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Prezada Diretora de Saúde Pública, Escrevo-lhe como se escrevesse a uma amiga próxima, porque foi assim que me senti ao acompanhar Dona Amélia — 72 anos, viúva há cinco — quando ela me procurou com uma ferida no pênis do companheiro eventual que a deixou confusa e envergonhada. Conta-me, em voz baixa e mãos trêmulas, que evitou ir ao posto por medo do julgamento. A narrativa dessa visita ficou comigo: a clínica fechada para olhares inquisidores, a enfermeira que sorriu com delicadeza, e a consternação de Amélia ao ouvir pela primeira vez a expressão “doença sexualmente transmissível” aplicada à sua vida afetiva. Aquela cena não é singular; é um retrato de realidades múltiplas nas quais as doenças sexualmente transmissíveis cutâneas (DST cutâneas) em idosos são tratadas com negligência social e médica. Permita-me avançar da anedota para a argumentação: sustento que a invisibilidade das DST cutâneas na população idosa resulta de um entrelaçamento de fatores biomédicos e sociais que exige intervenção imediata e orientada. Em termos biológicos, a pele do idoso muda: torna-se mais fina, menos elástica e com barreira cutânea comprometida, circunstâncias que facilitam a entrada de agentes patogênicos. A imunossenescência — declínio gradual da resposta imune — altera a expressão clínica das infecções, tornando lesões mais atípicas e, por isso, mais sujeitas a diagnósticos errôneos. Clinicamente, isso traduz-se em episódios de herpes zoster confundidos com herpes genital, sífilis com erupções dermatológicas inespecíficas ou verrugas anogenitais negligenciadas até complicarem. No plano social e de saúde pública, há um viés etário que invisibiliza o risco: programas de prevenção sexual raramente segmentam idosos, materiais educativos ignoram sua realidade e profissionais de saúde, por vezes, não questionam a atividade sexual de pacientes idosos. O resultado é previsível — subnotificação, diagnóstico tardio e transmissão silenciosa dentro de redes íntimas. Além disso, o estigma multiplica danos: impede testagem, reduz procura por tratamento e perpetua mitos de que sexo na velhice é “impróprio” ou “irresponsável”. Argumento, então, duas intervenções prioritárias e complementares. A primeira é clínica-educacional: formar profissionais de saúde para reconhecer apresentações atípicas de DST cutâneas em idosos e incorporar rotinas de anamnese sexual sem preconceitos. Simples perguntas sobre parceiros, uso de preservativos e sinais cutâneos devem integrar consultas de rotina. A segunda é política e de comunicação: incluir idosos nas campanhas de prevenção, adaptar material informativo (linguagem clara, acessível e sem estigmas), oferecer preservativos adaptados e facilitar o acesso a vacinas — por exemplo, esclarecer indicações de vacina contra HPV e hepatites quando apropriado. Antevejo objeções que ouço com frequência: “Idosos não transam tanto” ou “prevenção é inútil nessa faixa etária”. Refuto com dados e lógica: a atividade sexual persiste em muitas faixas etárias, e mesmo que a prevalência fosse menor, o princípio da dignidade exige cuidado igualitário. Além disso, intervenções custam menos que tratamentos para complicações tardias; prevenir é economicamente eficiente e eticamente obrigatório. A prática clínica pode e deve ser humanizada sem perda de rigor científico. Sugiro protocolos simples: triagem de sintomas cutâneos sugestivos, testagem rápida, aconselhamento sem culpa, e encaminhamento a dermatologistas e infectologistas quando necessário. Em saúde pública, proponho campanhas que elevem o diálogo intergeracional sobre sexualidade e estimulem a busca precoce por atendimento. Retorno à imagem de Dona Amélia, que recebeu diagnóstico e tratamento apropriado e, sobretudo, a escuta necessária. Essa experiência ilustra que caminhos pragmáticos e compassivos são possíveis. A urgência é ética: reconhecer a sexualidade na velhice e tratar as DST cutâneas com competência é afirmar que envelhecer não significa apagar direitos nem experiências. Agradeço sua atenção e coloco-me à disposição para colaborar na construção de materiais educativos, na formação de profissionais e na formulação de protocolos que deem rosto — e cuidado — a milhares de idosos hoje silenciados. Atenciosamente, [Assinatura] PERGUNTAS E RESPOSTAS 1) Quais DST cutâneas são mais comuns em idosos? Resposta: Herpes genital, sífilis, HPV (verrugas anogenitais) e infecções bacterianas secundárias a lesões; manifestações podem ser atípicas. 2) Por que os sinais são diferentes em idosos? Resposta: Pele mais fina e imunossenescência alteram a apresentação clínica, causando lesões menos típicas e cicatrização diferente. 3) Como reduzir o estigma ao tratar idosos? Resposta: Profissionais devem usar linguagem neutra, perguntar sobre sexualidade de forma rotineira e garantir privacidade e acolhimento. 4) Prevenção específica para idosos? Resposta: Educação sexual inclusiva, oferta de preservativos, vacinação quando indicada e acesso facilitado a testagem e tratamento. 5) Quando procurar um médico? Resposta: Ao notar lesões cutâneas incomuns, dor na região genital, sangramento ou mudanças na pele perianal; procure teste e avaliação. 1. Qual a primeira parte de uma petição inicial? a) O pedido b) A qualificação das partes c) Os fundamentos jurídicos d) O cabeçalho (X) 2. O que deve ser incluído na qualificação das partes? a) Apenas os nomes b) Nomes e endereços (X) c) Apenas documentos de identificação d) Apenas as idades 3. Qual é a importância da clareza nos fatos apresentados? a) Facilitar a leitura b) Aumentar o tamanho da petição c) Ajudar o juiz a entender a demanda (X) d) Impedir que a parte contrária compreenda 4. Como deve ser elaborado o pedido na petição inicial? a) De forma vaga b) Sem clareza c) Com precisão e detalhes (X) d) Apenas um resumo 5. O que é essencial incluir nos fundamentos jurídicos? a) Opiniões pessoais do advogado b) Dispositivos legais e jurisprudências (X) c) Informações irrelevantes d) Apenas citações de livros 6. A linguagem utilizada em uma petição deve ser: a) Informal b) Técnica e confusa c) Formal e compreensível (X) d) Somente jargões