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A tradução foi efetuada pelo grupo Sunshine Books, fãs e 
admiradores da autora, de modo a proporcionar aos leitores e também 
admiradores o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O 
objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no 
Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os aos admiradores, sem 
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adquirirem as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, 
não poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o 
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utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou 
indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998. 
 
 
 
 
 
 
 
Cadee está exatamente onde quer estar. Profundamente 
inserida no círculo interno da realeza da High Court, com Cooper ao 
seu lado. Os segredos sombrios da tumba estão ao alcance, mas nada 
é de graça no mundo da elite dos ricos de sangue azul e desta 
vez... todos devem pagar um preço. 
 
 
 
Você quer os diamantes? 
Você quer a mansão? 
Você quer o lago, os barcos e os carros? 
Você quer a segurança? 
E o homem? 
Então você faz o que lhe é dito. 
Eu moro em seu castelo. 
Eu me sento a seus pés. 
 
 
Eu uso sua coleira. 
Eu sou sua oferta. 
Os Escolhidos... a Classe Governante. 
Eles são uma raça à parte. 
E sim, esse pedigree é importante. 
Não é qualquer um que pode se elevar e se tornar igual. 
É preciso sacrifício. 
 
 
Bully King é um romance adulto, sombrio e agressivo da autora 
best-seller do New York Times JA Huss. A classe dominante desafiará 
Cadee muito além de seu nível de conforto. Ela pode pensar que está 
apenas jogando junto para obter a verdade sobre quem realmente é, 
mas esta sociedade secreta cheia de elites de sangue azul tem uma 
maneira de fazê-la querer servir. 
 
 
 
 
 
 
Ser criativo é difícil. 
Super. Porra. Difícil. 
E é tentador procurar atalhos. 
Muito. Porra. Tentador. 
Então aqui está a todas vocês poderosas 
Surpreendentes 
Vadias criativas 
Que não mentem 
Ou trapaceiam 
Ou roubam 
Seu caminho para o sucesso. 
Você é uma maldita estrela do rock. 
 
 
 
 
 
A noite está insuportavelmente quente, como a maioria das 
noites de agosto por aqui. Espessa como a água do lago que não para 
na costa, mas segue você como algo perdido e procurado. 
Também está silenciosa. Apenas três sons, na verdade. Ondas 
batendo ao longo da praia há muito esquecida atrás da Old Alumni 
Inn, meus batimentos cardíacos acelerados e uma série de 
respirações irregulares. 
Nossos corpos estão escorregadios de suor e balançam como se 
fossem um só na enorme rede de corda pendurada nas vigas da 
varanda. Mas é o tipo de suor obtido pelo prazer. Prova de que nem 
mesmo a noite úmida de agosto nos separará. 
A varanda e a rede são as melhores coisas do quarto que Cadee 
e eu escolhemos na pousada. O quarto em si precisava de muito 
trabalho, algo que descobrimos naquela noite em que ela veio me 
salvar porque começou a chover por volta das quatro da manhã e a 
água entrou em questão de minutos de buracos escondidos. 
 
 
A Old Alumni Inn foi abandonada por dez anos por um motivo. E 
todos nós estávamos duvidosos ao amanhecer. 
Acredite ou não, foi Isabella quem se tornou a defensora da 
pousada. Sempre que um de nós recusava o trabalho que precisava 
ser feito no local apenas para torná-la habitável, ela apontava um 
detalhe arquitetônico ou algum pedaço da história que a tornava 
especial e salvável. 
— Não precisamos de nada especial — disse Selina. — Temos 
mais um ano. Quem se importa onde vivemos? 
Isabella se importava. 
E Cadee. Já que foi o pagamento de um milhão de dólares de 
Dante que pagou a conta e ela é uma caloura, não uma veterana. 
Todos nós ficamos sem nosso dinheiro e privilégios uma hora 
depois de minha última palavra com meu pai. Mas sabíamos que isso 
aconteceria, e se passaram três semanas entre a compra da pousada 
e meu discurso ao pôr do sol na tumba. Trabalhamos muito durante 
essas três semanas. E as duas desde então, também. 
E embora eu também tivesse minhas dúvidas, está funcionando 
bem. 
Aprendi a gostar das tábuas soltas no piso e do gesso 
descascando. Talvez vendo o lugar pelos olhos de Isabella em vez dos 
meus. 
— O que você está pensando? 
 
 
A pergunta de Cadee me faz sorrir na escuridão enquanto os 
grilos entonam sua canção de verão e, aos poucos, vão apagando o 
silêncio e transformando-o em outra coisa enquanto continuamos a 
balançar na rede. 
— Cubos de gelo. — E então a rede balança forte enquanto eu 
me afasto de nossos corpos emaranhados. 
— O que? Aonde você vai? 
— Espere, por favor. 
Então entro e visto um par de shorts, apreciando sua risada 
confusa enquanto saio do nosso quarto e desço para a cozinha. 
Tudo range enquanto caminho pela casa. Tábuas do assoalho, 
escadas – inferno, até mesmo o corrimão chacoalha quando pego a 
tampa em forma de alcachofra no patamar e pulo os quatro degraus 
restantes. 
Alguém está na cozinha e fico surpreso ao encontrar Ax em 
frente à nova geladeira de aço inoxidável, iluminada pela luz interna, 
segurando uma jarra de leite nos lábios. Paro antes que ele me veja 
e olho para a parte superior de seu corpo. Nas tatuagens – não 
apenas os familiares leões lutando em seu peito, mas os demônios e 
diabo ao longo de seus braços. Então meus olhos vão para as 
cicatrizes em suas costas e eu me livro do feitiço que ele lança. 
— Cara. 
 
 
Ax se vira, é pego e ri na jarra – o que é simplesmente nojento – 
mas continua engolindo. Em seguida para, respira, limpa a boca com 
a parte de trás do pulso e sorri para mim. 
— Quantas vezes eu já disse para você não beber da porra da 
jarra, Ax? Todos nós bebemos esse leite. 
Ele tampa o leite, desliza-o para a prateleira e fecha a porta de 
forma que a única luz que resta seja filtrada por uma varanda 
lateral. — Quantas vezes eu já disse para você não foder Cadee na 
porra da varanda? 
— Está quente lá fora, cara. Muito quente para fazer sexo aqui 
dentro. 
— Ei. — O largo sorriso de Ax vem com um encolher de 
ombros. — Não me importo onde você transa com ela. E você não 
deve se importar como eu bebo meu leite. 
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. 
Ele inclina a cabeça para mim na escuridão. — Não? 
— O que você faz acordado? 
— Bem — suspira. — Eu estava me masturbando com vocês 
dois... 
Eu sorrio. Sei que não deveria, mas eu sorrio. 
—... E então, quando terminamos, eu queria um pouco de leite. 
— Nós, Ax? 
 
 
Ele dá um encolher de ombros. — Gosto de acertar o timing, 
sabe? Meio que traz tudo para casa da maneira certa. 
— Cara. Não dá. Está muito quente para lidar com você agora. 
— Abro o freezer, pego a forma de gelo e a levo até o balcão para 
procurar uma tigela. 
Mas Axe tem estado diferente desde que nos mudamos para a 
pousada. Ele tira a camisa agora. Essa é a mudança mais óbvia. O 
que sua mãe fez— E odeio dizer isso... — ele olha para Cooper 
de novo — mas precisamos voltar lá e ver o que diabos eles estão 
fazendo. 
— Estamos autorizados? — pergunto a Cooper. 
— Na verdade, todos nós fomos convidados. Tenho certeza de 
que eles estão nos esperando. 
— Até eu? — pergunto. 
Cooper e Ax acenam com a cabeça. Mas não sorriem. 
Nós três suspiramos coletivamente. Segredos é uma 
merda. Especialmente quando você tem esse plano muito bom posto 
 
 
em ação pelo malvado Dante e agora percebe que não tinha todos os 
fatos quando esse plano foi feito. 
— Tudo bem, então. Quero ir. Preciso saber o que diabos está 
acontecendo. Aquela palavra. Criada para ele, Cooper? O que isso 
significa? Tipo... minha mente está indo a lugares, sabe? Lugares 
realmente escuros e nojentos. 
— Não sei — insiste. — Mas precisamos parar de fingir que as 
coisas não estão acontecendo só porque não estamos 
participando. Porque, claramente, essas pessoas estão agindo 
normalmente, quer façamos parte disso ou não. 
— E obviamente aqueles segredos que pensávamos ter? 
— digo. — Não são muito secretos. 
— Sim — concorda Cooper. — Mas talvez Dane esteja 
mentindo? Por que meu pai nos deixaria em paz por todas essas 
semanas se não estivesse preocupado com eles? 
— Ele nos deixou em paz? — pergunta Ax. — Ou, como você 
disse, eles simplesmente prosseguiram sem nós? Porque uma 
semana atrás estávamos todos na mesma página. E agora, todo 
mundo mudou. 
— Não sabemos — digo isso porque quero acreditar, não porque 
sei. Abaixo minha voz. — Quero dizer, todo o plano envolve discrição. 
— Todo o plano — diz Ax — envolve todos fazendo sua 
parte. Você não viu todos os candidatos na sala de jantar, 
Cadee. Todos estavam sorrindo. 
 
 
— Então eles estão fora? 
Ambos apenas dão de ombros para mim. 
— Vamos — diz Cooper, pegando minha mão. — Quanto mais 
soubermos, melhor para nós. 
 
 
 
Estive na sala de jantar do Presidente várias vezes, mas 
minhas visitas foram tão poucas que entrar ainda me deixa sem 
fôlego. As cortinas de veludo azul royal e franjas douradas que 
emolduram as janelas de parede a parede com vista para o campus 
da faculdade e para o lago proporcionam uma vista inicial de tirar o 
fôlego. E os muitos lustres de cristal pendurados no teto são como 
uma lição de opulência. 
Paramos na porta. Principalmente porque não sabemos o que 
fazer a seguir. A sala está cheia de mesas cheias de 
pessoas. Quarenta, para ser exato. Conheço esse pequeno fato por 
trabalhar aqui com minha mãe algumas vezes. Algumas delas têm 
um jovem – reconheço nossos candidatos deste verão, além de mais 
cerca de uma dúzia de rostos apenas de vê-los pelo campus – e nessas 
mesas, suas famílias sentam-se com eles. O Presidente está no topo 
da sala, onde está um pequeno pódio. Não reconheço o resto das 
pessoas, mas quando vejo Dane e sua esposa – além do outro irmão 
 
 
de Cooper, Jack, e sua esposa – concluo que todos já foram 
candidatos. 
Não. Essa é a palavra errada. 
Eles são membros recentes. Totalmente inseridos na Sociedade 
Fang e Feather. 
Em seguida, o estalo. Esta é uma reunião oficial. 
— Lá estão eles! — berra o Presidente do outro lado da sala. 
Todo mundo se vira para olhar para nós e quero derreter. Mas 
Cooper segura uma das minhas mãos e Ax com a outra. Ambos me 
dão um pequeno aperto de coragem. 
— Aqui, crianças — diz o Presidente, apontando para uma mesa 
bem em frente ao pódio. 
Nós três inspiramos profundamente ao mesmo tempo. Como se 
nos preparando para o que pode vir a seguir. Em seguida, passamos 
por todas as outras mesas até a mesa da frente. 
Existem três talheres com três anotações nas placas. 
Ax está sentado à minha esquerda e Cooper está sentado à 
minha direita. 
Nós nos sentamos e chuto minha sacola da livraria sob a toalha 
de mesa azul claro. 
Estranho. Tudo isso é estranho. 
 
 
Os garçons aparecem – nenhum dos quais eu reconheço – e então 
temos água, e alguém traz café e suco, e então um prato de frutas é 
colocado na frente de Ax e um prato de doces é colocado na frente de 
Cooper. 
— O que é isso? — pergunto, inclinando-me para Cooper. 
Mas antes que ele possa responder, o Presidente diz — Bem-
vindos ao brunch anual Fang e Feather para novos iniciados. Temos 
muitas notícias boas para dar hoje. 
— Sério? — sussurra Ax e ri. Então ele olha ao redor e sigo seu 
olhar para a mesa à nossa direita, onde seu pai está 
sentado. Sozinho. 
— Não sou só eu. Isso é estranho? Certo? — sussurro para 
Cooper enquanto o Presidente continua falando. — Quero dizer, 
sentar nós três juntos quando todo mundo está com suas famílias? 
— Então olho para trás e vejo Mona de relance. — Olha, até Mona 
está sentada com seus guarda-costas. 
— Ele está tramando alguma coisa — diz Cooper. — E nós 
caminhamos direto para ele. 
— Em primeiro lugar — diz o Presidente — vamos dar as boas-
vindas aos nossos legados. Quando eu chamar seu nome, por favor, 
junte-se a mim no pódio. Sophie Bettington. — Ele faz uma pausa 
enquanto a sala bate palmas e Sophie, corando em um rosa brilhante 
que combina com seu vestido de renda recatado, se levanta e sorri 
sem jeito. Em seguida, caminha até o Presidente. 
 
 
— Próxima, Mona Monroe. Venha aqui, Mona — incita o 
Presidente. Como se Mona pudesse ter outra escolha. Mas ela está 
jogando o jogo agora. E olho para Dante, que sorri para ela enquanto 
ela sobe para o pódio. Acho que eles fizeram as pazes com o acordo. 
— E por último, mas certamente não menos importante, Cadee 
Hunter. 
Meu próprio nome ecoa em minha cabeça enquanto a sala bate 
palmas. 
— O que? — digo, olhando para o Presidente. 
— Venha, Cadee. Não seja tímida. 
A sala continua batendo palmas enquanto hesito. — Que diabos? 
— sussurro. 
— Jogue junto — diz Cooper, seus dentes cerrados em um 
sorriso. 
Mas. Não. Não após Dane me emboscar no escritório da 
tesouraria. Não jogarei junto. — Sinto muito, Presidente — digo 
baixinho, ainda no meu lugar, mas ele está literalmente bem na 
minha frente, então não há chance de que ele não esteja ouvindo 
meus protestos. — Não sou um legado. 
— Oh, você é, Cadee. Ambos os seus pais eram membros da Fang 
e Feather. E se você fizer a gentileza de se juntar as suas 
companheiras no palco, podemos continuar com o seu memorial e a 
dedicação. 
 
 
Mesmo assim, eu hesito. 
Ouvi essas palavras corretamente? Memorial? 
— Cooper, eu acho que seu par precisa de ajuda. Por favor, 
acompanhe-a. Ela está emocionada. 
Cooper suspira. Fortemente. Mas ele raspa sua cadeira no chão 
e se levanta, me oferecendo sua mão enquanto se inclina em meu 
ouvido. — Cinco minutos, Cadee. Tudo acabará em cinco minutos e 
então partiremos, voltaremos para casa e esqueceremos que 
aconteceu esta manhã. 
Eu o deixo me colocar de pé enquanto a sala continua 
aplaudindo. E quero acreditar. Realmente quero acreditar que em 
dez minutos estaremos no Camaro e voltando para a pousada. De 
volta à nossa nova casa. 
Mas sei que não é assim que este dia acabará. 
Porque se eu sou um legado e meus pais fizeram parte da Fang 
e Feather, então minha vida é uma mentira. 
Eles mentiram para mim. 
 
 
 
 
 
 
— Quantas vezes posso dizer isso hoje? Que porra é essa? 
— sussurra Ax. 
Não tenho uma resposta para ele. Sinto que entramos no trem 
da loucura por volta das nove da manhã e não temos passagem de 
volta para casa. 
Cadee se junta a Mona e Sophie na frente da sala – ao lado de 
meu pai, o que me faz ferver. Primeiro Isabella e agora, Cadee. Sem 
mencionar todos os outros candidatos. E Ax. Apenas Lars parece ter 
escapado – mas então, quando viro minha cabeça para a esquerda, o 
vejo sentado com seus pais. Seus olhos estão em Cadee e meu pai já 
está falando novamente, então ele nem me nota. 
— Bem-vindas, legados! — Meu pai bate palmas, então o resto 
da sala o acompanha novamente. Em seguida, o Presidente levanta 
as mãose dá um tapinha no ar, pedindo silêncio. Seus bajuladores 
respondem com obediência aparentemente inabalável e silenciam. 
 
 
— Quão bem vocês as conhecem? — pergunta meu pai. — 
Provavelmente não o suficiente. — Ele apresenta Mona. Fala sobre a 
história da família dela – é longa. Quer dizer, Lago Monrovian? E a 
cidade vizinha de Monróvia? Todo mundo sabe de onde veio seu 
nome. A família Monroe se assentou nesta área. Uma das primeiras 
famílias da High Court. 
Mas não é mais uma família de verdade, é? 
Não me lembro de haver alguém na mansão ao lado, exceto Mona 
e seus malditos guarda-costas. Se ela teve pais – e é claro que teve, 
todos nós temos – eles nunca viveram lá. 
Meu pai passa para Sophie. Seu rosto pálido está manchado e 
seu cabelo vermelho demais está um pouco esvoaçante porque ela 
está perto de uma saída de ar condicionado. Agora dela, não sei 
nada. Tenho visto os Bettingtons por aí, é claro. Estão em todas as 
festas normais e sei que têm uma mansão no lago, então são 
definitivamente um dos da plateia. Mas aquela mansão é muito, 
muito longe daquela em que cresci. Muito baixa na hierarquia. 
— E quem não conhece Cadee Hunter? — pergunta meu pai na 
sala. 
Bem, nenhum de nós realmente, certo? Porque até esse 
momento ela era uma garota estranha na floresta. Uma parada na 
correria do verão. A menina educada em casa que vivia com o 
jardineiro e a padeira da lanchonete, que não conseguia sequer 
entrar na Faculdade Comunitária Monrovian porque na verdade não 
tinha diploma de segundo grau. 
 
 
Eu estava preocupado que meu pai bloquearia sua entrada 
quando me afastei da tumba na floresta semanas atrás. Ela não era 
uma estudante oficial. E não haveria bolsa de estudos porque 
nenhum de nós terminou o verão, e essa era uma condição para sua 
recompensa. 
Mas dois dias depois ela recebeu um pacote de aceitação pelo 
correio do setor de Admissão da Faculdade High Court. Foi até 
entregue na antiga pousada. E dentro estava tudo o que ela precisava 
para criar sua conta de estudante online e se registrar para as aulas. 
Parecia uma vitória na época. Todos nós comemoramos. A 
pousada era nossa nova casa e passávamos o dia todo 
juntos. Trabalhando no local. Quer dizer, contratamos gente para 
consertar a maior parte, mas todos nós fizemos coisas simples como 
pintar e puxar o carpete para revelar o piso de madeira original por 
baixo. Comprávamos coisas de que precisávamos. Coisas de cozinha, 
roupa de cama e TVs. Cadee pagava a conta, é claro. O resto de nós 
estava quebrado. Mas também jantamos juntos. Fizemos churrasco e 
bebemos cerveja nas ruínas daquele estranho minianfiteatro 
construído bem ao longo da beira da água que parecia um pouco com 
uma réplica saída da Grécia antiga. 
Mas não parece uma vitória agora. Parece uma configuração. 
— Cadee. — Meu pai ainda está falando. — Bem-vinda a Fang e 
Feather. Seus pais eram membros ativos até o dia em que morreram. 
— Ele franze a testa para ela, seu rosto caindo de repente. E, claro, 
eu interpreto isso como falso. 
Mas paro e o estudo. 
 
 
É falso? 
Não sei dizer. Ele é um mentiroso tão bom. 
— Sinto muito por sua perda. Mas seu lugar em nosso mundo é 
muito especial, Cadee. E lamentamos muito a perda deles. O prédio 
está em obras há três anos. Desde que seu pai faleceu. 
O olhar de Cadee vai de confusão para questionador? Ela olha 
para mim e encolho os ombros. Não faço ideia, Cades. Eu gostaria de 
saber do que ele está falando. 
— Mas quando sua mãe também faleceu de forma inesperada, 
sabíamos que precisávamos terminar o prédio no primeiro semestre 
do outono. 
Cadee cansou de apenas escutar pacientemente. Porque deixa 
escapar — Do que diabos você está falando? 
Meu pai ri, o que permite que toda a sala ria com ele. Ha, ha, 
ha. Ela não é fofa? — Talvez devêssemos todos fazer uma pequena 
viagem de campo, hein? 
Todos subitamente se levantam. Então eu pulo também. Meu 
pai está levando Cadee para longe do palco, sua mão 
possessivamente em volta de sua cintura enquanto se inclina em seu 
ouvido para sussurrar algo. 
— Cadee — digo. 
 
 
Ela para, embora meu pai não tenha intenção de esperar por 
mim, muito menos de ouvir o que tenho a dizer. Ele a solta e 
continua. 
— Que diabos? — pergunto. 
Ela pisca os olhos rapidamente. — Você pergunta para mim 
o que diabos? — Então ela ri. As pessoas estão saindo da sala 
enquanto nós dois nos encaramos. 
— Bem — diz Ax. — Nós vamos segui-los? Ou apenas fugir 
agora, antes que piore e ir para casa? 
— Estou indo — diz Cadee. — Não sei do que se trata. 
— Mentiras — digo. — É sobre mentiras. 
— Talvez — concorda ela. — Mas quero ouvir as mentiras e 
decidir por mim mesma. E de que prédio ele está falando? Não vi 
nenhum prédio novo quando chegamos hoje, vocês viram? 
— Não. Mas não estivemos aqui durante todo o verão. Então, vai 
saber? 
— Vamos — diz ela, pegando minha mão, depois a de Ax. Porque 
está claro que ele está prestes a encerrar o dia e partir. 
Ele cede. A contragosto. E nós dois a seguimos descendo as 
escadas e depois alcançamos o final da multidão Fang e Feather 
enquanto passamos pelo prédio da cafeteria e entramos na floresta. 
Estamos no lado oeste do campus, em frente ao estádio e aos 
dormitórios dos chalés dos estudantes. Não há muito aqui, exceto 
 
 
trilhas e a cabana do jardineiro. Mas também passamos pelo chalé 
do jardim. E a essa altura eu já posso ouvir os suspiros da frente da 
multidão. Alguns momentos depois, caminhamos até uma grande 
placa de mármore gravada que diz, em letras grossas e em negrito, 
Edifício Hunter. Em memória amorosa de Ian e Avery Hunter, 
dedicado à sua filha, Cadee. 
— Que porra é essa? — diz Ax. 
— Puta merda — exclama Cadee. Então seus olhos seguem para 
cima e para frente. Para o prédio atual. — Uau. 
Ele merece aquele uau. Esse é exatamente o tipo de edifício que 
é. Faz lembrar a Glass House na floresta, atrás da mansão de minha 
família, e a cabana do jardineiro pela qual acabamos de passar, é 
uma homenagem espetacular ao aço e ao vidro – uma estufa gigante 
de quatro andares ou um exemplo moderno de vida transparente. As 
pessoas já estão lá dentro. Na verdade, posso ver meu pai com Mona 
e Sophie, parados no patamar entre o primeiro e o segundo andar, 
conversando animadamente com as duas. 
— O que é isso? — digo. 
— Um tributo. 
Eu me viro rapidamente e encontro meu irmão, Jack, vindo atrás 
de mim com sua esposa, Leela. Jack e eu somos muito parecidos, e 
embora ele sempre tenha sido muito mais focado e ambicioso do que 
eu, sua personalidade é muito mais fria do que a de Dane. Ele beija 
Leela na bochecha, solta sua mão e então sussurra — Te vejo lá 
dentro em alguns minutos. 
 
 
Leela acena para ele, depois sorri para mim e continua sem nós. 
Jack enfia as mãos nos bolsos e sorri para Cadee. — Surpresa. 
— Você sabia disso? — pergunto. 
— Claro. Trabalho neste prédio há três anos, Cadee. 
Interessante que ele fale com ela e não comigo. Não que eu 
espere falar por Cadee ou algo assim. Mas acho que ele me deve uma 
explicação tanto quanto ela. 
— Esperamos que você goste. Tentávamos fazer com que fosse 
como se estivéssemos em casa. 
— Não entendo — diz Cadee. — Que lugar é este? 
— Oh — ri Jack. — Desculpe, apenas assumi que você havia 
entendido. São os dormitórios Fang e Feather. 
— Dormitórios? — Cadee e eu dizemos isso ao mesmo tempo. 
Então eu digo — Que dormitórios? 
Jack me lança um olhar. — Os novos. Venha, vamos dar uma 
olhada. — Ele pega a mão de Cadee e começa a conduzi-la pelo 
caminho final para a entrada do prédio. — Normalmente — eu o ouço 
dizer — O Cygnet fica com a suíte do último andar. Mas Isabella já 
concordou que você pode ficar com ela. Já que o prédio é seu. — Ele 
ri. — Ela é magnânima assim. 
Cadee olha para mim como se implorasse por ajuda. 
 
 
Jack percebe e diz por cima do ombro — Nos acompanhe, 
Coop.Sua princesinha aqui é a estrela do show e você não gostaria 
de perder isso, não é? 
Ax e eu olhamos um para o outro. 
Mas então ficamos atrás deles. 
De jeito nenhum vamos perder isso. 
O que quer que seja. 
 
 
 
Lá dentro, Ax e eu nos reunimos com a multidão na base da 
escada. Jack conduziu Cadee até o patamar onde meu pai está de pé, 
com as mãos nos bolsos, balançando-se sobre os calcanhares, o olhar 
de puro prazer em seu rosto enquanto sorri para Cadee. 
Acho que ele nunca me olhou com esse tipo de... o que 
é? Orgulho? Amor? Não sei. Mas está me assustando. 
— Atenção a todos. — Meu pai bate palmas e as pessoas em todo 
o andar inferior baixam suas vozes para um silêncio suave, incapaz 
de parar completamente de falar sobre o belo saguão. 
E é muito bonito, com as muitas áreas de estar repletas de sofás 
e cadeiras estofadas que lembram a Glass House, mas em tons 
 
 
neutros de couro. Pelo menos uma dúzia de pequenas áreas de 
conversação que posso ver apenas deste ponto de vista. 
O edifício é na verdade uma praça com um pátio ao ar livre 
cercado por vidro no centro. Está repleto de mobília de jardim e 
vegetação. E quando olho para cima, aquele pátio se estende até o 
último andar. 
— Jesus Cristo — diz Ax. — Você sabia que ele estava 
construindo um dormitório? 
— Claro que não — digo — ele não me diz nada. 
— Bem, ele está planejando isso há muito tempo — diz Ax em 
voz baixa, porque meu pai já está fazendo seu grande discurso. 
— Sim, desde que ele matou o pai dela — sussurro. — Porra de 
culpa. É disso que este edifício é feito. 
— Então — diz meu pai — sabíamos que precisávamos 
reconhecer a família Hunter e suas contribuições para a High 
Court. Cadee — ele se vira para ela. Ela parece nervosa e mais do 
que um pouco confusa. — Bem-vinda à sua nova casa longe de casa. 
— Ele sorri para ela. — Sei que você acabou de comprar uma casa, 
mas espero que aproveite seu primeiro ano no campus. E, claro, se 
quiser ficar em sua suíte por toda a sua carreira acadêmica aqui na 
High Court, o último andar será seu. 
— O que? — Os olhos de Cadee encontram os meus na 
multidão. — Não entendo. Não morarei aqui. 
 
 
— Todos os calouros devem morar no campus, Cadee. É apenas 
uma regra. Para facilitar sua introdução na vida de 
estudante. Podemos subir e encontrar sua nova casa? Hmm? — Ele 
ainda está sorrindo para ela com aquele sorriso assustador. 
— Merda — diz Ax. — Você sabia sobre essa regra? 
— Eu... talvez? Não sei. Nunca pensei nisso. Nós sequer 
pensamos em nos mudar do campus quando éramos calouros. 
Não pensamos muito sobre isso agora, parando para analisar. 
Preocupados demais conosco, suponho. 
Meu pai conduz Cadee escada acima, com Jack e Leela logo 
atrás. E então todos estão subindo as escadas. 
Ouço Jack gritar — Calouros e alunos do segundo ano! Vocês 
estão no segundo andar. Juniors e veteranos, vocês estão no terceiro 
andar. Fique à vontade para encontrar seus quartos. E, claro, o Rei e 
sua Rainha estão no último andar. 
— Uau, o quê? — pergunta Ax. — Desde quando Cadee é o 
Cygnet? 
— Já que meu pai não poderia me controlar de outra maneira — 
murmuro. — O que significa que acho que também tenho um quarto 
no topo deste prédio? 
Faz sentido. Já que sou o Rei em espera. 
 
 
Mas Ax e eu estamos entre os últimos a chegar ao topo e só então 
– quando ouço Lars agradecendo a meu pai pela espetacular suíte de 
vidro na cobertura – percebo o que meu pai fez. 
Fui destronado. 
 
 
 
 
 
 
Oprimida sequer descreve como me sinto quando entro na 
cobertura do último andar e encontro dois pequenos apartamentos 
feitos de aço e vidro. Ambos têm portas de vidro dobráveis – 
totalmente abertas agora – que combinam o espaço interno com o 
externo. O tipo que Cooper tem em sua mansão. E há cortinas azuis 
claras saindo da minha e cortinas de veludo azul escuro amarradas 
para... Lars? 
O que diabos está acontecendo? 
Lars é o Rei? Desde quando? 
Fico olhando para minha nova casa, tentando fazer com que este 
dia faça sentido. 
— Surpresa. 
Eu me viro para encontrar Lars saindo de sua suíte de vidro à 
minha esquerda. Ele está vestindo um terno azul escuro e um largo 
sorriso. 
 
 
— Lars — digo, deixando-o pegar minhas mãos. Então olho em 
volta e fico constrangida porque todo mundo está olhando para 
nós. — O que você faz aqui? 
— Bem, já que Cooper não queria ser Rei, me ofereceram a 
posição. Morarei aqui com você. Em minha própria suíte, é 
claro. Mas esqueça de mim. Você não quer ver sua nova casa? 
— Hum... — não sei o que dizer. Sobre nada disso. O prédio tem 
meu nome nele. E os nomes dos meus pais. E sou... um legado? — 
Lars — sussurro, inclinando-me em seu ouvido. — Não entendo o que 
está acontecendo agora. 
— Minha querida — diz o Presidente, colocando a mão em meu 
ombro. — Você é a nova Rainha da High Court. Continue, 
Lars. Leve-a para dentro para que ela possa ver a suíte de perto. 
— O que? 
Lars se inclina para o meu pescoço enquanto me guia para a 
direita. — Apenas... prossiga, Cadee. Sorria e jogue junto. 
Deixo Lars me conduzir pela ponte de vidro e aço que atravessa 
o pátio aberto abaixo. Esforçando-me para sorrir e jogar junto. 
Lars puxa a cortina azul claro transparente e tenho meu 
primeiro vislumbre de como a classe dominante realmente vive. E 
bem, estive com essas pessoas minha vida inteira. Tenho olhado para 
aquelas mansões do outro lado do lago por quase duas 
décadas. Acabei de passar um verão morando dentro de uma 
delas. Sei o que é luxo. 
 
 
Mas nunca tive isso. 
O quarto da casa de Cooper era apenas um quarto de 
hóspedes. Na verdade, todo lugar em que morei até comprar a 
pousada era apenas mais uma casa de hóspedes. 
Mas este prédio tem meu nome nele. E este apartamento na 
cobertura... tem minhas coisas nele. 
— Onde? — pergunto, girando no lugar enquanto absorvo todas 
as coisas que estavam no apartamento do sótão que compartilhei com 
minha mãe. Elas desapareceram há meses e agora estão todas 
aqui. Nesta nova... casa. Todas as nossas fotos de família. O cobertor 
que costumávamos manter nas costas do sofá. Até meu urso de 
pelúcia favorito que meu pai me deu no meu sexto aniversário está 
posicionado nos travesseiros da elaborada cama de dossel que daria 
a opulenta suíte de hóspedes dos Valcourt uma corrida por seu 
dinheiro. 
— Encontramos o caminhão — diz o Presidente. — Na verdade... 
— ele ri — Devo confessar, inventei aquela história sobre sua mãe 
comprando uma casa em Dakota do Norte. 
— Não me diga — respondo. 
— Sabia que você não caiu nessa — suspira. E seu sorriso 
vacila. — Estava apenas tentando fazer uma surpresa para 
você. Então inventei tudo. A bolsa de trabalho na Glass House. O 
caminhão de mudança seguindo para Dakota do Norte. A casa, o 
testamento... tudo. Eu só queria fazer uma surpresa para você. E não 
sabia se você tinha planos para o verão, Cadee. Então me perdoe se 
 
 
saiu tão sorrateiro. Só precisava que você ficasse por aqui até que a 
construção terminasse. Não poderíamos começar a construção com 
você neste lado do lago, então… lamento ter permitido que Victor 
ocupasse a casa do jardineiro. Precisava apenas de você do outro lado 
do lago. 
— Sorrateiro? — digo, olhando para Lars. Ele sorri para mim, 
um aviso em seus olhos. Sorria. Jogue junto, diz aquele olhar. — 
Bem — eu sorrio. — Funcionou. Estou... totalmente surpresa. E... — 
coloco minha mão sobre meu coração. — Estou emocionada, 
Presidente. Verdadeiramente. 
— Bom — diz o Presidente. Ele relaxa visivelmente. Como se 
fosse um teste de quão crédula eu poderia ser. 
E bem! Eu passei. Eu acho. 
— Bom — repete. — E, por favor, me chame de Sr. 
Valcourt. Presidente é tão... formal. 
— Certo. Claro... Sr. Valcourt. 
Porque isso não é formal. Mas a última coisa que preciso é que 
ele me peça para chamá-lo de Winston. Não. Essa coisa toda é 
estranha. Ehá algo muito errado com isso. Especialmente depois 
daquele encontro assustador com Dane apenas uma hora atrás. Não 
consigo tirar suas palavras da minha cabeça. Criada para mim. 
— Que diabos? 
Todos nós nos viramos para encontrar Cooper e Ax vindo até nós. 
 
 
— O que está acontecendo? — exige Cooper. 
— Cooper — diz o pai. — Estou feliz que você apareceu. — Ele 
sorri para o filho e abre as mãos. — Queria que você visse o que está 
perdendo. —Então aponta para Lars. — Mas não se preocupe. Lars 
está mais do que feliz em tomar seu lugar, já que você e Ax insistem 
em ficar naquela pousada. Um lugar tão grande. — Então ele se vira 
para mim. — Tenho certeza de que será adorável quando o próximo 
ano chegar e quem sabe, talvez você queira se mudar nessa 
época. Voltar para lá. Ou talvez queira ficar aqui e vender aquele 
lugar? Após consertar, é claro. Espero que Cooper seja útil. Se ele vai 
morar sem pagar aluguel na sua casa, Cadee, eu espero que você o 
faça trabalhar. Afinal, nada é de graça. Cooper sempre teve 
dificuldade em aprender essa lição. 
Cooper respira fundo. E então ele sorri para seu pai. — Você nos 
dá licença, pai? Cadee, Lars, Ax e eu precisamos conversar um pouco. 
— Certamente — diz o Presidente com um floreio de sua mão. — 
Faremos um brinde na sala de jantar no andar de baixo. Cadee, por 
favor, desça em quinze minutos. — Então suas sobrancelhas se 
erguem. — Tenho mais uma surpresa para você. E acredite em mim, 
você não vai querer perder. 
Em seguida, ele pega minha mão, beija meus dedos e sai. 
— Que porra é essa? — sussurra Ax quando o Presidente está 
fora do alcance da voz. 
 
 
Mas Cooper já se virou para Lars. — Que porra é essa? — repete 
ele. Só que ele não é silencioso sobre isso. — O que você está fazendo, 
Lars? 
— Não me culpe — protesta Lars. — Estou apenas preenchendo 
uma vaga. 
— Ei! 
Todos nós olhamos para a entrada do meu novo quarto e Jack 
Valcourt entra, afastando as faixas de cortinas azuis para o lado. Ele 
para um pouco antes de entrar. — Uau. — E assobia para ilustrar 
sua admiração. — Ficou fantástico. — Então ele espalma o ar com as 
mãos. — Mas não fui eu. Não transformei este lugar em um quarto 
digno de uma Rainha. Foi tudo Leela. 
Cooper suspira. Alto. 
— Qual é o problema, Coop? — pergunta Jack a seu irmão mais 
novo. 
— Você sabe qual é o problema. Nós nos mudamos, Jack. Por que 
diabos você concordaria com isso? 
— Isso não é sobre você, Cooper. 
— Concordo — diz Lars. — É sobre Cadee. 
— Você não quer que ela tenha um lugar próprio? Mesmo que 
seja apenas durante a faculdade? Você cresceu em puro privilégio, 
Cooper. Ela lutou por toda a vida. Não seja um idiota com isso, 
irmãozinho. Apenas fique feliz por ela. 
 
 
Cooper se vira para mim. Pega minha mão. — Eu estou, 
Cadee. Se é isso que você quer, estou cem por cento atrás de 
você. Mas... — sei o que ele quer dizer. Não caia nessa. É uma 
armadilha. Ele está armando para nós. 
— Mas nada — diz Jack. — E não é culpa de Lars que você 
desistiu de ser Rei. Você poderia morar aqui com ela, Cooper. Quer 
dizer, inferno. Se tivéssemos isso quando Leela e eu éramos 
veteranos, teríamos nos divertido muito aqui em nosso andar 
particular. 
A mente de Cooper deve girar com visões de Lars e eu aqui em 
cima. Sozinhos. O ano todo. Ele respira fundo, como se estivesse 
prestes a fazer um discurso imprudente sobre essas coisas, mas Jack 
o interrompe. 
— Cadee — diz ele. — Você é necessária lá embaixo. Vamos 
batizar o prédio, por assim dizer. E como aquela placa na frente tem 
seu nome, você é a convidada de honra. 
Olho para Cooper, sem saber o que fazer. 
— Não olhe para ele — diz Jack. — Este é o dia de Cadee, 
Cooper. Deixe que ela aproveite. 
— Não preciso que você me diga isso — retruca Cooper. Então 
ele me oferece sua mão. — Vamos. Vamos celebrar. — E quando ele 
sorri para mim, liberando aquelas covinhas perigosas, eu suspiro por 
dentro. Talvez até desmaie um pouco. 
 
 
Porque tê-lo aqui, e este edifício – este dia inteiro, na verdade, 
com exceção de Dane – é como um sonho que se tornou realidade. E 
realmente me sinto um pouco como uma princesa. 
Entendo o que está acontecendo. Quase. Tenho uma ideia geral, 
pelo menos. Esta é apenas outra recompensa. O Presidente mandou 
matar meus pais para encobrir o filho do meio, agressor sexual. 
Não justificarei nada disso. 
Mas... mas... este prédio tem o meu sobrenome. E estou sendo 
forçada a viver nele como uma condição de uma educação de 
elite. Sinto-me muito privilegiada para reclamar disso. 
Mesmo se houver cordas. Muitas delas. E não tenho ideia do que 
elas são. Mas quando concordei em jogar esse jogo no início do 
semestre, fiz para obter justiça. E parte disso parece um pouco 
justificado. 
Ninguém admitiu a verdade. 
Ainda. 
Mas eles vão. E quando isso acabar, eu farei com que admitam 
seus crimes. 
Coloco minha mão na de Cooper e ele a aperta. Jack vai à frente, 
Ax vai atrás dele, então Cooper e eu, e Lars vai atrás. 
Passamos por todos os outros iniciados Fang e Feather enquanto 
voltamos para o andar inferior. E Jack anuncia a celebração em voz 
alta, então eles ficam atrás de nós, todos falando ao mesmo 
 
 
tempo. Não apenas as meninas. Os meninos também parecem estar 
igualmente animados com o novo edifício. 
Os chalés que funcionam como dormitórios do outro lado do 
campus são super legais também. Não acho que seja normal que as 
faculdades ofereçam acomodações tão agradáveis como a High 
Court. Mas este edifício é muito exagerado quando você considera 
que poucos estudantes realmente viverão aqui. 
Cooper explicou como Fang e Feather funcionam. Cada classe 
que chega tem três iniciados masculinos e três femininos. São seis 
por classe. Portanto, devemos ser um número total de vinte e 
quatro. Mas ninguém na classe de calouros foi eliminado durante a 
corrida do verão, então são quatro extras. Mais eu. Para um total de 
vinte e nove membros. 
Eu não chamaria o prédio de enorme. São quatro andares, 
incluindo o último andar real. Mas tem uma pegada 
compacta. Mesmo assim, apenas vinte e sete pessoas em um lugar 
que certamente deve ter mais de mil metros quadrados de espaço 
combinado. 
É como se vivêssemos em uma mansão vertical. 
Todos os jovens ao nosso redor estão animados, mas nenhum 
está maravilhado como eu. E por que deveriam? A Faculdade High 
Court prepara a futura classe dominante – esses jovens esperam 
opulência como essa. 
Eu, por outro lado? 
 
 
Não, isso não é normal. E sou desconfiada como Cooper. Nós 
sabemos melhor. Todos nós – os candidatos da corrida de verão e os 
veteranos – conversamos sobre isso naquela primeira noite na 
pousada. Analisamos todas as maneiras possíveis de acontecer. E 
Dante tinha uma resposta para cada cenário. Ele tinha um plano B, 
C, D... chegou a um ponto em que ficamos confusos. 
Mas Lars entendeu. Sua mente funciona dessa maneira. 
Ainda assim, nenhum de nós falou muito sobre Dane. E uma 
hora atrás ele estava me ameaçando. Praticamente insinuou que eu 
seria sua... o quê? Concubina? 
Foi o que pareceu para mim. 
Mas este prédio? Isso me diz que talvez Dane não esteja dando 
as cartas como pensa. 
Ou é tudo uma configuração. Para me deixar 
confortável. Acostumar-me com a vida nobre e ser ameaçada de 
perder tudo se não entrar na linha. 
Não é isso que o Presidente tem feito com Cooper todos esses 
anos? 
Se esse for o plano, eles não terão sucesso. Não comigo. Não 
estou acostumada com nada disso. A velha pousada, com seu gesso 
rachado e telhado gotejante, é muito mais meu estilo. Eu ficaria tão 
feliz lá. 
Não vou me perder neste mundo. Não importa quantas coisas 
boas eles me ofereçam. 
 
 
Isso traz de volta a imagem de Valentina no primeiro dia da 
corrida de verão, pingando diamantes, perguntando a todas as 
garotas se elas queriam o que ela oferecia. 
As joias, a mansão, o dinheiroe o homem. 
Tenho o homem que quero. E um pouco de dinheiro. Mais, se eu 
permanecer fiel ao plano de Dante e fazê-lo ser rei. Gosto de joias, 
mas não preciso delas. Realmente, eu poderia passar sem todas as 
outras coisas se Cooper estiver ao meu lado. 
O Presidente já está batendo a colher na taça quando entramos 
na sala de jantar. — Cadee! — diz ele. — Por favor, junte-se a mim 
aqui com minha família. 
— Oh, merda — murmuro. Porque Dane e sua esposa já estão 
na frente com o Presidente e a esposa de Jack, Leela. 
— Está tudo bem — sussurra Cooper em meu ouvido. — Um 
brinde, sorria, diga coisas boas para as pessoas por dez minutos e 
então sairemos daqui. Podemos conversar sobre isso mais 
tarde. Ficarei entre você e Dane. Ele não falará mais nada com 
você. Nunca. 
Respiro fundo enquanto Cooper me leva até a frente da bela sala 
de jantar. Não é tão opulenta quanto a sala de jantar do Presidente, 
de jeito nenhum. Mas é muito bonita. Cada mesa é mais baixa do que 
uma mesa de jantar normal. Não tão baixa quanto uma mesa de 
centro, mas algo intermediário. E as cadeiras ao redor das mesas 
também não são cadeiras normais de sala de jantar. São macias e 
estofadas como as de couro na área de estar. Como se jantar neste 
 
 
dormitório fosse um evento íntimo em vez de simplesmente uma 
refeição, e as cadeiras precisassem ser superconfortáveis para que 
todos pudéssemos relaxar enquanto somos servidos. 
Mas ninguém está sentado. E os garçons estão distribuindo 
taças de champanhe que brilham ao sol que entra pelas 
janelas. Fazendo com que todos os rostos bonitos e felizes nesta sala 
brilhem em ouro. 
Cooper e eu chegamos à frente da sala e ele se posiciona entre 
Dane e eu enquanto seu pai começa a fazer o brinde. 
O Presidente diz muitas coisas boas. Sobre mim, meus pais e 
minha ética de trabalho. Não que ele realmente soubesse algo sobre 
isso. Depois minhas notas e o quanto mereço essa educação e o 
prédio. Quais notas? Isso só prova que ele não sabe nada sobre mim 
ou minha vida. Estudei as coisas até aprendê-las, não importa 
quanto tempo demorasse. E então minha mãe me proclamava 
proficiente e passávamos para outro tópico interessante. 
Mas, de qualquer forma. Todo esse dia é baseado em alguma 
outra vida de Cadee Hunter. Por que parar agora? 
Cooper recebe duas taças e me oferece uma com um sorriso. 
E isso é um sorriso verdadeiro? 
Sorrio para ele, porque acho que é. Em seguida, fico na ponta dos 
pés e sussurro — Estou tão feliz por você estar aqui. 
— Eu também, Cades. 
 
 
Sim. Sua felicidade é real. E isso é legal. 
— Saudações ao nosso mais novo legado Fang e Feather, Cadee 
Hunter. E bem-vindos, todos, ao novo Edifício Hunter! 
Todos batem palmas e batem as taças. Cooper e eu também, e 
então bebo o champanhe. 
Que tem um forte, mas delicioso sabor de morango. 
— O que é isso? — diz Elizabeth em voz alta, segurando a taça 
de champanhe ao sol. — O que é isso? 
Ela olha para Dane, que ainda está bebendo de seu copo. 
— Isso é morango? — grita Elizabeth. 
— Merda — diz Cooper. 
E então o Presidente pega o copo de Dane – ele ainda está 
bebendo – e o joga de lado. Ele se espatifa no chão e o líquido dourado, 
junto com cacos de vidro, voa, espirrando e cortando as pernas nuas 
de uma garota próxima. 
— O que está acontecendo? — pergunto. 
Mas então Dane agarra sua garganta. Engasgando com... o quê? 
— Ele é alérgico! — grita Elizabeth. — Ligue para o 911! Ligue 
para o 911! 
Dane já está desmaiando. Sua cabeça bate no chão de mármore 
com um baque surdo e sangue escorre de seu cabelo. 
 
 
Todo mundo começa a gritar. 
Jack está ajoelhado ao lado de Dane, gritando — Onde está a 
EpiPen1 dele? Onde está sua EpiPen? 
E Elizabeth procura freneticamente em sua bolsa. Que – ela 
estava carregando uma bolsa? 
— O que diabos está acontecendo? — pergunta Ax. 
— Ele é alérgico a morangos — disse Cooper. E não há pânico 
em sua voz. Ele está calmo e tranquilo. — Muito. Alérgico. Aos 
morangos. 
— Qual é o endereço deste edifício? — grita uma garota 
segurando um telefone. — Como posso explicar aos paramédicos 
como chegarem aqui? Há estacionamento? 
Jack está fazendo RCP2. 
Elizabeth está de joelhos chorando. 
Cooper, Ax, Lars e eu apenas ficamos parados. Assistindo tudo 
isso acontecer. E então, quando olho para o Presidente, ele ergue a 
taça para mim. 
Ele sorri e murmura as palavras — Saúde, Cadee Hunter. 
Em seguida, ele toma um longo gole de seu champanhe de 
morango. 
 
1 Adrenalina. Deve ser usada em caso de reações anafiláticas. 
2 Reanimação cardiopulmonar ou reanimação cardiorrespiratória. 
 
 
E observa seu filho do meio – o homem que me estuprou quando 
eu tinha quinze anos. O homem que há apenas uma hora me disse 
que fui criada para ele – morrer no chão na frente de todos. 
 
 
 
 
 
 
Nós partimos. Nem esperamos pelos paramédicos. Dane está 
tão claramente morto em minutos e não posso suportar os gritos de 
Elizabeth por mais um segundo, então nós apenas... saímos. 
Sei o que as pessoas vão dizer. Eu sei. Porque abandonar seu 
irmão que está morto no chão, seu corpo nem mesmo frio ainda – é 
uma merda sem coração. 
É um ódio de outro nível. 
É uma indiferença épica. 
Ou... ou... é apenas a única maneira de passar a próxima meia 
hora sem gargalhar e socar o punho no ar com triunfo. 
Porque é o que fazemos no momento em que saímos do 
estacionamento da High Court. 
Nós vibramos. 
Sequer foi planejado. Não houve discussão. Inferno, Ax, Cadee e 
eu nem mesmo concordamos em deixar o prédio. Apenas... 
 
 
saímos. Juntos. Atravessamos o campus, entramos no carro, Ax ligou 
e Cadee entrou na parte de trás, eu abaixei a janela, saímos e então... 
Tudo começou como uma risada. 
E entendo. Eu entendo. Não é engraçado. E somos sociopatas 
por pensar que sim. 
Mas então, não era apenas uma risada, era uma alegria. Eram 
muitos foda-se! 
E quando Ax parou o Camaro no caminho de cascalho da Old 
Alumni Inn, estávamos gritando como maníacos. 
Meu irmão está morto. 
E menos de duas horas atrás ele estava convencido. Estava 
confiante. Estava certo de seu lugar neste mundo. Tão certo que 
estava no comando e o resto de nós cumpriríamos suas ordens. 
E agora ele está morto. 
Eu sorrio novamente e apenas balanço minha cabeça. 
— Choque anafilático — diz Ax. Ele está andando pela sala com 
o telefone pressionado no ouvido, tentando obter detalhes de Lars. — 
Que diabo é isso? 
— Uma severa reação alérgica — digo. 
— Não posso acreditar que ele está realmente morto. Ax — diz 
Cadee — Pergunte ao Lars novamente. Ele está realmente morto? 
 
 
— Ele está realmente morto, Cades — diz Ax. — Já levaram o 
corpo. 
Ela olha para mim com uma mistura de alívio e culpa no 
rosto. Balanço a cabeça para ela. — Não faça isso. Não se sinta 
culpada. Nós não fizemos isso. Não sei o que aconteceu, mas não 
fomos nós. 
— Acho que foi seu pai — diz Cadee. 
— O que? — digo. 
Ax termina a ligação. — Lars disse que virá mais tarde. 
— Quer dizer, eu sei que é estúpido — continua Cadee. — Mas 
ele... — ela olha para mim, depois para Ax. — Olhei para ele 
enquanto tudo acontecia. E ele ergueu o copo para mim e disse: 
Saúde, Cadee Hunter. 
— Não — digo. 
— Não brinca — diz Ax. 
— Eu juro — insiste Cadee. 
— Meu pai não matou meu irmão. Isso é louco. 
Não é? 
Nós três apenas olhamos um para o outro. Então Cadee se 
levanta e diz — Vou subir. Acho que preciso deitar ou posso 
desmaiar. 
 
 
— Claro — digo, levantando-me para lhe dar um beijo antes que 
ela possa escapar. — Não pense muito nisso, Cadee. Ele... quer dizer, 
eu sei que ele era meu irmão, mas ele... 
— Mereceu — diz Ax, terminando minha frase. — Ninguém está 
triste porque Dane Valcourt morreu hoje. 
— Elizabeth parecia muito triste — rebate Cadee. 
— Ela é doente — digo. — Ela não conta. Acho queela deve 
saber sobre Dane. Talvez até o tenha ajudado a encobrir tudo. 
— Acho que ela também sabia sobre mim — diz Cadee. — Ele 
disse algumas coisas estranhas para mim antes de vocês aparecerem 
no escritório da tesouraria. 
— Como o quê? — pergunto. 
— Não — diz Ax, empurrando Cadee em direção às escadas — 
Suba e descanse. Temos todo o tempo do mundo para falar sobre isso 
agora. A principal ameaça se foi. 
Ela olha para mim e aceno. — Sim. Suba e descanse. Não pense 
nisso. Nenhum de nós teve nada a ver com o que aconteceu. E não 
devemos nos sentir culpados porque o mundo tem um predador 
sexual a menos. 
Ela balança a cabeça, se vira e sobe as escadas. 
Tanto Ax quanto eu a observamos, permanecendo em silêncio 
até ouvirmos a porta do quarto se fechar e seus pés rangendo no piso 
acima de nossas cabeças. 
 
 
— Que porra é essa? — diz Ax. 
Caio em uma cadeira, apenas tentando processar o dia. Ainda 
não são duas horas e o mundo mudou. 
Dane está morto. 
Meu irmão. O estuprador de Cadee. O vilão desta história. 
Morto. 
— E agora? 
Ax estreita os olhos para mim. — O que você quer dizer? 
— Eu não entendo. 
Ax suspira e levanta as mãos, depois vai até o sofá e se afunda 
nele. — Também não entendo. Parece muito conveniente. 
— Sim — digo, apontando meu dedo para ele. — Conveniente. 
— E aquela merda que seu pai vomitou hoje sobre o prédio? Você 
realmente acha que estava em construção há três anos? 
— Como não estaria, Ax? Você não acorda simplesmente um dia 
e diz: Acho que colocarei um prédio de vidro de quatro andares na 
floresta. 
— Então... — sei o que ele dirá. Porque é exatamente assim que 
me sinto. — Nós o interpretamos mal? 
— Você acha que o interpretamos mal? 
 
 
Ax não responde. 
— Olha, eu vivi com o homem minha vida toda. Ele não é esse 
cara. Ele simplesmente não é. 
Ax não parece convencido. 
— Ele está tramando algo. Ele tem que estar. 
O som de pneus no cascalho nos faz virar a cabeça e olhar pela 
janela da frente. 
— Bem, isso é interessante — diz Ax. — Parece que Lars 
recuperou o carro. 
Bufo com isso. — Lars está conseguindo muitas coisas com este 
negócio, não é? 
Nós dois nos levantamos e empurramos a porta de tela para 
encontrá-lo do lado de fora. Ele sai de seu BMW preto e caminha em 
nossa direção, parando na parte inferior da escada da varanda como 
se não tivesse intenção de entrar. 
— E aí? — pergunta Ax. 
Mas Lars está olhando para mim. — Achei que deveríamos 
limpar o ar. 
— Interessante — digo, descendo os degraus e passando por 
ele. — Vejo que você recuperou seu carro. Dinheiro também? Novo 
lugar para morar. — Paro perto de seu carro e viro para olhar para 
ele. — Não posso acreditar em você, Lars. 
 
 
— Olha, não estou interessado em lutar em suas guerras, 
Cooper. Trabalhei pra caramba toda a minha vida tentando chegar 
onde estou. Temos um ano e então todos seguiremos caminhos 
separados. 
— Então você imaginou... você o quê? Ter uma vantagem? 
— Cara — diz Ax, me seguindo escada abaixo. — É traição. Nós 
tínhamos um acordo. Todos nós mudaríamos... 
— Isso foi ideia de Cooper. Esta é a luta dele, Ax. 
— Você convenientemente esqueceu que não posso ir para casa? 
Lars e Ax têm um sério concurso de encarar por alguns 
momentos. Lars se afasta primeiro e começa a andar de um lado para 
o outro na frente dos canteiros mortos que se alinham na varanda. 
— Acho que sim — diz Ax. — Ei, olhe. Estou feliz que você teve 
sorte. Eu realmente estou. 
— Não se trata de sorte, Ax — retruca Lars. — Você é um idiota. 
— Eu sou um idiota? — Ele ri. — Não pedi para estar naquela 
família. 
— E não pedi para ficar na minha — rebate Lars. — Apenas 
aconteceu assim. 
— Não — diz Ax, sua voz baixa e grave — Não, não foi assim que 
aconteceu. Todos nós sabemos que o que aconteceu comigo foi 
um plano. 
 
 
— Caras — digo — Não acho que devemos entrar nisso 
agora. Ok? Já está acontecendo o suficiente agora. Não precisamos 
desenterrar o passado. 
— Você sempre diz isso — diz Ax. E agora sua raiva é dirigida a 
mim. — Você sempre diz isso, Cooper. Porque sua situação sempre 
foi fácil. Vocês dois se safaram facilmente comparados a mim. E nada 
disso é minha culpa. 
— Bem, também não é nossa culpa, Ax — diz Lars. 
Ficamos em silêncio um pouco depois disso. E não sei no que 
estão pensando, mas não pode estar muito longe de onde estou. 
Tínhamos quinze anos quando descobrimos um pouco da 
verdade sobre o que acontece aqui na High Court. Porque nem tudo 
é o que parece. Podíamos sentir isso. E no início parecia um pouco 
como sorte. 
Lars realmente teve sorte. Para todos os efeitos, a família do 
Prefeito é normal. Lars tem duas irmãs gêmeas muito mais 
novas. Elas ainda têm mais três anos de Prep antes de terem que 
enfrentar tudo isso. E além de querer sair daqui e começar a vida na 
cidade, são elas que o motivam. Ele realmente é um bom irmão e 
filho. E se eu tivesse a família dele – a mãe que ainda cozinha o jantar 
todas as noites, um pai que gosta de fazer coisas com eles – eles fazem 
uma viagem anual de pesca para o Alasca e reúnem a família no fim 
de verão – inferno, eu poderia ter escorregado para as expectativas 
de meu pai de boa vontade. 
 
 
Mas não foi assim para mim. Minha mãe morreu em um 
acidente de carro quando eu tinha cinco anos. Seu lado da família 
está totalmente afastado. Ela não era daqui. Sequer foi para a High 
Court. Nem a escola preparatória ou a faculdade. Na verdade, não 
sei como meus pais se conheceram. O que quero dizer é que não tive 
uma família como o Lars. 
E Ax? Inferno, a vida dele tem sido um pesadelo. Sua mãe era 
uma de nós e foi a oferta durante seu último ano de faculdade. O que 
significava que seu filho primogênito – seu único filho, única criança, 
na verdade – também seria a oferta. 
Ela enlouqueceu durante a gravidez. Foi é o que juntamos ao 
longo dos anos. E então começou a descontar em Ax no momento em 
que ele nasceu. 
Ela o cortou com uma faca serrilhada no primeiro dia em que ele 
voltou do hospital. É daí que ele tem aquelas cicatrizes nas 
costas. Quatro linhas diagonais nas costas, do ombro à 
cintura. Quando era bebê, imagino que não deviam ter mais do que 
12 ou 15 centímetros de comprimento. Os bebês são pequenos. Mas 
as cicatrizes cresceram com ele e agora elas têm facilmente trinta 
centímetros de comprimento. Dentada e feia. Um lembrete de que 
certas pessoas por aqui são malucas. 
E onde você vai parar – qual mansão, qual família – nada dessa 
merda é sorte. 
— Escute — diz Lars. — Vim apenas para te dizer uma coisa. 
— Sim, o que é então? — pergunto. 
 
 
— Eu cuidarei dela. Você não precisa se preocupar com Cadee. 
— Do que você está falando? 
— Estou dizendo — ele faz uma pausa — Ela é minha Rainha 
agora, Cooper. Não é sua. Você saiu. 
— Sim, e você ficou — rosna Ax. 
— Sim — diz Lars, sem perder o ritmo. — Eu fiquei. Não sou eu 
quem está fugindo, sou eu quem está jogando o jogo. Vocês 
desistiram. — Ele ri. — Não, eu retiro isso. Você... — ele olha para 
Ax — Você nunca começou a jogar. Sua vida tem sido uma longa festa 
de autopiedade. 
— Ohhhhh — começa Ax, tentando rir disso. Porque se não rir, 
ele pode simplesmente socar Lars na cara. — Você simplesmente não 
foi lá. 
— Oh, eu fui — diz Lars, interrompendo-o. — Tudo o que você 
faz é reclamar, Ax. Você tem o Juiz. Quero dizer... — ele ri — É uma 
puta sorte. 
— Sorte? — O rosto de Ax se contorce em uma expressão feia. — 
Sorte? Minha “mãe”... — ele faz aspas para a parte da mãe — Pensa 
que sou um maldito demônio. Ela tentou me cortar com uma faca 
quando eu era bebê. Sorte? Isso não é sorte, Lars. Isso é doentio. Isso 
tudo é doentio e você está acreditando nisso. 
Lars olha para mim. — Você concorda? 
 
 
— Uh. Sim. — Dou de ombros. — Mas ainda estou muito preso 
às palavras, ela é minha rainha agora, Cooper, para realmente 
processar toda estaconversa. 
— Foi você quem desistiu, Cooper. Não eu. Este sempre foi o 
plano. Você simplesmente esqueceu porque Cadee Hunter apareceu 
no início do verão e de repente você decidiu colocá-la em primeiro 
lugar sobre Ax e eu. 
Ax levanta as mãos. — Ei, me deixe fora do seu 
argumento. Estou do lado dele. 
— Falta um ano — continua Lars. — Um ano e temos poder real 
para tomar decisões sérias. E de repente você decide se afastar e 
arrastar toda a corrida do verão com você porque Dante Legosi disse 
que tem um plano? Como você é estúpido? Ele não desistiu. Mona 
não desistiu. Nenhum deles desistiu, Cooper. Estão todos de volta. 
Exceto vocês dois. Então você pode ficar preso na minha promessa de 
cuidar de Cadee o quanto quiser, mas pelo menos eu estou lá. Pelo 
menos estou presente. O que é mais do que posso dizer de você. 
Dou um sorriso. Não é um daqueles sorrisos conciliatórios ou 
mesmo um sorriso ligeiramente divertido. 
É um sorriso cúmplice. 
— Você sempre a quis, não é, Lars? 
Ele ri. — Isso te surpreende? Digo... — ele estende a mão. — 
Cresci aqui também. Sei tanto quanto você sobre o que está 
acontecendo. E lá, no limite de toda essa merda esquisita e sombria, 
 
 
vivia uma garota que não pertencia. E não é isso que todos nós 
queríamos? Não é o que todos nós procuramos? Não pertencer? 
Lars me encara por um longo momento. Nenhuma expressão 
real em seu rosto. Sua boca ligeiramente aberta e seus olhos um 
pouco distantes, como se estivesse evocando uma memória. 
Ele se concentra em mim novamente e encolhe os ombros. — 
Você saiu do jogo, Cooper. Bom para você. Mas o resto de nós deve 
jogar para vencer. E se você não estiver lá para proteger Cadee este 
ano, então eu estarei. 
E isso é tudo. 
Ax se aproxima de mim e nós dois ficamos ali de braços cruzados 
enquanto Lars volta para seu BMW e vai embora. 
Soltamos um suspiro longo e coletivo. Então, sem outra palavra, 
Ax se vira e volta para a casa. 
 
 
 
Sento-me na varanda por um longo tempo, minhas costas 
pressionadas contra o corrimão, apenas olhando para a vista. 
Não é grande deste lado das coisas. Quase tudo é selvagem e 
coberto de vegetação. Tulipas gigantescas de cem anos que 
provavelmente eram de tirar o fôlego na primavera com suas lindas 
 
 
flores amarelas e serão igualmente de tirar o fôlego em algumas 
semanas quando as folhas começarem a virar, mas não são nada além 
de verdes agora. 
Não há sebes bem cuidadas ou flores de cores vivas nos terrenos 
de terra que antes eram canteiros. E o lago – assim como o pôr do sol 
– fica do outro lado da pousada. 
Então, eu tenho vistas melhores. 
Mas é tranquilo. E é real. 
Ainda estou sentado lá quando outro carro entra na garagem. 
Suspiro antes mesmo de parar ao lado da varanda. 
Meu pai tira seu Maserati Quattroporte preto e abotoa seu 
paletó cinza-carvão enquanto sorri para mim por trás dos óculos 
escuros. 
— O que você faz aqui? 
— Obviamente, vim ver você. — Ele caminha em minha direção, 
então para alguns passos para olhar a pousada. 
— Cadee está bem. Ela está dormindo. 
— Não vim saber de Cadee, Cooper. Vim saber de você. 
— Bem, eu também estou bem. 
Ele desabotoa o paletó e se abaixa no último degrau da varanda 
bem em frente a mim, dobrando suas longas pernas e encostando 
 
 
seus ombros largos no corrimão do jeito que estou. Nossos corpos 
inclinados em direção ao outro como se estivéssemos prestes a ter 
uma conversa. Em seguida, ele tira os óculos escuros e os guarda no 
bolso do terno. 
— O funeral de Dane será no sábado. 
Não sei o que dizer sobre isso. É costume ficar triste quando seu 
irmão morre, mas não estou triste. Sequer estou pensando em 
Dane. Absolutamente. 
Estou pensando no Lars. E Cadee. E todas as coisas que 
acontecerão entre agora e a formatura. 
— Ah — diz meu pai. Ele se levanta, caminha até o carro e volta 
com uma brilhante sacola de plástico azul e dourado. — Cadee deixou 
isso debaixo da mesa da sala de jantar. 
Ele entrega a sacola para mim e a pego, sem realmente querer 
dar uma olhada dentro, mas é difícil não notar toda a merda azul e 
dourada estourando no topo. Tiro as meias e não consigo parar de 
sorrir, mesmo que tentasse. E não estou. 
— Ela está animada, Cooper. Ela não teve todas as 
oportunidades que você teve. Ela foi deixada de fora. E agora ela quer 
entrar. 
— Sim — suspiro, recolocando as meias na sacola. — Não 
deixarei isso acontecer. 
Meu pai exala alto. — Deixe-me contar uma história sobre um 
homem e seu filho. 
 
 
Olho para ele e balanço a cabeça. — Não estou interessado, 
pai. Realmente não sou. 
— Pode ser verdade. Mas você nunca ouviu esta. Então, dê-me 
um momento. 
Estendo minhas mãos. — Que seja. 
— Era uma vez um homem que morava em uma grande mansão 
do outro lado do lago de uma escola muito exclusiva. Ele tinha três 
filhos. O primeiro, sua própria imagem cuspida de todas as maneiras 
concebíveis. Inteligente, talentoso e focado em seu trabalho. — Ele 
meio que arrasta a última palavra, enfatizando o b. — O segundo não 
era filho dele. 
Olho para ele rapidamente. Porque embora eu soubesse, nunca 
conversamos sobre isso. 
— Nada como seu filho, na verdade. 
— De quem ele era filho? 
— Não é importante. 
Eu rio. — Tenho certeza que isso teria sido importante para 
Dane. 
— Não falo sobre Dane. 
— O que? — balanço a cabeça para ele. — Então quem? 
— Apenas escute uma vez, Cooper. — Então ele faz uma pausa 
para me lançar um olhar severo. 
 
 
— Que seja. Continue então. 
— O terceiro filho era muito parecido com o primeiro. Na 
aparência, principalmente. Mas eles tinham temperamentos muito 
diferentes. O mais velho queria ter sucesso em tudo. O mais jovem 
teve um desempenho bastante inferior. 
Eu bufo. Sei que ele está falando sobre mim. 
— O mais velho fez tudo o que lhe foi dito. Aceitou a esposa que 
lhe foi oferecida e ficou feliz. Satisfeito. O mais novo não queria nada 
com as garotas da High Court. Não as legítimas, de qualquer 
maneira. Veja, ele amava uma garota a margem das coisas. 
Meu coração bate forte dentro do meu peito. Então me forço a 
olhar para meu pai. 
— Quer saber o que aconteceu com eles? — pergunta ele. 
— Acho que já sei. 
— Você não sabe de nada, Christopher. Nada mesmo. E não sabe 
de nada porque estou tentando protegê-lo. 
Eu sorrio. Muito alto também. — Oh, isso é engraçado. 
— A história não é sobre você e seus irmãos. Na verdade, 
não. Ela se aplica, é claro. Porque você e Jack são meus 
filhos. Verdadeiros. Filhos. Mas Dane não era. Então... — ele solta 
um longo suspiro e olha ao redor para o quintal coberto de 
vegetação. — Então, perdê-lo hoje não foi um grande problema para 
mim também. 
 
 
Acho que meu coração para por um momento. — Que porra é 
essa? 
— Essa história era sobre mim e meus irmãos, Cooper. Não você 
e os seus. 
— Você tem irmãos? 
— Não mais. Ambos morreram. 
— Deixe-me adivinhar, você foi o superdotado e este é um conto 
de advertência de que eu deveria juntar minhas coisas e jogar junto 
ou acabarei como Dane? 
— Cooper, a história não é sobre Dane. É sobre mim. 
— O que? 
— Sei que você acha que o mundo gira em torno de você. E isso 
é culpa minha. Preparei você para isso. E sei que você pensa que sou 
mau. Entro naquela tumba todos os meses e tolero o que acontece lá. 
Quero pará-lo aqui e perguntar o que acontece lá. O que eu ainda 
não vi? Do que se trata? 
Mas ele não me dá chance. Apenas continua falando. — Mas já 
fui você. Eu era o irmão mais novo. O de fraco desempenho. Eu 
queria a garota a margem das coisas. Ela era uma garota da cidade, 
não uma coisa bonita na floresta. E eu a peguei, Cooper. Essa era sua 
mãe. E ainda acabei aqui. 
 
 
Ele fica em silêncio por um longo momento. E eu 
também. Preciso de longos momentos de silêncio para juntar todas 
as palavras que acabaram de sair da boca dele. 
Ele ri abruptamente. — Acredite emmim, ninguém ficaria mais 
feliz se você saísse do que eu. 
— Isso é engraçado. Você não me quer fora, você me quer dentro. 
Está fazendo tudo isso agora para me manter aqui. Para forçar 
minha mão. Para me fazer voltar. Um prédio? Dedicado a Cadee? E 
toda essa merda com a Isabella? Não posso perdoar isso. Ela 
quase morreu em meus braços naquela noite. — Começo a ficar 
emocionado. Porque foi horrível pra caralho e eu ainda, até hoje, não 
me recuperei daquela noite. — Eu a encontrei na 
banheira, pai. Havia sangue por toda parte. E por que isso 
aconteceu? Porque ela queria ser ela mesma? E você... — desprezo a 
palavra — Você simplesmente não liga. Você a arrasta de volta. Você 
arrasta todos de volta... 
— Não os arrastei. Essa é a parte que você entendeu errado, 
Cooper. Eles não são você. São fracos. Isabella é fraca. Ela está 
melhor do que era. — Ele faz uma pausa para apontar o dedo para 
mim. — Porque você ficou ao lado dela. Mas ela não tem forças para 
impedir isso. Não é ela que mudará as coisas, Cooper. Você mudará. 
Sorrio. — Você quer que eu acredite que você está do meu lado? 
— Sempre estive do seu lado, Cooper. 
— Não. Você sempre esteve do lado de Dane. Você nunca me 
protegeu. 
 
 
— Não em público. 
— Nem em privado. Você me culpou quando mamãe 
morreu. Você me culpou! Você tem ideia de como isso é injusto? Eu 
tinha cinco anos, pelo amor de Deus. 
Minha mãe se matou. E eu estava lá. 
Mas a pior parte é... eu vivi e ela não. 
— Eu tinha cinco anos — digo novamente. — Não sabia que ela 
ia bater o carro. — Paro e olho para ele. Vejo seus olhos frios e 
acinzentados. — Você nunca me protegeu. Principalmente em 
privado. Você sabia que Dane me batia pra caralho quando eu era 
criança. E você não fez nada. 
Ele suspira. Cansaço, talvez? Possivelmente frustrado. — 
Quando você veio ao meu escritório no início do verão eu lhe dei um 
conselho, lembra? Sempre tenha um plano B. E olhe para 
você. Sentado aqui na frente do seu Plano B. Você realmente me 
deixou orgulhoso quando apareceu na tumba e me ameaçou. 
Solto uma gargalhada. — Certo. 
Ele balança a cabeça e olha para a vista de tulipas crescidas por 
vários longos momentos, apenas olhando para o nada. Como se 
revivesse algo. — Pensei que Isabella fosse um ponto de virada para 
você. — Ele olha para mim. — Quando soube o que fez naquela noite, 
como você intensificou e salvou a vida dela, Cooper — ele sorri para 
mim — Fiquei orgulhoso de você. Pensei, Bem, finalmente. O filho 
pródigo dá um passo à frente. Mas não foi a primeira vez, foi? — Ele 
 
 
faz uma nova pausa. — Não soube sobre Dane por mais vários 
meses. Eu não sabia que você defendeu Cadee também. 
Eu bufo. — Não defendi Cadee. Eu a forcei a ficar quieta. Eu a 
convenci a fazer um aborto. 
— Você assumiu o controle de algo, Cooper. Tomou 
decisões. Pela primeira vez, você pensou em outra pessoa além de 
você. 
— Você está errado! — insisto. — Eu a fiz manter esse segredo 
para que eu pudesse usá-lo contra Dane mais tarde, pai. O que fiz foi 
imperdoável. 
Ele respira fundo. Em seguida, solta lentamente. — Sim. Você 
foi um pedaço total de merda. E ainda assim ela o perdoou, 
Cooper. — Ele me encara com firmeza. — Quase ninguém acerta na 
primeira vez. Certamente não. E quando Isabella precisou de você, 
você teve um desempenho melhor. 
— Desempenho? — Estou... incrédulo. 
— Ouça. Eu também cometi erros quando era jovem. Há muito 
mais nesta história do que você poderia imaginar. Você e eu somos 
mais parecidos do que você gostaria de admitir. Mas tudo bem, 
Cooper. Não finjo ser bom. Eu não sou bom. Faço minha parte. Assim 
como você fazia a sua. E sei que você acha que eu te odeio, mas não 
te odeio. Tudo o que aconteceu entre nós foi para o benefício de 
Dane. E agora? — Ele encolhe os ombros. — Ele se foi. Não 
precisamos nos preocupar com ele. 
 
 
— Você o matou. 
— Não. Acredite ou não, não tive nada a ver com isso. Elizabeth 
tentará me culpar durante a próxima reunião da tumba, mas não 
adianta. Não planejei a cerimônia de dedicação do prédio que 
aconteceu esta tarde. A mãe de Cadee planejou. 
— O que? 
Ele sorri para mim. — Ela sabia sobre o edifício. E sabia que eu 
ofereceria uma bolsa de estudos a Cadee depois que os jovens da Prep 
se formassem. É que... as coisas ficaram complicadas e tive 
que... improvisar. Mas tudo isso foi planejado, Cooper. E a Sra. 
Hunter ficou encarregada da comida e bebida para essa cerimônia. 
— Como ela morreu? Você a matou? 
Ele me lança um olhar de nojo. — Claro que não. Ela era minha 
amiga. Eu fui ao casamento dela, Cooper. O padrinho, na 
verdade. Foi um atropelamento. — Ele abaixa a voz. — Mas ela sabia 
o que aconteceu entre Dane e Cadee. Portanto, suspeito que Dane 
teve algo a ver com a morte dela. Fiquei tão surpreso quanto 
qualquer um com o champanhe de morango. É... gostoso. Muito doce 
e borbulhante. — Ele balança um pouco a cabeça. — Só não é muito... 
elegante, não é? Mas Cadee adora morangos, não é? 
Ela gosta? — Como você sabe? 
— Bolo de morango é sua sobremesa favorita. Ela mesma me 
disse. De qualquer forma, Elizabeth tentará me culpar, mas já 
verifiquei e o champanhe foi pedido em maio passado, pouco antes de 
 
 
a Sra. Hunter morrer. Não fui eu, Cooper. Era ela e era sua 
vingança. E Dane... — seus olhos azul-acinzentados fixam-se nos 
meus — Dane teve o que merecia. 
Apenas olho para ele por um momento. Estudo seu rosto 
perfeitamente composto. E me assombro com o quanto ele se parece 
com meu irmão, Jack. Ou, eu acho, Jack se parece com ele. — Por que 
você está me contando tudo isso? 
— Por quê? — Ele sorri para mim. — Então você pode impedir 
Lars de tomar seu lugar. Para que você e Cadee possam ter um tempo 
juntos. Um bom ano. — Ele aponta para a sacola da livraria. — Ela 
está animada com isso, Cooper. Não tire isso dela. E não deixe Lars 
roubá-la de você também. Ele... tem planos. Ele não é como Ax. Ax 
está com você. Mantenha Ax por perto, mas mantenha Lars ainda 
mais perto. 
— Do que você está falando? 
— Falo para você empacotar suas coisas, se mudar para o 
Edifício Hunter e tomar seu lugar como Rei. Você não pode fazer 
nada daqui, Cooper. Precisa estar dentro para fazer as coisas 
— suspira ele. Então se levanta, abotoa o paletó e desliza os óculos 
de sol no rosto. — Pense nisso. Mas, de qualquer maneira, por favor, 
não dificulte isso para Cadee. Deixe que ela aproveite seu ano. 
Ele volta para seu Maserati, entra, dá ré e sai por onde veio. 
Ax sai da lateral da casa. 
— Você ouviu tudo? — pergunto. 
 
 
Ele acena com a cabeça e se acomoda na escada onde meu pai 
estava sentado. 
— O que você acha? Devemos voltar? Mudar para aquele prédio? 
Ax pega uma erva daninha de uma planta próxima e a gira entre 
as pontas dos dedos. — Tenho certeza de que não tenho um quarto 
com meu nome naquele prédio. 
— Você poderia ficar comigo. Inferno, você pode ficar com o lugar 
inteiro. Ficarei com a Cadee. 
Ele estremece um pouco, depois olha para mim com os olhos 
semicerrados. — Nah. Acho que ficarei aqui, Coop. Gosto deste lugar. 
Vou consertar e então Cadee pode vendê-lo com lucro após a 
graduação. 
— Graduação — suspiro. — Daqui a quatro anos. Onde você 
acha que estaremos no próximo ano desta vez? 
— Nem ideia. Mas... — ele olha para as tulipas. — 
Provavelmente não aqui. 
Inclino minha cabeça em minhas mãos, tão frustrado. — Não sei 
o que pensar sobre nada disso. Tudo parece uma armadilha. 
Ax ri. — Oh, é uma porra de uma armadilha, certo. Se eu fosse 
você, esqueceria toda aquela conversa que acabou de ter com seu 
pai. Porque não estou convencido de que seja verdade. Pegue a merda 
dele, é claro. Seu dinheiro, aquele novo dormitório legal. Pegue tudo 
isso. Mas para mim, Cooper? Isso parecia muito com a configuração 
de um golpe muito longo. 
 
 
Quero objetar. Quero acreditar no meu pai. E confiarnele. Seria 
tão bom acreditar e confiar nele. Fui o decepcionante toda a minha 
vida. Sempre me senti um estranho. Como se não pertencesse aqui. É 
muito confuso quando tudo na minha vida grita: Você pertence. 
Mas eu o conheço muito bem para cair em uma história triste 
que o pinta como um herói agora. 
Ele não é um herói. 
— E se eu fosse você, Coop, definitivamente assumiria essa 
posição como Rei. 
— Você assumiria? 
— Foda-se, sim. Você não entregará essa merda ao Lars. Você 
vai arrumar suas coisas, e então amanhã eu levarei você e Cadee a 
High Court, e você chutará o traseiro de Lars do seu pequeno castelo, 
pegará sua coroa emprestada e a colocará do jeito certo. No topo da 
sua cabeça, onde ela pertence. 
Sorrio, imaginando isso. Não querendo imaginar. Não quero 
brigar com Lars. Realmente não quero. Tínhamos um plano. Nós 
três. Eu o amo como um irmão. Não era para terminar assim. — 
Cadee está dormindo? 
Ax se levanta da varanda e estende a mão. Pego a sacola da 
livraria de Cadee, aceito a mão de Ax e o deixo me levantar. — Vá 
descobrir. — Ele me empurra em direção à porta. 
 
 
Eu entro, mas Ax não me segue. E quando viro, eu pego um 
vislumbre de suas costas enquanto ele desce os degraus e se dirige 
para o lado da pousada. 
Lá em cima, em nosso quarto, encontro Cadee deitada de bruços 
na cama. Mas ela não está dormindo. Seus olhos estão abertos e ela 
está olhando para o nada quando entro. — O que você está fazendo? 
— pergunto. 
Seus olhos se focam em mim, então descem para a sacola em 
minha mão. 
— Ah, você esqueceu isso na sala de jantar do Presidente. Ele 
trouxe. 
Cadee apenas fica olhando para ele. E seus olhos rastreiam 
quando coloco na cama ao lado dela. — Ele esteve aqui? 
— Sim. Veio me dizer... — faço uma pausa. Porque ela parece 
espremida. Cansada. Talvez até triste. E a última coisa que ela 
precisa é que eu a sobrecarregue com os problemas do meu pai. 
— Veio te dizer o quê? — pergunta ela, puxando-se para se 
sentar. Ela encosta as costas na cabeceira da cama e pega a 
sacola. Ela puxa as meias e sorri. Mas para quase imediatamente. 
— O que está errado? 
— Essas estúpidas meias. — Ela as coloca na sacola e joga no 
chão. — Deus. — Ela olha para mim com aqueles olhos castanhos 
claros e faz beicinho. — O que eu estava pensando esta manhã? Digo, 
eu realmente pensei que iria... o quê? Entrar no campus, comprar 
 
 
alguns itens do espírito escolar na livraria, e todos esses problemas 
malucos simplesmente desapareceriam? 
— Bem — suspiro e me sento na cama ao lado dela. — Quero 
dizer... o problema com Dane está... bem, não acabou até que você 
obtenha sua justiça. Mas ele não é mais uma ameaça. 
— Seu pai o matou? — pergunta ela. 
— Não — digo. E então faço uma pausa para ter um debate 
interno sobre se devo ou não contar a ela a mesma história que meu 
pai me contou. É verdade? A mãe de Cadee descobriu sobre o estupro 
e este foi seu último ato de vingança além do túmulo? 
— Como você sabe, Cooper? Quer dizer, nada neste lugar é o que 
parece. E você particularmente não confia tanto quando se trata de 
seu pai. Foi você quem me disse que ele não tinha os melhores 
interesses no coração quando me fez todas essas ofertas, lembra? 
— Sim, eu me lembro. Mas... este prédio, Cadee. Já está em 
andamento há algum tempo. — Decido não contar a ela a história do 
champanhe de morango que meu pai me contou. Quem sabe se é 
verdade ou não. Mas posso contar a ela algumas das outras coisas. — 
Digo que entendo. Meu pai é um homem poderoso. Ele suspendeu um 
voo comercial em que eu deveria estar no início do verão. Mas um 
prédio de quatro andares no meio da floresta? —balanço a cabeça. — 
Aquele lugar foi planejado. E a história dele sobre dedicar aos seus 
pais, também. Não posso falar sobre isso. Mas mesmo que fosse uma 
mentira, dizer isso a todos foi um gesto que você não pode exatamente 
ignorar. 
 
 
— Ele me chamou de legado, Cooper. Você acha isso 
estranho? Quer dizer, meus pais não queriam que eu fosse para a 
High Court. Ainda que eu pudesse. Eles nunca me disseram que 
foram alunos lá. Por que manter isso em segredo? 
— Não sei. Talvez... talvez fossem como Victor, sabe? Quero 
dizer, obviamente eles não tinham dinheiro como as outras 
famílias. E nós dois sabemos que Victor aguentou alguma merda 
para arrastar seu traseiro pela porra da escola. Talvez tivessem 
grandes aspirações para você e não quisessem que você ficasse presa 
naquele campus por toda a vida. — De repente, isso começa a fazer 
sentido para mim. E posso ver que Cadee pensa a mesma coisa. — É 
provavelmente por isso que Victor está morando na cabana do 
jardineiro, certo? Ele trabalhará aqui. Para sempre, Cadee. Talvez 
todos aqueles garotos com bolsa de estudos, talvez esse seja o seu 
destino na vida. Assim como seus pais. E eles queriam mais para 
você. Então mantiveram você fora disso. 
Ela pensa nisso um pouco. 
Pego sua sacola da livraria, tiro as meias e as balanço na frente 
dela. — Essas meias são lindas, Cades. 
Ela abre um sorriso. 
Pego uma minissaia amarela da sacola e a seguro em seguida. — 
Sexy pra caralho. 
Ela cobre a boca e ri. 
 
 
Em seguida, tiro a camisa branca e um moletom curto. — Que 
diabos? Você comprou um uniforme completo? 
— Por favor, não me julgue, Cooper. Porque fico com vergonha 
de admitir, mas tenho fantasias sobre usar essas coisas. E quando 
era criança, eu roubei um uniforme dos achados e perdidos e 
costumava usar quando meus pais não estavam em casa. Costumava 
fingir que era uma aluna da High Court Prep — suspira. — Era tudo 
o que eu queria enquanto crescia. E sei que querer entrar é 
estúpido. Especialmente quando todos vocês queriam sair. Mas me 
deixava louca não fazer parte da High Court. E esta manhã, eu não 
sei. Senti que finalmente estava vivendo meu sonho. — Ela balança 
a cabeça. — E agora... não sei. — Ela olha para mim, seus olhos 
vidrados. Como se estivesse pronta para chorar. — Ter isso. Há um 
prédio com meu nome. No campus. Fui homenageada esta tarde com 
uma cerimônia de boas-vindas ao lado de Mona Monroe e Sophie 
Bettington. Os verdadeiros legados. E mesmo que tudo fosse muito 
confuso, eu estava animada com isso. — Ela encolhe os ombros. — 
Eu estava. 
E aí está. A prova de que meu pai estava certo. 
Sobre uma coisa, pelo menos. 
Ela quer isso. Ela realmente quer. 
E a única razão pela qual ela está tendo essas dúvidas é porque 
eu as plantei lá. 
— Oh, ei — digo, querendo deixá-la feliz novamente. — Eu me 
desviei com a ideia de suas meias com franjas douradas até os joelhos, 
 
 
mas vim aqui para lhe contar a verdadeira razão pela qual meu pai 
veio. 
— Oh? 
— Ele quer... — hesito. Eu nunca quis isso. Nunca quis conduzir 
a corrida de verão ou ser algum tipo de símbolo para a faculdade. Mas 
não gosto de ver Cadee chateada. Só quero fazê-la sorrir. Quero fazê-
la acreditar que está tudo bem. Quero tornar seu sonho 
realidade. Acho que ela merece. — Ele quer que eu me mude para o 
novo dormitório. 
Ela me lança um olhar de soslaio. — E ser o Rei? Você odiaria 
isso. 
— Sim — expiro. — Normalmente. Talvez. Mas... com você como 
minha Rainha? 
— Espero que tenha dito não a ele. Não quero que faça isso por 
mim. 
— Eu disse a ele que sim, Cadee. E sim, eu farei isso por 
você. Um pouco, pelo menos. Mas principalmente, eu farei por 
mim. Acho que está bem estabelecido que sou um indivíduo muito 
egoísta. 
— Mentiroso. 
— Não. Sério. Quero morar lá com você. Quero a fantasia. Estive 
afastando isso há três anos porque a fantasia era condicional. E 
Isabella Huntington é uma garota legal e realmente me importo com 
o que acontece com ela, mas ela não é minha Rainha. Você é. — Pego 
 
 
sua mão e entrelaço nossos dedos. — Você pode imaginar quão 
divertido será naquela cobertura, Cades? Com a floresta ao nosso 
redor. E todos os nossos amigos no mesmo prédio.— Ax vai? 
— Não — suspiro — ele disse que ficará aqui. Ele quer consertar 
o lugar para você. 
— Não posso deixá-lo fazer isso! 
— Por que não? Ele quer fazer isso. Isso dará a ele... 
direção. Construir um personagem. 
— Como se ele precisasse de mais personagem. As pessoas dizem 
muitas coisas sobre Ax, mas quase nunca acertam. 
— Concordo. É por isso que você não deve se preocupar com 
Ax. E apenas... ficar feliz com sua nova oportunidade. É seu primeiro 
ano de verdade na escola, Cadee. Eu realmente quero que você 
aproveite. Será divertido. Então, o que você acha? Devemos nos 
mudar para o prédio Cadee Hunter amanhã? — Estendo suas 
meias. — Deixarei você usar o espírito escolar. 
Ela ri e seu rosto se ilumina. 
Devo a ela essa felicidade. 
Ofereço minha mão e ela a pega com um suspiro, permitindo-me 
puxá-la da cama e levá-la para fora do quarto. 
 
 
Descemos as escadas e nos juntamos a Ax nos fundos para um 
churrasco improvisado. Bebemos cerveja e relaxamos nas ruínas do 
pequeno anfiteatro, observando o lago enquanto o sol se põe. 
E então, mais tarde, quando ela está no banho e Ax está em seu 
quarto, eu mando uma mensagem para meu pai. 
Expulse Lars antes de eu chegar amanhã e serei seu estúpido Rei. 
Não quero brigar com Lars. Não quero desistir dele tão 
facilmente. Portanto, não quero ser eu a forçá-lo a sair da nova 
posição que ele aceitou. 
Minha posição. 
Porque, independentemente do que os outros pensem, ainda sou 
o mesmo velho covarde de três anos atrás. 
Meu pai leva muito tempo para responder, mas finalmente ele 
responde: Feito. 
E então está resolvido. 
Eu sou o Rei. 
 
 
 
 
 
 
Andar do estacionamento até o novo Edifício Hunter é como 
uma fantasia se tornando realidade. Não consigo parar de sorrir e 
todo o meu corpo está formigando de emoção. Até mesmo a floresta 
tem um brilho nela. É apenas a luz do sol passando pelas folhas no 
topo das árvores, mas há pássaros cantando, coelhos correndo na 
vegetação rasteira e até algumas borboletas. 
— Eu me sinto como a Cinderela — murmuro. 
Cooper segura minha mão e ao olhar para mim com um sorriso, 
ele a aperta. Fomos acordados esta manhã por dois homens batendo 
na porta. Eles foram enviados pelo Presidente para nos ajudar a 
levar nossas coisas. Não temos muito e os dormitórios são mobiliados, 
por isso trouxemos apenas nossas roupas. Mas é bom ser cuidada 
assim. Não é algo com o qual estou acostumada. 
Muitos dos outros jovens Fang e Feather já se mudaram, mas há 
alguns retardatários como nós também. E todo o prédio está 
praticamente explodindo de atividade. Parece que todos os alunos da 
escola estão se divertindo na floresta para admirar o novo prédio. 
 
 
Lá dentro, vejo todas as garotas da corrida de verão na cozinha 
do andar inferior enquanto Cooper e eu vamos em direção ao nosso 
elevador privado, e não posso acreditar que a partir de hoje estarei 
morando com todas essas pessoas. Isso simplesmente explode minha 
mente. 
Quando saímos do elevador, toda a agitação lá embaixo no pátio 
ainda é audível, mas abafada. Cooper e eu temos nossos quartos – 
que são mais como pequenos chalés de vidro – em lados opostos, um 
em frente ao outro. Mas estamos conectados pela ponte de vidro e aço 
que se estende por todo o pátio aberto. 
Definitivamente tem a sensação de algo fantástico e imagino 
como deve ficar quando decorado para o Natal. 
O elevador se abre para uma grande área de estar no lado oeste 
da cobertura, com meu quarto à direita e o de Cooper à esquerda. 
Cooper balança as sobrancelhas para mim. — Quer ver primeiro 
minha casa? 
Estava preocupada que ele estivesse fazendo isso apenas por 
mim. Ele provavelmente poderia dizer que eu realmente queria 
aproveitar essa nova situação de dormitório. Mas acho que ele pode 
realmente estar animado, porque me puxa em direção ao seu quarto 
com um sorriso no rosto que claramente não é fingido para meu 
benefício. 
— Cooper, você acredita que vamos morar aqui este ano! — Não 
consigo mais conter minha empolgação. Sinto que estou prestes a 
explodir. 
 
 
— Sim. Devo admitir. É muito legal. 
— Seu pai — bufo. — Ele é uma surpresa após a outra. 
— Preciso me encontrar com ele em meia hora. 
— Você? Por quê? 
— Ax e eu fomos expulsos de Capstone ontem. Então. 
— Paramos do lado de fora do quarto dele e suas mãos descem até 
meus quadris e me puxam. Ele olha para mim, olhando nos meus 
olhos como se tivesse planos para nós. E todos eles acontecem nus. 
Eu rio um pouco. Como uma menina. — Você era incorrigível? 
— Sempre sou incorrigível. É esperado. Não posso desapontá-los 
agora, posso? — Ele ri. — Na verdade, estávamos apenas rindo de 
nossos cursos. 
Hmm. Não tenho ideia de quais são seus cursos. — Por que era 
engraçado? 
— Porque Ax está formando em filosofia e eu em engenharia 
geológica. E vamos lá, isso é engraçado, certo? 
— Engenharia geológica? — Meus olhos se arregalam de 
admiração. — Uau. Parece muito sofisticado, Cooper. 
Ele ri. — Realmente. Mas o engraçado é que eu realmente não 
sabia qual era minha especialização. 
— O que? Isso não é possível. 
 
 
— É verdade. 
— Cooper. 
— Não me julgue. Não é minha culpa. Todas as noites antes do 
primeiro dia de aula eu recebia uma lista das salas de aula. Então 
aparecia. 
— Como você poderia não saber qual era o seu curso? Digo, 
engenharia geológica? É muito específico. 
— Realmente achei que fosse matemática. Estudei muita 
matemática, porra. Acho que minha primeira pista deveria ter sido 
todas as aulas esquisitas de física. E houve aquela viagem à Islândia 
para aprender sobre energia geotérmica no ano passado. 
Olho para ele de boca aberta, apenas balançando a cabeça. 
— Você está me julgando. 
— Eu... sim. — Eu rio. — Estou... julgando muito você agora. 
— Ei, o que posso dizer? Sou um pouco lento. 
— Certo, Sr. Física e Engenharia. Estou realmente 
impressionada. Também um pouco aliviada. Porque estou formando 
em arte, Coop. Então você terá que apoiar minha bunda. 
Ele ri um pouco. Como se eu fosse tão fofa. 
— Quais são seus planos de engenharia geológica para o futuro? 
 
 
— Tenho quase certeza de que não sou realmente qualificado 
para projetar nada. Mas ainda posso ter um fundo fiduciário quando 
tudo isso acabar. 
— Cooper. 
— Brincadeira — diz ele. — Vou me recompor totalmente e 
projetar algo muito geológico este ano para o meu artigo Capstone. 
— Então ele estreita os olhos e se afasta um pouco. Fica um pouco 
perdido em seus pensamentos. Em seguida, vagueia até a grade, 
olhando para a borda. 
Eu me junto a ele. Há cerca de meia dúzia de pessoas lá no 
pátio. Reconheço Maddie Lancaster e Jamie Cruz da corrida de 
verão. Então Mona entra, os vê e se afasta. Mantendo distância 
deles. 
— É uma bela vista — digo. — Não tão boa quanto o 
lago. Sentirei falta da nossa varanda. E nossa rede. 
Cooper sorri. 
Realmente amo o quintal da pousada. Há um esquisito 
anfiteatro de pedra que fica de frente para o lago. Parece o Teatro de 
Dioniso em Atenas. Um semicírculo formado por terraços que 
funcionam como assentos e uma parte plana, parcialmente submersa 
na água agora devido à erosão, que pode ter sido um palco. Claro, é 
muito, muito menor do que o original do qual foi modelado. Pode 
caber – oh, vinte pessoas? Vinte e cinco, talvez? E está 
desmoronando. Como se a construção datasse de cem anos atrás, 
como a pousada. 
 
 
O anfiteatro é o local favorito de Axe. Ele está lá o tempo todo 
andando de um lado para o outro no terraço superior. Apenas 
andando de um lado para o outro, falando consigo mesmo em voz 
baixa, com uma garrafa de cerveja na mão. 
— Sentirei falta de Ax também — sussurro. — Queria que ele 
estivesse aqui. 
— Eu também — diz Cooper. Ele ainda está distante. 
— O que? — pergunto a Cooper. — O que você está pensando? 
— Oh. — Cooper se endireita. — Apenas no meu projeto. É por 
isso quecom ele ao longo dos anos não era realmente um 
segredo. Ele tem essas marcas de garras nas costas desde que era um 
garotinho com cabelos castanhos espetados. E do jeito que ele conta, 
elas estavam lá quando ele nasceu. 
Mas elas não estavam. 
E há outras que também não estavam lá quando ele veio ao 
mundo. 
Ele está feliz agora. Posso ver a diferença. Para Ax, a pousada é 
algo diferente. Algo bom, embora seja uma bagunça caindo aos 
pedaços. É um novo começo, uma segunda chance e uma nova 
perspectiva. 
Então eu me importo se ele bebe leite da jarra? 
Nem um pouco, porra. 
Encontro uma pequena tigela de aço inoxidável e despejo o gelo 
nela, em seguida, coloco a forma de gelo no freezer. 
 
 
Quando viro para ele, ele está encostado no balcão da cozinha 
com os braços cruzados sobre o peito, um sorriso largo e malvado no 
rosto. 
— O que? 
Ele encolhe os ombros. — Sempre soube que era você. 
— Do que você está falando? 
— Cadee. Sabe? Ela sempre gostou de você. 
— Certo. — Pego a tigela de gelo. — Sim. Eu acho que sim. 
Mas não é verdade. Ela gostava de todos nós e ele sabe 
disso. Mas, ei, se ele está recuando para que eu e ela possamos tentar 
de verdade, não apontarei isso. 
Ele está se esforçando por mim. O que é mais do que posso dizer 
sobre Lars. 
Eu me viro e começo a ir para as escadas. 
Mas Ax grita — Não o deixe te afetar. 
Faço uma pausa. Paro sob a cornija elaboradamente entalhada 
do corredor, mas não olho para ele. — Ele não está me afetando. 
— Mentira. Você e Lars nunca estiveram de acordo. 
Agora eu viro. — Isso não é verdade. 
— Ei. — Ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo. — 
Ele e eu também nunca estivemos de acordo. Lars é... — mas hesita. 
 
 
— O que? Lars é o quê? 
— Empenhado, Cooper. Ele está empenhado. Por que você acha 
que ele está em casa esta noite, em vez de aqui? 
Balanço a cabeça para ele. — Faz parte do plano. Isso é 
tudo. Além disso, não direi ao cara para se afastar de sua 
família. Então ele queria ir à reunião de família e ver sua avó? Bom 
para ele. Estou feliz que ele foi. 
— Oh, tenho certeza que está. 
— O que isso significa? 
— Vamos lá, Coop. Todo mundo pode dizer que Lars está com 
ciúmes. 
— Escuta. 
— Não, escuta você. — Ax dá três passos em minha direção. — 
Cuidado com ele. É tudo que vou dizer. Apenas tome cuidado com 
ele. E se você tem um segredo e quer que continue assim? Bem, é 
melhor você ficar calado quando ele estiver na sala. 
Suspiro. — Ele já sabe todos os meus segredos. 
— Talvez. Mas se você conseguir novos, apenas guarde-os. 
Sei que deveria ficar aqui com Ax e conversar sobre 
isso. Devemos tomar decisões. Tirar conclusões. Mas está quente, 
estou cansado, meu pau ainda está um pouco duro por causa do sexo 
incrível que acabei de ter com Cadee Hunter, e tenho uma tigela de 
cubos de gelo derretendo na minha mão. 
 
 
Então apenas aceno. — Anotado. — Então eu me viro e vou para 
a escada. 
— Mas, só para esclarecer — diz Ax baixinho atrás de mim — 
concordo com ele. 
Eu paro, um pé já no degrau inferior. — Sobre? 
— Foi um movimento idiota, Cooper. Entendo por que você não 
disse nada quando aconteceu. Talvez eu tivesse a mesma ideia se eu 
fosse você. Então entendo. Mas você... — ele faz uma pausa para 
balançar a cabeça. — Você foi um idiota por não denunciar Dane e 
ajudar Cadee a obter justiça. E terá que viver com o seu silêncio pelo 
resto da vida. 
Sopro um pouco de ar. E quero me virar e contar a 
ele... coisas. Explicar. Fico puto e me coloco na defensiva. 
Mas ele não está errado. 
Diga o que quiser sobre Ax Olsen. Ele tem muitos problemas, 
falhas, e comete erros regularmente. Mas nunca foi um 
mentiroso. Ele sabe a diferença entre certo e errado, e quando se 
encontra do lado errado das coisas, é sempre uma escolha deliberada. 
Isso é verdade para todos. Mas a maioria das pessoas não admite 
isso como Ax admite. 
Então, mais uma vez, eu digo — Anotado. — E volto a subir as 
escadas rangentes. 
 
 
Aqui em cima a escuridão é tão completa que preciso deslizar 
meus dedos ao longo da parede do corredor para me orientar e, 
mesmo quando entro no quarto e há um pedacinho de lua brilhando 
pela janela, ainda está escuro o suficiente para eu tropeçar em 
algumas roupas descartadas no chão. 
— Tenha cuidado — diz Cadee da varanda. 
— Sim — sussurro. É um bom lembrete, mas não estou 
realmente falando com ela. E sim, comigo. 
Empurro a porta de tela que leva à varanda, tomando cuidado 
para não deixá-la bater, e então caminho até a rede. 
— O que é isso? — pergunta Cadee brincando. 
— Gelo — digo. E então sorrio largamente e permito que as 
palavras de Ax se dissipem. No meio de uma noite escura e quente, 
não é hora de revisitar os erros do passado. É para isso que serve a 
luz do dia. 
— Ooooooh. O que faremos com isso? 
Entrego a tigela e ela sibila o ar por entre os dentes. — Frio — e 
então suspira, enquanto tiro meu short e me abaixo lentamente para 
me juntar à rede com ela. Nós balançamos, oscilamos e rimos um 
pouco, nos esforçando para ficarmos em silêncio enquanto eu me 
ajeito. 
Ela esfriou um pouco na minha ausência, mas o calor entre nós 
volta assim que estamos pele com pele. Tenho um braço por baixo 
 
 
dela, então ela está deitada e encostada no meu ombro. Pegando a 
tigela de aço inoxidável, coloco em sua barriga nua. 
— Oh, merda, está frio. 
— Esse é o ponto. — Pego um cubo de gelo. — Quero manter você 
perto de mim. E sei que esse calor ganhará no final se eu não 
intervier. Então este sou eu intervindo. — Seguro o cubo de gelo sobre 
um de seus seios e ele começa a pingar imediatamente. 
Ela solta um suspiro rápido e curto quando a água fria cai em 
seu mamilo e escorre pela curva de seu seio para formar uma poça 
entre eles. — Hmm. Isto é interessante. 
— Interessante? — Eu rio, em seguida, abaixo o cubo de gelo em 
seu mamilo, esfregando-o. 
— Talvez... bom seja uma palavra melhor. 
— Bom é melhor. Mas não era exatamente isso que eu queria 
aqui. 
— Hmmm — murmura, rindo um pouco. — Então ficarei quieta 
e deixarei você fazer qualquer coisa. 
Respiro fundo, querendo dizer... coisas. A mesma maneira como 
eu queria dizer as coisas para Ax. Porque não quero que ela fique 
mais quieta. Especialmente com meu incentivo. 
— Posso brincar com o gelo? Ou isso estragará seus planos? 
— Não tenho planos, Cades. Só estou tentando fazer você me 
amar. 
 
 
— Awwwww. — Ela se inclina e coloca a mão na lateral da 
minha bochecha, e me beija. — Você não precisa se preocupar com 
isso, Cooper. 
Talvez não. Ela gosta – pelo menos – gosta muito de mim. 
Não estou realmente preocupado com o amor dela ou algo 
parecido. 
O que realmente estou tentando fazer é fazê-la me perdoar. 
— Shhhh. — Cadee me silencia. — Quase posso ouvir você 
pensando. Está tarde, está quente e perfeito para pensar em 
qualquer outra coisa que não seja este gelo que você trouxe. 
Ela está certa. 
Coloco um cubo de gelo contra seus lábios, traçando o contorno 
deles como se fossem fragmentos lunares que viajaram milhões de 
quilômetros até pousar aqui, em nossos corpos nus esta noite. 
Seus lábios franzem contra ele e seus olhos castanhos claros 
brilham quando fixam nos meus. Em seguida, ela pega um cubo e 
começa a traçar o contorno do meu ombro. O frio é imediato e a água 
deslizando pela curva do meu bíceps é relaxante. 
De repente, estou completamente feliz. 
Retiro a tigela da barriga de Cadee e a equilibro na minha 
perna. Em seguida, equilibro meu cubo de gelo sobre seu umbigo. 
Ela sibila uma risada, então quase imediatamente respira fundo 
quando o cubo derrete e começa a escorrer pelos seus quadris. De 
 
 
repente, seu corpo estremece e pequenas picadas surgem em sua pele 
bronzeada. 
Pego outro cubo e, desta vez, esfrego em torno de seus mamilos 
até que eles fiquem enrijecidos. Então eu me inclino e beijo seus 
lábios. Elespreciso ir a esta reunião com meu pai. Capstone é um 
trabalho de pesquisa de um ano e começo a pensar que será um 
desafio. 
Dou um tapinha no peito dele e me inclino para beijar seus 
lábios. Jesus Cristo, ele tem lábios bonitos. Cheios e firmes. E 
quando ele desliza sua língua em minha boca, envolve as mãos em 
minha cintura e pressiona seu corpo rígido contra mim, eu quase 
despedaço de desejo por ele. 
Ele se afasta um pouco e suspira. — Cadee Hunter. Quando eu 
voltar, usarei minha boca para te tocar. Vou te violentar aqui. Farei 
você gritar e gritar para que todos neste lago saibam que você é 
minha. 
Solto um longo suspiro. — Por que esperar até mais tarde? 
Ele ri e se afasta, me beijando novamente. Seus braços estão 
envoltos com tanta força em torno da minha cintura e minha barriga 
 
 
está pressionada com tanta força contra sua virilha que me curvo 
para trás. Meu cabelo flui atrás de mim, balançando ao sol quente da 
manhã. Seus olhos brilham com travessuras e promessas. 
E agora, tudo que eu quero é que Cooper Valcourt me jogue por 
cima do ombro, me leve até seu novo quarto luxuoso de vidro e me 
jogue na cama real do Rei. 
— Voltarei em algumas horas. — Ele me inclina novamente, me 
endireitando, e seus braços afrouxam em volta da minha 
cintura. Toda a minha fantasia evaporou. 
— O que? — Eu rio. — Você vai apenas me atiçar e depois me 
deixar na mão? 
— Vou chegar atrasado. — Ele me beija uma última vez. Um 
pouco rápido. Porque ele e eu sabemos que estou a cerca de cinco 
batimentos cardíacos de atacá-lo. Então pega minha mão, beija meus 
nós dos dedos e começa a se afastar de mim, nunca largando aquela 
mão, até que ambos estejamos unidos pela ponta dos dedos. 
O elevador ainda está aberto e um momento depois ele 
desaparece dentro dele. 
Eu me afasto quando as portas se fecham e simplesmente me 
deleito com o brilho de nossa gloriosa paixão. 
E é quando noto que atrás da cortina de vidro do meu dormitório 
há uma sombra se movendo. 
Alguém está no meu quarto. 
 
 
 
 
 
A nova assistente do meu pai é uma nerd de quase trinta anos 
chamada Libby, que adora terninhos de cores vivas e parece bastante 
impressionada com o número de alunos parados na área da recepção 
quando me aproximo de sua mesa. 
Ela levanta um dedo enquanto digita freneticamente, seus olhos 
nunca deixando seu computador. — Me dê um minuto. 
— Apenas diga ao meu pai que estou aqui. — É uma atitude 
idiota. Porque quando ela olha para cima e percebe quem sou, ela fica 
muito nervosa. 
— Oh, foda-se. — Então se encolhe. — 
Desculpe. Cooper. Sim. Ok. Sim. — Ela apunhala o telefone. — 
Presidente? Seu filho está aqui. 
A porta se abre e meu pai está lá. — Não quero ver você no meu 
escritório novamente. 
Por um momento, acho que ele está falando de mim, e talvez eu 
esteja livre desta reunião. Mas não tive essa sorte. 
 
 
Ivan, de todas as pessoas, sai do escritório dele. Ele acena com a 
cabeça para mim e vai embora. 
— Cooper. Entre. 
Respiro fundo e solto um suspiro exagerado. Mas sigo meu pai e 
fecho a porta. 
— Sente-se, temos muito que revisar. 
Sento-me em uma das duas cadeiras em frente à sua enorme 
mesa e me inclino, esticando as pernas na minha frente. 
— Jesus Cristo, Cooper. Cresça. Sente-se ereto, pelo amor de 
Deus. 
— Bem, você está de mau humor. 
— É o Ivan. 
— O que tem o Ivan? 
— Esqueça-o. Você já apresentou uma tese? 
— Uma dissertação? — Não quero rir, mas vamos lá. Pareço um 
cara que vem com uma dissertação? 
— Capstone, Cooper. Por favor, não perca meu tempo hoje. Você 
viu minha recepção? 
— Sequer estou tentando ser um idiota, Pai. Só não sei o que é 
isso. 
 
 
Ele pisca para mim. — Seu trabalho de pesquisa, 
Christopher. Você não andará de skate neste ano. Ou faz o trabalho 
ou não se formará. Então, que tipo de pesquisa você fará? 
Solto um longo suspiro, já cansado deste encontro. — Bem... 
espere. Porque quando olhei para minhas transcrições naquela pasta 
de orientação Capstone vi que estou me formando em engenharia 
geológica. 
— Então? Qual é o problema? 
— Qual é o problema? O problema é que não sei nada sobre 
engenharia geológica. 
Ele se senta em sua mesa e começa a digitar em um tablet. Então 
vira para mim. — De acordo com sua transcrição, você sabe, Cooper. 
— Lamento contradizê-lo, mas... não. Eu não sei. 
— Você fez todas essas aulas. Correto? Dinâmica da Terra, 
geofísica, petrofísica, mecânica do solo, hidrogeologia. 
Inclino minha cabeça para ele. 
— Como isso não te diz alguma coisa? 
— Quero dizer... sim. Parte disso soa familiar. — Eu me inclino, 
tentando ver seu tablet. — Que tipo de notas eu tirei? 
Ele faz uma careta para mim, então apenas sento na minha 
cadeira e retomo minha postura relaxada. — O suficiente para 
passar, Cooper. 
 
 
— Oh — aceno com conhecimento de causa. — Realmente 
passei? 
— Você acha que realmente passou? 
— Então isso não funcionará. Preciso de um novo curso. Algo 
fácil. Ax está fazendo filosofia. Talvez eu deva ser um filósofo? 
— Você já fez alguma aula de filosofia? 
— Não — sorrio — mas nem Ax. 
Meu pai começa a digitar novamente. — Ele na verdade fez, 
Cooper. —Em seguida, ele desliza seu tablet sobre a mesa para que 
eu possa ver. 
— Hã. Espera. Como todas as notas dele são B e as minhas são 
apenas o suficiente para passar? 
— Porque ele trabalhou duro, Cooper. 
Eu rio e aponto para ele. — Essa é boa. 
— Não foi uma piada. Você é a única pessoa neste campus que é 
uma piada. 
— O que? 
— Você não sairá deste curso. Você fez essas aulas. No mínimo, 
você apareceu para eles. E agora escreverá uma dissertação sobre 
engenharia geológica. O que você propõe? 
 
 
Ele espera que eu fale. Como se eu tivesse um tema de 
dissertação esperando para ser liberado. Mas é claro que não tenho. 
Meu pai suspira. Alto. — Cooper, eu estou tão cansado 
disso. Realmente pensei que você estava prestes a virar uma nova 
página depois de nossa conversa. 
— Nossa conversa ontem à noite? — suspiro e esfrego minhas 
mãos no meu rosto. — Apenas me faça formar em matemática. Eu 
me lembro dessas aulas e sou bom em matemática. 
— Uma especialização em matemática? — Meu pai olha 
literalmente para mim com desprezo. — Os cursos de matemática 
não têm aplicações práticas no mundo real, Cooper. Os engenheiros 
geológicos, por outro lado, são muito procurados. Você se formará em 
engenharia geológica e fará um artigo sobre isso. — Ele enfia a mão 
em uma gaveta e tira outra daquelas brilhantes pastas azuis e 
douradas. Então bate na mesa e empurra na minha direção. — Tomei 
a liberdade de coordenar um projeto para você. 
— Hã. Bem... obrigado. Eu acho. 
— Mas você não vai longe, Cooper. Não com essa atitude. Espero 
que esse projeto valha a pena. 
— Você pode especificar o que vale a pena? 
— Aplicável. É melhor você fazer algum tipo de descoberta. Você 
está prestes a se tornar um cientista. 
Eu rio tão alto que assusto meu pai. 
 
 
— Isso é engraçado para você, Cooper? — Ele obviamente não 
acha engraçado. 
— Vamos! — Eu rio novamente. — Você sabe que isso é 
engraçado. Não sou... — encolho os ombros. — Apenas... não quero 
sair daqui como um cientista. 
— Você precisa da pós-graduação para fazer qualquer coisa 
significativa com este diploma. Então você irá para a pós-graduação. 
— Eu não farei pós-graduação. 
— Agora que conhecemos o seu futuro acadêmico, precisamos 
discutir Isabella. 
— Espera. Ainda estou preso nessa coisa de pós-graduação. Nem 
sei o que é, mas tenho quase certeza de que não quero ir. 
— Isabella. 
Porra. Suspiro. — O que tem ela? 
— Você está noivo dela. Então, obviamente, Cadee – a quem eu 
amo, a propósito. Eu realmente amo. Ela também é minha escolha, 
Cooper. Mas se Cadee será sua namorada, ela precisa entender o 
lugar dela. 
Fico apenas olhando para ele por um momento. Tipo... meu pai 
acabou de insinuar que Cadeeserá minha amante e Isabella será 
minha esposa? —Bem — balanço a cabeça. — Não sei como 
chegamos lá. Mas não vou casar com Isabella, pai. Simplesmente não 
 
 
vou. Ela não me ama, eu não a amo, não assim, pelo menos. E Cadee 
é a garota que eu quero. 
— Sim. Bem. — Ele se recosta na cadeira. — Sua mãe era a 
garota que eu queria e consegui do meu jeito, não foi? Forcei a mão, 
por assim dizer. Mas foi um erro. E acredite em mim quando eu 
disser isso, você não cometerá o mesmo erro que cometi. Você fará da 
maneira que foi planejado. 
Estreito meus olhos para ele. Porque nem sei como responder. 
— Você tem até o Ano Novo, Cooper. Resolvi as coisas com o pai 
de Isabella. Será uma grande festa e um grande negócio. Vocês 
anunciarão o noivado e no dia 4 de junho se casarão. O que vocês 
fazem nesse casamento, bem, isso é com vocês. Mas você não se 
casará com Cadee Hunter. Nunca. 
 
 
 
 
 
Afasto as cortinas azuis claras para o lado e Isabella está 
do outro lado d quarto, parada na frente de uma penteadeira, 
servindo duas taças de champanhe. Ela se vira e sorri para mim 
quando entro, em seguida, mostra a garrafa. — Encontrei na 
cozinha. Ouvi dizer que sua mãe escolheu este champanhe para 
você. Champanhe de morango. É um pouco cafona, Cades. Não vou 
mentir. Mas também é muito delicioso. 
Ela está usando outra versão da minha roupa de espírito 
escolar. Uma versão muito mais sexy, eu devo acrescentar. É a 
mesma minissaia amarela curta pregueada. Mas sua camisa de 
botão é algo completamente diferente – uma camisa curta que 
amarra na frente, de modo que as pontas da camisa tocam seu 
umbigo nu. E suas meias com franjas douradas não param nos 
joelhos. Elas vão até as coxas. 
Interrompi meu olhar com um piscar. — Por que você está no 
meu quarto? E como chegou aqui? 
Ela caminha até mim, oferecendo uma taça de espumante. Pego 
e cheiro as bolhas efervescentes. — Meu pai me deu o código do 
elevador. — Ela revira os olhos. — No caso de eu querer visitar 
 
 
Cooper à noite. — Essas palavras saem 
zombeteiramente. Sarcásticas. E então lembro o que Dante me 
disse. Isabella gosta de garotas. Mas sua família não quer saber 
disso. 
— Saúde — digo a ela. 
Ela sorri para mim, bate na minha taça e nós duas bebemos, 
olhando uma para a outra por cima das nossas taças. Então ela se 
vira e atravessa o quarto antes de virar. Como se precisasse criar 
alguma distância entre nós. — Você não está com raiva de mim? 
— Pelo quê, Isabella? 
— Cooper e eu vamos nos casar. — Ela faz uma pausa para ver 
como vou reagir. Mas realmente não tenho uma reação. 
Ele não a ama. 
Ela não o ama. 
Eles estão presos. 
Caminho até a grande cama de dossel e sento aos pés dela. — 
Não estou com ciúmes, se é isso que você quer dizer. 
— Porque você sabe, não é? 
— Que você gosta de garotas? Sim. 
— O que? — Seu rosto se contorce de raiva. — O que você acabou 
de dizer? 
 
 
— Desculpe. Dante me disse... 
— Foda-se aquele pequeno pau. Ele não tem ideia do que está 
falando. 
— Desculpe, Isabella. Sinto muito. 
Ela franze a testa, pressionando os lábios, então respira fundo e 
força um sorriso. — Você estava dizendo? 
— Estava? 
— Você não está com ciúmes por que...? 
— Bem... — foda-se. Por que tenho que ter essa conversa com 
ela? Ela não é problema meu, é? 
Isabella endireita os ombros. — Continue. Você pode falar. 
Pensei já ter falado. Mas aparentemente não. Então, tento 
novamente. — Hum... bem, ele não está apaixonado por você, 
Isabella. 
— Ele está apaixonado por você? 
Encolho os ombros. — Talvez? Não sei. 
Ela sorri para mim, de volta ao seu jeito brilhante. E posso ver 
perfeitamente por que Cooper se esforça para fazê-la feliz. Ela é 
muito – qual é a palavra? Não mais bonita – muito mais viva quando 
está feliz. — Ele ama. — Ela toma um longo gole de champanhe e 
levanta a mão, como se me dissesse para dar um minuto, e engole 
 
 
tudo. Quando finalmente respira, suas palavras soam sem fôlego. — 
E estou totalmente de acordo com isso. 
— Está? 
Ela estende a mão perfeitamente bem cuidada sobre o 
coração. — Claro. Cooper e eu somos um acordo comercial. Quero 
dizer... — ela levanta os ombros até as orelhas e sorri — nós 
brincamos um pouco. Mas... é principalmente para mostrar. — Ela 
faz uma pausa então, como se estivesse reconsiderando. — Na 
maioria das vezes, mas nem sempre. 
— Ok. 
Ela olha para mim por um longo momento. — Ele nunca será 
todo seu, Cadee. Não enquanto eu estiver por perto. — Não sai de 
forma maldosa. Ou sarcástica. Ou qualquer coisa diferente de 
sinceridade. — E não somos realmente responsáveis por isso. 
— Nós éramos responsáveis por isso — digo. — Algumas 
semanas atrás. Quando todos nós decidimos seguir o plano de Dante 
e derrubar todos eles. Algumas dessas coisas te dizem algo, 
Isabella? Por que todos de repente se esqueceram de que tínhamos 
um plano? Eu pagaria a mensalidade de vocês. Vocês não precisavam 
rastejar de volta. 
— Não rastejei de volta por isso, Cadee. E nem as outras 
meninas. 
— Então pelo quê? Não entendo. 
— Nós precisamos deles. 
 
 
— Vocês não precisam deles! Comprei a pousada para que 
pudéssemos morar nela. Disse que pagaria... 
— Não, Cadee. — Ela se senta na cama ao meu lado e cruza as 
pernas longas e finas, então se inclina e apoia o cotovelo no joelho 
para que possa descansar o queixo na mão. — Nós precisamos 
deles. Os meninos. — Ela olha para mim. — Não sei como continuar 
sem Cooper. E sei que ele não me quer. Ele quer você. — Ela encolhe 
os ombros. — Mas preciso dele. E nos comprometemos um com o 
outro. 
— Em primeiro lugar, isso não é totalmente verdade, 
Isabella. Ele te ama. À maneira dele. E ele não te deixará para trás. 
— Talvez não este ano, mas depois da formatura? — Ela balança 
a cabeça. — Ele vai embora, Cadee. Ele nunca mais pensará em mim 
se não nos casarmos. 
— Certo. Não sei o que você procura aqui. Por que está me 
contando isso? 
— Não o faça me afastar. 
— Eu não vou. 
— Você diz isso agora, porque nada disso é real. Mas um dia, 
Cadee, será real. Será muito real. E então perceberá que o amor da 
sua vida é casado comigo. E mesmo que seja você quem ele deseja, 
sou eu quem ele terá. 
— Então o que você quer que eu faça? Afastar-me? 
 
 
— Não. Claro que não. Cooper realmente gosta de você. Não vou 
tirar isso dele. Apenas... entre de olhos abertos. Você não pode voltar 
agora. É tarde demais. O Presidente tem... bem. Olhe em volta. 
— Sim — eu rio. — Ele meio que exagerou com esse lugar, certo? 
— Puta, isso é tão exagerado que estamos navegando do outro 
lado. 
Eu ri. E ela ri. E então nós apenas olhamos uma para a outra e 
temos um momento estranho. 
É assim que Cooper se sente perto de Ax e Lars quando estamos 
todos juntos? 
Porque é estranho. 
— Então. — Isabella decide mudar de assunto. — Você se 
inscreveu para todas as suas aulas? 
Meu sorriso é largo. — Sim. 
— Você escolheu uma especialização? Ou vai explorar todas as 
suas opções? 
— Não. Sei exatamente o que quero fazer aqui este 
ano. Arte. Vou me formar em arte. Pintura, especificamente. 
— Sim. — Ela sorri para mim. — Combina com você. Oh! Quase 
esqueci. Tenho um presente para você. 
— Você... tem um presente para mim? 
 
 
Ela sai da cama e vai até uma linda sacola de papel amarelo com 
fitas azuis encaracoladas na alça. — Espero que não seja um 
presente estranho, mas sei do que Cooper gosta. E tenho uma leve 
suspeita de que sua mãe nunca te ensinou como excitar um homem. 
— Oq-o quê? — Acho que todo o meu rosto fica vermelho. 
— Abra. — Ela empurra a sacola para mim. E então ergue o 
quadril e sorri. 
Abro a sacola de papel e encontro um uniforme de colegial muito 
sexy da High Court Prep. Na verdade, é uma cópia exata do que 
Isabella está vestindo agora. Incluindo um par muito sexy de salto 
alto Mary Janes. 
— Hum. — Olho para ela. — O que é isso?— Vi sua sacola da livraria quando você entrou na sala de jantar 
ontem. Estava muito cheia. 
— Sim. — Eu coro. — Exagerei um pouco. 
— Eu me lembrei daquela outra vez quando vi sua sacola. 
— Que outra vez? 
— Foi há muito tempo. Eu estava talvez... — ela faz uma pausa 
para pensar. — Uma caloura na Prep? Em algum lugar por aí. Então 
você era jovem. E vi você roubando um uniforme dos achados e 
perdidos. 
— Ohhhh. Pega. 
 
 
— E então eu te segui. — Ela faz uma pausa. — Vi você colocá-
lo e fingir que era uma estudante. 
— Oh. — Eu murcho um pouco ao me imaginar da perspectiva 
de Isabella. Triste. Provavelmente parecia triste. Ou patética. 
Ela encolhe os ombros. — Ficou bem em você. De qualquer 
forma. E então eu vi aquela sacola de espírito escolar e percebi – essa 
era a sua fantasia, não era, Cadee? 
— Sim — admito. — Era. É. 
— Bem, Cooper gosta desse visual também. Obviamente. — Ela 
abaixa as mãos em seu próprio corpo, como se fosse a prova viva. — 
Então, peguei uma para você. 
— Por quê? 
— Por quê? — Ela franze a testa. — Porque eu quero que vocês 
sejam felizes. Se vocês estão felizes, estamos todos felizes. É assim 
que funciona. Todos nós continuamos felizes. Surpreenda-o com 
isso. Isso o fará sorrir. Ok, então. — Ela cruza as mãos na frente do 
corpo e sorri para mim. — Vamos recapitular? Cooper e eu estamos 
noivos. Ele gosta de você de maneiras que não gosta de mim. Você 
não está com ciúmes. Eu não sou ciumenta. Mas nós duas 
entendemos o que está acontecendo aqui, correto? 
Ela inclina a cabeça para mim e espera minha resposta com os 
olhos semicerrados. 
— Hum. Sim. Ok. Estamos... todos na mesma página. 
 
 
— Bom. Quero que sejamos parceiras, Cadee. É a única maneira 
de funcionar. — Então ela se inclina e beija minha bochecha. Seus 
lábios permanecem ali por um momento a mais. Em seguida, ela se 
afasta, gira os dedos para mim em despedida e abre caminho através 
das minhas cortinas amarelas esvoaçantes, gritando — Estou no 
quarto 301 se precisar de mim. 
Apenas fico lá na cama por alguns momentos, olhando entre a 
sacola de roupas sexy e as cortinas onde Isabella simplesmente 
desapareceu. 
Ela veio até mim? 
Eu ri. Realmente não tenho certeza. 
Ela insinuou que será a esposa de Cooper e eu serei a amante 
dele? 
Sim. Tenho quase certeza de que esse era o objetivo de sua visita. 
E embora eu não tenha ciúmes de Isabella, também não sei se 
quero passar minha vida como – a outra mulher. 
Cooper e eu precisaremos discutir isso. 
Mas não hoje. Isto pode esperar. Acabamos de chegar aqui. Não 
vou estragar nossa primeira noite dormindo no Edifício Hunter como 
Rei e Rainha com coisas estúpidas como detalhes. 
Não. 
Vou colocar essa roupa sexy. 
 
 
 
 
 
Este não é o uniforme oficial da High Court Prep. É 
melhor. E fico tão bem nele quanto Isabella. Na verdade, nós meio 
que somos parecidas, ela e eu. Nós duas temos longos cabelos 
loiros. Ela tem olhos verdes e os meus são castanhos claros, mas 
temos quase a mesma altura e peso. E temos pernas compridas, 
então quando coloco essas longas meias, eu arraso com essa merda. 
Na verdade, fico tão bem com essa fantasia que só fico olhando 
para mim mesma por alguns instantes. Então olho ao redor do quarto 
e começo a planejar o que Cooper verá primeiro quando voltar. Tem 
muitas velas. Todas combinam com o quarto em tons sutis de azul e 
amarelo claro. E há dois grandes candelabros nas mesinhas de 
cabeceira, cada um com uma dúzia de velas brancas. 
Quero acender todas e definitivamente transformar este quarto 
em minha fantasia romântica. Mas ainda é dia. Então, após acendê-
las, simplesmente não tem o mesmo efeito. 
Então noto as pesadas cortinas de veludo dourado presas nos 
cantos com grandes franjas azuis. Solto as franjas e as puxo até que 
o quarto esteja totalmente escuro. 
Isso é muito melhor. É quase como se fosse noite agora. 
 
 
Então planejo como devo me posicionar na cama para que, 
quando ele entrar, seu primeiro olhar para mim com essa roupa o 
deixe no chão. 
Eu me apoio em alguns travesseiros. Afofo meu cabelo e arrumo 
todas as pregas da saia. 
Uau. Isso é realmente terrível. 
Eu me levanto, encosto na cabeceira da cama, uma perna 
cruzada na frente da outra, como se estivesse esfregando minhas 
coxas. 
Certo. Não. Isso também não é bom. Sou muito ruim nisso. 
Abaixo minha camisa, revelando meus ombros, em seguida, eu 
fico de frente para a cama – de costas para a porta – e me curvo. 
Eu rio. 
Isso é bom. Gosto disso. 
Mas e quanto a isso? Deito na cama com a cabeça voltada para o 
estribo. Então eu me levanto um pouco até que minha cabeça esteja 
pendurada na borda e meu cabelo arrastando no chão. 
Posso ficar tonta. Estou quase me levantando e voltando para a 
cama quando ouço o barulho do elevador. 
Merda! Ele está aqui! Isso foi rápido! 
Dobro um joelho enquanto mantenho a outra perna reta e, em 
seguida, estendo os dois braços e agarro os postes ao meu lado. 
 
 
Então fecho meus olhos e começo a lamber meus lábios. 
O som de uma cortina sendo puxada faz meu coração disparar. E 
abrindo minha boca, faço beicinho de pato. — Finalmente — digo. — 
Estou com tanto tesão. Foda-me, Cooper. Agora! 
— Uh... Cadee? 
Abro meus olhos e vejo – uma virilha. Então levanto a cabeça e... 
aquela virilha pertence a Lars. — Merda! Lars! O que você faz aqui? 
Ele ri. — Que diabos está fazendo? 
— Meu Deus. Eu estava posando para Cooper! — Tento me 
levantar, mas dessa posição isso requer mais força do que realmente 
tenho. — Me empurre, Lars! 
Ele empurra, e estou quase em pé, quando outra voz diz — Que 
porra está acontecendo aqui? 
Lars se vira, eu caio para trás e então olho para Cooper. 
Eu me viro de barriga para baixo e fico de joelhos no meio da 
cama. Minhas pernas estão abertas, meu cabelo está desgrenhado e 
bagunçado, e meus seios estão praticamente pendurados para fora 
da minha pequena camisa e gravata. 
— Que porra é essa, Lars? — Cooper entra no meu quarto e o 
empurra para fora do caminho, então se posiciona entre Lars e eu. 
— Cooper — digo, lutando para alcançar a beira da cama. — Ele 
acabou de chegar. 
 
 
Cooper cutuca Lars no peito e Lars apenas olha para ele. Como 
eles ficaram assim? Eles costumavam ser bons amigos. — Por que 
você está aqui? 
— Alguém tem que cuidar dela — brinca Lars. 
— Eu! — Cooper se cutuca no peito agora. — Sou eu quem cuida 
dela. Você não é o Rei, Lars. Supere. 
— Eu o farei se você superar. 
— Jesus Cristo. — Pulo da cama e fico entre eles, empurrando 
Cooper um pouco. Ele olha para minha roupa com olhos 
arregalados. Como se realmente quisesse saber por que diabos eu 
estou usando essa roupa na frente do Lars enquanto ele não estava 
aqui. — Cooper — digo, avisando-o para não tirar conclusões 
precipitadas e fazer disso um grande negócio. — A roupa era para 
você. Eu estava posando na cama, esperando por você, e então Lars 
entrou. 
— Certo. — Cooper olha para Lars. — Você precisa ir embora, 
Lars. 
— Então o quê? Não somos mais amigos? 
Inicialmente, acho que Lars está falando com Cooper, mas ele 
está falando comigo. — Oh. Bem. Sim. Claro, Lars. Somos 
amigos. Ainda somos todos amigos, certo? 
— Que seja — diz Lars. — Nós éramos amigos, Cadee. Muito 
bons amigos, na verdade. Sempre te protegi. Mas se você quiser jogar 
isso fora só porque Cooper não consegue lidar com seus problemas de 
 
 
ciúme, tudo bem. Acho que não deveria estar surpreso. Quando 
Cooper Valcourt quer algo — Lars encara Cooper — ele pega. Mesmo 
que não seja dele. Mesmo que signifique destruir todos ao seu 
redor. Você é igualzinho ao seu pai, sabia disso, Cooper? 
Cooper apenas o encara, tentando ser a pessoa mais importante 
nesta discussão e não dizer nada em resposta – e vamos ser honestos 
aqui, Cooper quase nunca é a melhor pessoa em uma batalha de 
vontades – ou ele simplesmente não consegue pensar emum retorno 
para a acusação de Lars. 
Lars acena com a cabeça. Ele e eu sabemos por que Cooper está 
em silêncio. Então ele simplesmente se vira e sai. 
Cooper o observa, então caminha até a porta e fecha as cortinas 
novamente, deixando o quarto escuro, de forma que as velas 
bruxuleantes iluminam seu rosto quando se vira para mim. — 
Precisamos mudar os códigos de segurança. 
— Sabe, provavelmente é uma boa ideia. Porque Isabella veio 
aqui também. — Então movo minhas mãos em minha nova roupa. — 
Ela trouxe um presente para mim. 
Cooper tampa a boca com a mão para esconder o sorriso, Lars 
temporariamente esquecido. — Ela trouxe isso para você? — Ele me 
examina bem. 
— Sim. Ela trouxe esta pequena roupa para mim. 
— E você... vestiu? Para mim? 
 
 
Estou prestes a responder quando lembro que estou no modo 
super sexy. Então eu abaixo minhas pálpebras e, em seguida, abro 
minha boca um pouco e respiro — Para você, meu Rei. 
Ele dá um passo em minha direção e então suas mãos estão no 
meu cabelo, agarrando-o e me puxando para ele. 
— Jesus, Coop. Isso é quente. 
Ele me empurra para a cama, me vira e me inclina sobre a borda 
do colchão. Minha saia é tão curta que sei que estou totalmente 
exibindo minha bunda. 
Olho por cima do ombro bem a tempo de vê-lo afastar o pedaço 
de tecido da minha bunda e então sua mão desce com um forte tapa! 
— Ow! — grito. — Por que foi isso? 
— Isso — diz, inclinando seu corpo sobre o meu e soprando as 
palavras em meu ouvido — foi por mostrar a Lars a minha roupa. 
— Não foi minha culpa. Ele apenas entrou! 
Ele ri no meu pescoço e um arrepio explode dentro de mim. — 
Eu sei. Mas de repente senti a necessidade de puni-la. Se você vai se 
vestir como uma aluna sexy, Cadee Hunter, então eu vou te punir por 
ser uma garota má. 
— Interessante. 
Ele ri e se levanta. Em seguida, arruma minha saia sobre minha 
bunda. 
 
 
— Ei! O que você está fazendo? Você não pode puxar meu cabelo, 
me bater uma vez e depois ir embora. 
Ele tira a camisa e acho que paro de respirar. Todos os músculos 
da parte superior de seu corpo são subitamente cortados em 
sombras. Sua tatuagem de leão lutador dança na cintilação das 
chamas. Seus olhos azuis escuros e perturbadores percorrem meu 
corpo de cima a baixo enquanto sua boca se abre e sua língua desliza 
pelo lábio inferior. 
Ele parece diferente sob esta luz. A luta com Lars permanece no 
ar como uma névoa de raiva. E por um momento, não o 
reconheço. Ele não é Cooper. Não é o garoto com quem cresci, mas 
outro homem. Um homem alto, musculoso e comandante que entende 
completamente seu lugar no mundo. 
Nenhum de nós se move. 
E então ele diz — Curve-se na cama, Cadee. Porque você está 
certa. Não tenho intenção de bater em você apenas uma vez. 
 
 
 
 
 
 
Ela murmura as palavras, Curve-se, e quando termina, os 
seus lábios permanecem em um formato de perfeito O e tudo o que 
posso pensar é em passar meu pau gordo e duro por aqueles lábios e 
ao longo de sua língua até atingir o fundo de sua garganta. 
— Ok. — Ela está sem fôlego com o pensamento. E então ela se 
vira, estica os braços, coloca as palmas das mãos no edredom e se 
curva, mantendo suas longas pernas perfeitamente retas e 
deslizando as mãos para cima no edredom. 
Sua saia é tão curta que posso ver a maior parte de sua 
bunda. Mas ela está usando uma calcinha branca sexy e eu me fixo 
na forma como o elástico apertado morde sua bochecha carnuda por 
alguns momentos. 
Ela olha por cima do ombro para mim, mais do que apenas um 
pouco nervosa – posso ver em seus olhos. — E agora? 
— Abra as pernas, Cadee. 
Ela sorri para mim e eu sorrio. 
 
 
Ela obedece. Mas não é rápida nisso. Ela mexe os quadris 
primeiro. Provocando-me. Então lentamente avança uma perna, 
depois a outra, dá outra sacudida na bunda e ri. 
Oh, sim, isso será divertido. 
Eu suspiro. Fortemente. Como se já estivesse exasperado com 
ela. — Existem regras, Cadee. Se você quiser morar no meu prédio — 
ela ri — então deve seguir minhas regras. 
— Sim, meu rei. 
Jesus. Ela realmente gosta disso. — Silêncio! Não fale até que 
falem com você! 
Ela ri no edredom. 
E então minha mão desce em sua bunda com um forte tapa. Todo 
o seu corpo pula no colchão com a força e o choque do meu tapa. Então 
ela grita com uma mistura de prazer e dor. 
Há uma marca de mão em sua bunda. 
— Não me teste, Cadee. 
Espero que ela se atreva. Ou balançar os quadris 
novamente. Qualquer coisa por outra desculpa para dar um tapa na 
bochecha. Mas ela está quieta. Jogando junto. 
— Você conhece as regras — digo, inventando enquanto 
prossigo. — Nenhum homem é permitido em seu quarto a menos que 
eu dê permissão. E Lars estava aqui. Então agora, você deve ser 
punida. 
 
 
Ela não diz nada. 
— Olá? Cadee Hunter? 
— Você me disse para não falar. 
Bato nela novamente e rindo desta vez ela se levanta para me 
encarar, o dedo apontado para o meu rosto. — Você está trapaceando. 
— Então? Eu sou o Rei, lembra? 
— Se vamos jogar, você não pode trapacear. Regras são regras. 
— Nenhum homem em seu quarto. 
Ela encolhe os ombros. — Feito. Algo mais? 
— Hmm. — Acho que não estava preparado para este jogo. — 
Você nunca mais pode ficar sozinha com Lars. Nunca. 
— Por quê? 
— O que? 
— Por quê? Quero dizer, se essa é sua regra, tudo bem. Mas 
quero saber por quê. 
— Porque não estamos mais jogando o mesmo jogo. Você não 
sente isso? Não sou só eu, certo? Lars tem alguma outra agenda 
secreta. Na verdade, parece que todo mundo tem sua própria agenda 
secreta, não é? Mas, voltando ao Lars, eu me sinto assim há um 
tempo. Ax até disse... 
 
 
— Ok, oh, ok. Não preciso de uma dissertação sobre isso, 
Cooper. Estamos tentando fazer sexo espantoso aqui, certo? 
Eu rio. 
Ela inclina a cabeça para mim e sorri. — Você tem mais regras 
para mim, meu rei? 
Hmm. Penso por um momento. — Preciso te chamar de algo. 
— O que há de errado com Cadee? 
— Para sua punição, quero dizer. Como Fugling. Mas 
definitivamente não Fugling. O que poderia ser? 
Ela pisca para mim. — Você está me pedindo para escolher meu 
próprio nome depreciativo? 
— Sim. Por que não? Na verdade... — eu a olho de lado com um 
sorriso malicioso — é uma ordem. Como devo chamá-la, Fugling? Em 
vez de Fugling? 
— Que tal minha rainha? 
Experimento. — Você tem sido uma má, má... Rainha — balanço 
a cabeça. — Nah. Algo mais. Vá um pouco mais fundo, Cades. Um 
pouco mais sujo. 
— Ok. — Ela ri. — Que tal Puta? 
— Puta? — coço meu pescoço enquanto considero isso. — 
Continue. 
 
 
— Cadela? 
— Não. 
— Vagabunda? 
— Definitivamente não. 
— Ummm. Porra. Não sei. Você está me colocando em uma 
situação difícil aqui. — Então seus olhos brilham. — Ou... talvez eu 
queira. Que tal... Fuckling? 
— Fuckliiiing — digo devagar. — Sim, ok. Você é minha 
Fuckling, Cadee. De agora em diante, quando eu te chamar 
de Fuckling, você me obedecerá como seu Rei. 
Ela pisca os olhos para mim. Então, de repente tímida, ela olha 
para os próprios pés. — Sim, meu rei. 
Ela reassume sua posição. 
Curvada na cama de bruços. 
Mãos espalmadas no edredom. 
Pernas abertas. 
— Porra, você vai me matar este ano. 
Ela olha para mim por cima do ombro e pisca. 
Tantos sentimentos inundam meu corpo que preciso fazer uma 
pausa e respirar fundo para pensar por onde devo começar. 
 
 
Essa calcinha precisa sair. Puxo de um lado. Deslizo sobre seu 
quadril apenas o suficiente para fazer o elástico morder sua pele. Não 
sei por que isso me excita, mas excita. Então, arrasto o outro lado um 
pouco mais para baixo. Ela respira pesadamente agora, sua mente 
cheia de hipóteses e possibilidades. 
Mas ainda não chegamos lá. 
Minha palma acaricia suas nádegas. Faço isso várias vezes, 
evitando sua boceta de propósito. Então puxo sua calcinha um pouco 
mais, até que esteja bem esticada entre suas coxas. 
Obviamente, sua boceta está me implorandopara tocá-la e suas 
nádegas implorando para eu bater nelas. Mas quero trabalhar para 
ambas as ações. Quero fazer isso direito. 
Dou um passo à frente em direção a ela e alcanço seu longo 
cabelo loiro. Envolvo meu punho duas vezes e, em seguida, puxo 
apenas o suficiente para fazê-la suspirar e levantar a cabeça do 
edredom. 
Meus quadris pressionam contra sua bunda e meu pau endurece 
sob meu short. 
Ela geme um pouco. E tenho vontade de puni-la por fazer 
barulho. Não sou versado na etiqueta dominante-submissa e não sou 
especialista nessa coisa de interpretação, mas parece que ela deveria 
precisar de permissão para gemer. 
Ainda estou considerando isso, muito divertido com meus 
pensamentos internos, quando ela começa a pressionar sua bunda no 
 
 
meu pau, me incentivando a me mover mais rápido. E então puxo seu 
cabelo até ela suspirar, um pouco irritado por ela não me obedecer de 
uma maneira mais séria. 
— Se você mover seus quadris ou tentar me provocar, Fuckling, 
eu vou negar. Não brinque com o seu Rei. 
Ela fica quieta e isso me agrada tanto que eu me inclino e beijo 
aquele pequeno furinho na parte inferior de suas costas. Ela engasga 
novamente, só que desta vez com meus lábios suaves e vibrantes 
viajando por sua espinha. Quando chego a seu pescoço, inclino-me e 
belisco a pele macia e ela grita um pouco. Mas antes que ela possa 
pensar muito sobre a dor, levo meus lábios até o lóbulo de sua orelha 
e o acaricio suavemente com minha boca. 
Meus quadris começam a esfregar contra sua bunda, meu pau se 
enche de sangue e fica mais duro com cada impulso. E então deslizo 
uma mão sob seu seio e aperto seu peito até ela morder o lábio e 
estremecer. Obrigando-se a ficar quieta. 
Solto seu seio e deslizo minha mão em seu estômago até que 
meus dedos encontram o ponto ideal entre suas pernas. Fazendo algo 
gentil e doce para que seus pensamentos não se demorassem na dor 
que veio antes. 
— Você foi má, Fuckling — digo suavemente. Muito gentil. — 
Você tinha um homem em seu quarto. E não só isso, você tinha um 
homem específico em seu quarto. Aquele que não tem permissão para 
ficar sozinho com você. 
 
 
Espero para ver se ela me diz algo sobre a injustiça disso. E 
talvez dissesse se isso fosse algo diferente do que é. Mas é apenas um 
jogo e ela está jogando junto. 
Claro que minha acusação é injusta. 
Claro que não é razoável. 
Mas não sou qualquer rei. Sou o Rei Valentão e posso dizer e 
fazer o que quiser. 
— Então agora eu tenho que te punir. Levante-se! — comando 
enquanto puxo seu cabelo e, em seguida, contorno seu corpo até que 
estamos cara a cara. 
Ela olha nos meus olhos. Então lambe os lábios. 
— O desafio em você é forte, Fuckling. Mas... vamos ver quão 
desafiadora você é depois de sua surra. 
Ela quase sorri. 
E quase paro e a castigo de verdade por não levar a sério. 
Em vez disso, sento-me na beira da cama e recuo apenas o 
suficiente para poder apoiar meus pés na grade da cama. Então dou 
um tapinha na minha coxa. — Deite no meu colo com o rosto na cama. 
— Oh, Cooper — geme. — Siiiiiim. 
— Cadee, se você quer jogar, fique no personagem. Se quiser 
parar... 
 
 
— Eu ia dizer achei que você nunca pediria. 
— Não estou pedindo! Estou exigindo! 
Ela ri. E eu meio que deixo escapar um sorriso. Mas ela respira 
fundo e se posiciona do jeito que pedi, com o rosto pressionado contra 
o edredom e sua bunda em minhas pernas. 
Abro minhas pernas, de modo que um joelho pressiona contra 
sua boceta apenas para mantê-la pressionada. 
Olho em suas costas e descubro que a parte superior elástica de 
sua meia-calça e sua calcinha apertada e esticada está apertando sua 
pele. Eu amo isso pra caralho. Amo como isso aperta sua carne. 
Ela começa a ficar impaciente comigo, mudando seu peso 
ligeiramente para que suas pernas se fechem um pouco e sua 
calcinha deslize até os joelhos. 
Bato nela imediatamente. Forte. O som ecoa no teto alto do 
quarto de vidro e ela solta um pequeno grito. 
— Sua calcinha escorregou — explico. — Não faça isso, 
Fuckling. Eu as coloquei lá por um motivo. — Cadee não diz nada, 
então digo a ela o que quero ouvir. — Diga: Desculpe-me, meu rei. 
Ela respira fundo. — Imploro seu perdão, meu rei. 
— Boa menina. — Eu arrasto a calcinha à sua posição 
anterior. — Só não deixe isso acontecer de novo. 
Ela abre as pernas o suficiente para mantê-las firmes. 
 
 
Agora a parte difícil. 
Por onde devo começar? 
Sorrio enquanto considero minhas opções. Tantas opções quando 
ela está nesta posição. 
Minha mão, quase por conta própria, toma essa decisão por 
mim. Porque desce com força na outra bochecha. 
As costas de Cadee se encolhem um pouco de surpresa. Mas já 
estou batendo nela novamente. Então, novamente, e novamente, e 
novamente. E assim por diante, e assim por diante até que surjam 
grandes círculos vermelhos brilhantes em ambas as bochechas e ela 
esteja ofegando respirações que são ásperas e reais. 
Paro e começo a acariciá-la. Deslizando minha mão sobre suas 
marcas de punição com um toque tão leve, a pele na parte de trás de 
suas coxas se arrepia. 
Jesus Cristo. Isto é divertido. 
Mas ela gosta tanto quanto eu? 
Meus dedos deslizam entre suas pernas e gentilmente sondam 
sua boceta. 
Quando eu os puxo, eles estão brilhando com sua umidade. Eu 
os levo à boca e lambo. Provo-a. E decido inferno, sim, ela gosta. 
Ela geme um pouco. Não muito. Mas eu a castigo de qualquer 
maneira. Isso faz parte da diversão, certo? 
 
 
Bato nela novamente. Uma bochecha, depois a outra. Então, 
novamente, e novamente, e novamente até que esteja visível que isso 
realmente a machuca. Porque ela está se contorcendo no meu colo e 
chutando as pernas. 
— Merda — paro. — Cadee? 
— O que? — Ela olha por cima do ombro para mim. 
— Precisamos de uma palavra segura? 
— Ohhh. Provavelmente. 
— Ok. Escolha uma. 
— Hmm. Que tal... — ela estreita os olhos para mim. Não de 
uma forma maldosa. Uma forma sedutora. E então diz — Salsicha — 
em uma voz muito rouca e sexy. 
Dou uma gargalhada. 
— Não ria de mim. — Ainda com a voz rouca. — Cooper. — E 
agora seu tom voltou ao normal. — Vá para a parte boa! Ou eu juro, 
vou me masturbar usando seu joelho! 
Olho para o meu joelho e sua boceta rosa brilhante posicionada 
sobre ele, e percebo que ela poderia. — Bem, eu realmente gostaria 
de ver isso acontecer. 
Ela inclina a cabeça para mim. 
 
 
— Se você gozar no meu joelho, eu vou te foder, Cadee. Se não 
gozar, vou deixá-la esperando. E não deixarei você masturbar fora 
também. 
— Como se você pudesse me impedir — brinca. 
Aponto para ela. — Isso é um desafio? 
Sua mão encontra o seu caminho para o meu pau duro como 
pedra sob o meu short. — Que tal agora... 
— Isto é uma negociação? 
— Agora é. 
— Ok. Estou pronto. — Tipo... de jeito nenhum eu não estou 
disposto a um acordo de sexo sujo com a doce Cadee Hunter. 
— Vou gozar no seu joelho, meu rei. — Ela diz isso com a voz 
mais aborrecida de todos os tempos. — Se você me deixar brincar com 
seu pau enquanto gozo. E — ela se interrompe para deixar a ideia de 
uma condição penetrar — e... você não pode gozar até que esteja 
dentro de mim. 
— De acordo. — Ela ri enquanto desabotoo meu short e puxo 
meu pau. Então pego a mão dela e a guio para o eixo do meu pau. Mas 
ela não agarra. Em vez disso, desliza os dedos para tocar minhas 
bolas e, em seguida, acaricia-as na palma da mão. 
— Sua bruxinha de merda — sussurro. 
— Você acha... o quê? Não tenho imaginação, Cooper? 
 
 
Nós dois rimos. 
— Você se arrependerá desse acordo. E vai perder. 
Eu rio. — Pouco provável. 
— Mm-hm. Você vai. Porque não gozarei até que você goze. 
Estalo minha língua para ela. — Tenho certeza de que é o Rei 
quem manda aqui, Fuckling. 
— Você concordou com meu desafio. Se é o rei, encare-
o. Coloque-me no meu lugar, Cooper. Faça-me cumprir suas ordens. 
Estreito meus olhos paraela. — Eu ganharei. 
Ela estreita o seu e sussurra — Você tentará. 
E então seus quadris começam a se mover acima da minha 
perna. Sua bunda subindo e descendo enquanto esfrega sua boceta 
ao longo da ponta do meu joelho. 
Estou paralisado por isso, como se fosse incapaz de processar 
quão quente essa merda é, quando ela aperta minhas bolas apenas o 
suficiente para me lembrar de que ela está no comando agora. 
Bruxinha sorrateira. 
E então ela começa a gemer. — Ooooh, Ohhhh, Oooo, 
Cooper. Preciso gozar. Preciso derramar todo o suco da minha boceta 
molhada em sua perna. 
 
 
E se isso não bastasse para me fazer gozar, ela começa a me 
masturbar. 
Preciso fechar os olhos e respirar fundo. 
Mas ela não para. Apenas continua. 
— Cooper — murmura. — Eu gostaria de poder colocar seu pau 
na minha boca agora. Apenas deixar sua cabeça deslizar pelos meus 
lábios para poder girar minha língua sobre sua ponta em pequenos, 
pequenos círculos. — E enquanto ela diz isso, seu polegar está 
realmente girando em círculos sobre a ponta do meu pau até que 
esteja liso com o meu próprio pré-gozo. 
— Foda-se, inferno — gemo. 
Seus quadris se movem mais rápido agora. E ela geme 
alto. Ofegante, com respirações irregulares. E então ela está me 
masturbando, sua mão deslizando para cima e para baixo em meu 
eixo, até que o som de seu punho sobre meu pau enche o quarto. Seus 
quadris começam um pequeno movimento circular. E quando olho 
para sua boceta, ela está brilhante e molhada. Tão molhada que 
começa a pingar no tecido do meu short e uma mancha escura 
aparece. 
Quero tocá-la. Quero que meus dedos a façam gozar. Quero 
enfiar meu pau dentro dela e... 
Eu gozo. 
Eu gozo na mão dela. 
 
 
E então ela goza também. Gemendo e se contorcendo. Sua boceta 
deslizando sobre meu joelho enquanto ela fode. 
Caio de costas na cama e sorrio enquanto fecho meus olhos. 
Cadee Hunter – novo apelido Deusa da Foda – se posiciona entre 
minhas pernas e então percebo o que ela fará a seguir. 
Ela leva meu pau em sua boca e começa a me chupar. 
— Santo. Foda-se! 
Ela levanta para respirar e sorri para mim. — Se você puder 
continuar, meu rei, eu colocarei esse pau grande e gordo dentro da 
minha boceta e podemos terminar este jogo direito. 
Agarro seu cabelo, puxo até que ela se levante e suba no meu 
corpo. Ela paira sobre meu pau, pegando-o em sua mão enquanto o 
posiciona sobre sua boceta molhada e então... 
Maldita filha da puta. 
Estou dentro dela. 
Isso não é uma foda lenta em uma rede na nossa varanda. 
Isso é luxúria selvagem no último andar de um quarto do rei do 
Castelo da High Court. 
Ela me cavalga como se eu fosse um touro bravo. 
Ela me fode como se fosse uma prostituta vivendo sob uma luz 
vermelha. 
 
 
E quando gozamos novamente, vejo nosso futuro juntos e está 
cheio de kink3. 
 
 
 
Horas depois, abro os olhos e vejo o rosto doce de Cadee 
sorrindo para mim. Estamos em sua gigante cama de dossel, digna 
de uma rainha. Enredados nos braços um do outro. Malditamente 
satisfeitos. 
— Acordado agora? — pergunta ela. 
Aceno e fecho meus olhos novamente. — Estou. E a vida real é 
tão boa quanto o sonho que eu estava tendo. 
— Foi um sonho sexy? 
— Oh sim. 
— Eu estava nele? 
Abro um olho. — Foi tudo você, Cades. 
Isso a deixa feliz. E ela apoia o queixo com um punho no meu 
peito. — Você sabe que Lars e eu não estávamos fazendo nada 
quando você entrou, certo? 
 
3 Preferências ou comportamentos sexuais bizarros ou não convencionais. 
 
 
— Claro. Por que você tocaria no assunto? 
— Você parecia chateado. 
— Sim. Porque ele me irrita — suspiro. — Ele está dentro. 
Apenas sei que ele está fechando algum acordo. 
— E daí se ele estiver? Quero dizer, isso não afetará você, 
Cooper. 
— Talvez não de uma forma tangível, mas psicologicamente 
vai. Ele não pode passar dez anos com Ax e eu elaborando um plano 
de fuga e depois apenas trocar de lado. — Então me lembro da 
conversa que tive com meu pai antes. — Porra. 
— O que? 
— Eu realmente não vim aqui para fazer sexo com você. 
— Não? — Ela sorri para mim. 
— Foi uma boa distração, não me interprete mal. Mas temos que 
ter uma conversa séria sobre Isabella. 
— Hmm. Não sei se estou pronta para essa conversa. 
— Eu não casarei com ela. Vou dizer isso logo de cara. Mas não 
posso abandoná-la. Não até que eu saiba que ela está segura. 
— Então, o que isso significa? 
— Significa... — suspiro. — Que terei que levá-la a lugares. 
— Tal como? 
 
 
— Não Homecoming 4. Eu a levarei ao baile. 
— Muito presunçoso? 
— Cadee Hunter, você gostaria de ir ao baile comigo? 
Ela pega minha mão e beija os nós dos meus dedos, então 
recatadamente olha para mim com os olhos semicerrados. — Eu 
ficaria honrada, meu rei. 
— Bom. — Levo um momento para sorrir. 
— Mas... — incita. 
— Certo. Mas há um ritual de dança do festival da colheita 
naquela mesma noite. E tenho que levar Isabella até lá. 
— Que tipo de ritual de dança do festival da colheita? 
— Na tumba, Cades. 
— Oh. 
— Você pode vir também. Mas... você precisa andar atrás de nós. 
— O que? — Ela ri e se senta, seus seios saltando um pouco 
dentro da justa blusa branca. — Como o quê? Sua concubina? 
— Ehhhhh. Sim. 
 
4 Homecoming é a tradição de receber de volta ex-alunos e membros e celebrar a existência 
de uma organização. 
 
 
E então ela ri. O que é uma reação melhor do que imaginei 
quando voltava para casa depois do encontro com meu pai. — O que 
faremos neste ritual de dança do festival da colheita? 
— Não sei. Nunca fui a um. É apenas para seniores. 
— Bem, o que normalmente fazem naquela tumba? Você já 
esteve em reuniões lá? 
— Sim, claro. Na verdade, tenho ido toda a minha vida. Mas 
apenas para assuntos de família. Entender as coisas. Isso é uma 
merda de próximo nível, eu acho. 
— Então poderei ir, se eu agir como sua concubina. 
— Ahhh. Sim. Você pode dizer não. 
— E ficar em casa? 
— Certo. 
— Foda-se, eu vou. 
— Cadee 
— Não. Eu vou. Se meus pais faziam parte deste clube secreto, 
então quero saber do que se trata. 
— Bem, este não será o único. Há outro na noite do solstício de 
inverno. E depois no Ano Novo. Haverá duas festas então. Uma festa 
normal de Ano Novo na Alumni Inn e depois outra nas primeiras 
horas da manhã na tumba. 
 
 
— Bem, isso é sinistro. 
— É uma festa de noivado para Isabella e eu. 
— Oh. 
— Você não precisa ir. 
— Mas você vai. 
— Se eu quiser me formar. E hey, eu estou bem em não me 
formar. Realmente não acho que isso acontecerá. Mas gostaria de 
ajudar Isabella a sobreviver este ano, se puder. E então ela não 
estará mais por perto. Quero dizer, gostaria de ficar de olho nela, caso 
meu pai tenha alguma ideia doentia sobre usá-la para chegar até 
mim. Mas não casarei com ela. Se você concordar, vou jogar junto 
este ano. E é isso. Assim que acabar, estamos fora. 
Ela abre caminho até meu peito, colocando as duas mãos em 
cada lado do meu rosto para olhar nos meus olhos. — Quero que você 
se forme. Temos todos os tipos de projetos de engenharia geológica 
interessantes pela frente. 
— Falando nisso, meu pai me deu um projeto de pesquisa para 
Capstone. 
— Meu Deus. Você parece tão inteligente agora. 
Eu rio e ela também. 
— Qual é o projeto? 
 
 
— Algum tipo de merda de radar subterrâneo? Não tenho 
certeza. Mas ele planejou tudo para mim. Devo mapear a área da 
tumba. Não a superfície, mas debaixo dela. Ele diz que eles acham 
que existe uma caverna desconhecida lá embaixo. 
— Hmm. Soa como um trabalho secreto de camaradas Fang e 
Feather para mim. 
— É definitivamente um trabalho secreto de camaradagem. Mas 
é fazer isso ou criar meu próprio projeto. Provavelmente farei apenas 
o dele. 
— O caminho de menor resistência. 
— Este sou eu — suspiro. —O bom e velho Cooper 
Valcourt. Sempre procurando a saída mais fácil. 
— Cooper, eu estou bem com tudo isso. Gosto da Isabella. Ela 
não está a fim de você. 
— Então, não sou do interesse dela. 
— Sim, eu ouvi... bem. Dante me disse que ela gosta de 
garotas. Mas quando tentei trazer isso à tona... 
— Não toque nisso. Ela está... não sei. Em negação, talvez? Ou... 
apenas lutando com isso — suspiro novamente. — Isso a perturba e 
não a quero chateada. 
— Sim, ela ficou com raiva de mim. Mas eu gosto dela. Ela se 
esforça muito. 
 
 
— Ela tenta. Mas se você precisar que ela apareça no final, não 
prenda a respiração. 
 
 
 
 
 
 
Antes que eu perceba, o primeiro dia de aulas está sobre 
mim. Estou cursando principalmente educação geral, mas tenho uma 
aula de estúdio de desenho de vida e uma aula de teoria das cores na 
minha especialização. E a melhor parte disso é que preciso voltar à 
livraria para pegar material de arte. 
Devo ter pegado um short de ginástica da High Court e uma 
caneca enquanto estava lá. 
Cooper e eu não temos aulas juntos, é claro. Mas Sophie e eu 
compartilhamos uma aula de história e Mona está na minha aula de 
literatura inglesa. Ter Sophie por perto é legal, mas Mona e eu não 
podemos ser amigas se ainda continuarmos com o plano de Dante. E 
pelo jeito que ela me evita, acho que eles ainda pensam que isso está 
acontecendo. Mas tenho certeza de que nenhum dos outros está 
pensando duas vezes em Dante e Mona. 
Brinco na primeira semana porque ela parece sair de seu 
caminho para me ignorar sempre que chego muito perto, mas 
finalmente a encontro sozinha ao lado do prédio de humanas. 
 
 
— Mona! 
Ela se vira e olha nervosamente ao redor. — O quê, Cadee? Não 
devemos nos comunicar. 
Ela está usando outra roupa sofisticada. Um par de calças off-
white de pernas largas e uma jaqueta cortada sob medida na mesma 
cor que aperta bem na cintura. Muito elaborado. Muito 
sofisticado. Muito Stepford Wives5. 
— Você percebe que todo mundo está simplesmente seguindo o 
plano, certo? E por plano, não me refiro ao plano de Dante. Eles 
recuperaram o dinheiro e os carros – todas as vantagens. Ninguém 
parece sequer se lembrar de que fizemos um pacto para livrarmos 
uns aos outros. E estamos todos morando no dormitório agora, exceto 
Ax. 
— Não ouvi nenhuma pergunta. Você tem uma pergunta para 
mim? 
Eu bufo. — Mona. Nós somos amigas. Conversamos no escritório 
da tesouraria algumas semanas atrás e estava tudo bem. Que porra 
está acontecendo? 
— Vou me encontrar com Dante e sua família para almoçar na 
sala de jantar do Presidente. — Ela sorri para mim. — Você gostaria 
de se juntar a nós? 
 
5 The Stepford Wives (Mulheres Perfeitas ou As Possuídas, disponível no mercado literário 
brasileiro com ambos os títulos) é um romance de 1972 escrito por Ira Levin. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Romance
https://pt.wikipedia.org/wiki/1972
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ira_Levin
 
 
— O que? 
— Você está tão obcecada com o que estamos fazendo. Venha 
comigo. Acho que será esclarecedor. Lars estará lá. 
— Lars? Por quê? 
— Vamos, Cadee. Você sabe por que Lars está lá. 
— Não, eu realmente não sei. E vou repassar sua oferta. Cooper 
não me quer mais sozinha com Lars. 
— Eu me pergunto por que — suspira. — De qualquer forma, 
tenho lugares para estar e pessoas para ver. Tchau, Cadee. 
— Mas... Mona! O plano ainda está ativo? 
Ela para de andar, mas não se vira. Apenas olha para mim por 
cima do ombro. — Me diz você, Cades. Dante parece o Rei para você? 
— Ele está bravo com isso? 
Ela ri. — Que Cooper o traiu? — Ela estreita os olhos para 
mim. — Por que ele ficaria bravo com isso? 
E então ela desaparece ao virar a esquina do prédio. 
 
 
 Cooper e eu quase nunca nos vemos durante o dia. Ele tem 
aulas de física avançada em modelagem de águas subterrâneas. E 
então alguma matemática realmente maluca que parece um código 
 
 
secreto para mim. Mas o mais estranho é que ele realmente 
entende. Ele diz que nunca estuda e, embora sua transcrição não 
tenha um único A, ele tem alguns B para as aulas de matemática. 
Talvez seu pai tenha feito isso. 
Jesus Cristo, Cadee. Tenha um pouco de fé em seu 
namorado. Talvez ele seja apenas naturalmente inteligente? 
E quando não está nessas aulas estranhas de matemática e 
física, ele está do outro lado do lago, na tumba na floresta planejando 
sua grande merda de raio-x subterrâneo. 
Tenho que admitir, estou surpresa que Cooper seja tão... 
acadêmico. Ele e eu nunca fomos para a escola juntos, então 
realmente não tenho nada para comparar este ano, mas ele parece 
focado, e antes de agora eu nunca o teria imaginado como alguém 
focado em qualquer coisa além de meninas e festas. Quando 
perguntei sobre isso, ele me disse — Cadee, tudo o que eu tenho que 
fazer é chegar para a aula na hora certa e fazer as provas. Realmente 
não é tão difícil. 
Ok então. A escola é uma brisa. Bom para ele. 
Mas não estou acostumada com essa programação estruturada, 
então, enquanto ele está brincando na sujeira da tumba, estou me 
esforçando para organizar minha vida conforme as semanas 
começam a voar. 
Não é como se Cooper e eu não nos víssemos. Ele dorme no meu 
quarto quase todas as noites. E passamos os fins de semana com Ax 
 
 
na pousada. No início, convidamos todos os jovens da corrida de 
verão, além da Isabella e eles. Mas ninguém apareceu. Ainda espero 
que todos apareçam no Dia de Ação de Graças. Estou planejando meu 
primeiro jantar. 
Falando em festas, todo fim de semana tem uma grande festa no 
Edifício Hunter e é onde eles preferem estar, eu acho. 
Eu, entretanto? Não ligo para festas com bebidas. Gosto de sair 
com Ax e Cooper. Além disso, Ax está fazendo um bom progresso nas 
reformas. Nunca o vejo no campus e, quando o questiono sobre isso, 
ele apenas me dá uma explicação vaga de que o último ano tem tudo 
a ver com escrever seu artigo da Capstone. 
Mas tudo parece estar em modo de avanço rápido. Meu ano dos 
sonhos na Faculdade High Court quase parece passar por mim. E 
logo, a volta ao lar está sobre nós e começo a ficar nervosa. 
Não sobre o regresso a casa, porque Cooper já me disse que 
vamos juntos como um casal. 
Mas o rito da colheita mais tarde naquela noite? Agora, isso me 
deixa nervosa. 
Eu deveria apenas ficar em casa. Apenas deixar Cooper e 
Isabella fazerem suas coisas. E não esqueci o vago aviso de Victor no 
verão passado de que, uma vez que você veja aquela tumba, não há 
como retroceder. 
Ainda assim, estou loucamente curiosa sobre o que acontece lá 
e, mesmo que eu tenha que andar atrás de Cooper e Isabella e fazer 
 
 
o papel de sua concubina, de nenhuma maldita maneira eu ficarei em 
casa. 
— Toc, Toc! 
Eu me viro e encontro Isabella afastando minhas cortinas para 
entrar no meu quarto. É bom sair durante o dia, então deixo as portas 
dobráveis abertas até a noite, quando as noites ficam frias. — Entre. 
— Isabella veste uma calça de moletom de veludo rosa muito fofa, 
uma camiseta branca cortada e sapatos rosa e brancos. Ela está 
muito rosa hoje, mas ainda muito bonita. Ela sempre está linda. — 
E aí? 
Ela lança um sorriso meio malvado para mim. — Precisarei que 
você venha comigo. 
— Preciso me preparar para o baile esta noite. Isso pode 
esperar? 
— Não, Cadee. Não pode. Meninas! — Isabella bate palmas duas 
vezes e então Valentina e Selina entram no quarto e correm até 
mim. Valentina me gira e diz — Não surte e seja o que for, não mostre 
medo! 
Eu ri. — O que? 
Mas então ela desliza uma venda nos meus olhos e amarra em 
volta da minha cabeça. 
Antes que eu possa dizer qualquer outra coisa, Selina faz cócegas 
na minha orelha com sua respiração suave e sussurra — Nós te 
 
 
avisamos, Fugling. Dissemos para você sair. Mas você ficou. E 
agora... você é uma de nós.— Meu Deus! O que... 
E então uma dessas vadias prende uma mordaça em volta do 
meu rosto e outra amarra minhas mãos atrás das costas. Então, 
mesmo que eu queira gritar ou tirar a venda, não posso! 
— Seja uma boa menina — sussurra Isabella, seus lábios perto 
da minha bochecha. — Valerá a pena. 
Então ela começa a me puxar. Eu gemo e luto, resistindo. 
Mas alguém afivela uma coleira pesada em volta do meu pescoço 
e então ouço o som revelador de uma coleira sendo presa a ela pouco 
antes de um par de fones de ouvido tocando a música de luta da 
Faculdade High Court deslizar sobre meus ouvidos. 
Elas me puxam para frente e estou tão atordoada – perdendo 
três dos meus sentidos mais críticos – que simplesmente vou em 
frente. Realmente não tenho muita escolha porque elas estão 
segurando meus braços com força. E então outra pessoa segura meu 
braço, e esta não é a mão pequena de uma universitária. É a mão 
grande, forte e calejada de um homem. 
Começo a entrar em pânico. 
E se isso não for uma brincadeira inocente de Fang e Feather, 
mas um sequestro de verdade? E se Isabella quiser se livrar de mim 
para ter uma vida segura com Cooper? Puta merda, e se eu estiver 
 
 
sendo vendida como escrava por causa do programa secreto de 
reprodução deles? 
Respiro fundo. Certamente, isso não está acontecendo. 
Ando pela floresta, e então meus pés atingem o pavimento e 
então, alguns segundos depois, sou empurrada para dentro de um 
carro com assentos de couro macio. Eu me afasto e alguém fica ao 
meu lado. Não Isabella. Na verdade, acho que as meninas não estão 
mais comigo. Definitivamente é um homem. Posso sentir o cheiro de 
sua colônia. 
Por favor, seja Cooper! Por favor! 
O homem afasta um dos fones de ouvido da minha orelha e 
sussurra — Comporte-se agora, Cadee — e definitivamente não é 
Cooper. 
É o Presidente. 
Ele recoloca o fone de ouvido, então desliza sua mão nas minhas 
costas e pega uma das minhas mãos, segurando-a. Acariciando meu 
pulso do jeito que ele fez naquele primeiro encontro que tivemos no 
início do verão. Isso me faz ter que arquear as costas para que meu 
peito fique apontando para frente. E evoco uma imagem em minha 
mente do que estou vestindo. 
Shorts muito curtos. Porque são pijamas. Estava prestes a 
tomar um banho e começar a me preparar para o baile desta noite. E 
uma regata branca sem sutiã. Ótimo. Isso é ótimo. 
 
 
Tento falar, mas sai como um zumbido incoerente. E então eu 
me contorço, mas ele apenas continua com sua suave carícia no pulso 
até o carro parar. 
De repente, sou sendo puxada e levada para outro lugar. 
Sou ajudada a subir as escadas e então acho que entramos em 
algum lugar e, de repente... tudo ao meu redor cheira a flores. 
A venda é abaixada do meu rosto e os fones de ouvido são 
retirados da minha cabeça. Elexa, de todas as pessoas, está olhando 
para mim. 
— Surpresa! Desculpe pelo drama. Mas é Fang e Feather, certo? 
— Ela encolhe os ombros, como se isso explicasse tudo. 
Balanço a cabeça e mexo. 
— Oh, desculpe. — Elexa desafivela a mordaça de bola. 
— Que porra é essa! O Presidente estava no carro comigo! E por 
que você está vestindo um roupão de banho? 
É quando percebo onde estou. 
Um spa. Eu acho. Parece muito um spa. 
Elexa desamarra minhas mãos e então estou livre 
novamente. — Cadee, eu não faço as regras. Disseram-me para estar 
aqui ao meio-dia em ponto. Aparentemente, sou sua atendente 
durante o dia e devo deixar você pronta. Você pode ter roubado a 
porra da coroa – duas vezes, devo acrescentar. Primeira a bolsa de 
 
 
Lacy Pendleton e agora isso! Mas o resto de nós, plebeus, precisamos 
ganhar pontos de tumba antes de podermos ir às festas. 
— Não roubei aquela bolsa estúpida. Paguei minha própria 
mensalidade, obrigada. E... oh. Você não vai à colheita esta noite? 
— Esfregue um pouco mais, por que não? 
— Desculpe, eu não sabia. Achei que todos nós íamos. 
Ela ri de mim. — Você pensaria isso. 
— O que isso significa? 
— Até parece — bufa Elexa. — Cadee, você é uma caloura de 
merda. E está morando no quarto do Cygnet! 
Eu me sinto um pouco na defensiva sobre isso. — É meio meu 
quarto, Elexa. Ele é meu prédio. 
— Uau! — diz Elexa, erguendo as duas mãos. — Com licença, 
minha rainha! Nem todo mundo tem edifícios com o nome 
deles. Especialmente quando eles não eram ninguém no ano passado. 
— Jesus Cristo, Elexa. Muito ciumenta? 
Ela suspira profundamente, depois faz beicinho. — 
Desculpe. Mas eu realmente quero ir a essa festa. 
— Quantos pontos você precisa para comparecer? 
— Não, isso está fora de questão. O Presidente disse... 
 
 
— Porra de Presidente! Ele estava no carro comigo! Ele estava... 
— paro. Porque ewwww. Apenas diga, Presidente. Por quê? Por que 
você tem que ser tão assustador? 
— Você não pode me interromper? — Elexa lança um olhar feio 
para mim. — Eu dizia... o Presidente disse que se fizermos nosso 
trabalho perfeitamente, devemos ganhar pontos suficientes para 
participar do próximo. 
— Que é quando? 
— Como diabos eu vou saber? Pareço a maldita garota do 
calendário Fang e Feather? 
Aponto para ela. — Sabe o que? Você é uma vadia. 
— Então? 
— Então... quando recebo aquele cartãozinho no final da noite 
que diz, Como nos saímos? Vou te dar uma estrela. E sem 
gorjeta! Boa sorte em conseguir um convite para a próxima festa da 
tumba! 
Ela faz uma careta e inclina o queixo para cima. — Você não 
ousaria. 
— Ousaria, Elexa. Pare de ser uma vadia comigo! — Ela bufa 
enquanto olho ao redor. — Que lugar é este? 
— Seu camarim, minha rainha. — Ela diz isso com uma voz de 
serva suave e recatada. 
— Onde está Isabella? Ela armou para mim! 
 
 
— Está na porta ao lado com Sophie. 
— Ok. Bem. O que nós fazemos? 
Elexa caminha até a porta onde um fofo robe branco está 
pendurado em um gancho, um que parece uma versão mais luxuosa 
do que ela está vestindo. Ela o tira e se aproxima de mim. — Fique 
nua. Temos um compromisso com uma banheira. — Em seguida, ela 
apenas fica lá e balança para enfatizar sua demanda. — Bem? Se 
apresse! Oh espere. Deixe-me adivinhar. Você quer que eu tire suas 
roupas como os criados em Downton Abbey? — Ela realmente rosna, 
provavelmente imaginando isso. — Tire a porra da sua própria 
roupa. 
Ok, é isso. Estou farta dela. Estreito meus olhos e olho para 
ela. — Tire a porra da sua própria roupa... o quê ? 
Ela faz uma reverência. — Tire suas próprias roupas... minha 
maldita rainha. 
— Assim é melhor. — Nós duas rimos um pouco. — Sério, Elexa, 
o que quer que esteja acontecendo, não tem nada a ver comigo, 
ok? Salve sua atitude para as pessoas responsáveis. 
— Estou tão brava. Qual é o sentido de passar por toda essa 
merda durante o verão se nem sequer podemos fazer parte dos 
rituais? 
Faço uma careta para ela. — A questão era não ter que ir, 
lembra? Como todos esqueceram que temos um plano que envolve 
sair, não entrar? 
 
 
— Ivan e eu sempre quisemos entrar. Vocês acabaram nos 
convencendo com o plano estúpido de Dante. 
— Como pode dizer isso? Você não ouviu todo mundo me dizendo 
na primeira semana que só pioraria? Este clube secreto que eles têm 
é perigoso, Elexa. 
— E? Posso lidar com isso. Ivan está do meu lado. E talvez ele 
não seja nenhum Cooper Valcourt, mas sua família tem poder aqui. 
Faço uma careta para ela. — Então você deixou o plano? Não 
vamos destronar Cooper e dar a Dante para que ele possa governar 
a escola? 
— O que torna Dante tão qualificado? 
— Ohhh. Você e Ivan acham que vocês dois merecem, não é? 
— Apenas tire a roupa e coloque o robe, Cadee. Eles estão 
esperando por você na sala da banheira. 
— Quem espera por mim? 
Mas ela não responde. Vai até a porta onde o robe estava 
pendurado e espera. 
Desisto e apenas tiro minhas roupas, em seguida, coloco o robe 
fofo. — Ok. Vamos lá. 
Elexa franze a testa, então suspira, sorri, faz uma reverência – 
e finalmenteabre a porta para mim. 
— Já estava na hora. 
 
 
A primeira coisa que vejo é Isabella sentada dentro de uma 
banheira gigante cheia de bolhas. 
— Oh, desculpe! Estamos no quarto errado? 
Então vejo Sophie caminhando até Isabella com uma daquelas 
longas lavadoras com cabo de madeira. Nua. 
— Não — diz Isabella com um sorriso — você está no lugar certo. 
É quando percebo que há uma segunda banheira ao lado da de 
Isabella. — Vamos tomar banho juntas? 
— Não juntas — estala Isabella. — Lado a lado. 
— Por quê? 
Elexa meio que me empurra para frente, depois fecha a 
porta. Como se tivesse medo de que eu tentasse escapar e isso 
pudesse custar pontos de tumba. 
— Porque ainda sou tecnicamente a Rainha, Cadee. — Então 
Isabella acena com a mão para mim. — Você é apenas uma 
substituta. 
— Engraçado. Mas sou eu que estou morando no quarto do 
Cygnet. Não sou? E isso realmente não responde à minha 
pergunta. Por que temos que tomar banho no mesmo quarto? 
— Porque este é o quarto da Rainha, querida. Portanto, temos 
que compartilhar. 
— Quem disse? 
 
 
Isabella se levanta em sua banheira, pilhas de bolhas de sabão 
escorrendo por seu corpo. — Você está tentando me expulsar? 
— Não! 
— Então qual é o seu problema? 
— Só estou... — olho para Sophie. Ela revira os olhos para mim. 
— Tímida? — oferece Elexa, então tira seu robe e caminha até a 
banheira. — Vamos, minha rainha. Vamos colocar esse show na 
estrada. 
— Ninguém mais acha que isso é estranho? 
— Qual parte? — pergunta Isabella. 
— Tudo, Isabella. Mas, para começar, a porra do Presidente me 
trouxe aqui. 
— Eu me perguntava por que ele não me trouxe. — Ela leva um 
momento para fazer beicinho. — Então é isso então. Você é a favorita 
e estou fora. 
— Você não está fora. Cooper e eu já conversamos sobre isso. 
— Olho para Sophie e Elexa, então rapidamente desvio meus 
olhos. Não estou acostumada a ficar em uma sala cheia de mulheres 
nuas. Quero dizer, nenhuma delas parece particularmente chateada 
com esta situação. Nem mesmo Sophie. E isso é estranho? — Ele já 
explicou que ele e eu iremos ao baile juntos, mas que vocês estarão 
juntos para a coisa da colheita. 
Ela me estuda. — E você está bem com isso? 
 
 
— Quero ver a tumba. Então... — encolho os ombros — vou 
junto. 
Ela se senta novamente em sua banheira e se inclina para que 
Sophie possa esfregar suas costas com a bucha. — Mais suave, 
Sophie! — late Isabella. — Isso é muito áspero. 
— Desculpe, minha rainha — diz Sophie em sua voz suave e 
doce. 
— Você entrará ou o quê? — estala Elexa. — Não temos o dia 
todo, Cadee. Se soubesse quanto tempo vai demorar em ficar pronta, 
você não estaria perdendo tempo assim. 
— Espera! Meu vestido! Comprei um online e está no meu 
closet. Alguém pode pegar para mim? 
— Cadee — diz Isabella. E agora ela está entediada comigo. — 
Você não compra seu próprio vestido. Eles fizeram vestidos para nós. 
— Oh. 
Elexa está de repente na minha frente, desamarrando meu 
robe. Então dá um passo atrás de mim e o desliza pelos meus 
ombros. É meio que um despir dramático. Porque Sophie e Isabella 
estudam meu corpo conforme é revelado a elas. 
Vou até a banheira e entro rapidamente. 
— Você é tímida? — diz Isabella. 
 
 
As banheiras estão dispostas lado a lado, mas colocadas de forma 
que Isabella e eu fiquemos frente a frente. E embora as banheiras 
sejam enormes, ela está a menos de dois metros de mim. 
Encolho os ombros. — E daí se eu for? 
Ela abre um sorriso para mim. — Não precisa ser. Você tem um 
corpo muito bonito, Cadee. 
— Obrigada? 
—Ok, chega, Sophie. — Então Isabella se recosta na banheira e 
fecha os olhos. — Use a toalha macia para o resto, por favor. 
Olho para Elexa e ela está vindo para mim com outro daqueles 
esfregadores de cabo longo. — Incline-se — diz ela. 
Pego a bucha. — Posso fazer isso, Elexa. 
— Não, não pode, Cadee. É meu trabalho. Quero todos os 
pontos. E é melhor você não me dar uma estrela se houver um 
boletim no final. 
Isabella ri desse comentário. Mas quando olho para ela, ela 
ainda está com os olhos fechados e Sophie agora está de joelhos, 
esfregando os braços de Isabella com uma toalha macia. 
Elexa me empurra para frente e começa a lavar minhas costas. E 
mesmo que a bucha seja do tipo áspero, não dói. 
Não diria que é particularmente bom também. Elexa é um pouco 
áspera. Mas não é terrível. 
 
 
— Então — diz Isabella. — Como você e Cooper estão se dando? 
— Bem — digo. 
— Só isso? Apenas bem? 
Eu me sinto muito estranha agora. E definitivamente não estava 
com vontade de bater um papo com Isabella. Mas ela continua 
falando. — Nunca transamos. 
— O que? — praticamente bufo a palavra. — Isso é uma piada, 
certo? 
— Não. — Isabella abre os olhos. — Ele me masturba às 
vezes. Chupei seu pau. — Ela sorri. — É um pau legal, você não 
acha? 
Sophie bufa. 
— Temos que falar sobre o pau de Cooper? 
— Acho que sim. Já que você está no comando de tudo agora. 
— O que você quer dizer com agora? 
— Vamos, Cadee. Ele e eu teremos filhos 
eventualmente. Assim. Você sabe. 
— Ele não vai se casar com você. 
— Ele absolutamente vai. 
 
 
— Que diabos, Isabella? No verão passado estávamos todos na 
mesma página. Estávamos todos saindo. — Olho para Sophie. — 
Você ainda está a bordo, certo? 
— Com o plano estúpido de Dante? — diz Sophie. E estou tão 
surpresa que ela não tenha vergonha de estar nesta sala de garotas 
nuas, quase pergunto se está drogada. — Acho que ele estava 
inventando. 
— Não acho que ele estava inventando — diz Elexa. — Encoste-
se, Cadee. Vou lavar a sua frente. 
Eu me encolho com esse comentário. E o que isso 
significa. Tipo... quanto de mim ela precisa lavar para obter seus 
pontos estúpidos? E como alguém saberia? Olho ao redor do quarto 
procurando por câmeras. Não consigo encontrar nenhuma, mas 
agora não consigo parar de pensar que estamos sendo 
vigiadas. Então, calo a boca sobre o plano de Dante. Provavelmente 
já falei demais. 
Água é derramada sobre minha cabeça e gaguejo, olhando para 
Elexa. — Que diabos? 
— Desculpe, mas preciso lavar. E estamos atrasadas. Portanto, 
fique quieta e me deixe fazer meu trabalho. 
— Ele nos levará, você sabe. 
Olho para Isabella. — Para a dança da colheita? Eu sei. 
— Não, não a dança. — Então ela se levanta na banheira 
novamente, as bolhas escorrendo por seu corpo perfeito. Sophie 
 
 
também se levanta e começa a lavá-la com movimentos suaves e 
gentis. Primeiro seu estômago, depois seus seios. Olho para longe e 
Isabella ri. — Tudo, Cadee. Ele pega nós duas. Para sempre. 
— O que? 
— Não é grande coisa — diz Sophie. 
— O que? 
— Sophie é você, Cadee. Ou, mais precisamente, quem você 
deveria ser. Exceto que você teve um passe livre este ano e ela não, 
não é, Soph? 
— Não. Mas estou bem com isso. 
— Bem com o quê, Sophie? — pergunto. 
— Sendo a segunda esposa. 
— A segunda esposa de quem? 
— Ivan — diz Elexa. 
— O que? 
— Sou a oferta, Cadee — diz Sophie. — Mona também. E você 
também. Porque somos os legados. 
— Você será minha irmã-esposa, Cadee — diz Isabella. — Bem-
vinda à família. 
 
 
 
 
 
 
Estou parado no elevador dos dormitórios, esperando para 
subir e ver o que Cadee está fazendo, quando um capuz é jogado sobre 
minha cabeça. 
Não entro em pânico. 
Não é meu primeiro sequestro. 
Inferno, Ax, Lars e eu fomos sequestrados cerca de duas dúzias 
de vezes no primeiro ano. Mas não esperava isso hoje. 
Os caras do sequestro não dizem uma palavra e eu também não. 
Não adianta. Lutamos nas primeiras vezes. Fiquei tagarela. Fiz 
exigências. E tivemos nossas bundas chutadas. Claro, Dane estava 
no comando naquela época. Ele era o Rei da Faculdade High Court. 
E agora ele está morto. 
Então sim. Não digo merda nenhuma. 
 
 
Entro no carro quando eles me empurram. Fico em silêncio 
enquanto dirigimos. E então os deixo me levar para dentro dealgum 
lugar. 
Quando o capuz é finalmente removido, estou em um vestiário 
olhando diretamente para meu pai. Ele está com nada além de uma 
toalha branca em volta da cintura. 
— Tire suas roupas, Christopher. Vamos fazer uma sauna. 
Eu me afasto dele e solto um longo suspiro. Mas decido não 
falar. Estou com muita raiva. E cansei de me debater com minha 
própria raiva, forçando as coisas a fazerem sentido. 
Nada disso faz sentido e nunca fará até que meu pai decida me 
contar o que está acontecendo. E ele não fará isso se eu continuar 
explodindo com ele toda vez que ele tenta. 
Jesus Cristo. Acho que acabei de ter uma epifania. 
Ele tem passado seu tempo comigo? Esperando que eu me 
acalme o suficiente para termos uma conversa séria como a que 
tivemos na noite da dedicação do Edifício Hunter? 
Seria realmente tão fácil roubar seus segredos? 
Nunca saberei se não tentar, então tiro a roupa, aceito a toalha 
que meu pai me entrega e envolvo-a na cintura. Então ele abre uma 
porta e acena com a mão, dizendo-me para ir primeiro. 
 
 
Não reconheço este lugar. Não que meu pai e eu temos saunas 
regularmente ou algo assim. Mas quando eu era mais jovem, íamos 
muito à piscina em família. 
Esta não é a piscina da High Court. 
A sauna não é nada parecida com a que temos na academia 
particular da nossa casa, que tem alguns bancos de cedro e um 
pequeno poço onde você despeja a água para fazer mais vapor. 
Essa é como uma porra de um balneário completo ou algo 
assim. Não são bancos de cedro, para começar. São todos ladrilhos 
hexagonais vintage com um intrincado padrão de mosaico embutido 
em ziguezague nos cantos e ao longo do chão. 
E há corredores. Meu pai lidera o caminho assim que nós 
entramos, e ele me leva passando por várias piscinas. Algumas estão 
vazias, mas algumas têm bastante aglomeração. Todos que passamos 
acenam para nós, e percebo que todos são companheiros Fang e 
Feather de fora da cidade. 
Interessante. 
Não tenho ideia do que acontecerá no ritual da colheita hoje à 
noite, após o homecoming, mas se todos esses ex-alunos estão na 
cidade para isso, então deve ser um grande negócio. 
Isso me deixa nervoso. Mas antes que eu possa começar a pensar 
nisso, meu pai aponta para um banco em uma alcova vazia e nós nos 
sentamos para começar a sugar o vapor. 
— Ok. Você me pegou aqui. Isso é sobre o quê? 
 
 
— Por que tem que ser sobre alguma coisa? Não podemos apenas 
ter um momento pai-filho, Cooper? 
— Acho que sim. — Estico minhas pernas e me inclino contra a 
parede de azulejos. 
—Como vai o seu projeto? 
Meu projeto – correção, o projeto do meu pai – trata de mapear 
as cavernas sob a área doa tumba. Nem sabia que o lugar tinha 
cavernas. Só estive na sala principal. Então é bem legal eu ter que 
fuçar naquele lugar. Também meio assustador. Não sei o que ele 
procura, mas definitivamente está procurando por algo. 
Pesquisei, é claro. E, na verdade, tenho muito a dizer sobre o 
projeto. Mas não agora. — Sim. Está indo bem. 
— Bom — diz meu pai. — Mal posso esperar para ver o que você 
encontrará. Você está fazendo o mapeamento real sozinho, correto? 
— Você me disse para fazer, então sim. 
— Perfeito. E o que quer que você encontre, não conte a ninguém 
até falar comigo. 
— Ok. — Cruzo os braços sobre o peito e me pergunto quanto 
tempo preciso ficar sentado aqui até que não seja mais rude me 
levantar e sair. 
— Então, esta noite, Cooper. 
— O que tem? 
 
 
— Já que Cadee perdeu sua iniciação, ela passará pelo ritual 
esta noite. Elizabeth se juntará a ela. 
— Elizabeth? Por quê? 
— Porque Dane está morto e ela será transferida. 
— Transferida para onde? 
— Você verá. Quero apenas que você esteja preparado para o que 
acontecerá com o Cadee esta noite. 
— Do que você está falando? O que acontecerá? 
— Nada demais. Mas o Ritual da Donzela é bastante 
complexo. E bonito. Pelo menos eu acho. E você nunca foi a um. Achei 
que uma pequena conversa preventiva seria necessária. 
— Por quê? Algo estranho acontecerá? 
— Eu não chamaria de estranho. 
— Esqueça você. Você é como... porra... — tento encontrar uma 
maneira diplomática de colocar isso. — Fora da realidade. 
— Sou? — Ele ri. 
— Para dizer o mínimo. E não se faça de inocente 
comigo, pai. Você deve saber que toda essa coisa de sociedade secreta 
é... bizarra. 
 
 
— Só de fora. Por dentro, Christopher, faz todo o 
sentido. Cuidamos uns dos outros. Você verá. Acho que você se 
divertirá esta noite. 
— E Cadee? 
— Ela terá alguns momentos em que questionará tudo. Mas 
acho que ela se divertirá. E você, é claro, irá até ela no final da noite 
e a fará se sentir especial. 
Faço uma pausa aqui. Em seguida, digo — Fazê-la se sentir 
especial como? 
— Tenho certeza que você inventará alguma coisa. 
— O que ela é para você? Não entendo. Por que você de repente 
está tão preocupado com Cadee Hunter? Quero dizer, ela mora no 
campus há dezoito anos e você nunca lhe deu atenção. Agora, é como 
se estivesse obcecado por ela. Que porra está acontecendo? 
Ele suspira e olha para suas mãos. — É muito complicado. 
— Na verdade não é. Mas se tiver alguma coisa a ver com você 
ter um caso com a mãe dela naquela época, é melhor me contar 
agora. Não estou... me apaixonando pela minha meia-irmã, estou? 
Prendo minha respiração. Porque estou pensando nisso há 
alguns meses. 
— Você está se apaixonando por ela? 
— Sim — digo sem hesitação. 
 
 
— Fico feliz em ouvir isso, Cooper. Eu realmente fico. 
— Você não respondeu à minha pergunta. 
— Ela não é sua irmã. Nem mesmo perto. Ela é exatamente 
quem todos pensam que é. Mas, de certa forma... ela não é nada que 
todos pensam que ela é. 
Reviro meus olhos e suspiro. — Por que você tem que fazer isso? 
— Fazer o que? 
— Resolver um mistério criando outro. 
— Foi o que fiz? — sorri. Como se esse pensamento o 
divertisse. — Ok. Suponho que seja justo. Então vou esclarecer para 
você. Cadee Hunter é exatamente quem todos pensam que ela 
é. Mas. Os pais dela não são. 
Repasso essa revelação por alguns momentos. — Então quem 
eram eles? 
— Receio que esteja acima da sua categoria. 
— Que seja. — Mas, na verdade, estou bastante aliviado por 
Cadee e eu não sermos parentes. Porque mesmo que ninguém 
realmente admita ou fale sobre isso, todos nós, alunos, sabemos que 
a troca de bebês é uma coisa na High Court. Não sabemos o motivo, 
mas em alguns casos é muito óbvio. 
Dane, por exemplo. Mas ele não é o único. Na verdade, fiquei 
meio aliviado quando meu pai me disse que eu era seu filho 
 
 
biológico. Não sou tão apegado a ele, mas ainda assim. O pensamento 
de que pertenço a outro lugar é perturbador. 
— Cadee está em um spa agora com Isabella. 
— O que? Por quê? 
— Elas estarão se arrumando para o ritual esta noite. E serão 
parceiras, então precisam formar um vínculo. Este é o início desse 
processo. Cadee e Isabella se dão bem? 
Encolho os ombros. — Acho que sim. 
— Bom. É sempre lamentável quando a Donzela e a Matriarca 
não conseguem se dar bem. 
Eu me debruço sobre essas palavras. Não é uma surpresa. Sei 
que isso acontece. Eu vi. A maioria dos casais polígamos nas mansões 
do lago são bastante discretos. Mas esta é uma comunidade pequena 
e unida e os rumores começam facilmente. 
— Colocar Cadee com Dane e Elizabeth teria sido um desastre. 
— O que? — Estou tão atordoado com essas palavras que acho 
que paro de respirar. 
— É para ele que ela foi criada. Dane. — Meu pai ri de seu 
nome. — Mas já está tudo resolvido e Elizabeth será realojada esta 
noite. Ela e Cadee farão parte da cerimônia. 
— Não entendo. O que isso significa? 
 
 
Meu pai se vira para olhar nos meus olhos. — Bem. Eu deixaria 
ser uma surpresa. Mas todo mundo sabe, então. — Ele encolhe os 
ombros. — Elizabeth será dada a Jack e Leela. É o melhor. Leela é 
muito autoconsciente e confiante. Ela vai controlá-la. E Jack... bem, 
ele é o próximoainda estão frios e molhados. E quando sua língua 
desliza para dentro da minha boca e começa a me provocar, fico um 
pouco perdido em Cadee Hunter. 
Quero que esta noite dure para sempre. 
Uma noite perfeita com uma lasca de lua, o ar pesado e o calor 
do final do verão. 
Uma noite perfeita de águas calmas, uma rede de corda 
estalando e um coro de grilos. 
Uma noite perfeita com minha garota na floresta. 
Porque logo ela descobrirá quem eu sou. 
Ela verá o que todo mundo vê. 
E perceberá... eu simplesmente não valho a pena. 
 
 
 
 
 
O Camaro solta um estouro quando Ax o estaciona em uma 
vaga no estacionamento da High Court e dezenas de alunos e pais 
param o que estão fazendo para nos encarar. 
É dia de mudança para o semestre de outono e os jovens que 
foram para casa no verão estão de volta. 
O dia da mudança foi quando literalmente esbarrei em Cooper, 
e de repente parece que completamos algum tipo de círculo. 
Ax olha por cima do ombro para mim com um sorriso. — 
Estamos de volta. 
Copper balança a cabeça e estuda as atividades do 
estacionamento. — E somos veteranos. 
— Onde vocês encontrarão o Lars? — Estou sentada no pequeno 
banco traseiro porque, embora este carro esteja em meu nome, Ax se 
recusa a deixar qualquer outro a dirigi-lo e Cooper é grande demais 
para dobrar as pernas aqui atrás. 
 
 
— No Edifício Capstone — suspira Cooper, ainda distraído pelo 
drama da volta dos alunos. Então ele se vira em seu assento. — Mas 
acho que devo ir com você. Posso perder esse encontro. Nada demais. 
— Cooper — exclamo. — Esse é seu último ano. E o objetivo de 
ficarmos aqui é para você se formar. 
— E você também — acrescenta rapidamente. 
Mas isso não é verdade, não é? Digo, como isso 
funcionaria? Tenho quatro anos de faculdade. Ele só tem um. Eu não 
vou me formar na High Court. Isso nunca acontecerá. Ele e Ax não 
podem ficar aqui por mais três anos depois de se formarem. Agora 
compreendi. Este ano é mais uma das fantasias que eu desejava 
realizar. 
Quero apenas me encaixar. Só uma vez. Encaixar-me e ser como 
as outras garotas. Quero ir a festas, encontrar amigos no café do 
campus e me estressar com as notas. 
Notas. Nunca tive notas. Estou animada com isso. 
Não sei o que acontecerá no final do ano letivo, mas sei que não 
estacionarei neste estacionamento no dia da mudança no próximo 
ano. 
— Ficarei bem, Cooper. — Ele ainda está olhando para mim. — 
É apenas uma ida rápida ao escritório da tesouraria para pagar as 
mensalidades de todos. Só isso. 
 
 
Agora Ax se vira em seu assento também. — Obrigado por isso, 
Cades. Eu me sinto mal por isso, mas quero que saiba que 
agradeço. E vou te pagar. 
Sorrio para ele. — Você chegou até aqui. Todos nós chegamos até 
aqui. Não vamos deixá-los vencer. 
— É muito dinheiro — suspira Cooper. 
É. Já gastei muito do dinheiro que ganhei e rapidamente. A 
pousada me custou quase trezentos mil. Além disso, as reformas que 
fizemos nas últimas seis semanas chegaram a mais quarenta, até 
agora. E tive que devolver o dinheiro ao Presidente. Ele não pediu, 
mas não pude ficar com ele. 
É dinheiro de sangue. 
Dinheiro de sangue dos meus pais. Ainda não consigo entender 
a ideia de que o Presidente matou meus pais para encobrir o que seu 
filho, Dane, fazia. Ele é muito mais implacável do que eu poderia 
imaginar. Jesus Cristo. Quer dizer, ele me sentou em seu escritório 
na primavera passada e mentiu na minha cara. Tudo era mentira, 
então eu aceitaria seu cheque sem questioná-lo muito. 
Quero que ele vá para a prisão pelo que fez. E Dane 
também. Todos os envolvidos, na verdade. 
Dante prometeu fazer acontecer se o apoiarmos e usarmos seu 
plano para ganhar poder aqui na High Court. 
Deixe ir por enquanto, Cadee. Este é o começo da vida que você 
sempre quis. 
 
 
Não pensarei em coisas tristes. Não ficarei com raiva. Não vou 
nem imaginar o futuro e o que pode acontecer no final do ano, quando 
Cooper se formar. 
Vou apenas aproveitar. 
Tudo isso. 
Então respiro fundo e reprimo minha raiva, porque ela nunca te 
leva para longe. Ax me explicou isso algumas semanas atrás. E ele 
deve saber, ele esteve lá. A raiva tem sido sua configuração padrão 
por tanto tempo que ele mal sabe como operar de outra forma. Ele 
me disse — Cadee, você pode estar com raiva. Mas se fervilhar nisso, 
se deixar que a domine do jeito que eu deixo, então você será como 
eu. E isso não a levará muito longe. Então, respire fundo e diga a si 
mesma: O sucesso é a melhor vingança. 
Não é fácil. Mas ele está certo. A raiva é uma emoção inútil que 
faz você tirar os olhos do prêmio. E o prêmio vale muito para tirar 
meus olhos dele agora. 
Então devolvi os duzentos e setenta e cinco mil ao Presidente por 
meio de transferência eletrônica. 
As mensalidades de um semestre na Faculdade High Court 
custam cerca de cinquenta e dois mil dólares cada. E prometi pagar 
para todos. São quinze pessoas – Cooper, Ax, Lars, Valentina, Selina 
e Isabella, mas eu e os oito candidatos que estiveram ao nosso lado 
quando Cooper decidiu cancelar o plano e prosseguir com o plano de 
Dante. Não tenho que pagar para Dante ou Mona, porque o plano de 
 
 
Dante significava que ele deveria ficar e que Mona ficaria com 
ele. Portanto, as propriedades de suas famílias pagarão por eles. 
Mesmo assim, vou transferir setecentos e cinquenta mil dólares 
da minha conta bancária para a Faculdade High Court esta 
manhã. É por isso que vou ao escritório da tesouraria. 
Portanto, embora eu tenha mais de cem mil em minha conta 
após pagar as mensalidades, não é o suficiente para viver por muito 
tempo quando sou a única pagando todas as contas. 
Dinheiro de graça, Cadee. É o que continuo dizendo. Não é nem 
meu. É todo o dinheiro de Dante e este é o plano dele. Então tanto 
faz. 
— Vou pagar você também, Cadee — diz Cooper. — Todos nós 
iremos. 
— Não estou preocupada com isso, pessoal — sorrio para eles 
porque os dois estão olhando para mim com preocupação. — E está 
quente neste carro. Podemos apenas ir? 
Ax abre a porta e vira o assento para frente para que eu possa 
sair. Cooper sai também e então todos nós nos encontramos – eu no 
meio desses dois homens enormes – e começamos a caminhar em 
direção a floresta que nos levará ao campus. 
Quando chegamos ao jardim central, Cooper faz uma pausa e 
pega minha mão. — Tem certeza que quer entrar aí sozinha? — Ele 
acena com a cabeça em direção ao prédio administrativo. 
 
 
— Ficarei bem, Coop. O escritório da tesouraria fica no 
porão. Sequer verei seu pai. Não é grande coisa. E você não pode ficar 
comigo o tempo todo. 
Quando olho para Ax, ele está sacudindo as chaves. Minhas 
chaves. Eu deveria apenas dar a ele aquele carro. É um verdadeiro 
pedaço de merda, de qualquer maneira. E ele adora. 
— O quê, Ax? Por que você está olhando para mim assim? 
Ele olha por cima do ombro para o prédio administrativo. — Não 
sei. Estou tendo dúvidas. O plano de Dante tem muitos e se. E vocês 
têm que admitir, é uma loucura pra caralho. A coisa toda é uma 
loucura. Realmente precisamos nos formar? Não podemos 
simplesmente nos transferir para outro lugar? 
— Não. — Sou inflexível sobre isso. — Faculdade High Court, 
Ax. É um grande negócio. E você chegou tão longe. Não pode desistir 
agora. Ninguém se importará que você esteve aqui por três 
anos. Eles verão apenas o nome da escola em que se formou. Temos 
que aguentar. 
Ele olha para Cooper, esperando que ele concorde com ele. 
Mas Cooper não concorda. Ele sabe que estou certa. Ax também 
sabe. Mas se não fosse por nós, ele já teria partido. Ele realmente não 
se importa onde se formará. Ou se ele se formará. Mas Cooper e eu 
sim. 
Bem. Eu me importo, pelo menos. 
Quero este ano. Eu realmente, realmente quero. 
 
 
Cooper provavelmente poderia largar tudo. Acho que ele só está 
fazendo isso por mim. 
Ele olha para mim. — Onde você estará depois?da fila. Então ele tem que ter uma donzela. Pelo 
menos, no início. 
— Uau. Que porra você está falando? Você tem uma donzela? 
— Claro. Era sua mãe. 
Uau. Ok. Respire, Cooper. — Então quem... quem era 
sua esposa? 
— Ela morreu cedo. Pouco depois de Jack nascer. 
— Ok. — Respiro fundo e balanço a cabeça. — Não acho que 
preciso saber mais. — Isso também não é mentira. Não estarei aqui 
no próximo ano. E nem Cadee e Isabella. Acabamos. Cem por cento 
dando o fora do esquema. Todo esse lugar é uma loucura. 
— Bem. — Meu pai se levanta. — Bom. Então terminamos 
aqui. Tenho certeza que teremos outra conversa em breve. Mas você 
está certo. É o suficiente por um dia. — Então ele olha para mim com 
um sorriso. — Tome seu tempo aqui, Cooper. Relaxe. Aproveite o 
vapor. Há um carro lá fora esperando por você quando estiver pronto 
para ir. Você será levado para casa para se vestir. Seu terno foi 
colocado em seu quarto. Cadee e Isabella serão deixadas no portão 
oeste da Faculdade High Court às oito da noite. Não se atrase. 
— É isso? 
 
 
Ele encolhe os ombros. — Divirta-se no baile. Uma escolta irá 
encontrá-lo quando chegar a hora de ir à tumba. 
Então ele se curva um pouco, gira sobre os calcanhares e sai. 
E embora eu não me importe particularmente com salas de 
vapor, fico lá por algum tempo. Tentando entender minha vida. 
É um show de merda de todos os ângulos. 
Mas, ao mesmo tempo, o que aprendi hoje é interessante. 
Talvez até um pouco... sexy. 
E, para ser totalmente honesto, os mistérios que cercam os ex-
alunos da High Court são até um pouco atraentes. 
 
 
 
 
 
 
— Desculpe-me — rio de Isabella. — Você acabou de 
dizer... irmã-esposa? 
— Só descobri esta manhã. Quer dizer, eu sabia. Tinha uma 
ideia, pelo menos. Nós meninas conversamos, não é? — Ela olha para 
Sophie e Elexa, e ambas fazem uma combinação de dar de ombros e 
acenar com a cabeça. — Todos nós sabemos no que estamos nos 
metendo. E normalmente, você também saberia. Mas você foi 
protegida por motivos dos quais ninguém sabe. Tenho que admitir, 
realmente pensei que ficaria presa a Mona, então você está 
totalmente à frente e me sinto muito melhor com isso. 
— Espera. — Minha cabeça está... girando. — Nós duas vamos 
casar com Cooper? 
— Não — ri Isabella — isso é ilegal. Eu vou me casar com 
ele. Você será nossa donzela. 
 
 
Tenho uma visão de The Handmaid's Tale. Isabella deitada no 
meio de uma grande cama de dossel, eu entre suas pernas, 
totalmente esticada, e Cooper vindo para mim com um pau duro. 
Eu rio inesperadamente. 
Cooper me prometeu que não se casaria com ela. Então só 
preciso fechar minha boca e jogar junto. Porque todo esse cenário 
poderia ser de duas maneiras. 
1. Estamos todos mentindo. Todos. E tudo o que essas garotas 
estão me contando faz parte do plano de Dante. E se for esse o caso, 
não preciso me preocupar porque nada disso importará no final. 
2. O plano de Dante desmoronou e ninguém está realmente 
jogando esse ângulo mais. E se for esse o caso, eu realmente preciso 
calar a boca, porque sou a única neste quarto que ainda está a 
bordo. E pode haver câmeras aqui. 
É preciso muito autocontrole para não verificar todos os cantos 
das câmeras. 
Finalmente encontro minha voz. — Sua donzela, Isabella? O que 
isso significa exatamente? 
— Você fode com ele. — Ela encolhe os ombros. — Você mora 
conosco. Você é nossa. Mas não está legalmente vinculada a nós de 
forma alguma. 
— Ok. Então, eu sou a concubina dele. 
 
 
— Gosto dessa palavra — diz Sophie. — Parece muito... não 
sei. Corte imperial. Amante é tão... — ela torce o nariz. — Bem, um 
passo à frente de garota de programa, eu estou certa? 
— Claro, Sophie — sorrio para ela. — Poderíamos ser pior do 
que concubina. 
— Bem, você está reagindo bem — diz Elexa. 
— Cooper me ama, Elexa. Não Isabella. 
— Ei. — Isabella aponta para mim. — Não seja uma vadia, 
Cadee. Ele e eu somos parceiros há mais de três anos. Ele me ama a 
maneira dele. 
— Mas ela está certa — brinca Sophie. — Por que ela deveria se 
preocupar com você? Você gosta de garotas. 
Isabella dá um tapa no rosto de Sophie com tanta força que o 
tapa ecoa por toda o quarto por três segundos inteiros. E então há 
uma marca de mão rosa brilhante na bochecha dela. 
— Jesus Cristo, Isabella! — Eu me levanto na minha banheira, 
então cuidadosamente saio e caminho até Sophie, colocando meu 
braço em volta dela quando ela começa a chorar. 
Isabella ferve. — É melhor você cuidar de sua boca, Sophie 
Bettington. Não estou brincando. Espalhe mais rumores sobre mim 
e tornarei sua vida miserável. Agora pegue minha toalha e seque-me. 
—Sophie me empurra e corre para as toalhas. Mas Isabella está 
olhando para Elexa agora. — Você tem algum problema com minhas 
punições, Elexa? 
 
 
Isabella, neste momento, é a personificação da palavra régia. Ela 
nasceu para ser a Rainha. Porque está diante de nós com os ombros 
retos e a cabeça erguida. Nua, como o resto de nós. No entanto, 
totalmente diferente de nós ao mesmo tempo. 
E agora a personalidade fraca de Sophie faz sentido. 
Ela nasceu para ser a Donzela. 
Segunda melhor. Apenas como eu. 
Então é isso que a palavra legado significa. Não tem nada a ver 
com meus pais indo para a escola na High Court. É... procriação. 
Exatamente como Dane disse. Você foi criada para mim. 
Exceto que ele está morto agora, então fui entregue a Cooper. 
E a personalidade de Elexa também faz sentido. 
Ela é uma delas. Não de nós. 
Elexa encolhe os ombros. — Ei, você é o Cygnet, certo? Talvez 
um dia eu tenha um problema com você batendo na minha Donzela. 
Quando ela for realmente minha. Mas hoje, foda-se. 
— Bom — diz Isabella, sorrindo. Então Sophie está lá com uma 
toalha, esfregando suavemente o corpo de Isabella para secá-la. 
— Volte para a banheira — comanda Elexa. 
E de repente me pergunto se ela tem permissão para falar 
comigo desse jeito. Quer dizer, eu entendo. Estou morando no último 
 
 
andar do dormitório devido a um detalhe técnico. Mas não sou mais 
o Fugling. Então atiro para ela. — Não fale assim comigo, sua puta. 
Isabella ri. Sophie franze a testa e olha em volta nervosamente. 
Elexa range os dentes e aperta os punhos. — Você não é 
ninguém, Cadee. Eles podem colocá-la naquela torre e te vestir bem 
para fazer você pensar que é especial, mas você não é. E se eu fosse 
você, aproveitaria este ano ao máximo. Porque quando o próximo ano 
chegar, haverá uma nova rainha morando em seu quarto. 
— Isso nem é verdade. O Presidente disse que eu poderia ficar 
lá até me formar. 
— Você não vai se formar! — Elexa realmente gargalha. — Você 
vai para casa com Isabella e Cooper no final do ano para empurrar 
bebês para eles. 
— Chega! — O comando de Isabella é alto e, bem, 
comandante. Então Elexa se cala. — Lave o cabelo dela e deixe-a 
pronta. Em seguida, traga-a para o camarim. Rapidamente. Ou você 
nunca verá o interior dessa tumba. 
— Que seja — murmura Elexa baixinho. 
Afundo na água de banho enquanto Elexa lava e passa 
condicionador no meu cabelo, deliberadamente derramando água 
sobre meus olhos quando precisa me enxaguar. 
Darei a ela uma estrela naquele cartãozinho de como nos 
saímos? 
 
 
Sophie termina de secar Isabella e a envolve em uma toalha, mas 
não a si mesma. Em seguida, leva-a por outra porta, e Elexa e eu 
ficamos sozinhas. 
Espero que Elexa comece algo. Mas ela não começa. Apenas faz 
o seu trabalho e grita comandos curtos para mim como, Levante-se, 
Saia e Fique quieta. 
Ela me seca com a toalha macia, mas seus movimentos são 
ásperos. Nada parecido com a maneira como Sophie gentilmente 
acariciou Isabella. Em seguida, ela envolve uma toalha em volta de 
mim e me leva para a próxima sala. 
Isabella está sentada em uma cadeira e seu cabelo está sendo 
seco por um cabelereiro. Sophie se foi. Elexa me pede para sentar na 
cadeira ao lado dela, e entãoela sai e outro cabelereiro entra e começa 
a secar meu cabelo também. 
Assim que é seco, começam o penteado e Isabella começa a falar 
novamente. Mas sobre coisas estúpidas. Ela escolhe a cor das unhas 
e, em seguida, quatro mulheres aparecem – nós duas para trabalhar 
em nossas mãos e pés – e então ela reflete sobre como os jardins 
podem ficar esta noite. 
O baile sempre foi minha época favorita do ano porque acontece 
nos jardins centrais do lado da faculdade da High Court, e meu pai 
ficava encarregado da decoração. Todo ano eu o ajudava a amarrar 
luzes de fada. Portanto, era muito importante para mim. Mas não 
olhei para os jardins do baile desde que meu pai morreu. Saí do meu 
caminho para evitá-lo, na verdade. 
 
 
Portanto, tenho sentimentos confusos sobre esta noite. 
Sou o par de Cooper na primeira parte da noite no campus. Mas 
então, quando formos à tumba, sou apenas a substituta. A amante. A 
concubina. E devo andar atrás deles. 
Então, quando chegarmos lá, só Deus sabe o que acontecerá. 
Espero o pior. Mas é temporário. Cooper não continuará com o 
casamento. Ele já me disse. E Isabella e Elexa podem invocar 
fantasias sobre o que o próximo ano pode ser o quanto quiserem, mas 
não se tornará realidade. 
Estamos fora daqui. 
Elas podem ficar, se quiserem. Mas não nós. 
Uma vez que nosso cabelo, maquiagem e unhas estão prontos, as 
senhoras saem e Sophie e Elexa voltam – desta vez usando aquelas 
finas vestes brancas novamente, em vez de ficarem nuas. 
Cada uma delas carrega sacolas de roupas que ficam 
penduradas nas costas das duas portas de cada lado da sala. E 
admito, quando abaixam os zíperes e levantam os vestidos, fico 
encantada com o que usarei esta noite. 
É legítimo para uma rainha. A única coisa decepcionante é que 
Isabella e eu temos que usar o mesmo vestido. — O que há com essa 
merda de gêmeos? — pergunto a ela. 
— Você é uma extensão de mim, Cadee. Deus, quantas vezes 
tenho que te dizer isso? Por que você acha que levei aquela roupa de 
 
 
colegial quando se mudou para o dormitório? Você. É. Uma 
extensão. De mim. Você realmente precisa se acostumar com essa 
ideia. Porque é assim que você será tratada em todos os eventos 
oficiais Fang e Feather. Na verdade, você não estará na maioria dos 
eventos. 
— O que? 
— Só aqueles feitos especialmente para as Donzelas. Como esta 
noite. Esta é a sua noite. — Ela sorri para mim. Como se estivesse 
me dando um presente. — Você nos fará um juramente. — Em 
seguida, ela acrescenta — Cooper e eu — apenas no caso de eu não 
compreender. 
De qualquer forma. De volta ao vestido. 
É um cetim azul claro suave e claro com enfeites de apliques de 
renda dourada que formam um padrão floral. É um vestido longo de 
baile com cauda e as dez pregas onduladas são engomadas com 
perfeição. Ele se espalha no chão, então pareço flutuar quando 
caminho. O corpete é justo – me apertando – e começa logo acima dos 
meus quadris, então minhas curvas são acentuadas. Ele é amarrado 
nas costas e tem um decote sem alças. Então a coisa toda é princesa 
sexy. 
Não do jeito que Valentina estava vestida naquele primeiro dia 
da corrida de verão. Ela era uma princesa da sacanagem. 
Isso é... outra coisa. — Amei — respiro, sem realmente falar com 
ninguém. 
 
 
— Eu também. — Isabella se olha no espelho. 
Poderíamos ser gêmeas, é assim que nos parecemos neste 
momento. Nosso cabelo comprido está empilhado desordenadamente 
em nossas cabeças, daquele jeito fodido que está tão na moda 
agora. E é quase da mesma cor para começar. Loiro escuro com 
mechas mais claras. Ela tem olhos verdes e eu castanhos, mas o 
vestido, a maquiagem, o cabelo – é tudo igual. Portanto, é muito 
difícil nos diferenciar agora. 
Os olhos de Isabella encontram os meus no enorme espelho do 
tamanho de uma parede. — Não estava tentando ser uma vadia 
antes. Isso é difícil para mim também, sabe. Cooper era todo meu até 
você chegar no verão passado. 
— Era? 
Ela bufa. — Bem, agora me desculpe por não ter sido mais 
vadia. Você não precisa esfregar isso, Cadee. 
— Estou apenas dizendo. Ele e eu éramos uma coisa muito antes 
dele comprá-la durante sua corrida de verão, Isabella. Não o roubei 
de você. 
— Eu sei. E estou tentando ser gentil. 
Eu bufo. 
— Porque — continua — você faz parte da minha vida 
agora. Quer eu queira você nela ou não. 
— Ok. 
 
 
Ela se vira para mim e segura minhas mãos. — Então, vamos 
tentar ser amigas. 
— Nós somos amigas, Isabella. 
— Bom. Quer dizer, eu serei a mãe de seus filhos, então eu 
realmente quero que isso funcione. 
— O que? — Não consigo parar de rir. 
— Sim. Certamente não terei filhos. Meu pai acha que Cooper e 
eu vamos, mas... — ela balança a cabeça. — Não. Eu não farei 
isso. Estou tão feliz que Dane está morto e você não vai para ele. 
Quase vomito só de pensar. 
— Não teria sido uma boa combinação. 
— Não brinca, Isabella. Ele era um estuprador. 
— Eu sei. Foi isso que eu quis dizer. 
— Você está agindo de forma estranha. 
— Como assim? 
— Você está completamente... nisso. E no verão passado você 
estava uma bagunça quente e bêbada só de pensar neste ano. 
Ela encolhe os ombros. — Estou feliz com você. E amo Cooper do 
meu próprio jeito. Assim. — Ela encolhe os ombros novamente. — 
Cheguei a um acordo com a minha situação. 
 
 
Ela é real agora? Ou é uma atuação apenas no caso de as pessoas 
estarem nos observando? 
Não sei dizer. 
Nada mais faz sentido. E parece que toda vez que me acostumo 
a uma grande mudança e me instalo – como comprar a pousada e 
embarcar no plano de Dante – algo ainda maior surge. Um edifício 
com o nome em homenagem aos meus pais. Um quarto de vidro na 
cobertura. E um rei em uma ponte que nos conecta. E agora 
isso. Serei uma irmã-esposa. E, aparentemente, terei filhos de 
Cooper e Isabella os criará. 
Quero rir. É tão ridículo. 
Mas está realmente acontecendo. 
Eu acho. 
Talvez eu deva apenas parar de pensar? 
Quero dizer, quem se importa se todo mundo pensa que está 
acontecendo? Não está. 
Cooper me prometeu. 
Nós sairemos. 
 
Quando saímos do SPA, percebo que estamos na cidade de 
Monróvia. Fica a cerca de dez milhas do campus da High Court. É 
realmente mais uma vila com cafés bonitos e algumas lojas de 
 
 
luxo. E, é claro, o spa, que é tão exclusivo que ocupa quase cinquenta 
acres, tem um portão e uma guarita na frente e exige inscrição para 
entrar no local. 
Acho que agora sou um membro. 
Isso realmente me excita um pouco. Porque já passei por este 
spa centenas de vezes enquanto crescia. Sempre fantasiando como 
seria por dentro. Ser uma daquelas pessoas que tem acesso a um 
lugar como esse. 
E agora estou aqui. Em uma limusine. Vestida como uma 
rainha. E sim, tenho uma irmã gêmea sentada ao meu lado, mas ela 
está me servindo uma taça de champanhe enquanto medito sobre 
tudo isso. 
Ela me entrega uma taça cintilante com um líquido dourado e 
ergue a taça. — Saúde, Cadee. Teremos um relacionamento fabuloso. 
Toco sua taça e começo a beber enquanto a limusine segue seu 
caminho ao longo da estrada sinuosa e arborizada em direção a High 
Court. 
Meus pais queriam isso para mim? 
Ou ficariam horrorizados se me vissem agora? 
Eu gostaria de saber. 
Mas se eram ex-alunos da High Court e me criaram no campus, 
certamente havia um motivo? Um plano para isso? Certo? 
 
 
Preciso acreditar nisso. Porque embora eu saiba que tudo é falso, 
que há algo nefasto, e provavelmente até perigoso, acontecendo nos 
bastidores... eu gosto disso. 
Gosto de pertencer. 
E até gosto da Isabella. Falei sério quando disse que éramos 
amigas. Ela foi uma vadia hoje, mas Sophie mencionou suas 
preferências sexuais. E é muito claro que Isabella está negando essa 
parte de si mesma ou simplesmente quer mantê-la privada. E isso 
não é da conta de Sophie. Ou da conta de ninguém, por falar nisso. 
É a vida de Isabella e devemos simplesmentedeixar isso. 
— Teremos um relacionamento fabuloso, Isabella. Nós fazemos 
uma boa equipe. 
Ela sorri em sua taça enquanto toma outro gole de champanhe. 
Mas ficamos caladas pelo resto da viagem de volta à escola, 
olhando pela janela. Ainda não está totalmente escuro, mas o 
crepúsculo se aproxima rapidamente. E quando chegamos ao 
estacionamento de hóspedes perto da Alumni Inn, a lua cheia está 
surgindo sobre o lago à distância. 
Há uma carruagem com quatro cavalos brancos esperando para 
nos entregar a Cooper. 
E agora eu realmente me sinto uma princesa. 
Há dois lacaios parados ao lado da carruagem e eles nos ajudam 
a entrar. Então começamos a deslizar para frente. Lentamente. O 
 
 
clop-clop de cascos é um ritmo calmante que me embala em uma 
sensação de paz e aceitação enquanto olho pela janela e tento 
encaixar essa fantasia em minha realidade anterior. 
É como se eu vivesse duas vidas diferentes. 
A anterior, quando eu era um segredo na floresta. E esta. Parece 
um novo começo. Na verdade, sinto que tive muitos novos começos 
recentemente. 
É legal. Muito especial. Mas trocaria tudo para ter minha antiga 
vida de volta com meus pais. Fantasiei em ir para a High 
Court. Muitas vezes. Mas teria ficado satisfeita na Faculdade 
Comunitária de Monrovia. Passei vários minutos imaginando aquela 
Cadee. Vestindo jeans para salas de aula chatas. Passar um tempo 
no centro estudantil subfinanciado. Tomando café com outros jovens 
da minha idade que não tinham dinheiro e que achavam que a 
faculdade era um risco, mas decidiram ir mesmo assim. 
Teria conhecido outro garoto. Alguém que não viveu em uma 
mansão no lago ou veio com um fundo fiduciário. E teria 
lutado. Muito, provavelmente. Teria me mudado da Alumni Inn e 
talvez compartilhado um apartamento com alguns outros 
alunos. Teria economizado para comprar um carro e uma boa TV, e 
teria passado mais tempo pensando em meus pais. 
Incomoda-me que eu não chore por eles à noite. 
Realmente me incomoda. 
Mas tento não pensar nisso. 
 
 
A carruagem segue seu caminho através do campus Prep. Ao 
redor dos jardins iluminados em homenagem ao homecoming, mas 
não decorados de forma elaborada como serão os do lado da 
faculdade. 
Há muitas pessoas no campus esta noite. Há uma festa de ex-
alunos na pousada e os jovens, é claro. Todos param para olhar para 
nós e esticam o pescoço para ver quem está lá dentro. 
Isabella e eu estamos quase escondidas, então eles começam a 
seguir a carruagem, caminhando lentamente atrás de nós. Entramos 
na floresta por um dos caminhos e só então percebo que seremos 
entregues no portão oeste. 
— Puta merda — sussurra Isabella. — Olhe para ele. 
Eu me inclino para seguir seu dedo apontando para encontrar 
Cooper. 
Ele está vestido com um uniforme de serviço formal, algo que 
parece um pouco militar, com uma boa dose de escola 
particular. Calça azul marinho e casaco curto da mesma cor. Há 
enfeites dourados. Riscas na orla das mangas. Dragonas em seus 
ombros e o brasão da High Court em seu peito esquerdo. Sua camisa 
e sua gravata-borboleta são brancas e uma espada está pendurada 
em seu quadril. 
E ele parece... 
— Oh, meu Deus — sussurra Isabella. — Quero comê-lo, ele 
parece tão delicioso. 
 
 
Atiro um olhar para ela de que porra é essa, porque ele é meu, 
vadia! Mas ela não está prestando atenção em mim. 
A carruagem para, e quando olho pela janela traseira há uma 
grande multidão atrás de nós agora. Pelo menos cem pessoas. 
Então o lacaio abre a porta e nos ajuda a sair, e quando vejo 
Cooper em frente, iluminado por trás com todo o brilho dos jardins 
centrais, eu começo a me sentir como uma rainha. 
Tudo que preciso é a tiara. 
Isabella pega minha mão e, embora eu ache estranho, não me 
importo. Porque os olhos de Cooper estão em mim. E parece que ele 
quer me curvar e me foder com força. 
Mas então seus olhos se voltam para Isabella e ele 
sorri. Primeiro para ela, depois para mim. 
Ele espera por nós no portão, como um noivo esperando no 
altar. E então, sem saber qual é o protocolo quando você tem dois 
encontros, ele improvisa e pega minha mão esquerda com a direita e 
a direita de Isabella com a esquerda. Traz as duas para sua boca 
perfeita, carnuda e sexy e as beija ao mesmo tempo. 
— Meu Deus — suspira. — Sou o homem mais sortudo do 
mundo. 
Então ele oferece a nós duas seus braços e colocamos nossas 
mãos na curva de seus cotovelos, o deixando nos conduzir em direção 
à magia fantástica dos jardins centrais, que são iluminados com luzes 
de fadas e tilintam com o som do vento suave nos sinos. 
 
 
As pessoas ainda estão atrás de nós. Estão tirando fotos 
agora. Comemorando o momento em que percebem que o Rei da High 
Court não tem apenas uma rainha, mas duas. 
Ele para e nos puxa para perto. E posamos para eles. As 
meninas mais novas gritam de alegria. Os meninos, de todas as 
idades, olham para ele com inveja. E nós, com luxúria. 
E então Cooper vira a cabeça e me beija na boca. Permanecendo 
enquanto sua língua acaricia a minha e começo a desmaiar. 
Mas então ele se afasta e dá o mesmo beijo em Isabella. Quando 
termina, ela está sem fôlego, assim como eu. 
E é quando percebo – posso estar errada sobre Isabella. 
Muito errada sobre Isabella. 
 
 
 
 
 
 
— Uau. — Não consigo tirar meus olhos delas. Os vestidos, os 
cabelos, elas. 
Elas, Cooper? 
Não se trata de um “elas”. É sobre uma garota. A garota que você 
ama. 
— Cadee — digo, pegando sua mão novamente. — Você... — 
tenho que parar e balançar a cabeça. — Você está... de tirar o fôlego. 
— Ol-lá? — diz Isabella. — Também estou aqui. — Mas não é 
uma interrupção mal-intencionada. Mais lúdica. 
Sorrio para ela. — Você também. 
— Posso dar uma sugestão. Vocês dois, divirtam-se. — Então ela 
aponta um dedo perfeitamente pintado para Cadee. — Não o esgote 
muito. Eu o pego mais tarde. 
Eu meio que rio disso. E então paro abruptamente. Porque isso 
é um pouco estranho. 
 
 
— Tchau — diz Cadee suavemente. 
Então assistimos Isabella passear na direção de Lars. — Lars — 
digo. 
Cadee coloca a mão espalmada no meu peito. — Esqueça 
Lars. Ele está ocupado com Valentina e Selina, ao que parece. 
Ela está certa. Lars também tem duas meninas. Mas elas não 
estão vestidas como rainhas gêmeas como Isabella e Cadee estão. E 
ele não está usando o uniforme do Rei da High Court. Então foda-se 
ele. 
— Vamos. — Pego a mão de Cadee e a levo para os jardins. — 
Este lugar parece incrível. Vamos dar uma olhada e tomar uma 
bebida. 
Cadee olha para cima e ao redor com admiração. E há muito 
para se admirar. Nas últimas semanas, a equipe de paisagismo 
esteve ocupada construindo pérgulas e reorganizando os jardins de 
seus projetos originais. Eu poderia dizer que isso incomodou Cadee 
no início. E não a culpo. Esses jardins são seu verdadeiro legado na 
High Court. O único lugar que era realmente dela. 
Até o novo dormitório Fang e Feather, claro. 
Mas ela está genuinamente impressionada com o que 
fizeram. Embora sempre tenha havido centenas de arbustos de rosa 
no jardim central, agora os caminhos de seixos de ervilha têm 
milhares de pétalas amarelas espalhadas neles. Há luzes de fadas 
penduradas em todas as estruturas. Todas convergem dos quatro 
 
 
cantos do jardim e se prendem a um poste de quinze metros para 
formar um dossel brilhante que faz até eu sentir como se tivesse 
entrado em um lugar mágico. Uma torre de castelo diretamente de 
Rapunzel foi construída ao redor do mastro e o banner da escola 
balança com a brisa no topo. 
Você não pode ter um homecoming na High Court sem uma 
torre. Onde trancaríamos todas as nossas princesas? 
Pego duas taças de champanhe passando em uma bandeja, em 
seguida, entrego uma para Cadee. 
Ela ergue a taça e o líquido dourado brilha nas luzes das fadas, 
e encontro tudo isso e muito mais quando vejo o reflexo em seus 
olhos. — O que devemosbrindar? — pergunta ela. 
— O futuro, é claro. — Paro para realmente olhar para 
ela. Quero gravar essa imagem dela em minha mente para 
sempre. Minha garota na floresta. Aquela que sempre esteve no 
limite das coisas agora é a única coisa que todos podem ver. 
Cadee sorri. — Beberei a isso. — Ela encosta sua taça na minha 
e bebemos nosso champanhe. Apenas olhando em volta, absorvendo 
tudo. —Nem sei no que me concentrar no início. É tudo tão... 
lindo. Meu pai teria adorado este design. 
— Sim. Acho que teria. Mas tenho mais uma surpresa para te 
mostrar. Siga-me. — Eu a levo até a torre construída ao redor do 
poste e abro a porta secreta. 
Cadee ri. — O que? É uma torre real? 
 
 
— Elas são sempre reais. 
— Sei que são construídas todos os anos, mas nunca soube que 
as pessoas pudessem usá-las. 
— Apenas o Rei. — Levo sua mão aos meus lábios e beijo suas 
juntas. — E sua Rainha. 
Ela cora um pouco e amo isso nela. 
— Vamos. — Mantenho sua mão e a puxo para dentro. Em 
seguida, subimos a estreita escada de madeira. No topo há apenas 
uma abertura, mas nenhuma porta. Assim, encontramos o vento frio 
do outono quando voltamos para a noite. 
Acima de nós estão as luzes de fada e o estalar da bandeira da 
High Court ao balançar com a brisa. Lá embaixo as pessoas estão 
dançando e a música está alta. Batendo e pulsando. Existem mesas 
e cadeiras e um bar em cada extremidade do jardim. Mas os garçons 
passam, então ninguém está na fila para bebidas esta noite. 
Nós giramos no lugar e a deixo absorver tudo. 
E então percebo uma coisa. — Você nunca foi a um baile da 
escola, não é? 
— Não. — Ela olha para mim como se eu fosse seu rei. — 
Costumava assistir ao baile. Antes de meu pai morrer. Eu costumava 
ajudá-lo a arrumar também. — Ela olha para o espetáculo diante de 
nós e suspira um pouco. — Mas nunca entrei sorrateiramente em 
nenhum dos bailes. 
 
 
— Nem uma vez? 
Ela balança a cabeça. — Nem uma vez. Fiquei realmente 
intimidada. E, de qualquer forma, meus pais sempre me levavam ao 
Lago Poplar nas noites de baile porque os alunos ficavam na floresta 
até altas horas e muitas vezes nos acordavam. Então, quando você 
dançava, eu provavelmente estava na frente de uma fogueira 
assando marshmallows. 
A batida da música muda de uma batida para algo lento e 
acústico e todos os corpos em movimento lá embaixo estão 
subitamente pareados, agarrados uns aos outros. 
— Bem, difícil competir com isso — digo. Ela ri. — Então terei 
que ter certeza de que esta seja a melhor noite da sua vida, Cadee 
Hunter. Uma que você nunca esquecerá. — Então eu me curvo e 
estendo minha mão. — Gostaria de dançar, minha rainha? 
Ela respira fundo e acena com a cabeça, colocando a mão na 
minha. 
Eu a puxo para perto. A frente de nossos corpos pressiona um 
contra o outro. Minhas mãos deslizam para seus quadris, então sobre 
sua bunda enquanto ela descansa sua bochecha no topo do meu 
ombro e suspira. 
Nosso balanço mal pode ser chamado de movimento, muito 
menos dança. O espaço aqui é apenas o suficiente para nós 
embaralharmos. Mas nada do que fazemos agora é sobre dança. 
 
 
Ficamos quietos durante toda a música. E não sei o que ela está 
pensando. Talvez o que venha mais tarde esta noite. 
Mas não é nisso que estou pensando. 
Penso no quanto amo essa garota. E como não a mereço. E como 
um dia, ela poderia acordar e descobrir isso. Um dia ela pode 
entender que é melhor do que eu. Na verdade, isso é quase uma 
certeza. 
Quando a música termina, dou um pequeno passo para trás para 
ver seu rosto. — Tenho outra coisa para te mostrar. 
— Algo melhor do que isso? 
— Muito melhor do que isso. Mas você está se divertindo, certo? 
— Está definitivamente se preparando para ser uma das minhas 
recordações. Nem me importo em usar o mesmo vestido de 
Isabella. Nós... —ela olha para mim e – está corando? 
— Vocês o que? 
— Nós parecemos meio gostosas juntas. Você não acha? 
— Meio? — Eu rio. — Vocês duas são deslumbrantes. Não sei o 
que pensar sobre isso, para ser honesto. Sinto-me muito sortudo esta 
noite. 
— Você tem sorte, senhor. Você está acompanhando as duas 
garotas mais bonitas do campus. 
 
 
— Verdade. Mas, sério, você não está chateada por ter que 
dividir a noite com Isabella? 
Ela balança a cabeça um pouco para frente e para trás, pensando 
na resposta. — Não vou mentir. Ela disse algumas coisas estranhas 
enquanto nos vestíamos. E a tarde começou um pouco assustadora – 
ela me sequestrou. 
— Ah, merda. Esqueci. Também fui sequestrado. 
— Você? 
— Sim. Mas de qualquer maneira, continue. O que ela disse? 
— Muitas coisas sobre casamento, filhos e... — ela faz uma 
pausa. — Donzelas. 
— Donzelas — repito a palavra para ganhar algum tempo. 
— Sou como... a porra de sua serva, Cooper. É muito assustador. 
— Sim. É. 
— Você não parece muito surpreso. Então você sabia disso? 
— Ouvi rumores. Mas que você era minha? Não. Eu não sabia 
disso até esta tarde, quando meu pai me contou. 
— Isso é porque eu não era. Eu era a Donzela de Dane. 
— Sim. Ele mencionou isso também. 
 
 
— Ok. Sei que todos nós chegamos a este acordo tácito de que 
minha mãe foi realmente quem matou Dane, mas... você acredita 
nisso? 
Balanço a cabeça. — Nem por um segundo. 
— Então, por que seu pai está cuidando de mim? 
— Não sei, Cades. Eu juro. Se soubesse, eu contaria a você. 
— Bem. — Ela se inclina um pouco para mim. — Não insistirei 
em nada disso. Estou amando esta noite E embora Elexa fosse minha 
atendente hoje e ela seja uma completa vadia, não me importei com 
o banho com Isabella. 
— Ei, ei, ei. Você tomou banho com a Isabella? — Preciso me 
permitir alguns segundos de fantasia sobre essa revelação. 
— Não. Não juntas. — Ela dá um leve tapa no meu ombro. — 
Banheiras lado a lado. E estávamos nuas. Foi muito estranho. Mas 
então descobri que Sophie será a donzela de Elexa quando elas se 
formarem, eu acho. — Ela faz uma pausa para olhar para mim. — 
Ainda estamos jogando o jogo de Dante? 
— Não sei, Cadee. Não parece provável, não é? 
— Então... o que devemos fazer? Arranjar um novo? Falar com 
eles? Darei um jantar de Ação de Graças. Não no dia de Ação de 
Graças, mas no dia seguinte. Na pousada. É uma boa ideia, 
certo? Convidar todos para uma festa e então resolvermos 
tudo. Porque estou começando a ficar muito confusa. 
 
 
— Começando? — Eu rio. 
— Certo? — Ela sorri para mim. 
— Claro, Cadee. Acho que é um bom plano. Um jantar na 
pousada parece quase tão bom quanto este. — Então paro para 
franzir a testa. — Você está preocupada com a tumba esta noite? 
Cadee suspira para mim, seu rosto brilhando de felicidade. — 
Nah. Esta noite é toda sobre nós. E sequer me importo com o que 
acontece na tumba. Eu me sinto como uma... não sei. Uma 
repórter. Estou lá para reunir fatos. Ver do que se trata. Isso é tudo. 
— Pode ficar estranho — aviso. 
— Pode? — Ela ri. — Cooper, todo esse lugar é estranho. Sempre 
foi estranho. Só não percebi porque cresci aqui e nunca estive mais 
longe do que o Lago Poplar. Sou a rã na panela d'água. No começo 
está frio. E a rã não tem ideia de que o calor aumentou. Nunca 
percebi a merda estranha que estava ao meu redor. 
— Não gosto dessa analogia — digo. — Você percebe que a rã 
morre no final? 
Ela ri. — Sim. Percebo. Mas o que podemos fazer? Decidimos 
que não íamos fugir. 
— Não, não vamos fugir. Não há sentido. Precisamos sair em 
nossos próprios termos. 
Ela encolhe os ombros. — Então, que seja. 
— Você não está nem com um pouco de medo? 
 
 
— De que? O que eles poderiam fazer ali na tumba? Algum 
ritual assustador? Não esperamos isso? 
— Dane foi assassinado na frente de cem pessoas, Cadee. Não é 
impossível que algo assim aconteça novamente. 
— Certo. E isso foi corajoso. Mas se eles me quisessem morta, 
nada desse esplendor estaria acontecendo. Certo? 
Não sei, então não digo nada. 
— Como eu disse,sou uma observadora. Quero apenas 
ver. Então sairemos daqui na primavera. Assim, quem se importa? 
— Ela faz uma pausa e olha para mim. — Você não está tendo 
dúvidas sobre ir embora? 
— Não. — digo rapidamente. — De jeito nenhum. Estou fora. E 
levarei você e Isabella comigo. Não seremos apanhados nesta merda. 
— Então... quem se importa com o que acontece? Dane não 
estará lá. Essa era minha maior preocupação neste ano e agora, ele 
se foi. 
Sim. Isso é conveniente. Mas não digo isso em voz alta. 
— Então... devemos voltar e nos juntar a todos? 
Olho para a pista de dança. Lars está lá. Valentina, Selina, 
Isabella – todos os meus candidatos de verão. E de repente quero 
estar em outro lugar. Quero manter Cadee só para mim pelo maior 
tempo possível. — Você quer ir lá? 
 
 
— Irei se você quiser, Cooper. Não me importo para onde vamos, 
contanto que estejamos juntos. 
— Que tipo de sapato você está usando? 
— O que? — Ela ri. 
— Mostre-me seus sapatos. — Ela levanta a bainha do vestido 
para revelar sapatilhas com intrincadas contas douradas nas 
laterais. — Perfeito. — Então pego a mão dela. — Vamos. Tenho 
outra coisa para te mostrar. —Eu a conduzo escada abaixo da torre, 
em seguida em direção a um dos portões e quando chegamos lá, não 
vamos para a esquerda ou direita na trilha principal, mas em vez 
disso, eu a conduzo por entre as árvores até chegarmos a uma trilha 
em sua maior parte escondida. 
— Aonde vamos? 
— Você verá. É só um pouco mais longe. 
— Se você fosse outra pessoa, eu ficaria assustada em dar um 
passeio na floresta escura. 
Olho por cima do ombro e sorrio para ela. — Juro que não 
é assustador. — Ela ri. Então tropeça e me viro para pegá-la antes 
que caia. — Você está bem? 
— Estou bem, Coop. Mas onde é esse lugar? 
— Bem aqui em cima. 
Continuamos caminhando no caminho e tento apontar as raízes 
das árvores enquanto caminhamos para que ela não tropece 
 
 
novamente. A lua está cheia esta noite, mas a floresta filtra a maior 
parte da luz antes de atingir o solo. 
O caminho que percorri uma vez quando menino está quase todo 
coberto de mato agora. O que é um bom sinal. Significa que ninguém 
mais vem aqui. E significa que não haverá um bando de festeiros 
atrapalhando meu plano. 
O caminho para abruptamente e Cadee olha ao redor. — É aqui? 
— Não. — Afasto alguns galhos com folhas e a levo para o mato 
comigo. 
— Oh, meu Deus, Cooper. Onde diabos... — mas então ela vê. — 
Puta merda, o que é isso? 
Eu a levo até o velho portão de ferro forjado e abro. As dobradiças 
rangem ruidosamente e alguns pequenos animais fogem no mato. — 
Cadee Hunter, conheça meu tataravô, Vernon Valcourt. Fundador 
das Escolas da High Court. 
— Uau. — Cadee balança a cabeça. — Isso é... uma estátua. 
Ela também não está brincando. É uma estátua. Parte homem, 
parte leão e parte cisne. Obviamente, é aqui que toda a coisa Fang e 
Feather se origina. Mas também é um trono. A parte principal do 
memorial é a cadeira. O bom e velho Vernon está sentado nele, mas 
apenas o rosto e a parte inferior das pernas estão em relevo. O resto 
do corpo é liso e plano, então quando você se senta nele, você fica 
tipo... sentado no colo dele. 
Sim, é muito estranho. Mas tudo por aqui é estranho. 
 
 
Os leões são principalmente cabeças que se projetam para baixo 
do topo do trono. Bocas se abrem em um rugido, longas presas 
ameaçando morder a cabeça de quem se atrever a sentar em 
Vernon. Mas cada um deles tem meio corpo de perfil que faz o trono 
se parecer um pouco com uma poltrona. 
Os cisnes são a base do trono, seus longos pescoços arqueando-
se para cima e ao redor para formar os apoios de braço. E, como os 
leões, eles estão de perfil. Suas asas não estão abertas, mas dobradas 
contra suas costas para formar os lados da cadeira. 
Eu a levo até lá e então subimos sete degraus de pedra e ficamos 
no pedestal que sustenta a estátua, olhando para Vernon. 
— Então este é o cara que começou tudo? 
— Sim — digo. — Esse é o próprio idiota. — Sento-me no trono 
e dou um tapinha no meu colo. — Venha aqui, Cadee. 
Ela sorri para mim. Em seguida, sobe no meu colo e monta em 
minhas coxas. — Isso parece um pouco sacrilégio. 
— Bom. É o que eu estava procurando. — Olho em seus olhos 
enquanto minha mão começa a encontrar seu caminho por baixo de 
suas saias elaboradas. 
— Cooper. 
— Shh. Não pense nisso. Ele está morto há muito tempo e esta 
é a nossa noite. 
 
 
Meus dedos encontram a pele nua de suas coxas e eu a beijo ao 
mesmo tempo. Ela me beija, ligeiramente sem fôlego, sua boca se 
abrindo contra a minha, sua língua varrendo para me lamber. 
Encontro sua calcinha e a puxo de lado, meus dedos suavemente 
sondando a umidade entre suas pernas. Minha outra mão já está 
desafivelando meu cinto e então ela arrasta sua saia para o lado para 
me ajudar. 
Ainda estamos nos beijando quando sua palma fria encontra 
meu pau que endurece rapidamente e começa a me bombear. Eu a 
quero tanto neste momento. Não me importa que estejamos sentados 
em um trono de pedra no meio de uma floresta. 
Ela vai me foder aqui na floresta. Não pela primeira vez 
também. Isso sempre fez parte da minha fantasia de Cadee Hunter. 
E sem outra palavra, ela levanta os quadris e coloca meu pau em 
sua entrada enquanto seguro sua calcinha de lado para abrir espaço. 
Então ela afunda em mim e nós dois gememos enquanto eu a 
encho e ela me aperta com força. 
A partir daí, é apenas um pouco de balanço, muitos beijos e a lua 
cheia brilhando nesta pequena abertura na escuridão. 
Ela me fode devagar. Suas mãos no meu rosto. Ao lado das 
minhas bochechas à medida que move seus quadris para frente e 
para trás em minhas coxas. 
Não sei o que acontecerá mais tarde esta noite na tumba. Mas 
sei disso – não importa. Porque para sempre, quando penso sobre 
 
 
esta noite, vou imaginar minha rainha no meu colo enquanto 
transamos no trono de Valcourt. 
 
 
 
 
 
Ele é tão bom dentro de mim. Seu pau é tão duro e grosso, só 
de pensar nisso fico molhada. Somos lentos e quietos, e sinto que 
fazemos parte desta floresta. Tipo, aqui nas árvores é onde estamos 
em casa. 
E é mesmo. 
A floresta é o que nos uniu quando éramos mais jovens. 
Eu me escondendo atrás das árvores para espiar Cooper 
enquanto ele explorava e brincava com seus amigos. Eu olhava para 
ele e ele me via, mas fingia que não. 
Sua respiração está pesada agora. E cada vez que afundo em seu 
colo, um gemido baixo escapa de seus lábios. Minhas mãos vão ao 
redor de seu pescoço e batemos nossa testa. Meus quadris começam 
a se mover um pouco mais deliberadamente. Círculos lentos que o 
fazem fechar os olhos. 
Ele agarra meus quadris e me segura com força, ajudando-me a 
me mover. Em seguida, suas mãos deslizam e apertam minha 
cintura, envolvendo-a com o polegar e os indicadores. 
 
 
Quando ele abre os olhos, estamos olhando um para o outro. E 
então, como um sinal silencioso entre nós, começamos a nos mover 
mais rápido. 
Eu me levanto e desço. Suas mãos me ajudando. Ficando mais 
rápido. Mais forte. 
E amo isso. 
Gosto quando ele é gentil, mas gosto muito mais dele áspero. 
Pego uma de suas mãos e a levo até meu peito. Ele 
aperta. Forte. Então mais forte. Até eu soltar um pequeno 
gemido. Em seguida, seus dedos deslizam até minha garganta e a 
pressionam. 
— Oh, porra — gemo. Porque eu gosto disso. 
Ele costumava ser rude comigo quando começamos a 
brincar. Um pouco fora de controle. Um pouco selvagem e 
indiferente. 
Mas ele foi cuidadoso comigo desta vez. Seu ato sexual é 
tipicamente atencioso e deliberado. Ele não perdeu o controle e, às 
vezes... eu gostaria que perdesse. 
Então gosto desse movimento de garganta. — Mais apertado — 
sussurro. — Segure com mais força. 
Ele hesita. Mas começo a foder com mais força e então sinto seu 
aperto. Seu polegar apertando minha nuca. 
 
 
Jogo minha cabeça para tráse olho para a lua cheia e a escuridão 
que a cerca. Em seguida, fecho meus olhos quando ele alcança minha 
saia com a outra mão e agarra minha bunda com tanta força que sei 
que terei um hematoma amanhã. 
Ele está me incentivando agora, suas palavras — Foda-me, 
Cadee. Foda-se, sim. Foda-me, Cadee — suaves e baixas, mas 
também grave e exigente. 
E amo isso. 
Quero fazer tudo com ele neste momento. Quero ficar de joelhos 
e chupar seu pau. Quero que ele enfie na minha garganta e segure lá 
enquanto luto para respirar. 
Quero o antigo ele – aquele que não foi cuidadoso. Quero o Rei 
Valentão. Quero que ele me leve. Delicie-me até que eu esteja sem 
fôlego e exausta. 
E, naquele momento, sua mão desliza entre minhas pernas e ele 
começa a dedilhar meu clitóris. 
— Oh, porra, sim, Cooper. Sim. Sim. 
— Goze para mim, Cadee. Agora. — E quando ele diz agora, ele 
está sendo sincero. Porque seu polegar mais uma vez aperta minha 
garganta até que estou ofegante. 
Eu gozo. E gozo forte. 
 
 
Seus dedos continuam brincando com meu clitóris e começo a 
tremer e mexer para fazê-lo parar. As sensações que me preenchem 
são demais. 
Em seguida, ele me empurra de seu colo e, com uma mão na 
minha cabeça, me faz ajoelhar aos pés de seu trono. 
Meus olhos estão presos na forma como sua mão está bombeando 
seu pau e então ele diz — Abra a boca. 
E no momento em que abro, ele empurra a cabeça de seu pênis 
pelos meus lábios e derrama seu gozo em minha garganta. Gemendo 
e choramingando, agarrando meu cabelo com tanta força que meu 
couro cabeludo arde. 
Continuo chupando até que ele esteja exausto e relaxado na 
cadeira de pedra. Então ele me levanta e me coloca em seu colo. 
Deito contra seu peito apenas sentindo seu coração bater contra 
minhas costas até que sua respiração irregular se equilibra e 
finalmente diminui. 
— Com licença. 
Nós dois nos sentamos em um instante, procurando a voz na 
floresta escura. 
— Senhor. Valcourt. 
— Uh... sim? 
 
 
— Está na hora, senhor. — Um dos guarda-costas de Mona – não 
Meat ou Chatter, os dois que me protegeram no verão passado – 
aparece das árvores grossas. 
— Jesus Cristo — diz Cooper. — Você estava nos observando? 
— Sinto muito, senhor, recebi ordem de segui-lo esta noite. É 
hora de ir. Por favor, venha comigo. A tumba está pronta. 
Eu me levanto do colo de Cooper e ele se levanta, então leva um 
momento para guardar seu pau e se recompor. 
Meu próprio gozo escorre pela minha perna e meus lábios estão 
pegajosos dos dele, mas ignoro. Não posso fazer nada sobre isso aqui. 
Ele pega minha mão e diz — Você está pronta? 
Aceno. Mas é um aceno obrigatório. Não tenho ideia se estou 
pronta para o que vem a seguir. Mas está na hora. E não há mais 
nada a fazer a não ser ir até o fim. 
 
 
 
Seguimos o guarda-costas de volta pela trilha estreita e 
saímos no caminho das rédeas. Ele nos conduz em direção ao lago, 
onde um barco espera ao lado do cais. 
Não a lancha de Cooper. Um maior que tem uma cabine. 
 
 
Sentamos em uma namoradeira enquanto o barco atravessa a 
água e me ocorre que não voltei para este lado do lago desde a última 
vez que saí da Glass House. 
Cooper segura minha mão enquanto me conduz pelo gramado ao 
redor da mansão de sua família e olho brevemente para o pátio de 
Mona. Não esperava que estivesse lá, mas ela está. 
Fumando, é claro. 
— Divirtam-se, crianças — grita ela. 
Nem Cooper nem eu respondemos, ambos focados no que vem a 
seguir. Ele provavelmente tem alguma ideia. Ele, pelo menos, já 
esteve lá. Eu não tenho. Portanto, não tenho nada para comparar. 
Atravessamos a estreita estrada asfaltada, mas em vez de pegar 
o caminho que leva à Glass House, andamos um pouco mais pela 
estrada até que Cooper pega outro caminho. Acho que peguei logo na 
primeira vez que entrei nessa floresta no início do verão. 
O guarda-costas fica atrás de nós. Ele não nos dá nenhuma 
direção, mas Cooper não parece precisar. E então, antes que eu 
perceba, vejo luz à frente. E à medida que nos aproximamos, percebo 
que o caminho está iluminado com tochas de cada lado que levam à 
clareira onde fica a tumba. 
Existem dezenas e dezenas de pessoas ao redor. Falando e 
rindo. Os garçons passam com bandejas de champanhe e vejo Victor 
carregando uma para um pequeno grupo de homens. 
 
 
— Onde está Isabella? — pergunto, lembrando de repente que 
ela faz parte disso também. 
Cooper para e olha ao redor e então seu olhar se fixa no outro 
lado da tumba, onde o Presidente, o Juiz e o Prefeito estão parados 
em um pequeno círculo com Isabella e o Sr. Huntington no centro. 
Ele me leva nessa direção. 
Ela ainda está muito arrumada, mas depois da minha incursão 
na floresta e da foda semi-sacrílega em um trono de pedra, estou me 
sentindo um pouco bagunçada. — Pareço bem? Meu cabelo está uma 
bagunça? Tem gozo em meus lábios? 
Cooper para e ri. Então se vira para me estudar a luz do fogo das 
tochas. — Você parece muito fodida e deveria apenas se orgulhar 
disso. 
Eu ri. — Ok. 
Ele respira fundo. — Você tem certeza disso? 
— Você está preocupado? 
— Claro que estou, Cadee. As pessoas guardam segredos por um 
motivo. E esta noite, algumas coisas certamente acontecerão. Um. 
Nós vamos aprender um segredo. Dois. Depois de aprendermos, 
faremos parte de um segredo. E três. Todas essas pessoas saberão 
do nosso segredo. Então... se você está pensando duas vezes, agora é 
a hora, Cades. Você não pode desaprender segredos. Ainda vamos 
sair, mas nós dois entraremos assim que esta noite acabar. Pelo 
menos um pouco. 
 
 
— Esta é a nova versão de só piora a partir daqui? 
Ele concorda. — É. 
— Quero um segredo, Cooper. Mereço um. Eu 
já ganhei um. Meus pais fizeram parte disso e nunca me contaram 
nada. Não é justo. Não vou embora até entender o que eles faziam 
aqui. 
— Talvez eles tenham ficado presos aqui? E então seu pai 
descobriu sobre Dane e sua mãe descobriu sobre seu pai, e eles foram 
uma ameaça. Portanto, a ameaça foi eliminada. 
— É uma maneira dura de colocar as coisas. 
— É. Mas provavelmente é verdade. 
— Pode não ser verdade. Na verdade, não temos prova de 
nada. Esses arquivos que você encontrou não tinham nada sobre meu 
pai descobrindo sobre Dane. Nós apenas assumimos. 
— É a explicação mais lógica. 
— Verdade. Mas preciso de provas. Eu ficarei bem. Não se 
preocupe comigo esta noite. Esta é minha decisão. Podemos 
conversar sobre isso amanhã, mas esta noite – não me pare, 
Cooper. Quero ver o que diabos acontece aqui. E nem mesmo Lars foi 
convidado para isso, então é algo grande. Certo? 
Ele concorda. — Acho que sim. 
— Então eu ficarei. Estou bem. Meus olhos estão abertos. Estou 
entrando preparada. 
 
 
— Cooper! 
O pai dele nos avista na multidão e acena para nós. 
— Última chance, Cadee. 
— Vamos lá. 
Cooper acena para mim e então ele me leva até a pequena 
multidão de homens e minha nova irmã-esposa, se ela estava dizendo 
a verdade. 
Isabella sorri para mim primeiro. O que é revelador. Não sei o 
que significa, mas ela está focada em mim. Não Cooper. — Aí está 
você. — Ela pega minha mão e me puxa para um abraço, então 
sussurra discretamente — Eu cuido de você — antes de se afastar e 
tomar seu lugar do outro lado de Cooper. 
— Você gostou da sua noite? 
Quando olho para o Presidente, percebo que ele está falando 
comigo. — Foi excelente. 
— Bom. Fico feliz. — Então ele sorri para Cooper. É um sorriso 
cúmplice. Ou ele adivinhou que fizemos sexo ou o guarda-costas de 
alguma forma o alertou. 
Então fico presa na ideia de que o guarda-costas estava nos 
observando. 
Mas o que é realmente estranho... não estou totalmente chocada 
com isso. 
 
 
É meio... intrigante. 
Cooper costumava assistir muito também. E eu realmente 
gostava quando ele fazia isso. Ax ou Lars me tocariam na floresta e 
Cooper estaria encostado em uma árvore, se masturbando. 
Um formigamento começaa se formar entre minhas pernas só 
de pensar naqueles velhos tempos. 
— Cadee? 
— Hmm? — Então percebo que eles estão falando comigo e perdi 
isso enquanto estava tendo uma fantasia sexual. — Sinto muito, não 
ouvi a pergunta. 
O Presidente está sorrindo para mim. — Você está pronta? 
Estou prestes a dizer sim quando noto que o Juiz está me 
encarando. Isso me deixa desconfortável. Nunca estive tão perto 
dele. E não gosto do homem. Não depois do que descobri sobre Ax. 
Desvio o olhar do Juiz e me concentro no Presidente. — Sim, 
senhor. Estou pronta. 
— Isabella explicou as coisas para você? Entende por que está 
aqui? 
E então começo a me perguntar... esse era o plano dele? Quando 
me convidou para ir ao seu escritório no início do verão, ele queria 
que eu estivesse aqui? — Explicou — digo. — E sim. Entendo que 
serei... Cooper e Isabella... — qual foi a palavra que ela 
usou? — Donzela. 
 
 
O Presidente sorri. Primeiro para mim, depois para Cooper, 
depois para o Juiz e o Prefeito, que estão à sua esquerda. 
O irmão de Cooper, Jack, aparece com sua esposa, Leela, e... oh, 
porra. A esposa de Dane, Elizabeth. 
— Você está pronta, querida? — pergunta Leela. Ela não está 
falando comigo. Fala com Isabella. 
Isabella acena com a cabeça. — Tão pronta. Vamos fazer isso. 
A mão de Cooper aperta a minha assim que Isabella começa a 
me puxar em outra direção. E quando olho para ele, ele está prestes 
a abrir a boca para dizer algo. Mas o Presidente o interrompe. — Isto 
não é uma negociação, Cooper. Solte-a. 
Sorrio para Cooper. Ele não sorri. — Vejo você em breve. 
Então solto sua mão e permito que Isabella me leve. 
Seguimos Leela até a frente da tumba e percebo, é isso! Vou 
entrar. 
Mas assim que os guardas parados em cada lado da entrada 
abrem a porta, eu avisto Victor. Ele segura uma bandeja a alguns 
metros de distância. Apenas... olhando para mim. 
Então ele acena. E acena com a cabeça novamente. E aquele 
segundo aceno vem com um sorrisinho. 
Não é um aviso, então. Boas-vindas. 
 
 
Isabella aperta minha mão e aperto a dela. Porque ela está 
suando loucamente e sua palma está úmida. Olhamos uma para a 
outra. Leela e Elizabeth já estão entrando na tumba. 
Então acenamos com a cabeça e avançamos como uma equipe. 
Aconteça o que acontecer agora, pelo menos eu a tenho do meu 
lado. E tem a mim. 
O interior da tumba é pequeno. E eu deveria saber disso porque 
a parte externa da tumba também é pequena. 
Mas logo percebo que este é apenas um vestíbulo. Porque existe 
uma escada longa, gradual e bastante elegante com a mesma largura 
do próprio edifício que desce para um nível inferior. 
Leela e Elizabeth já estão descendo as escadas, mas Isabella me 
deixa parar e olhar em volta, talvez se lembrando de sua primeira 
vez dentro da tumba. 
O saguão – porque acho que é isso mesmo – é feito de paredes de 
pedra cinza escuro revestidas com tochas flamejantes e um piso de 
mármore cinza escuro com um padrão repetitivo de incrustações de 
ouro representando os leões lutando na High Court. 
Um enorme lustre de ouro está pendurado no centro da tumba e 
quando olho para o teto inclinado, percebo que ele foi pintado. Cisnes 
no Lago Monrovian com as mansões à beira do lago ao fundo. É 
velho. Eu acho. Há manchas de fuligem nas tochas. E parte da tinta 
está descascando. 
— Precisamos ir — diz Isabella. 
 
 
Aceno e começamos a descer as escadas. São degraus curtos, 
então você quer descer quatro de cada vez imediatamente, mas eles 
também são longos, então você não pode. E parece que leva uma 
eternidade para chegar ao próximo nível, onde Leela e Elizabeth 
esperam em frente a uma porta guardada. 
Este guarda-costas não está vestido como os outros que conheci 
e vi. Todos eles usam ternos pretos. 
Esse cara está vestindo azul e dourado. O que é apropriado, já 
que essas são as cores da High Court. Mas parece muito... cerimonial. 
— Pelo menos não é preto e vermelho — sussurra Isabella. 
Aceno em concordância. E então sorrio. Porque é como se ela 
estivesse lendo minha mente. 
A porta se abre e seguimos Leela e Elizabeth para outra 
sala. Uma sala muito maior com uma fonte peculiar construída no 
chão na extremidade oposta. 
— Por aqui — diz Leela. E então ela nos conduz por outra 
porta. Quão grande é esse lugar? E é tudo subterrâneo? Esquisito. 
O quarto além é outro SPA, como o que eu estava antes na cidade 
de Monróvia. Não exatamente igual – tudo no primeiro era branco e 
brilhante. E este é escuro por causa das paredes de pedra. E não há 
banheiras. 
É quando percebo que Leela e Elizabeth também estão usando o 
mesmo vestido. 
 
 
— O que há com os gêmeos? — pergunto, então me arrependo da 
minha pergunta quando Elizabeth ri de mim por cima do ombro. 
Isso não detém Leela. — Simboliza parceria, Cadee. Quando os 
membros veem Elizabeth usando meu vestido, eles sabem que ela é 
minha. E quando seus amigos no campus viram você usando o 
vestido de Isabella, bem... — ela faz uma pausa. — Eles podem não 
entender o significado exato, mas inconscientemente entendem. 
Penso nisso por um momento. — Oh. — Isabella e eu nos 
olhamos com os olhos arregalados. 
— Isabella explicou o que acontecerá esta noite? 
— Não — digo — ela me disse o básico. Mas se há... não sei, 
algum tipo de ritual? Não sei sobre isso. 
— Bom — sorri Leela. — É melhor se você não souber. 
Lanço outro olhar para Isabella, mas Leela já está guiando 
Elizabeth para um dos cantos da sala. — Tire a roupa dela, 
Isabella. E vista o vestido de donzela. 
Isabella me olha em pânico. — Sinto muito — sussurra 
suavemente. 
Sussurro de volta — Tudo bem. Pelo menos não ficarei nua, 
certo? 
Ela me dá um daqueles sorrisos de dentes cerrados e ainda estou 
tentando descobrir se foi um, Sim, você teve muita sorte, ou um 
daqueles, Só piora a partir daqui. 
 
 
— Apresse-se agora — diz Leela, estimulando Isabella a se 
mover. 
Ela me leva até o canto da sala, onde uma vestimenta branca 
está cuidadosamente dobrada em um banco comprido. Então dá um 
passo atrás de mim e começa a desamarrar meu espartilho. 
— Sinto muito, Cadee — sussurra ela novamente. 
— Está tudo bem — respondo. — Nada demais. 
Quando ela desamarra os laços, sinto que posso finalmente 
respirar de verdade pela primeira vez em horas. Em seguida, ela abre 
o zíper da saia e desliza o vestido pelo meu corpo. De lá, ele 
simplesmente cai e eu saio, vestindo nada além de minha calcinha. 
Quando me viro para Isabella, ela está olhando para mim. 
— O que? 
Ela estremece. — Nada. — Em seguida, respira fundo, tentando 
desviar os olhos. 
— Isabella. Relaxe. Você me viu nua há quatro horas. Está tudo 
bem. 
— Eu sei. — Mas suas palavras são apressadas e não saem com 
muita confiança. — Você precisa tirar a calcinha também. 
— Ajude-a — grita Leela. — Ela cuidará de você nos próximos 
anos, Isabella. Esta é a noite dela. 
 
 
Olho e vejo Leela se abaixando na frente de Elizabeth. E agora 
que posso realmente vê-la com um pouco de luz, percebo que há uma 
marca de tapa vermelho brilhante em seu rosto. Até este momento, 
não havia considerado Leela como alguém que esbofetearia. Mas 
talvez não fosse Leela? Talvez seja a marca da mão de Jack no rosto 
de Elizabeth? 
— Rápido — encoraja Leela. 
Isabella acena com a cabeça. 
— Farei isso, Isabella. Tudo bem. Você não precisa... 
— Ela precisa! — estala Leela. — Agora faça o seu trabalho, 
Isabella. 
Hum. Sim. Começo a ver o esbofeteador em Leela. 
Isabella franze a testa e se ajoelha na minha frente. Suas mãos 
estão tremendo quando ela alcança o elástico da minha 
calcinha. Pego uma delas e seguro. Ela balança a cabeça 
rapidamente, mas não a solto até que ela olha para mim. — Isabella, 
está tudo bem. — sussurro as palavras. Não preciso da vadia da 
Leela gritando com a gente novamente. — Está totalmente bem. 
Ela respira com dificuldade e, de repente, ela começa a fazersentido para mim. 
Ela é gay. Mas também está em negação. Negação radical. Tipo, 
eu começo a achar que alguém a está intimidando nos bastidores. 
Seu pai, provavelmente. Ou sua mãe. 
 
 
Certamente não é Cooper. 
— Você não entende — sussurra Isabella. — Esta parte é 
sobre mim, Cadee. Não você. 
— Isabella. — Nós duas nos viramos para Leela. Sua palavra 
não foi alta, mas foi afiada. — Agora. 
Jesus Cristo. Achei Leela bem legal. Mas obviamente não. 
Isabella se vira para mim. Seu rosto está a apenas alguns 
centímetros de minhas partes íntimas. Ela prende a respiração e 
desliza minha calcinha pelas minhas pernas. Saio delas e ela 
rapidamente pega o vestido e começa a pendurá-lo. 
Mas Leela se aproxima e sem avisar, ou perguntar, desliza os 
dedos entre as pernas de Isabella. Em seguida, os retira e os coloca 
contra a luz. 
Eles estão brilhando molhados. 
Isabella começa a chorar. Pequenos soluços abafados, como se 
estivesse tentando esconder sua vergonha e consternação. 
— Que porra é essa? — digo. E sou barulhenta, assim como 
forte. — O que diabos você está fazendo, Leela? Não toque nela 
assim. 
Leela sequer me reconhece. Apenas volta para o seu canto e 
enxuga os dedos em uma toalha branca pendurada em um suporte. — 
Depressa, Isabella. Você não pode permitir mais merdas. E pare de 
choramingar. Você foi avisada tantas vezes. 
 
 
— Avisada? — Olho para Isabella. 
Ela balança a cabeça para mim. — Apenas, por favor, Cadee. Por 
favor, não diga mais nada. 
Então ela pega a roupa branca dobrada e se desdobra em suas 
mãos para se tornar uma camisola curta. Ela desliza sobre minha 
cabeça e me cobre com um suspiro alto. Então enxuga as lágrimas do 
rosto e respira fundo, no momento em que Leela se aproxima de nós 
com Elizabeth na mesma camisola. 
— Pronto? — Leela está claramente – tão claramente – não 
falando comigo e com Elizabeth que tenho uma súbita onda de raiva 
dela... o quê? Indiferença? 
Mas é mais do que isso. 
É como uma evasão. 
Como se Elizabeth e eu não existíssemos. 
Então ela olha para mim. Diretamente nos meus olhos. — Você 
não existe, Cadee. — Estou tão atordoada que não digo nada. — 
Ainda. Você não é uma de nós. É uma oferta. No entanto — faz uma 
pausa — caso termine o rito esta noite, você será uma de nós. E então 
teremos expectativas de você. E aos poucos sua opinião 
importará. Você estava na corrida. Cooper fodeu tudo, mas com 
certeza, você entendeu a ideia geral, certo? 
Não sei o que dizer, então eu não digo nada. 
 
 
— Você nem é uma pessoa para nós, Cadee. Ainda. Mas um dia, 
se obedecer, você será. — Então ela olha para Elizabeth. — Ela 
nunca será ninguém novamente. Porque ela estragou tudo. Não é 
mesmo, Fugling? 
Quase engasgo com o nome. Fugling. Então olho para 
Isabella. Era o nome dela. Pelo menos pensei que fosse. Mas não era, 
era? É tudo parte do... o quê? Condicionamento? É isso? 
As palavras de Cooper voltam para mim desde o primeiro dia. É 
melhor você ter muito cuidado com o que diz por aqui. Uma explosão 
ruidosa sua, Fugling, e você está fora. Sem lugar para morar, sem 
emprego de verão, sem bolsa de estudos. 
Ele sabia. 
E mais uma vez, ele não disse nada. 
Mas não é culpa dele eu estar aqui. É minha. Eu fiz isso. Eu 
escolhi. Ele não queria. Ele tentou me parar mais vezes do que posso 
contar. E eu insisti. Apenas alguns minutos atrás, eu insisti. 
Então deixo para lá. Porque Leela está falando novamente. Só 
que ela não fala comigo, ela está falando com Isabella. — Você precisa 
ter muito cuidado. Muito. Cuidado. Mais um deslize, Isabella, e você 
passará o resto de sua vida como Elizabeth aqui. 
Uma coisa é certa. Dane foi morto por alguém. Mas duvido 
muito que tenha sido o pedido de champanhe de minha mãe que 
causou isso. E agora Elizabeth deve pagar pelos crimes de seu 
marido. 
 
 
— Cadee? 
Volto a atenção. — Sim? 
— Você não está na mesma situação. 
— Não estou? 
— Não, querida. Você é a garota dourada esta noite. Todos estão 
aqui para ver você ter sucesso. Todos nós queremos que você tenha 
uma vida encantada com Cooper. — Ela olha de lado para minha 
irmã-esposa. — E talvez, se ela não foder com as coisas, 
Isabella. Apenas siga as regras. Faça o que lhe é dito e você terá 
tudo. Se bagunce como Elizabeth, tudo será levado embora. Coloque-
se em uma situação difícil como Isabella aqui, e será transformada 
em um exemplo de uma forma muito desagradável. 
Apenas fico olhando para ela. 
Então o pequeno show de Valentina naquele primeiro dia vem à 
mente. Vocês querem os diamantes? Querem a mansão? Querem o 
lago, os barcos e os carros? Querem a segurança? E o homem? Então 
vocês fazem o que lhe é dito. Se não é isso que vocês querem, saiam a 
qualquer momento. Vocês. Escolhem. 
— Suas escolhas serão tiradas de você, Cadee. Você me entende? 
É como se ela lesse minha mente. Posso sair agora. Mas se ficar 
eu estou dentro. 
Exatamente como Cooper disse. 
 
 
Não é que eu queira todas essas coisas. Não é por isso que 
ficarei. Quero apenas saber as coisas. Sinto que estou vivendo uma 
mentira. Mas não sei onde está a mentira, então não posso nem sair 
em busca da verdade. Entendo que de alguma forma as mortes dos 
meus pais estão ligadas a esta sociedade secreta. Talvez tenha sido 
Dane. Talvez tenha sido o Presidente. Eles são os suspeitos do 
costume. 
E isso funciona na maioria das vezes. Em retrospecto, na 
maioria das vezes as respostas são óbvias porque a retrospectiva é 
entendimento. 
Mas até agora não fiz retrospectiva e nada na minha vida foi 
óbvio. Cresci em um campus de escola particular de elite, mas nunca 
fui à escola lá. 
Por quê? Como isso faz sentido? Se meus pais odiavam tanto 
este lugar, por que ficar? E se alguém os forçava a ficar, por que me 
educar em casa? Você pensaria que, se estivesse sendo mantido 
prisioneiro em um campus de escola particular de elite, recusar-se a 
mandar sua filha para a excepcional escola de culto seria uma 
bandeira vermelha. Certo? 
Algo não se encaixa. 
Então aceno para Leela. — Compreendo. 
— Você gostaria de sair? 
— Não, Leela. Quero ficar. 
 
 
Ela sorri para mim. Um sorriso muito satisfeito que me lembra 
de… Oh, escolha sua vilã maligna favorita. Vamos apenas seguir com 
a Esposa do Comandante em The Handmaid's Tale por enquanto, 
porque temos um tema em execução aqui. 
— Perfeito. — Ela faz uma pausa para suspirar. — Maravilhoso. 
—Então ela se inclina para mim. Muito perto. E suas palavras são 
baixas. — Desafie-se, Cadee. Esteja a altura da ocasião. Mostre a 
esses homens que você tem o que é preciso para manter seus segredos 
bem guardados. E se puder fazer isso, você conseguirá o que veio 
buscar. 
Apenas a encaro. 
— Respostas. Segredos. Todos nós sabemos que você não é 
motivada por dinheiro. 
— Como você sabe disso? 
— Porque quando o Presidente pagou você ficou por aqui, não 
foi? Ficou por perto e fez exatamente o que lhe foi dito. Isso enviou 
um sinal à Ordem de que é confiável. Eles querem confiar em você, 
Cadee. Você é muito importante para eles. — Ela se inclina ainda 
mais perto agora. — Brilhe esta noite, querida. Isso é tudo que você 
precisa fazer. Apenas brilhe esta noite. 
Ela se afasta e grita — Vamos, senhoras. Os homens estão 
esperando. 
 
 
 
 
 
No momento em que Cadee e Isabella saem, eu sei que cometi 
um erro. Começo a ir atrás delas, mas Jack agarra meu braço. — 
Vamos lá, Coop. Vamos tomar uma bebida. 
Solto um longo suspiro, incapaz de tirar meus olhos das meninas 
até que elas desaparecem em uma multidão em frente à tumba. 
— Ela ficará bem. 
Olho para Jack e estreito meus olhos um pouco. Ele está muito 
mais investido em toda essa coisa de Fang e Feather do que 
percebi. E é interessante que ele tenha usado a 
palavra ela. Singular. Então, de qual delas ele não está falando? 
— Sério, Coop. Você está pensando demais nisso, irmão. — Ele 
puxameu braço e eu o sigo. Mas olho para trás para meu pai e o 
encontro me estudando atentamente, uma carranca em seu rosto. 
Estou desapontando-o novamente? Por que ele está 
carrancudo? Ele também está preocupado? 
 
 
Respiro fundo para me acalmar. Porque eu sabia no que estava 
me metendo. E Cadee também. E agora que estamos aqui, no início 
disso, não há espaço para arrependimento. 
Jack e eu paramos na orla da floresta e ele pega dois copos de 
uísque da bandeja de um garçom que passa. É quando vejo Victor 
English perto da tumba. 
— O que está errado? — Jack me oferece uma bebida. 
Eu pego, abaixo, em seguida, coloco na bandeja de outro garçom 
que está passando. — O que está errado? — Eu me viro para olhar 
para Jack. Respiro fundo novamente. — Não é tudo errado, 
Jack? Honestamente, estou um pouco surpreso com você investido 
tanto nisso. 
Ele ri um pouco. — Do que você está falando, Cooper? — Ele 
levanta ambos os braços e os move ao redor da clareira em frente à 
tumba. — Esta é a vida. Este é o topo, irmão. A classe 
dominante. Não há nada de errado nisso. É assim que deveria ser. É 
a sobrevivência do mais apto. 
— Não — assobio, controlando cuidadosamente minha raiva. — 
Tudo isso. A coisa toda da oferta. O legado. Que porra está 
acontecendo aqui, Jack? 
— Bem, você disse todas as palavras certas. O que você acha que 
está acontecendo? 
 
 
— Sério? Essa é a sua resposta? Você é apenas... o quê, um deles 
também? Você comprou isso? E Leela também? Ela está a bordo de 
trazer Elizabeth como uma segunda esposa? 
— Esposa? — ri Jack. — Oh não. Elizabeth está sendo punida 
por permitir os crimes de Dane. Ela não será minha segunda 
esposa. Ela sequer será minha donzela. E você não deve sentir pena 
dela. Eles correram um grande risco. Ultrapassaram seus limites 
para obterem mais do que ganharam. — Ele faz uma pausa para 
balançar a cabeça. — Não é assim que funciona por aqui. E vamos 
encarar, nenhum de nós realmente gostava de Dane, não é? Ele era 
um idiota. Nem era nosso irmão verdadeiro. Estou feliz que ele se foi 
e não é exagero presumir que você também. 
— Você sabia sobre isso, não é? Tudo isso? 
— Claro que eu sabia. Todos nós sabíamos, Cooper. Você não 
entende? Não há segredos aqui. Elizabeth o permitiu. Ela precisa ser 
colocada em seu lugar e faremos isso esta noite. 
— E eu? — pergunto. Porque não quero pensar em 
Elizabeth. Não tenho ideia do que colocá-la no lugar pode significar, 
mas não me importo. 
— O que tem você? 
Eu me inclino e baixo minha voz. — Levei Cadee para fazer 
aquele aborto. Eu também o cobri. 
— Bem, foi uma jogada inteligente da sua parte. Se você o 
tivesse delatado antes da corrida, bem. — Ele encolhe os ombros. 
 
 
— Bem o que? Eu estaria morto agora, e não ele? 
— Dane estava para sair a anos, Coop. 
— E onde isso me deixa? E Isabella? Tenho certeza de que 
estamos saindo há anos também. Não estou exatamente jogando o 
jogo, estou? 
— Mas você irá. Certo? Agora que Cadee está envolvida. 
Apenas fico olhando para ele. Incapaz de me forçar a juntar 
todas essas pequenas pistas. 
— Ouça. — Jack coloca a mão no meu ombro. — Isso é bom para 
todos. Cadee pertence aqui, quer você pense assim ou não. Ela é um 
legado. Assim como eu, como você, como Isabella. E ei, você não tem 
do que reclamar. Quer dizer, Isabella é um pouco instável. Mas esse 
é o caso com a maioria dos legados, não é? 
É isso? — Jack. Que porra está acontecendo? 
— Você sabe o que está acontecendo, Cooper. — Ele estreita os 
olhos para mim. — Todos nós entendemos que você não é realmente 
material para Fang e Feather, mas não há saída, irmão. Então, papai 
e eu cuidamos para que você... — suspira. — Que você tenha tudo que 
precisa para ficar feliz. Acredite em mim, nenhum outro rei da 
Faculdade High Court já teve duas. Essa é uma vantagem que deve 
levar anos. Especialmente duas lindas como Cadee e Isabella. 
Não tenho como responder a isso. Como se minha mente 
estivesse absolutamente em branco. 
 
 
— Você fez um bom trabalho com Isabella. Todos estão bastante 
felizes com ela. Tudo que precisa fazer é mantê-la lá. Não temos 
grandes expectativas em relação a essa garota. Apenas termine o 
ano, case-se com ela e a engravide imediatamente. Ela precisa 
disso. Para tirar as coisas da cabeça dela. Cadee é inteligente e acho 
que ela e Isabella se gostam, não é? — Ele pisca para mim. — Ela te 
ajudará a mantê-la na linha. 
— Na linha? O que isso significa? 
— Apenas pare, ok? Você já sabe de tudo isso. Isabella gosta de 
garotas. Mas isso não se encaixa em nossa agenda. Então 
percebemos que ela gostava de você o suficiente para jogar o jogo 
também. É uma situação em que todos ganham, certo? 
— Você quer que eu force Isabella? A estar comigo? 
A expressão de Jack fica muito séria. — Absolutamente não. Ou 
ela o faz por sua própria vontade, ou está fora. 
— Defina fora, Jack. 
— Não preciso. Você já sabe que só há uma saída. Você acabou 
de ver isso acontecer com Dane. 
— Ou vocês vão matá-la? 
— Ninguém matou Dane. Foi uma reação alérgica ao 
champanhe pedido meses antes daquela pequena cerimônia. 
 
 
— Assim, se Isabella não puder se transformar em uma boa Wife 
Stepford, então ela terá o quê? Um acidente de carro? Como a mãe de 
Cadee. 
Ou será trancada em sua mansão e drogada como a mãe de Ax? 
E agora que penso nisso – em minha mãe? O suicídio dela foi 
outra coisa? Algo mais? 
Não digo nada disso em voz alta para Jack. 
Ele sorri para mim. — Foi isso que aconteceu com a Sra. 
Hunter? 
Estou prestes a dizer algo quando meu pai começa a bater na 
taça com uma colher para chamar a atenção de todos. — Estamos 
prontos para começar. Vamos entrar para a cerimônia, certo? 
Começo a me afastar, pronto para enfrentar meu pai. Mas Jack 
agarra meu braço e me puxa. — Você gostaria de um conselho, 
Cooper? 
Olho feio para ele. Este não pode ser meu irmão. Ele sempre foi 
o bom. 
O bom. Sim. Esse é o problema, eu acho. Ele era o bom. Aquele 
que fez tudo o que foi mandado. Aquele que nunca se rebelou. Aquele 
que sempre foi racional, lógico e legal. 
Nenhum de nós é bom? 
Somos todos maus? 
 
 
— Claro — digo. — Por que não. 
— Desafie-a. Sempre. Faça-a estar à altura da ocasião para que 
tenha muitas chances de sucesso. Ajude-a a ter sucesso esta noite, 
Cooper. 
— Você não acha que Isabella foi desafiada o suficiente? 
— Não Isabella. Cadee, Cooper. Cadee é a estrela do show desta 
noite. Elizabeth e Isabella estão aqui apenas para serem um 
exemplo. 
— Não. — Olho nos seus olhos e digo com convicção. — Eles não 
vão transformar Isabella em um exemplo. 
A expressão de Jack sequer muda. Ele apenas acena com a 
cabeça. — Se Leela estivesse na posição de Isabella, eu seria muito 
protetor também. Somos uma equipe há muito tempo. E eu a amo. À 
minha maneira. Muito parecido com o jeito que você deve amar 
Isabella. Ela não é minha alma gêmea. Também tenho uma dessas. 
— O que? 
— Vamos, Cooper. Quase ninguém quer se casar com a garota 
que Fang e Feather escolhe para eles. Mas nós casamos. Moldamos 
nossas vidas em torno delas e, então, quando as coisas se acalmam, 
abrimos espaço para aquela que realmente amamos. 
Eu também sabia disso. Meu pai praticamente soletrou para 
mim. Mas este é o momento em que se torna... real. — Você tem outra 
garota? 
 
 
— Ainda não. Mas terei. Um dia. Veja, é por isso que você tem 
tanta sorte. Sua vida está tão resolvida, Cooper. Você consegue a 
esposa e a amante imediatamente da faculdade. Confie em mim. 
— Ele ri um pouco enquanto examina a multidão se movendo para a 
tumba. — Todo homem aqui está com ciúmes de você agora. 
Minha vida está resolvida. 
Jack coloca a mão no meu ombro e aperta. — Jogue o jogo, 
Cooper. 
Eu o encaro agora, estudando o irmão que pensei que conhecia, 
mas obviamente não conheço, e percebo algo. Meu pai não mentiu 
quando me disseque eu seria excluído se saísse no início do verão. Eu 
sabia que Dane me evitaria, provavelmente sem perguntas. Mas não 
acreditei que Jack evitaria. Nem por um minuto. 
Ele evitaria. 
— Como faço para jogar o jogo, Jack? 
— Eu já te disse. Desafie Cadee. Dê a ela muitas oportunidades 
para se erguer. 
— E como eu faço isso? 
— Você está prestes a descobrir. — Ele coloca seu copo em uma 
bandeja que passa e começa a andar em direção a tumba, mas agarro 
seu braço. 
— Espera. E quanto a Isabella? Como jogar o jogo dela? 
 
 
Jack sorri para mim. — Bons instintos, Coop. Duas garotas, dois 
jogos. Nem todo mundo entende. Mas eu já te disse. Mantenha-a na 
linha. Mantenha-a feliz. E certifique-se de que ela esteja grávida no 
próximo ano. Sua primeira filha juntos será um legado. Certifique-se 
de que ela lhe dê um legado ou ela acabará como a Sra. Owens. 
E então ele realmente sai. 
Ele apenas me deixa lá para imaginar Isabella trancada em um 
quarto em alguma mansão. Drogada e louca como a mãe de Ax. 
 
 
 
Sou o último a entrar na tumba e, no momento em que estou 
dentro os guarda-costas viram e fecham as enormes portas de aço 
com um estrondo. E então há o som revelador de uma barra 
transversal sendo colocada, informando a todos nós que estamos 
presos. 
Sem saída, apenas em frente agora. 
Quase todo mundo já está no cômodo inferior principal. 
Caminho até o topo da escada e olho para a sala. Não há mesas 
ou cadeiras. É apenas um espaço aberto cheio de pessoas que se 
aglomeram quase ombro a ombro, esperando para entrar na próxima 
sala. Mas vejo meu pai e Jack à esquerda e desço lentamente para 
me juntar a eles. 
 
 
— Aí está você — diz meu pai. — Cooper, vá com Jack e ele lhe 
mostrará onde ficar na sala de iniciação. 
Olho para Jack e aceno. 
Sem mais conversa. Não da minha parte. O tempo para isso 
acabou. Estou aqui, Cadee e Isabella estão aqui. E há um rito a 
cumprir. 
Fizemos nossa escolha e agora temos que conviver com ela. 
— Com licença. — Jack começa a forçar uma abertura no meio 
da multidão. — Deem espaço. Valcourts passando. 
Algumas das senhoras riem dele e quando o sigo, também 
passando por elas, elas sorriem para mim também. 
Ele é charmoso e bonito. Ele e eu somos muito parecidos, na 
verdade. O mesmo cabelo escuro, os mesmos olhos azuis, os mesmos 
corpos altos e musculosos. A mesma tatuagem em nossos peitos. 
Mas há uma grande diferença entre nós. 
Ele sempre investiu em Fang e Feather e eu não. 
Até agora. 
Eu costumava pensar que Fang e Feather fosse um nome 
estúpido e infantil. Mas não é pior do que Skull and Bones, Quill and 
Dagger ou a Cadaver Society. O nome faz parte do mistério. É tudo 
muito infantil quando se tenta descrever em voz alta. Tudo 
muito juvenil. 
 
 
Tudo muito... improvável que seja algo importante. 
Mas o que acontece dentro das tumbas... bem, isso não é infantil. 
É tudo muito, muito somente para adultos. 
Abrimos caminho para a próxima sala, então Jack me leva até a 
frente e paro para estudar a piscina construída no chão. Parece muito 
com um espelho d'água retangular – e é, de certa forma. Mas há 
escadas que descem na extremidade oposta. E então mais, levando 
para cima, deste lado. 
Jack aponta para dois leões lutando incrustados em ouro no chão 
de mármore cinza escuro. 
Piso em um e Jack reivindica o segundo. — O que agora? 
Ele olha para mim e sorri. — Agora vamos esperar. 
A maioria das pessoas está na sala conosco agora. — O que 
acontecerá, Jack? 
Mas, naquele mesmo momento, uma grande porta de aço no lado 
oposto da sala começa a se abrir e sua única resposta é — Shhh. 
Meu pai caminha para frente da sala no momento em que Cadee, 
Isabella e Elizabeth são levadas para a sala por Leela. Ela aponta 
para uma das duas incrustações de cisne de ouro no chão de mármore 
cinza. Elizabeth pisa no primeiro, Cadee no segundo. 
Nem Cadee nem Elizabeth estão usando os lindos vestidos que 
usavam há pouco. Agora estão com camisolas brancas curtas. 
 
 
Leela pega a mão de Isabella e a leva para trás da fonte e para o 
nosso lado da sala. 
Fico olhando para Cadee, tentando ter alguma noção do que ela 
está sentindo. Está se arrependendo? 
Espero que não. Porque é tarde demais para isso. 
Isabella é guiada até mim. Ela pisa no leão de ouro comigo e pega 
minha mão. 
Leela faz o mesmo com Jack. 
— Estamos bem — sussurra Isabella com um sorriso de dentes 
cerrados e aperta minha mão ao mesmo tempo. 
Então aceno e volto minha atenção para meu pai. Eu o encontro 
sorrindo para nós. Seus dois filhos restantes. Os dois que se parecem 
com ele. Os dois que irão, provavelmente ele está pensando, 
administrar este lugar um dia. 
Bem, apenas uma pessoa pode conduzi-lo. O resto é apenas... o 
quê? Conselheiros? É isso que o Juiz e o Prefeito fazem? Eles o 
aconselham? 
Não tenho tempo para pensar nisso agora, porque meu pai 
começa a falar. 
— Bem-vindos a duzentas colheitas do Legado de Fang e 
Feather. Temos uma mulher excepcional se juntando a nós esta 
noite. 
 
 
Vou presumir que ele fala sobre Cadee e não sobre Elizabeth. Já 
que ela está aqui apenas como um exemplo do que não fazer. 
— Muitos de vocês provavelmente nem sabem o que é um Golden 
Legacy6. E a menos que a próxima geração seja excepcionalmente 
prolífica, vocês não verão outra em suas vidas. — Ele faz uma pausa 
para sorrir para Cadee, que de repente parece um pouco confusa e 
pálida. 
Envio a ela pensamentos calmantes. Aguente, 
Cades. Sorria. Jogue o jogo. 
E ela sorri. Seu sorriso torto se endireita com sua coluna e ela 
levanta o queixo. Como se abraçasse a ideia de qualquer porra que 
seja um Golden Legacy. 
Não quero saber. Realmente não quero. 
— Portanto, prestem muita atenção esta noite — continua meu 
pai. — Este é realmente um evento especial. Mas primeiro. — Ele faz 
uma pausa para juntar as mãos na frente dele. Então seu sorriso 
desaparece. — Há um negócio antigo para cuidar. Tenho certeza de 
que estamos todos de acordo que a morte infeliz de Dane, embora 
triste, foi necessária. Mas nunca se espera que a esposa sofra pelos 
pecados do marido. Portanto, esta noite, a dívida da minha nora, 
Elizabeth Valcourt, será transferida para meu filho mais velho, Jack, 
e sua esposa, Leela. 
 
6 Legado dourado. 
 
 
Pessoas aplaudem. Não é ruidoso, apenas... um aplauso de 
caridade. Suave e indiferente. 
Eles a odeiam, eu percebo. Eles odeiam Elizabeth. 
E quando olho para ela, ela sabe. Ela não se recompõe como 
Cadee ou faz uma cara de brava. 
— Eles concordaram em assumir a dívida dela e Elizabeth está 
muito agradecida. 
Mais palmas suaves. 
Ele se vira para Elizabeth. — Não é, Elizabeth? 
Ela engole em seco. Mesmo na penumbra das tochas acesas nas 
paredes posso ver esse engolir. Então ela balança a cabeça e a inclina. 
— Você vai servi-los, não é, Elizabeth? 
Ela acena com a cabeça novamente. Nem se incomoda em 
levantar os olhos desta vez. 
— Bom. Por favor, tire seu vestido de consagração e entre na 
piscina. 
Olho para Cadee, e embora ainda esteja se segurando, eu posso 
ver seu peito subindo e descendo rapidamente por baixo da camisola 
branca. 
Elizabeth desliza a camisola pela cabeça sem fazer comentários 
ou hesitações e a joga no chão a seus pés. Então respira fundo e entra 
na piscina de água até que esteja na altura da cintura. Em seguida, 
 
 
ela se vira para encarar a multidão, esperando – estamos todos 
esperando – para ver o que vem a seguir. 
— Você confessa suas transgressões? — pergunta meu pai. 
— Sim. Confesso. Pequei contra a Ordem. 
— Você se submete ao seu novo papel na Ordem? 
— Sim. Eu submeto. Vivo agora apenas para servir ao meu novo 
mestre. 
Jesus Cristo. 
— Junte-se a Jack e mostre seu compromisso, Elizabeth. 
Ela acena com a cabeça e se vira para nós, seus olhos fixos em 
Jack agora. Então elaA reunião da 
Capstone está programada para durar duas horas, então você 
terminará antes de mim. 
Aceno com a cabeça na direção do prédio da cafeteria. — O café 
está aberto. Estarei lá. 
— Certo — suspira Cooper. Mas ele segura minha mão e está 
relutante em soltá-la. 
— Ficarei bem. — Então fico na ponta dos pés e o beijo. E quando 
eu me afasto, ele solta minha mão. 
— Duas horas. — Ele aponta para mim. — Vejo você em duas 
horas. 
— Ok — sorrio, me viro e começo a caminhar em direção ao 
prédio administrativo. 
Está calor hoje. E movimentado. Os alunos estão por toda parte 
e a energia no campus é forte. 
Estou tão... animada. 
Nunca fui à escola. Não uma escola real. E isso é como a melhor 
experiência escolar de verdade. 
Há um grande grupo de jovens do lado de fora da biblioteca e eu 
paro, então olho por cima do ombro para ver se Cooper e Ax ainda 
 
 
estão por perto. Mas eu mal consigo ver a camiseta branca de Cooper 
antes que ele e Ax desapareçam na multidão. 
Então viro para a biblioteca. 
Quero entrar lá. Péssima ideia. 
Quero dar uma olhada em todos aqueles moletons azuis e 
dourados, canecas e chapéus e... bem, tudo o mais que vendem nas 
livrarias universitárias. 
Porque embora eu devesse odiar este lugar, eu não odeio. E 
quero algo – qualquer coisa – que tenha Faculdade High Court 
escrito nele. 
A tesouraria pode esperar. E ainda não estou falida. 
Um golpe de ar frio me cumprimenta quando abro a porta e 
entro. Há uma fila caótica de um lado onde os alunos estão 
verificando pilhas de livros. High Court tem uma opção de livro 
digital para todas as classes, e é esse o caminho que estou 
seguindo. Portanto, não preciso de livros. 
Mas aquele moletom... 
Eu sorrio e olho em volta conscientemente. 
É estúpido querer. Mas é tão bonito. O azul royal brilhante e o 
amarelo mostarda parecem... majestosos. E acho que é isso que eles 
queriam. Afinal, se chama Faculdade High Court. 
 
 
Meus olhos vagam para o outro lado da biblioteca, onde um 
manequim está vestindo um uniforme da High Court Prep e sinto 
uma pontada de saudade. 
Nunca conseguirei usar essa roupa. É tarde demais agora. 
Mas o moletom é tão lindo. Pego um amarelo com o brasão dos 
leões lutando em preto delineado na frente, então decido comprar um 
com zíper também. 
Oh. Então vejo as meias com franjas douradas. 
Devo? 
Não deveria? 
Claro que sim. Preciso dessas meias. 
Merda. Há uma minissaia amarelo mostarda com 
pregas. Padrões não da escola preparatória. Muito, muito mais 
curta. 
Pego-a e, a caminho do provador, pego uma camisa branca com 
o brasão no peito esquerdo. E quando coloco tudo no provador sinto... 
sim. Bem. Ridículo. Usar essas coisas é como exibir o máximo de 
privilégios idiotas. 
Mas fico muito fofa com essa roupa. 
Levo tudo até o caixa e espero minha vez, e acabo gastando muito 
mais dinheiro do que me sinto confortável com meu novo espírito 
escolar. 
 
 
Está errado. 
Sinto isso por dentro. Sei que é errado. Este lugar é 
administrado por pessoas más e sou, neste momento, parte de um 
plano secreto para derrubar tudo. 
Mas quero pertencer a este lugar. Realmente quero. 
Passei minha vida inteira neste campus como uma estranha e 
estou cansada disso. 
Quero apenas me encaixar. 
Um ano. É tudo que conseguirei. Apenas um ano dessa 
experiência. Então quem sabe? Não é errado aproveitar enquanto 
dura, desde que eu entenda que não durará. 
E entendo. 
Fiz as pazes com isso. 
Quando Cooper for embora no final do ano, irei com ele. 
 
 
 
O prédio administrativo está lotado. Felizmente. Há uma fila 
que segue escada abaixo para ver o Presidente e, embora eu não 
estivesse realmente preocupada em encontrar com ele, não há chance 
disso acontecer agora. 
 
 
Além disso, estou de muito bom humor para me importar no 
momento. Minha sacola de plástico amarelo brilhante da biblioteca 
está cheia de compras. Tem o logotipo da High Court e só de carregá-
la me deixa feliz. É uma sacola muito bonita também para ser de 
plástico. Grossa, lisa e carregada de espírito escolar. 
Sorrio enquanto desço a escada aberta para o nível do porão, 
onde fica a tesouraria, e quando chego, toda a sala está cheia de 
pessoas. 
Acho que ficarei aqui um pouco. 
Bom também. Nada estragará meu dia. Nem mesmo uma fila 
saindo pela porta do escritório da tesouraria, com umas 20 pessoas. 
Cooper e Ax ficarão presos na Orientação Capstone por mais 
uma hora, pelo menos. 
Além disso, agora tenho tempo para mexer no meu telefone. Algo 
que eu não fazia muito até algumas semanas atrás. Eu me mantenho 
ocupada com jogos e navegando na internet como todo mundo. 
— Cadee? 
Olho por cima do ombro e pisco algumas vezes, tentando 
entender o que vejo. — Mona? Uau. Você parece diferente. 
Sem cabelo selvagem como alguém que acabou de ser 
fodido. Sem sapatos de salto agulha e sem lábios vermelhos. 
Mona Monroe não se parece em nada com a rebelde que sei que 
ela é. Ela está... incrível. 
 
 
Não que ela fosse nada além de bonita no início do verão. Ela 
sempre foi quente e sexy de uma maneira muito específica. 
Só não desta forma. 
— Você gostou? — Mona dá um pequeno giro para mostrar seu 
vestido muito sofisticado, sandálias de tiras finas e... isso é um colar 
de pérolas? 
Pisco novamente. — Amei, Mona. Está muito bom. 
— Você odiou? — Ela faz beicinho com os lábios rosa fosco. 
— Não, de jeito nenhum! Amei. É apenas 
diferente. Sofisticado. Muito... Jackie O. 
Ela olha em volta nervosa. Não devemos mais ser amigas. Não 
que tenhamos sido melhores amigas ou algo assim. Mas chegamos 
perto durante o verão. Mais ou menos. Então ela se inclina e 
sussurra — Dante me fez mudar de visual. Na verdade, o Presidente 
ordenou que ele me levasse para Rodeo Drive e ele foi instruído a não 
me trazer de volta até que eu estivesse, entre aspas, 'menos Janice 
Joplin e mais Grace Kelly'. 
— Janice... quem? 
Ela ri. E isso não mudou. É um pouco ruidoso e alto demais. — 
Deixa pra lá. É horrível? 
— De modo nenhum. — E falo sério. — Muito bem, Princesa 
Mona. 
 
 
Ela finge virar o cabelo. O que é impossível, porque está em um 
coque elegante e definitivamente não diz eu fui fodida. Parece que 
ela vai a um coquetel. — É Rainha Mona para você. 
Então nós duas rimos. 
— O que você faz aqui? 
— Oh — suspira. — Tive que vir assinar o cheque da 
mensalidade. Realmente não tenho controle sobre o dinheiro da 
minha propriedade, mas ainda tenho que assinar. Então, em que 
dormitório você está? Talvez estejamos no mesmo e podemos ter uma 
amizade sorrateira? 
— Dormitório? Não. Ficarei na pousada. 
— Oh, certo. Esqueci. — Ela olha por cima do ombro para a 
escada. Que está vazia agora. Ainda sou a última da fila, mas a sala 
está consideravelmente menos lotada. — Bem, é melhor eu ir. Dante 
e eu temos uma reunião com o Presidente às onze. Ele nos levará 
para sua sala de jantar para o brunch. 
— Divertido. É bonito lá dentro. Muito chique. 
Ela me lança um olhar estranho. — Você já esteve lá? 
— Minha mãe trabalha no bufê, lembra? Eu a ajudei algumas 
vezes ao longo dos anos. — Minha frase sai um pouco misturada – 
tanto no presente quanto no passado e uma onda de tristeza passa 
pelo meu bom humor. 
 
 
— Oh. Certo. Desculpe — diz Mona. — Não quis trazer isso à 
tona. 
— Tudo bem. — E agora olho por cima do ombro de uma forma 
sorrateira. — Nós vamos fazê-los pagar. Dará certo. 
Mona coloca a mão no meu ombro e aperta enquanto seu rosto 
fica sério de repente. — Nós vamos, Cadee. Não se preocupe. 
— Realmente não estou preocupada. — E é verdade. Apenas 
tenho essa sensação interna de que somos os mocinhos aqui. E não 
me importo com o que alguém diga. Os mocinhos sempre ganham no 
final. — Pode demorar um pouco, mas conseguirei justiça por tudo 
isso. 
— Sim — concorda Mona. — Vejo você por aí, certo? — Então ela 
faz um movimento de zíper nos lábios. Olha em voltasai da piscina. Pingando. Seus mamilos se 
enrijeceram em picos rígidos. Seu corpo todo arrepiado quando ela 
caminha até ele e se ajoelha a seus pés. 
Ela coloca as duas mãos nos sapatos bem engraxados dele e se 
inclina até que seu rosto fique pressionado contra o chão. 
— Jack — diz meu pai. — Esta exibição satisfaz você? 
— Não — diz ele sem hesitação — acho que Elizabeth é capaz 
de muito mais. É uma pena que Dane nunca deu a ela a oportunidade 
de brilhar do jeito que ela podia. 
Meu pai acena em concordância. — Você deseja desafiá-la? 
— Sim. 
 
 
— Continue. 
Jack se abaixa. Seus dedos escorregam para o cabelo escuro de 
Elizabeth e ele o agarra pelo punho. Então sussurra algo em seu 
ouvido. Tão suavemente que não consigo pegar sequer uma única 
sílaba. 
Finalmente, ela guincha um pequeno — Sim, Mestre. — E então 
ele se endireita e ela se ergue, ainda de joelhos, e começa a desabotoar 
o cinto. 
Oh, foda-se. 
Momentos depois, ela o pênis dele na mão, bombeando-o 
enquanto olha para a expressão estoica de Jack. Ele não lhe dá 
instruções. Talvez seja isso que sussurrou para ela? Mas ela abre a 
boca e começa a chupá-lo na frente de todos nós. 
Desvio o olhar. Encontro o rosto de Cadee. 
Ela está com os olhos arregalados de surpresa, mas... devo 
admitir. Se ela está com medo de que este seja o lugar para onde sua 
noite também está indo, ela não demonstra. 
Minha atenção é atraída para Leela enquanto ela se aproxima 
de Elizabeth. Seus dedos escorregam nos cabelos de Elizabeth e ela 
encoraja sua nova – irmã-esposa? Escrava sexual? O que quer que 
ela seja – para levá-lo mais fundo. Depois, ainda mais fundo. Até que 
Elizabeth está sufocando e respirando freneticamente pelo nariz 
enquanto sua boca é forçada até a superfície plana do estômago de 
Jack. 
 
 
Jack geme e então goza na garganta dela. Ela engasga quando o 
gozo dele se derrama em seus lábios, mas sequer tenta se afastar. 
É isso, Elizabeth. Aceite o desafio. 
Então Jack se curva, seu pau escorregando para fora de sua boca 
enquanto a beija na bochecha e na cabeça, sussurrando algo em seu 
pescoço. 
A sala começa a bater palmas. Com mais entusiasmo desta vez. 
Mas para quando Jack e Leela estendem as mãos e Elizabeth 
permite que a ponham de pé. 
Um homem aparece com uma almofada de veludo 
dourado. Leela tira a coleira de ferro da almofada – um dispositivo 
que parece medieval por natureza. Muito bruto. Muito grosso – e o 
coloca em volta do pescoço de Elizabeth. Ela o fecha, e é tão apertado 
que Elizabeth engasga de dor quando o mecanismo é preso. 
Jack tira uma corrente da almofada de veludo e a coloca no aro 
na garganta de Elizabeth. Em seguida, Elizabeth se vira na frente de 
seus novos mestres e sorri para a multidão. 
Aplausos irrompem na sala com gritos de Bravo!, Boa menina e 
É assim que se faz. 
Elizabeth se ajoelha e se inclina, pressionando o rosto contra o 
chão. Só que agora ela encara meu pai em vez de Jack. 
Meu pai também está batendo palmas. E sorrindo 
amplamente. — Muito bem, Jack. Bem feito. — Em seguida, ele dá 
 
 
um tapinha no ar com as palmas das mãos abertas, pedindo 
silêncio. A sala fica imediatamente em silêncio. Como se sua ordem 
aqui fosse absoluta. Ele suspira e olha nos meus olhos. — 
Christopher. 
Aceno para ele. Porque não sei mais o que fazer. 
— Você é o Golden Son7. Sabe o que isso significa? 
— Não, senhor. 
Ele se vira para falar ao nosso público. — Meu filho, Christopher 
Valcourt, é apenas o terceiro Golden Son da Ordem Fang e 
Feather. O ducentésimo menino a nascer desde o nosso início. 
Palmas suaves enchem a sala. 
Então meu pai se vira para Cadee. — Cadee, você é o Golden 
Legacy. Sabe o que isso significa? 
— Não, senhor. — A voz de Cadee é forte e alta e de repente 
estou cheio de orgulho pela sua força. 
Ele se vira para a multidão. — Cadee Hunter é o Golden 
Legacy. A ducentésima menina nascida a serviço da Ordem desde o 
nosso início. 
Mais palmas suaves. 
— Juntos, vocês levarão Fang e Feather para o futuro. 
 
7 Filho de ouro. 
 
 
Quero interrompê-lo. Perguntar. Perguntas como, e sobre 
Isabella? Se Cadee é a única destinada a mim, por que continuar com 
a charada de fazer de Isabella minha esposa? 
As palmas ficam mais altas. 
Meu pai se vira para encarar Cadee e abaixa a voz. As palmas 
cessam imediatamente para que possam ouvi-lo. — Cadee 
Hunter. Você entrou nesta tumba por sua própria vontade? 
Cadee não hesita. — Sim. 
— Você quer nos servir? 
— Sim. 
Meu pai se vira para mim. — Christopher. Você aceita este 
presente que oferecemos a você esta noite? 
Quero hesitar. Mas não posso. Não depois de Cadee estar tão 
disposta. Tão pronta para encarar o desafio. — Sim. 
— Bom — suspira meu pai. E acho que isso não fazia parte do 
seu roteiro. Ele se vira para Cadee. — Por favor, entre na piscina 
para fazer seu voto, Cadee. 
Acho que ela e eu estamos surpresos – no bom sentido – por não 
pedir que ela tirasse o vestido branco. 
Ela faz uma pausa apenas por um momento. 
Talvez para deixar isso penetrar. 
 
 
E então caminha em direção à piscina e entra. 
 
 
 
 
 
Quase dou um passo para fora da piscina quando percebo 
como a água está fria. 
Quase. Mas um rápido olhar na direção do Presidente, que está 
a apenas alguns metros de distância, e reconsidero. 
Dou mais um passo, meu corpo já enrijecendo com o 
frio. Elizabeth fez tudo parecer tão fácil. Mas ela já fez isso, tenho 
certeza. Era uma vez em seu passado, ela era eu. Não o Golden 
Legacy, seja lá o que for. Mas uma nova garota para ser celebrada 
em vez de uma velha para ser punida. 
Dou mais um passo. Depois outro e outro e logo a água gelada 
está quase chegando aos meus seios. Sou mais baixa do que 
Elizabeth, então esta piscina é mais funda para mim. O espaço no 
meio da piscina é grande o suficiente para apenas uma pessoa ficar 
de pé. Não sei o que fazer quando chegar ao último degrau, então eu 
apenas me viro e encaro o Presidente do jeito que Elizabeth fez. 
Ele sorri para mim. E é familiar agora, então realmente 
sorrio. — Cadee — diz ele em uma voz muito mais suave do que usou 
com Elizabeth. — Você tem alguma transgressão a confessar? 
 
 
Jesus Cristo. O que isso significa? 
— Cadee? 
— Desculpe-me. — Meus dentes estão batendo. — Não sei o que 
devo dizer. 
— Você gostaria de nos confessar alguma coisa antes de ser 
proclamada pura? 
Olho para Cooper em busca de ajuda. Mas ele está tão confuso 
quanto eu. 
— Você já fez sexo, Cadee? 
— O que? — viro para o Presidente. 
Ele ainda está sorrindo, então é um bom sinal. Eu acho. — Você 
não fez parte da corrida de verão oficialmente, então 
não verificamos você. 
Puta merda. O que ele está dizendo? Eles vão me verificar 
agora? Aqui? Na frente de todos. 
Mas eles já sabem. Pelo menos um pouco. Sabem que Dane me 
estuprou, é por isso que ele está morto agora e Elizabeth está de 
joelhos na frente de Jack Valcourt a poucos metros de distância. 
Então, o que posso fazer senão dizer a verdade? 
— Sim. Já fiz sexo. — Olho para os meus pés na água. Estou com 
tanto frio agora que todo o meu corpo começa a tremer. 
 
 
A multidão começa a murmurar. 
— Com quem, Cadee? 
— Dane — suspiro. — Ele me estuprou. 
— Nós conhecemos essa parte. É por isso que você está aqui e 
ele não. Ele pegou algo que não era dele. Mas há mais alguém? 
— Sim. Cooper. 
— Alguém mais? 
— Lars e Ax. 
O murmúrio é alto agora. E ouço alguém dizer — Prostituta. 
— Agora, agora. Acalmem-se. 
Espreito o Presidente, mas ele está falando com a 
multidão. Então olho furtivamente para Cooper, mas encontro o 
rosto de Isabella. Ela murmura palavras de encorajamento para 
mim. 
— Boa menina. — Olho para o Presidente. Ele fala comigo 
novamente. — Tudo o que queremos é a verdade. Seus pecados serão 
lavados. Esse é o propósito da piscina.— Oh. Ok. 
— Olhe para baixo na piscina, Cadee. Vê os corrimãos de prata 
construídos nos últimos degraus de cada lado de você? 
 
 
Olho para baixo e encontro algo que poderia ser um corrimão 
preso ao degrau de cada um dos degraus inferiores. Então aceno para 
o Presidente. 
— Quando eu mandar, eu gostaria que você submergisse na 
água, agarrasse o corrimão e contasse até cem. Não solte os 
corrimãos nem volte à superfície antes de chegar a cem. Você 
entendeu? 
— Sim, senhor. 
— Porque vamos contar com você. E se você emergir antes de 
chegarmos a cem, você não será mais o Golden Legacy. Sua sujeira 
não será lavada. Raramente damos uma segunda chance, Srta. 
Hunter. Elizabeth é uma exceção possibilitada pela oferta generosa 
de meu filho, Jack, de assumir sua dívida. Você não terá uma 
segunda chance. 
Seu tom é mais autoritário agora. E não perco o fato de que ele 
me chamou de Srta. Hunter em vez de Cadee. 
— Você entende? 
— Sim, senhor. 
— Tome o maior fôlego de sua vida, Cadee. Agora. 
Eu tomo. Respiro o máximo que posso. Em seguida, o Presidente 
aponta para mim e diz — Agora. 
 
 
Eu afundo. Agarrando os corrimãos. E por um momento me 
preocupo que a envergadura do meu braço não seja grande o 
suficiente para alcançar os dois, mas é. Apenas o suficiente. 
E então percebo, não comecei a contar imediatamente. Mas 
posso ouvi-los contando acima da superfície. Eles devem estar 
gritando se posso ouvi-los. 
Nove. Dez. Onze. Jesus Cristo. Nunca chegarei aos cem. 
Concentre-se, Cadee. Você não tem absolutamente nenhuma 
resposta ainda. Nenhuma. Você não tem ideia do que acontece aqui – 
além de alguma merda doentia – e ninguém sequer mencionou seus 
pais ainda. 
Você não subirá para respirar. 
Vinte e um. Vinte e dois. 
Golden Legacy. Tento me concentrar nisso. E Cooper. O Golden 
Son? O que diabos é um Golden Son? Por que somos todos tão 
dourados? É uma posição de prestígio? Ou apenas uma configuração 
para algo doentio mais tarde? 
Trinta. Trinta e um. Trinta e dois. 
Meus pulmões estão queimando. Não vou conseguir. 
Se isso é uma posição de prestígio, o que significa? Serei 
especial? Ou… terei deveres especiais? Como uma realeza legítima? 
Meu corpo está ficando dormente com a água gelada. E começa 
a tremer. 
 
 
Quarenta e três. Quarenta e quatro. 
O que terei que fazer quando sair da piscina? Chupar o pau de 
Cooper do jeito que Elizabeth chupou o de Jack? Não estou nua do 
jeito que ela estava. Talvez fosse esse o castigo dela? Ela não 
mergulhou na água, então seus pecados não foram lavados. Se é disso 
que se trata. Ela ainda está suja. Talvez só as garotas safadas 
tenham que chupar pau na frente dos outros? 
Não consigo sentir minhas mãos e minha visão está turva, então 
fecho meus olhos. 
Se eu falhar, o que farão comigo? Estive dentro da tumba. Victor 
disse, uma vez que você entra, você está dentro. E se eu estiver 
dentro, então não há saída. 
Quantas pessoas me disseram isso nos últimos meses? 
Sessenta e nove. Setenta. Setenta e um. 
Meu corpo inteiro dói e tenho uma necessidade irresistível de 
expirar. 
Setenta e três. 
Não consigo fazer isso. Não consigo fazer isso. Não vou 
conseguir. 
Setenta e quatro. 
É como se o tempo estivesse diminuindo. 
 
 
Inclino minha cabeça para cima e abro meus olhos. Mal posso 
ver uma figura negra ondulada de pé sobre mim. 
Setenta e cinco. 
Não, isso não é possível. Por que o tempo está diminuindo? 
E então acontece. O ar estoura para fora de mim em uma onda 
de bolhas. Eu as vejo flutuar até a superfície. 
Mas não os sigo. 
Fico exatamente onde estou. Meus dedos estão congelados no 
corrimão. E mesmo quando tento soltar, eles não abrem. 
Setenta e seis. 
Nunca vou conseguir. 
Setenta e sete. 
Morrerei nesta piscina. Dentro desta tumba. Um segredo 
escondido na floresta. 
Eles vão me carregar e me colocar no chão. Cobrir com sujeira e 
ninguém sentirá minha falta. 
Ninguém se importará. 
E então eu respiro fundo. 
Mas não é respiração. 
É água. 
 
 
E tudo escurece. 
 
 
 
Acordo deitada no chão de ladrilhos, tossindo água. 
Dois homens que não reconheço pairam sobre mim. 
E então ouço Cooper gritando meu nome. 
Sou virada para o lado e água escorre da minha boca e nariz, 
tudo queima. 
Os dois homens desaparecem e, em seguida, Cooper e Isabella 
tomam seus lugares. 
— Cadee! — Cooper parece preocupado. — Pode me ouvir? 
— Pode abrir os olhos, Cadee? — pergunta Isabella 
também. Mas ela, pelo menos, está calma. 
Cooper está pirando. Gritando com seu pai. Chamando-o de 
nomes. 
— Relaxa, Christopher — diz o Presidente. Ele também está 
calmo. —Você deveria estar muito orgulhoso dela. Ela se mostrou à 
altura da ocasião. Ela se desafiou e venceu. 
— Ela quase morreu, porra! 
 
 
— Absurdo. Temos dois paramédicos nesta sala e um centro de 
ressuscitação completo no nível inferior. Ela está bem. 
Vejo seus sapatos pretos brilhantes se aproximarem de 
mim. Não consigo me mover. Estou tremendo como uma 
aberração. Cada músculo do meu corpo está reagindo à água gelada 
da qual acabei de sair. E meu coração está batendo no meu peito. Um 
baque lento. Tão lento. 
O Presidente se abaixa e segura uma das minhas mãos 
frias. Pegando-a. Aquecendo. Então ele a beija. — Muito bem, 
Cadee. Você está limpa agora. E terá uma vida espetacular, minha 
querida. — Ele se levanta. — Aqueça-a, troque-a e, em seguida, leve-
a para o salão de banquetes. 
— Não — grita Cooper — nós terminamos. 
A resposta do Presidente é clara e autoritária. Para não falar 
alto. — Vocês não terminaram, Cooper. Apenas começou. Mas você e 
Isabella vão acompanhá-la e supervisionar sua recuperação. 
Então ele se vira para a multidão. — Temos um Golden Legacy! 
E eles explodem em aplausos e vivas. 
 
 Acho que desmaiei depois disso. Porque a próxima coisa que 
ouço é Isabella. — Jesus Cristo, eu estou suando como uma puta no 
inferno. 
 
 
— Cadee? — Acho que Cooper a está ignorando. — Você está 
bem? 
— O que aconteceu? Onde estou? 
— Eles lhe deram um sedativo e estamos no... — ele faz uma 
pausa e quando abro meus olhos, ele está olhando ao redor da sala. — 
Não sei onde diabos nós estamos. 
Eu também não. É apenas um quarto, mas não o último em que 
estive. Paredes de concreto escuro iluminadas com arandelas. Não 
fogo. É muito pequeno aqui para ter tochas de luz. Na verdade, estou 
sentada em um banco de concreto que está muito quente, e não me 
deito mais nos ladrilhos frios daquela sala. 
Não tenho ideia de como vim parar aqui. Devo ter desmaiado de 
novo. 
— Estamos no inferno — diz Isabella. Ela soa como seu eu 
normal e esnobe. O que eu amo, porque esse lado dela estava faltando 
há um tempo. 
— Algum tipo de sauna, talvez? — Cooper ainda está tentando 
responder à minha pergunta. 
— Vamos lá — diz Isabella. — Vamos vesti-la e dar o fora deste 
lugar. 
— Você consegue se levantar, Cades? 
Olho para Cooper e aceno. — Acho que sim. — Então percebo o 
que realmente aconteceu. — Eu morri? 
 
 
— Não. — Cooper me põe de pé. 
— Você estava totalmente morta. Eles bateram em você com 
aquelas pás três vezes. 
— Que porra é essa, Isabella? — Cooper está louco. — Não diga 
isso a ela! 
— Ela aguenta, Cooper. Você ainda não percebeu? — Estou 
enrolada em um cobertor e Isabella o desliza sobre meus ombros e ele 
desliza em meus braços. — Aqui, coloque isso nela. — Ela lhe entrega 
outra peça de roupa branca dobrada. — Preciso sair deste quarto. É 
assustador pra caralho e sinto que eles estão tentando nos cozinhar. 
Está quente aqui. Acho que precisavam aumentar minha 
temperatura rapidamente. 
— Vamos para casa agora? — realmente quero que esta noite 
acabe agora. Preciso de cerca de duas semanas para processar o que 
acabou de acontecer. 
— Não — bufa Isabella — agora temos que ser os convidados de 
honra em alguma festa, se você pode acreditar. 
— Logo — acalma Cooper, tentandocancelar a atitude 
pessimista de Isabella. E então olha para ela. — Calma, porra, 
Isabella. Você estragará tudo. 
Ela faz uma pausa, respira fundo e depois murcha um 
pouco. Seus ombros se curvam e ela franze a testa. — Desculpe. 
 
 
Cooper puxa outra camisola branca sobre minha cabeça e a 
arruma. Então dá um passo atrás para olhar para mim. Seu 
estremecimento me diz tudo que preciso saber. 
— Pareço uma merda, não é? 
Cooper hesita. Mas Isabella não. — É uma boa aparência, confie 
em mim. Exatamente o que eles estão procurando, eu suponho. 
— Isabella — rosna Cooper para ela. — Não direi 
novamente. Fecha. A. Porra. Da. Boca. — Ele aponta o dedo na cara 
dela. — Não diga outra maldita palavra esta noite, a menos que 
alguém faça uma pergunta, ou eu juro por Deus, vou puni-la. 
Isabella e eu trocamos olhares. 
Mas nenhuma de nós diz nada. Cooper vai até a porta, bate nela 
e então ela se abre para revelar um dos guarda-costas que parece 
estar em todo o lugar esta noite. 
— Estamos prontos. 
E acho que sim. Porque Cooper sai, nem mesmo olha para nós, e 
nós o seguimos como boas mulheres submissas do culto. 
Uma lufada de ar frio nos atinge assim que saímos e Isabella 
suspira de alívio. Posso ver o que ela disse sobre o calor. Ela ainda 
está usando seu vestido elaborado. 
Ela é a Rainha de Cooper esta noite. 
E sou apenas a concubina. 
 
 
Mas ela agarra minha mão enquanto seguimos Cooper e o 
guarda-costas e dá um aperto. O que realmente aprecio. 
Caminhamos por vários corredores escuros de pedra iluminados 
apenas pelas velas espaçadas cerca de seis metros no chão. Mas então 
o guarda-costas dá um passo para o lado e Cooper avança para uma 
escada curva que certamente leva a algum tipo de masmorra. Porque 
vi filmes do Drácula o suficiente para reconhecer a decoração. 
Saímos da escada e entramos em uma grande sala e 
continuamos descendo um tapete dourado, flanqueado de cada lado 
por todos os membros Fang e Feather. Eles nos aplaudem com muito 
mais entusiasmo do que no andar de cima. Mas estou muito farta 
deste lugar e não perco um único momento para apreciá-lo. 
O Presidente está parado na ponta do tapete. Jack e Leela estão 
posicionados atrás dele. E Elizabeth está entre eles, mais uma vez de 
joelhos, curvada na cintura com a cabeça pressionada no chão. 
Eu me pergunto sobre sua nova vida. Então considero se devo 
sentir simpatia por ela. 
Não. Eu não. Foda-se ela. Ela ganhou essa punição. 
Victor aparece com uma bandeja de taças de champanhe. Ele 
não olha para mim e brevemente me pergunto se ele estava na sala 
quando eu estava... o que eles fizeram comigo? Foi um batismo? Uma 
confissão? Não tenho certeza. Definitivamente um ritual. 
Mas não acho que ele estava lá. Não me lembro de ninguém 
bebendo durante a cerimônia. 
 
 
Victor oferece uma taça ao Presidente, que ele pega. Então ele 
se vira para Jack, que pega duas, uma para si e uma para Leela. 
E então ele se vira para Cooper. 
Cooper assume seu papel como futuro Rei facilmente, oferecendo 
a Isabella a primeira taça, depois a mim, e ele pega a última. 
Ele se vira para encarar a multidão, e Leela puxa Isabella e eu 
atrás dele. Colocando-nos em nossos lugares com um sorriso. 
Tanto faz. 
Minha cabeça está latejando e me sinto muito fraca e tonta, 
então nem me preocupo em ouvir o brinde que meu novo culto faz em 
nossa homenagem. 
Apenas levanto minha taça para Isabella no momento 
apropriado, e então sorrimos em nossas taças enquanto os bebemos 
até acabar. 
 
 
 
A próxima coisa que sei é que estou abrindo meus olhos e os 
elaborados azulejos azuis e dourados do teto do quarto de Cooper 
entra em foco. 
Posso ouvi-lo sussurrando algo. E quando viro minha cabeça, 
vejo Cooper inclinado sobre Isabella, falando baixinho com ela. 
 
 
Acho que ela está chorando. 
— Cooper? — esfrego meus olhos. Eles parecem lixa. — O que 
está acontecendo? 
Ele rola de Isabella para olhar para mim, e ela imediatamente 
se levanta e sai da cama. 
— Isabella! — Cooper sai da cama também e é quando percebo 
– estamos todos nus. 
Isabella abre o closet de Cooper, tira uma camiseta de um cabide 
e a coloca na cabeça. Então vai para a cômoda. Cooper bloqueia 
minha visão e fico um pouco perdida em suas costas musculosas e 
bunda perfeita. 
Ele a segura pelo braço e a sacode um pouco. Mas Isabella está 
focada na cômoda. E então ela puxa um short de Cooper pelas pernas. 
— Que porra está acontecendo? — Minha voz é rouca e 
grave. Como se eu tivesse tido uma grande festa na noite passada. 
E é quando me lembro do que aconteceu. 
— Puta merda, como nós chegamos aqui? 
Isabella está vestida agora. Cooper ainda está dizendo a ela para 
relaxar e se acalmar. Tudo está bem. 
Ela não acredita. Ela o empurra e olha para mim. — Como 
chegamos aqui? Como você acha que chegamos aqui? Eles nos 
trouxeram. E não sei sobre você, mas eu estava vestida da última vez 
que verifiquei. — Então ela se vira para Cooper, que ainda está 
 
 
tentando dizer a ela para se acalmar. — Não vou me acalmar! Leela 
me ameaçou ontem à noite! Você me entende? Não me importo com o 
que você e Cadee façam, ou se você gosta dela mais do que de mim, 
ou o que diabos vocês dois sentem um pelo outro, mas a partir deste 
momento, você me deixa fora disso! 
Então ela o empurra no peito, caminha até as portas – que estão 
totalmente abertas – e desaparece. 
Cooper a segue, então percebe que ainda está nu e se vira para 
olhar para mim. 
Sei que é errado. Estamos no meio de uma crise de culto 
aqui. Mas ele está nu. E seu pau está balançando entre as pernas e 
está um pouco duro. Então eu olho. Processe-me. 
— Você se lembra de alguma coisa depois que chegamos ao nível 
inferior, Cadee? 
Meus olhos migram lentamente por seu corpo e encontram seu 
rosto. 
— Cadee! 
— Não. — Eu rio. 
— Isso não é engraçado. Perdemos tempo. Nós 
apagamos. Fomos drogados. E então acordamos aqui nus e o que 
diabos Leela disse para Isabella na noite passada? 
Tento reproduzir, mas quase tudo está confuso. Então eu me 
lembro. — Oh. 
 
 
— Oh o que? O que aconteceu? 
— Ela... — estremeço. Nem sei como explicar. 
— Apenas diga. 
— Ela a verificou, certo? Por... — faço uma careta, em seguida, 
respiro fundo. — Ela verificou entre as pernas dela por... 
umidade. Para ver se eu a excitava enquanto ela me vestia. Ou me 
despia. Está tudo muito embaçado. 
— E ela estava? 
Aceno. — Então Leela praticamente disse que ela tinha mais 
uma chance e então seria transformada em qualquer coisa que 
Elizabeth fosse se ela estragasse tudo. Não entendo por que eles se 
importam. 
Cooper apenas olha para mim. 
— Digo, e daí se Isabella gosta de garotas? 
— Não se encaixa na agenda deles. 
— Bem, é idiota. E o que esperam que façamos? Eles colocaram 
nós três juntos, mas não deveríamos ficar juntos? 
Ele inclina a cabeça para mim. — O que? 
— Digo, não estou dizendo que quero um trio com 
Isabella. Tipo... provavelmente é um forte não para mim. Mas, o que 
eles esperam? Este é um assustador culto sexual! Sua cunhada 
chupou o pau do seu irmão na frente de todos na noite passada. 
 
 
— Eles esperam que eu foda vocês duas e as engravide, Cadee. E 
então o filho que eu tiver com Isabella é o herdeiro e o filho que eu 
tiver com você é a oferta. 
Meu coração bate forte. — Alguém te disse isso? 
— Não, mas eu entendo. Tudo faz sentido agora. Estive 
pensando nisso enquanto você estava debaixo d'água. 
Puta merda, eu me esqueci disso. — Eu morri ontem à noite? 
Cooper apenas me encara, então considero isso um sim. 
— De qualquer forma, continue. Enquanto eu estava morrendo, 
você estava pensando...? 
Ele lança um olhar para mim. Um olhar que diz não se volte 
contra mim. Atiro para ele um que diz, não vou. Só quero respostas. 
— Apenas acho que é assim que funciona. 
— Então. O que fazemos sobre isso? 
Ele atravessa o quarto até seu closet,tira uma camiseta de um 
cabide e a joga em mim. Em seguida, ele vai até sua cômoda, tira 
outro par de shorts e os joga em mim também. 
— Ok. Acho que devo me vestir. 
Ele puxa um par de shorts também e sim. Isso envia um sinal. — 
Acordamos na cama, nus, Cadee. Você vê alguma roupa por aí? 
Olho em volta. — Não. 
 
 
— Certo. Não sei como chegamos aqui. 
— Por que você está ficando com raiva de mim? Eu não fiz nada 
disso. 
Ele se senta na cama e se inclina, apoiando os cotovelos nos 
joelhos e o rosto nas mãos. — Não estou bravo com você. Estou 
apenas frustrado. 
— Por causa da Isabella? 
— Sim. Ela. Você. Eu. Tudo isso. E antes que você fique com 
ciúmes... 
— O que? — Eu rio. 
— Investi muito em Isabella. E ela vai enlouquecer se não a 
mantivermos... firme. Não deixarei isso acontecer. 
— Não estou com ciúmes de Isabella. Ela é minha 
amiga. Estamos nisso juntas. 
— Então aja como tal. 
— Desculpe-me? 
Nós nos encaramos. E embora não nos conheçamos exatamente 
há tanto tempo, temos uma longa história. 
Estreito meus olhos para ele. 
Ele estreita os olhos de volta. 
E acho que ambas as mensagens foram recebidas. 
 
 
— Olha, não estou tentando ser um idiota... 
— Então pare de agir como um, Cooper. 
— Mas você está sendo muito casual sobre tudo isso. 
— Sabe o que? Vou para o meu quarto. — Deslizo a camisa pela 
cabeça, em seguida, pulo da cama e visto o short. Eles são muito 
grandes, então eu os seguro com uma mão enquanto me dirijo para a 
porta. Vou devagar. Não em uma corrida louca ou qualquer coisa, 
porque quero dar a ele a chance de se desculpar comigo. 
Mas ele não se desculpa. Ele me deixa ir. 
Então murmuro ao sair — Você é um idiota, Cooper. 
Atravesso a ponte e olho para baixo casualmente, porque tem 
muita gente falando no andar de baixo. E quem eu 
vejo? Lars. Olhando diretamente para mim, balançando a cabeça 
com um olhar de desaprovação no rosto. 
O que está acontecendo com todo mundo hoje? Jesus. 
Chego ao fim da ponte e minha porta também está aberta. Então 
afasto as cortinas e paro no meio do caminho quando vejo o que 
espera por mim. 
Presentes. 
Falo de dezenas de pacotes embrulhados em lindas 
fitas. Brilhantes sacolas de compras com papel de seda espreitando 
pelo topo. A porta do meu closet está aberta e praticamente 
transbordando de roupas que não estavam lá ontem. 
 
 
Há um envelope azul com letras douradas em relevo apoiado na 
mesa de cabeceira mais próxima e uma pequena bolsa ao lado. 
— O que diabos aconteceu aqui? 
Vou até a mesa de cabeceira e pego o cartão. O papel azul royal 
claro é elegante e grosso. E as letras douradas podem ser verdadeiras 
folhas de ouro, porque quando passo meus dedos nela, um pouco de 
brilho sai. 
O envelope é lacrado com cera azul do outro lado. A impressão 
na cera é pintada em dourado e mostra um brasão que não vi 
antes. Um leão e um cisne. 
Fang e Feather, eu suponho. 
Cuidadosamente puxo a aba, mas rasga mesmo assim. E então 
tiro o cartão dourado de dentro. 
Não é um cartão dobrado, é mais um convite. 
Mais uma vez, as letras são lindas e tenho quase certeza de que 
foi feito à mão porque está escrito em tinta preta e não impresso. 
Caro Legado, 
Bem-vinda! 
Você agora faz parte do círculo interno de Fang e Feather e é a 
Rainha oficial do ano letivo atual. Aceite esses presentes como um 
símbolo de nossa gratidão e apreço por seu compromisso com nossa 
causa. 
 
 
Aproveite seu status, Cygnet. 
Aproveite ao máximo. 
Um dia tudo isso será apenas uma memória de coisas boas e dias 
melhores. 
Com respeito e gratidão, 
Fang e Feather 
 Eu li novamente. 
— Caro Legado? Eles tiveram todo esse trabalho para tornar 
este cartão sofisticado, e então me enviaram uma carta formal? 
Que porra é essa? 
Há outro selo de cera na parte inferior do cartão, semelhante ao 
que está no verso do envelope. Mesmas cores, pelo menos. Mas 
quando eu os comparo, não são iguais. A impressão no cartão é 
diferente. Apenas um cisne, sem leão. 
— Cadee. — Cooper puxa as cortinas amarelas transparentes na 
frente da minha porta enquanto diz meu nome. Mas para e olha ao 
redor assim que vê o quarto. — Que diabos é tudo isso? 
Entrego a ele o cartão e, em seguida, viro para olhar para a 
enorme foto colocada sobre a minha cabeceira. 
Somos nós. Cooper e eu. A fotografia foi tirada ontem à noite 
enquanto transávamos naquele trono de Valcourt, mas parece uma 
pintura a óleo. Uma daquelas manipulações digitais com pinceladas 
 
 
suaves adicionadas sobre a foto. A moldura também é uma obra de 
arte. Algo saído da galeria de um palácio. 
Na verdade, não se pode dizer que estamos fazendo 
sexo. Nenhuma parte do corpo está à mostra. Meu vestido elaborado 
está espalhado sobre seus joelhos e tudo está acontecendo por baixo 
dele. 
Mas tudo que precisa fazer é olhar para nossos rostos. Estamos 
em um momento de puro êxtase. 
Olho para Cooper, que está lendo a carta, então espero seus 
olhos levantarem e encontrarem os meus. Mas eles não se demoram 
em mim. Em vez disso, eles disparam imediatamente para o retrato 
na parede. 
— Jesus, porra. Que diabo é isso? 
— Nós — digo, caminhando até o closet. 
— Você leu este cartão, Cadee? 
— Claro que li. 
— E? 
Encolho os ombros. Então suspiro. — Não tenho ideia, 
Cooper. Mas eles me disseram para aproveitar. 
— Sim, essa última parte? Isso é como... uma ameaça. 
Eu me viro para encará-lo. — Uma ameaça? Não foi uma 
ameaça. Foi um conselho. 
 
 
Ele apenas me encara por um momento. — Você está brincando 
comigo agora? 
— O que? 
— Você está acreditando nessa merda, Cadee. Está sendo muito 
casual. 
— Não foi por isso que voltamos, Cooper? Quer dizer, estamos 
aqui agora. Eu estava na tumba. Eu entrei. Você entrou. Estamos 
todos dentro. Seja apenas o Rei Valentão, Cooper. Não é muito difícil. 
— Você está realmente bem com isso? 
— Por que você está ficando tão louco? Você tem duas mulheres, 
Cooper. Duas lindas mulheres. E não temos ciúmes uns dos outros 
porque servimos a propósitos diferentes. 
— Não posso acreditar que você disse isso. Acho 
que tudo isso está subindo para sua cabeça. Arrume tudo. Vamos 
devolver. 
— Não vamos devolver. Eu tenho essa chance, Cooper. Uma 
chance de viver como se tivesse vivido toda a sua vida. Seguirei o 
conselho deles e curtirei isso. 
Então eu paro. 
Olho nos olhos dele. 
E digo com total convicção — E você não vai me impedir. 
 
 
 
 
 
 
— Eu não vou te impedir? — Eu rio. — Observe. 
Pego a sacola de presente mais próxima, atravesso as portas e a 
jogo do lado da varanda. 
— Que porra você está fazendo? 
Empurro ao passar por ela, pego outra, e estou apenas me 
virando para mandar esta para fora também, quando ela rasga a 
sacola da minha mão. 
— Pare com isso, Cooper! Não são suas coisas, são minhas! 
Puxo a sacola e ela agarra meu braço. Mas ela é pequena e eu 
não. Então eu a afasto de mim, fazendo-a cambalear para trás. Então 
viro e jogo fora. 
As pessoas estão gritando e berrando lá embaixo. Cadee chega 
até a borda e se inclina. — Isso é meu! 
— Não mais! 
 
 
— Tire suas mãos disso, Elexa! Ou juro... 
— É meu agora! — Elexa ri e depois desaparece de vista. 
Volto para dentro e vou ao closet. Pego dois cabides e me viro, 
mas Cadee está lá, com as mãos nos quadris, carranca no rosto, 
pernas abertas, como se estivesse me desafiando a passar por ela. 
— Por favor — eu ri. — Como se você pudesse me impedir. 
— Cooper! 
Ela me agarra, mas eu a empurro de lado. Forte. E ela cai na 
cama. 
— Pare com isso, Cooper! Pare! 
Jogo as roupas. Há cerca de uma dúzia de garotas lá agora, todas 
com as mãos estendidas para pegar os vestidos e camisas que caem 
enquanto flutuam e esvoaçam até o chão. 
Quando me viro, Cadee me dá um tapa na cara. — Qual é o seu 
problema? 
Minha cabeça vira para o lado. Bom para ela. Foi um golpe 
forte. Mas quando lentamente virominha cabeça para encontrar seu 
olhar furioso, ela vacila. 
— Você acabou de cruzar a linha, Cadee. 
Ela aponta o dedo na minha cara. — Foi você quem cruzou a 
linha. Você está sendo um idiota! Isso é meu! 
 
 
Dou um tapa em sua mão e aponto meu próprio dedo em seu 
rosto. —Você nunca — faço uma pausa para respirar — nunca me 
bata, você entendeu, Fugling? 
Ela engasga. — Do que você acabou de me chamar? 
— Fugling! — grita alguém lá de baixo. As pessoas começam a 
rir. 
Todo o rosto de Cadee fica vermelho. 
Raiva. Vergonha. Humilhação? Não sei. Não importa. 
— Você quer fazer parte disso? 
— Sim! 
Eu a agarro pelo cabelo e a puxo para dentro. — Tem certeza que 
quer fazer parte disso? 
Ela está lutando agora. Ambas as mãos segurando as 
minhas. Tentando fazer com que eu a solte. 
Chuto algumas caixas de presente para o lado e a forço a ficar 
de joelhos ao pé da cama. Puxo sua cabeça para trás, meu aperto em 
seu cabelo ainda forte, e a faço olhar nos meus olhos. — Acho que 
esqueceu quem diabos eu sou, Fugling. Acho que esqueceu seu lugar 
aqui. Você acha que está acima de mim? — Puxo seu cabelo com mais 
força, sacudindo um pouco sua cabeça. — Acha que é melhor do que 
eu? 
Espero uma resposta. Mas talvez ela pense que é retórico? 
 
 
Envolvo outra mecha de cabelo em volta do meu punho, fazendo-
a gritar. — Não consigo te ouvir, Fugling. 
— Não — choraminga. 
— O que? 
— Não! — Ela fala muito mais alto. 
— Deixe-me explicar o que aconteceu ontem à noite, Cadee. 
— Paro para que ela tenha um momento para internalizar 
totalmente o que estou fazendo. — Eles te ofereceram. Para 
mim. Você é minha. Eu possuo você. Você é minha prostituta 
pessoal. Você faz o que eu digo. E se eu quiser jogar fora seus 
malditos presentes, eu o farei. Você me entende, Fugling? 
— Cooper! 
— Você. Entendeu? 
— Sim! 
— Sim, o que? — rosno essas palavras. Desafiando-a a 
responder agora. 
— Sim, meu rei. Eu entendo. 
Solto um longo suspiro. Em seguida, deslizo minha bermuda até 
que meu pau esteja exposto. Fecho meus olhos por um momento para 
imaginar o que farei a seguir, e quando os abro novamente, meu pau 
endurece enquanto ela observa. Ele cresce até a ponta tocar seu 
rosto. Bem debaixo de seu olho. 
 
 
— Abra a boca. 
— O que? — Ela olha para mim com medo em seus olhos. — 
Cooper! 
— O que acabei de dizer, porra? Você quer ou não quer ser 
minha? 
— Sim! — inclino minha cabeça para ela e ela engole. — Sim, 
meu rei. 
Abaixo minha voz. — Então abra a boca. 
Ela abre. E eu a faço esperar assim. Eu a faço ficar lá com 
lágrimas nos olhos enquanto olha para mim. Ela ainda tem 
resquícios da maquiagem da noite anterior no rosto. Manchas pretas 
nas bochechas. E quando as novas lágrimas escapam de seus olhos, 
elas avivam as manchas e as carregam até a borda de sua mandíbula. 
— Agora isso é sexy pra caralho. 
Solto seu cabelo. E ela começa a fechar a boca, mas balanço a 
cabeça. — Não se atreva, porra. Não se atreva a fechar a boca após 
eu ordenar que abrisse. 
Ela abre de volta bem rápido. 
— Mantenha aberta e tire a camisa. 
Ela engole uma vez. Em seguida, apressadamente levanta 
minha camiseta emprestada sobre sua cabeça. 
— Agora os shorts. Mas continue de joelhos. 
 
 
Ela se mexe e consegue tirar o short sem se levantar. 
Agarro seu cabelo novamente. Desta vez, com as duas 
mãos. Saliva se acumulou em sua boca e quando inclino sua cabeça 
para deslizar meu pau agora duro como pedra em sua língua, ela 
escorrega sobre seus lábios e desce por seu queixo. 
Ela começa a fechar a boca em volta do meu pau, mas puxo seu 
cabelo. — Eu disse para você fechar a boca, Fugling? 
Ela me responde com um leve aceno de cabeça. 
Fico olhando para ela sem piscar. Forçando-a a esperar. Então 
abaixo minha voz e digo — Agora vou perguntar mais uma vez, 
Cadee. É isso que você quer? Hã? Quer os diamantes? Quer a 
mansão? Quer o lago, os barcos e os carros? Quer a segurança? E o 
homem? 
Ela está em silêncio. 
— Bem? Quer? 
Ela concorda. Tanta saliva escorre de seus lábios agora, quase 
não consigo me controlar. Quero foder cara-a-cara agora. 
— Então você faz o que é dito. Se não é o que você quer, saia 
agora. Esta. É. Sua. Escolha, Cadee. 
Ela não se move. 
— Levante-se e vá embora se não aguentar. Não vou te 
impedir. Mas se quiser todas as coisas que vêm com o trabalho de ser 
minha oferta e ficar, então fará o que lhe for dito. E se eu disser que 
 
 
esses presentes não são seus, então você abaixará a porra da cabeça 
e dirá: Sim, meu rei. Leve-os embora. 
Ela não se move. 
— Preciso de um sim. Ou um não. Agora. 
Ela acena com a cabeça. 
— Vou considerar isso um sim, então. — E então relaxo meus 
quadris para frente e forço meu pau mais e mais fundo em sua 
garganta, até que atinge a parte de trás de seu palato mole e ela 
engasga. 
Mas ela não fecha a boca em torno dele. 
Sorrio para ela, tiro uma mão de seu cabelo e acaricio sua 
bochecha. — Boa menina. 
Ela está muito ocupada respirando pelo nariz para se importar 
agora. Tenho certeza de que só está pensando em envolver seus 
lábios em volta do meu pau. Não por gostar muito de oral, mas tenho 
quase certeza de que ela está tendo alguma dificuldade em manter a 
boca aberta agora. 
Pena que ainda não terminei de falar. — Jack me deu alguns 
conselhos ontem à noite. Para te ajudar. Ele disse: Desafie-a, 
Cooper. Dê a ela a habilidade de se erguer e ter sucesso. Então é isso 
que farei, Cadee. Eu vou te desafiar. Sempre que puder. E cada vez 
que você... cumprir, você se erguerá. E eles saberão. 
Nós dois paramos para deixar isso assentar. 
 
 
Então digo em uma voz suave — Entendeu? 
Ela acena com a cabeça e pisca os olhos. O que faz com que mais 
lágrimas escorram por seu rosto e arrastem a maquiagem da noite 
anterior. 
— Bom — sorrio para ela. — Coloque as mãos nas coxas. — Ela 
faz isso sem questionar. — Não tire. Nem uma vez, Cadee. E não tire 
os olhos de mim. Ou voltarei para meu pai e direi a ele que você não 
é boa o suficiente para mim e que seu tempo aqui acabou. Entendido? 
Ela concorda. E puta merda. Há tanta saliva acumulada em 
volta do meu pau agora que quero explodir minha carga diretamente 
na língua dela. 
— Bom. E agora vou foder seu rosto até gozar. 
E vejo uma pequena sugestão de sorriso? 
Não posso aceitar isso. Então bato em seu rosto. Não é 
forte. Apenas o suficiente para tirar aquele sorriso e voltar à 
submissão. 
Então começo a mover meus quadris para frente e para trás para 
que meu pau deslize dentro e fora de sua boca aberta. Coloco uma 
mão na parte inferior de seu queixo e em sua garganta enquanto a 
outra agarra o cabelo do topo de sua cabeça. Então lentamente, 
cuidadosamente empurro meu pau fundo. Até que posso sentir os 
músculos de seu pescoço esticando e a parte inferior de sua língua 
empurrando contra meu eixo, tornando sua boca tão lisa, quente e 
apertada quanto sua boceta. 
 
 
— Droga, Cadee. 
Ela quase sorri novamente. Então bato nela. Só um pouco mais 
forte dessa vez. Quero dizer a ela para se concentrar, mas quero que 
ela preste atenção em sua bochecha ardendo e não nas minhas 
palavras. 
Eu me afasto, quase deixando meu pau escorregar de sua boca, 
mas paro antes que isso aconteça. 
Sorrio para ela. Não consigo me conter. Mas ela é boa e não sorri. 
— Você pode fechar a boca agora, Fuckling. 
Ela não sorriu desta vez. Mas envolve seus lábios em torno da 
ponta do meu pau e começa a me chupar. 
E então estou fodendo o rosto dela novamente. Mais rápido 
agora. Mais forte. E então eu paro, meu pau quase descendo por sua 
garganta. Ela engasga um pouco, e quando sinto os músculos de sua 
boca e garganta se contraírem contra a ponta da minha cabeça, eu a 
solto. 
Derramo diretamente em sua garganta. E agarro seu cabelo com 
as duas mãos e forço seu rosto contra o meu estômago até que seus 
lábios estejam me tocando. 
Suas mãosme empurram. Batendo em minhas coxas. Mas estou 
bem no meio do meu gozo, então levo alguns segundos para responder 
a isso e deixá-la me afastar. 
 
 
Ela se vira para o lado, tossindo. Saliva por todo o rosto e 
pingando em seus seios. 
— Levante-se — digo, puxando-a pelos cabelos. Deixo minha 
bermuda deslizar pelas minhas pernas e saio dela, então a empurro 
na minha frente e a levo até o banheiro. 
Ambos respiramos pesadamente, mas ela está quase sem 
fôlego. Inspirando e expirando com ruídos altos e exagerados. 
Ligo o chuveiro e a empurro para dentro do box, em seguida, 
fecho a porta de vidro. 
Ficamos ali, apenas olhando um para o outro, seus olhos fixos 
nos meus. A água está quente e o vapor enche a cabine e vaporiza a 
porta, tornando-a semi-opaca. 
Então estendo a mão para ela e ela a pega. Eu a puxo para baixo 
da água que cai do teto até que estamos pressionados um contra o 
outro. Inclinamos nossas cabeças e deixamos que encharque nossos 
cabelos e escorra por nossos corpos. Então lavo seu cabelo enquanto 
ela lava meu corpo. E enxaguamos e lavamos novamente, até que 
finalmente estamos limpos. 
Então eu a puxo para perto, abraçando-a e depois a 
beijo. Primeiro a cabeça, depois o pescoço e depois os lábios. Seguro 
seu rosto enquanto faço isso. — Eu te amo. — É um sussurro. Quase 
não se ouve com o barulho da água caindo. 
Ela se inclina no meu ouvido com sua resposta. — Eu também 
te amo, meu rei. 
 
 
Eu me abaixo e agarro a parte de trás de suas coxas, pegando-a 
e caminhando alguns passos até a parede de azulejos. Eu a pressiono 
contra ela, meu pau duro entre suas pernas. Pronto para outra 
rodada. 
Bem, não realmente outra rodada. 
Primeiro round. 
Quando escorrego dentro dela, ela geme. Suas pernas envolvem 
minha cintura. Seus braços apertados em volta do meu pescoço. Sua 
cabeça inclinada em meu ombro. 
E então eu a fodo devagar. 
Eu a fodo até que sua respiração fique irregular e curta. 
Eu a fodo até que suas pernas estão tremendo. 
Eu a fodo até ela gozar. 
E aproveito cada minuto. 
 
 
 
Quando saímos do chuveiro, Isabella está sentada na cama 
desembrulhando um dos presentes de Cadee. Ela também tomou 
banho e trocou de roupa. Sua maquiagem é perfeita, seu cabelo está 
reto, longo e brilhante, e sua roupa é um vestido longo, justo, 
 
 
acinzentado que se alarga perto de suas panturrilhas como o rabo de 
uma sereia. Os sapatos são pretos e os saltos altos. Como se fosse 
para algum lugar chique hoje. 
— Pensei que havia ido embora? 
Ela sorri para mim. — Eu fui. Mas quando desci, dei de cara com 
um... — hesita. Estala a língua. Balança um pouco a cabeça. — 
Um desenvolvimento. 
— Que tipo de desenvolvimento? — Cadee está enrolada em uma 
toalha fofa cor de creme com outra na cabeça para manter o cabelo 
fora do caminho. Ela olha em seu novo closet, tentando decidir o que 
vestir. 
Isabella retira um pouco de papel de seda da caixa e segura um 
colar prateado, olhando-o atentamente, antes de anunciar — Isto é 
platina. Muito bem, Cades. 
Cadee se vira para olhar para Isabella, então faz uma careta 
para o colar. — Legal. Você ganhou presentes, Isabella? 
— Sim. Mas não tantos. Você é a favorita. — Cadee volta para o 
closet. Ela puxa um vestido de um cabide e está prestes a entrar no 
banheiro para se trocar quando Isabella diz — Esse não. Escolha 
algo... formal. 
— Por quê? — pergunto. 
— Você verá quando descermos. — Então ela olha para a foto de 
Cadee e eu sobre a cama. Ela aponta. — É realmente muito bonito. 
 
 
— Eu também acho — diz Cadee. — Que tal agora? — Ela coloca 
um vestido em um cabide na frente do corpo e aguarda a opinião de 
Isabella. É parecido com o de Isabella, mas tem uma saia flare em 
vez de uma sereia. 
— Serve. Cooper? Você precisa vestir algo bonito também. 
— Por que, Isabella? 
— Não é uma surpresa ruim. Pelo menos não acho que 
seja. Tente um estilo casual. Precisa da minha ajuda? 
— Não. — Dou mais uma olhada em Cadee, então suspiro e saio 
para me vestir. 
Do outro lado da cobertura, descubro que meu quarto também 
tem presentes. Eles não estavam aqui antes. Minha cama foi feita, 
as almofadas arrumadas ordenadamente e há quatro caixas em cima 
do edredom. 
Isso não é assustador. De modo nenhum. 
Mas não é tudo neste lugar assustador? 
As caixas são todas pequenas e azuis com fitas amarelas de 
seda. Começo a abri-las – a curiosidade levando o melhor de mim – e 
descubro um chaveiro para um BMW, um relógio Breguet, uma 
gravata de seda cinza claro com o brasão do Rei da High Court e um 
par de abotoaduras Fang e Claw. 
Ignoro tudo, exceto as abotoaduras. 
 
 
Eu as seguro para ver melhor. São leões, é claro. Tanto a Presa 
quanto a Garra representam o leão, assim como a Asa e a Pena 
representam o cisne. Mas são circulares e têm uma borda anelada 
com escrita em toda a volta. 
Está em latim, mas sei o que diz. Não porque estudei latim por 
cinco anos enquanto estava na Prep – eu dormi durante a maior parte 
dessa merda e fiz Lars me ajudar a trapacear no meu caminho até a 
nossa prova final do último ano – mas porque essas abotoaduras são 
do meu pai. Eu as viro, só para ter certeza. E sim, suas iniciais estão 
gravadas nas costas de ambas. 
Então olho para a escrita ao redor do círculo externo 
novamente. Divide et impera. 
Dividir e conquistar. 
Parece muito familiar. 
Coloco tudo nas caixas e vou para o meu closet, onde cinco ternos 
novos estão dentro das sacolas e sete novas camisas de botão em 
várias cores penduradas ao lado deles. 
Calça e jeans também. E gravatas. Muitas gravatas. 
Olho para a caixa de gravata na minha cama e me pergunto por 
que ela é especial. 
Mas posso pensar nisso mais tarde. 
Quero saber do que Isabella está falando. 
 
 
Visto uma calça cinza escura e uma camisa cinza claro. Então, 
mesmo que Isabella disse estilo casual, decido usar um terno. 
Pulo a gravata. 
Corro meus dedos pelo meu cabelo escuro e, em seguida, saio do 
meu quarto e encontro Isabella e Cadee já esperando por mim perto 
do elevador. 
O cabelo do Cadee ainda está um pouco molhado, mas eu 
gosto. Porque quando chego mais perto, posso sentir o cheiro do seu 
shampoo. 
— Ok, eu estou pronto. Você nos dirá do que se trata? 
— Jesus. Você é tão ruim em surpresas, Cooper. 
Cadee ri. — Ele realmente é. 
— Que seja. 
Entramos no elevador e descemos para o andar térreo. E assim 
que saímos vejo a surpresa de Isabella. 
Há uma foto minha pendurada na parede oposta às portas 
abertas. 
Estreito meus olhos, tentando me convencer de que não é real. — 
Que diabos é isso? 
— Ah, gostei — diz Cadee. Ela caminha até o enorme retrato e o 
examina. 
 
 
— Sim. — Isabella sorri para mim. — Aquele terno que você 
usou ontem à noite era muito bom, Coop. 
— Jesus Cristo. Meu pai fez isso? 
— Oh, você não viu nada ainda. — Isabella engancha a mão no 
meu braço, então Cadee faz o mesmo. Entramos na grande sala onde 
praticamente todos os que vivem neste edifício estão em frente à 
lareira de pedra, olhando para... 
— Oh, pelo amor de Deus. — Esfrego minha têmpora, porque de 
repente estou com dor de cabeça. 
— Uau. Você usou uma coroa na noite passada? 
Lanço um olhar para Cadee. — Você viu uma coroa na minha 
cabeça ontem à noite? 
— Oh, olhe — exclama Cadee. — Eu tenho uma tiara. Você 
também, Isabella. 
Estamos olhando para um trio de gigantes – falo de enormes 
– retratos de nós três. Pendurado acima da lareira na sala principal. 
Olho em volta nervosamente. Todos que moram neste dormitório 
agora se viraram para olhar para nós. 
A multidão se separa. Como se fossem o Mar Vermelho. E então 
há um caminho reto para nós para que possamos caminhar até a 
lareira e dar uma olhada melhor em nossos retratos reais. 
 
 
Minha foto é a maior. Estou diante de um palácio que não existe, 
usando meu terno chique da noite passada coberto de medalhas, fitas 
e dragonasque não ganhei e, claro, aquela coroa na minha cabeça. 
— Quem quer que esteja fazendo isso — pondera Cadee — é 
muito bom com o photoshop. 
— Preciso concordar — ri Isabella. — Você acha que é um 
verdadeiro King Charles Spaniel no meu colo? 
Ela olha para Cadee, que ri. — Você acha que é um gato persa 
de verdade no meu? 
São fotos nossas, mas estamos em poses que nunca aconteceram, 
na frente de lugares que não eram o campus da Faculdade High 
Court. 
— Alguém está colocando muito esforço em vocês três. 
Eu me viro e vejo Lars. Valentina e Selina estão atrás dele. 
— Sim — concordo, olhando para o meu retrato. — Com certeza 
estão. 
Lars de repente se vira para a multidão e diz — Todos saúdem o 
maldito Rei, seus plebeus estúpidos. Se curvem! Agora! 
De repente, há uma grande confusão atrás de mim. E quando me 
viro, todos os caras estão de joelhos e todas as garotas estão fazendo 
uma reverência muito baixa. Todas as cabeças estão inclinadas. 
— Lars, vamos lá, cara. Pare com isso. 
 
 
Lars se inclina para mim e sussurra — Vá se foder, Cooper. Você 
quer ser o maldito rei? Então seja a porra do Rei. 
Valentina e Selina também se curvam. Elas dizem — Minhas 
Rainhas — simultaneamente, como se tudo isso fosse uma pompa 
pré-combinada. 
Olho para Cadee. Ela encolhe os ombros. 
Olho para Isabella. Ela sorri. Ela adora isso. 
— Ok, todos de pé. Continuem. 
Todos se levantam e retomam o que faziam antes de chegarmos. 
— Estou com fome. — Olho para Isabella e Cadee. — Vocês estão 
com fome, certo? Vamos ao refeitório. Preciso sair dessa porra de 
prédio. 
— Refeitório? — ri Lars. — Meu rei. O café da manhã real 
espera por você em sua sala de jantar privada. 
— Que sala de jantar privada? — pergunta Cadee. — Temos 
apenas uma sala de jantar aqui. 
— Está certo. — Todos nós nos viramos para encontrar Mona 
caminhando em nossa direção. E detecto descontentamento na voz 
dela? Seu estilo rebelde se foi há muito tempo. Todos os outros 
iniciados Fang e Feather estão em jeans, camisetas, algumas garotas 
usam minissaias – mas no geral, elas estão casuais. Não Mona. Ela 
está vestida como... não sei. Alguma pessoa elegante e arrumada de 
meados do século passado. — Só uma sala de jantar — confirma. — 
 
 
E agora é só para vocês três. Parabéns, minhas cadelas reais. Agora 
o resto de nós tem que comer no campus. 
Ela bate palmas lentamente para nós. 
Então localizo Dante do outro lado da sala. Mãos nos 
bolsos. Encostado na parede. Óculos de sol, então eu não posso ver 
seus olhos. 
Mas posso imaginar o que está acontecendo na cabeça dele 
agora. 
Afinal, era para ser ele. 
Olho para Mona. — Acho que é uma droga ser você, não é? 
— Então, ofereço meu braço direito para Cadee, meu braço esquerdo 
para Isabella, e as acompanho pelo corredor até nossa nova sala de 
jantar privada. 
Foda-se. 
Se eu tiver que desempenhar o papel de Rei, devo aproveitar ao 
máximo. 
É o que Dante faria se ele fosse eu. 
 
 
 Mais tarde naquela semana, estou saindo da minha aula de 
modelagem em águas subterrâneas quando Jack se aproxima de 
 
 
mim. Não paro, ou mesmo desacelero, mas ele mantém o ritmo e não 
diz nada por vários segundos. 
— Posso ajudá-lo, Jack? 
Ele respira fundo. Profundamente. Como se estivesse prestes a 
mentir para mim. Nunca pensei que Jack fosse um grande mentiroso, 
mas sou conhecido por estar errado, bem... quase o tempo todo, então 
é altamente provável que eu seja. — Seu equipamento chegou. 
— Equipamento? 
— Para seu estudo geológico embaixo da tumba? 
Oh. Certo. — Ok. Hum... obrigado? 
— Você começará hoje. Já está lá na tumba. Designei Victor 
English para ajudá-lo. 
Agora eu paro de andar e me viro para ele. — Desde quando você 
está envolvido no meu projeto de pesquisa? 
— Desde agora, eu acho. 
— Isso não é uma resposta, Jack. 
Ele encolhe os ombros. — Nosso pai é um homem ocupado, 
Cooper. Você sabe. Ele não pode cuidar do seu projeto, então ele me 
disse para fazer isso. 
Entendo o que está acontecendo aqui. Jack está me 
provocando. Ele basicamente disse, Cooper, você é um idiota imbecil 
 
 
que mal consegue limpar a bunda e amarrar os sapatos. Mas não 
tema, o irmão mais velho está aqui. 
O Grande Irmão está certo. 
Sorrio para ele. — Bem, obrigado, Jack. Não faço ideia do que 
estou fazendo. E eu tinha uma pergunta. 
— Atire, Coop. 
— Então... sabe... eu estava tipo... calculando a densidade do solo 
e comecei a pensar. Você acha que teremos um problema com os 
sedimentos de grãos finos? 
— O que? 
— Alta condutividade elétrica? 
— Cooper, eu não sei do que você está falando. 
— Oh. Ok. Bem, eu formulei isso como uma pergunta para tipo... 
ser inclusiva. Mas, na verdade, o que estou realmente dizendo é que 
o radar de penetração no solo provavelmente não funcionará. 
Esforço-me para não sorrir. Acho que quase sempre consigo. 
— Do que você está falando? 
— Tem muitas limitações. Eu farei isso. Principalmente se o 
equipamento já estiver aqui. Além disso, quanto mais besteira eu 
puder colocar naquele documento da Capstone, mais legítimo ele 
parecerá. Mas o que realmente estou dizendo é que acho que 
precisamos de uma arma maior. 
 
 
— Explique. 
Deus, eu amo aquele olhar no rosto dele. Ele realmente não tem 
ideia do que estou falando. E vamos ser honestos aqui, eu mal sei do 
que estou falando e desta vez, no ano que vem, terei um diploma de 
verdade nessa merda. Mas ainda é engraçado. — Você já ouviu falar 
em varredura sísmica? 
— Cooper, você sabe que não. Vá direto ao ponto. 
— Ok. Calma, irmão mais velho. É um... sabe, varredura 
sísmica. Isso fala por si mesmo. 
— O que isso faz? 
— Ele encontra vazios no subsolo. E os mapeia em cores bonitas. 
— Não é isso que o radar de penetração no solo faz? 
— Sim. Sem as cores bonitas. 
Ele solta um longo suspiro. — Então? As cores são 
importantes? Qual é a diferença? 
— Oh. Bem, varredura sísmica... — coloco meu braço em volta 
de seu ombro e o faço andar comigo enquanto explico usando tantas 
palavras bonitas quanto possível. E quando chegamos ao cais onde 
está meu barco, ele concordou em aumentar meu orçamento em 
cinquenta mil dólares, porque perdeu a noção do que eu dizia 
praticamente no momento em que comecei a falar. Cinquenta mil é 
muito mais do que preciso, mas esse era o ponto. 
 
 
— Boa ideia, Cooper. Terei um cheque para você até o final da 
semana. Preciso encontrar uma equipe para você? 
— Não, eu tenho uma em mente. 
— Excelente. Não queremos estranhos envolvidos, se pudermos 
evitar. Mas precisamos que isso seja feito até o Natal. 
— Oh — estremeço. 
— O que? 
— Bem, isso é um problema. 
— Por quê? 
— Precisamos de licenças para isso. Detonarei algumas 
centenas de pequenas explosões, certo? O governo normalmente 
desaprova essa merda, a menos que você obtenha permissão. 
Ele balança a cabeça o tempo todo em que estou falando. — Sem 
licenças. 
— Não preciso delas para o radar, mas sim, cara. Temos que tê-
las para a merda sísmica. 
Ele suspira. Claramente, meu projeto está acima de sua faixa 
salarial. Que era o ponto, na verdade. Não preciso de Jack cuidando 
de mim o ano todo. — Vou falar com papai. Mas consiga algo para 
nós. Rápido. Se fizer o radar hoje, pode nos dizer algo amanhã? 
Eu rio. 
 
 
— O que é engraçado? 
— Não — rio novamente — Jack. Isso é ciência. Não se move 
muito rápido. E já que Victor English e eu somos os únicos no 
trabalho, provavelmente estragaremos tudo... ah, pelo menos uma 
dúzia de vezes antes de acertarmos. E então temos que interpretar 
os dados usando um software complicado e... sim. Essa é a parte 
difícil. Então... dois meses? 
Agora é sua vez de rir. — Você tem duas semanas. 
Então, sem outra palavra, ele se afasta. 
Fico olhando para suas costas por alguns momentos. Sorridente. 
Porque foi muito melhor do que o esperado e nem me preparei 
para isso. 
Estou começandoa me sentir inteligente. 
Talvez essa merda de engenharia geológica seja realmente 
minha área? 
 
 
 
 
 
A memória da tumba se desvanece com o passar das 
semanas. Na verdade, não leva muito tempo para empurrar toda a 
experiência para o fundo da minha mente e fingir que nada de 
qualquer consequência real aconteceu. 
Leela desempenhou um papel muito importante nesse pequeno 
truque da mente. 
A primeira vez que ela apareceu do lado de fora da minha aula 
de desenho não pensei muito nisso. Ela é algum tipo de Rainha dos 
Cisnes por seus próprios méritos. Classificação muito mais alta do 
que a minha, isso é certo. E definitivamente sabe o que acontece aqui, 
então percebi que aguentá-la é meio que meu trabalho. Parte dos 
meus deveres reais, por assim dizer. 
Leela enganchou seu braço no meu e me perguntou se eu queria 
almoçar com ela em Monróvia. Eu havia acabado as aulas naquele 
dia e sabia que Cooper estaria ocupado com seu projeto até a noite, 
então concordei. Além disso, é assim que você joga, certo? 
Apenas segue junto. 
 
 
Seja uma das garotas. 
Ela me levou ao restaurante do Monrovia Hotel e tivemos uma 
longa conversa. 
Chamo isso de condicionamento de Cadee, parte dois. 
A primeira parte foi o rito assustador e depois os presentes no 
dia seguinte. Veja, eles bateram em você com essa merda louca de 
uma só vez. O fez de forma avassaladora. Apavorante. Repugnante. 
Mas uma vez que você percebe que não vai realmente ser 
esquartejado em nome de Satanás, você relaxa. 
Absorve tudo. 
Começa a pensar criticamente sobre isso. 
É onde fica complicado. Porque se todas as pessoas assustadoras 
nem sempre são assustadoras, então há uma parte delas que não te 
assusta. 
Ax, na verdade, nos explicou isso no verão passado, antes que 
todos seguissem seus próprios caminhos. Ele é o especialista nessas 
coisas. Ele vive um pesadelo desde que nasceu, então tomamos notas. 
De qualquer forma, ele disse — E se você não está sempre com 
medo deles, se nem sempre está com medo, então você aceita. Divide 
essa pessoa assustadora – ou ideia, ou o que quer que seja – em duas 
categorias e, eventualmente, aprende como evitar sua parte 
assustadora, permanecendo em seu lado bom. 
Então essa foi a primeira parte do condicionamento de Cadee. 
 
 
A segunda parte do meu condicionamento foi normalizar as 
coisas. 
É aí que entra Leela. 
Então, na primeira vez que ela me encontrou do lado de fora da 
classe, nos sentamos em uma mesa para dois com vista para o lago. O 
dia estava brilhante e fresco. As folhas eram de um vermelho 
cintilante, amarelo e laranja. O vento as sacudia, criando pequenos 
tornados, e o céu estava cinza o suficiente para ser dramático, mas 
não sombrio. 
— Sabe — disse Leela — não é tão diferente. 
No começo, eu não sabia do que ela falava. — O que não é tão 
diferente? 
— A tumba. — Ela fez uma pausa aqui, talvez para me dar uma 
oportunidade de responder. Mas eu não ia dizer merda 
nenhuma. Esta era a festa dela, não minha. — Você já foi a um clube 
de sexo, Cadee? 
— Por que você acha que eu já fui a um clube de sexo, Leela? 
Ela riu um pouco. — Certo. Mas esse é o meu ponto 
também. Você é muito... jovem. Mas também 
muito... inexperiente. Não é tão diferente. Muitas pessoas vão a 
clubes de sexo. 
Eles? Sério? 
Mas não disse nada. 
 
 
— E não estou tentando depreciar aqui, Cades. — Demorou cada 
grama de força de vontade para não revirar os olhos com o uso do 
meu apelido. — Mas você é ingênua. Então, eu estou te dizendo, 
entendo se estiver chateada que Elizabeth decidiu... — ela colocou as 
mãos em volta da boca para fazer um pequeno túnel para suas 
palavras viajarem, e sussurrou — chupar o pau de Jack bem ali na 
frente de todos. Mas não é diferente de um relacionamento dom-sub 
em um clube de sexo. Na maior parte é... — ela fez uma pausa para 
sorrir para mim — teatral. 
— Oh. — Fingi que sua iluminação foi uma epifania. — 
Certo. Posso ver isso muito bem. Mas... não estou chateada com isso. 
— Não está? 
— Não. Digo... — dei de ombros. — Tanto faz. É estranho, mas 
também... interessante. 
Ela me encarou por um milhão de anos, que acabaram sendo 
apenas três segundos. E não sou um leitor de mentes, mas sabia 
o que ela fazia. Ax também explicou isso. 
Ele disse — Quando as pessoas estão condicionando você a 
aceitar algo, elas nunca confiam em você. Tudo o que você faz é um 
teste. 
Achei que Ax estava certo antes de Leela aparecer na minha 
vida, mas naquele momento em que estávamos sentadas no hotel, 
obtive minha prova. Porque ela disse — Interessante como? 
 
 
E enquanto ela dava sua pausa de um milhão de anos, eu 
pensava no que diria a seguir. Algo que ela queria ouvir. Algo 
relacionado ao seu mundo. E pensei... — É um sentimento de 
solidariedade. 
— Hmm. — Leela apertou os lábios. Eu poderia dizer que ela 
não acreditava realmente na minha indiferença. Uma garota como 
eu foi levada rapidamente para um ritual louco em uma tumba que 
envolvia algum tipo de batismo e uma garota chupando o pau de um 
homem? 
Sim. Não. Ela não estava convencida. 
Precisava bombear ela com alguma verdade, ou falharia no 
teste. 
Então eu disse — Nunca me encaixei em lugar nenhum, 
Leela. Sempre fui uma estranha e agora estou sozinha. Então, essa 
solidariedade que acabei de mencionar é mais sobre... — fiz uma 
pausa dramática para escolher minhas palavras com cuidado. — 
Pertencer. Quero pertencer a Cooper. — Dei de ombros. — Talvez 
você ache isso estúpido, mas não me importo. Eu quero pertencer a 
Cooper. 
— E Isabella? 
— Gosto de Isabella. Ela também gosta de mim. Eu acho. 
Quanto maior a família, mais eu gosto. 
E foi isso. Leela acreditou em mim. 
 
 
Mas o engraçado é que, embora eu estivesse meio que mentindo, 
não estava mentindo de verdade. 
Quero pertencer a Cooper. Não... tanto a Isabella. E toda aquela 
merda que eles fazem naquela tumba é muito interessante. Mesmo 
se eu não estivesse tentando arrancar segredos deles e mesmo se não 
estivesse procurando por justiça, eu ainda acharia a coisa 
toda interessante. 
Ainda estaria muito curiosa. 
Ainda gostaria de saber mais. 
 
 
 
Leela começou a aparecer muito depois disso. Até no meu 
quarto. Todos os dias, durante duas semanas, recebi flores frescas no 
serviço de quarto matinal. 
Sim. Serviço de quarto. Morar no meu prédio era como morar em 
um hotel cinco estrelas. 
Mas isso não foi tudo que Leela fez. Todas as tardes – se ela não 
me encontrasse do lado de fora da classe – haveria presentes 
entregues no prédio. Há um pequeno escritório ao lado da grande 
sala e é onde mora nosso assistente residencial. Tenho certeza que 
esse cara é provavelmente um aspirante a Fang e Feather como 
Victor. E todos os dias, quando eu chegava em casa, ele chamava meu 
 
 
nome – bem alto, para que todos pudessem ouvir – e me avisava que 
eu tinha uma entrega. 
Essas entregas não eram caixas de papelão marrons de um 
depósito online. 
Eram presentes. E eram todos de Leela e Jack. 
E toda vez que eu recebia um, fazia um grande negócio lá na 
grande sala e lia o cartão em voz alta. — Para Cadee. Com amor, 
Leela e Jack. —Quase todos os dias. — Para Cadee. Com amor, Leela 
e Jack. 
Esses presentes sempre vinham com um embrulho 
requintado. Porque não é realmente sobre o presente, é? É sobre a 
impressão que o presente dá. 
Portanto, eram caixas brilhantes com fitas de cetim ou flores 
frescas em um vaso lindo. Os presentes eram bastante pequenos, pelo 
menos em tamanhos. Caixinhas de joias. Animais 
empalhados. Doces. Cafés. Chocolates. Coisas assim. Nada muito 
caro, mas não era pelo dinheiro. 
Era sobre ser separado. 
Ainda não sou um deles. 
Agora estou acima deles. 
Literalmente. Já que meu quarto é na cobertura. 
Neste ponto, todos naquele dormitório – até os meninos, mas 
especialmente as meninas – estavam agora muito focados emmim. Tenho certeza de que esse era o objetivo dos presentes e das 
visitas de Leela. Mas Mona estava especialmente interessada no que 
eu fazia. 
Ela me encurralou um dia entre as aulas. — Que porra você está 
fazendo, Cadee? 
— Do que você está falando? 
— Não brinque de jogos mentais comigo. Você sabe exatamente 
do que estou falando. Você está caindo nessa, não está? 
— Caindo no quê, Mona? 
— Você acha que sou estúpida? Você acha que nasci ontem? 
— Então ela apontou sua longa unha vermelha brilhante para o meu 
rosto. — Você não é a Rainha aqui, Fugling. Ela está brincando com 
você. 
— Não estamos todos brincando um com o outro, Mona? 
Ela apenas olhou para mim. E quando virei minhas costas para 
ela, ela não gritou e não me seguiu. 
Enfim, de volta a Leela. 
Ela deve ter acesso à programação de pesquisa de Cooper, 
porque nos dias em que ele precisava começar cedo, ela estava 
lá. Tirando-me da cama para elaborados cafés da manhã no 
Monrovia Hotel, na cidade. Ou ir ao SPA para uma mani-pedi 
improvisada. E na sexta-feira passada, logo após o meio do semestre, 
 
 
ela me encontrou depois da aula e me levou à cidade para fazer 
compras. Acabamos ficando todo o fim de semana. 
Cooper estava puto. Mas eu já estava fora da cidade, então o que 
ele poderia realmente fazer? 
Leela comprou roupas e joias para mim, e jantamos nos 
melhores restaurantes. Ela até me apresentou a outros membros do 
Fang e Feather. Homens velhos, principalmente. 
Eles riram de mim, mas ninguém foi inapropriado. 
Então, um pouco antes de sairmos, recebi injeções nos lábios 
enquanto ela aplicava Botox. 
Estou olhando para meus novos lábios carnudos no espelho 
agora. Enrugando-os. — O que você acha? — Faço lábios de peixe 
para Cooper. 
Ele inclina um pouco a cabeça. — Eles parecem um pouco falsos. 
— Mas esse é o ponto, certo? 
Ele caminha até mim, as tábuas do assoalho rangendo a cada 
passo. Ficaremos na pousada esta semana porque é feriado de Ação 
de Graças e todos foram expulsos do dormitório Hunter para as 
férias. 
Iremos à mansão Valcourt para o jantar de Ação de Graças esta 
tarde porque Ax decidiu ir á casa de Valentina para jantar no último 
minuto, e meu jantar – o que darei aqui na pousada – só acontecerá 
amanhã. 
 
 
— Eu acho — disse Cooper — que vou gostar da maneira como 
você os envolverá em volta do meu pau na próxima vez que eu tiver 
você de joelhos. 
Porra. Ele me excita quando está assim. Todo poderoso e 
dominador. Comandante e, para ser honesta, um pouco rude. Cooper 
é movido pela culpa agora. Ele sente muito pela maneira como agiu 
depois que Dane me estuprou. Então é cuidadoso comigo. 
Mas parte da razão pela qual fiquei tão envolvida com ele todos 
aqueles anos atrás foi porque eu meio que gosto de seu lado sombrio. 
Então vou até ele e caio de joelhos. Inclino minha cabeça, 
encontro seu olhar, em seguida, caio em uma profunda reverência, 
até minha cabeça estar pressionada contra seus pés. 
Ele bate no meu ombro e me levanto, olhando nos olhos dele. — 
Você está ficando boa nisso. 
Mantenho minha expressão plana. Nenhuma emoção. E não 
digo nada. 
— Levante-se, Cadee. 
— Pensei que você queria ver meus lábios carnudos ao redor do 
seu pau gordo? 
Ele sorri, então para. — Eu disse levante-se, porra. 
Fico de pé, mas mantenho minha cabeça baixa. 
Ele levanta meu queixo com a lateral do dedo, mas não encontro 
seus olhos. 
 
 
— Olhe para mim. 
Olho para ele. 
Ele aponta para a cama. — Deite-se de costas. 
Meu coração bate um pouco. Temos feito muito 
isso. Praticando. Eu, principalmente. Aprendendo a ser obediente 
sem sorrir para ele. Ou sorrindo. Ou estreitando meus olhos. Cooper 
realmente não precisava de nenhuma indicação sobre como ser um 
valentão. Um simples curso de atualização foi o suficiente. 
Ando até a cama, subo nela e deito de costas. 
Ele se aproxima de mim, agarra meus tornozelos e me puxa na 
cama até que meus pés estejam apoiados no parapeito. 
Cooper apenas fica parado por um momento. Como se tentando 
decidir o que gostaria de fazer comigo. Em seguida, ele alcança o cós 
da minha legging e lentamente as puxa pelas minhas pernas. 
Nem todo o caminho para baixo. Apenas o suficiente para obter 
acesso. 
Leela foi quem me disse para parar de usar calcinha. Suas 
palavras exatas — Facilite para Cooper, Cadee. As coisas ficam 
muito mais fáceis quando você não precisa perder tempo com roupas 
íntimas. — O que era irônico, porque estávamos na elegante loja de 
lingerie em Monrovia quando esse conselho apareceu. 
Mas boas notícias para Cooper agora. Não tenho nenhuma 
calcinha para atrapalhar a entrega de sua lição sexy em submissão. 
 
 
Cooper levanta meus joelhos até o peito e diz — Segure-os. 
Faço o que estou sendo mandada. Mas estou focada na maneira 
como ele olha para minha boceta. Ele vai me lamber. Apenas sei 
disso. 
Leela não era a única com conselhos. Depois que contei a Cooper 
sobre a opinião de Leela sobre toda essa coisa dos Maiden, ele 
compartilhou o conselho que Jack lhe deu. Dê a ela oportunidades 
para encarar o desafio. 
Fang e Feather parecem obcecados com essa noção de encarar o 
desafio. Não pedi esclarecimentos a ninguém, mas, na minha cabeça, 
isso significa: seja mau com ela e veja como ela reage. Veja como ela é 
submissa. 
Cooper concordou. 
Quando fico tagarela ou frustrada, é seu trabalho encontrar seu 
rei agressor interior e me pressionar com mais força para ver como 
vou reagir. 
Assim. Estamos praticando. 
— Você só vai olhar para ela o dia todo? Ou planeja lambê-la em 
algum momento deste século? 
Os olhos de Cooper fixam-se nos meus. Ele os estreita. — Que 
porra você acabou de dizer? 
— Você me ouviu. 
 
 
Ele me vira e antes que eu possa gritar, sua mão desce com tanta 
força na minha bunda que literalmente ofego de dor. — Cooper! 
Ele bate novamente. Então novamente. Então novamente. 
Estou gritando. Em seguida, gritando para ele parar. 
A porta do nosso quarto se abre e Ax fica sob o batente da porta, 
respirando com dificuldade, os olhos correndo ao redor tentando 
descobrir o que diabos está acontecendo. — Que porra você está 
fazendo, Cooper? 
— Saia, Ax. Não é da sua conta. 
— Cadee — diz Ax, ignorando Cooper. — Você está bem? 
Respiro fundo, mas antes que possa dizer qualquer coisa, Cooper 
diz — Se você disser uma porra de uma palavra, Fugling, vou puni-
la mais tarde, quando chegarmos em casa. 
Mantenho minha boca fechada. 
— Não estou falando com você, porra, Cooper. Estou falando com 
ela. E se eu não obtiver uma resposta, vou presumir que ela não está 
bem e então vou chutar o seu traseiro. 
Cooper ri. Ele não olha para Ax. Seus olhos estão fixos nos 
meus. — Diga a ele que você está bem, Cadee. 
— Estou bem, Ax. 
— Mentira. O que diabos está acontecendo aqui? Você bateu 
nela? 
 
 
Cooper ri. — É... treinamento, Ax. Não batendo. 
— Então, você bateu nela? — Ax não deixará isso passar. Mas 
esse é um comportamento típico dele. Ele está sempre pronto para 
uma luta. E até agora neste semestre, ele teve poucas. Nem sei o que 
ele faz o dia todo. Sequer sei se ele ainda está na escola. Nunca o vi 
no campus. E não vamos à pousada com muita frequência. Estamos 
aqui apenas esta semana por causa das férias de outono. Bem, e 
realmente precisamos ter uma discussão em grupo sobre o que diabos 
nós estamos fazendo. Ninguém parece jogar o mesmo jogo. Quando 
todos nós ouvimos Dante no verão passado, estávamos na mesma 
página. Mas tudo meio que deu merda no dia da mudança e nunca 
tivemos a chance de nos reagrupar. 
Espero que este jantar seja uma chance de reagrupamento. 
Porque Cooper, Isabella e eu saímos muito do curso e acho que 
precisamos de alguma orientação. 
— Acabei de te dizer — rosna Cooper. — É um treinamento, 
Ax. Dê o fora do meu quarto. 
— Este não é o seu quarto. É dela — diz Ax. — É a casa dela. 
— Sim, e você tem sorte de eu deixá-ladeixar que você fique 
aqui. Então, se eu fosse você, faria qualquer merda que eu dissesse. 
Os olhos de Cooper ainda estão fixos nos meus. Então, embora 
eu queira olhar para Ax e ver como ele está reagindo, não ouso parar 
de olhar. 
 
 
— Não dou a mínima para o que você diz — rosna Ax. — Quero 
ouvir isso de Cadee. 
— Cadee — diz Cooper. — Diga a Ax que você está bem. 
— Não — diz Ax — você sai da porra do quarto, Cooper. Então 
ela e eu teremos uma conversinha. 
— Não acontecerá. 
— Oh, é isso. 
Cooper solta minhas pernas, mas aponta para mim, olhos tão 
estreitos agora que mal posso ver o perturbador azul que gira por trás 
de suas pálpebras abaixadas. — Não solte as pernas. Você me 
entende? 
— Sim, senhor. 
Então Cooper se vira para Ax e puxa a camisa pela cabeça. — 
Estou prestes a lamber a buceta da minha cadela. Se você quiser 
assistir, é bem-vindo. Se não, dê o fora. 
Droga, Cooper está em uma rara forma hoje. 
Deixo meus olhos deslizarem para Ax. Ele olha para Cooper e, 
em seguida, sua camisa sai também. Mas está imediatamente claro 
que Ax não tem intenção de aceitar a oferta de Cooper. Porque diz — 
Vou pegar a opção C. Chutar o seu traseiro e depois descobrir o que 
realmente está acontecendo aqui. 
— Ax. — Solto minhas pernas e me sento. — Saia. Não preciso 
de você aqui. Estou treinando. Você está fodendo tudo. 
 
 
— O que? 
— Você me ouviu. Saia! 
Cooper balança a cabeça. — Não te dei permissão para falar. 
— Sinto muito, meu rei. — E então pulo da cama e me curvo a 
seus pés. 
Ax ri um pouco. — Uau. Acho que os rumores são 
verdadeiros. Vocês dois realmente compraram essa merda, não é? É 
isso que você quer, Cooper? Você a quer se curvando aos seus pés? E 
a propósito, é um bom carro lá na garagem. Qual é o próximo? Uma 
mansão à beira do lago? Talvez seu pai lhe dê a casa de Mona para 
morar? Então você e suas mulheres ficarão bem e perto de cumprir 
as ordens do papai quando ele estalar os dedos. 
— Você não tem ideia do que está acontecendo — disse 
Cooper. — Então cuide da porra da sua vida e dê o fora do meu 
quarto, ou ficará sem-teto, Ax. Morando naquela casa de barcos 
patética, com muito medo de seu próprio pai para fazer qualquer 
coisa além de se esconder aqui na velha pousada. 
Então Cooper me põe de pé, me joga na cama, abre minhas 
pernas e, sem nem esperar que Ax saia, ele começa a lamber minha 
boceta. 
A porta do nosso quarto bate. E Cooper simplesmente continua, 
empurrando seus dedos dentro de mim, em seguida, estendendo a 
outra mão para torcer meus mamilos até que eu me contorço, mexa e 
finalmente gozo em sua língua. 
 
 
 
 
O Dia de Ação de Graças na casa dos Valcourts é previsível 
porque Leela me avisou. Ela me disse para não contar nada a 
Isabella, no entanto. Então não contei. Neste ponto, estou totalmente 
ciente de quem está passando manteiga no meu pão. 
Não me sinto mal com isso porque tudo que Isabella precisa fazer 
é sorrir e ficar bonita. Eu, por outro lado? Bem, meu treinamento de 
donzela está com força total esta tarde. 
Apenas a família imediata está presente. Os Valcourts podem 
ter perdido um irmão este ano, mas ganharam um conjunto de 
Huntingtons. 
Isabella, sua mãe e pai estão presentes. 
Elizabeth também. 
Ela e eu não temos permissão para jantar com a família. No 
momento, estamos ajoelhadas em uma sala no segundo andar que 
nunca vi. 
Ela ainda tem aquela coleira de ferro em volta do pescoço. A 
mesma que Jack colocou nela – qualquer tipo de show de merda ritual 
estava de volta. É muito apertado e sua pele tem feridas abertas por 
atrito. 
Ela não se parece em nada com a mulher que entrou no escritório 
da tesouraria naquele dia em que paguei a mensalidade. Acho que 
 
 
seu cabelo não é penteado há semanas. Os círculos escuros sob seus 
olhos podem realmente ser hematomas, realmente não posso dizer. E 
ela está sem roupas. Também está suja e cheira mal. Como se a 
última vez que ela viu água foi quando entrou naquela piscina 
gelada. 
Estamos ambas ajoelhadas no chão de madeira e cada uma de 
nós tem um pulso algemado a uma cadeira como se fôssemos 
cachorros amarrados do lado de fora de uma loja. Foi assim que Jack 
e Cooper nos colocaram antes de descerem para comer. — Não se 
mexam — disseram eles. 
E Elizabeth não se mexeu. Não se moveu. Nem um centímetro 
de merda. 
Eu mudei de posição umas dezessete vezes. É muito 
desconfortável. As pernas dela já devem estar 
adormecidas. Estremeço só de pensar. 
E ela não para de olhar para o chão. Até tentei falar com 
ela. Perguntei como ela estava. Eles a estão alimentando? Dando 
banho nela? 
A resposta para ambas é um óbvio não, mas estou apenas 
tentando ser educada. 
Eu não deveria falar. Leela me avisou sobre mudar de posição 
ou falar. 
 
 
Mas não há ninguém aqui, então foda-se. E estou com fome. Esta 
casa inteira cheira a Ação de Graças e eu estou presa aqui, farejando 
o OC8 da ex-cadela de Dane. 
Uau. Isso foi meio cruel. Pareço um deles. 
Então eu rio. 
Sou um deles agora. 
Mas pelo menos estou de roupa. E nenhuma corrente em volta 
do meu pescoço. 
De repente, a porta se abre. Eu me esforço para voltar à posição, 
mas Jack me vê. 
Ele me lança um olhar estreitado, mas não diz nada. Apenas 
passa por mim e fica na frente de Elizabeth. Ela sequer olha para 
cima. Começo a achar que ela está drogada. Não há outra explicação. 
— Cadee! — late Cooper para mim. 
Tento não suspirar alto, mas não consigo. Porque estou no meu 
limite aqui. É dia de Ação de Graças, estou dentro de uma mansão 
linda e fui enviada para este... qualquer quarto que seja, e algemada 
a uma cadeira enquanto todo mundo está comendo. Já se passaram 
horas e estou pronta para ir. Qualquer que fosse o objetivo dessa 
exibição de controle e submissão, eu o perdi. E não estou com humor 
para fingir. 
 
8 Odor corporal. 
 
 
Cooper fica na minha frente, então se abaixa e me agarra pelos 
cabelos. — Qual é a porra do seu problema? 
— Desculpe, meu rei. 
— Não pedi para você se desculpar. Levante-se. 
Eu tento. Mas... não é exatamente fácil porque meu pulso ainda 
está algemado à maldita perna da cadeira. Então estou meio curvada 
até que Cooper pega a chave e me solta. 
Esfrego meu pulso enquanto Cooper diz — Jesus Cristo, 
Jack. Sua mulher cheira mal. 
Sim, eu quero dizer. Porque eles não dão banho nela. 
— Eu a deixei assim de propósito. — Estou olhando para os 
meus pés do jeito que devo, mas arrisco um olhar para Jack a tempo 
de vê-lo sorrir quando a última dessas palavras sai. 
Ele tem um sorriso muito assustador. 
— Por que você está olhando assim para mim? — pergunta 
Cooper. 
— Eu gostaria que Isabella a lavasse. 
— O que? 
— Você me ouviu, Cooper. Cadee? — Jack se vira para mim. — 
Seja uma boa vadia e vá buscar Isabella. 
Olho para Cooper. Ele concorda. — Traga-a aqui. 
 
 
Eu me viro e estou quase passando pela porta quando Cooper 
acrescenta — E seja rápida. Não me irrite de novo, Cadee. 
Desço o longo corredor e a conversa atrás de mim se transforma 
em uma discussão abafada. 
Não estou em uma parte da casa que reconheço, então levo 
alguns minutos para descer e encontrar o caminho para a sala de 
jantar formal em um território mais familiar. 
Isabella está conversando com seu pai e o Presidente quando 
apareço na porta em arco. 
O Presidente me vê primeiro. Conheço as regras. Leela as 
explicou detalhadamente durante nosso fim de semana na 
cidade. Portanto, não entro na sala nem digo nada. O Presidente dá 
um tapinha no ombro de Isabella, então se inclina e sussurra em seu 
ouvido enquanto aponta para mim. 
Ela se vira e, embora esteja sorrindo, posso ver o pânico em seus 
olhos. 
— Com licença — diz ela. Então ela se aproxima de mim, pego 
sua mão e começo a me afastar da frente da casa. 
— O que está acontecendo? Por que você está aquimais uma vez 
e, então se inclina. — Isso é um adeus. Mas se precisar de alguma 
coisa... — ela me encara, séria. — Você vem para mim, ok? 
— Ok, Mona. Obrigada. E o mesmo vale para você. 
Sorrimos e nos separamos. E quando me viro, percebo que a fila 
ficou consideravelmente mais curta e preciso correr até a porta antes 
que a pessoa na minha frente desapareça dentro. 
Ainda leva mais trinta minutos antes de chegar a minha vez no 
balcão aberto, mas eventualmente eu consigo. 
— Posso ajudar? — O caixa que estou não é alguém que 
reconheço. Então ela deve ser nova. 
 
 
— Sim, estou aqui para pagar as mensalidades de... — enfio a 
mão no bolso e pego minha lista. — Todos esses alunos. — Passo a 
lista para ela e ela olha, confusa. 
— Desculpe-me. Você quer pagar as mensalidades de todas 
essas pessoas? 
— Sim. Está correto. — Não explicarei por quê. Mas ela não 
pergunta, apenas pega a lista e começa a digitar no computador. 
Após vários minutos, ela diz — Hmm. 
— O que? 
— Todas foram pagas, exceto Ax Olsen e Cadee Hunter. 
— Oh, eu sou Cadee Hunter. Mas... não é possível. E quanto a 
Cooper Valcourt? 
A mulher ri. — Cooper Valcourt? Ele não paga a mensalidade, 
querida. Ele é o filho do Presidente. 
— Sei quem ele é, obviamente. Mas o pai dele disse que não 
pagaria a mensalidade este ano. 
— Acho que você não entendeu. Ele é um fundador. Os 
fundadores não pagam. 
— Então, Isabella Huntington? 
— Igualmente. 
— Lars. 
 
 
Ela nem me deixa terminar. — Igualmente. 
— Mas Ax... 
A atendente ri. — Bem. Ele é outra história, não é? Você 
gostaria de pagar para ele? 
— Sim. E eu, é claro. Mas tem certeza de que nenhum dos outros 
precisa? 
— Verifiquei todos, querida. Estão todas pagas. 
— Hã. — Estou confusa. Nenhum deles disse nada sobre serem 
isentos. Obviamente, Cooper não sabia que sua educação era 
gratuita, ou não teríamos conversado sobre os pagamentos em 
primeiro lugar. 
— Dá cento e quinze mil dólares e noventa e seis centavos. 
— Ok — digo, puxando meu telefone. — É uma transferência 
bancária. Posso obter os dados bancários, por favor? 
Cooper teve que me explicar isso ontem à noite. Portanto, estou 
um pouco preocupada que essa mulher comece a me fazer perguntas 
estranhas sobre bancos e dinheiro que não serei capaz de responder, 
mas ela não pergunta. Simplesmente passa um pedaço de papel no 
balcão e espera que eu insira as informações em meu novo aplicativo 
bancário de membro platinum. 
Depois disso, ela imprime um recibo para mim. Agradeço 
educadamente e, quando me viro, percebo que sou a única pessoa que 
sobrou aqui e está tudo tranquilo. 
 
 
E quando abro a porta para me dirigir às escadas, percebo o 
motivo. 
Dane Valcourt está encostado no corrimão com os braços 
cruzados e um sorriso muito presunçoso no rosto. 
 
 
 
 
 
 
A orientação Capstone é uma introdução longa e enfadonha 
ao mundo da criação de artigos acadêmicos. Sobre o qual não dou a 
mínima, mas é um mal necessário que deve ser feito. 
Não falamos enquanto esperamos na fila para pegar nossas 
pastas Capstone, mas isso é porque estamos ligados agora. Ligados, 
como em alerta. O cronômetro disparou e o jogo começou. 
Tudo o que fizermos daqui em diante faz parte do plano. 
Quando Ax e eu pegamos nossas brilhantes pastas azuis e 
amarelas e entramos no auditório, a sessão já começou. Paramos no 
topo da sala e olhamos ao redor, dos assentos tipo estádio, para Lars. 
— Jesus fodido Cristo — murmura Ax. — Ele está na primeira 
fila. 
— Sim. Não vamos lá. — Olho ao redor e encontro um espaço 
vazio de assentos na última fila. — Aqui, Ax. 
 
 
Passamos pelas pessoas no corredor e caminhamos até o fim da 
fileira antes de nos sentarmos. Não poderíamos ficar fisicamente 
mais longe do palco nem se tentássemos. 
Ax se inclina. — Qual é a sua especialização? — Ele diz isso alto 
o suficiente para que todos ao nosso redor ouçam, o que nos rende 
carrancas em todos os lugares. Todos os malditos alunos da High 
Court têm pau na bunda. 
— O que? — Também digo alto o suficiente para as pessoas 
ouvirem. Foda-se. Eu sou o Rei, certo? 
Ax está com sua pasta aberta e encarando a folha de papel de 
cima. — Qual é a sua especialização? De acordo com isso — ele bate 
na página e olha para mim — Estou me formando em filosofia. 
Eu rio alto. 
— Senhor Valcourt? 
Olho através da longa fila de assentos para o palco onde o 
Professor Alguém está olhando diretamente para mim. — Sim, 
senhor? 
— Você está tendo um problema que precisa de atenção? 
Algumas dezenas de pessoas se viram para olhar para mim. 
— Não. Estou bem. 
Ele continua com qualquer que seja o assunto do dia e abro 
minha pasta. 
 
 
Eu rio novamente quando leio o que diz. 
— Senhor Valcourt! — Professor qual é seu nome está 
definitivamente prestes a me colocar em sua lista agora. 
— Desculpe — grito. — Vou parar. 
— Obrigado! Como eu dizia... 
— Cara — sussurro e grito para Ax. — Diz que minha 
especialidade é engenharia geológica. 
Ax gargalha. Tão alto que ecoa no teto alto. E de repente todas 
as sessenta e cinco pessoas da classe sênior estão se virando em seus 
assentos para olhar para nós. 
— Chega! Vocês dois! Fora! Podem discutir sua Capstone com o 
Presidente, senhores Valcourt e Olsen! 
— Foda-se. — Ax já está se levantando. — Vamos lá. 
Quero me sentir mal com isso, mas ainda me divirto porque em 
um ano estarei qualificado para fazer a engenharia geológica de 
algo. Então simplesmente me levanto e passamos por todas as 
pessoas no corredor mais uma vez, em seguida, saímos do auditório. 
E quem nós encontramos senão meu pai? 
Ele está vestindo um terno cinza claro com uma gravata azul e 
dourada da Faculdade High Court. Seu cabelo prateado 
perfeitamente penteado, como de costume. Meio que balançando nos 
calcanhares enquanto me encara. 
 
 
— Christopher. 
— Pai. 
— Aonde você vai? 
— Fomos expulsos. — Eu nem me preocupo em esclarecer esse 
fato para seu desconforto. Quero que ele reaja. 
— Então você não tem planos de se formar? 
Olho para Ax e atiro nele olhos que dizem, eu cuido 
disso. Eu não quero ser expulso. Cadee está, agora, neste exato 
momento, pagando as mensalidades do meu semestre de outono. Não 
desperdiçarei cinquenta mil do dinheiro dela apenas para ter um 
momento de satisfação em irritar meu pai. 
— Eu quero — digo calmamente. — Acho que o Professor... seja 
quem for... está apenas tendo um dia ruim. Ele quer que planejemos 
nossos projetos Capstone com você. 
Meu pai suspira. Como se estivesse cansado. De mim, 
especificamente. — Você sempre precisou de muita atenção. Por que 
não estou surpreso por ainda exigir isso agora? 
— Veja... 
— Não, Christopher, veja você. Não jogarei seus jogos este 
ano. Ou você cumpre os padrões da High Court ou será expulso. 
— Seu olhar migra lentamente para Ax. — Alexander, seu pai 
gostaria de vê-lo. 
— Não. — Ax balança a cabeça. — Não vou vê-lo. 
 
 
— Você vai, Alexander. — Meu pai insiste em um tom baixo, mas 
firme. — Ele espera por você na sala de jantar do 
Presidente. Christopher te mostrará o caminho. — Ele suspira e se 
vira para mim. — Christopher, eu tomarei um brunch com os 
novos candidatos de Fang e Feather. — Ele meio que enfatiza a 
palavra candidatos. Como se eu não soubesse que estraguei 
totalmente sua corrida de verão e que há apenas dois – Dante e 
Mona. — Espero que todos vocês estejam lá para recebê-los. 
— Do que você está falando? Eu desisti. Todos nós desistimos. 
— Vocês não podem desistir, Christopher. Não é assim que 
funciona. 
— Funciona, se não comparecermos a nenhum de seus rituais. 
Ele sorri para mim. — Posso te dar um conselho, Cooper? 
— Sou Cooper agora? 
— Selecione e escolha suas batalhas, filho. 
— Não vamos para o seu brunch idiota. 
— Isabella estará lá. 
— Não, ela não estará. Isabella está lá — aceno com a cabeça 
para a reunião Capstone. 
Meu pai inclinaembaixo? 
— Jack me mandou buscar você. Ele quer que você dê banho 
em Elizabeth. 
— Pelo amor de Deus — rosna. — O que eles 
pensam? Hmm? Jack realmente acha que ficarei atraída por sua 
 
 
vagabunda psicopata por lavar seu corpo nu e imundo? Quero dizer, 
que porra é essa, Cadee? 
Isabella tem lidado com sua merda neste show muito bem, em 
minha opinião. Mas esta é a primeira vez que ela admitiu suas 
preferências sexuais para mim em voz alta. Considero isso um 
grande progresso. 
— Sim. Não tenho nada para isso. Ela é ordinária, Isabella. Mas 
realmente precisa de um banho. Não acho que a tenham dado banho 
desde o homecoming. Ela cheira tão mal. 
— Eles estão armando para mim — sussurra Isabella. Em 
seguida, olha em volta, provavelmente em busca de câmeras ou 
dispositivos de escuta. 
— Eu sei. Mas vá em frente. Colabore. 
— Eu não estava molhada naquela noite na piscina, Cadee. Não 
estou atraída por você. 
— Maneira de fazer uma garota se sentir especial. 
Nós duas rimos. Que é meio doentio. Não há nada de risível no 
que estamos envolvidas. 
— Os dedos dela já estavam molhados. Isso é tudo que estou 
dizendo. Se ela tentar essa merda novamente, vou 
desmentir. Eu não sou a Fugling. Sem ofensa. 
— Nenhuma. — Eu a conduzo em direção à escada dos fundos e 
começamos a subir. 
 
 
— Sou praticamente uma maldita esposa. 
— Não sei, Isabella. Acho que você deveria ir junto. É muito 
mais fácil do que lutar contra eles. 
— É isso que eles querem que pensemos. 
— Mas é verdade. Oh, puta merda. Não tive a chance de te 
contar sobre Ax nos abordando esta tarde... 
Mas então ouvimos o choro no final do corredor e paro de falar. 
Isabella e eu trocamos olhares. Então ela vai à minha frente e 
deslizo para minha posição submissa e a sigo pela porta. 
 
 
 
 
 
Isabella e Cadee voltam enquanto Jack e eu ainda estamos 
discutindo. 
— Cooper, eu estou avisando... 
— Você não pode me avisar, Jack. Não sei quem você pensa que 
é para mim, além de meu irmão, mas não receberei ordens suas. Isso 
acabou. 
— Você se afastará de tudo? — Jack me estuda com os olhos 
estreitados. — Só para salvar uma de suas cadelas? 
— Do que diabos nós estamos falando? 
Jack olha para Isabella – que veio ficar ao meu lado – e antes 
que eu possa dizer qualquer coisa, ele já deu um tapa no rosto dela. 
Ele a atinge com tanta força que Isabella tropeça para o lado e 
Cadee tem que se mover para impedi-la de cair. 
Nem sei o que acontece a seguir. A única coisa que sei é que 
alguns minutos depois meu pai está me puxando de cima de Jack e 
me empurrando para um canto. 
 
 
Não consigo ver com um olho, meu lábio está sangrando tanto 
que estou engolindo sangue e minha orelha esquerda está zumbindo. 
Mas o rosto de Jack está uma bagunça roxa e sangrenta. Meu 
pai está comigo. Gritando comigo. Mandando eu me acalmar. 
Mas não me acalmo. Empurro sua bunda para fora do caminho 
e vou até Jack. Ele é segurado pelo pai de Isabella. Aponto meu dedo 
no rosto de Jack. — Nunca mais. Nunca. Porra, toque nela 
novamente. — Então me viro e aponto para meu pai. — Não — digo 
alto e com convicção — não. Eu não vou tolerar isso. Ele não pode 
tocar em Isabella. Nunca. Nunca. 
Olho em volta e percebo que Isabella e Cadee se foram. Elizabeth 
também. 
— Cooper. 
Ouço meu nome e encontro o Sr. Huntington olhando para 
mim. — O que? 
— Isabella não é sua, filho. Ainda não. Ela é minha. E Jack tem 
minha permissão para corrigi-la se ela precisar. — Então ele sorri 
para mim. — E nós dois sabemos o quanto ela precisa disso. 
Se eu tivesse uma arma agora, acho que mataria todos neste 
quarto. 
Até eu mesmo. 
Em que diabos estamos? 
 
 
Achei que sabia. Realmente achei. Aceitei o plano de Dante. E, 
na verdade, embora nenhum de nós esteja mais na mesma página, 
era um plano absolutamente brilhante. Porque certas coisas que ele 
previu que aconteceriam aconteceram. 
Eu estava apenas começando a ficar confortável. Só começando 
a pensar que tudo daria certo. 
Mas quando entrei neste quarto mais cedo e vi Elizabeth – nua, 
suja, drogada – percebi algo muito importante. O tipo de coisa que 
faz toda a diferença quando você está em um jogo. 
Essas pessoas não estão jogando. 
Não é um jogo para eles, é a vida real. 
— Você está calmo agora? — pergunta o Sr. Huntington. E 
quando olho em volta, percebo que todos já saíram. Somos apenas nós 
dois. 
Aceno com a cabeça porque ele parece esperar minha resposta. 
— Bom. As meninas já estão ocupadas lavando Elizabeth. 
— O que? Eu disse que não! 
— Não depende de você, Cooper. Talvez um dia, daqui a dez ou 
quinze anos, você seja um rei de verdade. — Ele sorri para mim. Não 
é nem mesmo um sorriso maldoso. Mais compreensivo. — Mas agora, 
filho, você não é ninguém. Seu pai não falou com você sobre isso? 
— Sobre o que? 
 
 
— Sua casa, Cooper. Ele me disse que foi visitá-lo na velha 
pousada no dia em que Dane morreu. Que vocês tiveram uma longa 
conversa. Que você estava a bordo. 
Aperto meus olhos, tentando me lembrar dessa conversa. — Ele 
falou. 
— Bom. Então... — o Sr. Huntington faz uma pausa. — Por que 
você está sendo tão difícil? Você perderá as duas se não tomar 
cuidado, Cooper. 
Deixo isso penetrar. Você perderá as duas. 
Sobre o que diabos meu pai e eu conversamos naquele dia? Um 
pouco de Dane, um pouco de Cadee, um pouco da mãe e pai de 
Cadee. Mas, principalmente, conversamos sobre ele. Meu pai quando 
tinha a minha idade. 
Olho para o Sr. Huntington. Olho bem nos olhos dele. — Sinto 
muito. 
Ele sorri para mim, balançando a cabeça. — Eu sei, 
Cooper. Todos nós sabemos quão difícil ela é. — Demoro um 
momento para perceber que ele está falando sobre Isabella. — E nós 
apreciamos o quanto você nos ajudou a colocá-la em seu lugar. Se não 
fosse por você, Cooper? — Ele balança a cabeça. — Ela seria 
selvagem. Fora de controle. Com todos os tipos de noções malucas na 
cabeça. — Ele faz uma nova pausa. — Não sei o que eu faria sem 
você. É por isso que estou te defendendo nos últimos três anos. —De 
repente, suas mãos seguram meus braços e ele me sacode. Não 
violentamente nem nada. Mesmo assim, é estranho pra caralho. — 
 
 
Quero que vocês fiquem juntos. Estou torcendo por você, Cooper. Eu 
realmente estou. E você está perto, filho. Tão perto. Se puder 
aguentar até a véspera de Ano Novo, ela será sua. E Jack não será 
mais capaz de esbofeteá-la. 
— O quê? 
— Véspera de Ano Novo, Cooper. Apenas... aguente até lá. 
— Então ele balança a cabeça e solta meus braços. — Você consegue. 
Ele me deixa lá. Todo mundo me deixa lá. Posso ouvir as 
meninas no corredor. Elas estão no banheiro, provavelmente lavando 
Elizabeth. 
Mas desligo tudo, exceto as últimas palavras que saíram da boca 
do Sr. Huntington. Se você puder aguentar até a véspera de Ano Novo, 
ela será sua. E Jack não será mais capaz de esbofeteá-la. 
Caminho pelo corredor e fico na porta aberta do banheiro. 
Elizabeth está limpa agora, enrolada em uma toalha. Os 
vestidos de Isabella e Cadee estão molhados na frente com o 
esforço. Nem Leela nem Jack estão aqui. 
— Isabella? 
Ela respira fundo e se vira para mim. — Sim? 
— O que Jack e Leela disseram para você fazer com Elizabeth 
quando terminasse? 
— Não disseram. Acho que eles saíram, na verdade. Para o 
hospital. Acho que Jack precisa de pontos. 
 
 
Ela e eu nos encaramos por alguns momentos. Então aceno. — 
Ok. Então a deixe aqui. Ela não é da nossa conta. 
— Isso não é justo! 
Acho que nós três ficamos igualmente surpresos quando 
Elizabeth fala. Porque apenas olhamos para ela por alguns 
momentos, sem saber o que dizer. 
— Não é justo, Cooper. E você sabe disso! Eles mataram 
Dane! Esta não é a minha vida! 
Olho para Cadee e ela já está balançando a cabeça. Mas estamos 
praticando há semanas. E ela não fala. 
— Esta é a sua vida, Elizabeth. Você se inscreveu para cada 
pedacinho. — Entãoa cabeça para mim. — Tem certeza? 
Tenho certeza? Não a vi quando procurávamos Lars. Ela, 
Valentina e Selina não estiveram muito por aqui na semana 
 
 
passada. Mas estavam fazendo coisas de garotas. Passeios no lago e... 
bronzeamento. Ou o que diabos as garotas fazem. 
— Ela estará lá, Cooper. Ela confirmou esta manhã. E... — ele 
dá de ombros, tanto com os ombros quanto com as mãos — Vocês são 
um par. Ela não pode ir sozinha. Deus sabe o que acontecerá se ela 
for. 
Minha frequência cardíaca aumenta com sua ameaça 
implícita. — Fique longe de Isabella. Ela está bem agora. 
— Está? — Meu pai pressiona os lábios como se pensasse 
nisso. — Estou feliz. Vamos mantê-la nesse caminho. O brunch é às 
onze. Se você quiser levar um acompanhante... — ele faz uma 
pausa. E sei que faço uma careta com essa palavra. Porque se 
Isabella estiver lá, ela será meu par. — Sinta-se à vontade para levar 
Cadee Hunter. Vamos comemorar sua aceitação no clube. 
Apenas fico olhando para ele por um momento. Tentando 
analisar todas essas palavras e fazer com que se encaixem de uma 
maneira que faça sentido. 
Mas Ax assume. — Ela não está em seu clubinho. Nenhum de 
nós está na porra do seu clube, Presidente. E eu não vou a essa 
reunião. 
— Bem — responde meu pai — tenho certeza de que Cadee ficará 
desapontada. Enviei Dane para buscá-la. Só para ter certeza de que 
seu convite não se perderia no correio. 
 
 
— O que? — Estou com tanta raiva que posso literalmente ouvir 
o sangue correndo em meus ouvidos. 
— Ela espera por você na minha sala de jantar. Agora. — Ele 
ajeita a gravata. — Tenho que fazer o discurso de boas-vindas na 
Capstone. Sinto que perderão, meninos. Mas veremos tudo isso mais 
tarde. Em particular. 
E então ele passa por mim – meio que batendo no meu ombro 
como um idiota – e desaparece no auditório. 
Eu me viro para Ax. — Que porra foi essa? 
— Eu não vou. 
— Nenhum de nós vai. — Pego meu telefone e mando uma 
mensagem para Isabella. Onde você está? Preciso ver você. 
Aguardo o recibo de leitura. Nada. Então ligo para ela. Toca. Vai 
para o correio de voz. — Isabella, mande uma mensagem para mim, 
agora. É importante. 
Nada. 
— Ela estava no auditório? — pergunto a Ax. 
Ele olha para as portas duplas e encolhe os ombros. — Não 
sei. Não a vi. Mas eu não estava olhando. — Então ele pega seu 
telefone. — Vou mandar uma mensagem para Valentina. — Ele 
recebe uma resposta quase imediatamente. — Merda. Elas já estão 
lá. 
— Onde? 
 
 
— Na sala de jantar do Presidente. 
— Fazendo o que? 
Ele digita. Nós esperamos. — Encontro com seus pais. — Ax 
olha para mim. — Todo mundo está lá. Todos os candidatos. 
Eu me forço a manter a calma. — Por quê? 
Mas Ax está digitando. Então lendo. Então suspirando. — 
Merda. Todos estão sendo informados de que não têm permissão para 
sair. Basicamente, o que seu pai acabou de nos dizer. Acho que é por 
isso que devo falar com meu pai também. 
— Cadee está lá? 
Ele manda mensagens. Espera. — Não. Ela não está lá. 
— Graças a Deus. Vamos encontrá-la antes de Dane. Ela 
provavelmente ainda está no escritório da tesouraria. 
Saímos, cruzamos o campus e entramos no prédio 
administrativo. Há uma fila de pessoas esperando para ver meu 
pai. Uma fila tão longa que desce as escadas. Ele não está lá, 
obviamente. Está dando um discurso para a classe Capstone. 
Mas há uma fila quase igualmente longa descendo as escadas 
para o escritório da tesouraria também. Passamos por todos e quando 
chegamos ao saguão externo, ele está ainda mais lotado. É como se 
todos que não estão na classe sênior estivessem neste prédio no 
momento. 
— Você a vê? 
 
 
Ax balança a cabeça. 
— Cadee! — chamo. — Você está aqui? 
Todo mundo olha para nós. Mas ninguém responde. Assim, 
abrimos caminho no meio da multidão para chegar à porta interna 
do escritório. 
Ax enfia a cabeça para dentro. Então se retira. — Ela não está 
lá. 
— Porra. Onde ela está? 
— Talvez já esteja na sala de jantar? 
Fecho meus olhos e suspiro. — Bem. Acho que ele consegue o que 
quer novamente. Porque preciso subir lá e verificar. 
— Eu também vou. 
— Não. Seu pai está lá. 
— Foda-se ele. Não sei com quem Cadee poderia se 
encontrar. Ela não tem pai e não é uma candidata. Então, se ela está 
lá, ela precisa ser salva. 
E esse é o fim da discussão. Não temos escolha. 
Ax e eu voltamos a subir as escadas do porão, depois 
continuamos subindo para chegar ao segundo andar. Meu pai tem 
uma nova assistente. Ela é uma versão mais jovem de Laurie. Mas 
não sei o nome dela ou reconheço seu rosto, então apenas abrimos 
caminho pela multidão e seguimos em direção à sala de jantar do 
 
 
Presidente. Há uma sala de jantar para os professores, localizada ao 
lado do prédio da cafeteria. O local que vamos não é para 
professores. É para meu pai e é onde acontecem todas as reuniões de 
negócios de Fang e Feather. 
O que não é um bom sinal. 
E as coisas vão de mal a pior quando entramos na enorme sala 
cheia dos meus candidatos rebeldes, os veteranos – exceto Lars – e 
seus pais. 
Vejo Isabella imediatamente. Ela está de costas para mim, então 
ela não sabe que estou aqui. 
— Foda-se — diz Ax. 
E quando olho para onde seu olhar está direcionado, vejo seu pai. 
Então, não sei muito sobre juízes, exceto que eles são 
basicamente idiotas. Mas sei que ninguém simplesmente acorda e 
diz: Acho que serei juiz hoje. É um processo que envolve, no mínimo, 
uma faculdade de direito, alguma prática jurídica e, no caso do 
condado de Monrovian, uma eleição. 
Em outras palavras, é uma carreira. É um plano. 
O pai de Ax, Wesley, me chame de Wes, Olsen, não parece um 
juiz. Ele não se parece com um homem que abre livros, muito menos 
os estuda e memoriza códigos legais. Ele parece... bem, um SEAL da 
Marinha. Um SEAL da Marinha que foi dispensado desonrosamente 
por... ah, provavelmente matar aldeões inocentes de maneira 
 
 
maníaca em alguma terra distante. Ele é tão grande e tem uma 
aparência cruel. 
Você não o vê com os braços nus muito frequentemente porque 
ele sempre está de terno. Mas vi seus braços nus e sei que são tão 
tatuados quanto os de seu filho. 
Ele é um homem assustador. Vamos deixar assim. 
E embora Ax também seja um cara assustador, ele não tem nada 
a ver com o pai. Que está agora se levantando e acenando para que 
fôssemos até ele com um dedo torto. 
Ax respira fundo. — Volto já. 
— Posso ir... 
— Não. Eu resolvo isso. 
Ele sai. Observo os dois enquanto ele se aproxima da mesa. Há 
algumas palavras trocadas, então o Juiz leva a mão para um assento 
em frente a ele. O que, infelizmente, significa que Ax está de costas 
para mim e não consigo avaliar como as coisas estão indo. 
— Cooper. 
Eu me viro para encontrar Isabella caminhando em minha 
direção. — Você viu Cadee? 
— Não, Coop. Mas meu pai quer que você se junte a nós. 
Olho para a mesa onde seu pai está sentado. Ele sorri para 
mim. Ele sempre foi legal comigo, mas não sorrio de volta. — Por 
 
 
quê? O que está acontecendo aqui? Preciso encontrar Cadee. Ela ia 
pagar a mensalidade de todos nós esta manhã, mas não estava no 
escritório da tesouraria. 
— Nossa mensalidade foi paga. A mensalidade de todos foi 
paga. Todos nós temos carros novos e novas contas bancárias e... 
Coloco a mão em seu ombro e me inclino. — Não, 
Isabella. Não. Não faremos isso. Nós estamos saindo. 
Ela solta um suspiro longo e lento e olha para os pés. — Não 
estamos fora, Cooper. Estamos todos muito envolvidos. — Então ela 
olha para mim. — E é um alívio, para ser honesta. — Em seguida, 
ela balança a mão ao redor da sala. — Quero dizer, olhe para 
eles. Eles não estão infelizes. Nem mesmo Sophie. 
Ela está certa. Todos os candidatos que estavam tão 
desesperados para sair de seus deveres de Fang e Feather estão – se 
não sorrindo abertamente para seus pais do outro lado da mesa – no 
mínimo parecem completamenteà vontade. Até Sophie, que me 
deixou louco durante todo o verão com ela choramingando e chorando 
por querer ir embora. 
— Não posso acreditar nisso. — Então olho para Ax. Ele está 
curvado na cadeira, os braços cruzados. E mesmo que eu não possa 
ver seu rosto, é muito claro que as coisas ali não estão bem pelo dedo 
apontado e pela expressão zangada de seu pai. 
— Meu pai quer trocar algumas palavras com você. 
— Por quê? 
 
 
Ela agarra meu braço de repente, quase cravando as unhas na 
minha pele, e me puxa para o seu espaço pessoal. — Você não 
imagina o motivo? Sei que você está obcecado por Cadee Hunter. Mas 
você e eu somos uma equipe, Cooper. Você me prometeu. Você 
prometeu me fazer passar por isso. E agora parece que você está me 
vendendo por um modelo mais novo. 
— Isabella. — Seu nome sai como um rosnado baixo e grave. — 
Foi um acordo comercial. Isso sempre foi claro. 
— Estou totalmente ciente. — Ela rosna essas palavras para 
mim. — E agora é hora de você fazer alguns acordos. Então ponha 
sua cueca de menino grande e faça. Vá. 
Suspiro. Olho para trás, para Ax. Acho que ele está falando 
agora, porque o pai está olhando nos olhos dele e sua boca não se 
move. — Tudo bem. Mas não vou demorar. Preciso encontrar Cadee. 
Ela me puxa para sua mesa. — Aqui está ele, papai. 
Papai? Quero vomitar. 
E ela diz isso docemente também. Não posso acreditar que não 
vi isso chegando. Meu pai não é o tipo de pessoa que fica sentado 
depois de uma ameaça. Quando ele silenciou o rádio depois da minha 
grande cena na tumba, eu deveria ter visto o que era. Algum tempo 
de inatividade para formular um plano. 
Ele é o Presidente por um motivo. Não sei qual é o motivo, mas 
este não é seu primeiro rodeio. Ele vem discutindo a apresentação de 
candidatos há mais de duas décadas. 
 
 
Ele é um homem de ação. 
E agora essa ação está acontecendo bem na minha cara e cada 
pessoa – com exceção de Cadee, Ax e Lars – foi vítima de seus 
esquemas. 
Todos eles desabarão. Todos vão sorrir e pegar seu dinheiro, 
carros e pagamentos de mensalidades e não pensarão duas vezes 
sobre isso. 
Até Isabella. 
— Aí está ele. — O Sr. Huntington é um homem alto com uma 
cabeça de cabelos brancos espessos e olhos verdes profundos e 
penetrantes. Seu terno é feito sob medida – provavelmente feito em 
Londres – e sua expressão é firme, mas não severa. Ele se levanta e 
oferece sua mão. Eu poderia me recusar a sacudi-la. Deveria me 
recusar a sacudi-la. Mas quero apenas acabar com isso, e começar 
uma briga com ele só prolongará as coisas. 
Eu sacudo e ele se afasta, se sentando novamente. 
— É bom ver você, filho. Sentimos sua falta no último rito. 
— Oh, eu estava lá — digo. — Simplesmente não consegui ficar. 
— Mm-hmm. Sente-se, Cooper. 
Olho para Ax, mas o que quer que esteja acontecendo ali foi 
bloqueado da minha visão. 
É isso. 
 
 
O Sr. Huntington pressiona os lábios com força, depois respira 
fundo pelo nariz e expira. — Decidimos reagendar o rito. Dar a vocês, 
crianças, algum tempo para se acalmarem. Mas agora é hora de 
voltarem ao trabalho. Seu comprometimento a Isabella acontecerá 
em duas semanas. 
Apenas fico olhando para ele. Disposto a 
discutir. Discordar. Dizer a ele, em termos inequívocos, que embora 
eu tenha prometido me casar com Isabella depois de nossa corrida de 
calouros, isso não acontecerá. 
Mas não quero. 
Porque isso não ajudará nas coisas. 
Sei do que se trata. Eles se referem ao meu blefe sobre os 
segredos que estou guardando. 
Não foi um blefe. Quando ameacei meu pai, eu falava sério. Mas 
foi apenas uma ameaça. Na verdade, seguir em frente não será tão 
fácil quanto parece. 
Não conheço todos os membros da Fang e Feather. Eu poderia 
dar um bom palpite, mas esta escola existe há quase duzentos 
anos. E embora a maioria deles provavelmente esteja morta agora, 
ou muito velha para ser qualquer tipo de ameaça séria, há membros 
de ex-alunos em posições importantes o suficiente para eliminar um 
casal de veteranos que têm grandes sonhos de derrubá-los. 
É por isso que o plano de Dante deve ser executado em total 
sigilo. 
 
 
Minha falta de reação fortalece o Sr. Huntington. — Bom — diz 
ele. — Gosto mais assim. Eu disse a seu pai que você mudaria. — Em 
seguida, ele move a mão ao redor da sala. — Como todos eles. Vocês, 
crianças, se divertiram. Você não é o primeiro a insistir em uma 
renegociação. Estamos prontos e dispostos. Faça uma lista, 
Cooper. Deixe-nos saber o que você precisa e ficaremos felizes em 
fornecer. Sem limites. Corra selvagem, filho. Peça tudo. Pode ser sua 
única chance. — Então ele se vira para Isabella. — Sua mãe gostaria 
de levá-la para comprar o vestido de noiva. Ela marcou um 
encontro. Quatro de junho. Dá para você, querida? 
Vestido? Encontro? Querida? 
— Isabella — começo a dizer. 
— Sim, papai. Quatro de junho está perfeito. 
— Excelente. — O Sr. Huntington se levanta e abotoa o paletó, 
seu largo sorriso voltado para mim. Então Isabella. Então, nós 
dois. — Vocês terão filhos lindos. 
 
 
 
 
 
Todo o meu corpo enrijece com a simples visão de Dane 
Valcourt. 
— O que está errado? Eu te assustei, Cadee? 
Olho em volta nervosamente. — Onde está todo mundo? 
Ele descruzou os braços, ainda sorrindo para mim. — O 
escritório da tesouraria está fechado para o almoço. — Ele faz uma 
pausa. Como se fosse minha vez de falar. 
— Então o que você quer? 
Ele descruza os braços e dá um passo na minha direção. Dou um 
passo para trás. — Vamos lá. Somos velhos amigos. 
— Amigos? — Eu rio. — Amigos? Não somos amigos, 
Dane. Você me estuprou. 
— Por favor — bufa ele. — Você queria. 
— Vá se foder. 
— Já fiz isso, certo? — E então ele pisca para mim. 
 
 
Jesus. Eu vomito um pouco na boca. Engulo e levanto meu 
queixo. Ele não pode me machucar. Ele acha que pode, mas não 
pode. A menos que esteja planejando me matar – e se for esse o caso, 
provavelmente não há nada que eu possa fazer para impedir – ele já 
exibiu o pior cenário no que me diz respeito. É muito mais fácil lidar 
quando você sabe o que está enfrentando. 
Três anos e meio atrás eu não sabia contra o que lutava. 
Agora eu sei. Eu rio dele. — Você se acha tão poderoso. 
— Eu acho, Cadee? Acho? Não. Não acho que sou 
poderoso. Eu sou poderoso. 
Estou balançando minha cabeça enquanto ele fala. — Você não 
escapará impune. 
— Escapar do quê? De te dá prazer? Você se lembra do quão forte 
você gozou, Cadee? Meu pau grosso estava dentro de você e você 
chupava meus dedos. Oh, Deus — geme. Ele fecha os olhos e respira 
fundo por um momento. Então os abre e olha direto para os meus. — 
Você tem alguma ideia de quantas vezes eu me masturbei lembrando 
como você gozou naquela noite? Puta merda. A maneira como você 
chupou meus dedos... 
— Cala a boca! 
— A verdade dói, não é? — Ele faz uma pausa para sorrir para 
mim. — Você gostou. Você gostou da maneira como bati em sua 
bunda naquela noite. E dei um tapa na sua cara. E te chamei de puta 
suja. Porque você é uma putinha, não é? Você transou com todos os 
 
 
três naquele ano. E provavelmente está fodendo com todos eles de 
novo agora. Deus, se eu fosse inteligente, teria sido como Cooper e 
dividido você com meus amigos. — Ele se toca. Dá um bom aperto em 
seu pau. — E a única razão pela qual você se convenceu da alegação 
de estupro é porque não queria admitir que gostou. 
— Você é doente, sabia disso? E não escapará impune. 
Dane desliza a mão pelas calças e começa a esfregar seu 
pênis. Afasto os olhos, me recusando a dar a ele a satisfação que ele 
espera. 
— Eu farei isso, Cadee. E você assistirá. 
Reúno minha coragem e dou um passo à frente, apontando para 
a escada. Mas ele rapidamente dá um passo à frente da minha rota 
de fuga, me bloqueando, sua mão dentro da calça, ainda brincando 
consigo mesmo. 
— Você não sairá ainda, Cadee. — Sua voz é um rosnado 
gutural. Uma ameaça.— Não até que eu termine. Na verdade... — 
ele desabotoa e abre o zíper da calça, removendo seu 
pênis. Segurando-o. — Acho que quero você de joelhos. Assim como 
você estava naquela noite. Quero sua boca em volta do meu pau... 
Eu rio dele. — Vá se foder. 
— Oh, sim. Pretendo foder você. Muitas, muitas vezes. — Então 
ele ri. — Você não entende o que está acontecendo aqui? 
— Entendo que você é um criminoso sexual doente? E merece ser 
trancado para que mulheres como eu possam se sentir seguras? 
 
 
— Mulheres como você? Prostitutas, você quer dizer? 
— Estuprador — fervo. 
— Vagabunda. Você gostou. 
E então... não sei. Sinto algo mudar dentro de mim. Não falei 
com Dane desde a véspera de Ano Novo, três anos e meio atrás. Ele 
me assustou pra caralho. Me mudou. Me transformou em uma garota 
diferente. Aquela que parou de ver a beleza ao seu redor e, em vez 
disso, começou a procurar coisas escuras. 
Eu o tenho evitado todos esses anos, mas realmente nem era 
necessário. Ele não veio para o lado Prep do campus durante a última 
metade de seu último ano na High Court, e não fui para o lado da 
faculdade. Ele nunca esperou por mim em um canto ou na floresta 
escura. É como se eu nem existisse. 
Ele estava tão seguro de saber que estava a salvo de quaisquer 
acusações que eu pudesse lançar em sua direção que nem se deu ao 
trabalho de me ameaçar ou comprar meu silêncio. 
Ele certamente não está preocupado com isso agora 
também. Embora deva saber que Cooper ameaçou seu pai. Que 
Cooper tem provas de... bem, não do estupro, mas do aborto. E o fato 
de que Dane fez isso com muitas outras meninas ao longo dos anos. 
Mas algo dentro de mim muda neste momento. No eco 
persistente de suas palavras desagradáveis. 
Vagabunda. 
 
 
Prostituta. 
Não diria que foi um estalo. Não tenho nenhum desejo ardente 
de matá-lo ou qualquer coisa irracional assim. 
Mas também não deixarei que ele me intimide. 
— Saia — exijo. 
— Ei — diz ele, movendo as mãos para indicar a sala vazia. — 
Não estou atrapalhando seu caminho. 
Dou mais um passo a frente e, novamente, ele se aproxima para 
bloquear a parte inferior da escada, sua mão ainda bombeando seu 
pênis. 
— O que você fará, Cadee? Gritar? Fazer uma cena? Estou 
apenas parado aqui. Nem toquei em você. — Ele faz uma pausa para 
sorrir. — Ainda. 
— Dane? — Uma voz de mulher desce do topo da escada. Ele 
guarda o pau e abotoa as calças. — Você ainda está aí embaixo? 
— Olho para cima quando um par de pernas longas e nuas 
aparece. Então o resto da mulher aparece. Alta, magra, loira. Lábios 
vermelhos e olhos escuros. — Oh, aí está você — diz ela. 
Ela sorri para Dane assim que chega ao fim da escada e, em 
seguida, engancha o braço no dele. Eu a reconheço, mas não sei seu 
nome. Ela foi para a High Court, eu sei disso. Mas é muito mais velha 
do que eu. Seis anos, assim como Dane. Então, eu era muito jovem 
para notá-la e vice-versa. 
 
 
— Oh, olá, Cadee. Como você está? 
Aperto meus olhos para ela. — Como você sabe meu nome? 
Ela sorri para mim, então Dane. — Dane me contou tudo sobre 
você. Ele sempre aponta você quando estamos no campus. 
Olho para Dane e sinto repulsa só de pensar sobre esses dois 
discutindo sobre mim ao longo dos anos. 
— Como você a chamou, querido? Garotinha da floresta? 
— Sim — diz Dane, assobiando o s da 
palavra. — Minha garotinha da floresta. Cadee e eu éramos bons 
amigos quando ela era pequena. Não éramos, Cadee? 
— Não — digo, me sentindo mal. Ele planejou aquela noite? Eu 
era seu... alvo? 
— Então, ela concordou? — pergunta a esposa. 
— Concordei com o quê? — respondo. 
— Jantar. Você perguntou a ela, Dane? 
— Ainda não — diz ele. 
— Jantar? — bufo. — Por favor. 
A esposa inclina a cabeça para mim. — O que isso significa? 
— Não vou jantar com vocês dois. 
 
 
Ela faz beicinho. — Hmmm. — Então ela olha para Dane. — Ela 
não é uma das... 
Mas ele a interrompe. — Sim. Estávamos apenas começando, 
Elizabeth. Você pode voltar lá para cima? Ainda não terminamos. 
— Oh — rio — terminamos muito, muito mesmo, aqui, Dane. 
— E vou em direção às escadas. Não me importo que os dois estejam 
bloqueando o caminho. O que eles farão? Não me deixar passar? 
Mas então a esposa realmente me bloqueia. — Espere, querida. 
— Ela olha para Dane. Então para mim. — Você não pode tomar as 
decisões aqui. Você é a oferta. 
— O que? — Só de ouvir essa palavra fico enjoada. Porque ouvi 
essa palavra algumas vezes no verão. Não em referência a mim, mas 
a Sophie. 
— Ela ainda não foi informada, Elizabeth. Você pode subir e 
esperar por nós? Estaremos lá em breve. Cadee não quer perder seu 
grande momento. 
— Do que você está falando? 
Mas ambos me ignoram. Elizabeth olha para Dane com uma 
expressão amorosa. Nojento. Em seguida, dá um beijo na bochecha 
dele e inclina a cabeça para mim. — Nos veremos em breve. Você virá 
para o jantar. — Em seguida, ela sussurra — Você é nossa, querida 
— e pisca para mim antes de se virar e subir as escadas. 
Apenas fico olhando para suas pernas enquanto elas 
desaparecem. E nesses poucos segundos de silêncio que ela deixa 
 
 
para trás, meu coração começou a bater rapidamente. Então 
descontroladamente. Pulando e batendo. — Que tipo de merda 
doentia você... 
— Cale a boca, Cadee — late Dane. E ele não é silencioso. 
Olho para as escadas, me perguntando se alguém está lá em 
cima. Estava muito cheio quando vim aqui, mas agora parece muito... 
vazio. E me sinto muito sozinha. 
E vulnerável. 
— Boa menina — murmura Dane, caminhando em minha 
direção. 
Recuo. — Fique longe de mim. 
— Não, querida. Minha esposa está certa. Sinto muito, ninguém 
te explicou isso. Mas há uma razão pela qual deixamos você viver 
neste campus por toda a vida. Há uma razão pela qual você está aqui. 
Engulo em seco e então não consigo recuperar o fôlego. 
— E vou soletrar para você agora. — Ele fecha a distância entre 
nós. Rapidamente. E então agarra meu braço. — Não estuprei você, 
Cadee. Não posso estuprar você. Porque você é minha, querida. Você 
foi criada para mim. 
 
 
 
 
 
— Isabella — assobio uma vez que seu pai saiu. — O que diabos 
está acontecendo? 
— Do que você está falando? 
Minha voz é baixa. Não farei uma cena, passei os últimos vinte 
e um anos acompanhando essas pessoas e não farei mais isso. — 
Achei que estávamos todos na mesma página. Temos um lugar para 
morar. Não vamos nos casar. Não haverá filhos. Que história de 
merda você está alimentando-o? 
— Olhe em volta, Cooper. Não estamos no comando aqui. — Ela 
sibila suas palavras para mim, fortes e firmes. E entenda. Eu amo a 
Isabella forte. Amo. Porque ela não é assim com muita 
frequência. Ela é uma pessoa fraca que se alinha e desiste 
facilmente. Então gosto de Isabella quando ela encontra sua 
coragem. Mas sua coragem está apontada na direção errada agora. 
— Então você vai ceder. De novo. 
— Não disse isso. E foda-se você por pensar isso. Mas sei quando 
estou em menor número. E todos os outros nesta sala estão entrando 
 
 
na linha, Cooper. Está acabado. O pequeno sonho de viver nosso 
último ano de escola na pousada acabou. Estamos aqui para celebrar 
o novo dormitório Fang e Feather. Todo mundo está se mudando. 
— O que? 
— Viu? — Ela aponta o dedo para o meu rosto. — Você não tem 
ideia do que está acontecendo. 
— Então me explique. 
— Acabei de explicar. Todos nós vamos morar no campus... 
— Não. 
— Sim. Todos nós. Eles já concordaram. Fui a última 
resistência. E sabe de uma coisa? Estou cansada de lutar uma 
batalha perdida. Gostaria de estar do lado vencedor pela primeira 
vez. 
— O que você está tentando dizer? 
— Você é o lado perdedor, Cooper. Você tem estado flutuando na 
escola por três anos, sem se importar com ninguém além de você ou 
de qualquer coisa, exceto seu próprio futuro estúpido. E cansei. 
— Sério? — digo um pouco alto também. Exibindo ativamenteminha raiva. — Passei os últimos três anos apoiando você, 
Isabella. Fui seu maldito campeão. 
— E agora? 
 
 
— E agora? Estou aqui, não estou? — abaixo minha voz um 
pouco. — Dizendo para você lutar contra eles. Comigo. Porque 
podemos vencer. 
— Não podemos. 
— Temos um lugar para morar. Cadee está pagando nossa 
mensalidade... 
— Minha mensalidade foi paga ontem. 
— O que? 
— A mensalidade de todos foi paga, Cooper. Não precisamos 
dela. E de qualquer maneira, ela não é realmente uma de nós. Você 
deve saber disso. 
— Ela é uma de nós como qualquer um nesta sala. 
Isabella balança a cabeça para mim. — Você não tem ideia do 
que está falando. Você perdeu a reunião ontem à noite. 
— Que reunião? 
— Exatamente — bufa ela. — Você provavelmente estava muito 
ocupado transando com ela para se importar que o resto de nós 
lidasse com uma merda séria. 
Estou prestes a perder a calma e começar a gritar com ela 
quando uma cadeira raspa no chão. E quando olho através da sala, 
vejo Ax se levantando, apontando o dedo para seu pai. 
Porra. 
 
 
Eu me levanto – terminei com Isabella – e vou para Ax. — O que 
está acontecendo? 
Seu pai também está de pé agora. E embora Ax seja muito alto 
e largo, seu pai se eleva sobre ele. Ele é uma ameaça iminente. 
— Ax. — Minha voz é baixa e uniforme. Mas todo mundo olha 
para nós. — O que está acontecendo? 
— Esse idiota é o que está acontecendo. — A voz de Ax também 
é baixa e uniforme. E estou orgulhoso dele por isso. Seu pai é um 
gatilho e Ax quase sempre puxa e atira quando eles lutam. Mas agora 
ele está calmo e focado. — Não vou me mudar. Não vou mudar para 
o campus. E não quero um único centavo do seu dinheiro. 
Obrigado, porra. Pelo menos uma pessoa está seguindo o roteiro. 
— Sua mensalidade não está paga — diz o Juiz. E caramba, 
aquele homem é assustador pra caralho. Sua voz é grave. Como o 
rosnado baixo de um predador prestes a atacar. — Você terminou 
aqui, filho. Sugiro que empacote suas coisas e 
saia. Rapidamente. Silenciosamente. E você não tem escolha... 
O telefone de Ax toca com uma mensagem, interrompendo o 
Juiz. 
Ax tira o telefone do bolso, olha para a tela e depois olha para o 
pai para rir. — Foda-se, pai — sussurra. — Minha mensalidade 
acabou de ser paga. E não preciso morar no campus. Nós temos uma 
casa. 
O rosto de seu pai fica vermelho. 
 
 
Mas Ax o ignora. Ele se vira e começa a sair. 
Eu o sigo. — Aonde vamos? 
— A mensagem era do escritório da tesouraria. Cadee acabou de 
pagar minha mensalidade. O que significa que ela está lá 
embaixo. Precisamos encontrá-la. — Ele para e olha para mim. — E 
não podemos perdê-la de vista. Nunca. 
— Por quê? 
— Vamos buscá-la e explicarei. 
Quando descemos para o nível inferior, há uma corda de veludo 
vermelho bloqueando as escadas para o porão, e quem está parado 
na frente dela? Minha maldita cunhada, Elizabeth. Esposa de Dane. 
Ela estende o braço na frente da escada, tentando nos impedir 
de contornar a corda. — Vocês não podem descer lá. 
— Sai da minha frente, porra, Elizabeth. 
E então eu ouço. A voz de Cadee. E a de Dane também. 
Empurro Elizabeth para o lado e Ax e eu descemos as escadas 
três degraus de cada vez. Quando chego ao fundo, vejo Dane a apenas 
alguns centímetros de Cadee. 
E então vejo a mão dele segurando o braço dela com tanta força 
que a pele dela fica branca. 
 
 
— Fique longe dela. — Cubro a distância entre Dane e pulo da 
escada. Coloco minha mão no braço de Dane, quebrando seu controle 
sobre ela, então me coloco na frente dela. 
Ax está bem perto de mim. E agora ele e seu pai mudaram de 
lugar e é Ax que paira sobre Dane. Imponente e ameaçador, mas 
também protetor e desafiador. — Toque-a novamente — sussurra Ax 
— E vou quebrar esse braço ao meio. 
Dane ri. E quero dar um soco nele. Mas é exatamente o que ele 
quer. Uma coisa é começar uma briga na mansão, em 
particular. Outra bem diferente é fazer isso em público. — Vocês 
realmente são tão estúpidos, não são? Digo — bufa um pouco de ar 
— Entendo. Você é o grande e mau Ax. Tudo é uma briga com você. E 
você também vence. — Dane encolhe os ombros. — Então, eu 
entendo. Entendo por que você acha que pode sair dessa situação com 
um soco. E você. — Dane olha para mim. — Você é legal, 
Cooper. Alheio a tudo que acontece ao seu redor. Mesmo quando está 
bem na frente do seu rosto. 
Ele olha para Cadee. 
— Toque-a novamente — digo com os dentes cerrados — e 
mostrarei seus segredos ao mundo. Vou expor você como o estuprador 
que é. 
Dane dá uma gargalhada. Tipo, literalmente joga a cabeça para 
trás e solta uma gargalhada para o teto. E quando olha para mim 
novamente, seus olhos azuis estão brilhantes com... o quê? Que cara 
é essa? Confiança? Segurança? 
 
 
Não. Esse olhar é poder. 
E isso me paralisa por um momento. Ax também, eu 
acho. Porque ele fica quieto. 
Então, quando meu irmão Dane sussurra suas próximas 
palavras, nós o ouvimos alto e claro. 
— Você não entende, irmãozinho? Não há segredos. Todo mundo 
sabe. E vocês três podem fugir o quanto quiserem. — Ele aponta o 
dedo para o teto. — Mas não podem parar o que está acontecendo lá 
em cima. E se eu fosse vocês, gostaria de ouvir todas essas 
notícias. Porque ditará como o resto da vida de vocês se desenrolará. 
Então ele se vira e volta a subir as escadas. 
 
 
 
 
 
Nós três assistimos Dane desaparecer escada acima. Então 
esperamos mais alguns segundos, apenas para ter certeza de que ele 
realmente se foi. 
Tanto Ax quanto Cooper se voltam para mim. 
— Você está bem? — pergunta Cooper. 
Assim como Ax diz — Vou matar aquele filho da puta. 
— Estou bem. — Respiro fundo para acalmar meu 
coração. Ainda está acelerado dentro do meu peito enquanto tento 
alcançar meu cérebro e aceitar que a ameaça acabou. 
— O que ele queria? — pergunta Cooper. 
Balanço a cabeça. — Não sei. Ele disse coisas muito 
estranhas. E do que ele está falando? O que está acontecendo lá em 
cima? 
— Previsivelmente, todos os malditos candidatos cederam — diz 
Ax. 
 
 
— Não apenas os candidatos — acrescenta Cooper. — Isabella e 
eles também. Todo mundo cedeu. Eles não voltarão para a pousada, 
Cades. 
— Bem, não estou surpresa — digo. — Tentei pagar a 
mensalidade de todos e todas foram pagas. — Então olho para Ax. — 
Exceto a sua. Eu paguei. E a minha também. 
— A minha? — pergunta Cooper. 
— Paga, Coop. — Encolho os ombros. — E quando perguntei 
quem pagou, a caixa disse que você não paga mensalidade. Nunca 
pagou. 
— Hmm — diz Cooper, pensando nisso. 
— Mas o que mais está acontecendo lá em cima? — pergunto. — 
Porque Dane parecia pensar que... — Deus, nem sei como explicar. — 
E a esposa dele — estremeço. — Ela é assustadora. Eles disseram... 
— Preciso parar e me convencer de que realmente ouvi o que 
disseram. 
— Eles disseram o quê? — pergunta Cooper. 
— Disseram que pertenço a eles, Cooper. Que fui... criada para 
eles? O que diabos isso significa? 
Seu rosto fica branco. — Não sei. 
Baixo minha voz para o caso de alguém estar ouvindo. Não quero 
que essa parte seja ouvida. — Você está mentindo. Você sabe. Você 
 
 
esteve naquela tumba. O que aconteceu lá? Por que eles chamam 
Sophie de oferta? O que diabos está acontecendo aqui? 
— Não sei — insiste Cooper. 
Estou prestes a atacá-lo quando Ax diz — Ele não está mentindo, 
Cadee. Eles não nos dizem nada até depois de nos formarmos. Não 
sabemos mais do que você, provavelmente. Quer dizer, nós vimos o 
interior — estremece. — E não vou mentir, é uma loucura. Mas 
quanto ao que eles realmente fazem lá? Não sabemos. Não 
saberemos até terminarmos a iniciação e isso acontece quando nos 
formamos. Mas meu pai disse algumas coisas muito doentias uma 
vez. — Ax olha para Cooper, não para mim. O que é revelador. 
— Era sobre eu ser a oferta? 
Ax direciona seu olhar para mim agora. — Sim. Então eu acho... 
— ele faz uma pausa

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