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Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio TÓPICOS INTEGRADORES I (PSICOLOGIA)_LUIZ CARLOS HONORIO AULA 2 A primeira forma de trabalho foi a escravidão, em que o escravo era considerado apenas um objeto ou uma coisa qualquer, não tendo qualquer direito, muito menos trabalhista. O trabalho possuía sentido pejorativo, cabendo aos escravos executá-lo. Aos nobres, eram destinadas atividades que proporcionavam realização pessoal. Os conquistadores foram os sujeitos que introduziram a ideia de que o trabalho manual era indigno. A segunda forma foi a servidão, típica do feudalismo. Aos servos cabia entregar uma parte da produção rural, em troca de proteção do senhor feudal e uso da terra. O trabalho continuava considerado como um castigo. A nobreza continuava “muito bem, obrigado” e “olhe lá” (grifos meus) As corporações de ofício se constituíram na terceira forma, organizada em três níveis (mestres, companheiros e aprendizes). Os mestres eram os proprietários das oficinas. Os companheiros eram trabalhadores que recebiam salários dos mestres. Os aprendizes eram os menores que recebiam dos mestres o ensino metódico do ofício. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRABALHO NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Estabelecimento do contrato de trabalho mediante livre acordo entre as partes; Nenhuma garantia de estabilidade no emprego; Rescisão de contrato de trabalho sem indenização; Prática da servidão com a exploração do trabalho de menores e mulheres; Jornada longa de trabalho (até 16 horas) e salários muito baixos; Substituição do trabalho manual pelo uso de máquinas; CONCEITOS DE TRABALHO JURÍDICO – Pertinente ao chamado direito trabalhista SOCIOLÓGICO – O conceito de trabalho é geralmente entendido como a atividade humana realizada com o objetivo de produzir uma forma de obtenção de subsistência PSICOLÓGICO – O trabalho é o ato de depositar significado humano à natureza O EMPREGO A conotação moderna do termo emprego reflete a relação entre o indivíduo e a organização onde uma tarefa produtiva é realizada. Na sociedade moderna o emprego define a significação social dos indivíduos, decorrente da divisão do trabalho e das bases de troca que ela permite. Todavia, o valor do trabalho humano está se tornando cada vez mais tangencial, irrelevante e precarizado. MUDANÇAS RECENTES NO MUNDO DO TRABALHO, OCUPAÇÕES E EMPREGO 1. Processos de trabalho e produção: automatização que obriga o trabalhador a ser “utilizável” em várias funções; Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio 2. Mobilidade dos mercados de trabalho: uso de trabalhadores temporários, terceirizados, rotativos, home office em que é possível “precarizar” a força de trabalho gerando mais lucro. Flexibilidade de mercado de trabalho Instabilidade trabalhista Desvalorização da força de trabalho Flexibilidade de produção • Trabalhador multifuncional • Automatização do trabalho AS MAZELAS DA REALIDADE ATUAL DO TRABALHO Fechamento às conquistas de experiências para os mais jovens Instabilidade dos profissionais mais experientes Precarização dos regimes de trabalho AULA 3 DESENVOLVIMENTO HUMANO NO TRABALHO O desenvolvimento humano na empresa é uma política voltada para a valorização dos talentos presentes na organização, adotando práticas de gestão de pessoas para reter ou atrair talentos necessários para o desenvolvimento e sustentação de seus objetivos, sejam eles empresariais ou não. Essas práticas têm como objetivo potencializar as Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (Competências) das pessoas, aliando elementos de crescimento tanto individuais quanto coletivos no trabalho. TRIPÉ DA COMPETÊNCIA – CHA Conhecimento - O saber o porque das coisas. Habilidade – O saber fazer o que aprendi. Atitute – É além de saber e fazer, é transformar em comportamentos. AS TRÊS CATEGORIAS DA COMPETÊNCIA Competências técnicas – Conhecimento e habilidade. Saber teórico e saber fazer Competências comportamentais e sociais – Comunicação, flexibilidade, criatividade, inovação, motivação, liderança, relacionamento, otimismo, coragem, resiliência etc Saber ser AS HABILIDADES Associadas ao saber fazer: capacidades intelectuais e físicas necessárias para desempenhar uma tarefa ou atividade. Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio • Exemplo: Aptidão numérica; Compreensão verbal; Velocidade perceptiva; Análise e resolução de problemas (raciocínio indutivo), Avaliar as implicações de um argumento; (raciocínio dedutivo); Visualização espacial; Memória. ATITUDES INTENÇÃO de reagir a um estímulo no ambiente de maneira positiva ou negativa Cognitivo Crenças e valores sobre os estímulos Afetivo Segmento emocional de uma atitude Comportamental Tendência a comportar-se de certa maneira COMPORTAMENTO Uma AÇÃO que pode ser consumada, dependendo de elementos situacionais e individuais COMPETÊNCIAS OCUPACIONAIS RELEVANTES Respeitar as identidades e as diferenças; Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, comunicação e informação; Interrelacionar pensamentos, ideias e conceitos; Desenvolver o pensamento crítico e flexível e a autonomia intelectual; Adquirir, avaliar e transmitir informações; Respeitar as identidades e as diferenças; Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, comunicação e informação; Interrelacionar pensamentos, ideias e conceitos; Desenvolver o pensamento crítico e flexível e a autonomia intelectual; Adquirir, avaliar e transmitir informações; ATITUDES E COMPORTAMENTOS RELACIONADAS AO TRABALHO SATISFAÇÃO NO TRABALHO - Atitudes positivas em relação à empresa e o trabalho nela executado. ENVOLVIMENTO C/ TRABALHO - Grau de envolvimento psicológico com o trabalho decorrente do relação desempenho – autovalorização COMPROMISSO ORGANIZACIONAL - Grau de envolvimento psicológico com a organização, suas metas e desejo de manter-se ligado a ela. AULA 4 CHRISTOPHE DEJOURS – BREVE BIOGRAFIA No final da década de 1970 lidera um grupo interessado na restauração da integridade e dignidade do homem no papel de produtor, culminando na publicação de um livro em 1980 cujo título era “Trabalho: Desgaste Mental – Um Ensaio de Psicopatologia do Trabalho”. ”, transformado em livro e publicado no Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio Brasil sete anos depois – “Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho”. A obra continha como núcleo central a sua “clínica do trabalho”: o conflito entre organização do trabalho e funcionamento psíquico. os trabalhadores não se mostravam passivos em face das exigências e pressões organizacionais, e, sim, capazes de se proteger dos efeitos nefastos à saúde mental. Esse trabalho clínico levou Dejours a deslocar seu foco investigativo das doenças mentais geradas pelo trabalho para o sofrimento e as defesas contra esse sofrimento. Apesar da violência da organização do trabalho, a normalidade (equilíbrio instável, precário, entre sofrimento e defesas) é que se configurava como enigma. Decorrente desse seminário propõe em 1992 a Psicodinâmica do Trabalho, incorporando as questões anteriores de psicopatologia. Não parou mais de clinicar e publicar livros e artigos PSICODINÂMICA DO TRABALHO Estuda as características do trabalhador concreto, sensível, reativo e sofredor, estimulado por uma subjetividade no contexto ocupacional e controlado pela organização do trabalho. Prazer, sofrimento e mecanismos de defesa no trabalho. Vivências de prazer e sofrimento inerentes ao trabalho e mecanismos de defesa para proteger a saúde mental/ocupacional Depois, indivíduo versus organização do trabalho - processos de subjetivação (pensar, agir e sentir individual e coletivo)Inteligência prática, personalidade e cooperação Mobilização e engajamento do trabalhador (mecanismos de defesa para manter a normalidade ocupacional) Manutenção da saúde ocupacional PRAZER E SOFRIMENTO Elementos de prazer: Satisfação Reconhecimento Liberdade Elementos de sofrimento: Insegurança Instabilidade Desgaste ADVERTÊNCIA CLÍNICA-METODOLÓGICA PESQUISADORES ESTUDANDO FORMAS DE ELIMINAR O SOFRIMENTO NO TRABALHO EQUÍVOCO Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio TRABALHADORES NÃO PROCURAM SITUAÇÕES DE TRABALHO SEM SOFRIMENTO NEGAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE SOFRIMENTO Indivíduos são movidos por desafios, fazendo uso do sofrimento para que descobertas e criações socialmente e humanamente úteis possam aflorar. Conferência de reconhecimento, identidade e transformação ao indivíduo MECANISMOS DE DEFESA Mecanismos, individuais ou coletivos, buscados pelo trabalhador para modificar, transformar e minimizar a percepção da realidade que provoca o sofrimento (manter a normalidade) PSICODINÂMICA DO SOFRIMENTO NO TRABALHO INDIVIDUAIS O sofrimento é interiorizado pelo indivíduo (inconsciente) - (racionalização, anulação, deslocamento, idealização, projeção, negação e etc) COLETIVAS O grupo compartilha o sofrimento e encontra conjuntamente soluções para lidar com as situações que o geram (consciente) - mobilização coletiva (passividade, cooperação, confiança e etc) Resultados de sofrimento: Divisão e padronização das tarefas Baixo aproveitamento da criatividade e potencial técnico Hierarquia rígida (centralização) Procedimento burocráticos em demasia Falta de participação nas decisões Falta de reconhecimento Falta de perspectivas de crescimento profissional] Isso resulta em AUTOMATISMO, ENVOLVIMENTO MENOR COM A TAREFA E MECANISMOS DE DEFESA TIPOLOGIAS DO ESTRESSE BIOLÓGICO Estresse não é doença é um estado de tensão Estresse crônico é aquele que não cessa, ou permanece, potencializa o aparecimento de doenças na pessoas. PSICODINÂMICA DO PRAZER NO TRABALHO O trabalho como “estruturante psíquico” – libertação e realização do indivíduo Ressignificação do trabalho – espaço para a mobilização subjetiva dos recursos psicológicos e discussão pública sobre o trabalho Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio O reconhecimento do esforço em prol da organização – utilitário e estético Confiança da organização para a autonomia e liberdade de expressão PRAZER NO TRABALHO X SOFRIMENTO DO TRABALHO MECANISCO DE DESEFA (INCONCIENTE) ESTRATÉGIA DE DEFESA (CONCIENTE) É DE CURTA DURAÇÃO EFEITO MAIS FISICO MECANISMOS DE DEFESA X ESTRATÉGIAS DE DEFESA MECANISMO DE DEFESA (INCONCIENTE) Os mecanismos de defesa se referem aos dispositivos interiorizados pelos indivíduos com o propósito de proteger a integridade do ego sendo, portanto, mobilizados de forma inconsciente ESTRATÉGIA DE DEFESA (CONCIENTE) é de curta duração efeito mais fisico As estratégias de defesa são construídas conscientemente pelo trabalhador para lidar com as idiossincrasias (um indivíduo reaja de maneira pessoal à influência de agentes exteriores) características da organização do trabalho que porventura sejam causadores de sofrimento Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio EXEMPLO A estratégia consciente de ir à igreja para pedir proteção divina frente a um problema vivenciado no trabalho pode suscitar o entendimento de que essa ação mobiliza o mecanismo inconsciente chamado de “deslocamento”. Os mecanismos e as estratégias de defesa protegem a atividade psíquica, mas não promovem a emancipação porque não implicam uma mobilização capaz de transformar da realidade provocadora do sofrimento. Portanto, favorecem a adaptação do trabalhador à organização do trabalho, fato que, ao longo do tempo, pode conduzi-lo à alienação ou ao agravamento do sofrimento. KELLY 1 – O que são os Mecanismos de Defesas¿ Cite pelos menos 3 Mecanismos de Defesas são estratégias interiorizadas pelo sujeito com a finalidade de proteger a integridade do ego de forma inconsciente. Transformando e minimizando a percepção da realidade que provoca o sofrimento (manter a normalidade) Deslocamento – transferência de emoção de um objeto para outro objeto. Negação – modo de evitar a percepção de algo indesejado substituindo-a por outra realidade fictícia. Idealização – atribuição de qualidade positiva exagerada a um objeto elevando a um grau de perfeição 2 – Qual a diferença entre comportamento e atitude¿ Atitude é intenção e comportamento é ação 3 – O que é o CHA¿ É o tripé da Psicodinamica do trabalho. Conhecimento (Saber o pq das coisas), Habilidade (O saber fazer o que aprendi) e Atitude (é além de fazer e saber é transformar os comportamentos). 4 – Quais as três competências¿ Competências técnicas – Conhecimento e habilidade. Saber teórico e saber fazer. Competências comportamentais e sociais – Comunicação, flexibilidade, criatividade, inovação, motivação, liderança, relacionamento, otimismo, coragem, resiliência etc. Saber ser 5 – Fale sobre Dejour. Nasceu em Paris em 1949, é um médico francês, com formação em psicossomática e psicanálise. Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio No final da década de 1970 lidera um grupo interessado na restauração da integridade e dignidade do homem no papel de produtor. Publicou um livro em 1980 cujo título era “Trabalho: Desgaste Mental – Um Ensaio de Psicopatologia do Trabalho”, transformado em livro e publicado no Brasil sete anos depois – “Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho” Esse trabalho clínico levou Dejours a deslocar seu foco investigativo das doenças mentais geradas pelo trabalho para o sofrimento e as defesas contra esse sofrimento 6 – Fale sobre elemento de prazer e sofrimento do trabalho. Elementos de prazer: Satisfação Reconhecimento Liberdade Elementos de sofrimento: Insegurança Instabilidade Desgaste 7 – Em que consiste a psicodinâmica do trabalho, segundo Dejour¿ A psicodinâmica do trabalho estuda as características do trabalhador concreto, sensível, reativo e sofredor, estimulado por uma subjetividade no contexto ocupacional e controlado pela organização do trabalho. É dividido em prazer, sofrimento e mecanismos de defesa no trabalho. A psicodinâmica do trabalho é uma abordagem científica, desenvolvida na França na década de 1980 pelo psicanalista Christophe Dejours, que investiga os mecanismos de defesa dos trabalhadores frente às situações causadoras de sofrimento decorrentes da organização do trabalho. Mecanismo de defesa são inconscientes. Estratégias são conscientes e de curta duração, além de ser mais físico. Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio PARTE 2 A CLÍNICA DO TRABALHO É a principal ferramenta que busca desenvolver a Saúde mental e do trabalho. Partindo do trabalho -> se deslocando -> retornando constantemente a ele. Não é o lugar da cura porque o sujeito retorna ao trabalho. A clinica visa Intervir em situações concretas de trabalho, compreender os processos psíquicos envolvidos e formular avanços teóricos e metodológicos reproduzíveis ao contexto organizacional e social, de modo a ressignificar o sofrimento e transformá-lo em prazer. O sujeito é a base para a clínica do trabalho. Deve ser escutado (Psicanálise) para se posicionar em busca condições ocupacionais adequadas e conforto (Ergonomia). A ESCUTA ANALÍTICA Interpretação é o ato de investigar os diversos significados das falas, dos gestos, das posturas, dos tons de voz. A interpretação foi feita durante a sessão e, sobretudo, após a sessão, pelo coletivode clínicos em supervisão. A interpretação ideal seria aquela que desmonta um sistema defensivo e reconstrói um outro de maneira a enfatizar um elo entre sofrimento e trabalho. A clínica é do trabalho, não do sujeito. Reconstruir um significado, ou seja, transformar em ação o que estava paralisado. Transferência usada na escuta clinica do sofrimento (psicanalise). A transferência propicia a circulação do afeto. É através dela que o sujeito se sente confiante e quer falar. O sujeito é o porta-voz de uma situação. Quando a clínica for coletiva, pode surgir a transferência negativa, com expressões de agressividade entre os membros do grupo. A função do clínico é tornar-se um elo nessa cadeia de escuta. A demanda – Escuta e a discussão das dimensões que a envolvem como a necessidade, a queixa, o sintoma e o desejo, seja da demanda individual ou coletiva. A demanda nunca será satisfeita, já que o desejo constitui-se na falta. O clínico deve explicitar os riscos da fala e da escuta, pois elementos inconscientes contornam a demanda. A clínica não é destinada à salvação ou cura, mas à adaptação ao trabalho. A intervenção – Dejours propõe a criação de um espaço público de deliberação. A confrontação de opiniões sobre o trabalho permite as pessoas pensarem individual e/ou coletivamente. Se o trabalhador é capaz de pensar o trabalho, de elaborar de simbolizar e de chegar a uma interpretação, ele tem a possibilidade de negociar, de buscar um novo sentido partilhado, de transformar e de fazer a Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio organização do trabalho evoluir. A intervenção permite ampliar a participação dos trabalhadores. Resultado pós-intervenção - Os espaços de fala e cooperação proporcionaram a mobilização subjetiva da equipe por meio da solidariedade entre os participantes e a reorganização coletiva do trabalho realizado, considerando as peculiaridades individuais, visando formular maneiras de se trabalhar que melhoraram o ambiente e, consequentemente, a produção. BASE EMPÍRICA DAS QUESTÕES SOCIAIS ASSOCIADAS AO TRABALHO E À SAUDE MENTAL Dejours observou que não havia nenhuma síndrome psicopatológica, então deixou de estudar as doenças para estudar os eventos. Assim, o foco de seus estudos estendeu-se para a investigação dos conflitos entre os constrangimentos causados pela maneira como um trabalho se organiza e o funcionamento psíquico dos trabalhadores. O autor encontrou fatos que apontavam que mesmo em contextos extremamente precários e com tarefas caracterizadas como monótonas, repetitivas e pouco significativas, para os trabalhadores mantinha-se um estado de normalidade que prevalecia sobre o adoecimento. A TEORIA CRÍTICA SOCIAL Proposição de uma teoria crítica amparada em disciplinas como a filosofia, a ergonomia, a sociologia e a psicanálise. Foco na importância do trabalhador para construir o saber sobre o que ele mesmo faz. Abordagem em constante construção, porque as mudanças não cessam de acontecer no mundo do trabalho. Marca essencial da abordagem: a relação homem-trabalho sem se afastar da realidade econômico-social. O aumento de riqueza é diretamente proporcional ao aumento do sofrimento e das patologias. Como as novas formas de organização produtiva associam-se à gênese das novas maneiras de servidão voluntária e do sofrimento ocupacional. Quando a empresa cresce os trabalhadores sofrem. Uma novidade para empresa causa sofrimento. As novidades traz servidão voluntaria do trabalho. Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio A CRÍTICA SOCIAL O trabalho é não só um meio de sobrevivência e produção, mas também uma forma de se fazer viver e de se sentir vivo é ação e também oportunidade de constituir uma coletividade, de viver junto. O mundo ocupacional está cheio de armadilhas e ameaças, observando-se o crescimento dos conflitos psíquicos vindos da organização do trabalho e o esmagamento do sujeito entre o desejo de trabalhar e a obrigação de servir, incitada pela competitividade no trabalho. Os trabalhadores se veem ilhados em seu trabalhar e o que poderia se constituir como atividade social e propícia para o coletivo torna-se um grande campo de batalha. A solidão e o medo se tornam características do trabalhar. O IMOBILISMO SÓCIO-OCUPACIONAL Dificuldade para reagir coletivamente. Vergonha de protestar quando se percebe que muitos trabalhadores são mais desfavorecidos. A lógica é que se você tem emprego, é um privilegiado. Se ganha bem, mais ainda – não podendo pensar em reclamar. DESDOBRAMENTOS O espaço reservado no interior das organizações para a discussão do sofrimento tornou-se tão restrito, produzindo situações dramáticas jamais vistas anteriormente de forma tão intensa, com tentativas de suicídio ou suicídios consumados no local de trabalho, indicando provavelmente o sofrimento e a falta de interlocutores para o tratamento do tema. Para a Psicodinâmica do Trabalho, a construção de um espaço público de discussão possibilita o rompimento desse silêncio que é estimulado a cada dia pelas novas formas de organização do trabalho. Quando se sente reconhecido, o trabalhador se sente aceito, admirado e tem liberdade para expressar sua individualidade no ambiente de trabalho, podendo usufruir e contar com um espaço para (si) constituir, para se expressar e não só produzir para sobreviver, de modo a alienar-se ao desejo de produção do sistema. DOMINAÇÃO E OPRESSÃO NO TRABALHO Os trabalhadores são cada vez mais conduzidos a arruinarem sua saúde para conservá-la. E isto, de certa modo, em nome do trabalho. As empresas obedecem muito facilmente a uma tentação: requalificar as “situações de trabalho frágeis ou vulneráveis” em “fragilidade ou em vulnerabilidade pessoal”. Assim, tendem a “reformar os comportamentos fragilizados e vulnerabilizados” em vez de “transformar as situações de trabalho” que conduzem os trabalhadores ao Tópicos Integradores I (Psicologia)_Luiz Carlos Honorio sofrimento e, por consequência, ao adoecimento ocupacional - HIGIENISMO EMPRESARIAL PROPOSTA OCULTA DO HIGIENISMO “Endireitar” o comportamento fragilizado e vulnerabilizado dos trabalhadores quando na realidade estão tentando endireitar as organizações (competividade do mercado). Essa inversão traz certa paz e tranquilidade para os empresários. É como se fossem abertos nas empresas, em termos de saúde mental no trabalho, “corredores humanitários” sobre o campo das “guerras econômicas”. Nesse sentido, sustentam que o estresse dos assalariados que precisa ser tratado, quando, na verdade, é o trabalho que está doente e aqueles que o realizam se encontram impedidos de cuidar dele. Os objetivos alcançados pelas empresas, desinvestidos de afeto pelos trabalhadores, perdem seu sentido para eles. E aqueles que realmente querem alcançar, ficam de lado e, aos olhos de muitos trabalhadores passam a ser desacreditados como se fossem utopias. É essa própria imaginação que se torna para eles um obstáculo a ser vencido para se trabalhar dentro da “normalidade”. Trabalhar nessas circunstâncias é vivenciar a passividade ou um impedimento de mudar a organização do trabalho. A CONSEQUÊNCIA VISÍVEL DO HIGIENISMO EMPRESARIAL TRABALHO IMPEDIDO Para que o trabalho seja fonte de saúde mental é importante a mobilização das condições políticas capazes de levá-lo à mobilização da inteligência prática, do espaço de discussão, da cooperação e do reconhecimento no trabalho possibilitando o sofrimento criativo e o prazer, e consequentemente, a conquista da saúde. A falha no emprego desses mecanismos levaria aos sintomas e ao adoecimento.