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Aos setenta e dois anos, Dona Lúcia notou uma mancha avermelhada e quente na perna direita. No começo pensou tratar com um creme velho que sobrara de outro tratamento, mas a área inchou, a dor aumentou e, numa manhã de domingo, a filha a levou ao pronto atendimento. A narrativa desse episódio — comum em consultórios e lares de longa permanência — é um ponto de partida para entender como doenças infecciosas cutâneas em idosos não são apenas afecções locais: revelam fragilidades sistêmicas, desafios de gestão clínica e implicações sociais que merecem investigação e ação coordenada.
Em tom jornalístico, pesquisadores e profissionais de saúde alertam que a pele do idoso é um órgão vulnerável. O processo de envelhecimento reduz a espessura do estrato córneo, diminui a produção de lipídeos e altera a microcirculação; a barreira cutânea torna-se menos eficiente e, com isso, a colonização por microrganismos oportunistas torna-se mais frequente. Além disso, a imunossenescência — declínio da resposta imune adaptativa e inata — facilita tanto infecções primárias quanto complicações de infecções latentes, como o herpes zóster. Esses fatores, somados a comorbidades prevalentes na população idosa (diabetes, insuficiência venosa, estase linfática), criam um terreno fértil para episódios de cellulites, erisipelas, candidíase intertriginosa, micoses tóxicas e escabiose.
Do ponto de vista dissertativo-expositivo, é útil classificar as infecções cutâneas por agentes e por contexto clínico. Infecções bacterianas agudas, como erisipela e celulite, costumam ter início após uma brecha na pele — uma úlcera, uma fissura em pacientes com pé diabético, ou mesmo pequenos traumas. Agentes como Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus são predominantes. Infecções virais de relevância incluem o herpes zóster, cuja reativação do vírus varicela-zóster é mais provável com a idade; além da dor e das lesões cutâneas, a neuralgia pós-herpética pode resultar em incapacidade prolongada. Fungos e leveduras produzem quadros crônicos em dobras cutâneas ou em unhas, com impacto sobre mobilidade e risco de superinfecção. A escabiose, por sua vez, ganha destaque em ambientes coletivos, onde a proximidade e a fragilidade do idoso favorecem surtos.
O diagnóstico é essencialmente clínico, mas exige investigação complementar quando houver sinais de gravidade ou resposta terapêutica inadequada. Hemoculturas, culturas de exsudato, sondagens PCR e, em casos atípicos, biópsia cutânea ajudam a identificar o agente e a orientar o tratamento. A antibioticoterapia deve considerar o espectro provável e a farmacocinética alterada em idosos: função renal reduzida, interações medicamentosas e risco de reações adversas impõem atenção à dose e ao monitoramento. Antivirais precoces no herpes zóster diminuem a carga viral e a incidência de complicações, enquanto antifúngicos tópicos ou sistêmicos são indicados conforme extensão e gravidade.
Prevenção e controle ocupam um capítulo à parte. Higiene da pele, hidratação regular com emolientes, atenção ao cuidado dos pés, controle glicêmico em diabéticos e manejo de úlceras venosas reduzem a ocorrência de infecções secundárias. Em instituições, protocolos de vigilância e isolamento quando necessário, triagem de contato e educação continuada de cuidadores minimizam surtos. A vacinação contra herpes zóster é uma ferramenta preventiva comprovada para reduzir incidência e severidade — uma medida de saúde pública subutilizada em muitos contextos.
No estágio comunitário e familiar, as decisões clínicas frequentemente se cruzam com fatores sociais: isolamento, limitação de acesso a consultas especializadas, uso indiscriminado de corticóides tópicos por não especialistas e polimedicação complicam o curso das doenças. Jornalistas de saúde têm destacado casos emblemáticos nos quais feridas crônicas não tratadas evoluíram para infecções sistêmicas com necessidade de hospitalização. A literatura enfatiza que intervenções multidisciplinares — envolvendo dermatologistas, geriatras, enfermeiros e fisioterapeutas — promovem melhores desfechos.
Voltando à história de Dona Lúcia: o diagnóstico clínico foi de erisipela; antibióticos por via venosa iniciaram-se no pronto atendimento, seguido de tratamento domiciliar e orientação para cuidados da pele. A família recebeu instruções sobre sinais de alarme e sobre a importância de hidratar a pele, controlar a glicemia e evitar medicamentos tópicos sem prescrição. A melhora foi gradual, mas o episódio serviu de gatilho para revisão de fragilidades: a visita regular ao médico, programas de vacinação e treinamento domiciliar para a cuidadora foram implementados.
Conclui-se que as doenças infecciosas cutâneas em idosos demandam olhar integrado: reconhecimento precoce, terapêutica adequada e ações preventivas que considerem as alterações fisiológicas do envelhecimento e o contexto social. Em um país que envelhece, investir em capacitação de profissionais, políticas de prevenção (incluída a vacinação), e em acesso a cuidados continuados é imperativo para reduzir morbi-mortalidade e preservar qualidade de vida. A pele, porta de entrada e espelho da saúde do idoso, merece atenção clínica e pública proporcional ao seu papel.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Quais são as infecções cutâneas mais comuns em idosos?
R: Celulite/erisipela, herpes zóster, micoses de pele e unhas, candidíase intertriginosa e escabiose.
2) Por que idosos têm maior risco?
R: Devido à imunossenescência, pele mais fina e seca, comorbidades (diabetes, insuficiência venosa) e exposição em instituições.
3) Quando procurar atendimento médico?
R: Ao surgirem febre, dor intensa, área em rápida expansão, sinais de necrose, ou quando lesão não melhora com cuidados básicos.
4) Como prevenir surtos em lares de longa permanência?
R: Higiene, triagem de novos residentes, isolamento de casos suspeitos, educação de cuidadores e vigilância contínua.
5) Vacinas ajudam?
R: Sim — a vacina contra herpes zóster reduz significativamente incidência e severidade; outras vacinas (influenza, pneumocócica) diminuem complicações sistêmicas.

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