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BIPOLAR
ESOUIZOFRENIA e 
CONTROLE
SEU HUMOR
TESTE: você
é uma pessoa
bipolar?
Quando o uso 
de REMÉDIOS
é indicado
Tudo sobre os 
transtornos
que influenciam 
a personalidade 
humana
Os MITOS 
E VERDADES 
desses distúrbios
O que acontece 
NO CÉREBRO
 esquizofrênico
As melhores 
terapias para 
controlar as 
crises e deixar 
sua mente 
mais calma
PSICOLOGIA
TRANSTORNO
R$ 9,90
Segredos da Mente Psicologia - Ano 2, nº 12
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FEVEREIRO
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Colocando os 
Já pensou como seria se você não tivesse controle sobre o seu humor? Ou, ainda, se não fosse capaz de 
distinguir o real e o ilusório no dia a dia? Essas características podem parecer incomuns e raras, mas, em alguns 
casos, são uma realidade para pessoas esquizofrênicas e bipolares. Por tais distúrbios estarem relacionados 
a vários mitos e assuntos delicados, produzimos esta edição sobre ESQUIZOFRENIA E TRANSTORNO 
BIPOLAR. 
Nas próximas páginas, você compreenderá tudo sobre esses quadros, desde a origem de cada um até como 
ocorre o diagnóstico, quais são os principais sintomas e o que acontece no cérebro durante as crises. Além disso, 
mostramos como esses transtornos estão relacionados a outros distúrbios, como a ansiedade, depressão e estresse. 
Por fim, indicamos alternativas para buscar uma melhor qualidade de vida quando o diagnóstico é confirmado. 
Conheça os benefícios e efeitos colaterais do tratamento medicamentoso para cada distúrbio e até que ponto 
é recomendado. E, para casos em que o uso de remédios não é necessário, apresentamos as principais terapias 
que visam controlar as crises de humor e acalmar a mente. 
Boa leitura!
A redação
pensamentos 
em ordem
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Além da realidade
Ter alucinações não 
é o único sinal da 
esquizofrenia. Saiba como 
reconhecer o distúrbio
Temperamento 
em conflito
Conheça os principais 
sintomas da bipolaridade 
e formas práticas de 
identificar essa disfunção
ÍNDICE
Humor alterado
Fique por dentro do que a 
ciência diz sobre as causas 
da bipolaridade
Pílulas da redação
As pesquisas mais 
recentes sobre a 
esquizofrenia e o 
transtorno bipolar
Não é loucura
Os primeiros registros de 
casos de esquizofrenia e o que 
acontece no cérebro de quem 
passa por esse distúrbio
Telegram @clubederevistas
Mitos e verdades
Os principais fatos 
relacionados a esses dois 
distúrbios da mente
Uma gama de 
consequências
Depressão, ansiedade 
e outros fatores estão 
ligados a esses transtornos
Para saber mais
Obras literárias e 
audiovisuais para 
esclarecer a esquizofrenia e 
a bipolaridade
Soluções 
alternativas
Conheça terapias para 
controlar o humor e ter a 
mente mais tranquila
Sob prescrição médica
Até que ponto o tratamento com 
remédios é indicado?
Telegram @clubederevistas
Fique por dentro das novas pesquisas da 
neurociência sobre os transtornos mentais
Pílulas DA REDAÇÃO
>> Origem da psicose
Com o objetivo de descobrir como surge a 
psicose em pacientes com esquizofrenia, a 
pesquisa apresentada na 30ª conferência do 
Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, 
em Paris, utilizou o método de estimulação 
magnética transcraniana (TMS, sigla em inglês). 
Foi realizada entrevista em 26 voluntários, 
enquanto 33 participantes passaram por 
um procedimento utilizando placebo. Assim, 
enquanto eram estimulados, os cientistas 
observaram, pela ressonância, que pulsos 
magnéticos eram direcionados para o lobo 
temporal, responsável pela linguagem, 
memória e percepção auditiva. A conclusão 
foi que esse recurso pode ser considerado 
um possível tratamento para os casos de 
alucinações dos esquizofrênicos, uma vez que 
obtiveram respostas significativas em 34,6% 
dos pacientes após duas semanas. 
>> Bipolaridade na mente
Com o objetivo de descobrir a 
área do cérebro responsável pela 
alterações de humor relacionados ao 
transtorno bipolar, os pesquisadores 
da Universidade da Califórnia do Sul, 
nos Estados Unidos investigaram o 
órgão encefálico de 6.503 pessoas em 
aparelhos de ressonância magnética, 
sendo que 2.447 delas apresentam 
o quadro. Desse modo, foi detectado 
que a massa cinzenta das regiões 
frontais e temporais – responsáveis 
pela inibição e movimentação – era 
reduzida nos pacientes diagnosticados 
com o distúrbio. Outra região afetada 
é o sistema límbico – que controla 
as emoções –, em que há uma 
diminuição do tecido cerebral nas 
partes encarregadas pela tristeza. 
Essa disfunção também foi encontrada 
em um estudo sobre a mente dos 
depressivos. 
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>> A influência de doenças
inflamatórias
Pesquisadores da Universidade 
de Emory, nos Estados Unidos, 
analisaram os resultados de 144 
estudos anteriores sobre a influência 
de inflamações em distúrbios como 
esquizofrenia, transtorno bipolar e 
depressão. Dessa vez, a investigação 
abrangeu as três patologias juntas, 
descobrindo que os pacientes tinham 
moléculas pró-inflamatórias e anti-
inflamatórias, cuja quantidade era 
maior que nos casos das pessoas 
sem os transtornos. A pesquisa 
constatou, também, que os níveis 
de moléculas alteravam conforme 
ocorriam crises agudas (sendo mais 
altas) e após o tratamento (chegando 
a taxas consideradas quase normais). 
Contudo, a medicação teve poucos 
resultados, indicando que apenas 
alguns indivíduos podem ter a causa 
relacionada entre os transtornos 
mentais e o sistema imunológico. 
>> Genética bipolar
Uma pesquisa publicada na JAMA Psychiatry 
pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados 
Unidos, em conjunto com a Universidade 
UPPsala, na Suécia e a Universidade de 
Helsinque, na Finlândia, indicou que distúrbios 
mentais podem ser passados aos descendentes 
por meio da genética. O método utilizado foi 
analisar irmãos nascidos entre 1933 e 1944, 
que foram separados durante a Segunda 
Guerra Mundial para se protegerem de 
bombardeamentos – enquanto um foi levado 
até a Suécia, o outro permaneceu no país, a 
Finlândia. O irmão que precisou se adaptar 
em outro país e, posteriormente, se adequar 
novamente à terra natal manifestou níveis 
mais altos de transtornos mentais, enquanto 
o que ficou na própria casa sofreu menos 
alterações. Assim, os pesquisadores passaram 
a investigar os descendentes dessas famílias e 
perceberam que os filhos da criança mandada 
para a Suécia tiveram quatro vezes mais risco 
de desenvolver transtorno bipolar e depressão 
do que seus primos.
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Há anos, a ciência busca desvendar as 
causas e os efeitos da esquizofrenia no 
cérebro. Conheça as origens e o que se 
sabe desse quadro atualmente
Não é loucura!
A esquizofrenia é uma doença 
que afeta alguns campos da 
mente, como o juízo crítico, 
as emoções e a percepção da 
realidade, atingindo mais de 
21 milhões de pessoas no mundo segundo 
dados da Organização Mundial da Saúde 
(OMS). Entenda como a neurociência 
descobriu e estuda até os dias atuais esse 
transtorno mental.
Primeiros registros
A história do distúrbio começa no 
fim do século XIX, quando o psiquiatra 
alemão Emir Kraeplin estabeleceu uma 
classificação dos transtornos mentais. 
Nesse estudo, Kraeplin deu o nome de 
demência precoce a uma condição que 
causava alucinações, alterações na atenção, 
compreensão e fluxos de pensamento, 
falta de afeição e sintomas catatônicos. 
O psiquiatra também observou que esses 
pacientes costumavam adoecer no início da 
vida e as causas não estavam relacionadas 
ao ambiente em que eles viviam.
Mas foi o psiquiatra suíçoEugen Bleuler 
quem criou o termo esquizofrenia. “Esqui-
zo” significa divisão, enquanto “phrenia” 
representa a mente. Isso porque, para o 
estudioso, existia uma ruptura no pen-
samento, comportamento e nas emoções 
das pessoas afetadas. Bleuler também é 
responsável pela divisão dos sintomas da 
esquizofrenia em fundamentais (primários) 
e acessórios (secundários).
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CONSULTORIAS Helena Mura, psiquiatra especialista em dependência química; Isidoro Cobra, 
psiquiatra; Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
FONTES Artigo Esquizofrenia: uma revisão, Regina Cláudia Barbosa da Silva, Psicologia USP 
(2006); Livro Esquizofrenia: dois enfoques complementares, Mario Louzã Neto, Itiro Shirakawa 
e Luiz Barros, Projeto Fenix (1999).
Transtorno jovem
A esquizofrenia costuma atingir homens e 
mulheres igualmente. Da mesma forma, a doença 
está presente de maneira homogênea entre todas 
as etnias. Geralmente, os primeiros sintomas 
aparecem entre o fim da adolescência e a idade 
adulta, sendo que os homens costumam ter a 
primeira crise antes das mulheres. Segundo o 
psiquiatra Isidoro Cobra, se desenvolve com 
mais frequência em adultos: “o mais recorrente 
é em torno dos 18 aos 35 anos, muito difícil que 
apareça antes ou depois”.
No entanto, como afirma o psiquiatra Rodrigo 
Pessanha, pode haver casos na infância, “sendo 
estes mais graves e de pior prognóstico, uma vez 
que a própria noção de identidade pessoal é atin-
gida em seus primórdios, levando a um prejuízo 
mais importante do funcionamento global”. Se 
forem realizados diagnósticos semelhantes em 
pessoas mais velhas, devem ser consideradas 
outras hipóteses de distúrbios.
Mudanças no cérebro
Em geral, os esquizofrênicos têm toda massa 
encefálica afetada, provocando o mau funciona-
mento dos neurônios, diminuindo sua atividade 
e, consequentemente, a comunicação cerebral.
No cérebro, as mudanças causadas pela esqui-
zofrenia não possuem áreas bem definidas. De 
acordo com a psiquiatra Helena Mura, “fala-se, 
na verdade, de alterações entre as conexões de 
algumas partes do cérebro, cada uma com di-
ferentes funções”. O aumento de dopamina em 
ligações das regiões centrais do órgão ao córtex 
pré-frontal pode provocar alucinações. E, por 
outro lado, a redução desse neurotransmissor em 
conexões das áreas ligadas ao prazer e às emoções 
é responsável pela dificuldade de expressão de 
sentimentos e da falta da satisfação.
Além da dopamina, “o glutamato tem sua função 
diminuída, e há participação da serotonina e da 
acetilcolina, neurotransmissores que interferem 
na liberação dos demais”, completa Mura.
Os tratamentos empregados em casos de es-
quizofrenia também estão relacionados a estas 
substâncias. “A maioria dos medicamentos uti-
lizados nas intervenções, assim como em outras 
doenças psiquiátricas caracterizadas por sintomas 
psicóticos, bloqueia receptores específicos da 
dopamina, em uma tentativa de reequilibrar os 
circuitos hiperativos”, conclui Rodrigo.
Origem genética?
Atualmente, os cientistas ainda não conseguiram escla-
recer quais fatores causam a doença. Isidoro explica que a 
medicina reconhece que “existe uma certa predisposição 
genética”, mas não se sabe ao certo qual é o gene que 
determina se uma pessoa vai apresentar os sintomas ou 
não. No entanto, essa relação pode ser comprovada por 
diversos estudos que revelam que a chance de pessoas que 
são parentes de portadores da doença terem esquizofrenia 
é maior do que na população em geral. 
Para se ter uma ideia, a taxa de concordância em gêmeos 
idênticos para esquizofrenia é 50%. Se a doença fosse 
puramente genética, essa taxa deveria ser de 100%, uma 
vez que o DNA de gêmeos idênticos é o mesmo. Já se a 
esquizofrenia não fosse causada por genes, a taxa seria 
de 1%, o mesmo que na população em geral. 
Por isso, a maioria dos psiquiatras aponta que, para 
desenvolver esse transtorno psicológico, é necessário 
ter uma certa predisposição e estar exposto à fatores 
ambientais que desencadeiem os sintomas. Cobra lembra 
que a influência do meio pode ser bem representada por 
situações como guerras e conflitos políticos, que podem 
incitar o surgimento da doença em algumas pessoas. 
Outras causas
Diferentes fatores ambientais estão relacionados à 
formação do cérebro ainda durante a gestação até os 
primeiros meses de vida da criança. Algumas hipóteses 
apontam que alterações na sequência de modificações 
cerebrais durante seu amadurecimento podem causar 
uma maior predisposição ao transtorno.
Além disso, o surgimento de esquizofrenia também 
pode ser relacionado ao abuso de drogas com efeitos psi-
cóticos, como a maconha, cocaína e o LSD, especialmente 
durante a adolescência em pacientes com predisposição 
para o transtorno. 
Mesmo que a esquizofrenia seja um quadro crônico, 
que não tem cura, pode ser controlada com o uso de 
medicamentos que evitam crises psicóticas e atendimento 
psicológico, para ajudar na ressocialização do paciente. 
Apesar de os medicamentos não prevenirem as crises 
e, em muitos casos, não eliminarem completamente os 
sintomas, muitos pacientes conseguem levar os estudos 
adiante, trabalhar, casar e ter filhos, constituindo uma 
vida normal (saiba mais sobre os remédios e terapias nas 
páginas 22 e 24, respectivamente).
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Existem muitas dúvidas que 
cercam a esquizofrenia. Conheça 
os principais sintomas e como o 
distúrbio é diagnosticado
Além da 
realidade
A esquizofrenia é comumente taxada 
como “coisa de louco” e, muitas 
vezes, as pessoas sequer sabem o 
nome desse transtorno. Por isso, é 
importante ressaltar seus sintomas e 
características para que, desse modo, seja possível 
perceber a diferença entre este tipo de psicose da 
psicopatia, a qual, ao contrário dos transtornos 
psicóticos, não é tratada como uma patologia.
Sentidos confusos
Os sintomas são divididos em positivos, 
alucinações e delírios, e negativos, em que a 
dificuldade de se expressar e o isolamento so-
cial são mais comuns. Contudo, os traços mais 
conhecidos da esquizofrenia são as alucinações, 
que, segundo a psiquiatra Sofia Bauer, “podem 
ser visuais, auditivas ou de sensações (ver , ouvir 
e sentir coisas, de certo modo, bem incomuns). 
Por exemplo, escutar vozes de mortos, enxergar 
pessoas que os outros não veem e notar cheiros 
diferentes”. Normalmente, estas fugas da re-
alidade são associadas à audição. No entanto, 
mesmo que mais raros, podem estar ligadas aos 
outros sentidos (visão, olfato, paladar e tato). E, 
por vezes, misturando-os, criam-se experiências 
sinestésicas, como “enxergar sons”. Mesmo que 
essa mistura de sensações seja relativamente 
atípica, “podem ocorrer, especialmente, em pa-
cientes que tenham uma marcante desorganização 
do pensamento e confusão mental”, completa o 
psiquiatra Rodrigo Pessanha. 
A esquizofrenia, oficialmente, tem 
diferentes avaliações. Na Classificação 
Internacional de Doenças (CID-10), 
último manual da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS), o distúrbio é 
dividido em paranoide (predominância 
dos sintomas positivos) e hebefrênica 
(sintomas negativos). Porém, na mais 
recente versão do Manual Diagnóstico 
e Estatístico dos Transtornos Mentais 
(DSM-5), esta subdivisão foi retirada.
Reconhecendo
A família tem um papel fundamental 
no diagnóstico, pois pode observar com 
mais frequência alterações no compor-
tamento da pessoa.
“O paciente vai se fechando para si 
mesmo, se isolando, o contato social sofre 
mudanças, ele deixa de se cuidar, o interesse 
não é mais o mesmo e pode passar a ver 
coisas que não existem, ouvir vozes que não 
são reais e começa a ficar persecutório”, 
explica a psicóloga Ana Cristina Fraia. 
Nesses casos, os familiares podem marcar 
uma consulta com um psiquiatra.
Personalidade múltipla ou 
esquizofrenia?
Casos mais graves de indivíduos 
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FACES DA PSICOSE
A esquizofrenia é um dos transtornos mais graves do grupo das psicoses. No entanto, quais outros 
distúrbios fazem parte desse conjunto?Confira a explicação de especialistas sobre alguns deles.
Esquizofrenia: “trata-se da principal forma. A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser 
contínua ou episódica, isto é, há possibilidade de evoluir de forma crônica após o primeiro surto 
ou apresentar vários episódios com relativa melhora entre esses”, explica a psiquiatra Sandra 
Carvalhais.
Psicose induzida por drogas: “alguns usuários podem já ter apresentado comportamento 
psicótico, e a droga piora seu estado mental. Já outros desencadeiam o surto após o uso”, 
esclarece o psicólogo Leonardo Barros.
Psicose orgânica: “causada por lesão cerebral ou enfermidade física que altere o funcionamento 
do cérebro, como a encefalite e o tumor cerebral”, descreve Barros.
Transtorno esquizotípico: “caracterizado por um comportamento excêntrico e por anomalias do 
pensamento e do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia. Pode comportar afeto frio ou 
inapropriado, falta de interesse e prazer nas vivências e tendência ao retraimento social”, ressalta 
Sandra.
Psicose reativa breve: “os sintomas aparecem de forma súbita em resposta a um evento muito 
estressante para uma pessoa muito sensível. Nesses casos, a recuperação ocorre em poucos dias”, 
finaliza Barros.
CONSULTORIAS Ana Cristina Fraia, psicóloga ; Helena Mura, psiquiatra 
especialista em dependência química; Leonardo G. Barros, psicólogo e hipnólogo; 
Rodrigo Pessanha, psiquiatra; Sandra Carvalhais, psiquiatra; Sofia Bauer, 
psiquiatra e psicóloga.
diagnosticados com o transtorno podem criar um estigma 
social negativo e desnecessário. Contudo, é inegável a existência 
de criminosos que desenvolveram tais comportamentos por 
causa da esquizofrenia. Como exemplo, é possível citar o caso 
do norte americano Billy Milligan, condenado por assaltos à 
mão armada e estupros. Entretanto, Billy foi absolvido por 
insanidade mental devido a alegações de seus advogados de 
que outras duas personalidades de seu cliente teriam cometido 
os crimes sem ele saber. 
A atribuição dessa variedade aos sintomas da esquizofrenia 
deve ser cautelosa. Segundo Pessanha, “a esquizofrenia é 
frequentemente confundida com o transtorno de persona-
lidade múltipla, uma condição raríssima e contestada por 
muitos especialistas que sugerem a investigação sobre sua real 
existência”. A confusão é, até certo ponto, compreensível se 
examinar a palavra ‘esquizofrenia’, que “é de origem latina, 
significando literalmente ‘divisão da mente’. No entanto, são 
dois tipos de condições psiquiátricas completamente diferen-
tes”, explica Pessanha.
Legalmente, segundo o Artigo 26 do Código Penal Bra-
sileiro, “é isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento”.
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Entenda o que é o transtorno bipolar 
e como ele afeta o cérebro dos 
pacientes
Humor alterado
Van Gogh, Edgar Allan Poe, Rita Lee, 
Britney Spears e Demi Lovato: o que 
essas personalidades famosas têm 
em comum? Além do talento para as 
artes, elas foram diagnosticadas com 
transtorno afetivo bipolar, atualmente conhecido 
como transtorno do espectro bipolar. 
O distúrbio possui relatos datados das civiliza-
ções greco-romana e foi descrito em personagens 
bíblicos, como o Rei Saul, rei de Israel presente no 
antigo testamento, e também em mitológicos, como 
em Ilíada, de Homero. Hoje ele é identificado, pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma 
das principais causas da redução do tempo de saúde 
e vida da população entre 15 e 44 anos, afetando 
cerca de 254 milhões de pessoas ao redor do mundo. 
Mudanças acentuadas 
Acordar animado e, ao longo do dia, perder o 
entusiasmo ou ficar chateado. Ao contrário do que 
muitas pessoas podem pensar, isso não é, necessaria-
mente, um sinal de bipolaridade. “Contradizendo a 
crença popular na qual o paciente bipolar apresenta 
alterações rápidas de humor, o transtorno pode, 
simplificadamente, ser explicado como uma patologia 
em que o paciente possui alterações extremas de 
humor durando períodos longos”, explica o médico 
especialista em psiquiatria Brian Bellandi. 
Trata-se, então, de um distúrbio em que o pa-
ciente varia de um estado depressivo a um estado 
maníaco ou hipomaníaco. O primeiro caracteriza-se 
por uma euforia que gera comportamentos exage-
rados, sendo até mesmo perigoso em alguns casos, 
e o segundo, visto como uma forma mais branda da 
mania. A duração dessas circustâncias, dependendo 
do paciente e tipo do transtorno (saiba mais no box 
ao lado), pode ser de dias ou até mesmo anos. 
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VARIEDADES
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais V (DSM-V) e o Código Internacional de Doenças (CID-
10), o transtorno bipolar pode ser classificado em 4 tipos. São eles: 
 Transtorno bipolar tipo 1: o indivíduo apresenta episódios de mania que costumam durar ao menos sete dias e fases de 
humor deprimido que podem persistir por duas semanas a vários meses. Em ambas fases, os sintomas são acentuados, 
provocando alterações no comportamento e na conduta do paciente, podendo comprometer relações pessoais e o 
desempenho profissional.
 Transtorno bipolar tipo 2: existe uma alternância entre os episódios de depressão e os de hipomania (estado de mania 
mais leve, com euforia, excitação, otimismo e, em alguns casos, agressividade). Este tipo acarreta menos prejuízos no 
comportamento e atividades do paciente.
 Transtorno bipolar não especificado ou misto: caracteriza-se pela superposição ou alternância dos sintomas depressivos 
e eufóricos em um espaço de tempo mais curto. Os sintomas, apesar de sugerirem o diagnóstico da bipolaridade, não são 
suficientes nem em número, nem em tempo de duração para classificá-la em tipo 1 ou 2.
 Transtorno ciclotímico: é o quadro mais leve do distúrbio, marcados por oscilações de humor que podem ocorrer no mesmo 
dia. O paciente alterna sintomas de hipomania e de depressao leve que podem ser confundidos com um jeito de ser “instável” 
ou com “altos e baixos”. De forma geral, antecede sintomas eufóricos e depressivos maiores.
CONSULTORIAS Brian Bellandi da Cunha e Silva, médico especializado em psiquiatria; Ellen Moraes Senra, psicóloga e especialista em terapia cognitivo-comportamental.
“O transtorno pode ser explicado como 
uma patologia na qual o paciente possui 
alterações extremas de humor durando 
períodos longos”
Brian Bellandi, médico especialista em psiquiatria
No cérebro
Cientistas da Universidade da Califórnia do 
Sul, nos Estados Unidos, realizaram a maior 
análise cerebral que se tem até hoje em relação aos 
pacientes acometidos pelo distúrbio. Os pesqui-
sadores reuniram informações do mundo inteiro 
e realizaram varreduras cerebrais para mapear 
o cérebro bipolar. Com a ajuda de aparelhos de
ressonância eletromagnética, foram analisados
cerca de 6.500 cérebros de voluntários, nos quais
aproximadamente 2.445 possuíam o transtorno.
A análise detectou redução de massa cinzenta na 
região frontal, responsável, entre outras funções, 
pelo controle da inibição, e na região temporal, 
que controla a motivação. Apesar de nem todos 
os pacientes seguirem esse padrão, a média dos 
pacientes com o distúrbio tendem a possuir 
anormalidade estrutural nas regiões frontais do 
cérebro envolvidas no autocontrole. Isso explicaria, 
portanto, alguns dos sintomas maníacos da doença. 
Alterações no sistema límbico, conhecido como 
o centro das emoções cerebrais, também foram
detectadas. Percebeu-se uma redução do tecido
cerebral nessa região ligada à sentimentos como
tristeza e impotência, informação que também
fora percebida durante um estudo realizado pelos
pesquisadores sobre depressão.
Apesar de ainda não existir total conhecimento 
sobre o que ocorre do ponto de vista neurocientí-
fico, acredita-se que alguns neurônios produzem 
quantidades “erradas” de neurotransmissorescomo 
o glutamato, dopamina e serotonina, que estimulam 
ou inibem o funcionamento de determinadas áreas 
cerebrais. “A diminuição de dopamina e serotonina,
por exemplo, pode proporcionar sintomas depressivos ao paciente. Já o 
aumento de outros neurotransmissores (como o glutamato, a dopamina 
e a noradrenalia) em uma área conhecida como ‘substância reticular 
ativadora ascendente’ proporciona aumento da energia e diminuição do 
sono”, detalha Brian. 
Origens 
As causas do transtorno ainda não são totalmente esclarecidas. “Dentre 
as conhecidas, acredita-se na ação de genes em combinação com o fator 
ambiental”, aponta o médico especialista em psiquiatra Brian Bellandi. 
Quando se tem histórico do distúrbio ou de outros transtornos do humor 
e da personalidade na família, aumentam-se as chances. Além disso, 
quanto maior o grau de parentesco, maior a possibilidade da ocorrência. 
Entre os fatores ambientais, estão o estresse prolongado, disfunções 
da tireóide, episódios frequentes de depressão ou início precoce de crises 
e experiências traumáticas como a perda de um ente querido, por exem-
plo. A psicóloga e especialista em terapia cognitivo – comportamental 
Ellen Senra aponta, ainda, que a ocorrência “costuma ser mais comum 
no público feminino do que no masculino”. 
O uso de psicoestimulantes (drogas em geral e medicações mal in-
dicadas), como antidepressivos, opióides e estimulantes, também pode 
aumentar a possibilidade de desenvolver o transtorno. 
Quanto à idade, a avaliação prévia do distúrbio costuma ser comum, 
sendo relatada pela maioria dos pacientes desde o período da adolescência, 
mas costuma ser diagnosticada de fato na idade adulta, entre 20 e 30 anos.
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Conheça os principais sintomas da 
bipolaridade e formas práticas de 
identificar essa disfunção
Temperamento 
em conflito
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CONSULTORIAS Ellen Moraes Senra, psicóloga e especialista em terapia cognitivo 
comportamental; Brian Bellandi da Cunha e Silva, médico especializado em psiquiatria.
“A pessoa estar triste 
por uma perda ou algo 
relacionado não impede seu 
funcionamento regular. Já 
indivíduos com episódios 
depressivos maiores ficam 
nesse estado por dias e, 
geralmente, não conseguem 
desempenhar suas funções 
normalmente”
Ellen Moraes Senra, psicóloga
O transtorno bipolar, ainda que 
tenha algumas características 
similares à esquizofrenia, possui 
elementos que lhe são únicos. E 
é por meio desses atributos que 
os profissionais da mente determinam quando 
uma pessoa, realmente, está sofrendo desse qua-
dro. Confira abaixo alguns indícios que podem 
fazer você suspeitar se a bipolaridade está ou 
não presente.
Principais sintomas
Geralmente, é por meio dos efeitos do trans-
torno bipolar que se identifica o distúrbio. Como 
o próprio nome já diz, a bipolaridade tem como
maior característica a dualidade de humores
(euforia e depressão). “Durante uma crise ma-
níaca é comum vermos a presença de autoestima 
inflada, complexo de grandiosidade, redução da
necessidade do sono, fala e pensamentos ace-
lerados, agitação motora, propensão a realizar
atividades perigosas, dentre outros”, explica a
psicóloga Ellen Moraes Senra. Porém, tratando-se 
de um episódio depressivo maior, é comum que
o paciente apresente um humor triste na maior
parte do dia. Além disso, há “diminuição do
interesse ou prazer em realizar atividades, perda
ou ganho significativo de peso, insônia ou sono
exagerado, agitação ou lentidão psicomotora,
e também a distração e fuga de pensamentos”,
completa a profissional.
O que diferenciará uma pessoa saudável de 
alguém que possui transtorno bipolar, segundo 
Ellen, é que os episódios de alteração de humor, 
comuns em qualquer pessoa, afetam diretamente 
a qualidade de bem-estar de quem tem bipola-
ridade. De acordo com a especialista, a duração 
desses episódios é uma forma de identificar se as 
crises estão relacionadas a esse transtorno ou não. 
“A pessoa estar triste por uma perda ou algo 
relacionado não impede seu funcionamento regular. 
Já indivíduos com episódios depressivos maiores 
ficam nesse estado por dias e, geralmente, não 
conseguem desempenhar suas funções normal-
mente. O episódio maníaco, caracterizado por 
euforia e comportamentos excessivos, também 
pode prejudicar, especialmente se acompanha-
dos de características psicóticas. Em suma, uma 
alteração normal de humor pode durar algumas 
horas ou minutos e não incapacitam o sujeito por 
semanas como a bipolaridade o faz”, acrescenta.
Em busca do diagnóstico
Para se encontrar uma resposta definitiva 
sobre o quadro de bipolaridade, é necessário 
que o indivíduo suspeito realize uma avaliação 
comportamental de sua situação, além da coleta 
exames e investigação de sua história pregressa. 
“O indicado é procurar profissionais capacitados, 
principalmente o médico psiquiatra. A colaboração 
de outras especialidades, como a neurologia, pode 
ser útil para eventuais diagnósticos diferenciais”, 
orienta Brian Bellandi, médico especializado em 
psiquiatria.
Parceria fundamental
Ainda de acordo com o profissional, familiares 
e amigos podem ter um papel decisivo para a 
identificação desse transtorno no indivíduo e no 
seu processo de tratamento. “Estudos mostram 
que pacientes que recebem ajuda e suporte de 
amigos e familiares apresentam menor taxa de 
internação hospitalar e melhor adesão à tera-
pia, corroborando para que se tenha uma vida 
completamente funcional quando a doença está 
controlada”, afirma Brian Bellandi.
Ellen Moraes acrescenta que alguns sinais 
podem ser relevantes para que pessoas próximas 
suspeitem da presença do transtorno, como per-
ceber se o indivíduo “isolou-se por dias seguidos 
sem se comunicar ou afirmando incapacidade e/
ou falta de vontade de realizar tarefas; verificar 
comportamentos excessivos como abuso de 
substâncias sem precedentes; além de notar se 
houveram mudanças no indivíduo de uma semana 
para outra ou de um mês para outro”.
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 Desmistifique as ideias comuns sobre
a esquizofrenia e o transtorno bipolar
Mitos e 
Quando o assunto é transtornos 
mentais, muitos estereótipos 
ainda estão presentes na po-
pulação em geral, fazendo os 
indivíduos sofrerem com julga-
mentos e preconceitos. Com isso, os pacientes 
que poderiam se integrar na sociedade acabam 
sendo minorizados e rejeitados por conta de seus 
comportamentos. É o caso dos esquizofrênicos e 
bipolares, já que acabam tendo atitudes próprias 
de seus distúrbios, como a alteração de humor 
recorrente. A informação é o primeiro passo para 
uma convivência melhor e, pensando nisso, des-
cubra os mitos e verdades sobre a esquizofrenia 
e o transtorno bipolar.
verdades
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Os esquizofrênicos são loucos?
Mito. Essa é uma palavra usada frequentemente 
de uma forma pejorativa. Assim, seja com este 
ou com qualquer outros transtornos, o ideal é 
evitar o termo. Ainda assim, alguns sintomas 
da esquizofrenia estão ligados ao estereótipo de 
loucura, mas, com o tratamento, o paciente pode 
ter uma vida normal, estudando, trabalhando e se 
relacionando com outras pessoas como qualquer 
outro indivíduo que não possui o distúrbio. 
Os esquizofrênicos não sabem da 
sua condição? 
Verdade. O transtorno faz o indivíduo per-
der a noção da realidade. Assim, a maioria dos 
pacientes não percebe a doença e, muitas vezes, 
isso atrapalha o tratamento, uma vez que acham 
que estão saudáveis e que seus delírios são reais.
Uso de drogas causa esquizofrenia?
É possível. Alguns tipos de drogas, como a 
maconha e a cocaína, aumentam os níveis de 
dopamina no cérebro, uma das características do 
transtorno. Assim, quando elas são consumidas 
ainda na fase de desenvolvimento cerebral, como 
durante a adolescência, as substâncias provocam 
um desequilíbrio do neurotransmissor, que pode 
acarretar no surgimento do distúrbio, especial-
mente nos indivíduos com predisposição genética. 
O esquizofrênico oferece perigo?
Mito. Quando amedicação é ministrada de 
forma adequada, os pacientes esquizofrênicos não 
costumam ser perigosos. Na maioria dos casos, 
eles acabam oferecendo mais risco a si mesmos 
que aos outros. Contudo, em casos específicos, 
os indivíduos costumam ser mais agressivos 
durante uma crise e, apenas nesses quadros, a 
internação é indicada.
Os esquizofrênicos possuem múltiplas 
personalidades?
Mito. A personalidade é formada por traços 
gerais que definem uma pessoa. O esquizofrê-
nico apresenta quadros de delírios, alucinações 
e mudança na percepção da realidade. Ou seja, 
o paciente passa a ter alterações no comporta-
mento, mas não muda sua essência, seus gostos
ou quem é.
É possível ter transtorno bipolar 
sem saber?
Verdade. Os pequenos graus da doença po-
dem passar despercebidos, fazendo com que 
o indivíduo tenha o transtorno bipolar e não
saiba. Além disso, é um distúrbio difícil de ser
diagnosticado – já que depende de relatos do
paciente e familiares – e pode ser confundido
com outras doenças, como depressão, síndrome 
do pânico ou, até mesmo, esquizofrenia.
Pessoas bipolares mudam de humor 
o tempo todo?
Mito. Existe a ideia de que uma pessoa com
o transtorno bipolar mude da tristeza para a
alegria várias vezes no dia. Na verdade, as crises 
variam de duração entre dias e meses, demons-
trando alternâncias entre estado depressivo ou
eufórico, que, subitamente, transforma,-se em
outro sentimento. Todavia, há um período de
estabilidade entre as crises, que também pode
permanecer por dias, meses ou, até mesmo, anos. 
Pessoas com transtorno bipolar 
são agressivas?
Mito. O risco de violência e comportamen-
tos hostis se manifesta quando o paciente não 
segue o tratamento corretamente, juntamente 
com fazer uso de drogas ilícitas ou álcool. Fora 
casos de exceção, o maior perigo do bipolar é 
o suicídio, pensamento que surge nos estados
de depressão profunda.
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Os esquizofrênicos e os bipolares 
conseguem ter uma vida normal?
Verdade. Seguindo o tratamento recomendado, 
é possível que os sintomas se amenizem o suficiente 
para que os pacientes consigam trabalhar ou se 
relacionarem bem com amigos e cônjuges, por 
exemplo. Os medicamentos e terapias melhoram 
a qualidade de vida tanto do indivíduo como das 
pessoas que o cercam. 
Crianças podem ser esquizofrênicas 
ou bipolares?
Verdade. A esquizofrenia na infância se asse-
melha ao autismo, e a diferenciação ocorrerá com 
o passar do tempo, durante o desenvolvimento
da criança. Já o segundo distúrbio, por muito
tempo, foi considerado um problema que acometia 
apenas adultos. Contudo, o transtorno bipolar,
na verdade, é mais difícil de ser detectado na
infância, uma vez que as crianças são normal-
mente mais ativas e ainda estão descobrindo as
emoções. Desse modo, entender as oscilações de 
humor dos pequenos é mais complicado, já que
os pais julgam ser apenas uma fase.
Os bipolares e esquizofrênicos são 
mais inteligentes e criativos?
Não necessariamente. Apesar de muitos gênios 
terem algum distúrbio mental, como o matemá-
tico americano John Nash – esquizofrênico que 
tem sua história contada no filmes Uma Mente 
Brilhante – ou ainda o pintor Vicent Van Gogh, 
que sofria de depressão, transtorno bipolar e 
alucinações, não há comprovações científicas de 
que a inteligência ou criatividade estão ligadas 
ao problema. Uma explicação para tal associação 
é que os pacientes transmitem nas obras suas 
visões de mundo, que se diferem de uma pessoa 
sem os distúrbios. 
Os transtornos têm cura? 
Mito. Os distúrbios não têm cura, mas existem 
tratamentos medicamentosos e terapêuticos para 
amenizar os sintomas (veja mais nas páginas 
22 e 24), promovendo maior qualidade de vida 
aos pacientes e possibilitando que eles possam 
interagir melhor socialmente, especialmente aos 
esquizofrênicos.
CONSULTORIA Heloisa Spinoso, psicóloga clínica.
Quando a medicação 
é ministrada de 
forma adequada, 
os pacientes 
esquizofrênicos 
não costumam 
ser perigosos. Na 
maioria dos casos, 
eles acabam 
oferecendo mais 
risco a si mesmos 
que aos outros. 
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Entenda como a bipolaridade e a 
esquizofrenia estão relacionadas aos 
sintomas de diferentes distúrbios mentais
Uma gama de 
consequências
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PARA ENTENDER
MELHOR
Muitas vezes, a 
esquizofrenia e bipolaridade 
são quadros passíveis de 
serem confundidos devido 
à similaridade de seus 
sintomas. Porém, ao mesmo 
tempo, tais transtornos 
podem apresentar 
diferenças significativas 
entre eles, permitindo uma 
melhor identificação. O 
neuropediatra Clay Brites 
explica os principais pontos 
que diferem esses quadros:
1º Apresentação clínica: 
a esquizofrenia tem como 
sinal principal a presença 
de alucinações visuais e 
auditivas, distúrbios de 
julgamento e alterações de 
resposta afetiva, levando 
a diferentes formas de 
resposta do indivíduo as 
demandas do cotidiano. O 
transtorno bipolar é mais 
um distúrbio de oscilação 
de estado do humor, ora 
eufórico ora depressivo.
2º Consequências 
cognitivas: o transtorno 
bipolar pode prejudicar 
a atenção seletiva e 
sustentada e a capacidade 
de memorização. Quanto 
à esquizofrenia, ela atinge 
mais a capacidade de 
planejamento e organização 
mental.
3º Padrão de 
funcionamento cerebral: 
a bipolaridade afeta mais 
as regiões pré-frontais e 
subcoticais. A esquizofrenia 
influi sobre a estrutura do 
córtex cerebral nos lobos 
frontais.
CONSULTORIA Clay Brites, neuropediatra, membro do 
Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira 
de Pediatria e docente do curso de especialização de 
neuropsicologia à Neurologia Infantil da Universidade 
Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.
“Uma pessoa que tem 
uma predisposição a 
apresentar transtorno 
bipolar ou esquizofrenia 
pode vir a tê-los caso 
entre num quadro 
depressivo, em razão de 
uma crise ansiosa ou em 
um estado constante de 
nervosismo”
Clay Brites, neuropediatra.
Os transtornos esquizofrênicos e 
bipolares podem causar diversas 
consequências nos indivíduos 
diagnosticados. Porém, além 
disso, a ciência tem demonstrado 
que esses quadros estão intimamente ligados 
a muitos outros problemas de saúde, os quais 
podem ser tão ou mais graves do que ambas as 
condições. A seguir, confira mais informações 
relacionadas a esses distúrbios.
Fatores de risco
Segundo o neuropediatra Clay Brites, con-
textos de grande estresse são um dos fatores que 
podem fazer com que os transtornos possam ser 
desenvolvidos. “Por serem distúrbios psiquiátricos, 
são capazes de levar o indivíduo a ter depressão e 
ansiedade. Mas o contrário também é verdadeiro: 
uma pessoa que tem uma predisposição a apre-
sentar transtorno bipolar ou esquizofrenia pode 
vir a tê-los caso entre num quadro depressivo, 
em razão de uma crise ansiosa ou em um estado 
constante de nervosismo”, explica o especialista.
Além disso, traumas vividos anteriormente 
e hábitos cotidianos pouco saudáveis possuem 
sua parcela de culpa no desenvolvimento desses 
quadros psicológicos. “Abusos sexuais, violência 
urbana, uso de drogas, alcoolismo, decepções 
amorosas, frustrações no trabalho e/ou perda de 
oportunidades podem contribuir significativa-
mente para tais transtornos”, completa Brites.
Uma série de problemas
Conforme Clay Brites explica, bipolaridade 
e esquizofrenia, além de poderem resultar em 
quadros de demências, também são capazes de 
ocasionar danos à saúde para além da mente do 
indivíduo, como favorecer o aparecimento de 
problemas cardiovasculares.
Para somar a essa série de consequências, o 
profissional conta que “surtos recorrentes de 
psicose afetam as conexões cerebrais e levam o 
paciente a desenvolver, com o tempo, dificuldades 
de atenção, memória e capacidade executiva”.
Outra consequência importante desses quadros 
que merece ser considerada é a de desagregação 
familiar. Ela é ocasionada porque, muitas vezes, 
tais doenças não são compreendidas e, con-
sequentemente, também não são controladas 
da maneiracorreta. Essa situação faz com 
que possíveis crises desses indivíduos se 
tornem ainda mais severas, provocando o 
rompimento dos laços afetivo-emocionais 
entre os familiares. 
Este cenário caótico de abandono pode 
fazer com que um dos maiores problemas 
de saúde mental acabe se resultando: o 
suicídio. Segundo a Organização Mundial 
da Saúde (OMS), apenas no ano de 2016, 
foram registrados mais de 800 mil casos 
de suicídio em todo globo. Isso representa 
que, a cada 40 segundos, um indivíduo 
retira sua própria vida.
Por todos esses elementos, Clay Brites 
orienta que ambos os transtornos devem ser 
compreendidos, tratados e acompanhados 
por psiquiatras e, como consequência, é 
provavelmente capaz de levar o paciente ao 
uso crônico ou por tempo indeterminado 
de medicações (veja mais na página 22).
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Veja como os 
remédios podem ser 
importantes opções 
para os tratamentos 
da esquizofrenia e do 
transtorno bipolar
Sob prescrição 
médica
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REPRESENTAÇÕES 
PREJUDICIAIS
O psiquiatra Mario Louzã 
conta que um dos principais 
elementos que devem ser 
observados nesse assunto é 
em relação aos estigmas e 
desinformações sobre esses 
distúrbios psicológicos. 
Segundo Louzã, uma 
das melhores formas de 
solucionar tal questão é 
por meio psicoeducação. 
“É algo fundamental 
no tratamento dos dois 
quadros, que seria ensinar 
sobre eles. Fazer a pessoa 
e os familiares entenderem 
essas condições. 
Afinal, dependemos da 
colaboração do paciente 
para que se siga o 
tratamento corretamente”, 
explica.
Além da falta de 
conhecimentos sobre 
os diagnósticos, Louzã 
afirma que parte da mídia 
atua de forma decisiva 
para a desinformação 
sobre esses quadros. 
“Algo que atualmente 
tem sido um problema 
é que essas doenças são 
tratadas na mídia de forma 
muito preconceituosa. 
Recentemente, tiveram 
algumas novelas que 
colocaram os tratamentos 
psiquiátricos como 
elementos de tortura. Isso 
prejudica os pacientes, pois 
eles não são aquilo que 
aparecem nas tramas, e 
também influi na adesão 
aos tratamentos”, finaliza o 
especialista.
CONSULTORIA Mario Louzã, médico e psiquiatra.
Equivalente à população inteira da 
Rússia - essa é uma das estima-
tivas sobre o número de pessoas, 
somadas, com transtorno bipolar e 
esquizofrenia ao redor do mundo. 
Mais de 140 milhões de indivíduos é a quantidade 
aproximada dessa parcela.
Para muitas das pessoas com esses distúrbios, 
as terapias se mostram importantes para que 
exista o controle dos diversos sintomas que lhe 
são característicos. Porém, em casos graves, 
pode ser necessário recorrer ao tratamento 
medicamentoso.
Parecidos, mas diferentes
Em alguns casos, a bipolaridade e a esquizofre-
nia, podem apresentar quadros similares, causando 
uma divergência de opiniões de especialistas 
sobre a possibilidade dos distúrbios existirem 
simultaneamente em um mesmo paciente. “Em 
meio aos sintomas deles, existe um diagnóstico 
que é um tanto quanto controverso, chamado 
transtorno esquizoafetivo. Ele se caracteriza pela 
presença de traços tanto da esquizofrenia como 
do transtorno bipolar. Mas há profissionais que 
dizem que esse quadro, na verdade, não existe. 
Alega-se que este seria alguma variação do trans-
torno bipolar ou da esquizofrenia, propriamente”, 
afirma o médico psiquiatra Mário Louzã.
É importante que se compreenda bem quais 
desses transtornos o indivíduo está apresentando, 
pois isso fará diferença sobre qual medicamento 
será receitado à ela. “Basicamente, a esquizofrenia 
é tratada com antipsicóticos. Já para o transtorno 
bipolar, existem diferentes medicações conforme 
a fase da doença”, explica Louzã.
Os sinais para aplicação de substâncias quí-
micas em caso de bipolaridade é muito variável, 
o que faz com que sua análise seja ainda mais
criteriosa. “Para um quadro maníaco, em seu
tratamento, usamos tanto os antipsicóticos
quanto os chamados estabilizadores do humor.
Se verificamos um quadro depressivo dentro
do transtorno bipolar, ou seja, uma depressão
bipolar, ocorre o uso de algumas medicações
que a melhoram, sem causar o que chamamos de 
uma ‘virada maníaca’”, esclarece o especialista.
A “virada maníaca”, citada pelo profissional, 
é quando o paciente sai da depressão e passa 
rapidamente para um estado de exaltação. Isso 
decorre, geralmente, graças ao uso de antidepres-
sivos que causam uma precipitação da euforia.
Principais medicamentos 
e seus efeitos
Basicamente, são duas as medicações 
prescritas para o tratamento dos transtor-
nos esquizofrênicos e bipolar. Uma delas 
se chama quetiapina (um antipsicótico) e 
a outra é a lamotrigina (um estabilizador 
de humor). Em relação à depressão bipolar, 
Louzã explica que poderia tratá-la com 
antidepressivos, porém haveria o risco de 
ocasionar uma “virada maníaca” no pa-
ciente (caso que ocorre em cerca de 10% 
dos indivíduos).
Quanto aos efeitos colaterais dessas 
substâncias, é necessário fazer a associa-
ção do grau do transtorno ocorrente na 
pessoa e a fórmula do remédio que está 
sendo empregado. Segundo o psiquiatra, 
existe cerca de 15 antipsicóticos no mer-
cado que apresentarão diferentes perfis 
consequenciais. “De modo geral, sejam 
os antipsicóticos, antidepressivos ou os 
estabilizadores de humor, as consequências 
são, em geral, de leves até moderadas, de 
forma que não chegam a comprometer o 
tratamento do paciente. E, se o indivíduo 
possuir algum efeito colateral, podemos 
trocar por outro remédio, avaliando a efi-
cácia do fármaco sobre a pessoa”, afirma o 
psiquiatra. “Contudo, diminuir os efeitos 
colaterais e também reduzir sua eficácia 
simultaneamente não se mostram boas 
opções. Tentamos sempre controlar suas 
consequências da melhor forma possível 
para garantir a efetividade daquilo que o 
paciente está tomando”, conclui Louzã.
Vale ressaltar que todo o tratamento 
deve ser prescrito e acompanhado por 
profissionais, sem que haja qualquer con-
sumo medicamentoso por conta própria. A 
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) 
afirma que o lítio, substância muito usada 
em pacientes que possuem, principalmente, 
o transtorno bipolar, é um elemento tóxico, 
que em doses adequadas é capaz de reverter 
os quadros de euforia e evitar suas recor-
rências. Porém, se usado incorretamente,
pode trazer diversos prejuízos aos pacientes.
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Conheça exemplos de terapias 
que podem aliviar os sintomas de 
distúrbios do humor
 
Soluções 
alternativas
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A s emoções são fatores determinantes para o desen-
volvimento de vários males da mente. No entanto, é 
possível controlá-las e garantir uma vida com mais 
qualidade. Pensando nisso, separamos algumas técnicas 
que podem fazer toda a diferença no dia a dia de quem 
enfrenta distúrbios mentais, como a esquizofrenia e o transtorno 
bipolar. Vale ressaltar que alguns distúrbios mais graves, como a 
própria esquizofrenia, necessitam de um tratamento terapêutico 
acompanhado do uso de remédios receitados por um especialista 
para que, assim, os sintomas não dominem a saúde do paciente.
A seguir, conheça algumas alternativas que visam gerar uma maior 
qualidade de vida às pessoas que sofrem com desordens da mente!
PSICOTERAPIAS
Mesmo com o apoio familiar e a administração de remédios por 
um psiquiatra, o acompanhamento profissional de um psicólogo 
é fundamental para o controle dos desconfortos relacionados à 
mente. Para tanto, existem diversas linhas terapêuticas, as quais 
serão indicadas pelo especialista de acordo com cada diagnóstico.
Psicanálise 
Teorizada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud em três 
importantes publicações, Interpretação dos Sonhos, Psicopatologia 
da Vida Cotidiana e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, a 
psicanálise, como forma de psicoterapia, busca ouvir o que o paciente 
tem a dizer sobre suas dificuldades a fim de ajudar a superá-las. 
O principal ponto dessa técnica é fazer com que a pessoa livre-se 
daquele fator causadorde sofrimento por meio da fala. Para isso, 
o profissional que domina a prática busca investigar elementos
vivenciados pelo indivíduo que podem ter causado um trauma e,
consequentemente, a sequência de sintomas desde então.
Mesmo que o episódio traumático tenha ocorrido há muito 
tempo, o psicanalista, por meio de associações livres, consegue 
estimular um maior autoconhecimento por parte da pessoa e, desse 
modo, trazer o problema à tona para que o tratamento comece a 
surtir os primeiros efeitos.
“Psicanalistas pós-freudianos aprofundaram-se 
neste campo apontado por Freud, demonstran-
do a eficácia da psicanálise no tratamento da 
esquizofrenia e das psicoses em geral”, explica 
a psicóloga Ana Paula Magosso Cavaggioni
Psicologia junguiana
Mesmo que a contribuição de Freud tenha 
sido marcante para a compreensão da mente 
humana, os estudos do pai da psicanálise não 
foram os únicos a se embrenharem nesse ca-
minho nebuloso. O austríaco inspirou outros 
teóricos a se aprofundarem na área, e um dos 
que se destacou por suas contraposições a alguns 
pontos defendidos por ele é o psiquiatra suíço 
Carl Gustav Jung. 
Com a formação da psicologia analítica, Jung 
pôde acrescentar uma opção de tratamento para 
aqueles que buscam uma terapia para a mente. 
Sem um método de atuação padronizado, esse 
tipo de análise se baseia em pilares das teorias 
propostas pelo psiquiatra:
1. Inconscientes: indo além do inconsciente
definido por Freud, como sendo uma parte da 
mente que guarda vivências que podem ter sido 
apenas esquecidas ou até reprimidas devido a 
uma espécie defesa contra um trauma, Jung 
também afirma a existência de uma região 
inconsciente em que estariam experiências 
compartilhadas por toda a humanidade.
2. Sonhos: a interpretação dos sonhos é
utilizada pela psicologia junguiana para com-
preender dificuldades reais da pessoa, como se 
fossem uma parte da psique dela.
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Gestalt terapia
O que difere essa terapia é o fato de o terapeuta não buscar impor ne-
nhuma verdade sobre as dificuldades que seu cliente apresenta na consulta, 
trabalhando com a afirmação de que cada ser humano é autêntico por si 
só. “Não dá pra separar o homem do seu mundo. Enxergamos o universo a 
partir das nossas histórias, valores e crenças; então o universo que o paciente 
enxerga está totalmente atrelado à sua forma de ser, ao seu caminho e às 
características da sua personalidade”, explana o gestalt terapeuta Marcelo 
Pinheiro.
Terapia lacaniana
Por mais que a fala do terapeuta seja uma parte essencial da psicoterapia 
para que o paciente compreenda suas adversidades, consultar um profissional 
que entenda a importância de ouvir também pode trazer muitos benefícios. 
É o que diz um dos seguidores de Freud, o psiquiatra francês Jacques La-
can em sua corrente teórica, a qual compara a estrutura do inconsciente 
humano com a linguagem. 
A análise é marcada pela pouca quantidade ou ausência de intervenções 
do especialista. Esse método é escolhido devido à preferência do terapeuta 
de não influir no discurso da pessoa, evitando ao máximo a “contaminação” 
por parte da fala dele. Essa característica é alvo de críticas, uma vez que 
acaba por transferir a definição do ritmo da sessão ao próprio paciente.
Terapia cognitivo-comportamental
Essa é uma opção interessante para lidar 
com dificuldades emocionais, como ansiedade 
e estresse. Isso porque o objetivo do terapeuta 
especialista nessa técnica é identificar e com-
preender os fatores que estão incomodando a 
pessoa, além de fazer com que ela enxergue 
suas preocupações em relação a acontecimen-
tos tanto externos como internos, tirando 
o foco da adversidade em si. Desse modo,
conforme as sessões avançam, o paciente
consegue ir mudando os pensamentos que
ativam o gatilho do desconforto emocional
em questão.
Terapia familiar
O método de trabalho utilizado nesse 
tipo de terapia pede que a análise seja feita 
com todos os membros familiares envolvidos 
no problema emocional em questão a fim 
de encontrar uma saída. No processo, o 
terapeuta procura promover a discussão da 
dificuldade entre os participantes, buscando 
estabelecer um comprometimento entre 
todos de não atropelar a fala do outro e se 
dirigir diretamente ao profissional, evitando 
que o conflito possa piorar. Além disso, a 
terapia incentiva as pessoas a reavaliarem 
suas posições frente à adversidade.
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Musicoterapia 
“A técnica, assim como toda proposta terapêutica, 
acredita no ser humano e na sua possibilidade de 
pensar, sentir, buscar e direcionar necessidades. Nesse 
contexto de acolhimento da pessoa com suas questões 
e sofrimentos, esse método age de uma forma suave e 
prazerosa, porém eficaz, aproveitando-se das inúmeras 
potencialidades da música e de seus elementos para 
atingir as necessidades terapêuticas de cada pessoa”, 
justifica a psicóloga Paula Dias Félix. Dessa forma, 
com o auxílio da música e de um profissional espe-
cializado, torna-se possível tratar distúrbios da mente 
em busca de mais qualidade de vida. De uma maneira 
simples, pode-se dizer que as condições aparecem na 
musicoterapia como um agente de mudança, pronto 
para abrir caminhos novos e saudáveis, sempre res-
peitando o contexto de vida de cada um.
Acupuntura 
Ela consiste na aplicação de pequenas agulhas em 
diversos pontos do corpo, responsáveis por recuperar 
o organismo de danos tanto físicos quanto psicológicos. 
“Acupuntura é um tratamento milenar da medicina
chinesa que age por meio da estabilidade energética
no organismo, gerando assim um equilíbrio físico,
emocional e bioquímico. No tratamento, fazemos uma
avaliação para saber qual a instabilidade específica da-
quele paciente, pois existem muitos tipos de oscilações
que podem causar a depressão. Corrigindo o desequilí-
brio, os sintomas típicos da depressão desaparecem e a
pessoa se sente mais disposta, feliz, com a melhora da
qualidade do sono e a concentração. Estudos mostram
que a acupuntura pode ativar o hormônio do bem-
-estar, sendo por isso tão utilizada para tratamento de
depressão”, conta a naturóloga e acupunturista Tylá
Pillotto Duarte.
Ioga 
Além de auxiliar na res-
piração e no bom desempenho do 
sistema nervoso, a técnica proporciona 
o aumento da concentração e a diminuição 
da ansiedade. “A prática do método pode ser
uma grande aliada para prevenção dos quadros 
de depressão, por todos os seus benefícios já co-
nhecidos. Recentemente, uma pesquisa americana 
evidenciou que a prática da ioga aumentava os
níveis de um neurotransmissor (o GABA) em até
27%, o mesmo que está diminuído nos quadros de
depressão e ansiedade. Para uma aplicação mais
terapêutica, temos a prática da iogaterapia, em
que o paciente é atendido por um especialista
que fará uma avaliação e montará uma estra-
tégia individual para aquele paciente”, conta
o instrutor de ioga e meditação Salvador
Hernandes.
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Arteterapia
Esse estilo terapêutico busca em diferentes formas 
de se expressar simbolicamente a arte (pinturas, de-
senhos, esculturas, etc), como explica a arteterapeuta 
Bianca Acampora, “focar no processo de construção, 
de criatividade, visando estimular o crescimento in-
terior, abrir novos horizontes e ampliar a consciência 
do indivíduo sobre si e sobre sua existência”. 
A especialista afirma que a arteterapia proporciona 
um maior equilíbrio emocional pela compreensão do que 
se encontra escondido no inconsciente. Desse modo, a 
técnica favorece “a liberação de emoções, de conflitos 
internos, de imagens perturbadoras do inconsciente. 
Além de contato com a ansiedade, conteúdos reprimidos 
e medos, auxilia na coordenação motora e equilíbrio 
físico e mental”, complementa Bianca.
Florais 
Basicamente, é o emprego de essências florais que auxiliam o 
indivíduo no equilíbrio de suas emoções e na solução de conflitos 
internos. “A técnica tem eficácia em lidar com uma variedade 
imensa de problemas psíquicos e físicos, que têm sua origem no 
simples desajustedos fluxos de energia vital. É um sistema cada 
vez mais aceito e respeitado como um potente complemento aos 
tratamentos de medicina tradicional. Seu efeito é profundo, pois 
suas fórmulas têm a capacidade de mudar os padrões patológicos 
gerados nas células no campo emocional e físico, reestruturando-
-os em padrões saudáveis, o que reflete na harmonização psíquica
e física”, salienta a terapeuta Cristiane Mariano.
Fitoterapia 
Trata-se do uso de plantas para fins terapêuticos. “É considerada 
fitoterápica toda preparação farmacêutica com chás, tinturas, xaropes, 
pomadas e cápsulas que utiliza como matéria-prima algumas partes 
de plantas como folhas, caules, raízes, flores e sementes”, afirma a 
farmacêutica e homeopata Adriana Márcia Gonçalves. Durante o 
tratamento, são empregadas diversas ervas com os mais variados 
sabores (amargo, azedo, doce) e temperaturas (quente, frio, morno), 
assim, cada doença ou distúrbio da mente, como a esquizofrenia 
e o transtorno bipolar, é tratado de acordo com as características 
de cada planta e a necessidade do paciente.
CONSULTORIAS Adriana Márcia Gonçalves, 
farmacêutica e homeopata; Ana Paula Magosso 
Cavaggioni, psicóloga; Bianca Acampora, 
arteterapeuta; Cristiane Mariano, terapeuta; 
Marcelo Pinheiro, gestalt terapeuta e um dos 
fundadores do Instituto de Gestalt Terapia e 
Atendimento Familiar (IGT); Paula Dias Félix, 
psicóloga; Salvador Hernandes, instrutor de ioga 
e meditação; Tylá Pillotto Duarte, naturóloga e 
acupunturista. 
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Confira dicas de obras que abordam 
os temas tratados nessa edição
Para saber mais
LIVROS
Entre a razão e a ilusão: 
Desmistificando a Esquizofrenia
AUTORES: JORGE CÂNDIDO DE ASSIS, CECÍLIA 
CRUZ VILLARES, RODRIGO AFFONSECA BRESSAN
EDITORA: ARTMED
O livro, escrito por meio de uma união entre 
um paciente e profissionais que se dedicam ao 
tema, trata da história de Gabriel (nome fictício) e 
sua família. Com linguagem acessível e recursos 
como ilustrações, exemplos clínicos e dicas, os 
autores abordam o transtorno e situações que 
permeiam a vida de Gabriel, para que o leitor 
construa um entendimento sobre o processo de 
ser diagnosticado com o transtorno e conviver 
com a condição ao longo da vida. 
Crônicas de um bipolar
AUTOR: MARCELO DINIZ
EDITORA: RECORD
Ao descobrir a extensa lista de célebres figuras 
que possuem o transtorno, como Salvador Dalí, 
Isaac Newton e Beethoven, o também paciente 
da bipolaridade Marcelo Diniz conta episódios de 
sua vida e retrata com bom humor períodos em 
que o transtorno bipolar pode ter influenciado (ou 
não) atitudes e decisões. O diferencial do autor 
está em tirar de foco os aspectos depressivos da 
doença e expor, com textos leves e acessíveis, a 
excentricidade da rotina regida pelo distúrbio. 
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FILMES
O lado bom da vida (2013)
DIREÇÃO: DAVID O. RUSSELL
GÊNERO: COMÉDIA DRAMÁTICA
ELENCO: BRADLEY COOPER, JENNIFER LAWRENCE E ROBERTO 
DE NIRO
Por causa de atitudes erradas que fizeram com que pessoas 
de seu trabalho ficassem assustadas, Pat Solitano Jr (Bradley 
Cooper), diagnosticado com transtorno bipolar, perdeu quase 
tudo: casa, emprego e casamento. Depois de meses de trata-
mento em uma clínica de reabilitação, ele é levado para morar 
na casa dos pais. Embora seu temperamento ainda precise de 
cuidados, Pat está decidido a reconstruir sua vida, acreditando 
ser possível passar por cima do passado e reconquistar sua ex-
-esposa. Em um jantar na casa de amigos, ele conhece Tiffany
(Jennifer Lawrence), uma mulher problemática que provocará
mudanças em seus planos do futuro.
Nise – O coração da loucura (2016) 
DIREÇÃO: ROBERTO BERLINER
GÊNERO: DRAMA/BIOGRAFIA
ELENCO: GLORIA PIRES, SIMONE MAZZER E JULIO ADRIÃO
Baseado na história de Nise da Silveira, psiquiatra contrária 
aos tratamentos convencionais da esquizofrenia, a história 
conta sua volta ao trabalho, após sair da prisão, em um hospital 
psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro nos anos 1950. A 
doutora, isolada pelos outros médicos da instituição, assume 
o setor de terapia ocupacional, no qual dá início a uma nova
forma de tratar seus pacientes, por meio da arte e do amor.
DOCUMENTÁRIOS
Stephen Fry: A Vida Secreta de um Maníaco 
Depressivo (2006) 
DIREÇÃO: ROSS WILSON 
GÊNERO: FILME BIOGRÁFICO/DOCUMENTÁRIO
O documentário, dividido em duas partes, fala sobre a maneira 
como o comediante, escritor e ator vive o transtorno mental 
conhecido como ciclotimia, uma forma leve da bipolaridade. 
Stephen foi diagnosticado com o distúrbio aos 37 anos e, na 
produção, conta sobre seus questionamentos sobre a bipola-
ridade ao longo de sua trajetória pessoal, além de entrevistar 
outros artistas que também possuem o transtorno ou depressão. 
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