso planeta. No artigo 225 da Constituição Federal de 1988 você vai ob- servar que: “Todos tem o direito ao meio ambiente eco- logicamente equilibrado, bem de uso comum 38 do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre- sentes e futuras gerações ”. A ética ambiental deve ser buscada tendo como propósito a manutenção de todas as condições que são saudáveis para a terra, existindo uma ética que esteja comprometida com a existência de todas as formas de vida. Que a ética esteja a cargo das sociedades de uma forma harmônica e promova o desenvolvimento de uma melhor relação do homem com o ambiente, buscando extinguir todo o que pode ser considerado como prejucial ao futuro da própria espécie. É necessário que exista a conscientização dos indivíduos quanto as várias possibilidades para conseguir reverter todas as tendências quanto a destruição, alterando a forma de viver, po- dendo ser modificados através de pequenos hábitos que vão alte- rar de forma muito significativa a qualidade de todos, inclusive a do planeta. E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que foi abor- dado. Estudamos inicialmente a ética por meio de uma introdução sobre esse importante assunto e em seguida os principais aconte- cimentos históricos. Ao longo deste tema foram vistos os compor- tamentos antiéticos, objetivos da ética, filósofos gregos e o início da ciência moderna através dos estudos de Galileu Galilei, Francis Bacon e Max Weber. Em seguida, foi abordada a ética na pesquisa com seres humanos por meio do estudo das atrocidades da segun- da guerra mundial, Código de Nuremberg, diretrizes internacio- nais para a pesquisa biomédica, Resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96 através da abordagem dos aspectos éticos, termo de consentimento e riscos e benefícios. Posteriormente, foi estu- dada a ética na pesquisa com animais experimentais e levantado RESUMINDO 39 questionamentos sobre a utilização dos animais em pesquisa expe- rimental, debates éticos, aspectos positivos e negativos da pesquisa com animais e as contribuições significativas quanto aos aspectos éticos. E por último foi abordado a ética ambiental, que relacionado aos estudos do crescimento econômico, evidenciou o surgimento de graves problemas ambientais, bem como foi abordado a prática da ética, visão holística e a Constituição Federal de 1988. 40 UN ID AD E 2 Objetivos 1. Compreender a bioética: Introdução, histórico e conceitos; 2. Estudar a ética aplicada ao profissional de saúde; 3. Pesquisar sobre a biossegurança: histórico, conceito e legislação; 4. Analisar a biossegurança em laboratórios. Conceitos de Bioética e Biossegurança 42 Introdução Olá tudo bem com você? Prezado aluno gostaria de convidar você neste momento para iniciar este processo de conhecimento e aprendizagem, tenho certeza que será muito enriquecedor, repleto de desafios e estímulos para o seu o crescimento. Você é o nosso convidado especial para iniciar essa viagem por meio do conheci- mento, Durante esta trajetória você irá se deparar com trilhas mui- to interessantes e desafiadoras em todo o percurso. O tema desta segunda unidade é “Bioética e biossegurança”, o qual está dividido nos seguintes conteúdos: Bioética: Introdução, histórico e concei- tos; Ética ao profissional de saúde; Biossegurança: histórico, con- ceito e legislaçãoe Biossegurança em laboratórios. 43 Bioética: Introdução, histórico e conceitos Ao longo deste item você será capaz de compreender vários conteú- dos fundamentais com relação à introdução, histórico e os conceitos muito importantes que estão relacionados com a bioética. Introdução a bioética No ano de 1927 Fritz Jahr publicou um artigo científico em um pe- riódico alemão onde o termo “bioética” foi utilizado pela primeira vez. Para ele este termo estava relacionado com o reconhecimento de obrigações éticas, não apenas em relação ao ser humano, mas também para com todos os seres vivos, conforme mostra o Fluxo- grama 01. Quanto à sua criação na língua inglesa, foi atribuído a André Hellergers, no ano de 1971. Como uma forma para estabelecer uma área de atuação, relacionado com a reprodução humana, foi criado o Instituto Kennedy de Ética. A ampliação da bioética no mundo não ocorreu de forma ho- mogênea, sendo observada inicialmente nos Estados Unidos e na Europa, enquanto que no Brasil foi apenas na década de 90 por meio da proposta que reuniu as várias áreas do conhecimento em volta da ética em saúde. Atualmente tanto a América Latina e principalmente o Brasil têm apresentado uma grande contribuição para a composi- ção do pensamento bioético mundial, no qual foi observado um grande número de publicações nessa área. OBJETIVO 44 Fluxograma 1: Definição Bioética. Fonte: Barbosa, F.C.G., 2021. A bioética está envolvida especificamente com a abordagem dos conflitos morais e éticos na saúde. O Relatório Belmont, pu- blicado no ano de 1978, foi editado por meio da Comissão Nacional para Proteção de Pessoas Humanas na pesquisa biomédica e com- portamental, sendo conceituado como o primeiro a organizar a uti- lização sistemática de princípios. 45 O Relatório de Belmont foi pensado logo após vir a tona um grande experimento teraupêutico sobre sífilis envolvendo cidadãos afro- -americanos, chamado de “ESTUDO TUSKGEE”. Para saber mais sobre o estudo acesse o link: (redbioetica.com.ar) Princípios da bioética Fluxograma 2: Princípios bioéticos Barbosa, F.C.G., 2021. Beneficência O princípio da beneficiência apresenta uma relação quanto a busca de uma excelência profissional. Você pode observar essa busca, por exemplo, por meio do juramento de Hipócrates: “Usarei o tratamento para ajudar os doentes, de acordo com minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-los”. O juramento de Hipócrates abrange todas as profissões da área da saúde, ou seja, é obrigação de todo profissional da saúde sempre fazer o bem para todos os pacientes, utilizando de todos os seus conhecimentos e habilidades, bem como devendo sempre SAIBA MAIS 46 maximizar os benefícios e minimizar os riscos, procurando alcan- çar o melhor tratamento e a prevenção para todas as doenças, por meio de um equilíbrio físico e emocional. Não-maleficência Este princípio é considerado como o mais controverso dos quatro princípios, tendo como pressuposto que é dever de todo o profis- sioinal da saúde não fazer qualquer mal a outro indivíduo, não causando danos ou colocando-o em risco. O fato de não se pensar em fazer o mal, por si só, já é um ato de bondade para o outro. Você está convidado para refletir neste momento, uma vez que muitas das intervenções tanto diagnósticas como terapêuticas que estão presentes na saúde, em muitos casos, acabam apresentando um certo risco. A maior justificativa em todos estes casos está relacionada com os casos onde existe uma certa expectativa quanto ao benefício esperado em função desta avaliação ou exame: quando o benefício é maior que a possibilidade de risco, a sua realização é, portanto, justificada. Autonomia Neste princípio está envolvido o poder de decisão que o indivíduo tem com relação a si mesmo, e que cada ser humano deve ter a sua liberdade resguardada e garantida. Em função deste princípio, o ser humano que é adulto e pos- sui plena consciência vai ter sempre o direito de decidir do que pode ser realizado ou não no seu próprio corpo. Existem duas condições que podem ser consideradas como fundamentais para que o indivíduo possa exercer sua autonomia: ter sempre a capacidade de agir de forma intencional, compreen- dendo e tendo as condições necessárias para decidir entre todas as alternativas apresentadas, como também, a liberdade de decisão para todo e qualquer procedimento. 47 Este princípio, na prática, obriga que todo profissional da saúde deva apresentar para todos os seus pacientes as informações necessárias para que eles consigam entender todos os seus proble- mas, garantindo que em função dessas informações, tenham condi- ções para tomar as suas decisões. Na área da saúde existe um documento que é denominado de consentimento informado, que significa a representação dessa in- teração entre o profissional e o paciente, que após a leitura, como também a explicação completa sobre os procedimentos, deve assi- nar confirmando o seu consentimento, o que significa a sua decisão voluntária, quanto a sua submissão para todos os procedimentos que forem necessários. Figura 1: Poder de decisão do paciente Fonte: Freepik Justiça ou equidade Neste princípio está envolvido a organização de todos os deveres e benefícios sociais de uma forma coerente e apropriada para to- dos os indivíduos que fazem parte de uma determinada sociedade, devendo ser garantindo para cada um o seu direito. É fundamen- tal evidenciar que a equidade é diferente da igualdade. Igualdade é aplicado quando queremos nos referir a situações iguais, idênticas ou equivalentes para todos os indivíduos e para todas as situações. Equidade está diretamente ligada ao julgamento imparcial, com re- tidão e justiça. 48 A bioética ao ser aplicada para o setor público deve prote- ger a vida e a integridade de todos os indivíduos, evitando portanto qualquer forma de discriminação, marginalização ou a segregação social, o que significa que todos os indivíduos devem ter os mesmos direitos, porém, infelizmente no dia a dia das pessoas este princípio muitas vezes não é respeitado, sendo observado, por exemplo, pa- cientes que ficam meses em uma fila de espera para serem atendi- dos em uma consulta ou ainda para uma intervenção cirúrgica. Saiba Mais Para aprofundar um pouco mais sobre a origem da bioética, a bioé- tica e a ética, a bioética e a humildade, a bioética e a responsabili- dade e a bioética e a competência interdisciplinar, leia o artigo do professor Doutor em Ciências Médicas José Roberto Goldim, “Bioé- tica: Origens e Complexidade”, Ética ao profissional de saúde Neste item você irá conhecer a criação dos conselhos profissionais da saúde, funções dos conselhos da área da saúde, situação atual dos conselhos de classe, profissões da área da saúde regulamentadas, código de de ética profissional, Organização Mundial da Saúde e por último a Organização Pan-Americana da Saúde. SAIBA MAIS OBJETIVO 49 Objetivo de criação dos conselhos Profissionais O propósito da criação de todos os conselhos profissionais da saú- de foi regularizar, regulamentar e fiscalizar todos os profissio- nais que trabalham na área da saúde, além da representação política das classes, operando junto com o poder Legislativo, Ministérios, Secretarias e Conselhos de Saúde, somado ao empenho de todas as instâncias. Figura 2: Conselhos da área da saúde Fonte: Freepik Funções dos conselhos da área da saúde Está a cargo dos Conselhos Profissionais a fiscalização do exercício profissional, sendo destinado às instituições de natureza jurídica e federativa, que possuem independência administrativa e finan- ceira, sustentadas pelas colaborações de cada profissional inscrito, com relação a habilitação para o exercício profissional. Os conselhos devem fiscalizar o exercício profissional, de- sempenhando, em juízo e fora dele, os interesses gerais e indivi- duais dos profissionais, garantindo uma boa execução de todos os serviços prestadosà sociedade. 50 Nos regimes democráticos no mundo, os conselhos profis- sionais devem contribuir para o desenvolvimento dos mecanismos de controle social e para a democratização das políticas públi- cas, precisando estar em concordância com o projeto ético-polí- tico profissional, um projeto social maior; devendo ser um agente fundamental na construção e consolidação de uma sociedade mais democrática. A partir da década de 1980 os conselhos estão mais relaciona- dos nas diferentes lutas da sociedade, com uma grande atuação na construção coletiva dos espaços democráticos de defesa das políti- cas públicas, colaborando para a institucionalização de princípios democráticos da Constituição Federal de 1988. Os conselhos profissionais da saúde têm dado preferência para as suas ações que estão envolvidas quanto a qualificação de profissionais e trabalhadores, procurando atingir melhores condi- ções de trabalho, democratização dos vínculos profissionais, atua- ção nos espaços de controle social, universalização das políticas sociais, confirmação do direito ao atendimento humanizado nos serviços públicos e incentivo à participação popular, em união com os diversos segmentos da sociedade. Situação atual dos conselhos de classe Os conselhos de classe atualmente têm um papel primordial com relação à constituição de um pacto baseado na ética e nos direitos humanos, procurando atingir a justiça social e a democracia. Qualquer sociedade só pode evoluir por meio de sua habilida- de de rediscutir todas as suas regras, valores e códigos de conduta de maneira plural e estruturada, permitindo as verificações entre o presente e o passado com o objetivo de planejar o futuro. Todas as profissões da saúde possuem um decreto lei, pre- sentes em todas as suas especificidades, sendo válidos para todo o território Nacional, específico para os portadores de diplomas expe- didos por curso superior reconhecido pelo Ministério da Educação. 51 Todos os decretos possuem várias resoluções, que tem o pa- pel de explicar, regulamentar e determinar os padrões e conceitos quanto a atuação, técnicas e proibições para cada área além das leis que são as responsáveis pela regulamentação de todas as profissões. A seguir será abordado a regulamentação por meio da lei e do decreto de todas as profissões da área da saúde de nível superior, com os seus respectivos documentos. Tabela 1: Profissões da área da saúde SAIBA MAIS 52 Fonte: Elaborada pelo autor (2019) Profissões da área da saúde Regulamentadas No Brasil atualmente existem mais de vinte profissões da área da saúde que são regularizadas, sendo algumas de formação de nível técnico, por exemplo, técnico em radiologia, enfermagem, auxiliar de enfermagem, análises clínicas, prótese dentária, saúde bucal, auxiliar de saúde bucal entre outras. Código de Ética profissional O Código de ética profissional é um documento que apresenta várias diretrizes tendo o obejetivo de auxiliar todos os indivíduos quanto às suas atitudes e condutas, aspectos morais aceitos pela sociedade. 53 Cada uma das profissões da área da saúde tem o seu próprio código de ética com o objetivo de auxiliar quanto a execuação de cada uma das profissões. O código de ética é escrito em decorrência das lutas, interes- ses e ambições da sociedade beneficiada para todos os serviços ofe- recidos pelos profissionais. Os conceitos de éticas deontológicos determinados pelos conselhos, estão diretamente envolvidos com as leis e as normas le- gais do país. portanto, mesmo que o profissional seja absolvido pelo próprio conselho, pode ser caracterizado como uma forma de ferir a lei, em função de não estar apenas realizando um descumprimento ético, mas também em função do dano causado as vítimas envolvi- das com essas atitudes não éticas. A maior parte dos profissionais da área da saúde devem estar voltados para a promoção, reabilitação da saúde, prevenção, recu- peração e autonomia de acordo com todos os preceitos éticos e le- gais existentes. Os profissionais são componentes da equipe de saúde, e de- vem ter como objetivo a satisfação quanto as demandas de saúde da sociedade e dos princípios das políticas públicas de saúde e ambien- tais, que permitam a universalidade de acesso a todos os serviços de saúde. Figura 3: ética, moral e deontologia Fonte: Barbosa, F.C.G., 2021. 54 Organização Mundial da Saúde No dia 07 de abril de 1948 foi criada a Organização Mundial da Saú- de (OMS) na cidade de Nova Iorque. A OMS é subordinada a Orga- nização das Nações Unidas (ONU), com sede em Genebra na Suíça. O objetivo fundamental da organização é desenvolver ao máximo possível a saúde em todos os povos. A saúde é caracteri- zada como um estado de completo bem-estar físico, mental e so- cial, não compreendendo somente da ausência de uma doença ou enfermidade. Organização Pan-Americana da Saúde No ano de 1902 foi criado Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que é uma organização internacional especializada em saú- de considerada como a agência internacional de saúde mais antiga em todo o mundo. O trabalho dessa agência é melhorar condições de saúde dos países que fazem parte das Américas. A Organização Pan-Americana da Saúde faz parte da ONU e atualmente seus escritórios estão pre- sentes em mais de 27 países, contando com oito centros científicos. Figura 4: eblema da Organização Pan-Americana de Saúde Fonte: Observatório Nacional de Saúde Viária. Disponível em: Acesso em: 30/06/2022 55 Biossegurança: histórico, conceito e legislação Ao longo deste item você será capaz de compreender o histórico da biossegurança, conceito sobre a biossegurança, legislação sobre biossegurança, comissão técnica nacional de biossegurança e prin- cipais classes de riscos ocupacionais. Histórico da biossegurança No período de 1940 a 1950, vários cientistas estavam realizando pesquisas com infecções humanas através de vírus e bactérias, que eram obtidos nos locais de trabalho por meio da exposição direta ou indireta de um agente infeccioso. Figura 5: biossegurança Fonte: Barbosa, F.C.G., 2021. Na década de 1940 nos Estados Unidos o go- verno americano começou um programa no Forte Detrick, cujo objetivo era organizar para uma possível guerra biológica, eles estavam OBJETIVO 56 bastante preocupados com a possibilidade da Alemanha Nazista utilizar foguetes como um veículo para uma guerra biológica durante a Se- gunda Guerra Mundial (HIRATA, et al, 2012). Por este motivo, foi construído no Forte Detrick o primeiro lo- cal para o estabelecimento de um espaço de segurança destinado ao trabalho com os agentes biológicos. Conceito sobre a biossegurança A biossegurança é definida como a execução de várias ações que estão voltadas para a prevenção e proteção dos indivíduos, devido aos riscos ge- rados em função dos agentes químicos e físicos, redução dos riscos envol- vidos com as atividades de pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico e realização dos serviços, tendo em vista a saúde do homem, dos animais e a preservação do meio ambiente, e a qualidade dos resultados. Uma das principais funções da biossegurança é a geração de um ambiente biológico seguro, para os indivíduos e os profissionais que estão envol- vidos com uma determinada situação (HIRATA, et al, 2012). Legislação sobre biossegurança O ano de 1984 é considerado o ano do surgimento da biossegurança, porém apenas no ano de 1995 que a primeira Lei da Biossegurança foi sancionada no Brasil. No dia 05 de janeiro de 1995 foi promulgada a Lei n° 8.974, denominada como a Lei Brasileira da Biossegurança, a qual constitui as especificações para o trabalho com DNA no Brasil, na qual in- cluída a pesquisa, produção e comercialização de organismos geneticamente modificados (OGMs), como objetivo de cuidar da saúde do homem, dos animais e do meio ambiente (HIRATA, et al, 2012). DATAS IMPORTANTES PARA A BIOSSEGURANÇA NO