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Captação e aproveitamento de água pluvial

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1 
 
 
Robson Schneider 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO DE UM SISTEMA DE CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ÁGUA 
PLUVIAL PARA FINS DE PULVERIZAÇÃO AGRÍCOLA E DESSEDENTAÇÃO 
ANIMAL 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Curso em Engenharia Agrícola II 
apresentado ao Curso de Engenharia Agrícola da 
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. 
 
Orientador: Prof. Dr. Dionei Minuzzi Develati 
Co-orientadora: Prof.ª Msc. Débora Chapon Galli 
 
 
 
 
 
Santa Cruz do Sul 
2015 
 
2 
 
Robson Schneider 
 
 
 
 
 
 
PROJETO DE UM SISTEMA DE CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ÁGUA 
PLUVIAL PARA FINS DE PULVERIZAÇÃO AGRÍCOLA E DESSEDENTAÇÃO 
ANIMAL 
 
 
 
Trabalho de Curso em Engenharia Agrícola II 
apresentado ao curso de Engenharia Agrícola da 
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. 
 
 
 
Dr. Dionei Minuzzi Develati 
Professor orientador – UNISC 
 
 
MSc. Débora Chapon Galli 
Co-orientadora e professora examinadora – UNISC 
 
 
MSc. Maurício Henrique Lenz 
Professor examinador - UNISC 
 
 
 
Santa Cruz do Sul 
2015 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Tente a sua sorte! A vida é feita de oportunidades. 
O homem que vai mais longe é quase sempre 
aquele que tem coragem de arriscar.” 
Dale Carnegie 
 
 
4 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos meus pais e minha irmã pela educação recebida e por tudo aquilo que 
realizaram até hoje em minha vida, quero também desculpar-me pelas minhas faltas em 
momentos que não pude estar com vocês, mas agradeço por terem entendido, AMO A TODOS. 
 A minha família e amigos que estiveram nesta caminhada me apoiando sempre, são os 
quais me inspiro pelas suas forças de vontade. 
A minha namorada, pelo incentivo, ajuda e paciência nos momentos críticos da 
execução do presente trabalho. 
 Em especial aos amigos Jonas Fogliatto, Renan Prade e Maurício H. Lenz, Dionei 
Develati e Débora C. Galli, pelas conversas, apoio, incentivo e pela troca de saberes e 
experiências. 
E a todos os colegas e professores do curso de Engenharia Agrícola da UNISC, pela 
amizade, convívio e conhecimento adquirido durante minha caminhada acadêmica. 
 
 Deixo aqui, meu MUITO OBRIGADO! 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
A água é elemento primordial à preservação da vida sobre a Terra. No entanto, o homem 
a trata, inúmeras vezes, como um bem inesgotável, utilizando-a frequentemente de maneira não 
racional. Desta forma torna-se fundamental e necessário alertar e provocar mudanças culturais, 
buscando conscientização da população quanto ao uso racional da água, evitando desperdícios. 
Com o intuito de aproveitar a água da chuva para seu uso na dessedentação animal e 
pulverização agrícola, objetivou-se projetar um sistema de captação e armazenamento de água 
da chuva em uma propriedade agrícola. A propriedade em questão situa-se no munícipio de 
Estrela Velha-RS e, embora atualmente não sofra com a insuficiência de água, visa diminuir os 
custos com a água da rede pública e utilizar os recursos naturais de forma mais eficiente. Por 
meio de visitas técnicas a propriedade, estimou-se a demanda mensal e anual de água pelas 
atividades agropecuárias. Realizou-se o balanço hídrico e obteve-se como resultado um 
reservatório de 9,68 m³ através do método de Rippl, escolhendo implantar então 2 reservatórios 
com 5 m³ cada. Cálculos dos demais componentes do sistema, como calhas, condutores 
horizontais, condutores verticais e reservatório de descarte também foram realizados, assim 
como a indicação de frequência de limpeza e manutenções a serem feitas no sistema. O custo 
estimado de implantação totalizou R$ 4658,50 e o tempo de retorno sobre o investimento 
(Payback) em 9,7 anos com o preço atual de R$ 2,50 por m³ da água cobrado pela comunidade. 
Com a implantação do sistema a propriedade deixará de consumir da rede em média 16 m³ 
mensais de água, o que auxiliará na redução do consumo de água pública e poderá vir a servir 
como um modelo a ser implantado nas demais propriedades. 
 
Palavras-chave: água, dessedentação animal, pulverização agrícola, chuva, Rippl. 
6 
 
ABSTRACT 
 
Water is key element to preserving life on Earth. However, the man is, many times, as 
an inexhaustible well, using it often not rational. Thus it is fundamental and necessary to warn 
and cause cultural changes, seeking awareness of the population about the rational use of water, 
avoiding waste. In order to take advantage of rainwater for use in animal consumption and 
agricultural spraying, aimed to design a catchment and rainwater storage system on a farm. The 
property in question located in the municipality of Estrela Velha-RS and, although not currently 
suffer from the lack of water, aims to reduce the cost of tap water and use natural resources 
more efficiently. Through technical visits the property, estimated the monthly and annual water 
demand by agricultural activities. We carried out the water balance and obtained result as a 
reservoir through 9.68m³ Rippl method, choosing then be implanted reservoir 2 with 5 cubic 
meters each. Calculations of other system components, such as rails, horizontal conductors and 
vertical conductors disposal reservoir were also performed, and the frequency indication 
cleaning and maintenance to be done in the system. The estimated implementation cost totaled 
$ 4658,5 and the payback time on investment (Payback) on 9,7 years with the current price of 
$ 2,5 per m³ of water charged by the community. With the implementation of system ownership 
cease to consume network m³ 16 cubic meters of water monthly average, which will help reduce 
the public water consumption and will eventually serve as a model to be implemented in other 
properties. 
 
Keywords: water, animal consumption, agricultural spraying, rain, Rippl. 
 
7 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Analogia da água no planeta reduzida para 1000 litros ........................................... 14 
Figura 2 - Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e da população ........................... 15 
Figura 3 - Ciclo hidrológico ..................................................................................................... 15 
Figura 4 - Regime anual de chuvas no Rio Grande do Sul no período de 1976-2005 ............. 16 
Figura 5 - Fatores que influenciam o consumo de água pelos animais .................................... 23 
Figura 6 - Desenho esquemático de instalação do sistema de coleta de água da chuva ........... 27 
Figura 7 - Área de contribuição do telhado .............................................................................. 29 
Figura 8 - Ação do vento .......................................................................................................... 29 
Figura 9 – Somatório da área de contribuição .......................................................................... 30 
Figura 10 - Localização da propriedade ................................................................................... 40 
Figura 11- Localização da fonte de coleta dos dados pluviométricos ...................................... 42 
Figura 12 - Gráfico das precipitações mensais dos últimos 8 anos (mm) ................................ 44 
Figura 13 - Gráfico de consumo de água nas atividades agrícolas ........................................... 47 
Figura 14 - Área do telhado ...................................................................................................... 48 
Figura 15 - Vista superior telhado duas águas ..........................................................................49 
Figura 16 - Ábaco para determinação de diâmetro de condutores verticais ............................. 51 
Figura 17 – Esquema do filtro autolimpante para água da chuva ............................................ 52 
Figura 18 - Detalhe filtro mais condutor vertical ..................................................................... 52 
Figura 19 - Esboço do projeto .................................................................................................. 56 
 
 
 
8 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção .............................. 19 
Tabela 2 - Classificação da dureza química da água ................................................................ 21 
Tabela 3 - Parâmetros de qualidade para água de consumo dos animais ................................. 24 
Tabela 4 - Coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler .................................................... 31 
Tabela 5 - Frequência de manutenção ...................................................................................... 32 
Tabela 6 - Coeficiente de Runoff médios ................................................................................. 34 
Tabela 7 - Somatório total de água utilizadas em atividades agrícolas .................................... 47 
Tabela 8 - Capacidade de condutores horizontais de seção circular (vazão em L/min) ........... 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Padrão microbiológico da água para consumo humano ......................................... 19 
Quadro 2 – Frequência das análises e parâmetros para usos não potáveis ............................... 20 
Quadro 3- Planilha para cálculo do método de Rippl ............................................................... 35 
Quadro 4 - Precipitações mensais e médias dos últimos 8 anos (mm) ..................................... 44 
Quadro 5 - Consumo mensal de água para pulverização detalhado ......................................... 45 
Quadro 6 - Necessidade estimada de consumo de água por dia para animais.......................... 46 
Quadro 7 - Intensidade pluviométrica ...................................................................................... 49 
Quadro 8 - Dimensionamento do reservatório pelo método de Ripll ....................................... 54 
Quadro 9 - Orçamento sistema de captação e armazenamento de água pluvial ....................... 55 
Quadro 10 - Materiais para a montagem do filtro autolimpante .............................................. 56 
Quadro 11 - Orçamento final .................................................................................................... 56 
 
 
10 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 14 
2.1 A água e seu ciclo no planeta .............................................................................................. 14 
2.2 Clima e precipitação média no Rio Grande do Sul ............................................................ 16 
2.3 Aproveitamento da água da chuva ...................................................................................... 17 
2.3.1 Vantagens do aproveitamento .......................................................................................... 18 
2.3.2 Desvantagens do aproveitamento .................................................................................... 18 
2.4 Qualidade da água para consumo humano e para fins não potáveis .................................. 18 
2.5 Qualidade da água utilizada na pulverização agrícola........................................................ 20 
2.4.1 Dureza e potencial hidrogeniônico (pH) ......................................................................... 21 
2.6 Qualidade da água para dessedentação animal ................................................................... 22 
2.7 Principais componentes de um sistema de captação de água pluvial ................................. 25 
2.7.1 Área de captação / contribuição....................................................................................... 25 
2.7.2 Condução / transporte ...................................................................................................... 25 
2.7.3 Filtragem .......................................................................................................................... 26 
2.7.4 Reservatórios ................................................................................................................... 27 
2.8 Instalações prediais de águas pluviais ................................................................................ 28 
2.8.1 Período de retorno ........................................................................................................... 28 
2.8.2 Cálculo de área de captação / contribuição ..................................................................... 28 
2.8.3 Vazão do projeto .............................................................................................................. 30 
2.8.4 Dimensionamento das calhas........................................................................................... 30 
2.8.5 Condutores verticais ........................................................................................................ 31 
2.8.6 Condutores horizontais .................................................................................................... 31 
2.9 Métodos de cálculo para captação e armazenamento de água pluvial ............................... 31 
2.9.1 Método de Rippl .............................................................................................................. 33 
2.9.2 Método da Simulação ...................................................................................................... 36 
2.9.3 Método prático Brasileiro (Azevedo Neto) ..................................................................... 37 
2.9.4 Método prático Alemão ................................................................................................... 38 
2.9.5 Método prático Inglês ...................................................................................................... 38 
2.9.6 Método prático Australiano ............................................................................................. 39 
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 40 
3.1 Descrição do local de estudo .............................................................................................. 40 
11 
 
3.2 Coleta de dados para o projeto ........................................................................................... 41 
3.2.1 Consumo de água nas atividades agrícolas ..................................................................... 41 
3.2.2 Dados pluviométricos do local ........................................................................................ 42 
3.3 Dimensionamento da instalação ......................................................................................... 42 
3.4 Orçamento do sistema de captação ..................................................................................... 43 
3.5 Implantação do sistema ...................................................................................................... 43 
3.6 Análises da qualidade da água coletada pela edificação ..................................................... 43 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................... 44 
4.1 Índice pluviométrico ........................................................................................................... 44 
4.2 Consumo de água na propriedade ....................................................................................... 45 
4.3 Desenvolvimento do projeto ............................................................................................... 48 
4.3.1 Área de captação e área de contribuição ......................................................................... 48 
4.3.2 Vazão do projeto com base na intensidade pluviométrica ............................................... 49 
4.3.3 Calhas .............................................................................................................................. 50 
4.3.4 Condutores verticais ........................................................................................................ 51 
4.3.5 Filtros ............................................................................................................................... 52 
4.3.6 Condutores horizontais .................................................................................................... 53 
4.3.7 Descarte da primeira água da chuva ................................................................................ 53 
4.3.7.1 Cálculo do reservatório de autolimpeza (first flush) .................................................... 53 
4.3.8 Dimensionamento do reservatório (cisterna) ................................................................... 54 
4.4 Custo estimado do sistema ................................................................................................. 55 
4.5 Tempo de retorno do investimento (Payback) .................................................................... 57 
4.6 Análise da água da chuva ................................................................................................... 57 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 58 
6 RECOMENDAÇÕES............................................................................................................ 59 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 60 
Anexo A - pH recomendado para uma máxima eficiência na pulverização ............................. 65 
Anexo B – Ábacos para determinação de diâmetros de condutores verticais .......................... 66 
Anexo C – Consumo de água para a pulverização ................................................................... 67 
Anexo D – Relatório de ensaio (Análise química) ................................................................... 68 
Anexo F – Relatório de ensaio (Análise biológica-coliformes) ............................................... 69 
 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A água é elemento primordial à preservação da vida sobre a Terra. No entanto, o homem 
a trata, inúmeras vezes, como um bem inesgotável, utilizando-a frequentemente de maneira não 
racional (AMORIM e PEREIRA, 2008). 
Segundo o Departamento de água e esgoto de São Caetano do Sul (DAE, 201-) apesar 
de nosso planeta possuir 75% da sua superfície coberta por água, apenas 1% de toda água do 
mundo está disponível para o consumo (água doce). O Brasil é um país rico nesse recurso 
natural, detendo cerca de 11,6% da água superficial, mas devido ao seu vasto território sofre 
com a desigualdade de distribuição, sendo que 70% desse recurso encontra-se disponível na 
região Amazônica e os 30% restantes distribuem-se desigualmente, para atender 93% da 
população. 
Conforme Faleiros (2011), o setor agropecuário é o maior consumidor de água em todo 
planeta. Enquanto o uso doméstico e a indústria correspondem com 10 e 20%, respectivamente, 
a produção de alimentos drena cerca de 70% da água doce existente. 
Na produção vegetal, qualquer cultura durante o seu ciclo de desenvolvimento consome 
um grande volume de água. Aproximadamente 98% deste volume passa pela planta e é perdido 
devido ao processo de transpiração e volta ao ciclo hidrológico. Esse fluxo é benéfico e 
necessário para o desenvolvimento vegetal, pois a água traz consigo nutrientes e minerais 
contidos na solução do solo (ROTONDANO e MELO, 2003). 
Segundo Palhares (2013) as funções da água no organismo dos animais são: regular a 
temperatura do corpo e auxiliar na digestão dos alimentos e nos processos de metabolismo da 
excreção, da reprodução e do crescimento. Um animal jovem pode ter até 80% de sua 
constituição orgânica na forma de água. Conforme esse animal envelhece, essa quantidade irá 
diminuir, alcançando um mínimo de 50%. 
Conforme Pena (2015) recentemente, no ano de 2014, o Brasil passou a viver os 
primeiros grandes focos daquilo que pode ser considerada uma das maiores crises hídricas até 
o momento, além das questões geográficas e da má gestão de recursos naturais quando ocorrem 
períodos de seca, e este problema tende a se agravar. Alguns estados do Nordeste convivem 
diariamente com a falta de água, mas na ocasião o estado de São Paulo também passou por uma 
forte crise de água, onde o seu principal reservatório (Sistema Cantareira) foi atingido sendo 
necessário um grande período de racionamento do consumo, até que as chuvas se 
normalizassem e a situação se tornasse mais amena. 
13 
 
O aproveitamento da água da chuva é um hábito milenar e que foi esquecido em algumas 
regiões, mas com as recentes crises hídricas está ressurgindo nas sociedades modernas como 
alternativa para amenizar problemas com a escassez. Países como Austrália e Alemanha já vêm 
utilizando essa técnica o que permite a captação de água com boa qualidade para fins não 
potáveis, de maneira simples e com efetividade comparando-se a relação custo-benefício 
(TAVARES, 2009). 
Uma alternativa que pode ser aplicada e vem ganhando cada dia mais importância, tanto 
no meio urbano quanto no rural, é a utilização de sistemas de captação e armazenamento de 
água pluvial, conhecidos genericamente como cisternas. Tais sistemas devem estar de acordo 
com os requisitos mínimos para dimensionamento presentes nas normas regradas pela NBR 
15.527 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2007) e a água coletada pode ser 
utilizada posteriormente para vários fins em uma propriedade agrícola. Dependendo de sua 
qualidade pode ser destinada ao consumo humano ou para fins não potáveis, mas adequada para 
o uso em irrigação, dessedentação animal, pulverização agrícola, lavagem de máquinas e 
equipamentos, manejo e higienização de dependências de animais. 
Como algumas vantagens do emprego desse tipo de sistemas em uma propriedade 
agrícola temos: a redução do consumo de água potável da rede pública gerando economia de 
água na conta, contribui com a conservação ambiental, evitando o desperdício e redução da 
erosão em torno das edificações. 
O objetivo geral deste trabalho foi projetar um sistema de captação e depósito de águas 
pluviais em uma propriedade agrícola. Como objetivos específicos para alcançar o objetivo 
geral tiveram: dimensionar a estrutura para que atenda às necessidades da propriedade para o 
uso da água coletada na pulverização agrícola e dessedentação animal; analisar o custo e 
viabilidade econômica (Payback) para a implantação do sistema; elaborar o projeto 
informacional e conceitual; avaliar a qualidade da água chuva. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 A água e seu ciclo no planeta 
 
 O rápido crescimento populacional aliado à expansão industrial, muitas vezes não 
planejada e desenfreada,vêm acarretando alguns problemas e alterações nos fenômenos 
climáticos que já eram previstos, mas estão cada vez mais à tona nos dias atuais. A poluição dos 
mananciais e o desperdício de água são as principais razões da sua escassez hoje mundialmente 
(DAE, 201-). 
 Segundo Tomaz (2009) cerca de 97,5% da água do planeta é salgada e o restante (2,5%) 
corresponde à água doce. Porém, aproximadamente 70% da água doce está nas calotas polares 
e 30% nos continentes. No entanto, menos de 1% da água dos continentes está diretamente 
acessível ao uso humano, o que corresponde a 0,007% do total de água presente na terra. 
 Outra analogia interessante foi realizada por Mano (2004) representando o total de água 
na terra reduzida para um reservatório de 1000 litros (Figura 1). 
 
Figura 1 - Analogia da água no planeta reduzida para 1000 litros 
 
Fonte: Adaptado de Mano (2004). 
 
 O Brasil é um país considerado rico em recursos hídricos, em termos representativos 
detém 50% do total dos recursos da América do Sul e 11% dos recursos mundiais (Tucci, 2001 
citado por Hagemann, 2009), mas apesar da grande disponibilidade a distribuição dessa água 
não é uniforme conforme mostra a Figura 2. 
 
15 
 
Figura 2 - Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e da população 
 
 Fonte: ANA - Agência Nacional de Águas (20--). 
 
Para Oliveira et al. (2012), de um modo geral, a água da chuva possui boa qualidade. 
Antes de sua precipitação ela passa por um processo que poderia ser descrito como uma 
“destilação natural”, o qual faz parte do ciclo hidrológico (Figura 3). 
 
Figura 3 - Ciclo hidrológico 
 
 Fonte: U.S. Geological Survey (2014). 
 
16 
 
2.2 Clima e precipitação média no Rio Grande do Sul 
 
 Conforme o sistema de classificação climática de Köppen, o Rio Grande do Sul se 
enquadra na zona fundamental temperada (C), tipo fundamental úmido (Cf) com duas 
variedades específicas: subtropical (Cfa) e temperado (Cfb). As precipitações no RS apresentam 
uma distribuição relativamente equilibrada, com chuvas ao longo de todo o ano. Em decorrência 
das massas de ar que penetram no continente, a quantidade de chuvas é diferenciada (UGHINI 
et al., 20--). 
 Para Sotério, Petrollo e Andriotti (2005) o Rio Grande do Sul se caracteriza por ser uma 
região bem regada e com distribuição uniforme de chuvas durante o ano, sem haver uma estação 
seca bem definida, isto é, há precipitações durante todos os meses do ano sem existir uma 
grande diferença quantitativa entre o mês mais seco e o mês mais chuvoso. 
 Conforme o mapa das isoietas, identificado na Figura 4, existe uma grande variação 
quantitativa de precipitação nas regiões do Estado identificando volumes entre 1137 a 2130 mm 
anuais, sendo o litoral sul e a fronteira com o Uruguai as regiões menos chuvosas, já a região 
do Planalto é a área mais chuvosa (SOTÉRIO, PETROLLO e ANDRIOTTI, 2005). 
 
Figura 4 - Regime anual de chuvas no Rio Grande do Sul no período de 1976-2005 
 
 Fonte: Matzenauer et al. (2007). 
 
17 
 
2.3 Aproveitamento da água da chuva 
 
 O aproveitamento de águas pluviais, conforme Tomaz (2009), não é nenhuma novidade 
recente, há registros históricos que a água das chuvas já era utilizada pela humanidade há 
milhares de anos. Existem ainda espalhadas inúmeras cisternas escavadas em rochas, utilizadas 
para o aproveitamento pluvial, anteriores a 3.000 a.C. 
 O mesmo autor ainda relata que um dos países que hoje mais se utiliza o sistema de 
aproveitamento de água pluvial, além de promover estudos nesta área, é o Japão, sendo Tóquio 
um exemplo, pois os regulamentos do governo metropolitano obrigam que todos os prédios 
com área construída maior que 30000 m2 utilizem mais de 100m3 por dia de água para fins não 
potáveis e façam reciclagem da água de chuvas. Além disso, devem ser construídos 
reservatórios de água de chuva em áreas de terrenos maiores de 10000m2 ou em edifícios que 
tenham mais de 3000m2 de área construída. 
 No Brasil, conforme Hagemann (2009), existem ainda poucos relatos de captação da 
água da chuva para fins de aproveitamento, em vista da disponibilidade relativamente grande 
de outras fontes de abastecimento se comparado com outros países. O aproveitamento de águas 
pluviais tem sido praticado em maior escala principalmente na região Nordeste, devido ao 
problema de escassez hídrica, característico de parte da região, sendo os trabalhos da 
EMBRAPA Semiárido os pioneiros na construção de cisternas. 
 Para Amorim e Pereira (2008) o grande crescimento populacional, a deterioração dos 
recursos hídricos e o uso não racional dos mesmos têm levado o ser humano a procurar reduzir 
a demanda de água e buscar novas fontes para o abastecimento. 
 Hangemann (2009) ainda complementa denotando que esses sistemas para 
aproveitamento de águas pluviais são diretamente influenciados pelas características das 
precipitações, onde a intensidade, a duração e a frequência são parâmetros importantes no 
dimensionamento de calhas, condutores verticais e reservatórios. O conhecimento destas 
características é importante para projetar um sistema que funcione adequadamente. 
 A captação e o armazenamento da água de chuva é uma ótima alternativa para minimizar 
o problema de estiagens severas em algumas épocas do ano. Para utilização desta água, deve-
se atentar principalmente a dois aspectos: se a mesma for utilizada para o consumo animal, ela 
deve ser analisada e receber tratamento adequado que garanta sua qualidade; se for utilizada 
para outros fins (por exemplo, descarga de vasos sanitários, na lavagem de carros, na lavagem 
de calçadas, ou na irrigação de jardins e usos agrícolas) seu tratamento é mínimo, e não 
necessita de análise de qualidade (OLIVEIRA et al., 2012). 
18 
 
2.3.1 Vantagens do aproveitamento 
 
Conforme Oliveira et al. (2012) as vantagens do aproveitamento da água da chuva no 
meio rural são: 
 Combate à escassez de água em períodos de estiagem ou de maior demanda, em 
regiões de produção intensiva de suínos e aves; 
 Reduz o consumo de água potável na propriedade e o custo de fornecimento da 
mesma; 
 Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária; 
 Contribui para uma melhor gestão e distribuição de águas nas regiões de produção 
intensiva de suínos e aves; 
 São de fácil manutenção e possui tecnologias disponíveis flexíveis e adaptáveis a 
diferentes terrenos e propriedades; 
 A água captada possui qualidade aceitável, principalmente se captada nos telhados; 
 Contribui com a conservação de água, a autossuficiência e a uma postura 
ambientalmente correta perante os problemas ambientais existentes no meio rural. 
 
2.3.2 Desvantagens do aproveitamento 
 
 Dependendo das características da propriedade, nem sempre é possível a utilização da 
força da gravidade para o uso da água armazenada. Nesses casos devem ser instalados sistemas 
de bombeamento para envio da água para um segundo reservatório (elevado) de distribuição. 
Esse procedimento deve vir junto de um estudo de viabilidade econômica para analisar a relação 
custo x benefício da utilização desse modelo, em virtude dos gastos com energia elétrica. As 
vezes o suprimento fica limitado, ou seja, é função da quantidade de precipitação na região, e 
da área de captação (OLIVEIRA et al, 2012). 
2.4 Qualidade da água para consumo humano e para fins não potáveis 
 
 O padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano proveniente de sistema 
e solução alternativa de abastecimento é definido por Brasil (2011) através da Portaria nº 2914, 
de 12 de dezembro 2011, do Ministério da Saúde. Tal referência legal define água para consumo 
humano como sendoágua potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e 
à higiene pessoal, independentemente de sua origem. Para ser considerada potável deve estar 
19 
 
em conformidade com o padrão microbiológico apresentado no Quadro 1, em complementação 
às exigências relativas aos demais parâmetros físicos e químicos. 
 
Quadro 1 - Padrão microbiológico da água para consumo humano 
Tipo de água Parâmetro VMP (1) 
Água para consumo 
humano 
 
Escherichia coli (2) 
 
Ausência em 100 mL 
Água 
tratada 
Na saída do 
tratamento 
Coliforme totais (3) Ausência em 100 mL 
No sistema 
de 
distribuição 
(reservatório 
e rede) 
Escherichia coli Ausência em 100 mL 
Coliformes 
totais (4) 
Sistemas ou soluções 
alternativas coletivas que 
abastecem menos de 
20.000 habitantes 
Apenas uma amostra 
entre as mostras 
examinadas no mês, 
poderá apresentar 
resultado positivo 
Sistemas ou soluções 
alternativas coletivas que 
abastecem a partir de 
20.000 habitantes 
Ausência em 100 mL em 
95% das amostras 
examinadas no mês 
NOTAS: (1) Valor máximo permitido; (2) Indicador de contaminação fecal; (3) Indicador de eficiência de 
tratamento; (4) Indicador de integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede). 
 Fonte: Brasil (2011). 
 
O padrão de turbidez que representa a propriedade óptica de absorção e reflexão da luz, 
causada pelas partículas sólidas de argila e matéria orgânica e serve como parâmetro das 
condições adequadas para consumo da água é apresentado na Tabela 1 (BRASIL, 2011). 
 
Tabela 1 - Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção 
Tratamento de água VMP(1) 
Desinfecção (para águas subterrâneas) 1,0 uT(2) em 95% das amostras 
Filtração rápida (tratamento completo) 0,5(3) uT(2) em 95% das amostras 
Reservatório 1,0(3) uT(2) em 95% das amostras 
NOTAS: (1) Valor máximo permitido; (2) Unidade de Turbidez; (3) Este valor deve atender ao padrão de turbidez 
de acordo com o especificado no 2º do art. 30. 
 Fonte: Adaptado de Brasil (2011). 
 
 A Portaria 2914 (Brasil, 2011) ainda apresenta tabelas importantes referentes ao número 
e frequência de amostragem conforme o tipo de fonte e número de pessoas atendidas, pH, 
padrão sensorial, radioatividade, cianotoxinas, nível tolerável de substâncias químicas e tempo 
para desinfecção. 
20 
 
 Conforme a definição da ABNT (2007) água não potável é a que não atende aos padrões 
de potabilidade para consumo humano da portaria vigente. Seus padrões de qualidade devem 
ser analisados de acordo com o Quadro 2. 
 
Quadro 2 – Frequência das análises e parâmetros para usos não potáveis 
Parâmetro Análise Valor 
Coliformes totais Semestral Ausência em 100 mL 
Coliformes 
termotolerantes 
Semestral Ausência em 100 mL 
Cloro residual livre Mensal 0,5 a 3 mg/L 
Turbidez Mensal < 2,0 uT, para usos menos restritivo < 5,0 uT 
Cor aparente Mensal < 15 uH 
pH Mensal 
pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulação de aço 
carbono ou galvanizado 
 Fonte: Adaptado de ABNT (2007). 
 
2.5 Qualidade da água utilizada na pulverização agrícola 
 
Conforme Jacto (2001) salienta que o sucesso da pulverização agrícola depende de cinco 
fatores: bom equipamento pulverizador; operador treinado para execução do serviço; produto 
químico de procedência; condições de tempo favoráveis; qualidade da água e pH ideal. 
 Segundo Sperling (2005), a qualidade da água ainda é um dos fatores mais 
negligenciados, pois pode sofrer interferência da ação antrópica, com a geração de despejos 
domésticos ou industriais, aplicação de agroquímicos no solo, e também a ação de fenômenos 
naturais como as chuvas que podem carregar corretivos e fertilizantes para os reservatórios 
abertos (rios, represas, etc.). Estes efeitos têm a capacidade de alterar as características físicas 
da água como cor, turbidez, temperatura, sedimentos em suspensão, entre outros, que podem 
causar o desgaste de alguns componentes dos pulverizadores reduzindo o rendimento 
operacional e impactando diretamente no custo da aplicação. Estes efeitos podem alterar 
também características químicas da água, como o pH, dureza, presenças de metais e de 
compostos orgânicos, dentre outros, diminuindo a eficiência dos agrotóxicos. 
A utilização de água de boa qualidade, com parâmetros químicos e físicos dentro dos 
padrões aceitáveis, é extremamente importante para aumentar a eficiência da pulverização 
agrícola, visto que a água imprópria para este fim pode provocar em alguns herbicidas, por 
exemplo, modificações em seu princípio ativo, podendo interferir na sua eficácia. Essa 
característica pode ser abordada sob dois aspectos: a qualidade química da água (pH, dureza e 
21 
 
íons dissolvidos) e a qualidade física (presença de argila e matéria orgânica) (THEISEN e 
RUEDELL, 2004 citados por FARIAS et al., 2014). 
Prado et al. (2011) complementam que além do volume da calda para pulverização, 
outros fatores como a presença de substâncias dissolvidas na água (gases, líquidos ou sólidos), 
impurezas e turbidez podem variar em função da fonte de água e local de coleta, podem ou não 
afetar a ação de um produto fitossanitário, quando utilizada como diluente para o preparo da 
calda de pulverização. Assim, a qualidade química da água em relação ao potencial 
hidrogeniônico (pH), sais e íons dissolvidos é um fator a ser considerado no tratamento 
fitossanitário. No que refere à qualidade da água, a dureza, definida como a concentração de 
íons alcalino-terrosos presentes na água, expressa na forma de CaCO3 (ppm), representados 
geralmente pelos íons Ca+2 e Mg+2 originados de carbonatos, bicarbonatos, cloretos e sulfatos, 
é uma propriedade capaz de interferir negativamente nas caldas de produtos fitossanitários. 
 
2.4.1 Dureza e potencial hidrogeniônico (pH) 
 
Kissmann (1998) em suas pesquisas constatou que a argila e compostos orgânicos em 
suspensão na água podem adsorver herbicidas e reduzir-lhes a atividade. A água dura (rica em 
Ca++ e Mg++, principalmente) também interfere na eficiência de alguns herbicidas das seguintes 
maneiras: 1) muitas formulações têm surfactantes aniônicos, que contêm Na+ e K+, e, quando o 
herbicida entra em contato com água dura, Na+ e K+ podem ser substituídos por Ca++ e Mg++, 
com a consequente formação de compostos insolúveis; e 2) herbicidas à base de ácido ou de sal 
dissolvidos em água dura podem dar origem a compostos insolúveis. Na Tabela 2 tem-se as 
formas de classificação da água quanto à dureza. 
 
Tabela 2 - Classificação da dureza química da água 
Classe PPM de CACO3 Graus de dureza (°D) 
MUITO BRANDA < 71,2 < 4 
BRANDA 71,2 – 142,4 4 – 8 
SEMIDURA 142,4 – 320,4 8 – 18 
DURA 320,4 – 534,0 18 – 30 
MUITO DURA > 534,0 > 30 
 Fonte: Adaptado de Kissmann (1998). 
 
Jacto (2011) reforça essas condições expostas salientando também que o pH da água 
varia em cada fonte e algumas são ricas em minerais. Águas com pH entre 3 a 9, pode 
22 
 
influenciar na atividade biológica dos defensivos agrícolas: herbicidas, dessecantes, 
desfolhantes, inseticidas, fungicidas, acaricidas e reguladores de crescimento vegetal. 
Ainda o mesmo autor cita que a maioria dos produtos químicos utilizados nos controles 
de ervas daninhas, pragas e doenças, quando veiculados em água com pH alcalino podem sofrer 
instabilidade e paralisam ou reduzem o processo químico por hidrólise alcalina. Ocorre assim 
uma redução de horas ou minutos na vida útil do defensivo agrícola, reduzindo sua eficácia 
como mostrado no Anexo A. Águas ricas em matéria orgânica, barro, cristais de areia e 
elementos minerais como ferro, zinco, alumínio, cálcio, magnésio também provocam uma 
reação nos defensivos agrícolas,afetando negativamente a sua eficácia. 
O pH e a dureza da água variam de acordo com a fonte de abastecimento, sendo que a 
presença de íons como, por exemplo, alumínio e ferro entre outros, e sais minerais podem 
influenciar estas características. A importância tanto da dureza quanto do pH da água usada para 
preparo de calda de pulverização reside no fato de que estes elementos podem interagir com o 
ingrediente ativo dos agrotóxicos, levando a perda parcial ou total de sua atividade biológica 
(LEITE, ZANCHETINI e SILVA, 201-). 
Para Conceição (2003) citado por Leite, Zanchetini e Silva (201-) o pH da água pode 
interferir na ação de um ingrediente ativo, pois altas concentrações de íons H+ ou OH- poderão 
reagir com o mesmo, diminuindo, assim, a sua concentração na calda. 
Conforme Farias et al. (2014), depois de observadas estas características relacionadas 
à qualidade da água e os demais parâmetros técnicos (velocidade e direção do vento, 
temperatura e umidade relativa do ar), previstos pela tecnologia de aplicação, o agrotóxico 
poderá ser aplicado dentro de uma certeza de que se estará proporcionando todas as condições 
para que o mesmo expresse a sua máxima eficiência, que será observada através do controle 
adequado das pragas e doenças. 
 
2.6 Qualidade da água para dessedentação animal 
 
 Para Palhares (2013), o consumo de água é um dos principais indicadores para avaliar 
o desempenho zootécnico e sanitário do rebanho. Conhecer o consumo de água dos animais e 
oferecer a eles água de boa qualidade; saber escolher e monitorar fontes mais aptas para o 
consumo; considerar no custo de produção o custo da água são aspectos que devem ser levados 
em consideração no custo de produção. 
 O mesmo autor ainda disserta sobre as funções da água no organismo dos animais sendo: 
regular a temperatura do corpo e regular e auxiliar na digestão dos alimentos e nos processos 
23 
 
de metabolismo da excreção, da reprodução e do crescimento. A Figura 5 expressa os fatores 
que influenciam nesse consumo. 
 
Figura 5 - Fatores que influenciam o consumo de água pelos animais 
 
 Fonte: Palhares (2013). 
 
Conforme Oliveira et al. (2012) as restrições de água trazem desajustes fisiológicos de 
difícil reparação, diminuindo volume sanguíneo, aumentando a concentração de toxinas na 
urina, aumentando a respiração e reduzindo o ganho de peso dos animais. 
Palhares (2005) descreve que a água de má qualidade representa riscos à saúde dos 
animais e à produção, causando desde reduções no ganho de peso até perda de animais. O 
mesmo autor enumera também alguns sintomas provocados pelo excesso de alguns elementos: 
 Sólidos dissolvidos totais - diarreia, redução do consumo de água e da produtividade 
e morte; 
 Cloro - redução da ingestão de alimento e aumento do consumo de água; 
 Ferro - quando promove gosto ruim à água, apresenta efeitos sobre o seu consumo e 
na produtividade. 
Conforme Oliveira et al. (2012) a água para consumo animal deve ser potável, ou seja, 
não ter a presença de coliformes fecais, matéria orgânica, bactérias e substâncias tóxicas que 
podem causar doenças, e atender os requisitos mínimos de potabilidade estabelecidos por Brasil 
(2011). Porém, a água pode ter vários outros usos, sendo que muitos deles têm parâmetros de 
qualidade regulados pela Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 (por exemplo, 
irrigação de hortaliças, dessedentação de animais, etc.) (BRASIL, 2005). 
 Brasil (2005) contrapõe através da Resolução nº 357/2005 que a qualidade das águas 
superficiais devem possuir para serem oferecidas aos animais, sendo que não deverão exceder 
o limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 
seis amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. De acordo 
24 
 
com essa resolução estas águas devem atender aos demais padrões estipulados para classe 3 e 
expressos na Tabela 3. 
 
Tabela 3 - Parâmetros de qualidade para água de consumo dos animais 
Parâmetros Valor máximo 
Cloreto total 250 mg/L de Cl 
Cobre dissolvido 0,013 mg/L de Cu 
Coliformes termotolerantes 
Para animais confinados, não exceder 1.000/100mL 
Para os demais usos, não exceder 4.000/100mL 
Demanda Bioquímica de O2 Até 10,0 mg/L 
Ferro dissolvido 5,0 mg/L de Fe 
Fósforo total 0,15mg/L de P 
Manganês total 0,5 mg/L de Mg 
Nitrato 10,0 mg/L de N 
Nitrito 1,0 mg/L de N 
Oxigênio dissolvido Não inferior a 4,0 mg/L de O2 
pH 6,0 a 9,0 
Sulfato total 250 mg/L de SO4 
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L 
Turbidez Até 100 UNT 
Zinco total 5,0 mg/L de Zn 
Fonte: Brasil (2005). 
 
Bellaver e Oliveira (2009) reafirmam que a água de consumo natural para os animais 
pertence à categoria de águas doces na classe 3, referida por Brasil (2005). Entre os atributos 
qualitativos dessa classe de água constam os limites máximos de variáveis inorgânicas 
(minerais) e orgânicas (pesticidas). Além disso, a água não deverá: ter efeito tóxico agudo a 
organismos, ter materiais flutuantes ou resíduos sólidos, ter gosto ou odor, conter corantes, 
exceder o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mL de amostra, exceder 50.000 
células cianobactérias /mL ou 5mm3/L, ter DBO 5 dias/20ºC maior que 10 mg/L O2, apresentar 
turbidez acima de 100 UNT, e o pH deve estar entre 6 e 9. Contudo, os autores salientam que 
essa resolução não se aplica totalmente à produção de suínos e aves, porque esses exigem 
melhor qualidade da água a ser utilizada nas granjas. 
Atualmente não existe uma portaria que estabeleça parâmetros específicos para a água 
de consumo animal, apenas uma resolução que estabelece classes, que serve como indicativo 
de parâmetros mínimos a serem seguidos. 
25 
 
2.7 Principais componentes de um sistema de captação de água pluvial 
 
 Para Oliveira et al. (2012) nos projetos de cisternas deve-se primeiro identificar o 
objetivo da coleta da água, caso for para dessedentação animal, é preciso submetê-la a um 
sistema de filtração eficiente e armazenamento. Nesses casos, o projeto será constituído por três 
processos básicos: sistema de coleta; sistema de filtração e sistema de armazenamento. 
 
2.7.1 Área de captação / contribuição 
 
Conforme a apresentado por ABNT (1989) na NBR 10844, a área de captação 
corresponde à área, em metros quadrados, projetada na horizontal da superfície impermeável da 
cobertura onde a água é captada. 
As áreas de captação, na construção civil, geralmente são os telhados das casas. Podem 
ser telhas cerâmicas, de fibrocimento, de zinco, de ferro galvanizado, de concreto armado, de 
plásticos, telhado plano revestido com asfalto, etc. (LIMA e MACHADO, 2008). 
Hagemann (2009) também relata que os telhados podem ser constituídos de diversos 
materiais, como telha cerâmica, fibrocimento, zinco, aço galvanizado, plástico, entre outros. O 
material no qual é constituído o telhado é importante para a definição do coeficiente de 
escoamento superficial, que determina quanto da água precipitada se transforma em 
escoamento. Além disso, conhecer a composição do material do telhado é importante para evitar 
a contaminação da água, devido a componentes tóxicos que podem ser lixiviados. 
O telhado pode estar inclinado, pouco inclinado ou plano. Para um sistema de telhado 
onde há várias águas (sentido que as águas correm pelo telhado), cada uma dessas tem sua 
importância de contribuição que será considerada para o cálculo dos condutores verticais 
(LIMA e MACHADO, 2008). 
Para Hagemann (2009), as áreas de captação da água da chuva geralmente são telhados 
ou áreas impermeáveis sobre a superfície do solo. O tipo de captação mais comum é a de água 
dos telhados,por apresentar melhor qualidade e permitir que, na maioria dos casos, a água atinja 
o reservatório de armazenamento por gravidade, o que facilita o projeto. 
 
2.7.2 Condução / transporte 
 
Conforme Tomaz (2011) esse transporte é realizado por calhas ou condutores 
horizontais e verticais que encaminham a água do telhado para o tanque. As calhas e condutores 
26 
 
de águas pluviais têm a função de recolher a água e os mais utilizados são normalmente 
fabricados de material metálico ou em PVC. Algumas recomendações importantes: 
 As calhas e condutores horizontais e verticais devem atender à NBR 10844 (ABNT, 
1989); 
 Deve-se observar o período de retorno escolhido, a vazão do projeto e a intensidade 
pluviométrica; 
 Pode ser instalado no sistema de aproveitamento de água de chuva um dispositivo 
para o descarte da água de escoamento inicial. É recomendado que tal dispositivo 
seja automático; 
 Quando utilizado, o dispositivo de descarte de água deve ser dimensionado pelo 
projetista. Na falta de dados, recomenda-se o descarte de 2 mm da precipitação 
inicial. 
Conforme a ABNT (1989) os condutores verticais usados devem ser fabricados dos 
seguintes materiais: ferro fundido, fibrocimento, PVC rígido, aço galvanizado, cobre, chapas 
de aço galvanizado, folha de flandres, chapas de cobre, aço inoxidável, alumínio ou fibra de 
vidro. Já para os condutores horizontais são recomendados: ferro fundido, fibrocimento, PVC 
rígido, aço galvanizado, cerâmica vidrada, concreto, cobre, canais de concreto ou alvenaria. A 
declividade mínima para calhas é de 0,5%. 
2.7.3 Filtragem 
 
Para Tomaz (2011) um telhado é uma superfície de deposição natural de poeiras, folhas, 
flores, galhos, insetos e outros resíduos transportados pelo ar, deste modo esses materiais em 
suspensão são retidos pelas peneiras, porém micróbios e contaminantes químicos não são 
eliminados por este dispositivo. As telas tem diâmetro nominal variando entre 1,58mm a 
9,5mm. 
Ainda o autor ressalta que nos primeiros instantes de chuva ocorre a maior parte de 
contaminação, assim a primeira água que escorre deverá ser descartada. O by pass é um sistema 
que desvia esse efluente para fora do reservatório e seu funcionamento pode ser manual ou 
automático por meio de dispositivos de autolimpeza. 
Para Oliveira et al. (2012) a filtração é um processo de separação sólido-líquido, 
envolvendo fenômenos físicos, químicos e, às vezes, biológicos. Visa principalmente a remoção 
das impurezas contidas na água que são retidas através de um meio poroso. A filtragem da água 
da chuva é um processo necessário para retirar partículas macroscópicas em suspensão que são 
27 
 
arrastadas pela água ao passar pela cobertura das edificações. Este processo compreende o pré-
filtro, depósito da primeira água da chuva e os filtros. 
A Figura 6 representa bem os principais componentes descritos até aqui. 
 
Figura 6 - Desenho esquemático de instalação do sistema de coleta de água da chuva 
 
 Fonte: Adaptado de Matthiensen (20--) citado por Oliveira et al. (2012). 
 
2.7.4 Reservatórios 
 
 Conforme Oliveira et al. (2012) cisternas são reservatórios fechados, construídos para o 
armazenamento de água da chuva. Atualmente, as cisternas podem ser construídas com 
diferentes materiais, tais como lonas de PVC ou PEAD, fibra de vidro, alvenaria, ferrocimento 
ou concreto armado. Os materiais mais empregados para pequenos volumes de água são 
construídos em fibra de vidro e alvenaria e para grandes volumes de água em PVC, PEAD ou 
concreto armado, podendo ser enterradas ou ao nível do solo. Em cisternas enterradas, a 
temperatura resultante da água de armazenamento é menor, reduzindo o desenvolvimento e a 
proliferação de microrganismos. Cisternas construídas ao nível do solo sofrem a ação dos raios 
solares, resultando em uma tendência ao aumento da temperatura da água armazenada. 
Ainda os mesmos autores ressaltam que as cisternas devem ser cobertas para evitar a 
entrada de impurezas e matéria orgânica, e devem ter proteções em todas as entradas e saídas 
de água para evitar a entrada de insetos e demais animais que possam contaminá-la. 
Conforme a NBR 15527 (ABNT, 2007) devem ser considerados no projeto: extravasor, 
dispositivo de esgotamento, cobertura, inspeção, ventilação e segurança, devendo ser 
minimizado o turbilhonamento, dificultando a ressuspensão de sólidos e o arraste de materiais 
28 
 
flutuantes. A retirada de água do reservatório deve ser feita próxima à superfície, com 
recomendações para que seja feita a 15 cm desta. 
2.8 Instalações prediais de águas pluviais 
 
 A ABNT (1989) com a NBR 10844 fixa exigências e critérios necessários aos projetos 
de instalações de drenagem de águas pluviais, visando garantir níveis aceitáveis de 
funcionalidade, segurança, higiene, conforto, durabilidade e economia. Recomenda também 
documentos complementares que são necessários se consultar para execução do projeto. 
 No mesmo documento faz-se definições adotadas sobre conceitos e componentes 
utilizados no projeto, tais como área de contribuição, vazão do projeto, dimensionamento de 
calhas, coeficiente de rugosidade (Runoff), condutores verticais e horizontais e ábacos para 
dimensionamento. 
 
2.8.1 Período de retorno 
 
 Conforme a ABNT (1989) a determinação da intensidade pluviométrica “I”, para fins 
de projeto, deve ser feita a partir da fixação de valores adequados para a duração de precipitação 
e o período de retorno segundo as características da área a ser drenada, obedecendo ao 
estabelecido a seguir: 
T = 1 ano, para áreas pavimentadas, onde empoçamentos possam ser tolerados; 
T = 5 anos, para coberturas e/ou terraços; 
T = 25 anos, para coberturas e áreas onde empoçamento ou extravasamento não possa 
ser tolerado. 
Ainda conforme ABNT (1989) a duração de precipitação deve ser fixada em t = 5min. 
 
2.8.2 Cálculo de área de captação / contribuição 
 
Segundo a ABNT (1989), deve-se seguir as equações para realizar o cálculo da área de 
contribuição, conforme Figura 7. 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 Figura 7 - Área de contribuição do telhado 
 
 Fonte: Reis (2007). 
 
A ação dos ventos pode ser considerada através da adoção de um ângulo de inclinação 
da chuva em relação à horizontal igual a arc. tg2 ø, para o cálculo da quantidade de chuva a ser 
interceptada por superfícies inclinadas ou verticais. Considerando a direção que ocasionar 
maior quantidade de chuva interceptada pelas superfícies (ABNT,1989), conforme apresentado 
na Figura 8. 
Figura 8 - Ação do vento 
 
 Fonte: Reis (2007). 
 
Conforme a NBR 10844 (ABNT, 1989) para o cálculo da área de contribuição, devem-
se considerar os incrementos devidos à inclinação da cobertura e às paredes que interceptem 
água de chuva que também deva ser drenada pela cobertura (Figura 9). 
 
30 
 
Figura 9 – Somatório da área de contribuição
 
 Fonte: Reis (2007). 
 
2.8.3 Vazão do projeto 
A Equação 1 é utilizada para determinar a vazão a ser captada na calha, de acordo com 
NBR 10.844 (ABNT, 1989). 
 
𝑄 = 
𝐼 𝑥 𝐴
60
 
Em que: Q = vazão do projeto (L/min.); 
 I = intensidade pluviométrica (mm/h); 
 A = área de contribuição (m2). 
 
2.8.4 Dimensionamento das calhas 
 
O dimensionamento das calhas deve ser feito através da fórmula de Manning-Strickler, 
indicada pela ABNT (1989), ou de qualquer outra fórmula equivalente. Abaixo segue a Equação 
2 apresentada por Tomaz (2007): 
 
𝑄 = 60000 𝑥
𝐴
𝑛
 𝑥 𝑅
2
3 𝑥 𝑆
1
2 
 
Onde: Q = Vazão de projeto, em L/min 
A = área da seção molhada, em m2 
n = coeficiente de rugosidade (Ver Tabela4) 
R = raio hidráulico, em m (depende do tipo construtivo de calha) 
S = declividade da calha, em m/m (depende do tipo construtivo da calha) 
(1) 
 
(2) 
31 
 
A Tabela 4 indica os coeficientes de rugosidade dos materiais normalmente utilizados 
na confecção de calhas. 
 
Tabela 4 - Coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler 
Material Coeficiente 
Plástico, fibrocimento, aço e metais não-ferrosos 0,011 
Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012 
Cerâmica, concreto não-alisado 0,013 
Alvenaria de tijolos não-revestida 0,015 
 Fonte: ABNT (1989). 
 
 
2.8.5 Condutores verticais 
 
 Conforme a ABNT (1989) os condutores verticais devem ser projetados, sempre que 
possível, em uma só prumada. Quando houver necessidade de desvio, devem ser usadas curvas 
de 90º de raio longo ou curvas de 45º e devem ser previstas peças de inspeção, devendo 
apresentar diâmetro interno mínimo de 70mm. 
 Ainda conforme o mesmo autor o diâmetro interno (D) dos condutores verticais deve 
ser feito a partir do ábaco no Anexo B, cruzando-se os dados de: 
 Vazão de projeto, em L/min (Q); 
 Altura da lâmina de água na calha, em mm (H); 
 Comprimento do condutor vertical, em m (L). 
 
2.8.6 Condutores horizontais 
 
 Os condutores horizontais devem ser projetados, sempre que possível, com declividade 
uniforme, com valor mínimo de 0,5%. Tal dimensionamento, no caso de seção circular, deve 
ser feito para escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno (D) do tubo 
ABNT (1989). 
2.9 Métodos de cálculo para captação e armazenamento de água pluvial 
 
 Conforme a ABNT (2007), o potencial de coleta da água da chuva depende do 
coeficiente de escoamento superficial da cobertura, bem como da eficiência do sistema de 
descarte do escoamento inicial, sendo calculado pela Equação 3. 
32 
 
 
V = P x A x C x η escoamento inicial 
 
Onde: V= volume mensal de água de chuva aproveitável (m³); 
P= precipitação média mensal (m); 
A= área do telhado em projeção (m2); 
C= coeficiente de escoamento superficial do telhado; 
 η escoamento inicial = eficiência do sistema de descarte do escoamento inicial. 
 
Conforme a ABNT (2007) o volume dos reservatórios deve ser dimensionado com base 
em critérios técnicos, econômicos e a ambientais, considerando as boas práticas da engenharia, 
podendo, a critério do projetista, ser utilizados os métodos contidos no Anexo A da normativa 
ou outro, desde que devidamente justificado. 
Como recomendações da ABNT (2007) a Tabela 5 apresenta a frequência de 
manutenção dos componentes do sistema. 
Tabela 5 - Frequência de manutenção 
Componente Frequência de manutenção 
Dispositivo de descarte de detritos Inspeção mensal / Limpeza trimestral 
Dispositivos de descarte e escoamento Limpeza mensal 
Calhas, condutores verticais e horizontais Semestral 
Dispositivo de desinfecção Mensal 
Bombas Mensal 
Reservatório Limpeza e desinfecção anual 
 Fonte: Adaptado de ABNT (2007). 
 
 Nascimento e Moruzzi (2009) dispõem sobre os métodos descritos na NBR 
15.527/2007, analisando-os e descrevendo em que se fundamentam para chegar aos resultados: 
 Método de Rippl: baseia-se no princípio de regularização de vazão. O volume do 
reservatório é determinado a partir da análise diferencial entre demanda e oferta e o maior 
déficit acumulado resulta no volume requerido. Alternativamente, pode-se obter o volume por 
meio da análise do diagrama de massa acumulado; 
 Método da análise da simulação: trata-se de um balanço de massa onde, a partir de 
um volume pré-determinado verifica-se a variação do volume disponível para aproveitamento. 
Pode-se avaliar o número de dias em que o reservatório permanecerá vazio; 
(3) 
33 
 
 Método Azevedo Netto: método empírico que considera a precipitação anual e o 
número de meses com pouca chuva; 
 Método prático Alemão: método empírico no qual é adotado o menor volume 
correspondente a 6% da demanda ou 6% do volume de precipitação anual; 
 Método prático Inglês: método empírico baseado somente na precipitação anual e área 
de captação, e; 
 Método prático Australiano: método empírico que leva em consideração a confiança 
do sistema, considerando o número de meses que o reservatório não atende à demanda. 
 
2.9.1 Método de Rippl 
 
Conforme Campos et al. (2007), citados por Amorim e Pereira (2008) este é o método 
mais utilizado, especialmente por sua fácil aplicação. Entretanto, há uma série de críticas sobre 
seu emprego, baseadas principalmente no fato desse método ter sido, a princípio, desenvolvido 
para grandes reservatórios, o que acarretaria uma superestimativa do volume a ser reservado, 
elevando os custos do projeto. 
De acordo com Carvalho (2007), o método de Rippl baseia-se na regularização de vazão, 
ou seja, o abastecimento de água é constante durante todo o período chuvoso e seco. Para sua 
aplicação, normalmente são utilizadas médias históricas de precipitações mensais ou diárias 
longas. Este método pode ser aplicado tanto para situações onde a demanda é constante como 
quando a mesma é variável. 
Para o dimensionamento devem ser determinados a demanda média de água pluvial, a 
área da superfície de captação e o coeficiente de Runoff (coeficiente de escoamento superficial, 
quociente entre a água que escoa superficialmente e o total da água precipitada), de acordo com 
as necessidades estabelecidas em projeto. Em seguida, aplica-se o método de Rippl utilizando-
se as precipitações médias mensais em um período de janeiro a dezembro para o cálculo em 
base mensal. Se o objetivo for fazer o cálculo em base diária, utiliza-se uma série histórica de 
10 anos de precipitações diárias. Pode ser utilizada tanto uma demanda constante de água 
pluvial quanto uma demanda variável (RUPP, MUNARIN e GHISI, 2011). 
Campos (2004) recomenda que quanto menor o intervalo dos dados pluviométricos 
maior será a precisão. A utilização de dados diários é suficiente, porém não possuindo estes 
números podem-se utilizar valores mensais que apresentarão resultados satisfatórios e tornarão 
o método de cálculo mais simples. 
34 
 
Para Rupp, Munarin e Ghisi (2011) o dimensionamento por esse método inicia-se pelos 
cálculos do volume de água pluvial no reservatório no tempo t e do volume de água pluvial no 
tempo t, expressos pelas Equações 4 e 5, respectivamente. 
 
S(t) = D(t) – Q(t) (4) 
Q(t) = C x P x A (5) 
 
Onde: S(t) é o volume de água pluvial no reservatório no tempo t (L); 
D(t) é a demanda ou consumo de água pluvial no tempo t (L); 
Q(t) é o volume de água pluvial no tempo t (L); 
C é o coeficiente de escoamento superficial (adotado como 0,80, segundo 
recomendações da NBR 15527 (ABNT, 2007); 
P é a precipitação média no tempo t (mm); 
A é a área de captação em projeção no terreno (m2). 
 
A capacidade do reservatório de água pluvial é calculada por meio da Equação 6, 
mostrada abaixo. 
V = Σ S(t), somente para valores S(t) > 0 (6) 
 
Onde: V é o volume do reservatório (L), sendo ΣD(t) < ΣQ(t). 
 
Conforme Oliveira (2005), para efeito de cálculo, o volume de água de chuva 
aproveitado não é o mesmo que o precipitado. Para isto, usa-se um coeficiente de escoamento 
superficial chamado de coeficiente de Runoff, que é o quociente entre a água que escoa 
superficialmente pelo total da água precipitada (chuva), definido pela letra C (Tabela 6). 
 
Tabela 6 - Coeficiente de Runoff médios 
Material Coeficiente de runoff 
Telhas cerâmicas 0,8 a 0,9 
Telhas esmaltadas 0,9 a 0,95 
Telhas corrugadas de metal 0,8 a 0,9 
Cimento amianto 0,8 a 0,9 
Plástico, PVC0,9 a 0,95 
 Fonte: Adaptado de Tomaz, 2009. 
 
35 
 
Mierzwa et al. (2007) expõem que o método de Rippl através da regularização de vazão 
tende a aumentar o volume do reservatório ocorrendo um excesso do volume coletado em 
relação as demandas exercidas ao longo de todo ano. 
O Quadro 3 apresenta a aplicação prática do Método de Rippl. 
 
Quadro 3- Planilha para cálculo do método de Rippl 
Meses 
Chuva 
Mensal 
(mm) 
Demanda 
Constante 
Mensal 
(m³) 
Área de 
Captação 
(m²) 
Volume 
de 
chuva 
mensal 
(m³) 
Diferença 
entre os 
volumes de 
demanda - 
Vol. de 
chuva (m³) 
Diferença 
acumulada 
da coluna 6 
dos valores 
positivos 
(m³) 
Obs. 
Coluna 
1 
Coluna
2 
Coluna 
3 
Coluna 
4 
Coluna 
5 
Coluna 
6 
Coluna 
7 
Coluna 
8 
Janeiro 
Fevereiro 
Março 
Abril 
Maio 
Junho 
Julho 
Agosto 
Setembro 
Outubro 
Novembro 
Dezembro 
Total 
Nota: Coeficiente de rumoff utilizado = 0,8 (coluna 5) 
 Fonte: Autor, 2015. 
 
Descrição das colunas, conforme Tomaz (2011): 
Coluna 1 – É o período de 12 meses que vai de janeiro a dezembro. 
Coluna 2 – Média das mensais em milímetros. 
Coluna 3 – Demanda mensal de acordo com as necessidades. 
Coluna 4 – Área de captação da chuva m². 
36 
 
Coluna 5 – Valores mensais disponíveis da água de chuva. O resultado é obtido 
multiplicando-se a coluna 2 pela coluna 4 e pelo coeficiente de Runoff adotado e dividindo-se 
por 1000 para que o resultado do volume seja em metros cúbicos. 
Coluna 6 – Diferença entre os valores da demanda e os volumes de chuva mensais. É a 
coluna 3 menos a coluna 5, se o sinal for negativo, isso indica que há excesso de água e o sinal 
positivo indica que o volume de demanda, nos meses correspondentes supera o volume de água 
disponível. 
Coluna 7 – Diferença entre o acumulado da coluna 6, considerando somente os valores 
positivos. Para preenchimento desta coluna foi admitido a hipótese inicial de o reservatório 
estar cheio. Os valores negativos foram computados, pois, correspondem a meses em que há 
excesso de água (volume disponível superando a demanda). Começa-se com a soma pelos 
valores positivos, prosseguindo até que a diferença se anule, desprezando todos os valores 
negativos seguintes, recomeçando a soma quando aparecer o primeiro valor positivo. 
Coluna 8 – É realizado o preenchimento desta coluna usando as letras E, D e S, sendo: 
E = água escoando pelo extravasor; 
D = nível de água baixando e 
S = nível de água subindo. 
 
2.9.2 Método da Simulação 
 
 Esse método baseia-se na determinação do percentual de consumo que será atendido em 
função de um tamanho de reservatório previamente definido. Também é chamado de Método 
de Análise de Simulação de um Reservatório com Capacidade Suposta (RUPP, MUNARIN e 
GHISI, 2011). 
Para Tomaz (2009), a característica principal desse método é que ele possibilita 
determinar a eficiência do sistema, pois os períodos em que o reservatório está suficientemente 
abastecido com água pluvial são relacionados com todo o período simulado. Tal período pode 
ser de apenas um ano, mas, quanto maior a série histórica de precipitação utilizada, maior será 
a confiabilidade da simulação. 
De acordo com a ABNT (2007), neste método a evaporação da água não deve ser 
considerada. 
Para Rupp, Munarin e Ghisi (2011) o dimensionamento do reservatório de água pluvial 
pelo método da Simulação calculando-se o volume de água pluvial no tempo t e o volume de 
37 
 
água pluvial no reservatório no tempo t, através das Equações 7 e 8, respectivamente, que 
devem ser aplicadas para cada mês do ano. 
 
Q(t) = C x P x A (7) 
S(t) = Q(t) + S(t − 1) – D(t) (8) 
 
Onde: Q(t) - volume de água pluvial no tempo t (L); 
C - coeficiente de escoamento superficial (0,80); 
P - precipitação média no tempo t (mm); 
A - área de captação em projeção no terreno (m2); 
S(t) - volume de água pluvial no reservatório no tempo t (L); 
S(t-1) - volume de água pluvial no reservatório no tempo t-1 (L); 
D(t) - consumo ou demanda de água pluvial no tempo t (L). 
 
Na sequência, determina-se um volume de reservatório V que atenda, para o mês de 
janeiro, à condição V ≥ S(t) ≥ 0. Se essa condição for atendida ao longo dos demais 11 meses 
do ano, esse volume V é o volume do reservatório. Caso contrário, deve-se determinar outro 
volume de reservatório V até que se atenda à condição V ≥ S(t) ≥ 0 para os 12 meses do ano. 
 Neste método, duas hipóteses devem ser feitas: o reservatório está cheio no início da 
contagem do tempo “t” e os dados históricos são representativos para as condições futuras. 
(ABNT, 2007). 
 
2.9.3 Método prático Brasileiro (Azevedo Neto) 
 
 Rupp, Munarin e Ghisi (2011) descrevem que o método prático brasileiro é o primeiro 
método empírico apresentado na ABNT NBR 15527/2007. 
Conforme a ABNT (2007), o volume de chuva é obtido segundo a Equação 9: 
 
V = 0,042 x P x A x T (9) 
 
em que: P - valor numérico da precipitação anual, expresso em milímetros (mm); 
T - valor numérico do número de meses de pouca chuva ou seca (adimensional); 
A - valor numérico da área de coleta em projeção, expresso em metros quadrados (m2) 
38 
 
V - valor numérico do volume de água aproveitável e o volume de água do 
reservatório, expresso em litros (L). 
 
 Conforme Neves (2007) a constante 0,042 refere-se ao total da precipitação anual, 
dividida por 2, dividida por 12 meses, que será igual a 65% (0,042). 
 Segundo Bresolin (2010), esse método fornece aproximadamente 85% de probabilidade. 
Cohim, Garcia e Kiperstok (2008) identificaram em suas pesquisas que o método brasileiro 
determina valores maiores, enquanto os métodos alemão e inglês encontraram volumes 
menores e bem próximos. 
 Rupp, Munarin e Ghisi (2011) descrevem que a NBR 15527 (ABNT, 2007) não 
especifica como determinar o número de meses de pouca chuva. Desse modo, em seu trabalho, 
meses que possuem uma precipitação igual ou inferior a 80% da precipitação média mensal 
foram considerados meses de pouca chuva. 
 
2.9.4 Método prático Alemão 
 
Para a ABNT (2007) trata-se de um método empírico onde o volume do reservatório de 
água pluvial será, simplesmente, o menor valor entre 6% do volume de água pluvial anual e 6% 
da demanda anual de água não potável (Equação 10). 
 
Vadotado = mímimo {
𝑉 𝑥 0,06
𝐷 𝑥 0,06
 
 
em que: V - valor numérico do volume aproveitável de água da chuva anual (L); 
D - valor numérico da demanda anual da água potável, expresso em litros (L); 
Vadotado - valor numérico do volume de água do reservatório, expresso em litros (L). 
 
2.9.5 Método prático Inglês 
 
Para o dimensionamento do reservatório de água pluvial pelo método Prático Inglês, 
segundo a NBR 15527 (ABNT, 2007), deve-se utilizar a Equação 11: 
 
V = 0,05 x P x A (11) 
 
Onde: P - valor numérico da precipitação média anual, expresso em milímetros (mm); 
(10) 
39 
 
 A - valor numérico da área de coleta em projeção, expresso em metros quadrados (m2); 
 V - valor numérico do volume de água aproveitável e o volume de água da cisterna, 
expresso em litros (L). 
 
2.9.6 Método prático Australiano 
 
No último método sugerido pela NBR 15527 (ABNT, 2007), primeiramente deve-se 
calcular o volume de água pluvial por meio da Equação 12: 
 Q = A x C x (P − I) (12)Onde: C - coeficiente de escoamento superficial, geralmente 0,80; 
P - precipitação média mensal; 
I - interceptação da água que molha as superfícies e perdas por evaporação, 2 mm; 
A - área de coleta; 
Q - volume mensal produzido pela chuva. 
 
 Conforme a ABNT (2007), para este método o cálculo do volume do reservatório é 
realizado por tentativas, até que sejam utilizados valores otimizados de confiança e volume do 
reservatório, segundo Equação 13. 
 
𝑉(𝑡) = 𝑉(𝑡−1) + 𝑄(𝑡) − 𝐷𝑡 (13) 
 
Onde: V(t) é o volume de água pluvial que está no reservatório no fim do mês t (L); 
V(t-1) é o volume de água pluvial que está no reservatório no início do mês t (L); 
Q(t) é o volume de água pluvial no mês t (L); e 
D(t) é a demanda mensal de água não potável (L). 
Quando (V(t-1) + Q(t) – D(t)) < 0, então o V(t) = 0. 
 
A confiança é estimada, conforme a Equação 14: 
 Cf = 1 − 
Nr
N
 
 
Onde: Nr - número de meses em que o reservatório não atendeu a demanda, isto é, 
quando Vt=0; 
 N - número de meses considerado, geralmente 12 meses; 
Amorim e Pereira (2008) recomendam que os valores de confiança estejam entre 90% e 
99%. 
(14) 
40 
 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
 
3.1 Descrição do local de estudo 
 
O projeto foi desenvolvido em uma propriedade agrícola, situada na localidade de 
Rincão da Estrela, no município de Estrela Velha/RS situada nas coordenadas geográficas de 
29º12’38,5” leste e 53º11’10,8” oeste e altitude média de 369 metros em relação ao nível do 
mar, conforme a Figura 10. 
Figura 10 - Localização da propriedade 
 
 Fonte: Google Earth Pro, 2015. 
 
A propriedade tem uma área total de aproximadamente 60 ha, possuindo como 
benfeitorias na sede uma residência, dois galpões e um açude. Embora atualmente não sofra 
com a insuficiência de água, mas visando diminuir os custos com a água da rede pública e 
buscando a sustentabilidade ambiental da propriedade para o uso dos recursos de forma mais 
eficiente, surgiu a proposta de coletar e armazenar a água da chuva para uso na pulverização 
agrícola e dessedentação dos animais. 
Como principais atividades a propriedade tem a produção de soja, milho, aveia e cevada; 
visando a diversificação de renda o proprietário também investe em criação de animais como 
aves, suínos e bovinos para a produção de carne e derivados, sendo o excedente de produtos 
destinado à venda em épocas de entressafras. 
41 
 
Atualmente, toda a água consumida nas atividades da propriedade procede de rede 
pública captada por poço artesiano que atende 52 famílias, a escola e posto municipal de saúde. 
Porém para atividades como dessedentação animal, pulverização agrícola e lavagem de 
equipamentos não é necessária a utilização de água potável, ou seja a mesma destinada a 
consumo humano e que atende aos padrões de Brasil (2011), podendo ser utilizada água de 
padrão inferior visando otimizar melhor o aproveitamento e uso da água. 
Com este projeto de implantação do sistema de captação e armazenamento de água 
pluvial a propriedade tem por objetivo diminuir os custos com o abastecimento de água e 
reduzir da erosão causada pelo impacto da chuva escoada pelo telhado em torno da edificação. 
 
3.2 Coleta de dados para o projeto 
 
O desenvolvimento do projeto de captação e armazenamento de água pluvial iniciou-se 
pela sondagem de informações realizadas através das visitas realizadas à propriedade com 
finalidade de conhecer as condições das estruturas já existentes e a demanda de água atual e 
futura estimada. 
 Os pontos básicos analisados durante as visitas foram: tipos de telhado e suas condições; 
metragem da área de captação; estruturas já existentes em torno da edificação para definir do 
melhor local para instalação da cisterna e do sistema de modo que se reduzam custos; 
quantidade de pulverizações realizadas durante o ciclo das culturas, dosagem da calda e número 
médio de animais existentes. 
 
3.2.1 Consumo de água nas atividades agrícolas 
 
A aquisição dos dados para o levantamento da demanda de água na propriedade levou 
em conta o somatório do consumo estimado por animal x número de animais da propriedade 
conforme Palhares (2005). 
No que se refere à pulverização de defensivos agrícolas foi considerado o número de 
aplicações durante o ciclo das culturas vezes a área total (ha) versus a quantidade de calda 
(L/ha). 
 
 
 
42 
 
3.2.2 Dados pluviométricos do local 
 
Para o dimensionamento desse sistema esses dados são imprescindíveis, pois eles trarão 
informações para o gerenciamento do balanço hídrico e servirão de base para os cálculos de 
dimensionamento do projeto. 
O histórico pluviométrico da região foi obtido por meio de pesquisa junto ao Sistema 
de Monitoramento Meteorológico (AGRITEMPO) que possui uma rede de estações que 
monitoram e geram previsões em todo o país. A Figura 11 mostra a localização da estação em 
referência ao local de estudo. A análise dos dados feita é com base dos últimos 7,5 anos 
disponíveis no sistema. 
 
Figura 11- Localização da fonte de coleta dos dados pluviométricos 
 
 Fonte: Google Earth Pro, 2015. 
 
3.3 Dimensionamento da instalação 
 
O dimensionamento da instalação baseou-se nos itens 2.8 e 2.9 apresentados na 
fundamentação teórica. 
Em síntese, quando considerado o fator econômico, o dimensionamento através do 
método de Rippl pode ser realizado através das médias mensais ou diárias, que levam a valores 
menores, apresentando uma eficiência considerável (AMORIM e PEREIRA, 2008). 
Com relação aos métodos práticos apresentados, Amorim e Pereira (2008) relataram em 
seus estudos que o Método Prático Brasileiro e o Método Prático Inglês fornecem valores de 
43 
 
volumes relativamente elevados e podem ser aplicados para casos em que se deseja suprir a 
demanda de água pluvial por todo o ano ou para a maior parte do ano possível, principalmente 
em regiões onde ocorre escassez de água em determinados períodos do ano (como na região 
Nordeste do Brasil). Os Métodos Práticos Alemão e Australiano fornecem valores mais 
conservadores sendo indicados quando se deseja diminuir o volume do reservatório, 
diminuindo assim os gastos com a implantação do sistema. 
Com base nos itens citados acima e na justificativa apresentada, o dimensionamento da 
instalação e o tamanho do reservatório foi determinado através análise dos resultados calculados 
utilizando-se a metodologia proposta por Rippl. 
 
3.4 Orçamento do sistema de captação 
 
O orçamento partiu através da base do resultado obtido nos cálculos de 
dimensionamento dos componentes do sistema. Os custos serão apresentados adiante em forma 
de tabela com a descrição do item e seu respectivo valor, após somatório chegou-se ao custo 
para a implantação do projeto. 
 
3.5 Implantação do sistema 
 
 A compra dos materiais, as demais instalações como calhas, condutores, pré-filtro, 
sistema de descarte da primeira água e reservatório de armazenamento serão realizadas em 
etapas, adotando o diâmetro/tamanho comercial mais próximo das dimensões calculadas no 
projeto, mediante a aprovação do proprietário. 
 
3.6 Análises da qualidade da água coletada pela edificação 
 
 Foi coletada uma amostra pontual de água ainda com o sistema não implantado, 
colocando-se um recipiente aberto e captando o volume precipitado que escoou sobre o telhado 
sem descartar a primeira água da chuva. A amostra foi analisada na Central Analítica da UNISC, 
com intuito de verificar se os padrões estão de acordo com os descritos na Tabela 2 e 3 e no 
Anexo A, para pulverização agrícola. E quanto a qualidade para consumo de animais

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