O príncipe -- MAQUIAVEL, Nicolau -- ( WeLib org )

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Pilo/ofîd 
m Qummos 
0 PRINCIPE 
NICOLAU MAQUIAVEL 
ROTEIRO: ANDRÉ DINIZ 
ILUSTRAÇÕES: DANIEL BRANDÃO 
e s c a l a 
e d u c a c i o n a l 
NICOLAU MAQUIAVEL/ 
NASC IDO EM FLORENÇA 
NO ANO DE W69, FOI UM PERSONAGEM 
IMPORTANTE PO RENASCIMENTO 
ITALIANO. 
3 
MAQUIAVEL é CONS IDERADO 
O FUNDADOR DA 
FILOSOFIA POLÍTICA MODERNA. 
FOI POLÍTICO, HISTORIADOR, 
AUTOR TEATRAL E POETA. M A S FOI 
COM S U A S O B R A S FILOSÓFICAS QUE 
ELE ENTROU PARA A HISTÓRIA. 
4 
T O P O S O S GOVERNOS COM PODER 
SOBRE O S HOMENS S Ã O REPÚBLICAS ' 
OU PRINCIPADOS. 
O S PRINCIPAPOS S Ã O HEREDITÁRIOS, 
QUANDO S E U SENHOR É PRÍNCIPE 
PELO SANGUE, O U S Ã O NOVOS. 
T I ? ' 
Gs-f 
O S NOVOS PODEM SER TOTALMENTE 
NOVOS OU PODEM SER COMO 
MEMBROS ACRESCENTAPOS AO 
ESTADO HEREDITÁRIO DO PRÍNCIPE 
QUE O S CONQUISTA, 
COMO É O REINO DE NÁPOLES EM 
RELAÇÃO AO REI PA ESPANHA. 
T ! 1 I 
I L 
OS DOMÍNIOS ASSIM 
ADQUIRIDOS VIVEM 
SUBMETIDOS AO GOVERNO DE 
OUTRO PRÍNCIPE. 
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1 & 2 2 É 
O U ENTÃO ERAM LIVRES, CONQUISTADOS COM 
A FORÇA DE S U A S A R M A S O U DE OUTROS, 
QUANDO NÃO PELA SORTE OU 
POR SUA PRÓPRIA VIRTUDE. 
P S I 
v \ 
É MAIS FÁCIL 
MANTER UM ESTADO 
HEREDITÁRIO 
DO QUE UM NOVO. 
BASTA NÃO 
DESPREZAR O S 
COSTUMES D O S 
ANTEPASSADOS E 
GOVERNAR DE 
ACORDO COM A S 
CIRCUNSTÂNCIAS. 
AGINDO D E S S A 
FORMA, O 
PRÍNCIPE SEMPRE 
S E MANTERÁ NO 
PODER, A NÃO 
SER QUE UMA 
EXTRAORDINÁRIA 
FORÇA VENHA A 
TOMÁ-LO DELE. 
U M A V E Z PE ST I TU Í PO , O PR ÍNC IPE 
P O D E R E C O N Q U I S T A R S E U E S T A P O , 
POR M A I S TEMÍVEL Q U E S E J A O 
U S U R P A P O R . 
TEMOS NA ITÁLIA POR EXEMPLO, O DUQUE DE 
FERRARA QUE S ó RESISTIU A O S ASSALTOS D O S 
VENEZIANOS EM 148M E A O S P O PAPA JÚLIO EM 
1510 POR SER ANTIGO NAQUELE DOMÍNIO. 
NA VERDADE, O PRÍNCIPE NATURAL TEM MENOS 
RAZÕES PARA OFENDER S E U S SÚDITOS, O QUE 
FAZ ELE SER MAIS AMADO. E, SE NSO S E TORNA 
OD IOSO POR S E U S MUITOS DEFEITOS, é RAZOÁVEL 
QUE S E J A QUERIDO PELO POVO. 
NA VERDADE, 
I S SO É UM ENGANO, 
POIS PERCEBEM 
DEPOIS COM 
A EXPERIÊNCIA QUE 
A MUDANÇA FOI 
PARA PIOR. N O S PRINCIPADOS NOVOS é QUE ESTÃO A S 
DIFICULDADES. O S HOMENS MUDAM DE SENHOR 
COM SATISFAÇÃO, PENSANDO MELHORAR. I S SO 
FAZ COM QUE USEM S U A S A R M A S CONTRA O 
ATUAL GOVERNANTE. 
I S SO DEPENDE DE OUTRA NECESS IDADE NATURAL, QUE FAZ 
COM QUE O NOVO PRÍNCIPE USE CONTRA O S NOVOS SÚD ITOS 
S U A S FORÇAS MILITARES, COM MUITOS D A N O S QUE 
PREJUDICAM A RECENTE CONQUISTA. 
D E S S E MODO, O SOBERANO TRANSFORMA 
EM INIMIGOS TODOS AQUELES QUE FOREM 
ATACADOS NA OCUPAÇÃO DO PRINCIPADO. 
AUéM D I SSO, NÃO PODE TER C O M O A M I G O S 
AQUELES QUE O PUSERAM NO PODER, POIS 
NÃO HÁ COMO SAT I S FAZ i - LOS DA MANEIRA 
QUE HAVIAM IMAGINADO. NEM PODERÁ SER 
ENÉRGICO, UMA VEZ QUE DEVE FAVOR A 
ELES. M E S M O QUE ALGUÉM TENHA UM 
EXÉRCITO PODEROSO, O APOIO D O S 
HABITANTES DE UMA PROVÍNCIA É 
FUNDAMENTAL PARA NELA ENTRAR. 
FOI POR E S S A S R A Z Õ E S QUE 
LUÍS XII, REI DE FRANCA, 
OCUPOU MILÃO E LOGO 
DEPOIS A PERDEU. 
7 
y -
QUANDO O S S O , É MUITO FÁCIL MANT i - LOS , 
SOBRETUDO QUANDO NÃO ESTRO HABITUADOS A VIVER 
LIVRES. PARA POMINÁ-LOS, BASTA EXTINGUIR A LINHAGEM 
DO PRÍNCIPE ANTERIOR. MANTENDO S U A S VELHAS 
CONP IÇÕES E NÃO ALTERANDO S E U S COSTUMES, O POVO 
VIVE TRANQUILAMENTE. 
O S SÚD ITOS FICAM SATISFEITOS PORQUE 
O A C E S S O A O PRÍNCIPE É MA I S FÁCIL. 
SSIM/ TÊM MA I S R A Z Õ E S PARA AMÁ-LO E PARA TEMÊ-LO. 
O ESTRANGE IRO QUE PRETENDESSE ATACAR AQUELE 
ESTADO, TERIA POR ELE MA IS RESPEITO. OUTRO REMÉDIO É CRIAR 
COLÔNIAS EM UM OU DO IS 
PONTOS ESTRATÉGICOS 
DAQUELE ESTADO. 
S E I S S O NÃO FOR FEITO, 
SERÁ NECESSÁR IO MANTER ALI 
G R A N D E S CONTINGENTES DE 
CAVALARIA E DE INFANTARIA. 
] 
CONCLUO P IZENPO QUE E S S A S COLÔNIAS PÃO 
POUCAS DESPESAS , S Ã O MA IS FlélS, OFENDEM 
MENOS E O S L E S A P O S NÃO PODEM CAUSAR 
PREJUÍZOS, TORNAPOS POBRES E P I SPERSOS . 
10 
O S ROMANOS, N A S PROVÍNCIAS QUÊ 
CONQUISTARAM, CRIARAM COLÔNIAS, 
CONQUISTARAM O S MA IS FRACOS SEM LHES 
AUMENTAR O PODER, ENFRAQUECERAM O S MA IS 
FORTES E NÃO DEIXARAM O S ESTRANGE IROS 
PODEROSOS CONQUISTAR PRESTÍGIO. 
NÃO PODEM, PORÉM, TER MUITO 
PODER E MUITA AUTORIDADE. 
O CONQUISTAPOR PËVE 
ENFRAQUECER AQUELES QUE 
AINDA S Ã O FORTES, 
PARA TORNAR-SE SENHOR 
ABSOLUTO DAQUELA PROVÍNCIA. 
O S R O M A N O S FORAM PRUPENTES: 
NÃO TIVERAM CUIPAPO SOMENTE 
COM A S DESORDENS PRESENTES, 
M A S TAMBÉM COM A S FUTURAS. 
ESTAS, PREVISTAS A TEMPO, 
PODEM SER FACILMENTE 
REMEDIADAS, MAS, ESPERANDO 
QUE S E APROXIMEM, A DOENÇA 
ÜÁ SE TORNOU INCURÁVEL. 
UM EXEMPLO 
É A PROVÍNCIA DA GRÉCIA. 
O S AQUEUS E O S ETÓLIOS FORAM 
TRATADOS COMO AL IAPOS PÊLOS 
ROMANOS, QUE DESTRUÍRAM O 
REINO D O S MACEPÔNIOS 
E DELE EXPULSARAM ANTÍOCO. 
NEM MESMO O S MÉRITOS D O S 
ETÓLIOS FIZERAM O S ROMANOS 
LHES PERMITIREM CONQUISTAR 
ALGUM ESTADO. 
11 
O S PRINCIPADOS TÊM S IDO 
GOVERNADOS Dg D U A S 
I FORMAS DIFERENTES. FOR UM 
PRÍNCIPE, E TODOS O S 
DEMAIS S S O S E R V O S QUE 
AJUDAM A GOVERNAR 
AQUELE ESTADO. OU POR UM 
PRÍNCIPE E POR BARÕES, 
QUE POR ANTIGUIDADE DE 
LINHAGEM TÊM E S S E TÍTULO. 
O S EXEMPLOS D E S S A S D U A S ESPÉCIES DE GOVERNO 
S S O A TURQUIA E A FRANÇA. TODA A MONARQUIA 
TURCA É GOVERNADA POR UM SENHOR. 
O S OUTROS S S O S E U S SERVOS. 
12 
13 
O CONTRÁRIO OCORRE NA FRANÇA, 
POROUE COM FACILICADÊ POOg S g R 
INVADIDA COM O APOIO Dg A L G U M 
BARÃO P O RgINO. I S S O PORQUE 
S gMPRE HÁ DESCONTENTES g AQUELÊS 
QUE DESEJAM FAZÊR INOVAÇÕES. 
g S T g S POPgM ABRIR O CAMINHO PARA O gSTAPO CONQUISTADOR 
f ^ l H . ™ 2 A V I T Ó R I A " VITÓRIA QUg, PARA S g R MANTIPA pgpOIS, 
ACARRgTA INFINITAS PIF ICULPADgS, S güA COM AQUgLgS QUg TE 
AüUPARAM, SEUA COM AQUELES QUÊ FORAM OPRIMIDOS 
joj—- -p; 
NAO BASTA EXTINGUIR A L INHAGEM DO PRÍNCIPE, POIS 
PERMANECEM AQUELES S E N H O R E S QUE SE TORNAM CHEFES 
PE NOVAS REVOLUÇÕES. C O M O NÃO É POSS ÍVEL 
CONTgNTÁ-LOS NEM EXTERMINÁ-LOS/ PERDE-SE AQUELE 
ESTADO TÃO L O G O SURUA A OPORTUNIDADE. 
O PRIMEIRO: DESTRUÍ-LOS. O SEGUNDO: IR HABITAR NEUES PESSOALMENTE. O TERCEIRO: 
DE IXÁ-LOS VIVER COM S U A S LEIS, ARRECADANDO UM TRIBUTO E CRIANDO EM S E U INTERIOR 
UM GOVERNO DE POUCOS QUE O S MANTENHAM COMO ESTADO AMIGO. 
COMO EXEMPLOS, HÁ O S 
ESPARTANOS E O S ROMANOS. 
O S ESPARTANOS CONSERVARAM 
ATENAS E TEBAS, CRIANDO NELAS 
UM GOVERNO PE POUCOS. 
LOGO, PORÉM, A S PERDERAM. 
PORQUE, SENDO E S S E ESTADO CRIADO PELO PRÍNCIPE, S A B E - S E QUE NÃO 
PODE PERMANECER SEM SUA AMIZADE E S E U PODER E DEVERÁ FAZER DE TUDO 
PARA DEFENDER O SOBERANO. É MA IS FÁCIL MANTER S O B DOMÍNIO UMA 
CIDADE QUE VIVE LIVRE POR INTERMÉDIO DE S E U S C IDADÃOS DO QUE 
TENTANDO CONSERVÁ-LA POR QUALQUER OUTRO MEIO. 
15 
EM DECORRÊNCIA D I SSO, FORAM 
OBR IGADOS A DESTRUIR MUITAS C IDADES 
DAQUELA PROVÍNCIA PARA CONSERVÁ-LA. 
è QUE, EM VERDADE, NÃO EXISTE MODO S E G U R O PARA 
CONSERVÁ-LAS , A NÃO SER POR MEIO DE SUA DESTRUIÇÃO. 
QUEM S E TORNAR SENHOR DE UMA CIDADE HABITUADA A 
VIVER LIVRE E NÃO A DESTRUIR, PODE ESPERAR SER 
DESTRUÍDO POR ELA, PORQUE ESTA SEMPRE SE REBELA EM 
NOME DA LIBERDADE E DE S U A S ANT IGAS INSTITUIÇÕES, 
QUE JAMA IS S Ã O ESQUECIDAS. 
16 
NINGUÉM S E ADMIRE SE, NA EXPOS IÇÃO QUE VOU FAZER 
A RESPEITO D O S PRINCIPADOS TOTALMENTE NOVOS, 
DO PRÍNCIPE E D O ESTADO, APRESENTAR EXEMPLOS 
DE GRANDE NOTORIEDADE. 
X 
I S S O PORQUE UM HOMEM PRUDENTE DEVE 
SEGUIR SEMPRE PÊLOS CAMINHOS PERCORRIDOS 
POR G R A N D E S HOMENS Ê IMITAR AQUELES 
QUE FORAM EXCELENTES. 
AFIRMO, PORTANTO, QUE N O S PRINCIPADOS TOTALMENTE NOVOS, 
ONDE EXISTE UM NOVO PRÍNCIPE, ENCONTRA-SE MAIOR OU MENOR 
DIFICULDADE PARA MANTê-LOS, Ã MEDIDA QUg AQUELE QUE 
O S CONQUISTA SEüA MA I S OU M E N O S VIRTUOSO. 
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17 
EMBORA, A RESPEITO PE MOISÉS , NÃO 
! S E PEVA COGITAR NENHUMA COISA, POR 
IHR S I P O MERO EXECUTOR D A S O R D E N S ; 
DE DEUS, DEVE-SE ADMIRÁ-LO 
JUSTAMENTE PELA GRAÇA QUE O 
TORNAVA D IGNO PE CONVERSAR 
COMDEUS. 
PORÉM, C IRO E O S OUTROS QUE CONQUISTARAM OU 
FUNDARAM RE INOS S Ã O APMIRÄVEIS. E S E FOREM 
C O N S I P E R A P A S S U A S A Ç Õ E S E O R P E N S 
PARTICULARES, E STAS NÃO PARECERÃO MUITO 
DIFERENTES DAQUELAS DE MOISÉS, QUE TEVE TÃO 
GRANDE MESTRE. y m i w m . 
E, EXAMINANDO A S A Ç Õ E S E A VIDA DELES, A SORTE 
DEU-LHES A P E N A S O S MEIOS PARA ADAPTAR A S 
C O I S A S DA FORMA QUE MELHOR LHES FOSSE 
CONVENIENTE. S EM E S S A OPORTUNIDADE, 
A FORÇA DE S E U ÂNIMO DESAPARECERIA. S E M E S S A 
VIRTUDE, A OPORTUNIDADE TERIA S U R G I D O EM VÃO. 
CONVINHA QUE RÓMULO NÃO ENCONTRASSE 
GUARIPA EM ALSA E QUE FOSSE EXPOSTO AO NASCER, 
PARA QUE S E TORNASSE REI PE ROMA 
E FUNPAPOR PAQUELA PÁTRIA. 
ERA PRECISO QUE CIRO 
ENCONTRASSE O S P E R S A S 
PESCONTENTÊS COM O 
IMPÉRIO P O S MEPAS, E O S 
MEPAS ESTIVESSEM 
AMOLECIDOS PELA 
PROLONGAPA PAZ. 
S i - ^ - s * " 
E S S A S CIRCUNSTÂNCIAS, PORTANTO, 
AJUDARAM EM MUITO E S S E S HOMENS, E 
S U A S EXCELENTES HÁBIL IPAPES FIZERAM 
QUE A S OPORTUNIPAPES FOSSEM BEM 
APROVEITADAS. D E S S A FORMA, 
A PÁTRIA PELES S E TORNOU FELICÍSSIMA. 
IO PORQUÊ O INTRODUTOR TI 
C O M O INIMIGOS TOPOS AQUELES QUE| 
OBTINHAM VANTAGENS COM A S 
VELHAS INSTITUIÇÕES E ENCONTRA 
FRACOS PEFENSORES N O S QUE SE 
BENEFICIARIAM COM A S NOVAS 
INSTITUIÇÕES. 
20 
É NECESSÁRIO/ PORTANTO/ EXAMINAR 
S E E S S E S INOVADORES S E 
SUSTENTAM C O M FORÇAS PRÓPRIAS 
OU S E DEPENDEM DE OUTROS. ISTO É, 
S E PARA LEVAR ADIANTE SUA OBRA É 
PRECISO QUE SUPLIQUEM OU S E 
PODEM USAR A FORÇA. 
NO PRIMEIRO CASO, SEMPRE 
ACABAM MAL E NÃO REALIZAM 
COISA ALGUMA. MAS , QUANDO 
DEPENDEM DE S I PRÓPR IOS E 
PODEM USAR A FORÇA, ENTÃO 
RARAS VEZES S E CORRE 
PERIGO. TODOS O S PROFETAS 
A R M A D O S VENCERAM, E O S 
D E S A R M A D O S FRACASSARAM. 
AQUELES QUE S E TORNAM PRÍNCIPES 
COM A A J U D A DE OUTROS 
CHEGAM A I S S O COM POUCO ESFORÇO, 
M A S S ó COM MUITO ESFORÇO MANT iM 
E S S A CONQUISTA. NÃO ENCONTRAM 
NENHUMA DIFICULDADE NO CAMINHO 
PARA O PRINCIPADO. TODAS A S 
DIFICULDADES S U R G E M DEPOIS 
QUE ESTÃO NO PODER. 
21 
S Ã O AQUELES A O S QUAIS É CONCEDIDO UM ESTADO, POR DINHEIRO O U 
POR GRAÇA DE QUEM O CONCEDE. COMO OCORREU NA GRÉCIA, N A S 
I C IDADES DA ÜÔNIA E DO HEL-ESPONTO, ONDE FORAM FEITOS PRÍNCIPES POR 
DARIO, PARA QUE A S GOVERNASSEM, GARANTINDO A S E G U R A N Ç A E 
I GLÓRIA DELE. E TAMBÉM COMO ERAM FEITOS AQUELES IMPERADORES QUE, 
POR CORRUPÇÃO D O S SOLDADOS, GALGAVAM O GOVERNO DO IMPÉRIO. 
ESTES S E S 
S IMPLESMENTE G R A Ç A S Ã 
VONTADE E Ã SORTE DE 
QUEM LHES CONCEDEU O 
ESTADO, QUE S Ã O DUAS 
C O I S A S ESSENCIALMENTE 
VOLÚVEIS E INSTÁVEIS. 
22 
QUANDO O POVO é INIMIGO, UM PRÍNCIPE 
JAMA I S PODE ESTAR GARANTIDO, POR 
SEREM MUITOS O S QUE COMPÕEM O 
POVO. M A S O S G R A N D E S S Ã O POUCOS, 
E O PRÍNCIPE PODE S E GARANTIR 
DIANTE DELES. 
O PRINCIPADO É CONSTITUÍDO PELO POVO OU 
PELOS GRANDES , CONFORME UMA OU OUTRA 
D E S S A S PARTES TENHA OPORTUNIDADE. O S 
GRANDES , VENDO QUE NÃO PODEM RESISTIR 
AO POVO, COMEÇAM A EMPRESTAR PRESTÍGIO 
A UM DELES E O FAZEM PRÍNCIPE PARA 
PODEREM, S O B SUA SOMBRA, SACIAR SEU 
APETITE. 
AQUELE QUE CHEGA AO PRINCIPADO COM A AJUDA D O S 
G R A N D E S S E MANTÉM COM MAIS DIFICULDADE DO QUE 
AQUELE QUE CHEGA AO POSTO COM O APOIO DO POVO. 
COM MUITOS IGUAIS A ELE AO S E U REDOR, O PRÍNCIPE 
\NÃO PODE NEM GOVERNAR NEM DOMINAR Ã SUA MANEIRA., 
O POVO TAMBÉM, VENDO 
QUE NÃO PODE RESISTIR 
A O S PODEROSOS , VOLTA 
S U A ESTIMA A UM CIDADÃO 
E O FAZ PRÍNCIPE PARA 
SER DEFENDIDO POR ELE. 
ALÉM D I SSO, NÃO SE PODE HONESTAMENTE 
SATISFAZER O S G R A N D E S SEM OFENDER 
A OUTROS. M A S PODE-SE FAZER BEM A O 
POVO, PORQUE O OBJETIVO DO POVO É 
MA I S HONESTO QUE O D O S PODEROSOS . 
ESTES QUEREM OPRIMIR ENQUANTO O 
POVO QUER APENAS NÃO SER OPRIMIDO. 
M A S AQUELE QUE CHEGA A O 
PRINCIPADO COM O FAVOR 
POPULAR ENCONTRA-SE S ó . 
A O S E U REDOR S Ã O 
POUQU Í S S IMOS O S QUE NÃO 
ESTÃO PREPARADOS PARA 
OBEDECER. 
24 
O PIOR QUE UM PRÍNCIPE POPE ESPERAR P O POVO HOSTIL É S E R 
ABANDONADO POR ELE. M A S O S PODEROSOS , Q U A N P O INIMIGOS, PODEM 
TAMBÉM VOLTAR-SE CONTRA ELE. I S S O PORQUE, HAVENDO NELES MA IS V ISÃO 
E MAIOR ASTÚCIA, S E EMPENHAM DE ANTEMÃO PARA S A L V A R - S E E PROCURAM 
ADQUIRIR PRESTÍGIO ÜUNTO DAQUELE QUE ACREDITAM QUE VENCERA. 
A UM PRÍNCIPE é NECESSÁR IO TER 
O POVO C O M O AMIGO, C A S O 
CONTRÁRIO, NÃO TERIA SALVAÇÃO 
N A S ADVERS IDADES. 
NABIS, PRÍNCIPE D O S ESPARTANOS, SUPORTOU O A S S É D I O PE TOPA A 
GRÉCIA E PE UM EXÉRCITO ROMANO, COBERTO PE VITÓRIAS, E CONTRA 
ELES DEFENDEU SUA PÁTRIA E S E U ESTADO. BASTOU-LHE APENAS, 
QUANDO VEIO O PERIGO, GARANT IR -SE CONTRA POUCOS, O QUE NÃO 
TERIA S I PO SUFICIENTE S E TIVESSE O POVO C O M O INIMIGO. 
25 
A O EXAMINAR A S QUAL IDADES 
DESTES PRINCIPADOS, DEVE-SE 
CONS IDERAR S E UM PRÍNCIPE 
TEM UM ESTADO TÃO FORTE 
QUE P O S S A MANTER-SE FOR S I 
M E S M O C A S O PRECISE. OU SE 
TEM SEMPRE NECESS IDADE DE 
QUE OUTROS O DEPENDAM. 
V * ^ X I S 
î Mí̂ jÉl M !hà 
E QUEM TIVER S U A CIDADE BEM 
FORTIFICADA SERA ATACADO 
SEMPRE COM G R A N D E TEMOR, 
PORQUE O S H O M E N S TEMEM A S 
M I S S Õ E S DIFÍCEIS. NÃO é FÁCIL 
ATACAR QUEM TENHA S U A CIDADE 
FORTE E S E J A ESTIMADO 
PELO POVO. 
AGORA N O S RESTA FALAR D O S PR INCIPAPOS 
ECLESIÁSTICOS. ESTES S Ã O APQU IR IPOS PELA 
VIRTUPE OU PELA SORTE. S E M UMA E OUTRA, 
S Ã O CONSERVADOS , TAMBÉM PORQUE S Ã O 
SUSTENTADOS PELAS O R P E N S HÁ MUITO 
ESTABELECIDAS NA RELIGIÃO. E STAS S E 
TORNARAM TÃO FORTES E TÃO EFICIENTES, 
QUE MANTÊM S E U S PRÍNCIPES N O POPER, 
NÃO IMPORTANPO O M O P O C O M O 
PROCEDEM E VIVEM. 
SOMENTE E S S E S PRINCIPADOS, PORTANTO, S Ã O S E G U R O S E 
FELIZES. MAS, S ENDO ELES DIR IGIDOS POR RAZÕES 
À S QUAIS A MENTE HUMANA NÃO ATINGE, DEIXAREI 
P E FALAR PELES. M E S M O PORQUE, S E N P O ENGRANP6C IPOS E 
MANT IPOS POR PEUS, SERIA OBRA PE HOMEM P R E S U N Ç O S O E 
TEMERÁRIO P ISSERTAR A RESPEITO PELES. 
27 
A S TROPAS MERCENÁRIAS E A S AUXIL IARES S S O INÚTEIS E 
PER IGOSAS . S E ALGUÉM TEM S E U ESTADO APOIADO N A S TROPAS 
MERCENÁRIAS, JAMA IS ESTARÁ FIRME E SEGURO, PORQUÊ S Ã O 
DESUNIDAS, AMBIC IOSAS, INDISCIPLINADAS, INFIÉIS. C O R A J O S A S 
ENTRE O S AM IGOS , VIS ENTRE O S INIMIGOS. NÃO TÊM TEMOR A 
DEUS E NÃO TÊM FÉ N O S HOMENS. 
28 
SEM DÚVIDA/ ENTRE UM PRÍNCIPE ARMADO E 
UM DESARMADO, NÃO EXISTE PROPORÇÃO 
ALGUMA. QUEM ESTIVER ARMADO NÃO 
OBEDECERA DE BOA VONTADE A O QUE ESTÁ 
DESARMADO, NEM QUE O DESARMADO S E 
SINTA S E G U R O ENTRE SERV IDORES 
ARMADOS , PORQUE EXISTINDO DESDÉM DA 
PARTE DE UM E SUSPEITA POR PARTE DE 
OUTRO NÃO é POSS ÍVEL QUE, ESTANDO 
JUNTOS, AJAM BEM. 
I F F L Í Í I ^ I I R 
E MAIS: UM PRÍNCIPE QUE NÃO ENTENDE DE TROPAS, ALéM 
DAS OUTRAS DESVENTURAS, NÃO PODE SER ESTIMADO 
POR S E U S S O L D A D O S NEM PODE CONFIAR NELES. 
•OU EVITÁ-LOS, S E FOR POSS ÍVEL. MAS , S E 
NÃO PUDER, COM MENOR ESCRÚPULO PODE DEIXAR CORRER. 
31 
NÃO EVITE O PRÍNCIPE AQUELES VÍCIOS QUE, 
SEM EUES, DIFICILMENTE PODERIA SALVAR O 
ESTADO. POIS, S E TUDO FOR CONSIDERADO 
BEM, SEMPRE SE ENCONTRARÁ ALGUMA 
COISA QUE PODERIA PARECER 
VIRTUDE. MAS, AO SEGUI-LA, ACARRETARIA 
SUA PRÓPRIA RUÍNA. E ALGUMA OUTRA QUE 
PODERIA PARECER VÍCIO LHE 
PROPORCIONARIA A SEGURANÇA 
E SEU BEM-ESTAR. 
AFIRMO. ASS IM. 
COMO SERIA BOM 
SER COWS I OER ADO 
LIBERAL. 
QUISER MANTER O CONCEITO DE LIBERAL, 
TERÁ DE ONERAR O POVO COM IMPOSTOS, 
SER DURO NO FISCO E FAZER O POSSÍVEL 
PARA OBTER DINHEIRO. I S SO COMEÇARÁ A 
TORNÁ-LO ODIOSO PERANTE O S SÚDITOS 
OU POUCO ESTIMADO DE TODOS AQUELES 
QUE S E TORNARAM POBRES. 
32 
ASS IM, TENPO PREDUPICAPO A MUITOS E 
PREMIAPO A POUCOS COM E S S A SUA 
LIBERALIPAPE, EXPÕE-SE A O S EFEITOS PA 
PRIMEIRA PESORPEM E PERICLITA PIANTÉ PO 
PRIMEIRO PERIGO, QUALQUER QUE SEÜA EUE. 
PERCEBENPO I S SO E QUERENPO RECUAR, 
GANHA A MA FAMA PE MISERÁVEL. 
UM PRÍNCIPE, PORTANTO, NÃO POPÊNPO USAR E S S A QUALIPAPE PE 
LIBERAL SEM SOFRER PANO, TORNANPO-A CONHECIPA, NÃO PEVE SE 
PREOCUPAR COM A FAMA PE MISERÁVEL- POIS, COM O TEMPO, SERÁ 
CONS IPERAPO SEMPRE MAIS LIBERAL. A O VEREM QUE A RECEITA LHE 
BASTA, POPE PEFENPER-SE PE QUEM LHE MOVE GUERRA E POPE 
REALIZAR EMPREENPIMENTOS SEM ONERAR O POVO. 
TOPO PRÍNCIPE PEVE 
PESEÜAR SER CONS IPERAPO 
PIEPOSO, E NÃO CRUEL. PEVE 
TER, ENTRETANTO, 
O CUIPAPO PE NÃO USAR MAL 
E S SA PIEPAPE. 
O QUE, S E FOR BEM CONSIPERAPO, 
MOSTRARA QUE ELE FOI MUITO MAIS 
P IEPOSO QUE O POVO FLORENTINO, 
QUE, PARA FUGIR PA FAMA 
PE CRUEL, PEIXOU QUE PISTOIA 
FOSSE PESTRUÍPA. 
CÉSAR BÓRGIA ERA CONS IPERAPO 
CRUEL. NÃO OBSTANTE, E S SA SUA 
CRUELPAPE TINHA RECUPERAPO A 
ROMANHA, CONSEGUINPO UNI-LA E 
PEIXÁ-LA EM PAZ E FIEL. 
33 
UM PRÍNCIPE NÃO DEVE/ PORTANTO, IMPORTAR-SE COM A MÁ FAMA PE CRUEW PARA PODER MANTER S E U S SÚDITOS UNIDOS E 
Fiéis. POIS, COM POUQUÍSS IMOS JULGAMENTOS EXEMPLARES, ELE SERÁ MAIS PIEDOSO DO QUE AQUELES QUE, POR EXCESSIVA 
PIEDADE, DEIXAM ACONTECER DESORDENS, D A S QUAIS PODEM DECORRER A S S A S S I N A T O S OU RAPINAS. ESTAS COSTUMAM 
PREJUDICAR UMA COMUNIDADE INTEIRA, E AQUELAS EXECUÇÕES QUE EMANAM DO PRÍNCIPE ATINGEM APENAS UM INDIVÍDUO. 
PORQUÊ D O S HOMENS 
PODE-SE GERALMENTE 
DIZER QUE S Ã O INGRATOS, 
VOLÚVEIS, S IMULADORES E 
D ISS IMULADORES, 
TEMEROSOS D O S PERIGOS, 
AMB IC IOSOS POR GANHOS, 
A RESPOSTA É: SERIA NECESSÁR IO S E R UMA COISA 
E OUTRA, MAS, C O M O é DIFÍCIL REUNI-LAS, É MUITO 
MAIS S E G U R O SER TEMIDO 
DO QUE AMADO. 
QUANDO, PORÉM, ESTA SE AVIZINHA, 
REVOLTAM-SE, E AQUELE PRÍNCIPE, QUE 
CONFIOU INTEIRAMENTE EM S U A S 
PALAVRAS, ENCONTRANDO-SE 
DESPROVIDO DE OUTROS MEIOS DE 
DEFESA, ESTÁ PERDIDO. 
E ENQUANTO O S TRATARES 
BEM, S S O TODOS TEUS, 
OFERECEM-TE O PRÓPRIO 
SANGUE, O S BENS, A VIDA E 
O S FILHOS, DESDE QUE A 
NECESS IDADE ESTEJA 
DISTANTE DE Tl. 
ENTRETANTO, O PRÍNCIPE DEVE 
FAZER-SE TEMER, DE MODO 
QUE, S E NÃO CONQUISTAR 
O AMOR, FUJA DO ÓDIO, 
PORQUE PODE MUITO BEM SER 
TEMIDO E NÃO ODIADO A O 
M E S M O TEMPO. 
35 
N A L G U N S PRÍNCIPES, PARA CONSERVAR COM 
SEGURANÇA O ESTADO, DESARMARAM 
S E U S SÚDITOS, OUTROS MANTIVERAM 
DIVIDIDAS A S TERRAS CONQUISTADAS. 
JAMAIS EXISTIU UM PRÍNCIPE NOVO QUE 
D E S A R M A S S E S E U S SÚDITOS. PELO 
CONTRARIO, SEMPRE QUE O S ENCONTROU 
DESARMADOS , ARMOU-OS . E TODOS ELES S E 
TORNAM PARTIDÁRIOS DELE. 
COMO NÃO É POSS ÍVEL ARMAR TODOS O S SÚDITOS, 
QUANDO S Ã O BENEFICIADOS AQUELES QUE TU ARMAS , 
COM O S OUTROS PODES AGIR COM M E N O S PRECAUÇÃO. 
E S S A DIVERSIDADE DE TRATAMENTO QUE RECONHECEM 
EM S E U FAVOR O S TORNA OBR IGADOS PARA CONTIGO E 
O S OUTROS TE DESCULPARÃO, JULGANDO SER 
NECESSÁR IO QUE AQUELES TENHAM MAIS 
RECOMPENSAS POR ESTAREM SUJE ITOS A MAIORES 
PER IGOS E A MAIORES OBR IGAÇÕES. 
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COMO dÁ D i s se , PORÉM, UM PRÍNCIPE NOVO 
SEMPRE ORGANIZOU S U A S TROPAS 6, DESTES 
EXEMPLOS, A HISTÓRIA ESTA REPLETA. 
tff,S HOMENS, COM SUA 
PRUPÊNCIA, NÃO POSSAM 
GOVERNÁ-LAS, ANTES, QUE NÃO 
HAJA REMÉPIO ALGUM CONTRA ELAS. 
POR ISSO PODERIAM PENSAR QUE 
NÃO VALESSE A PENA AFADIGAR-SE 
MUITO NAS COISAS, MAS DEIXAR-SE 
GOVERNAR PELA SORTE. 
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ESSA OPINIÃO TORNOU-SE MAIS ACEITA EM 
N O S S O S TEMPOS PELA GRANDE MODIFICAÇÃO 
P A S CO ISAS QUE FOI VISTA E QUE SE OBSERVA 
TOPOS O S PIAS, ALÉM PE QUALQUER 
CONJECTURA HUMANA. 
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P I 
PENSANPO NISSO ALGUMAS VEZES, EM 
PARTE INCLINEI-ME A FAVOR DESSA OPINIÃO. 
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I X , 
EMBORA SE JA FEITO ASS IM , NÃO QUER DIZER QUE O S HOMENS, 
QUANDO O TEMPO ESTÁ TRANQUILO, P O S S A M TOMAR PROVIDêNCIAS 
COM ANTEPAROS E DIQUES, DE MODO QUE S U A S Á G U A S NÃO 
HAVERIAM DE SER MA IS TÃO PREJUDICIAIS NEM TÃO VIOLENTAS. 
\»ili. Ml 
Mit I'» 
O M E S M O ACONTECE COM A 
SORTE QUE DEMONSTRA S E U 
PODER ONDE NÃO HÁ 
RESISTÊNCIA A ELA E Aí VOLTA 
S E U S ÍMPETOS A O PONTO ONDE 
NÃO HÁ D IQUES E ANTEPAROS 
PARA CONTÁ-LA. 
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PI GO PORQUE s e S UM PRÍNCIPE 
HOJE PROSPERAR E AMANHÃ CAIR EM 
RUÍNA, SEM QUE TENHA MUPAPO S U A 
NATUREZA OU S U A S QUALIDADES. 
I S S O ACONTECE PORQUE O PRÍNCIPE 
QUE SE APOIA TOTALMENTE NA SORTE 
ARRUÍNA-SE S EGUNDO A S 
VARIAÇÕES PES SA . 
CREIO AINDA QUE SE JA 
AFORTUNADO AQUELE QUE 
AGE CONFORME A S 
C IRCUNSTÂNCIAS P O S 
TEMPOS. E CREIO QUE 
S E J A INFELIZ AQUELE QUE, 
COM SEU PROCEPER, 
ENTRE EM CHOQUE COM 
O S TEMPOS QUE 
ATRAVESSA. 
PORQUE O S HOMENS, NA 
BUSCA POR S E U S 
OBJETIVOS - ISTO É, 
GLÓR IAS E RIQUEZAS - , 
AGEM DE MANEIRAS 
DIVERSAS: UM COM 
CAUTELA, O OUTRO COM 
ÍMPETO, UM COM 
VIOLÊNCIA, O OUTRO 
COM ASTÚCIA, UM COM 
PACIÊNCIA £ O OUTRO 
DE MODO CONTRARIO. £ 
CAPA UM, POR E S S E S 
P IVERSOS MEIOS, POPE 
ALCANÇAR O OBJETIVO. 
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PODEM-SE VER AINDA DO IS CAUTELOSOS. UM ALCANÇA 
SEU OBJETIVO, E O OUTRO NÃO. TAMBÉM PODEM-SE VER 
DOIS DELES PROGREDIR DA MESMA FORMA, S E N D O UM 
DELES CAUTELOSO, E O OUTRO, IMPETUOSO. I S S O 
RESULTA SOMENTE DA NATUREZA D O S TEMPOS QUE S E 
ADAPTAM OU NÃO Ã FORMA DE AG IR DELES. 
COMO EU HAVIA DITO, DO IS 
INDIVÍDUOS, AG INDO DE 
MANEIRAS DIVERSAS, PODEM 
ALCANÇAR O M E S M O EFEITO, A O 
P A S S O QUE QUANDO DOIS 
OPERAM DA MESMA FORMA UM 
OUTRO NÃO. 
MAS , S E O S TEMPOS E A S C IRCUNSTÂNCIAS 
S E MODIFICAM, ELE S E ARRUÍNA, PORQUE 
NÃO MUDA S E U MODO DE PROCEDER. 
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NEM é POSS ÍVEL ENCONTRAR HOMEM TÃO 
PRUPENTE QUE SAIBA APAPTAR-SE A ISSO, 
S E JA PORQUE NÃO POPE AGIR CONTRA A 
S U A NATUREZA, S E JA PORQUE, TENPO 
ALGUÉM PROSPERAPO SEGU INPO SEMPRE 
POR UM CAMINHO, NÃO S E CONSEGUE 
CONVÉNCê-LO A SA IR PELE. 
ENTRETANTO, O HOMEM 
CAUTELOSO, Q U A N P O 
CHEGA O MOMENTO PE 
SER IMPETUOSO, NÃO 
SABE FAZÉ-LO 
E, POR I SSO, 
CAI EM RUÍNA. 
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47 
Apesar de ter sido 
escrito em 1513, 
O Príncipe foi publicado 
somente em 1532, cinco anos 
após a morte de Nicolau 
Maquiavel. 
Desde sua publicação até os dias 
de hoje, foi e 
continua sendo uma obra 
sempre discutida e objeto de 
muitas controvérsias. Políticos e 
conquistadores, como Napoleão 
Bonaparte, encontram neste livro 
um verdadeiro guia, no qual 
baseiam seus passos, atitudes 
e decisões. 
Um adjetivo - "maquiavélico" - foi criado com base no 
sobrenome de seu autor. Se esta associação é ou não 
justa, cabe a cada leitor de O Príncipe avaliar. 
'FIM 
escala 
educacional 
Pîlo/ofid 
m commute 
DE QUE FORMA DEVE AGIR UM GOVERNANTE COM O POVO QUE GOVERNA? 
E COM SEUS INIMIGOS POLÍTICOS? O QUE ELE DEVE FAZER PARA 
PRESERVAR SUA IMAGEM? EM O PRÍNCIPE, ESSAS E OUTRAS QUESTÕES 
SÃO RESPONDIDAS POR NLCOLAU MAQUIAVEL (QUE, NEM UM POUCO POR 
DEU ORIGEM AO TERMO 44MAQUIAVÉLICO"). UMA OBRA QUE GERA 
UCA HÁ QUASE CINCO SÉCULOS, AGORA ADAPTADA ÀS H Q s .