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BIPOLAR ESOUIZOFRENIA e CONTROLE SEU HUMOR TESTE: você é uma pessoa bipolar? Quando o uso de REMÉDIOS é indicado Tudo sobre os transtornos que influenciam a personalidade humana Os MITOS E VERDADES desses distúrbios O que acontece NO CÉREBRO esquizofrênico As melhores terapias para controlar as crises e deixar sua mente mais calma PSICOLOGIA TRANSTORNO R$ 9,90 Segredos da Mente Psicologia - Ano 2, nº 12 Telegram @clubederevistas FEVEREIRO LaranjaRoxo Combate à leucemia e incentivo a doação de sangue ou medula óssea Conscientização do Lúpus, Fibromialgia e Mal de Alzheimer Para participar do nosso grupo no TELEGRAM, clique no ícone ao lado https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas C A P A : P ro d u çã o g rá fi ca : D ou g la s N o ro n h a /C ol a b o ra d o r; I m ag en s: S h u tt er st o ck I m ag es Colocando os Já pensou como seria se você não tivesse controle sobre o seu humor? Ou, ainda, se não fosse capaz de distinguir o real e o ilusório no dia a dia? Essas características podem parecer incomuns e raras, mas, em alguns casos, são uma realidade para pessoas esquizofrênicas e bipolares. Por tais distúrbios estarem relacionados a vários mitos e assuntos delicados, produzimos esta edição sobre ESQUIZOFRENIA E TRANSTORNO BIPOLAR. Nas próximas páginas, você compreenderá tudo sobre esses quadros, desde a origem de cada um até como ocorre o diagnóstico, quais são os principais sintomas e o que acontece no cérebro durante as crises. Além disso, mostramos como esses transtornos estão relacionados a outros distúrbios, como a ansiedade, depressão e estresse. Por fim, indicamos alternativas para buscar uma melhor qualidade de vida quando o diagnóstico é confirmado. Conheça os benefícios e efeitos colaterais do tratamento medicamentoso para cada distúrbio e até que ponto é recomendado. E, para casos em que o uso de remédios não é necessário, apresentamos as principais terapias que visam controlar as crises de humor e acalmar a mente. Boa leitura! A redação pensamentos em ordem Telegram @clubederevistas Além da realidade Ter alucinações não é o único sinal da esquizofrenia. Saiba como reconhecer o distúrbio Temperamento em conflito Conheça os principais sintomas da bipolaridade e formas práticas de identificar essa disfunção ÍNDICE Humor alterado Fique por dentro do que a ciência diz sobre as causas da bipolaridade Pílulas da redação As pesquisas mais recentes sobre a esquizofrenia e o transtorno bipolar Não é loucura Os primeiros registros de casos de esquizofrenia e o que acontece no cérebro de quem passa por esse distúrbio Telegram @clubederevistas Mitos e verdades Os principais fatos relacionados a esses dois distúrbios da mente Uma gama de consequências Depressão, ansiedade e outros fatores estão ligados a esses transtornos Para saber mais Obras literárias e audiovisuais para esclarecer a esquizofrenia e a bipolaridade Soluções alternativas Conheça terapias para controlar o humor e ter a mente mais tranquila Sob prescrição médica Até que ponto o tratamento com remédios é indicado? Telegram @clubederevistas Fique por dentro das novas pesquisas da neurociência sobre os transtornos mentais Pílulas DA REDAÇÃO >> Origem da psicose Com o objetivo de descobrir como surge a psicose em pacientes com esquizofrenia, a pesquisa apresentada na 30ª conferência do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, em Paris, utilizou o método de estimulação magnética transcraniana (TMS, sigla em inglês). Foi realizada entrevista em 26 voluntários, enquanto 33 participantes passaram por um procedimento utilizando placebo. Assim, enquanto eram estimulados, os cientistas observaram, pela ressonância, que pulsos magnéticos eram direcionados para o lobo temporal, responsável pela linguagem, memória e percepção auditiva. A conclusão foi que esse recurso pode ser considerado um possível tratamento para os casos de alucinações dos esquizofrênicos, uma vez que obtiveram respostas significativas em 34,6% dos pacientes após duas semanas. >> Bipolaridade na mente Com o objetivo de descobrir a área do cérebro responsável pela alterações de humor relacionados ao transtorno bipolar, os pesquisadores da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos investigaram o órgão encefálico de 6.503 pessoas em aparelhos de ressonância magnética, sendo que 2.447 delas apresentam o quadro. Desse modo, foi detectado que a massa cinzenta das regiões frontais e temporais – responsáveis pela inibição e movimentação – era reduzida nos pacientes diagnosticados com o distúrbio. Outra região afetada é o sistema límbico – que controla as emoções –, em que há uma diminuição do tecido cerebral nas partes encarregadas pela tristeza. Essa disfunção também foi encontrada em um estudo sobre a mente dos depressivos. Telegram @clubederevistas >> A influência de doenças inflamatórias Pesquisadores da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, analisaram os resultados de 144 estudos anteriores sobre a influência de inflamações em distúrbios como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão. Dessa vez, a investigação abrangeu as três patologias juntas, descobrindo que os pacientes tinham moléculas pró-inflamatórias e anti- inflamatórias, cuja quantidade era maior que nos casos das pessoas sem os transtornos. A pesquisa constatou, também, que os níveis de moléculas alteravam conforme ocorriam crises agudas (sendo mais altas) e após o tratamento (chegando a taxas consideradas quase normais). Contudo, a medicação teve poucos resultados, indicando que apenas alguns indivíduos podem ter a causa relacionada entre os transtornos mentais e o sistema imunológico. >> Genética bipolar Uma pesquisa publicada na JAMA Psychiatry pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, em conjunto com a Universidade UPPsala, na Suécia e a Universidade de Helsinque, na Finlândia, indicou que distúrbios mentais podem ser passados aos descendentes por meio da genética. O método utilizado foi analisar irmãos nascidos entre 1933 e 1944, que foram separados durante a Segunda Guerra Mundial para se protegerem de bombardeamentos – enquanto um foi levado até a Suécia, o outro permaneceu no país, a Finlândia. O irmão que precisou se adaptar em outro país e, posteriormente, se adequar novamente à terra natal manifestou níveis mais altos de transtornos mentais, enquanto o que ficou na própria casa sofreu menos alterações. Assim, os pesquisadores passaram a investigar os descendentes dessas famílias e perceberam que os filhos da criança mandada para a Suécia tiveram quatro vezes mais risco de desenvolver transtorno bipolar e depressão do que seus primos. Telegram @clubederevistas Há anos, a ciência busca desvendar as causas e os efeitos da esquizofrenia no cérebro. Conheça as origens e o que se sabe desse quadro atualmente Não é loucura! A esquizofrenia é uma doença que afeta alguns campos da mente, como o juízo crítico, as emoções e a percepção da realidade, atingindo mais de 21 milhões de pessoas no mundo segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entenda como a neurociência descobriu e estuda até os dias atuais esse transtorno mental. Primeiros registros A história do distúrbio começa no fim do século XIX, quando o psiquiatra alemão Emir Kraeplin estabeleceu uma classificação dos transtornos mentais. Nesse estudo, Kraeplin deu o nome de demência precoce a uma condição que causava alucinações, alterações na atenção, compreensão e fluxos de pensamento, falta de afeição e sintomas catatônicos. O psiquiatra também observou que esses pacientes costumavam adoecer no início da vida e as causas não estavam relacionadas ao ambiente em que eles viviam. Mas foi o psiquiatra suíçoEugen Bleuler quem criou o termo esquizofrenia. “Esqui- zo” significa divisão, enquanto “phrenia” representa a mente. Isso porque, para o estudioso, existia uma ruptura no pen- samento, comportamento e nas emoções das pessoas afetadas. Bleuler também é responsável pela divisão dos sintomas da esquizofrenia em fundamentais (primários) e acessórios (secundários). Telegram @clubederevistas CONSULTORIAS Helena Mura, psiquiatra especialista em dependência química; Isidoro Cobra, psiquiatra; Rodrigo Pessanha, psiquiatra. FONTES Artigo Esquizofrenia: uma revisão, Regina Cláudia Barbosa da Silva, Psicologia USP (2006); Livro Esquizofrenia: dois enfoques complementares, Mario Louzã Neto, Itiro Shirakawa e Luiz Barros, Projeto Fenix (1999). Transtorno jovem A esquizofrenia costuma atingir homens e mulheres igualmente. Da mesma forma, a doença está presente de maneira homogênea entre todas as etnias. Geralmente, os primeiros sintomas aparecem entre o fim da adolescência e a idade adulta, sendo que os homens costumam ter a primeira crise antes das mulheres. Segundo o psiquiatra Isidoro Cobra, se desenvolve com mais frequência em adultos: “o mais recorrente é em torno dos 18 aos 35 anos, muito difícil que apareça antes ou depois”. No entanto, como afirma o psiquiatra Rodrigo Pessanha, pode haver casos na infância, “sendo estes mais graves e de pior prognóstico, uma vez que a própria noção de identidade pessoal é atin- gida em seus primórdios, levando a um prejuízo mais importante do funcionamento global”. Se forem realizados diagnósticos semelhantes em pessoas mais velhas, devem ser consideradas outras hipóteses de distúrbios. Mudanças no cérebro Em geral, os esquizofrênicos têm toda massa encefálica afetada, provocando o mau funciona- mento dos neurônios, diminuindo sua atividade e, consequentemente, a comunicação cerebral. No cérebro, as mudanças causadas pela esqui- zofrenia não possuem áreas bem definidas. De acordo com a psiquiatra Helena Mura, “fala-se, na verdade, de alterações entre as conexões de algumas partes do cérebro, cada uma com di- ferentes funções”. O aumento de dopamina em ligações das regiões centrais do órgão ao córtex pré-frontal pode provocar alucinações. E, por outro lado, a redução desse neurotransmissor em conexões das áreas ligadas ao prazer e às emoções é responsável pela dificuldade de expressão de sentimentos e da falta da satisfação. Além da dopamina, “o glutamato tem sua função diminuída, e há participação da serotonina e da acetilcolina, neurotransmissores que interferem na liberação dos demais”, completa Mura. Os tratamentos empregados em casos de es- quizofrenia também estão relacionados a estas substâncias. “A maioria dos medicamentos uti- lizados nas intervenções, assim como em outras doenças psiquiátricas caracterizadas por sintomas psicóticos, bloqueia receptores específicos da dopamina, em uma tentativa de reequilibrar os circuitos hiperativos”, conclui Rodrigo. Origem genética? Atualmente, os cientistas ainda não conseguiram escla- recer quais fatores causam a doença. Isidoro explica que a medicina reconhece que “existe uma certa predisposição genética”, mas não se sabe ao certo qual é o gene que determina se uma pessoa vai apresentar os sintomas ou não. No entanto, essa relação pode ser comprovada por diversos estudos que revelam que a chance de pessoas que são parentes de portadores da doença terem esquizofrenia é maior do que na população em geral. Para se ter uma ideia, a taxa de concordância em gêmeos idênticos para esquizofrenia é 50%. Se a doença fosse puramente genética, essa taxa deveria ser de 100%, uma vez que o DNA de gêmeos idênticos é o mesmo. Já se a esquizofrenia não fosse causada por genes, a taxa seria de 1%, o mesmo que na população em geral. Por isso, a maioria dos psiquiatras aponta que, para desenvolver esse transtorno psicológico, é necessário ter uma certa predisposição e estar exposto à fatores ambientais que desencadeiem os sintomas. Cobra lembra que a influência do meio pode ser bem representada por situações como guerras e conflitos políticos, que podem incitar o surgimento da doença em algumas pessoas. Outras causas Diferentes fatores ambientais estão relacionados à formação do cérebro ainda durante a gestação até os primeiros meses de vida da criança. Algumas hipóteses apontam que alterações na sequência de modificações cerebrais durante seu amadurecimento podem causar uma maior predisposição ao transtorno. Além disso, o surgimento de esquizofrenia também pode ser relacionado ao abuso de drogas com efeitos psi- cóticos, como a maconha, cocaína e o LSD, especialmente durante a adolescência em pacientes com predisposição para o transtorno. Mesmo que a esquizofrenia seja um quadro crônico, que não tem cura, pode ser controlada com o uso de medicamentos que evitam crises psicóticas e atendimento psicológico, para ajudar na ressocialização do paciente. Apesar de os medicamentos não prevenirem as crises e, em muitos casos, não eliminarem completamente os sintomas, muitos pacientes conseguem levar os estudos adiante, trabalhar, casar e ter filhos, constituindo uma vida normal (saiba mais sobre os remédios e terapias nas páginas 22 e 24, respectivamente). Telegram @clubederevistas Existem muitas dúvidas que cercam a esquizofrenia. Conheça os principais sintomas e como o distúrbio é diagnosticado Além da realidade A esquizofrenia é comumente taxada como “coisa de louco” e, muitas vezes, as pessoas sequer sabem o nome desse transtorno. Por isso, é importante ressaltar seus sintomas e características para que, desse modo, seja possível perceber a diferença entre este tipo de psicose da psicopatia, a qual, ao contrário dos transtornos psicóticos, não é tratada como uma patologia. Sentidos confusos Os sintomas são divididos em positivos, alucinações e delírios, e negativos, em que a dificuldade de se expressar e o isolamento so- cial são mais comuns. Contudo, os traços mais conhecidos da esquizofrenia são as alucinações, que, segundo a psiquiatra Sofia Bauer, “podem ser visuais, auditivas ou de sensações (ver , ouvir e sentir coisas, de certo modo, bem incomuns). Por exemplo, escutar vozes de mortos, enxergar pessoas que os outros não veem e notar cheiros diferentes”. Normalmente, estas fugas da re- alidade são associadas à audição. No entanto, mesmo que mais raros, podem estar ligadas aos outros sentidos (visão, olfato, paladar e tato). E, por vezes, misturando-os, criam-se experiências sinestésicas, como “enxergar sons”. Mesmo que essa mistura de sensações seja relativamente atípica, “podem ocorrer, especialmente, em pa- cientes que tenham uma marcante desorganização do pensamento e confusão mental”, completa o psiquiatra Rodrigo Pessanha. A esquizofrenia, oficialmente, tem diferentes avaliações. Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), último manual da Organização Mun- dial da Saúde (OMS), o distúrbio é dividido em paranoide (predominância dos sintomas positivos) e hebefrênica (sintomas negativos). Porém, na mais recente versão do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), esta subdivisão foi retirada. Reconhecendo A família tem um papel fundamental no diagnóstico, pois pode observar com mais frequência alterações no compor- tamento da pessoa. “O paciente vai se fechando para si mesmo, se isolando, o contato social sofre mudanças, ele deixa de se cuidar, o interesse não é mais o mesmo e pode passar a ver coisas que não existem, ouvir vozes que não são reais e começa a ficar persecutório”, explica a psicóloga Ana Cristina Fraia. Nesses casos, os familiares podem marcar uma consulta com um psiquiatra. Personalidade múltipla ou esquizofrenia? Casos mais graves de indivíduos Telegram @clubederevistas FACES DA PSICOSE A esquizofrenia é um dos transtornos mais graves do grupo das psicoses. No entanto, quais outros distúrbios fazem parte desse conjunto?Confira a explicação de especialistas sobre alguns deles. Esquizofrenia: “trata-se da principal forma. A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser contínua ou episódica, isto é, há possibilidade de evoluir de forma crônica após o primeiro surto ou apresentar vários episódios com relativa melhora entre esses”, explica a psiquiatra Sandra Carvalhais. Psicose induzida por drogas: “alguns usuários podem já ter apresentado comportamento psicótico, e a droga piora seu estado mental. Já outros desencadeiam o surto após o uso”, esclarece o psicólogo Leonardo Barros. Psicose orgânica: “causada por lesão cerebral ou enfermidade física que altere o funcionamento do cérebro, como a encefalite e o tumor cerebral”, descreve Barros. Transtorno esquizotípico: “caracterizado por um comportamento excêntrico e por anomalias do pensamento e do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia. Pode comportar afeto frio ou inapropriado, falta de interesse e prazer nas vivências e tendência ao retraimento social”, ressalta Sandra. Psicose reativa breve: “os sintomas aparecem de forma súbita em resposta a um evento muito estressante para uma pessoa muito sensível. Nesses casos, a recuperação ocorre em poucos dias”, finaliza Barros. CONSULTORIAS Ana Cristina Fraia, psicóloga ; Helena Mura, psiquiatra especialista em dependência química; Leonardo G. Barros, psicólogo e hipnólogo; Rodrigo Pessanha, psiquiatra; Sandra Carvalhais, psiquiatra; Sofia Bauer, psiquiatra e psicóloga. diagnosticados com o transtorno podem criar um estigma social negativo e desnecessário. Contudo, é inegável a existência de criminosos que desenvolveram tais comportamentos por causa da esquizofrenia. Como exemplo, é possível citar o caso do norte americano Billy Milligan, condenado por assaltos à mão armada e estupros. Entretanto, Billy foi absolvido por insanidade mental devido a alegações de seus advogados de que outras duas personalidades de seu cliente teriam cometido os crimes sem ele saber. A atribuição dessa variedade aos sintomas da esquizofrenia deve ser cautelosa. Segundo Pessanha, “a esquizofrenia é frequentemente confundida com o transtorno de persona- lidade múltipla, uma condição raríssima e contestada por muitos especialistas que sugerem a investigação sobre sua real existência”. A confusão é, até certo ponto, compreensível se examinar a palavra ‘esquizofrenia’, que “é de origem latina, significando literalmente ‘divisão da mente’. No entanto, são dois tipos de condições psiquiátricas completamente diferen- tes”, explica Pessanha. Legalmente, segundo o Artigo 26 do Código Penal Bra- sileiro, “é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Telegram @clubederevistas Entenda o que é o transtorno bipolar e como ele afeta o cérebro dos pacientes Humor alterado Van Gogh, Edgar Allan Poe, Rita Lee, Britney Spears e Demi Lovato: o que essas personalidades famosas têm em comum? Além do talento para as artes, elas foram diagnosticadas com transtorno afetivo bipolar, atualmente conhecido como transtorno do espectro bipolar. O distúrbio possui relatos datados das civiliza- ções greco-romana e foi descrito em personagens bíblicos, como o Rei Saul, rei de Israel presente no antigo testamento, e também em mitológicos, como em Ilíada, de Homero. Hoje ele é identificado, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma das principais causas da redução do tempo de saúde e vida da população entre 15 e 44 anos, afetando cerca de 254 milhões de pessoas ao redor do mundo. Mudanças acentuadas Acordar animado e, ao longo do dia, perder o entusiasmo ou ficar chateado. Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, isso não é, necessaria- mente, um sinal de bipolaridade. “Contradizendo a crença popular na qual o paciente bipolar apresenta alterações rápidas de humor, o transtorno pode, simplificadamente, ser explicado como uma patologia em que o paciente possui alterações extremas de humor durando períodos longos”, explica o médico especialista em psiquiatria Brian Bellandi. Trata-se, então, de um distúrbio em que o pa- ciente varia de um estado depressivo a um estado maníaco ou hipomaníaco. O primeiro caracteriza-se por uma euforia que gera comportamentos exage- rados, sendo até mesmo perigoso em alguns casos, e o segundo, visto como uma forma mais branda da mania. A duração dessas circustâncias, dependendo do paciente e tipo do transtorno (saiba mais no box ao lado), pode ser de dias ou até mesmo anos. Telegram @clubederevistas VARIEDADES De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais V (DSM-V) e o Código Internacional de Doenças (CID- 10), o transtorno bipolar pode ser classificado em 4 tipos. São eles: Transtorno bipolar tipo 1: o indivíduo apresenta episódios de mania que costumam durar ao menos sete dias e fases de humor deprimido que podem persistir por duas semanas a vários meses. Em ambas fases, os sintomas são acentuados, provocando alterações no comportamento e na conduta do paciente, podendo comprometer relações pessoais e o desempenho profissional. Transtorno bipolar tipo 2: existe uma alternância entre os episódios de depressão e os de hipomania (estado de mania mais leve, com euforia, excitação, otimismo e, em alguns casos, agressividade). Este tipo acarreta menos prejuízos no comportamento e atividades do paciente. Transtorno bipolar não especificado ou misto: caracteriza-se pela superposição ou alternância dos sintomas depressivos e eufóricos em um espaço de tempo mais curto. Os sintomas, apesar de sugerirem o diagnóstico da bipolaridade, não são suficientes nem em número, nem em tempo de duração para classificá-la em tipo 1 ou 2. Transtorno ciclotímico: é o quadro mais leve do distúrbio, marcados por oscilações de humor que podem ocorrer no mesmo dia. O paciente alterna sintomas de hipomania e de depressao leve que podem ser confundidos com um jeito de ser “instável” ou com “altos e baixos”. De forma geral, antecede sintomas eufóricos e depressivos maiores. CONSULTORIAS Brian Bellandi da Cunha e Silva, médico especializado em psiquiatria; Ellen Moraes Senra, psicóloga e especialista em terapia cognitivo-comportamental. “O transtorno pode ser explicado como uma patologia na qual o paciente possui alterações extremas de humor durando períodos longos” Brian Bellandi, médico especialista em psiquiatria No cérebro Cientistas da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, realizaram a maior análise cerebral que se tem até hoje em relação aos pacientes acometidos pelo distúrbio. Os pesqui- sadores reuniram informações do mundo inteiro e realizaram varreduras cerebrais para mapear o cérebro bipolar. Com a ajuda de aparelhos de ressonância eletromagnética, foram analisados cerca de 6.500 cérebros de voluntários, nos quais aproximadamente 2.445 possuíam o transtorno. A análise detectou redução de massa cinzenta na região frontal, responsável, entre outras funções, pelo controle da inibição, e na região temporal, que controla a motivação. Apesar de nem todos os pacientes seguirem esse padrão, a média dos pacientes com o distúrbio tendem a possuir anormalidade estrutural nas regiões frontais do cérebro envolvidas no autocontrole. Isso explicaria, portanto, alguns dos sintomas maníacos da doença. Alterações no sistema límbico, conhecido como o centro das emoções cerebrais, também foram detectadas. Percebeu-se uma redução do tecido cerebral nessa região ligada à sentimentos como tristeza e impotência, informação que também fora percebida durante um estudo realizado pelos pesquisadores sobre depressão. Apesar de ainda não existir total conhecimento sobre o que ocorre do ponto de vista neurocientí- fico, acredita-se que alguns neurônios produzem quantidades “erradas” de neurotransmissorescomo o glutamato, dopamina e serotonina, que estimulam ou inibem o funcionamento de determinadas áreas cerebrais. “A diminuição de dopamina e serotonina, por exemplo, pode proporcionar sintomas depressivos ao paciente. Já o aumento de outros neurotransmissores (como o glutamato, a dopamina e a noradrenalia) em uma área conhecida como ‘substância reticular ativadora ascendente’ proporciona aumento da energia e diminuição do sono”, detalha Brian. Origens As causas do transtorno ainda não são totalmente esclarecidas. “Dentre as conhecidas, acredita-se na ação de genes em combinação com o fator ambiental”, aponta o médico especialista em psiquiatra Brian Bellandi. Quando se tem histórico do distúrbio ou de outros transtornos do humor e da personalidade na família, aumentam-se as chances. Além disso, quanto maior o grau de parentesco, maior a possibilidade da ocorrência. Entre os fatores ambientais, estão o estresse prolongado, disfunções da tireóide, episódios frequentes de depressão ou início precoce de crises e experiências traumáticas como a perda de um ente querido, por exem- plo. A psicóloga e especialista em terapia cognitivo – comportamental Ellen Senra aponta, ainda, que a ocorrência “costuma ser mais comum no público feminino do que no masculino”. O uso de psicoestimulantes (drogas em geral e medicações mal in- dicadas), como antidepressivos, opióides e estimulantes, também pode aumentar a possibilidade de desenvolver o transtorno. Quanto à idade, a avaliação prévia do distúrbio costuma ser comum, sendo relatada pela maioria dos pacientes desde o período da adolescência, mas costuma ser diagnosticada de fato na idade adulta, entre 20 e 30 anos. Telegram @clubederevistas Conheça os principais sintomas da bipolaridade e formas práticas de identificar essa disfunção Temperamento em conflito Telegram @clubederevistas CONSULTORIAS Ellen Moraes Senra, psicóloga e especialista em terapia cognitivo comportamental; Brian Bellandi da Cunha e Silva, médico especializado em psiquiatria. “A pessoa estar triste por uma perda ou algo relacionado não impede seu funcionamento regular. Já indivíduos com episódios depressivos maiores ficam nesse estado por dias e, geralmente, não conseguem desempenhar suas funções normalmente” Ellen Moraes Senra, psicóloga O transtorno bipolar, ainda que tenha algumas características similares à esquizofrenia, possui elementos que lhe são únicos. E é por meio desses atributos que os profissionais da mente determinam quando uma pessoa, realmente, está sofrendo desse qua- dro. Confira abaixo alguns indícios que podem fazer você suspeitar se a bipolaridade está ou não presente. Principais sintomas Geralmente, é por meio dos efeitos do trans- torno bipolar que se identifica o distúrbio. Como o próprio nome já diz, a bipolaridade tem como maior característica a dualidade de humores (euforia e depressão). “Durante uma crise ma- níaca é comum vermos a presença de autoestima inflada, complexo de grandiosidade, redução da necessidade do sono, fala e pensamentos ace- lerados, agitação motora, propensão a realizar atividades perigosas, dentre outros”, explica a psicóloga Ellen Moraes Senra. Porém, tratando-se de um episódio depressivo maior, é comum que o paciente apresente um humor triste na maior parte do dia. Além disso, há “diminuição do interesse ou prazer em realizar atividades, perda ou ganho significativo de peso, insônia ou sono exagerado, agitação ou lentidão psicomotora, e também a distração e fuga de pensamentos”, completa a profissional. O que diferenciará uma pessoa saudável de alguém que possui transtorno bipolar, segundo Ellen, é que os episódios de alteração de humor, comuns em qualquer pessoa, afetam diretamente a qualidade de bem-estar de quem tem bipola- ridade. De acordo com a especialista, a duração desses episódios é uma forma de identificar se as crises estão relacionadas a esse transtorno ou não. “A pessoa estar triste por uma perda ou algo relacionado não impede seu funcionamento regular. Já indivíduos com episódios depressivos maiores ficam nesse estado por dias e, geralmente, não conseguem desempenhar suas funções normal- mente. O episódio maníaco, caracterizado por euforia e comportamentos excessivos, também pode prejudicar, especialmente se acompanha- dos de características psicóticas. Em suma, uma alteração normal de humor pode durar algumas horas ou minutos e não incapacitam o sujeito por semanas como a bipolaridade o faz”, acrescenta. Em busca do diagnóstico Para se encontrar uma resposta definitiva sobre o quadro de bipolaridade, é necessário que o indivíduo suspeito realize uma avaliação comportamental de sua situação, além da coleta exames e investigação de sua história pregressa. “O indicado é procurar profissionais capacitados, principalmente o médico psiquiatra. A colaboração de outras especialidades, como a neurologia, pode ser útil para eventuais diagnósticos diferenciais”, orienta Brian Bellandi, médico especializado em psiquiatria. Parceria fundamental Ainda de acordo com o profissional, familiares e amigos podem ter um papel decisivo para a identificação desse transtorno no indivíduo e no seu processo de tratamento. “Estudos mostram que pacientes que recebem ajuda e suporte de amigos e familiares apresentam menor taxa de internação hospitalar e melhor adesão à tera- pia, corroborando para que se tenha uma vida completamente funcional quando a doença está controlada”, afirma Brian Bellandi. Ellen Moraes acrescenta que alguns sinais podem ser relevantes para que pessoas próximas suspeitem da presença do transtorno, como per- ceber se o indivíduo “isolou-se por dias seguidos sem se comunicar ou afirmando incapacidade e/ ou falta de vontade de realizar tarefas; verificar comportamentos excessivos como abuso de substâncias sem precedentes; além de notar se houveram mudanças no indivíduo de uma semana para outra ou de um mês para outro”. Telegram @clubederevistas Desmistifique as ideias comuns sobre a esquizofrenia e o transtorno bipolar Mitos e Quando o assunto é transtornos mentais, muitos estereótipos ainda estão presentes na po- pulação em geral, fazendo os indivíduos sofrerem com julga- mentos e preconceitos. Com isso, os pacientes que poderiam se integrar na sociedade acabam sendo minorizados e rejeitados por conta de seus comportamentos. É o caso dos esquizofrênicos e bipolares, já que acabam tendo atitudes próprias de seus distúrbios, como a alteração de humor recorrente. A informação é o primeiro passo para uma convivência melhor e, pensando nisso, des- cubra os mitos e verdades sobre a esquizofrenia e o transtorno bipolar. verdades Telegram @clubederevistas Os esquizofrênicos são loucos? Mito. Essa é uma palavra usada frequentemente de uma forma pejorativa. Assim, seja com este ou com qualquer outros transtornos, o ideal é evitar o termo. Ainda assim, alguns sintomas da esquizofrenia estão ligados ao estereótipo de loucura, mas, com o tratamento, o paciente pode ter uma vida normal, estudando, trabalhando e se relacionando com outras pessoas como qualquer outro indivíduo que não possui o distúrbio. Os esquizofrênicos não sabem da sua condição? Verdade. O transtorno faz o indivíduo per- der a noção da realidade. Assim, a maioria dos pacientes não percebe a doença e, muitas vezes, isso atrapalha o tratamento, uma vez que acham que estão saudáveis e que seus delírios são reais. Uso de drogas causa esquizofrenia? É possível. Alguns tipos de drogas, como a maconha e a cocaína, aumentam os níveis de dopamina no cérebro, uma das características do transtorno. Assim, quando elas são consumidas ainda na fase de desenvolvimento cerebral, como durante a adolescência, as substâncias provocam um desequilíbrio do neurotransmissor, que pode acarretar no surgimento do distúrbio, especial- mente nos indivíduos com predisposição genética. O esquizofrênico oferece perigo? Mito. Quando amedicação é ministrada de forma adequada, os pacientes esquizofrênicos não costumam ser perigosos. Na maioria dos casos, eles acabam oferecendo mais risco a si mesmos que aos outros. Contudo, em casos específicos, os indivíduos costumam ser mais agressivos durante uma crise e, apenas nesses quadros, a internação é indicada. Os esquizofrênicos possuem múltiplas personalidades? Mito. A personalidade é formada por traços gerais que definem uma pessoa. O esquizofrê- nico apresenta quadros de delírios, alucinações e mudança na percepção da realidade. Ou seja, o paciente passa a ter alterações no comporta- mento, mas não muda sua essência, seus gostos ou quem é. É possível ter transtorno bipolar sem saber? Verdade. Os pequenos graus da doença po- dem passar despercebidos, fazendo com que o indivíduo tenha o transtorno bipolar e não saiba. Além disso, é um distúrbio difícil de ser diagnosticado – já que depende de relatos do paciente e familiares – e pode ser confundido com outras doenças, como depressão, síndrome do pânico ou, até mesmo, esquizofrenia. Pessoas bipolares mudam de humor o tempo todo? Mito. Existe a ideia de que uma pessoa com o transtorno bipolar mude da tristeza para a alegria várias vezes no dia. Na verdade, as crises variam de duração entre dias e meses, demons- trando alternâncias entre estado depressivo ou eufórico, que, subitamente, transforma,-se em outro sentimento. Todavia, há um período de estabilidade entre as crises, que também pode permanecer por dias, meses ou, até mesmo, anos. Pessoas com transtorno bipolar são agressivas? Mito. O risco de violência e comportamen- tos hostis se manifesta quando o paciente não segue o tratamento corretamente, juntamente com fazer uso de drogas ilícitas ou álcool. Fora casos de exceção, o maior perigo do bipolar é o suicídio, pensamento que surge nos estados de depressão profunda. Telegram @clubederevistas Os esquizofrênicos e os bipolares conseguem ter uma vida normal? Verdade. Seguindo o tratamento recomendado, é possível que os sintomas se amenizem o suficiente para que os pacientes consigam trabalhar ou se relacionarem bem com amigos e cônjuges, por exemplo. Os medicamentos e terapias melhoram a qualidade de vida tanto do indivíduo como das pessoas que o cercam. Crianças podem ser esquizofrênicas ou bipolares? Verdade. A esquizofrenia na infância se asse- melha ao autismo, e a diferenciação ocorrerá com o passar do tempo, durante o desenvolvimento da criança. Já o segundo distúrbio, por muito tempo, foi considerado um problema que acometia apenas adultos. Contudo, o transtorno bipolar, na verdade, é mais difícil de ser detectado na infância, uma vez que as crianças são normal- mente mais ativas e ainda estão descobrindo as emoções. Desse modo, entender as oscilações de humor dos pequenos é mais complicado, já que os pais julgam ser apenas uma fase. Os bipolares e esquizofrênicos são mais inteligentes e criativos? Não necessariamente. Apesar de muitos gênios terem algum distúrbio mental, como o matemá- tico americano John Nash – esquizofrênico que tem sua história contada no filmes Uma Mente Brilhante – ou ainda o pintor Vicent Van Gogh, que sofria de depressão, transtorno bipolar e alucinações, não há comprovações científicas de que a inteligência ou criatividade estão ligadas ao problema. Uma explicação para tal associação é que os pacientes transmitem nas obras suas visões de mundo, que se diferem de uma pessoa sem os distúrbios. Os transtornos têm cura? Mito. Os distúrbios não têm cura, mas existem tratamentos medicamentosos e terapêuticos para amenizar os sintomas (veja mais nas páginas 22 e 24), promovendo maior qualidade de vida aos pacientes e possibilitando que eles possam interagir melhor socialmente, especialmente aos esquizofrênicos. CONSULTORIA Heloisa Spinoso, psicóloga clínica. Quando a medicação é ministrada de forma adequada, os pacientes esquizofrênicos não costumam ser perigosos. Na maioria dos casos, eles acabam oferecendo mais risco a si mesmos que aos outros. Telegram @clubederevistas Entenda como a bipolaridade e a esquizofrenia estão relacionadas aos sintomas de diferentes distúrbios mentais Uma gama de consequências Telegram @clubederevistas PARA ENTENDER MELHOR Muitas vezes, a esquizofrenia e bipolaridade são quadros passíveis de serem confundidos devido à similaridade de seus sintomas. Porém, ao mesmo tempo, tais transtornos podem apresentar diferenças significativas entre eles, permitindo uma melhor identificação. O neuropediatra Clay Brites explica os principais pontos que diferem esses quadros: 1º Apresentação clínica: a esquizofrenia tem como sinal principal a presença de alucinações visuais e auditivas, distúrbios de julgamento e alterações de resposta afetiva, levando a diferentes formas de resposta do indivíduo as demandas do cotidiano. O transtorno bipolar é mais um distúrbio de oscilação de estado do humor, ora eufórico ora depressivo. 2º Consequências cognitivas: o transtorno bipolar pode prejudicar a atenção seletiva e sustentada e a capacidade de memorização. Quanto à esquizofrenia, ela atinge mais a capacidade de planejamento e organização mental. 3º Padrão de funcionamento cerebral: a bipolaridade afeta mais as regiões pré-frontais e subcoticais. A esquizofrenia influi sobre a estrutura do córtex cerebral nos lobos frontais. CONSULTORIA Clay Brites, neuropediatra, membro do Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e docente do curso de especialização de neuropsicologia à Neurologia Infantil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. “Uma pessoa que tem uma predisposição a apresentar transtorno bipolar ou esquizofrenia pode vir a tê-los caso entre num quadro depressivo, em razão de uma crise ansiosa ou em um estado constante de nervosismo” Clay Brites, neuropediatra. Os transtornos esquizofrênicos e bipolares podem causar diversas consequências nos indivíduos diagnosticados. Porém, além disso, a ciência tem demonstrado que esses quadros estão intimamente ligados a muitos outros problemas de saúde, os quais podem ser tão ou mais graves do que ambas as condições. A seguir, confira mais informações relacionadas a esses distúrbios. Fatores de risco Segundo o neuropediatra Clay Brites, con- textos de grande estresse são um dos fatores que podem fazer com que os transtornos possam ser desenvolvidos. “Por serem distúrbios psiquiátricos, são capazes de levar o indivíduo a ter depressão e ansiedade. Mas o contrário também é verdadeiro: uma pessoa que tem uma predisposição a apre- sentar transtorno bipolar ou esquizofrenia pode vir a tê-los caso entre num quadro depressivo, em razão de uma crise ansiosa ou em um estado constante de nervosismo”, explica o especialista. Além disso, traumas vividos anteriormente e hábitos cotidianos pouco saudáveis possuem sua parcela de culpa no desenvolvimento desses quadros psicológicos. “Abusos sexuais, violência urbana, uso de drogas, alcoolismo, decepções amorosas, frustrações no trabalho e/ou perda de oportunidades podem contribuir significativa- mente para tais transtornos”, completa Brites. Uma série de problemas Conforme Clay Brites explica, bipolaridade e esquizofrenia, além de poderem resultar em quadros de demências, também são capazes de ocasionar danos à saúde para além da mente do indivíduo, como favorecer o aparecimento de problemas cardiovasculares. Para somar a essa série de consequências, o profissional conta que “surtos recorrentes de psicose afetam as conexões cerebrais e levam o paciente a desenvolver, com o tempo, dificuldades de atenção, memória e capacidade executiva”. Outra consequência importante desses quadros que merece ser considerada é a de desagregação familiar. Ela é ocasionada porque, muitas vezes, tais doenças não são compreendidas e, con- sequentemente, também não são controladas da maneiracorreta. Essa situação faz com que possíveis crises desses indivíduos se tornem ainda mais severas, provocando o rompimento dos laços afetivo-emocionais entre os familiares. Este cenário caótico de abandono pode fazer com que um dos maiores problemas de saúde mental acabe se resultando: o suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas no ano de 2016, foram registrados mais de 800 mil casos de suicídio em todo globo. Isso representa que, a cada 40 segundos, um indivíduo retira sua própria vida. Por todos esses elementos, Clay Brites orienta que ambos os transtornos devem ser compreendidos, tratados e acompanhados por psiquiatras e, como consequência, é provavelmente capaz de levar o paciente ao uso crônico ou por tempo indeterminado de medicações (veja mais na página 22). Telegram @clubederevistas Veja como os remédios podem ser importantes opções para os tratamentos da esquizofrenia e do transtorno bipolar Sob prescrição médica Telegram @clubederevistas REPRESENTAÇÕES PREJUDICIAIS O psiquiatra Mario Louzã conta que um dos principais elementos que devem ser observados nesse assunto é em relação aos estigmas e desinformações sobre esses distúrbios psicológicos. Segundo Louzã, uma das melhores formas de solucionar tal questão é por meio psicoeducação. “É algo fundamental no tratamento dos dois quadros, que seria ensinar sobre eles. Fazer a pessoa e os familiares entenderem essas condições. Afinal, dependemos da colaboração do paciente para que se siga o tratamento corretamente”, explica. Além da falta de conhecimentos sobre os diagnósticos, Louzã afirma que parte da mídia atua de forma decisiva para a desinformação sobre esses quadros. “Algo que atualmente tem sido um problema é que essas doenças são tratadas na mídia de forma muito preconceituosa. Recentemente, tiveram algumas novelas que colocaram os tratamentos psiquiátricos como elementos de tortura. Isso prejudica os pacientes, pois eles não são aquilo que aparecem nas tramas, e também influi na adesão aos tratamentos”, finaliza o especialista. CONSULTORIA Mario Louzã, médico e psiquiatra. Equivalente à população inteira da Rússia - essa é uma das estima- tivas sobre o número de pessoas, somadas, com transtorno bipolar e esquizofrenia ao redor do mundo. Mais de 140 milhões de indivíduos é a quantidade aproximada dessa parcela. Para muitas das pessoas com esses distúrbios, as terapias se mostram importantes para que exista o controle dos diversos sintomas que lhe são característicos. Porém, em casos graves, pode ser necessário recorrer ao tratamento medicamentoso. Parecidos, mas diferentes Em alguns casos, a bipolaridade e a esquizofre- nia, podem apresentar quadros similares, causando uma divergência de opiniões de especialistas sobre a possibilidade dos distúrbios existirem simultaneamente em um mesmo paciente. “Em meio aos sintomas deles, existe um diagnóstico que é um tanto quanto controverso, chamado transtorno esquizoafetivo. Ele se caracteriza pela presença de traços tanto da esquizofrenia como do transtorno bipolar. Mas há profissionais que dizem que esse quadro, na verdade, não existe. Alega-se que este seria alguma variação do trans- torno bipolar ou da esquizofrenia, propriamente”, afirma o médico psiquiatra Mário Louzã. É importante que se compreenda bem quais desses transtornos o indivíduo está apresentando, pois isso fará diferença sobre qual medicamento será receitado à ela. “Basicamente, a esquizofrenia é tratada com antipsicóticos. Já para o transtorno bipolar, existem diferentes medicações conforme a fase da doença”, explica Louzã. Os sinais para aplicação de substâncias quí- micas em caso de bipolaridade é muito variável, o que faz com que sua análise seja ainda mais criteriosa. “Para um quadro maníaco, em seu tratamento, usamos tanto os antipsicóticos quanto os chamados estabilizadores do humor. Se verificamos um quadro depressivo dentro do transtorno bipolar, ou seja, uma depressão bipolar, ocorre o uso de algumas medicações que a melhoram, sem causar o que chamamos de uma ‘virada maníaca’”, esclarece o especialista. A “virada maníaca”, citada pelo profissional, é quando o paciente sai da depressão e passa rapidamente para um estado de exaltação. Isso decorre, geralmente, graças ao uso de antidepres- sivos que causam uma precipitação da euforia. Principais medicamentos e seus efeitos Basicamente, são duas as medicações prescritas para o tratamento dos transtor- nos esquizofrênicos e bipolar. Uma delas se chama quetiapina (um antipsicótico) e a outra é a lamotrigina (um estabilizador de humor). Em relação à depressão bipolar, Louzã explica que poderia tratá-la com antidepressivos, porém haveria o risco de ocasionar uma “virada maníaca” no pa- ciente (caso que ocorre em cerca de 10% dos indivíduos). Quanto aos efeitos colaterais dessas substâncias, é necessário fazer a associa- ção do grau do transtorno ocorrente na pessoa e a fórmula do remédio que está sendo empregado. Segundo o psiquiatra, existe cerca de 15 antipsicóticos no mer- cado que apresentarão diferentes perfis consequenciais. “De modo geral, sejam os antipsicóticos, antidepressivos ou os estabilizadores de humor, as consequências são, em geral, de leves até moderadas, de forma que não chegam a comprometer o tratamento do paciente. E, se o indivíduo possuir algum efeito colateral, podemos trocar por outro remédio, avaliando a efi- cácia do fármaco sobre a pessoa”, afirma o psiquiatra. “Contudo, diminuir os efeitos colaterais e também reduzir sua eficácia simultaneamente não se mostram boas opções. Tentamos sempre controlar suas consequências da melhor forma possível para garantir a efetividade daquilo que o paciente está tomando”, conclui Louzã. Vale ressaltar que todo o tratamento deve ser prescrito e acompanhado por profissionais, sem que haja qualquer con- sumo medicamentoso por conta própria. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) afirma que o lítio, substância muito usada em pacientes que possuem, principalmente, o transtorno bipolar, é um elemento tóxico, que em doses adequadas é capaz de reverter os quadros de euforia e evitar suas recor- rências. Porém, se usado incorretamente, pode trazer diversos prejuízos aos pacientes. Telegram @clubederevistas Conheça exemplos de terapias que podem aliviar os sintomas de distúrbios do humor Soluções alternativas Telegram @clubederevistas A s emoções são fatores determinantes para o desen- volvimento de vários males da mente. No entanto, é possível controlá-las e garantir uma vida com mais qualidade. Pensando nisso, separamos algumas técnicas que podem fazer toda a diferença no dia a dia de quem enfrenta distúrbios mentais, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Vale ressaltar que alguns distúrbios mais graves, como a própria esquizofrenia, necessitam de um tratamento terapêutico acompanhado do uso de remédios receitados por um especialista para que, assim, os sintomas não dominem a saúde do paciente. A seguir, conheça algumas alternativas que visam gerar uma maior qualidade de vida às pessoas que sofrem com desordens da mente! PSICOTERAPIAS Mesmo com o apoio familiar e a administração de remédios por um psiquiatra, o acompanhamento profissional de um psicólogo é fundamental para o controle dos desconfortos relacionados à mente. Para tanto, existem diversas linhas terapêuticas, as quais serão indicadas pelo especialista de acordo com cada diagnóstico. Psicanálise Teorizada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud em três importantes publicações, Interpretação dos Sonhos, Psicopatologia da Vida Cotidiana e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, a psicanálise, como forma de psicoterapia, busca ouvir o que o paciente tem a dizer sobre suas dificuldades a fim de ajudar a superá-las. O principal ponto dessa técnica é fazer com que a pessoa livre-se daquele fator causadorde sofrimento por meio da fala. Para isso, o profissional que domina a prática busca investigar elementos vivenciados pelo indivíduo que podem ter causado um trauma e, consequentemente, a sequência de sintomas desde então. Mesmo que o episódio traumático tenha ocorrido há muito tempo, o psicanalista, por meio de associações livres, consegue estimular um maior autoconhecimento por parte da pessoa e, desse modo, trazer o problema à tona para que o tratamento comece a surtir os primeiros efeitos. “Psicanalistas pós-freudianos aprofundaram-se neste campo apontado por Freud, demonstran- do a eficácia da psicanálise no tratamento da esquizofrenia e das psicoses em geral”, explica a psicóloga Ana Paula Magosso Cavaggioni Psicologia junguiana Mesmo que a contribuição de Freud tenha sido marcante para a compreensão da mente humana, os estudos do pai da psicanálise não foram os únicos a se embrenharem nesse ca- minho nebuloso. O austríaco inspirou outros teóricos a se aprofundarem na área, e um dos que se destacou por suas contraposições a alguns pontos defendidos por ele é o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Com a formação da psicologia analítica, Jung pôde acrescentar uma opção de tratamento para aqueles que buscam uma terapia para a mente. Sem um método de atuação padronizado, esse tipo de análise se baseia em pilares das teorias propostas pelo psiquiatra: 1. Inconscientes: indo além do inconsciente definido por Freud, como sendo uma parte da mente que guarda vivências que podem ter sido apenas esquecidas ou até reprimidas devido a uma espécie defesa contra um trauma, Jung também afirma a existência de uma região inconsciente em que estariam experiências compartilhadas por toda a humanidade. 2. Sonhos: a interpretação dos sonhos é utilizada pela psicologia junguiana para com- preender dificuldades reais da pessoa, como se fossem uma parte da psique dela. Telegram @clubederevistas Gestalt terapia O que difere essa terapia é o fato de o terapeuta não buscar impor ne- nhuma verdade sobre as dificuldades que seu cliente apresenta na consulta, trabalhando com a afirmação de que cada ser humano é autêntico por si só. “Não dá pra separar o homem do seu mundo. Enxergamos o universo a partir das nossas histórias, valores e crenças; então o universo que o paciente enxerga está totalmente atrelado à sua forma de ser, ao seu caminho e às características da sua personalidade”, explana o gestalt terapeuta Marcelo Pinheiro. Terapia lacaniana Por mais que a fala do terapeuta seja uma parte essencial da psicoterapia para que o paciente compreenda suas adversidades, consultar um profissional que entenda a importância de ouvir também pode trazer muitos benefícios. É o que diz um dos seguidores de Freud, o psiquiatra francês Jacques La- can em sua corrente teórica, a qual compara a estrutura do inconsciente humano com a linguagem. A análise é marcada pela pouca quantidade ou ausência de intervenções do especialista. Esse método é escolhido devido à preferência do terapeuta de não influir no discurso da pessoa, evitando ao máximo a “contaminação” por parte da fala dele. Essa característica é alvo de críticas, uma vez que acaba por transferir a definição do ritmo da sessão ao próprio paciente. Terapia cognitivo-comportamental Essa é uma opção interessante para lidar com dificuldades emocionais, como ansiedade e estresse. Isso porque o objetivo do terapeuta especialista nessa técnica é identificar e com- preender os fatores que estão incomodando a pessoa, além de fazer com que ela enxergue suas preocupações em relação a acontecimen- tos tanto externos como internos, tirando o foco da adversidade em si. Desse modo, conforme as sessões avançam, o paciente consegue ir mudando os pensamentos que ativam o gatilho do desconforto emocional em questão. Terapia familiar O método de trabalho utilizado nesse tipo de terapia pede que a análise seja feita com todos os membros familiares envolvidos no problema emocional em questão a fim de encontrar uma saída. No processo, o terapeuta procura promover a discussão da dificuldade entre os participantes, buscando estabelecer um comprometimento entre todos de não atropelar a fala do outro e se dirigir diretamente ao profissional, evitando que o conflito possa piorar. Além disso, a terapia incentiva as pessoas a reavaliarem suas posições frente à adversidade. Telegram @clubederevistas Musicoterapia “A técnica, assim como toda proposta terapêutica, acredita no ser humano e na sua possibilidade de pensar, sentir, buscar e direcionar necessidades. Nesse contexto de acolhimento da pessoa com suas questões e sofrimentos, esse método age de uma forma suave e prazerosa, porém eficaz, aproveitando-se das inúmeras potencialidades da música e de seus elementos para atingir as necessidades terapêuticas de cada pessoa”, justifica a psicóloga Paula Dias Félix. Dessa forma, com o auxílio da música e de um profissional espe- cializado, torna-se possível tratar distúrbios da mente em busca de mais qualidade de vida. De uma maneira simples, pode-se dizer que as condições aparecem na musicoterapia como um agente de mudança, pronto para abrir caminhos novos e saudáveis, sempre res- peitando o contexto de vida de cada um. Acupuntura Ela consiste na aplicação de pequenas agulhas em diversos pontos do corpo, responsáveis por recuperar o organismo de danos tanto físicos quanto psicológicos. “Acupuntura é um tratamento milenar da medicina chinesa que age por meio da estabilidade energética no organismo, gerando assim um equilíbrio físico, emocional e bioquímico. No tratamento, fazemos uma avaliação para saber qual a instabilidade específica da- quele paciente, pois existem muitos tipos de oscilações que podem causar a depressão. Corrigindo o desequilí- brio, os sintomas típicos da depressão desaparecem e a pessoa se sente mais disposta, feliz, com a melhora da qualidade do sono e a concentração. Estudos mostram que a acupuntura pode ativar o hormônio do bem- -estar, sendo por isso tão utilizada para tratamento de depressão”, conta a naturóloga e acupunturista Tylá Pillotto Duarte. Ioga Além de auxiliar na res- piração e no bom desempenho do sistema nervoso, a técnica proporciona o aumento da concentração e a diminuição da ansiedade. “A prática do método pode ser uma grande aliada para prevenção dos quadros de depressão, por todos os seus benefícios já co- nhecidos. Recentemente, uma pesquisa americana evidenciou que a prática da ioga aumentava os níveis de um neurotransmissor (o GABA) em até 27%, o mesmo que está diminuído nos quadros de depressão e ansiedade. Para uma aplicação mais terapêutica, temos a prática da iogaterapia, em que o paciente é atendido por um especialista que fará uma avaliação e montará uma estra- tégia individual para aquele paciente”, conta o instrutor de ioga e meditação Salvador Hernandes. Telegram @clubederevistas Arteterapia Esse estilo terapêutico busca em diferentes formas de se expressar simbolicamente a arte (pinturas, de- senhos, esculturas, etc), como explica a arteterapeuta Bianca Acampora, “focar no processo de construção, de criatividade, visando estimular o crescimento in- terior, abrir novos horizontes e ampliar a consciência do indivíduo sobre si e sobre sua existência”. A especialista afirma que a arteterapia proporciona um maior equilíbrio emocional pela compreensão do que se encontra escondido no inconsciente. Desse modo, a técnica favorece “a liberação de emoções, de conflitos internos, de imagens perturbadoras do inconsciente. Além de contato com a ansiedade, conteúdos reprimidos e medos, auxilia na coordenação motora e equilíbrio físico e mental”, complementa Bianca. Florais Basicamente, é o emprego de essências florais que auxiliam o indivíduo no equilíbrio de suas emoções e na solução de conflitos internos. “A técnica tem eficácia em lidar com uma variedade imensa de problemas psíquicos e físicos, que têm sua origem no simples desajustedos fluxos de energia vital. É um sistema cada vez mais aceito e respeitado como um potente complemento aos tratamentos de medicina tradicional. Seu efeito é profundo, pois suas fórmulas têm a capacidade de mudar os padrões patológicos gerados nas células no campo emocional e físico, reestruturando- -os em padrões saudáveis, o que reflete na harmonização psíquica e física”, salienta a terapeuta Cristiane Mariano. Fitoterapia Trata-se do uso de plantas para fins terapêuticos. “É considerada fitoterápica toda preparação farmacêutica com chás, tinturas, xaropes, pomadas e cápsulas que utiliza como matéria-prima algumas partes de plantas como folhas, caules, raízes, flores e sementes”, afirma a farmacêutica e homeopata Adriana Márcia Gonçalves. Durante o tratamento, são empregadas diversas ervas com os mais variados sabores (amargo, azedo, doce) e temperaturas (quente, frio, morno), assim, cada doença ou distúrbio da mente, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, é tratado de acordo com as características de cada planta e a necessidade do paciente. CONSULTORIAS Adriana Márcia Gonçalves, farmacêutica e homeopata; Ana Paula Magosso Cavaggioni, psicóloga; Bianca Acampora, arteterapeuta; Cristiane Mariano, terapeuta; Marcelo Pinheiro, gestalt terapeuta e um dos fundadores do Instituto de Gestalt Terapia e Atendimento Familiar (IGT); Paula Dias Félix, psicóloga; Salvador Hernandes, instrutor de ioga e meditação; Tylá Pillotto Duarte, naturóloga e acupunturista. Telegram @clubederevistas Confira dicas de obras que abordam os temas tratados nessa edição Para saber mais LIVROS Entre a razão e a ilusão: Desmistificando a Esquizofrenia AUTORES: JORGE CÂNDIDO DE ASSIS, CECÍLIA CRUZ VILLARES, RODRIGO AFFONSECA BRESSAN EDITORA: ARTMED O livro, escrito por meio de uma união entre um paciente e profissionais que se dedicam ao tema, trata da história de Gabriel (nome fictício) e sua família. Com linguagem acessível e recursos como ilustrações, exemplos clínicos e dicas, os autores abordam o transtorno e situações que permeiam a vida de Gabriel, para que o leitor construa um entendimento sobre o processo de ser diagnosticado com o transtorno e conviver com a condição ao longo da vida. Crônicas de um bipolar AUTOR: MARCELO DINIZ EDITORA: RECORD Ao descobrir a extensa lista de célebres figuras que possuem o transtorno, como Salvador Dalí, Isaac Newton e Beethoven, o também paciente da bipolaridade Marcelo Diniz conta episódios de sua vida e retrata com bom humor períodos em que o transtorno bipolar pode ter influenciado (ou não) atitudes e decisões. O diferencial do autor está em tirar de foco os aspectos depressivos da doença e expor, com textos leves e acessíveis, a excentricidade da rotina regida pelo distúrbio. Telegram @clubederevistas FILMES O lado bom da vida (2013) DIREÇÃO: DAVID O. RUSSELL GÊNERO: COMÉDIA DRAMÁTICA ELENCO: BRADLEY COOPER, JENNIFER LAWRENCE E ROBERTO DE NIRO Por causa de atitudes erradas que fizeram com que pessoas de seu trabalho ficassem assustadas, Pat Solitano Jr (Bradley Cooper), diagnosticado com transtorno bipolar, perdeu quase tudo: casa, emprego e casamento. Depois de meses de trata- mento em uma clínica de reabilitação, ele é levado para morar na casa dos pais. Embora seu temperamento ainda precise de cuidados, Pat está decidido a reconstruir sua vida, acreditando ser possível passar por cima do passado e reconquistar sua ex- -esposa. Em um jantar na casa de amigos, ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher problemática que provocará mudanças em seus planos do futuro. Nise – O coração da loucura (2016) DIREÇÃO: ROBERTO BERLINER GÊNERO: DRAMA/BIOGRAFIA ELENCO: GLORIA PIRES, SIMONE MAZZER E JULIO ADRIÃO Baseado na história de Nise da Silveira, psiquiatra contrária aos tratamentos convencionais da esquizofrenia, a história conta sua volta ao trabalho, após sair da prisão, em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro nos anos 1950. A doutora, isolada pelos outros médicos da instituição, assume o setor de terapia ocupacional, no qual dá início a uma nova forma de tratar seus pacientes, por meio da arte e do amor. DOCUMENTÁRIOS Stephen Fry: A Vida Secreta de um Maníaco Depressivo (2006) DIREÇÃO: ROSS WILSON GÊNERO: FILME BIOGRÁFICO/DOCUMENTÁRIO O documentário, dividido em duas partes, fala sobre a maneira como o comediante, escritor e ator vive o transtorno mental conhecido como ciclotimia, uma forma leve da bipolaridade. Stephen foi diagnosticado com o distúrbio aos 37 anos e, na produção, conta sobre seus questionamentos sobre a bipola- ridade ao longo de sua trajetória pessoal, além de entrevistar outros artistas que também possuem o transtorno ou depressão. Im ag en s: R ep ro d u çã o COORDENADORA DE REVISTAS DIGITAIS Hérica Rodrigues (herica.rodrigues@astral.com.br) REDAÇÃO Ana Carvalho (ana.carvalho@astral.com.br), Ana Kubata (anabeatriz.kubata@astral.com.br), Fernanda Villas Bôas (fernanda.villasboas@astral.com.br) e Gabrielle Aguiar (gabrielle.aguiar@astral.com.br) DESIGN Eugênio Tonon (eugenio.tonon@astral.com.br) e Roberta Lourenço (roberta.lourenco@astral.com.br) MARKETING DIGITAL Marcelo Monico (marceloluiz.monico@astral.com.br) Conteúdo produzido e publicado originalmente na revista: Segredos da Mente - Esquizofrenia e Transtornos Bipolar Ano 1, nº 1 - 2018 DIREÇÃO João Carlos de Almeida e Pedro José Chiquito CONTATO atendimento@astral.com.br ENDEREÇO Rua Joaquim Anacleto Bueno, 1-70, Setor M83 - Jardim Contorno, Bauru - SP - CEP: 17047-281 ©2024 EDITORA ALTO ASTRAL LTDA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDA A REPRODUÇÃO. PSICOLOGIA Ano 2, nº 12 - Fevereiro 2025 Telegram @clubederevistas FEVEREIRO Roxo Laranja Conscientização do Lúpus, Fibromialgia e Mal de Alzheimer Combate à leucemia e incentivo a doação de sangue ou medula óssea Para participar do nosso grupo no TELEGRAM, clique no ícone ao lado https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas