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DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS Jardel Freitas - jun/2022 TIPOS DE AVE Tipo Causas Sintomas Recuperação Isquêmico (87%) Trombose de grandes artérias; Trombose de pequenas artérias penetrantes; Embolia cardiogênica; Criptogênica (nenhuma causa conhecida). Dormência ou fraqueza da face, braço ou perna, particularmente em um dos lados do corpo. Estabiliza-se habitualmente em 6 meses . Hemorrágico (13%) Hemorragia intracerebral Hemorragia subaracnóidea Aneurisma cerebral Malformação arteriovenosa. Cefaleia explosiva Nível de consciência diminuído. Mais lenta, estabiliza-se habitualmente com cerca de 18 meses. PIC: A abóbada craniana rígida contém tecido encefálico (1.400 g), sangue (75 mℓ) e LCS (75 mℓ). O volume e a pressão desses três componentes encontram-se habitualmente em um estado de equilíbrio e produzem a PIC. Em geral, a PIC é medida nos ventrículos laterais, sendo a pressão normal de 0 a 10 mmHg, com 15 mmHg como limite superior da normalidade. AVE Isquêmico Um AVE isquêmico, antes denominado doença vascular encefálica ou “ataque cerebral”, refere-se a uma perda súbita da função em consequência da ruptura do suprimento sanguíneo para determinada parte do encéfalo. Os AVEs isquêmicos são subdivididos em cinco tipos diferentes, com base em sua causa: trombóticos em artérias de grande calibre (20%), trombóticos em pequenas artérias penetrantes (25%), embólicos cardiogênicos (20%), criptogênicos (30%) e outros (5%). O fluxo sanguíneo cerebral normal é de 50 a 55 mL/100g de cérebro por muito. Uma interrupção do fluxo sanguíneo encefálico desencadeia uma complexa série de eventos metabólicos e inflamatórias celulares, conhecidos como cascata isquêmica: o fluxo sanguíneo cerebral diminui para menos de 25mℓ /100g de sangue por minuto. Nesse ponto, os neurônios não são mais capazes de manter a respiração aeróbica. As mitocôndrias precisam passar para a respiração anaeróbica, que produz grandes quantidades de ácido lático, causando alteração no pH. Essa mudança para a respiração anaeróbica menos eficiente também torna o neurônio incapaz de produzir quantidades suficientes de trifosfato de adenosina (ATP) para preservar os processos de despolarização. As bombas da membrana que mantém o equilíbrio eletrolítico começam a falhar, e as células param de funcionar. No início da cascata, há uma área de baixo fluxo sanguíneo cerebral, conhecida como região de penumbra, em torno da área do infarto, a qual consiste em tecido encefálico isquêmico, que pode ser recuperado com intervenção no momento apropriado. Uma pessoa geralmente perde 1,9 milhão de neurônios a cada minuto no AVE não tratado, e o encéfalo isquêmico envelhece 3,6 anos a cada hora sem tratamento. Manifestações clínicas: Parestesia e paresia da face, do braço ou da perna, particularmente em um lado do corpo; Confusão ou alteração do estado mental; Afasia e Disartria e dificuldade de compreender a fala; Hemianopsia; Ataxia e/ou Apraxia, tontura ou perda do equilíbrio ou da coordenação; Cefaleia intensa e súbita. Diagnóstico: O exame complementar inicial para o AVE consiste habitualmente em uma tomografia computadorizada (TC) sem contraste, a qual deve ser realizada em 25 minutos ou menos após a chegada do paciente no serviço de emergência para determinar se o evento é isquêmico ou hemorrágico. A investigação diagnóstica adicional para o AVE isquêmico envolve a tentativa de identificar a fonte dos trombos ou êmbolos. Os exames-padrão consistem em um eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações e em uma ultrassonografia das carótidas. Outros exames podem incluir angiotomografia computadorizada ou perfusão por TC; ressonância magnética (RM) e angiorressonância magnética dos vasos encefálicos e do pescoço; Escala de Cincinnati Desvio da rima labial quando sorrir; Alteração motora ao levantar os braços; Dificuldade de falar; Escala de Cincinnati: é a escala de avaliação do AVC pré-hospitalar. Um sinal positivo representa a chance de 72% de ser um AVC e se os três forem positivos a chance de ser um AVC é de 85% (SAMU, 2016). Existe também a escala de acidente vascular encefálico de National Institutes of Health, utilizada intrahospitalar. A mesma avalia: nível de consciência; capacidade de obedecer a comandos; linguagem; função ocular motora e sensitiva; paralisia facial e de MMSI; Fatores de risco: Apneia do sono; Consumo excessivo de bebidas alcoólicas; Diabetes melito (associado à aterogênese acelerada); Dislipidemia; Enxaqueca; Estados hipercoaguláveis; Estenose assintomática da carótida; Fibrilação atrial; Hipertensão arterial (o controle da hipertensão arterial, o principal fator de risco, é essencial para a prevenção do AVE); Obesidade; Sedentarismo Tabagismo. Ataque isquêmico transitório (AIT): é um déficit neurológico, geralmente com 1 a 2 horas de duração. O AIT manifesta-se por perda súbita das funções motora, sensorial ou visual. Os sintomas resultam da isquemia temporária (comprometimento do fluxo sanguíneo) de uma região específica do encéfalo; entretanto, quando são realizados exames de imagem do encéfalo, não há sinais de isquemia. O AIT pode servir como alerta de AVE iminente. Cerca de 15% de todos os casos de AVE são precedidos de AIT. Manejo: Os medicamentos inibidores das plaquetas, incluindo o ácido acetilsalicílico, o dipiridamol de liberação prolongada mais ácido acetilsalicílico e o clopidogrel, diminuem a incidência de infarto cerebral em pacientes que sofreram AIT e AVE em consequência de causas embólicas ou trombóticas suspeitas. Terapia trombolítica: O rt-PA recombinante é um tipo de rt-PA (é uma substância trombolítica produzida naturalmente pelo corpo) obtido por engenharia genética (Ateplase). Atua por meio de sua ligação à fibrina e conversão do plasminogênio em plasmina, que estimula a fibrinólise do coágulo. O rápido diagnóstico de AVE e a instituição da terapia trombolítica (em 3 horas) em pacientes com AVE isquêmico levam à diminuição no tamanho do AVE e à melhora global do resultado funcional após 3 meses. A meta consiste na administração de rt-PA por via intravenosa no intervalo de 60 minutos após a chegada do paciente (Brunner, 2020). Na possibilidade, iniciar a infusão do rtPA dentro de 4 a 5 horas do início dos sintomas. Para isso, o horário do início dos sintomas deve ser precisamente estabelecido. Caso os sintomas sejam observados ao acordar, deve-se considerar o último horário no qual o paciente foi observado normal (SAMU, 2016). A dose de rt-PA é de 0,9 mg/kg, com dose máxima de 90 mg. São administrados 10% da dose calculada como bolus IV durante 1 minuto. A dose remanescente (90%) é administrada por via intravenosa durante 1 hora por meio de uma bomba de infusão (Brunner, 2020). Um exemplo de protocolo padrão seria obter os sinais vitais a cada 15 minutos nas primeiras 2 horas, a cada 30 minutos nas 6 horas seguintes e, em seguida, a cada hora até 24 horas após o tratamento. A pressão arterial deve ser mantida com uma pressão sistólica inferior a 180 mmHg e uma pressão diastólica abaixo de 105 mmHg. Critérios de elegibilidade para terápica com rt-PA - Idade ≥ 18 anos; - Diagnóstico clínico de AVE isquêmico; - O tempo do início do AVE conhecido é inferior a 3 horas antes do tratamento (4 a 5 horas pelo MS); - Pressão arterial sistólica ≤ 185 mmHg; diastólica ≤ 110 mmHg; - Ausência de convulsão no início do AVE; - Tempo de protrombina ≤ 15 segundos ou razão normalizada internacional ≤ 1,7; - Não recebeu heparina nas últimas 48 horas com tempo de tromboplastina parcial prolongado; - Contagem de plaquetas ≥ 100.000/mm3; - Glicose > 50 mg/dl; - Ausência de sangramento gastrintestinal ou urinário nos últimos 21 dias; - Não ser gestante; - Ausência de hemorragia intracraniana, neoplasia, malformação arteriovenosa ou aneurisma. Em pacientes que não podem receber rt-PA possuem outras alternativas de tratamentos, que inclui a administração de anticoagulantes (heparina intravenosa ou heparina de baixo peso molecular). AVE Hemorrágico A hemorragia intracerebral primária em consequência de umaruptura espontânea de pequenos vasos é responsável por aproximadamente 80% dos casos de AVE hemorrágico e é motivada principalmente pela hipertensão não controlada. Outra causa comum de hemorragia intracerebral primária no indivíduo idoso é a angiopatia amiloide cerebral, que envolve uma lesão causada pelo depósito de proteína beta-amiloide nos vasos sanguíneos de pequeno e de médio calibre do encéfalo. A hemorragia intracerebral secundária está associada a malformações arteriovenosas (MAVs), aneurismas intracranianos, neoplasias intracranianas ou determinados medicamentos. Ocorrem sintomas quando a hemorragia primária, o aneurisma ou a MAV exerce pressão sobre os nervos cranianos ou o tecido encefálico adjacentes, ou, de maneira mais dramática, quando o aneurisma ou a MAV sofre ruptura, causando hemorragia subaracnóidea. O metabolismo encefálico normal é interrompido pela exposição do encéfalo ao sangue; pelo elevação da PIC em consequência da súbita entrada de sangue dentro do espaço subaracnóideo, que comprime e lesiona o tecido encefálico; ou por isquemia secundária do encéfalo, em consequência de redução da pressão de perfusão e do vasospasmo que frequentemente acompanham a hemorragia subaracnóidea. Aneurisma cerebral: O aneurisma intracraniano (cerebral) consiste em uma dilatação das paredes de uma artéria cerebral, que se desenvolve em consequência da fraqueza da parede arterial. A causa dos aneurismas não é conhecida, embora haja pesquisas em andamento. O aneurisma pode ser decorrente de aterosclerose, que resulta em um defeito da parede do vaso, com fraqueza subsequente da parede; de um defeito congênito da parede do vaso, doença vascular hipertensiva; de traumatismo cranioencefálico; ou de idade avançada. Não é rara a ocorrência de múltiplos aneurismas cerebrais. Hemorragia subaracnóidea: Pode ocorrer hemorragia subaracnóidea em consequência de MAV, aneurisma intracraniano, traumatismo ou hipertensão. As causas mais comuns consistem em aneurisma extravasante na área do círculo de Willis e MAV congênita do encéfal. Manifestações clínica: O paciente consciente relata mais comumente a ocorrência de cefaleia intensa. Náuseas ou vômitos, alteração precoce e súbita do nível de consciência e, possivelmente, convulsões. A ruptura de aneurisma ou MAV produz habitualmente cefaleia súbita e extremamente intensa e, com frequência, perda da consciência por um período variável. Podem estar presentes dor e rigidez da parte posterior do pescoço (rigidez da nuca) e da coluna vertebral, em decorrência de irritação meníngea. Ocorrem distúrbios visuais (perda visual, diplopia, ptose) se o aneurisma for adjacente ao nervo oculomotor. Além disso, pode haver zumbidos, tontura e hemiparesia. As complicações imediatas do AVE hemorrágico consistem em hipoxia cerebral, diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e extensão da área de lesão. Vasoespasmo: O mecanismo responsável pelo vasospasmo não está bem esclarecido; todavia, está associado a quantidades crescentes de sangue nas cisternas subaracnóideas e nas fissuras cerebrais, como visualizado na TC. O monitoramento à procura de vasospasmo pode ser realizado pelo uso de ultrassonografia transcraniana com Doppler ou angiografia cerebral de acompanhamento à cabeceira do leito. O vasospasmo ocorre mais frequentemente entre 7 e 10 dias após a hemorragia inicial, quando o coágulo sofre lise. Provoca resistência vascular elevada, o que impede o fluxo sanguíneo cerebral e causa isquemia e infarto cerebrais. Os sinais e sintomas observados refletem as áreas do encéfalo envolvidas. Com frequência, o vasospasmo é anunciado por agravamento da cefaleia, diminuição do nível de consciência (confusão mental, letargia e desorientação) ou déficit neurológico focal recente (afasia, hemiparesia). Com base na teoria de que o vasospasmo seja causado por um influxo aumentado de cálcio na célula, a terapia farmacológica pode ser usada para antagonizar essa ação e impedir ou reverter a ação do vasospasmo. O nimodipino é o bloqueador de canais de cálcio mais estudado para a prevenção do vasospasmo na hemorragia subaracnóidea. PIC Elevada: Uma elevação da PIC pode suceder um AVE isquêmico ou hemorrágico; todavia, quase sempre ocorre após uma hemorragia subaracnóidea, habitualmente por causa do distúrbio da circulação do LCS causado pela presença de sangue nas cisternas basais. Pode-se efetuar drenagem dos LCS por meio de cateter ventricular ou administrar manitol para reduzir a PIC. O manitol retira água do tecido encefálico por osmose e diminui a água corporal total por meio de diurese. Outras intervenções podem incluir elevação da cabeceira do leito até 30°, prevenção de hiperglicemia e hipoglicemia, sedação e uso de soro fisiológico hipertônico em variadas concentrações. Reflexo de Cushing: é observado quando o fluxo sanguíneo cerebral diminui significativamente. Quando isquêmico, o centro vasomotor deflagra a elevação da pressão arterial, no esforço de superar a PIC elevada. Uma resposta mediada pelo sistema simpático causa elevação da pressão arterial sistólica (PAS), com alargamento da pressão do pulso e alentecimento cardíaco. Essa resposta é observada clinicamente como elevação dos níveis de PAS, alargamento da pressão diferencial e alentecimento reflexo da frequência cardíaca. Trata-se de um sinal tardio, que exige intervenção imediata; todavia, a perfusão pode ser recuperável se a resposta de Cushing for tratada rapidamente. Tríade de Cushing: Bradicardia, Hipertensão e Bradipnéia e/ou alteração da FR. Diagnóstico: Qualquer paciente com suspeita de AVE deve se submeter a uma TC ou RM para definir tipo de AVE, tamanho e localização do hematoma e presença ou ausência de sangue no ventrículo e de hidrocefalia. Como o AVE hemorrágico é uma emergência, normalmente uma TC é obtida em primeiro lugar, pois pode ser realizada com rapidez. Fatores de risco: HAS, idade avançada, sexo masculino, determinadas etnias (latina, afrodescendente e japonesa) e consumo moderado ou excessivo de álcool. Complicações: As possíveis complicações do AVE hemorrágico consistem em sangramento recorrente ou expansão do hematoma; vasospasmo cerebral, resultando em isquemia cerebral; hidrocefalia aguda, que ocorre quando o sangue livre obstrui a reabsorção do líquido cerebrospinal (LCS) pelas vilosidades aracnóideas; e convulsões. Manejo Clínico: O manejo pode consistir em repouso no leito com sedação, a fim de evitar a agitação ou o estresse, manejo do vasospasmo e tratamento clínico ou cirúrgico para impedir novo sangramento. Quando o sangramento é causado por anticoagulação com varfarina, a INR pode ser corrigida com plasma fresco congelado e vitamina K.A hiperglicemia também deve ser tratada, e evita-se a hipoglicemia. Dispositivos de compressão pneumática intermitente devem ser utilizados com início no primeiro dia de hospitalização para prevenir a TVP. Se o paciente ainda estiver imóvel 1 a 4 dias após o início da hemorragia, e a interrupção do sangramento for documentada, podem ser prescritos medicamentos para a prevenção da TVP. Manejo Cirurgico: Em muitos casos, a hemorragia intracerebral primária não é tratada cirurgicamente. Entretanto, se o paciente apresentar sinais de agravamento no exame neurológico, PIC elevada ou sinais de compressão do tronco encefálico, recomenda-se, então, a evacuação cirúrgica para o paciente com hemorragia cerebelar. A evacuação cirúrgica é mais frequentemente realizada por meio de craniotomia. As complicações pós-operatórias são raras, porém podem ocorrer. As possíveis complicações incluem sintomas psicológicos (desorientação, amnésia, síndrome de Korsakoff [distúrbio caracterizado por amnésia, psicose, desorientação, delirium, insônia, alucinações, alterações da personalidade]), embolização intraoperatória ou ruptura de artéria, oclusão pós-operatória da artéria, distúrbios hidreletrolíticos (em consequência da disfunção do sistema neuro-hipofisário) e sangramento gastrintestinal. Lesão Medular Espinal A lesão da medula espinal (LME), ou lesão raquimedular,consiste no comprometimento da medula espinal, da coluna vertebral, dos tecidos moles de sustentação ou dos discos intervertebrais, causado por traumatismo. Os fatores de risco predominantes para a LME incluem idade mais jovem, sexo masculino e consumo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas. O dano na LME varia desde concussão transitória (da qual o paciente se recupera por completo) até contusão, laceração e compressão do tecido da medula espinal (isoladamente ou em combinação) e transecção (ruptura) completa da medula espinal (tornando o paciente paralisado abaixo do nível da lesão). As vértebras envolvidas com mais frequência são a quinta, a sexta e a sétima vértebras cervicais (C5-C7), a 12 a vértebra torácica (T12) e a 1 a vértebra lombar (L1). Essas vértebras são mais suscetíveis, visto que existe maior amplitude de mobilidade nessas áreas da coluna vertebral. Manifestações clinicas: As manifestações da LME dependem do tipo e do nível da lesão. O tipo de lesão refere-se à extensão da lesão na própria medula espinal. Lesão completa da medula espinal implica perda da comunicação sensitiva e motora voluntária entre o encéfalo e a periferia do corpo, resultando em paraplegia ou tetraplegia. Na lesão incompleta da medula espinal, esta conserva alguma capacidade de transmitir mensagens do encéfalo para a periferia e vice-versa. As fibras sensitivas e/ou motoras são preservadas abaixo da lesão. As lesões são classificadas de acordo com a área da lesão da medula espinal: central, lateral, anterior ou periférica. Classificação: - Síndrome Medular Central: Características: décits motores (nos membros superiores em comparação com os membros inferiores; a perda sensorial varia, porém é mais pronunciada nos membros superiores); a disfunção intestinal/vesical é variável ou pode haver preservação completa da função; Causa: lesão ou edema da região central da medula espinal, geralmente na área cervical. Pode ser causada por lesões por hiperextensão. - Síndrome Medular Anterior: Características: perda da sensação de dor e temperatura e da função motora abaixo do nível da lesão; as sensações de toque leve, posição e vibração permanecem intactas; Causa: a síndrome pode ser causada por herniação de disco aguda ou por lesões em consequência de hiperextensão associadas à fratura/luxação de vértebras. Pode também ocorrer em consequência de lesão da artéria espinal anterior, que supre os dois terços anteriores da medula espinal. - Síndrome Medular Lateral (Síndrome de Brown-Squard): Características: observa-se a ocorrência de paralisia ou paresia ipsilateral, juntamente com perda ipsilateral de tato, pressão e vibração e perda contralateral da sensação de dor e temperatura; Causa: a lesão é causada por hemissecção transversa da medula espinal (ocorre transecção de metade da medula espinal em sentido norte para sul), geralmente em consequência de lesão por arma branca ou por projétil, fratura/luxação de um processo articular unilateral ou, possivelmente, ruptura de disco aguda. A disfunção respiratória está relacionada com o nível da lesão. Os músculos que contribuem para a respiração são o diafragma (C4), os músculos intercostais (T1-T6) e abdominais (T6-T12). As lesões de C4 ou acima desse nível (provocando paralisia do diafragma) exigem, com frequência, suporte ventilatório, porque insuficiência respiratória aguda é uma causa importante de morte. Lesões de T12 e acima desse nível terão impacto na função respiratória. Comprometimento funcional de acordo com o nível da lesão: Nível da lesão Função Sensoriomotora Segmentar Mobilidade C1 Pouca ou nenhuma sensação ou controle da cabeça e dopescoço; nenhum controle do diafragma; exige ventilação contínua. Limitada. Cadeira de rodas elétrica controlada pela voz ou por aspiração e sopro. C2-C3 Sensação da cabeça e do pescoço; algum controle do pescoço; independente da ventilação mecânica por curtos períodos de tempo. Mesma de C1. C4 Boa sensação da cabeça e do pescoço e controle motor; alguma elevação do ombro; movimento do diafragma. Limitada à cadeira de rodas elétrica controlada por voz, boca, cabeça, queixo ou ombro. C5 Controle total da cabeça e do pescoço; força no ombro; extensão do cotovelo . Cadeira de rodas elétrica ou manual modificada; necessita de assistência para transferência. C6 Ombro totalmente inervado; extensão e dorsiexão do punho. Independente nas transferênciase na cadeira de rodas. C7-C8 Extensão total do cotovelo; extensão plantar do punho; algum controle dos dedos. Independente; cadeirade rodas manual. T1-T5 Controle total das mãos e dos dedos; uso dos músculos intercostais e torácicos. Independente; cadeira de rodas manual . T6-T10 Controle dos músculos abdominais,equilíbrio parcial Independente; cadeirade rodas manual. a bom com os músculos do tronco. T11-L5 Flexores do quadril, abdutores do quadril (L1-L3); extensão do joelho (L2-L4); extensão do joelho e dorsiflexão do tornozelo (L4-L5). Deambulação por distância curta a longa com assistência S1-S5 Controle total de perna, pé e tornozelo; inervação dos músculos perineais para funções intestinal, vesical e sexual (S2-S4). Deambulação independente, com ou sem assistência. Choque Espinal: Os músculos inervados pela parte do segmento da medula espinal abaixo do nível da lesão estão sem sensação, paralisados e flácidos, e os reflexos estão ausentes. Os níveis tensionais podem cair e o paciente apresentar bradicardia. Estudos sugerem que hipotensão e choque podem lesionar ainda mais a medula espinal, e que a pressão arterial média (PAM) deve ser mantida em 85 mmHg (ou acima) durante a fase hiperaguda. Choque Neurogênico: desenvolve-se em consequência da perda da função do sistema nervoso autônomo abaixo do nível da lesão. Os órgãos vitais são afetados, causando diminuição da pressão arterial, da frequência cardíaca e do débito cardíaco, bem como acúmulo venoso nas extremidades e vasodilatação periférica. Além disso, o paciente não transpira nas porções paralisadas do corpo, visto que a atividade simpática está bloqueada; por conseguinte, é necessária uma observação rigorosa para a detecção precoce de início abrupto de febre. No caso das lesões da medula espinal cervical e torácica superior, a inervação dos principais músculos acessórios da respiração é perdida, e surgem problemas respiratórios. Tais problemas consistem em diminuição da capacidade vital, retenção das secreções, níveis aumentados de pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2) e diminuição dos níveis de oxigênio, insuficiência respiratória e edema pulmonar. Disreflexia autonoma: também conhecida como hiper-reflexia autônoma, é uma emergência aguda que comporta risco à vida e que ocorre em consequência de respostas autônomas exageradas a estímulos inofensivos para pessoas que não sofreram LME. Ocorre somente após resolução do choque espinal. Caracteriza-se por cefaleia pulsátil intensa com hipertensão paroxística, sudorese profusa acima do nível espinal da lesão (mais frequentemente na fronte), náuseas, congestão nasal e bradicardia. Ocorre entre pacientes com lesões raquimedulares acima de T6 (o nível do fluxo de saída visceral simpático) após regressão do choque espinal. A elevação abrupta da pressão arterial sistêmica pode provocar hemorragia retiniana, acidente vascular encefálico, infarto do miocárdio ou crises convulsivas. Diversos estímulos podem desencadear esse reflexo: bexiga distendida (que constitui a causa mais comum); distensão ou contração dos órgãos viscerais, particularmente do intestino (em consequência de constipação intestinal, impactação); ou estimulação da pele (estímulos táteis, dolorosos, térmicos, lesão por pressão). Diagnóstico: Em geral, são realizadas inicialmente, radiografias diagnósticas (de coluna cervical lateral) e TC. Uma RM pode ser solicitada como investigação adicional se houver suspeita de lesão ligamentosa, visto que pode haver dano significativo da medula espinal até mesmo na ausência de lesão óssea. O monitoramento eletrocardiográfico contínuopode estar indicado se houver suspeita de LME, considerando que a bradicardia e a assistolia são comuns em pacientes com lesões agudas da medula espinal. Meningite A meningite é uma inflamação das meninges, que recobrem e protegem o encéfalo e a medula espinal. As três principais causas de meningite consistem em infecções bacterianas, virais e fúngicas. É classificada em séptica ou asséptica. A meningite séptica é causada por bactérias. As bactérias Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis são responsáveis pela maioria dos casos de meningite bacteriana em adultos. Na meningite asséptica, a causa é viral ou secundária a um câncer ou o paciente apresenta um sistema imune deficiente, como no caso do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Os agentes etiológicos mais comuns são os enterovírus. Em geral, as infecções meníngeas originam-se de duas maneiras: pela corrente sanguínea, em consequência de outras infecções, ou por disseminação direta, como a que pode ocorrer depois de uma lesão traumática dos ossos faciais ou secundariamente a procedimentos invasivos. Bactérias N. meningitidis são encontradas na orofaringe e nas vias nasais de aproximadamente 10% da população geral e são transmitidas via secreções ou aerossóis. Após entrar na corrente sanguínea, o microrganismo etiológico atravessa a barreira hematencefálica e prolifera no líquido cerebrospinal (LCS). A resposta imune do hospedeiro estimula a liberação de fragmentos da parede celular e de lipopolissacarídios, facilitando a inflamação no espaço subaracnóideo e da pia-máter. Como a calvária tem pouco espaço para expansão, a inflamação pode causar elevação da pressão intracraniana (PIC). O LCS circula através do espaço subaracnóideo, no qual entram e acumulam-se materiais celulares inflamatórios do tecido meníngeo afetado. Manifestações clínicas: A cefaleia e a febre constituem, com frequência, os sintomas iniciais. A febre tende a permanecer alta durante toda a evolução da doença. A cefaleia costuma ser constante ou pulsátil e muito intensa, em consequência da irritação meníngea. A irritação meníngea resulta em vários outros sinais bem reconhecidos, que são comuns a todos os tipos de meningite: - Imobilidade do pescoço (rigidez meningea): o pescoço rígido e doloroso (rigidez da nuca) pode constituir um sinal precoce, e qualquer tentativa de flexão da cabeça é difícil, devido aos espasmos nos músculos do pescoço. - Sinal de Kernig positivo: quando o paciente está deitado com a coxa em flexão sobre o abdome, a perna não pode ser estendida por completo. Quando o sinal de Kernig é bilateral, deve-se suspeitar de irritação meníngea. - Sinal de Brudzinski positivo: quando o pescoço do paciente está flexionado (após ter excluído a possibilidade de traumatismo ou lesão cervical), efetua-se a flexão dos joelhos e dos quadris; quando o membro inferior de um lado é flexionado passivamente, observa-se um movimento semelhante no membro oposto. Em comparação com o sinal de Kernig, o sinal de Brudzinski constitui um indicador mais sensível de irritação meníngea. - Fotofobia: este achado é comum em decorrência da irritação meníngea, especialmente em torno do diafragma da sela. - Um exantema cutâneo pode ser uma característica notável da infecção por N. meningitidis, ocorrendo em cerca de 50% dos pacientes com esse tipo de meningite. Surgem lesões cutâneas, que incluem desde uma erupção petequial com lesões purpúricas até grandes áreas de equimose. Podem ocorrer convulsões, que resultam de áreas de irritabilidade no encéfalo. A PIC elev-se em consequência do edema cerebral difuso ou da hidrocefalia. Os primeiros sinais de elevação da PIC incluem redução do nível de consciência (NDC) e déficits motores focais. Se a PIC não for controlada, o unco do lobo temporal pode herniar através do tentório, causando pressão sobre o tronco encefálico. Diagnóstico: Se a apresentação clínica sugerir meningite, são realizados exames complementares para identificar o microrganismo etiológico. A tomografia computadorizada (TC) é usada para detectar um deslocamento do conteúdo encefálico (que pode levar à herniação) antes de uma punção lombar em pacientes com alteração do NDC, papiledema, déficits neurológicos, convulsões de início recente, estado imunocomprometido ou história de doença do sistema nervoso central (SNC). A cultura bacteriana e a coloração de Gram do LCS e do sangue são exames complementares primordiais. Manejo clínico: A penicilina G, em combinação com uma das cefalosporinas (p. ex., ceftriaxona sódica, cefotaxima sódica), é administrada mais frequentemente por via intravenosa, de maneira ideal no período de 30 minutos após a chegada do paciente ao hospital. Foi constatado que a dexametasona é benéfica como terapia adjuvante no tratamento da meningite bacteriana aguda, bem como na meningite pneumocócica, quando administrada 15 a 20 minutos antes da primeira dose do antibiótico e a cada 6 horas, nos próximos 4 dias. Recomendação de antibioticoterapia para casos de doença meningocócica (Minietério da Saúde, 2021): Grupo Etário ATB Dose (Endovenosa) Intervalo Duração Crianças Penicilina 200.000-400.000UI /kg/dia 4 em 4 horas 5 a 7 dias Ampicilina 200-300mg/kg/dia 6 em 6 horas Ceftriaxona 100mg/kg/dia 12 em 12 horas Adultos Ceftriaxona 2g 12 em 12 horas 7 dias Abscesso cerebral O abscesso cerebral é uma coleção de material infeccioso no tecido encefálico. As bactérias constituem os microrganismos etiológicos mais comuns. Pode ocorrer abscesso em consequência de cirurgia intracraniana, traumatismo cranioencefálico penetrante e piercing na língua. Os microrganismos que provocam abscesso cerebral podem alcançar o encéfalo por disseminação hematológica a partir dos pulmões, das gengivas, da língua ou do coração, ou de uma ferida ou infecção intra-abdominal. Esclerose Multipla A EM é uma doença desmielinizante progressiva do SNC, que é imunologicamente mediada e resulta em comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos. A EM pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas o pico de idade para o seu início é entre 25 e 35 anos; afeta mais frequentemente as mulheres que os homens. Acredita-se que a EM esteja associada a muitos riscos, incluindo fatores genéticos. Contudo, não foi constatado que ela seja geneticamente transmitida. A predisposição genética é indicada pela presença de um grupo específico (haplótipo) de antígenos leucocitários humanos na parede celular. Sua presença pode aumentar a suscetibilidade a determinados fatores, como vírus, que desencadeiam a resposta autoimune ativada na EM. Não foi identificado um vírus específico capaz de desencadear a resposta autoimune. Acredita-se que o DNA no vírus possa simular a sequência de aminoácidos da mielina, resultando em reação cruzada do sistema imune na presença de um sistema imune defeituoso. Os riscos ambientais incluem tabagismo, falta de exposição à vitamina D e exposição ao vírus Epstein-Barr. Os linfócitos T e B sensibilizados atravessam a barreira hematencefálica; sua função consiste em examinar o SNC quanto à presença de antígenos e, em seguida, sair. Na EM, os linfócitos T sensibilizados permanecem no SNC e promovem a infiltração de outros agentes que causam lesão do sistema imune. O ataque do sistema imune leva à inflamação, que destrói a mielina e os oligodendrócitos que produzem mielina no SNC. Manifestações clínicas: Cerca de 85% dos pacientes com EM apresentam evolução com recidivas-remissões (RR). A cada recidiva, a recuperação costuma ser completa; no entanto, podem ocorrer déficits residuais, que se acumulam com o passar do tempo, contribuindo para o declínio funcional. Ao longo do tempo, a maioria dos pacientes com EM que apresentam evolução com RR progride para uma evolução progressiva secundária, em que ocorre progressão da doença com ou sem recidiva. Aproximadamente 15% dos pacientes exibem uma evolução progressiva primária, em que os sintomas incapacitantes aumentam de modo uniforme, com estabilização rara e melhora temporária mínima. A EM progressiva primáriapode resultar em tetraparesia, disfunção cognitiva, perda visual e síndromes do tronco encefálico. A apresentação menos comum (cerca de 5% dos casos) consiste na evolução progressivarecidivante (primária recidivante). Caracteriza-se por recidivas com progressão incapacitante contínua entre as exacerbações. EM Recidivante Remitente (RR): Ataques imprevisíveis que podem ou não deixar marcas permanentes seguidos de períodos de remissão. EM Secundária Progressiva (SP): Inicialmente EMRR que entra subitamente em declínio, sem períodos de remissão. EM Primária Progessiva (PP): Aumento estável da degeneração sem ataques. Pode resultar em tetraparesia, disfunção cognitiva, perda visual e síndromes do tronco encefálico. EM Primária Recidivante (PR): Progressão contínua desde o aparecimento, mas com ataques ocasionais. Os sinais e os sintomas da EM são variados e múltiplos, refletindo a localização da lesão (placas) ou combinação de lesões. Os principais sintomas mais comumente relatados consistem em fadiga (o principal e mais incapacitante), depressão, fraqueza, dormência, dificuldade de coordenação, perda do equilíbrio, espasticidade e dor. Os distúrbios visuais devido a lesões nos nervos ópticos ou suas conexões podem incluir visão turva, diplopia, escotoma e cegueira total. A dor é outro sintoma comum da EM que pode contribuir para o isolamento social. As lesões nas vias sensoriais provocam dor. Outras manifestações sensoriais incluem parestesias, disestesias e perda da propriocepção. Muitos indivíduos com EM necessitam de analgésicos diariamente. Em alguns casos, a dor é tratada com opioides, medicamentos anticonvulsivantes ou antidepressivos. A espasticidade (hipertonicidade muscular) ocorre em 90% dos pacientes com EM, mais frequentemente nos membros inferiores, podendo incluir perda dos reflexos abdominais. A espasticidade resulta do comprometimento das vias motoras principais (tratos piramidais) da medula espinal. O comprometimento do cerebelo e dos núcleos da base pode produzir ataxia (comprometimento na coordenação dos movimentos) e tremores. Pode ocorrer perda das conexões de controle entre o córtex e os núcleos da base, causando labilidade emocional e euforia. É comum a ocorrência de disfunção vesical, intestinal e sexual. Diagnóstico: O diagnóstico de EM baseia-se no achado de múltiplas placas no SNC, que são observadas na RM. Outros estudos reforçam o diagnóstico. A eletroforese do LCS identifica bandas oligoclonais (várias bandas de imunoglobulina G ligadas entre si, indicando anormalidade do sistema imune). Manejo clínico: Não existe cura para a EM. Indica-se um plano de tratamento individual para aliviar os sintomas do paciente e proporcionar apoio contínuo, particularmente para pacientes com alterações cognitivas, que podem necessitar de mais estrutura e apoio. A interferona beta-1a e a interferona beta-1b podem ser administradas por via subcutânea, em dias alternados. Outra preparação de interferona beta-1a pode ser administrada por via intramuscular, 1 vez por semana. O acetato de glatirâmer também reduz a frequência das recidivas na EM em evolução com RR. Esse medicamento é administrado diariamente por via subcutânea. Miastenia Gravis A miastenia gravis, um distúrbio autoimune que afeta a junção mioneural, caracteriza-se por graus variáveis de fraqueza dos músculos voluntários. Em condições normais, um impulso químico desencadeia a liberação de acetilcolina das vesículas na terminação nervosa da junção mioneural. A acetilcolina liga-se aos sítios receptores sobre a placa terminal motora e estimula a contração muscular. A ligação contínua da acetilcolina ao sítio receptor é necessária para a manutenção da contração muscular. Na miastenia gravis, anticorpos dirigidos contra os sítios receptores de acetilcolina comprometem a transmissão dos impulsos através da junção mioneural. Por conseguinte, há menor número de receptores disponíveis para a estimulação, resultando em fraqueza do músculo voluntário, que aumenta com a atividade continuada. Manifestações Clínicas: A manifestação inicial da miastenia gravis em 80% dos pacientes envolve os músculos oculares. É comum a ocorrência de diplopia e ptose (queda das pálpebras). Muitos pacientes também apresentam fraqueza dos músculos da face e da garganta (sintomas bulbares) e fraqueza generalizada. A fraqueza dos músculos faciais resulta em expressão facial inexpressiva. O comprometimento da laringe produz disfonia (alteração da voz) e disfagia, aumentando o risco de sufocação e broncoaspiração. A paresia generalizada afeta todos os membros e os músculos intercostais, resultando em diminuição da capacidade vital e insuficiência respiratór. A miastenia gravis é um distúrbio puramente motor, sem efeitos sobre a sensação ou a coordenação. Crise miastênica: é uma exacerbação do processo mórbido, que se caracteriza por paresia muscular generalizada grave e fraqueza respiratória e bulbar, que podem provocar insuficiência respiratória. A crise pode resultar da exacerbação da doença ou de um evento precipitante específico. O precipitante mais comum é a infecção respiratória; outros eventos constituem mudança do medicamento, cirurgia, gravidez e medicações que exacerbam a miastenia. É rara a ocorrência de crise colinérgica causada por dose excessiva de inibidores da colinesterase. Diagnóstico: Para estabelecer o diagnóstico de miastenia gravis, utiliza-se um teste comum com inibidor da acetilcolinesterase. É realizado pela administração de cloreto de edrofônio IV; 30 segundos depois da injeção, a fraqueza dos músculos faciais e a ptose devem desaparecer durante cerca de 5 minutos. A observação de melhora imediata da força muscular após a administração desse agente constitui um teste positivo e geralmente confirma o diagnóstico. A atropina deve estar disponível para controlar os potenciais efeitos colaterais desse medicamento, que consistem em bradicardia, assistolia, broncoconstrição, sudorese e cãibras. Manejo clínico: O manejo da miastenia gravis é direcionado para melhorar a função e reduzir e remover os anticorpos circulantes. Modalidades terapêuticas incluem administração de medicamentos anticolinesterásicos e imunossupressores, imunoglobulina intravenosa (IGIV), plasmaférese e timectomia. Não existe cura para a miastenia gravis; os tratamentos não interrompem a produção de anticorpos dirigidos contra os receptores de acetilcolina. O brometo de piridostigmina, um medicamento anticolinesterásico, constitui a terapia de primeira linha. Proporciona alívio sintomático ao inibir a degradação da acetilcolina e ao aumentar a concentração relativa de acetilcolina na junção neuromuscular. Síndrome de Guillain-Barré A síndrome de Guillain-Barré (SGB), também conhecida como polineurite idiopática aguda, é um ataque imune (celular e humora) contra a mielina dos nervos periféricos. O resultado consiste em rápida desmielinização segmentar aguda dos nervos periféricos e de alguns nervos cranianos, produzindo paresia ascendente com discinesia , hiporreflexia e parestesia. Em aproximadamente 60 a 70% dos casos, a apresentação clínica da SGB é precipitada por um evento (mais frequentemente, uma infecção viral). Os agentes infecciosos mais comumente associados ao desenvolvimento da SGB consistem em Campylobacter jejuni (implicado em 24 a 50% dos casos), citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, Mycoplasma pneumoniae, H. influenzae e HIV. A teoria mais aceita para a etiologia consiste em mimetismo molecular, em que um microrganismo infeccioso contém um aminoácido que imita a proteína da mielina dos nervos periféricos. A célula que produz mielina no sistema nervoso periférico é a célula de Schwann. Na SGB, a célula de Schwann pode ser preservada, possibilitando a remielinização na fase de recuperação da doença. Se a lesão tiver ocorrido nos axônios, é necessário então novo crescimento, que leva meses ou anos e que, com frequência, é incompleto. Manifestações clínicas: Em geral, a SGB começa com fraqueza muscular e diminuição dos reflexos dos membrosinferiores. A hiper-reflexia e a fraqueza podem progredir para a tetraplegia. A desmielinização dos nervos que inervam o diafragma e os músculos intercostais resulta em insuficiência respiratória neuromuscular. Os sintomas sensoriais consistem em parestesias das mãos e dos pés e dor relacionada com a desmielinização das fibras sensoriais. A fraqueza geralmente começa nas pernas e pode progredir em sentido ascendente. A fraqueza máxima (o platô) varia quanto à sua extensão, mas inclui habitualmente insuficiência respiratória neuromuscular e fraqueza bulbar. A SGB progride até alcançar uma gravidade máxima, geralmente observada no período de 2 semanas e antes de 4 semanas. Se a progressão for mais prolongada, o paciente é diagnosticado como portador de polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica. A desmielinização do nervo óptico pode levar à cegueira. A fraqueza muscular bulbar relacionada com a desmielinização dos nervos glossofaríngeo e vago resulta em incapacidade de deglutir ou de eliminar as secreções. A desmielinização do nervo vago provoca disfunção autônoma, que se manifesta por instabilidade do sistema cardiovascular. A apresentação é variável e pode incluir taquicardia, bradicardia, hipertensão ou hipotensão ortostática. Ocorrem sintomas de disfunção autônoma, que regridem rapidamente. A SGB não afeta a função cognitiva nem o NDC. Diagnóstico: O diagnóstico é sugerido por uma história de doença viral nas semanas anteriores. As alterações na capacidade vital e na força inspiratória negativa são avaliadas para identificar a insuficiência respiratória neuromuscular iminente. Os exames laboratoriais séricos não são úteis para o diagnóstico. Manejo clínico: Devido à possibilidade de rápida progressão e de insuficiência respiratória neuromuscular, a SGB é uma emergência médica, que pode exigir tratamento em uma unidade de terapia intensiva. Pode haver necessidade de terapia respiratória ou de ventilação mecânica para sustentar a função pulmonar e a oxigenação adequada. Alguns médicos recomendam a intubação eletiva antes do início de fadiga extrema dos músculos respiratórios. Outras intervenções têm por objetivo a prevenção das complicações da imobilidade. Podem incluir o uso de agentes anticoagulantes e botas de compressão sequencial para evitar tromboembolismo venoso (TEV), incluindo trombose venosa profunda (TVP) e EP. A plasmaférese e a IGIV são usadas para afetar diretamente os níveis de anticorpos dirigidos contra a mielina dos nervos periféricos. Doença de Parkinson A doença de Parkinson é um distúrbio do movimento neurológico, lentamente progressivo, que acaba levando à incapacidade. A doença afeta mais frequentemente os homens que as mulheres. Os sintomas costumam aparecer pela primeira vez na quinta década de vida; no entanto, foram diagnosticados casos em indivíduos com apenas 30 anos de idade. A forma degenerativa ou idiopática da doença de Parkinson é a mais comum; há também uma forma secundária de causa conhecida ou suspeita. Embora a causa da maioria dos casos não seja conhecida, as pesquisas sugerem uma combinação multifatorial de idade, ambiente e hereditariedade. A doença de Parkinson está associada a níveis diminuídos de dopamina em consequência da degeneração das células de armazenamento da dopamina na substância negra na região dos núcleos da base do encéfalo (degeneração da via nigroestriatal dopaminérgica). As fibras ou vias neuronais projetam-se da substância negra para o corpo estriado, no qual os neurotransmissores são essenciais para o controle dos movimentos complexos do corpo. Através dos neurotransmissores acetilcolina (excitatória) e dopamina (inibitória), os neurônios do estriado retransmitem as mensagens aos centros motores superiores que controlam e refinam os movimentos motores. A perda das reservas de dopamina nessa área do encéfalo resulta em mais neurotransmissores excitatórios que inibitórios, levando a um desequilíbrio que afeta o movimento voluntário. Os sintomas clínicos aparecem somente quando 60% dos neurônios pigmentados estão perdidos, e o nível de dopamina do estriado está diminuído em 80%. As células motoras do córtex motor e dos tratos piramidais não são afetadas. Manifestações clínicas: Os principais sinais são tremores, rigidez, bradicinesia/acinesia e instabilidade postural. Dois subtipos principais de doença de Parkinson ocorrem: com predominância de tremor (os pacientes não apresentam a maioria dos outros sinais/sintomas) e sem predominância de tremor (instabilidade postural e acinéticorígida). - Tremores: verifica-se a presença de tremor de repouso unilateral lento na maioria dos pacientes por ocasião do diagnóstico. O tremor de repouso geralmente desaparece com o movimento intencional e durante o sono, mas torna-se evidente quando os membros estão imóveis ou em repouso. O tremor pode manifestar-se como movimento rítmico e lento (pronação-supinação) do antebraço e da mão e movimento do polegar contra os dedos. - Rigidez: A resistência ao movimento passivo dos membros caracteriza a rigidez muscular. O movimento passivo de um membro pode fazer com que ele se mova em incrementos espasmódicos, designados como movimentos em cano de chumbo ou roda dentada. - Bradiscinesia: que se refere à lentidão global dos movimentos ativos. - Instabilidade postural: Devido à perda dos reflexos posturais, o paciente fica de pé com a cabeça inclinada para a frente e caminha com marcha propulsiva. A postura é causada pela flexão anterior de pescoço, quadris, joelhos e cotovelos. - Outras manifestações: O efeito da doença de Parkinson sobre os núcleos da base frequentemente provoca sintomas autônomos, que incluem sudorese excessiva e não controlada, salivação excessiva, rubor paroxístico, hipotensão ortostática, retenção gástrica e urinária, constipação intestinal e disfunção sexual. Com a evolução da doença, os pacientes correm risco de infecções do sistema respiratório e do sistema urinário, ruptura da pele e lesões por quedas. Diagnóstico: Na atualidade, a doença é diagnosticada clinicamente com base na história do paciente e na presença de duas das quatro manifestações clínicas principais: tremor, rigidez, bradicinesia e alterações posturais. Manejo Clínico: O tratamento é direcionado para o controle dos sintomas e a manutenção da independência funcional, visto que nenhuma abordagem clínica ou cirúrgica de uso atual impede a evolução da doença. - Farmacológico: A levodopa constitui o agente mais efetivo e a base do tratamento. A levodopa é convertida em dopamina nos núcleos da base, produzindo alívio sintomático. Com frequência, a carbidopa é acrescentada à levodopa para evitar o metabolismo da levodopa antes de alcançar o encéfalo. Os efeitos benéficos da terapia com levodopa são mais pronunciados no primeiro ano ou nos primeiros 2 anos do tratamento. - Cirúrgico: A estimulação encefálica profunda (EEP) envolve a implantação cirúrgica de um eletrodo no encéfalo, no globo pálido ou no núcleo subtalâmico. A estimulação dessas áreas pode aumentar a liberação de dopamina ou bloquear a liberação anticolinérgica, com consequente melhora do tremor e da rigidez. É possível reduzir a dose de levodopa, melhorando, assim, a discinesia. Os pacientes elegíveis para a EEP são aqueles que tiveram uma resposta à levodopa, mas que apresentam discinesia, tiveram doença durante pelo menos 5 anos e estão incapacitados pelo tremor. Convulsão As convulsões são episódios de atividades motora, sensorial, autônoma ou psíquica anormais (ou uma combinação delas), que resultam da descarga súbita e excessiva de neurônios cerebrais. Uma área localizada do encéfalo ou todo ele pode estar envolvido. A International League Against Epilepsy (ILAE) definiu a epilepsia como no mínimo duas convulsões não provocadas que ocorrem com um intervalo superior a 24 horas. A ILAE distingue três tipos principais de convulsões: crises focais, generalizadas e desconhecidas. As crises generalizadas ocorrem e recrutam rapidamente redes de distribuição bilateral. Acredita-se que ascrises focais tenham a sua origem em um hemisfério cerebral. O tipo desconhecido inclui os espasmos epilépticos. As convulsões não classificadas são assim denominadas em virtude dos dados incompletos, mas não são consideradas uma classificação. As convulsões também podem ser caracterizadas como “provocadas”, ou relacionadas a condições agudas e reversíveis, como etiologias estruturais, metabólicas, imunes, infecciosas ou desconhecidas. Classificação das Convulsões Focais Generalizadas Desconhecidas ● Motora; ● Não-Motora; ● Consciência: Consciente, comprometimento da consciência e consciência desconhecida. ● Motora; ● Ausente. ● Motora; ● Não-Motora; ● Consciência: Consciente, comprometimento da consciência e consciência desconhecida. ● Desconhecida. Definições de acordo com a ILAE (2017): A presença de comprometimento da percepção em qualquer parte da crise classifica-a como crise focal com comprometimento da percepção ou disperceptiva. As crises focais podem ser adicionalmente e opcionalmente caracterizadas de acordo com sinais e sintomas motores iniciais em: atônicas, automatismos, clônicas, espasmos epilépticos, hipercinéticas, mioclônicas ou tônicas. Crises de início não motor podem manifestar-se como alteração autonômica, sensorial, emocional, cognitiva e parada comportamental. A manifestação mais precoce é a que define o tipo de crise, que pode na sequência progredir para outros tipos de crises. As crises focais podem evoluir para crises tônico- -clônicas bilaterais. Crises generalizadas recrutam redes neuronais bilaterais desde o início. As características das crises motoras generalizadas incluem atônicas, clônicas, espasmos epilépticos, mioclônicas, mioclono-atônicas, mioclono-tônico-clônicas, tônicas e tônico-clônicas. Crises não motoras (ausências) são típicas ou atípicas, ou crises que apresentam atividade mioclônica proeminente ou mioclonias palpebrais. Crises de início desconhecido podem ter certas características permitindo sua classificação como motoras, nãomotoras, tônico-clônicas, espasmos epilépticos e parada comportamental. A causa subjacente consiste em um distúrbio elétrico nas células nervosas em uma parte do encéfalo; essas células emitem descargas elétricas anormais, recorrentes e não controladas. A convulsão característica é manifestação dessa descarga neuronal excessiva. Também podem ocorrer perda associada da consciência, excesso de movimentos ou perda do tônus muscular ou do movimento, além de distúrbios de comportamento, humor, sensação e percepção. As causas específicas das convulsões são variadas e podem ser classificadas como genéticas, devido a uma condição estrutural ou metabólica, ou as causas podem ser etiologias ainda não conhecidas. As causas incluem: 1. Doença vascular cerebral; 2. Hipoxemia de qualquer etiologia, incluindo insuficiência vascular; 3. Febre (infância); 4. HAS; 5. Infecção do SNC; 6. Condições metabólicas e tóxicas (p. ex., lesão renal, hiponatremia, hipocalcemia, hipoglicemia, exposição a pesticidas); 7. Tumor cerebral; 8. Abstinência de substâncias psicoativas e álcool etílico; 9. Alergia. Manifestações clínicas: Dependendo da localização da descarga dos neurônios, as convulsões podem incluir desde um episódio simples (crise de ausência generalizada) até movimentos convulsivos prolongados, com perda da consciência. Apenas um dedo da mão ou a mão podem agitar-se, ou a boca pode ter contrações espasmódicas descontroladas. A pessoa pode falar de modo ininteligível; pode apresentar tontura; e pode ter visões, ouvir sons, sentir odores ou sabores incomuns ou desagradáveis, porém sem perda da consciência. As crises generalizadas frequentemente envolvem os dois hemisférios cerebrais, causando reação em ambos os lados do corpo. Pode ocorrer intensa rigidez de todo o corpo, seguida de relaxamento e contração alternados dos músculos (contração tônico-clônica generalizada). As contrações simultâneas do diafragma e dos músculos torácicos podem produzir um grito epiléptico característico. A língua é frequentemente mastigada, e o paciente apresenta incontinência urinária e fecal. Depois de 1 a 2 minutos, os movimentos convulsivos começam a regredir; o paciente relaxa e entra em coma profundo, respirando ruidosamente. A respiração nesse momento é principalmente abdominal. No estado pós-ictal (após a convulsão), o paciente frequentemente está confuso, e é difícil despertá-lo, de modo que ele pode continuar dormindo por várias horas. Muitos pacientes relatam a ocorrência de cefaleia, dor muscular, fadiga e depressão. Outras convulsões generalizadas podem ser tipos de convulsões com ausência. As convulsões focais (ou parciais) são subdivididas em eventos caracterizados tanto por sintomas motores quanto não motores. Pode haver comprometimento da consciência ou percepção, ou outras disfunções cognitivas, localização e progressão de sintomas. Diagnóstico: A avaliação diagnóstica tem por objetivo determinar o tipo de convulsão, a sua frequência e gravidade e os fatores que a desencadeiam. Obtém-se uma história de desenvolvimento, incluindo eventos da gravidez e parto, à procura de sinais de lesão preexistente. O paciente também é indagado acerca de doenças ou traumatismo cranioencefálico que possam ter afetado o encéfalo. Além da avaliação física e neurológica, os exames complementares incluem exames bioquímicos, hematológicos e sorológicos. A RM é usada para detectar lesões estruturais, como anormalidades focais, anormalidades vasculares encefálicas e alterações degenerativas do cérebro. O EEG fornece evidências diagnósticas em uma proporção substancial de pacientes com epilepsia e ajuda a classificar o tipo de convulsão. A gravação de vídeo das convulsões feita simultaneamente com a telemetria EEG mostra-se útil para determinar o tipo de convulsão, bem como a sua duração e magnitude. Manejo de enfermagem: Durante uma convulsão: Uma importante responsabilidade do enfermeiro é observar e registrar a sequência dos sinais. A natureza da convulsão indica habitualmente o tipo de tratamento necessário. Antes e no decorrer de uma convulsão, o paciente é avaliado, e os seguintes itens são documentados: 1. As circunstâncias antes da convulsão (estímulos visuais, auditivos ou olfatórios; estímulos táteis; transtornos emocionais ou psicológicos; sono; hiperventilação); 2. A ocorrência de aura (sensação premonitória ou de aviso, que pode ser visual, auditiva ou olfatória); 3. A primeira coisa que o paciente faz na convulsão – onde começam os movimentos ou a rigidez, posição do olhar conjugado e posição da cabeça no início da convulsão. Essa informação fornece pistas para a localização da origem da convulsão no encéfalo (durante o registro, é importante especificar se o início da convulsão foi observado); 4. O tipo de movimentos na parte do corpo envolvida; 5. As áreas envolvidas do corpo (levantar as roupas de cama para expor o paciente); 6. O tamanho das pupilas e se os olhos estão abertos; 7. Se os olhos ou a cabeça estão voltados para um dos lados; 8. Ocorrência ou não de automatismos (atividade motora involuntária, como estalar dos lábios ou deglutição repetida); 9. Incontinência urinária ou fecal; 10. Duração de cada fase da convulsão; 11. Inconsciência, quando presente, e a sua duração; 12. Paralisia ou fraqueza muscular evidentes dos braços ou das pernas após a convulsão; 13. Incapacidade de falar depois da convulsão; 14. Movimentos no fim da convulsão; 15. Se o paciente dorme ou não depois do evento; 16. Estado cognitivo (confuso ou não confuso) após a convulsão. Depois da convulsão: O paciente corre risco de hipoxia, vômitos e aspiração pulmonar. Para evitar essas complicações, o paciente é colocado em decúbito lateral para facilitar a drenagem das secreções orais, e realiza-se a aspiração, quando necessário, para manter uma via respiratória pérvia e evitar a aspiração. As precauções contra as convulsões são mantidas, incluindo a disponibilidade de um equipamento de aspiração funcionante com cateter de aspiração e via respiratóriaoral. O leito é colocado em posição baixa, com duas a três grades laterais levantadas e acolchoadas, se necessário, para evitar lesão do paciente. O paciente pode estar sonolento e desejar dormir depois da convulsão; pode não se lembrar dos eventos que levaram à convulsão, bem como do ocorrido durante um curto período depois dela. Epilepsias A epilepsia é um grupo de síndromes caracterizadas por convulsões recorrentes não provocadas. As síndromes epilépticas são classificadas por padrões específicos de manifestações clínicas, incluindo idade de início, história familiar e tipo de convulsão. A epilepsia pode ser primária (idiopática) ou secundária (quando a causa é conhecida, e a epilepsia representa um sintoma de outra condição subjacente, como tumor cerebral). Estima-se que a epilepsia afete 3% dos indivíduos durante toda vida, e muitas formas de epilepsia ocorrem em crianças e idosos. Os avanços no tratamento dos distúrbios vasculares encefálicos, traumatismo cranioencefálico, tumores cerebrais, meningite e encefalite aumentaram o número de pacientes que correm risco de convulsões após a recuperação dessas condições. Pode ocorrer epilepsia após traumatismo do parto, asfixia neonatal, traumatismo cranioencefálico, algumas doenças infecciosas (bacterianas, virais, parasitárias), toxicidades (envenenamento por monóxido de carbono e por chumbo), problemas circulatórios, febre, distúrbios metabólicos e nutricionais ou intoxicação por substâncias psicoativas ou álcool etílico. A epilepsia também está associada a tumores, abscessos e malformações congênitas cerebrais. Quando descargas eletroquimicas neuronais anormais e descontroladas ocorrem repetidamente, a pessoa é considerada como portadora de síndrome epiléptica. A epilepsia não está associada ao nível intelectual. As pessoas que têm epilepsia sem outras incapacidades encefálicas ou do sistema nervoso enquadram-se nas mesmas faixas de inteligência que a população geral. Com frequência, as mulheres com epilepsia apresentam aumento da frequência das convulsões durante a menstruação; isso foi associado ao aumento dos hormônios sexuais que alteram a excitabilidade dos neurônios no córtex cerebral. A efetividade dos contraceptivos é diminuída pelos anticonvulsivantes. Devido à perda óssea associada ao uso prolongado de medicamentos anticonvulsivantes, as pacientes em uso de agentes anticonvulsivantes devem ser avaliadas quanto a massa óssea baixa e osteoporose. Devem ser instruídas sobre estratégias para reduzir o risco de osteoporose. Manejo clínico: Farmacológico: A terapia farmacológica controla as convulsões, em vez de curá-las. Os medicamentos são selecionados com base no tipo de convulsão que está sendo tratada e na efetividade e segurança dos medicamentos. Quando corretamente prescritos e tomados, os medicamentos controlam as convulsões em 70 a 80% dos pacientes. Todavia, 20% dos pacientes com crises generalizadas e 30% daqueles com crises focais não demonstram melhora com qualquer medicamento prescrito, ou podem não ser capazes de tolerar os efeitos colaterais das medicações. Medicamentos Anticonvulsivantes: Droga Efeitos Colaterais Efeitos Tóxicos Carbamazepina Tontura, sonolência, instabilidade, náuseas e vômitos,diplopia, leucopenia leve. Exantema cutâneo grave, discrasias sanguíneas, hepatite. Clonazepam Sonolência, alterações do comportamento, cefaleia, hirsutismo, alopecia, palpitações. Hepatotoxicidade, trombocitopenia, insu ciência da medula óssea,ataxia. Etossuximida Náuseasevômitos, cefaléia, desconforto gástrico Exantemacutâneo, discrasiasanguínea, hepatite, lúpus eritematoso sistêmico. Felbamato Comprometimento Cognitivo, insônia, náuseas, cefaleia, fadiga. Anemiaaplásica, hepatotoxicidade Fenitoína Problemas Visuais, hirsutismo, hiperplasia gengival, arritmias,disartria, nistagmo. Reação Cutânea Grave, neuropatia periférica, ataxia, sonolência,discrasia sanguínea. Fenobarbital Sedação, irritabilidade, diplopia, ataxia. Exantema cutâneo, anemia. Gabapentina Tontura, sonolência, fadiga,ataxia, ganho de peso, náuseas. Leucopenia, hepatotoxicidade. Oxcarbamazepina Tontura, sonolência, diplopia, fadiga, náuseas, vômitos, perda da coordenação, visão anormal, dor abdominal, tremores, marcha anormal. Hepatotoxicidade. Valproato Náuseas vômitos, ganho de peso, queda cabelo, tremores, irregularidades menstruais. Hepatotoxicidade, exantema cutâneo, discrasia sanguínea, nefrite. Manejo cirúrgico: A cirurgia está indicada para pacientes cuja epilepsia resulte de tumores, abscessos, cistos ou anomalias vasculares intracranianos. Alguns pacientes apresentam distúrbios convulsivos intratáveis, que não respondem aos medicamentos. Pode ocorrer um processo atrófico focal secundário a traumatismo, inflamação, AVE ou anoxia. Quando as convulsões se originam em uma área razoavelmente bem circunscrita do encéfalo, que possa ser excisada sem provocar déficits neurológicos significativos, a remoção da área que gera as convulsões pode produzir controle e melhora a longo prazo. Quando as convulsões forem refratárias aos medicamentos em adolescentes e adultos com crises focais, pode-se implantar um estimulador do nervo vago sob a clavícula. O dispositivo é conectado ao nervo vago na área cervical, onde libera sinais elétricos para o encéfalo, a fim de controlar e reduzir a atividade convulsiva. Outra opção cirúrgica para os pacientes com atividade convulsiva refratária é o sistema de neuroestimulação responsiva (SNR). Este é um dispositivo implantado cirurgicamente, com eletrodos que detectam e registram a atividade elétrica encefálica. Os eletrodos administram uma estimulação elétrica no local de origem da convulsão no interior do encéfalo. O SNR age interrompendo a atividade da onda encefálica antes que possa ocorrer uma convulsão clínica. Manejo de acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2018): Ministre solução salina fisiológica intravenosa (I.V.) a 30 gotas/minuto. Dê glicose I.V. (50 ml de glicose 50% no adulto; 2-5 ml/kg de glicose 10% em crianças), ressalva em pacientes alcoolistas ou desnutridos. Injete diazepam I.V. 10 mg lentamente (criança; 1 mg/idade ano). Injete diazepam retal (na mesma dose), se não conseguir linha venosa. Se a crise persiste: Já duram mais de 5 minutos OU Ocorrem em surtos em que a pessoa não recupera a consciência entre as crises OU Não respondem a duas doses de diazepam. ENCAMINHE A PESSOA URGENTEMENTE PARA UM HOSPITAL para ser manejada em ambiente hospitalar (SE SUSPEITA DE MAL EPILÉTICO). Assegure das vias aéreas, respiração e circulação. Administre oxigênio inalatório. Verifique a necessidade de intubação/ven ação, quando múl plas drogas estão sendo ministradas. Posicione a pessoa de lado para evitar aspiração de secreções. NÃO coloque nada na boca durante a convulsão. Fenobarbital 20 mg/kg, I.V. (velocidade < 100 mg/minuto), OU Fenitoína 20 mg/kg I.V. (em uma linha diferente do diazepam, velocidade <50mg/min). Estado de Mal Epilético O estado de mal epiléptico (atividade convulsiva prolongada aguda) consiste em uma série de crises generalizadas, que ocorrem sem recuperação completa da consciência entre as crises. O termo foi ampliado para incluir convulsões clínicas ou elétricas contínuas (no EEG) de pelo menos 30 minutos de duração, mesmo sem comprometimento da consciência. Provoca efeitos cumulativos. As contrações musculares vigorosas impõem uma intensa demanda metabólica e podem interferir nas respirações. Alguma parada respiratória do auge de cada convulsão produz congestão venosa e hipoxia encefálica. Os episódios repetidos de anoxia e edema cerebrais podem levar a um dano encefálico irreversível e fatal. Os fatores que desencadeiam o estado de mal epiléptico incluem interrupção dos medicamentos anticonvulsivantes, febre, infecção concomitante ou outra doença. Manejo clínico: As metas do tratamento consistem em interromper as convulsões o mais rapidamente possível, garantir oxigenação adequada do cérebro e manter o paciente em um estado livre de convulsões. Uma viarespiratória e oxigenação adequada são estabelecidas. Se o paciente permanecer inconsciente e não responsivo, um tubo endotraqueal é inserido. Administra-se lentamente diazepam, lorazepam ou fosfenitoína por via intravenosa, em uma tentativa de interromper imediatamente as convulsões. Outros medicamentos (fenitoína, fenobarbital) são administrados posteriormente para manter o paciente sem convulsões. O paciente é posicionado em decúbito lateral, quando possível, para ajudar a drenar as secreções faríngeas. O equipamento de aspiração deve estar disponível, devido ao risco de aspiração. O acesso intravenoso é rigorosamente monitorado, visto que ele pode ser desalojado durante as convulsões. Manejo de acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2018): 1° Fase - 0 a 30 Minutos: Administre oxigênio inalatório. Acesso venoso calibroso (se possível dois acessos), mantenha com solução salina fisiológica intravenosa (I.V.) a 30 gotas/minuto. Ministre glicose I.V. (50 ml de glicose 50% no adulto; 2-5 ml/kg de glicose 10% em crianças), em pacientes alcoolistas ou desnutridos, ADICIONE tiamina 100 mg injetável na solução glicosada. Injete diazepam I.V. 10 mg lentamente (criança; 1mg/idade ano), OU injete midazolam intramuscular ou intranasal 10mg (criança: como menos de 13 kg, injete 0,2 mg/kg; com menos de 40 kg injete 5 mg). NÃO dê diazepam por via intramuscular. Caso a convulsão continuar após 10 minutos da primeira dose de diazepam, dê a segunda dose na mesma dosagem. NÃO dê mais que duas doses de diazepam. Atenção: conte as doses pré-hospitalares. Injete Fenobarbital 20 mg/kg, I.V. (velocidade < 100 mg/minuto), OU Injete Fenitoína 20 mg/kg I.V. (em uma linha diferente do diazepam, velocidade <50 mg/min). Após o termino da infusão, as crises cessam e tem melhora evidente do nível da consciência, mantenha paciente em observação por 30 minutos e iniciar dose de manutenção do antiepiléptico 6 a 8 horas após. 2° Fase - 31 a 60 Minutos: Após o termino da infusão, as crises não cessam e não tem melhora evidente do nível da consciência, considere Estado de Mal Epiléptico Refratário. Iniciar outro antiepiléptico IV em bolo. Nestes casos de Estado de Mal Epiléptico Refratário é indicado transferência para UTI para tratamento com tiopental ou propofol ou midazolam. Na escolha de midazolam, injete midazolam 0,2 mg/kg IV (velocidade <4 mg/min), manutenção 0,05 mg- 0,4 mg/kg/hora diluído em solução salina fisiológica). Questões 1) (2022 - FEPESE) O Acidente Vascular Encefálico (AVE) constitui umas das doenças crônicas não transmissíveis com alta incidência na população mundial, necessitando de conhecimento por parte dos enfermeiros para atuar de forma segura diante deste evento. Assinale a alternativa correta em relação ao assunto. A) O AVE hemorrágico é o mais comum na população e ocorre quando um coágulo ou plano de gordura se instala em uma das artérias cerebrais, impedindo o fluxo sanguíneo. B) O AVE isquêmico caracteriza-se pelo rompimento de um vaso sanguíneo, desencadeando uma hemorragia cerebral. C) Dentre os cuidados para o AVE hemorrágico está a avaliação inicial para identificar a possibilidade de trombólise que deverá ser realizada em ate 10 horas do início dos sintomas. D) Dentre os sinais de alerta que podem predizer ocorrência de um AVE está a perda da visão, Dormência da face, braço e/ou perna e perda do controle esfincteriano. E) O AVE se caracteriza pelo desenvolvimento rápido de distúrbios da função cerebral, de origem vascular, causados pela redução do fluxo sanguíneo cerebral e consequente morte das células cerebrais. 2) (2022 - FUNDEP) “O acidente vascular encefálico (AVE) consiste na perda súbita da função cerebral em decorrência da supressão do aporte sanguíneo para uma região do cérebro. As lesões são consequência da isquemia ou da hemorragia, resultantes do comprometimento da função cerebral.” (BRUNNER & SUDDARTH, 2015.) Assinale a alternativa que apresenta as complicações mais comuns do AVE. A) Angina, paraplegia e taquicardia. B) Hiperlipidemia, uremia e amaurose. C) Pneumonia aspirativa, úlcera por pressão e tromboembolismo venoso. D) Úlcera por pressão, hemiparesia e angina. 3) (2021 - Funoesc) O Acidente Vascular Cerebral (AVC) decorre da alteração do fluxo de sangue ao cérebro, fluxo este que quando se altera ou interrompido é responsável pela morte de células nervosas da região cerebral atingida. Assinale a alternativa incorreta. A) O AVC pode se originar de uma obstrução de vasos sanguíneos, o chamado acidente vascular hemorrágico ou de uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular isquêmico. B) Os sintomas do acidente vascular isquêmico são: tontura, perda de equilíbrio ou de coordenação. Os ataques isquêmicos podem manifestar-se também com alterações na memória e na capacidade de planejar as atividades diárias, bem como a negligência. C) Os sintomas do acidente vascular hemorrágico intracerebral caracterizam-se com o aparecimento de náuseas, vômito, confusão mental e, até mesmo, perda de consciência, é acompanhado por sonolência, alterações nos batimentos cardíacos, frequência respiratória e convulsões. D) Os principais fatores de risco para a ocorrência de AVC são: consumo frequente de álcool e drogas, hipertensão, diabetes e tabagismo. 4) (2020 - FACET) No Atendimento de urgência e emergência frente a distúrbios neurológicos foi identificado que a vítima apresentava sinais de AVC isquêmico, para uma avaliação eficiente desse paciente no Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é utilizada a escala de: A) Cincinnati B) APACHE C) Morse D) RASS E) SOFA 5) (2020 - FACET) De acordo com o protocolo Samu 192, emergências clínicas, nos quadros sugestivos de AVC isquêmicos em pacientes >18 anos, há benefícios com o uso de trombolítico intra-hospitalar. Em até quantas horas do início dos sintomas deve ser realizado esse tratamento? A) 4 a 5h B) 1 a 2h C) 3 a 4h D) 2 a 3h E) 5 a 6h 6) (2020 - SELECON) É considerado um critério de exclusão para trombólise no acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) através dort - PA: A) a possibilidade de se iniciar a infusão de rt — PA nas primeiras 4 horas e 30 minutos do início dos sintomas B) a glicemia menor que 50mg/dl ou maior que 400mg/dl, com reversão dos sintomas após correção C) o infarto agudo do miocárdio nos últimos 6 anos D) a punção lombar nos últimos 6 meses 7) (2021 - FAUEL) No âmbito pré-hospitalar, em situações de suspeita de acidente vascular encefálico (AVE), deve-se aplicar a escala de Cincinnati para avaliação rápida do paciente. Sobre esta escala, assinale a alternativa INCORRETA: A) A escala é composta por três parâmetros que avaliam a anormalidade de simetria facial, a debilidade dos membros superiores e a presença de alteração na fala. B) Para avaliar a presença de plegia, paresia ou assimetria facial, pedir ao paciente para sorrir ou mostrar os dentes. C) A fim de verificar a presença de debilidade nos membros superiores (MMSS), pedir ao paciente para fechar os olhos e elevar os MMSS por um minuto para verificar a sustentabilidade dos mesmos. D) Pede-se ao paciente para dizer uma frase com o objetivo de avaliar a presença de alteração na fala. 8) (2020 - VUNESP) A assistência de enfermagem a um paciente com diagnóstico de acidente vascular cerebral isquêmico agudo, em uso de terapia tromboembolítica (tPA) por via endovenosa, deve compreender, entre outros cuidados: A) realizar sondagem nasogástrica em todos os pacientes, imediatamente após iniciada a administração do medicamento. B) manter o paciente em posição de Trendelenburg. C) realizar controle neurológico rigoroso por meio da aplicação da escala de Cincinatti a cada 30 minutos durante a infusão. D) aferir os sinais vitais a cada hora, pelas primeiras 6 horas de tratamento, e, daí por diante, a cada 2 horas até 24 horas após iniciada a administração da droga. E) monitorar, rigorosamente, a presença de qualquer sangramento. 9) (2021 - UFMT) O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda principal causa global de morte apósas doenças cardíacas e a terceira principal causa de incapacidade. Em relação a esse tema, assinale a afirmativa correta. A) A Escala Pré-Hospitalar para AVC hemorrágico de Cincinnati realiza a avaliação de dois achados físicos em menos de três minutos, verificando queda facial e reatividade pupilar. B) A Escala Pré-Hospitalar para AVC de Cincinnati realiza a avaliação de três achados físicos em menos de um minuto, verificando queda facial, debilidade dos braços e fala anormal. C) A Escala Intra-hospitalar para AVC de Cincinnati realiza a avaliação de três achados físicos em menos de dois minutos, verificando queda facial, dor precordial e crise convulsiva. D) A Escala Intra-hospitalar para AVC hemorrágico de Cincinnati realiza a avaliação de três achados físicos em menos de dez minutos, verificando fala anormal, ptose palpebral e hipotensão. 10) (2020 - FCC) Em um paciente, na fase aguda de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, foi administrado por via endovenosa o ativador do plasminogênio tecidual (rt-PA). Após administração do rt-PA, um dos cuidados de enfermagem a serem prescritos pelo enfermeiro da unidade deve ser: A) Introduzir, se necessário, sonda nasoenteral nas primeiras 12 horas após a infusão do rt-PA. B) Realizar avaliação do estado neurológico a cada 60 minutos durante as primeiras 3 horas. C) Aguardar até pelo menos 30 minutos do término da infusão do rt-PA, caso haja necessidade de introduzir sonda vesical. D) Monitorar a Pressão arterial a cada 6 horas. E) Monitorar Escore Framingham e solicitar avaliação médica urgente caso ocorra aumento em 4 pontos na pontuação. 11) (2020 - Unioeste) O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando o suprimento de sangue que vai para o cérebro é interrompido ou drasticamente reduzido, privando as células de oxigênio e de nutrientes. Ou, então, quando um vaso sanguíneo se rompe, causando uma hemorragia cerebral. Nesses casos, durante o período de internação do paciente na unidade hospitalar, são importantes os cuidados de Enfermagem. Dentre eles, destaca-se: A) Promover mobilidade e prevenir deformidades, prevenir dor do ombro, promover mudança de posições, uma vez no plantão, obter controle da temperatura do paciente, controle de eliminações intestinal e vesical, manter a integridade cutânea. B) Promover mobilidade e prevenir deformidades, prevenir a adução e dor do ombro, promover mudança de posições a cada duas horas, obter controle dos sinais vitais, controle de eliminações intestinal e vesical, manter a integridade cutânea, auxiliar no controle do bom alinhamento corporal, para colocar o paciente em decúbito lateral, colocar um travesseiro entre as pernas do paciente antes que seja virado, estimular o paciente a movimentar os membros de cinco a oito vezes por dia. C) As áreas do cérebro afetadas pelo AVC podem se reconstituir aos poucos, se receberem os estímulos certos. Por isso, programas de reabilitação são muito importantes, pois ajudam o paciente a retomar atividades diárias e funções que ficaram comprometidas. D) É importante prestar atenção aos sintomas para saber identificar um AVC e procurar ajuda médica o mais rápido possível. Quanto mais cedo forem tratados o acidente vascular cerebral isquêmico e o acidente vascular cerebral hemorrágico, melhores são os prognósticos do paciente. 12) (2020 - IDIB) O surto devido à esclerose múltipla (EM) refere-se a um evento desmielinizante inflamatório agudo no sistema nervoso central (SNC), objetivamente observado ou relatado pelo paciente, com duração de pelo menos 24 horas, na ausência de febre ou infecção. Sobre o tema, assinale a alternativa correta. A) Os surtos podem ser classificados de acordo com a interferência nas atividades da vida diária (AVD). O surto leve interfere nas AVD e requer ressuscitação cardiopulmonar ativa e treinamento dos familiares para contenção imediata na sua residência. B) A sintomatologia clínica independe da localização da lesão, sendo algumas áreas mais leves e menos acometidas que outras, como o nervo óptico, a medula espinhal e o tronco encefálico. C) O surto grave requer hospitalização e cuidados de enfermagem, pois pode acontecer amaurose unilateral, hemiparesia ou paraparesia graves, síndromes de tronco encefálico, ataxia, diplopia, entre outros que requerem muitas vezes hospitalização com intervenção medicamentosa. D) O tempo para recuperação dos sintomas de um surto não pode ser considerado como fator previsível nem se traduz em parâmetro útil para avaliar o tratamento dos surtos com fármacos, devido complexidade e incerteza de prognóstico. 13) (2021 - FUNDEP) Segundo Brunner e Suddarth (2015), são sinais e sintomas da síndrome de Guillain-Barré: A) Hiporreflexia, parestesia e inconsciência. B) Discinesia, hiporreflexia e parestesia. C) Dislalia, hemiparesia e parestesia. D) Parestesia, hemiparesia e disartria. 14) (2021 - SSPM) De acordo com Brunner e Suddarth (2014), a doença hereditária progressiva e crônica do sistema nervoso que resulta em movimentos coreiformes involuntários progressivos e demência é descrita como: A) Síndrome de Guillaín - Barré. B) Doença de Huntington. C) Paralisia de Bell. D) Doença de Parkinson. E) Esclerose Lateral Amiotrófica. 15) (2020 - Marinha) Diante de um quadro de meningite bacteriana, o enfermeiro deverá saber que a bactéria causadora mais comum é: A) Clostridium perfingens. B) Plasmodium falciparum. C) Neisseria meningitidis. D) Klesbsiella pneumoniae. E) Haemophilus influenza. 16) (2021 - FGV) Um paciente com meningite meningocócica deixa de transmitir a doença, em geral, após A) cessarem os sintomas. B) o período de incubação. C) o terceiro dia de tratamento. D) 24 horas de antibioticoterapia. E) 12 horas de antibioticoterapia. 17) (2021 - GS Acessoria) Em relação a meningite, é INCORRETO afirmar que: A) O tratamento das formas virais se dá apenas com medidas de suporte e sintomáticos, enquanto, que a doença bacteriana necessita do uso de antibióticos, além das medidas adotadas nas formas virais. B) Existem as vacinas para meningococo dos tipos A, B, Y e W 135, e estão disponíveis na rede pública e privada. C) A meningite infecciosa está relacionada a qualquer infecção que possa acarretar uma invasão da corrente sanguínea por agentes infecciosos. D) Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. A transmissão fecal-oral (ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes) é de grande importância para a meningite viral, em infecções por enterovírus. 18) (2021 - COSEAC) No Brasil, a doença meningocócica é endêmica. Assim, nos surtos e nas epidemias, observam-se mudanças nas faixas etárias, sendo a instalação da antibioticoterapia a melhor conduta. São considerados antibióticos de primeira escolha: A) Meropenem, penicilina e ampicilina. B) Rifampicina, aciclovir e ciprofloxino. C) Cloranfenicol, penicilina e ampicilina. D) Penicilina, ampicilina e ceftriaxon E) Ciprofloxino, Doxicilina e Fosfomicina. 19) (2021 - GS Acessoria) É correto afirmar, que o período de incubação da meningite bacteriana é, em média, de: A) 7 a 9 dias. B) 5 a 6 dias. C) 1 a 2 dias. D) 3 a 4 dias. 20) (2020 - SMS RJ) Para os contatos próximos de casos suspeitos de doença meningocócica, está idicada a realização de quimioprofilaxia. O antibiótico de escolha para a realização dessa quimioprofilaxia é: A) cefalexina B) amoxicilina C) rifampicina D) penicilina 21) (AOCP/2015) Paciente, 40 anos, internado na UTI em VM 50%, com crise epilética, apresentou episódio de crise convulsiva. Administrou-se diazepam sem sucesso. Diante desse caso, qual é a medicação a ser utilizada para este paciente? a) Cefalotina. b) Fentanil. c) Midazolam. d) Fenergan. e) Fenitoína. 22) (FCC/2015) Um funcionário do Tribunal apresenta crises convulsivas frequentemente. Para a orientação dos colegas de trabalho no atendimento imediato em crises convulsivas deve ser salientado para: a) proteger e colocar um apoio sob a cabeça,
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