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TÉCNICAS DE ESBOÇO 1 Índice 1 TÉCNICAS DE ESBOÇO ................................................................................................ 2 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................... 2 1.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2 1.2.1 Material ........................................................................................................... 3 1.3 LINHAS RETAS ..................................................................................................... 3 1.4 CIRCUNFERÊNCIAS ............................................................................................... 4 1.5 PROPORÇÕES ........................................................................................................ 6 1.6 ESBOÇO DE PERSPECTIVA ..................................................................................... 7 1.6.1 Perspectiva isométrica .................................................................................... 7 1.6.2 Elipses isométricas .......................................................................................... 9 1.6.3 Perspectiva cavaleira .................................................................................... 11 PCC2122 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA ENGENHARIA 2 1 TÉCNICAS DE ESBOÇO 1.1 OBJETIVOS Auxiliar o leitor a aprender técnicas de desenho à mão livre para o traçado de linhas retas e circunferências Dar subsídios para o leitor adquirir capacidade de representar objetos graficamente utilizando esboços 1.2 INTRODUÇÃO O esboço representa graficamente a idéia para um projeto, que ao se transformar em um objeto material, apresentará características geométricas bem definidas, tais como: altura, largura e profundidade, além de detalhes internos que venha a possuir. As idéias que surgem ao projetar devem ser registradas rapidamente no papel através dos esboços (ver o exemplo da Figura 1.1). Para isso não devemos usar outros instrumentos de desenho além do lápis e da borracha, pois a atenção do projetista deve estar fixada nas suas idéias e não na manipulação de instrumentos. Um engenheiro deve saber fazer esboços a mão livre que os outros profissionais sejam capazes de compreender. Um esboço não precisa ser uma obra de arte para ser útil, assim como não é necessário ser um artista para efetuar um bom esboço. A prática é fundamental, mas para conquistar qualquer habilidade é importante começar aprendendo algumas técnicas e executá-las com disciplina e continuidade, insistindo até sentir segurança de que se consegue fazer o que se propõe com uma qualidade razoável. Com a prática a qualidade da habilidade certamente melhorará. Em seguida serão apresentadas algumas técnicas básicas do esboço. O uso destas técnicas deverá auxiliar o aluno a atingir as qualidades desejáveis em um esboço, que são: Inteligibilidade: permitir a compreensão das ideias. Simplicidade: apresentar apenas as linhas necessárias. Proporcionalidade: manter as relações entre as dimensões. Figura 1.1 - Idéia esquemática de um helicóptero de Leonardo da Vinci. TÉCNICAS DE ESBOÇO 3 Muitas vezes os esboços sozinhos não conseguem transmitir a idéia de forma completa, devendo ser complementados por um texto escrito para que todos os envolvidos no projeto possam compreendê-la. No entanto, isso deve se limitar a umas poucas palavras ao lado do desenho. Se for o caso, pode-se acrescentar um texto maior em anexo. 1.2.1 MATERIAL O material para esboçar será apenas um lápis ou lapiseira (com grafite macio, B ou 2B), uma borracha macia e papel (branco ou quadriculado). Nada mais é necessário. O lápis deve ser apoiado no dedo médio e preso suavemente pelo polegar e o dedo indicador, a mais ou menos 3 centímetros da ponta (Figura 1.2). Figura 1.2 - modo de segurar o lápis 1.3 LINHAS RETAS Uma linha feita à mão nunca será perfeitamente reta e com espessura uniforme. No entanto, algumas técnicas podem auxiliar-nos a obter linhas bem traçadas. Para alcançar maior regularidade, as linhas horizontais são traçadas em um único sentido, por exemplo, da esquerda para a direita, podendo-se virar o papel para um “ângulo conveniente” de forma a dar maior conforto ao desenhar. Linhas curtas podem ser traçadas sem mudar a posição do papel. Linhas traçadas à mão livre são facilmente distinguíveis de linhas mecânicas (traçadas com régua). Não é necessário que as linhas esboçadas tenham a perfeição de linhas mecânicas. Uma boa linha esboçada tem as seguintes características: Uniformidade: mesma espessura e força em toda a sua extensão. Sem desvios: mantém a mesma direção, podendo apresentar apenas pequenas oscilações sem lado preferencial. Acabamento: o traço é limpo, único, sem "penugens". PCC2122 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA ENGENHARIA 4 PROCEDIMENTO COMPLETO PARA ESBOÇO DE LINHAS RETAS Marcar os pontos extremos; Fazer alguns movimentos firmes e rápidos de tentativa do traçado entre os pontos marcados, para ajustar os olhos e a mão, ensaiando o movimento (lembre-se de como fazem os jogadores de sinuca e de golfe antes de dar a tacada - ensaiam o movimento); Traçar uma linha muito fraca entre os pontos, movendo o lápis para obter dois ou três segmentos de reta sucessivos. Enquanto estiver desenhando esta linha tentativa, os olhos devem estar fixados no ponto de chegada para o qual o movimento é direcionado. Ao traçar cada um dos segmentos, procurar orientá-lo de forma que a linha final seja reta; Se a linha saiu torta, corrija-a apagando com a borracha. Não devem ficar marcas no papel. Esta é a razão de se fazer linhas muito fracas; Após obter uma linha reta, escurecer a linha, mantendo os olhos na ponta do lápis. A linha traçada, que se sobrepõe aos segmentos de reta anteriores, deve ser uniforme, escura e reta. Figura 1.3 - Traçando linhas retas. 1.4 CIRCUNFERÊNCIAS Para traçar circunferências, ou arcos de circunferências, o procedimento a ser seguido vai depender do tamanho da circunferência que se deseja traçar. Circunferências de raio pequeno são de execução mais simples que as de raio maior, porém ambas requerem cuidados no traço. TÉCNICAS DE ESBOÇO 5 PROCEDIMENTO PARA ESBOÇO DE CIRCUNFERÊNCIAS (OU ARCOS) PEQUENOS* As circunferências ou arcos pequenos são traçados com um único movimento circular do lápis, mantendo o pulso fixo e apoiado no papel. Ensaie com movimentos firmes e rápidos antes de tocar o papel com o lápis; Toque o papel suavemente, traçando uma circunferência leve, fraca; Corrija (com borracha se necessário) se houver achatamento em algum lado; Reforce a linha da circunferência; Pequenos arcos podem ser feitos traçando-se a circunferência completa e apagando-se o perímetro excedente. O traçado da circunferência completa facilita a visualização de imperfeições na curvatura do arco. Traçar as linhas com rapidez aumenta a força inercial do movimento, que ajuda a reduzir trepidações do traçado. *Circunferências pequenas são aquelas com raio < 0.5 cm, aproximadamente. PROCEDIMENTO PARA ESBOÇO DE CIRCUNFERÊNCIAS (OU ARCOS) MÉDIOS* Traçar duas retas, uma horizontal e outra vertical, interceptando-se no meio; Marcar o raio da circunferência nas 4 semi-retas. Pode-se usar a borda de uma folha de papel ou o próprio lápis para transferir a medida do raio com precisão. Trace levemente um arco de 90° em cada quadrante. Comece com o 2° quadrante. Neste passo, o erro mais comum é fazer o arco partir da linha horizontal muito inclinado. Lembre-seque os arcos interceptam as diagonais sempre perpendicularmente. Assim, o arco do 2° quadrante deve partir totalmente vertical e chegar totalmente horizontal. Pode-se marcar pequenos segmentos perpendiculares aos raios para servir como referências para as direções tangentes; Corrija cada um dos arcos se perceber achatamento; Tendo uma boa circunferência, reforce os traços; Para arcos, se forem de 90°, trace apenas o necessário; senão, use o mesmo procedimento definido para circunferências pequenas. Figura 1.4 - Traçando circunferências médias. *Circunferências médias são aquelas com 0.5 cm < raio < 1.5 cm, aproximadamente PCC2122 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA ENGENHARIA 6 PROCEDIMENTO PARA ESBOÇO DE CIRCUNFERÊNCIAS (OU ARCOS) GRANDES* Além das duas diagonais principais, trace outras (a cada 45° ou 30°), dependendo do raio da circunferência. Quanto maior o raio, mais diagonais serão necessárias. Marcar o raio da circunferência nas diagonais com pequenos traços perpendiculares a elas; Traçar, levemente, pequenos arcos tangentes às marcações dos raios; A circunferência já está quase pronta. Verifique a forma e corrija; Completar os espaços entre os arcos; Corrija os defeitos; Escureça a linha. Figura 1.5 - Traçando circunferências grandes. *Circunferências grandes são aquelas com raio > 1.5 cm, aproximadamente 1.5 PROPORÇÕES Devemos reconhecer que é importante desenvolver a capacidade de estimar relações comparativas entre as dimensões de um objeto antes de esboçado. Isso porque para representar os objetos corretamente, o esboço deve reproduzir adequadamente as proporções entre os elementos que compõem o objeto. Por exemplo, o diâmetro externo do pneu de um carro típico é em torno de 1/5 do comprimento do carro. Se esta relação não for mantida num esboço de um carro, resultará em distorções que leva a entender que se trata de um carro fora dos padrões normais. Antes de sermos capazes de reconhecer as proporções e desenhá-las “de vista”, o que será obtido através da prática, podemos usar um método gráfico para nos auxiliar na definição das proporções. Este método gráfico (Figura 1.6) é baseado no fato de que um retângulo envolvendo o objeto pode ser dividido para serem obtidas as dimensões intermediárias ao longo dos lados. Definimos assim distâncias iguais à metade, um quarto, um terço, etc. do comprimento dos lados do retângulo. TÉCNICAS DE ESBOÇO 7 Este método só precisa ser usado até termos desenvolvido a habilidade de desenhar com proporções, devendo então ser abandonado. Isto porque, as linhas adicionais que são traçadas dificultam o entendimento do esboço, além de consumir tempo. Figura 1.6 - Método gráfico para obter proporções. Outro método muito utilizado para dividir um segmento em partes proporcionais é baseado na Teorema de Tales: “ Feixes de retas paralelas cortadas ou intersectadas por segmentos transversais formam segmentos de retas proporcionalmente correspondentes”. 1.6 ESBOÇO DE PERSPECTIVA O desenho em perspectiva é muito útil, pois facilita a visualização e compreensão das formas de um objeto. A perspectiva sempre mostra mais de um lado de um objeto ao mesmo tempo. Serão descritas, a seguir, duas formas de perspectivas de objetos tridimensionais: isométrica e cavaleira. Ao fazer os exercícios propostos, lembre-se de usar as Técnicas de Esboço para o traçado das linhas e arcos. 1.6.1 ESBOÇO DE PERSPECTIVA ISOMÉTRICA A perspectiva isométrica é uma das várias maneiras simples de se representar objetos em perspectiva. A teoria formal da geração de perspectivas isométricas será estudada no capítulo seguinte. Neste ponto nos interessa apenas traçar esboços simples em isométrica. Leia o procedimento para construção de esboços de isométricas da página seguinte. Em seguida faça o exercício correspondente. PCC2122 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA ENGENHARIA 8 PROCEDIMENTO PARA ESBOÇO DE PERSPECTIVA ISOMÉTRICA Para fazer uma perspectiva isométrica de um objeto real, primeiro segure o objeto de forma a que você veja 3 faces da caixa envolvente dele ao mesmo tempo (basta que você posicione um dos vértices da caixa envolvente mais próximo de você do que os outros). Posicione o objeto de tal forma que, se tirada uma fotografia, as arestas visíveis das faces base e superior da caixa envolvente apareceriam aproximadamente 30° com a horizontal. Esboce a caixa envolvente com traços leves (sem apertar o grafite), fazendo AB como um traço vertical e AC e AD formando aproximadamente 30° com a horizontal. Estas três linhas são os eixos isométricos; Marque os comprimentos de AB, AC, e AD aproximadamente proporcionais ao comprimento das arestas correspondentes no objeto; Esboce as linhas restantes. Note que arestas do objeto que são paralelas entre si, manterão este paralelismo na perspectiva isométrica, facilitando o desenho; Escureça todas as linhas finais. Figura 1.7 - Perspectiva isométrica. TÉCNICAS DE ESBOÇO 9 1.6.2 ELIPSES ISOMÉTRICAS Quando objetos com formas cilíndricas ou cônicas são postos em isométrica ou outras posições inclinadas, os círculos aparecem como elipses, como mostrados na Figura 1.8. Figura 1.8 - Elipses isométricas ESBOÇO DE ELIPSES ISOMÉTRICAS Os passos para desenhar este objeto são: Desenhe o bloco e o paralelogramo para a elipse, construindo os lados do paralelogramo paralelos às arestas do bloco e iguais em comprimento ao diâmetro do furo. Desenhe as diagonais para posicionar o centro do furo e então desenhe as linhas de centro AB e CD. Os pontos A, B, C e D Desenhe os trechos AC e BD da elipse, conforme mostrado. Desenhe os arcos menores, de raio menor CB e DA para completar a elipse. Evite construir as extremidades da elipse quadradas ou pontudas como uma bola de futebol americano. Desenhe com linha suave o paralelogramo para elipse que fica no plano de trás do objeto, e desenhe a elipse da mesma forma como a elipse da frente. Figura 1.9 - Elipses isométricas – construção por quadrados auxiliares As linhas auxiliares devem ser muito finas, quase imperceptíveis ou apagadas. Em caso de exercícios ou provas de desenho, é melhor consultar o professor, pois geralmente só é possível corrigir o procedimento se as linhas auxiliares estiverem visíveis. Quando for desenhar elipses em isométrica, tenha em mente que o eixo maior da elipse forma sempre ângulo reto com a linha de centro do cilindro, e o eixo menor forma um ângulo reto com o eixo maior, e coincide com a linha de centro (eixo do cilindro). Paralelos Paralelos PCC2122 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA PARA ENGENHARIA 10 Figura 1.10 - Elipses isométricas – pontos de tangência, ângulos e coincidência de eixos OUTRO MÉTODO PARA DETERMINAR A ELIPSE DE TRÁS Selecione arbitrariamente pontos na elipse da frente e desenhe linhas iguais ao comprimento da profundidade do bloco. Desenhe a elipse passando pelas extremidades destas linhas. Figura 1.11 - Elipses isométricas – construção da elipse de trás. 90 o 90 o Pontos de tangência IGUAL TÉCNICAS DE ESBOÇO 11 1.6.3 PERSPECTIVA CAVALEIRA Outra maneira simples de representar objetos tridimensionais é a perspectiva cavaleira. A perspectiva cavaleira é a mais prática de se traçar. Nesta perspectiva, elementos que ficam paralelos ao plano de projeção, ou seja, de frente para o observador, aparecem em “verdadeira grandeza”, isto é, com suas medidas reais, sem distorção. Assim, por exemplo, furos circulares de um objeto posicionado de frente para o observador vão aparecer como circunferências e nãocomo elipses que são mais difíceis de traçar. Leia o procedimento para traçar perspectivas cavaleiras na página seguinte. Em seguida faça os exercícios correspondentes. PROCEDIMENTO PARA TRAÇAR A PERSPECTIVA CAVALEIRA Segure o objeto em sua mão e oriente o objeto de forma que a maioria ou todas as formas circulares estejam voltadas para você. Desta forma elas aparecerão como círculos e arcos na perspectiva cavaleira. Desenhe o retângulo envolvente da face frontal do objeto (voltada para você), isto é, sem enxergar as arestas da lateral da peça; Desenhe as linhas da lateral paralelas entre si a um ângulo conveniente (digamos 30 ou 45 graus). Estime a profundidade que será mostrada. As linhas da profundidade podem ter tamanho real, mas três quartos ou metade do tamanho resultam em um efeito visual melhor. Desenhe a face posterior do objeto. Escureça as linhas finais. Figura 1.12 - Desenhando em perspectiva cavaleira
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