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Prezado(a) leitor(a),
Escrevo-lhe como quem percorre, ao amanhecer, um viveiro de expectativas e balanços: entre a terra úmida e as planilhas há uma história que exige ser contada com precisão e coragem. Trabalhei anos acompanhando fazendas experimentais, cooperativas e empresas agrícolas que aprenderam, da forma mais prática, que contabilidade de ativos biológicos não é apenas técnica — é narrativa viva de ciclos, riscos e valores. Hoje, escrevo para argumentar que devemos tratar esses ativos com um olhar jornalístico de investigação e com um compromisso ético de relato fiel.
Vi avicultores ser surpreendidos por uma classificação contábil que não refletia a realidade de mercado; assisti cooperativas a adiar investimentos porque seus ativos biológicos apareciam subavaliados. Em reportagens que acompanhei, gestores descreviam a frustração de ver plantações tratadas como itens estáticos, quando na verdade crescem, morrem, sofrem pragas e respondem a políticas climáticas. Esses relatos não são anedóticos: estão no cerne do debate sobre mensuração e divulgação, no qual o IAS 41 — Norma Internacional de Contabilidade para Ativos Biológicos — ocupa lugar central.
A norma exige, em essência, mensuração a valor justo menos custos de venda, salvo para plantas de produção (bearer plants), tratadas como imobilizado. A proposta é elegante, porém sua aplicação esbarra em duas grandes realidades jornalísticas: volatilidade de mercado e assimetria de informação. Em mercados líquidos, o valor justo é mensurável; em cadeias rurais fragmentadas, é fruto de estimativas com premissas que podem variar drasticamente. Assim, a contabilidade transforma-se em narrativa: ela conta uma versão dos fatos. A questão que lhe faço é esta — queremos narrativas que relatem possibilidades ou realidades comprováveis?
Argumento que a resposta ética e técnica passa por três pilares. Primeiro, transparência robusta. As empresas devem explicar, com clareza jornalística, as premissas usadas na mensuração: preços, probabilidades de sobrevivência, taxas de crescimento e custos aplicáveis. Não basta apresentar um número; é preciso contextualizá-lo, mostrar fontes, sensibilidade e limitações. O leitor do relatório — investidor, analista, agente público — merece essa história completa.
Segundo, governança e controles internos. Assim como repórteres checam fontes, auditores e gestores devem validar hipóteses por meio de evidências empíricas: amostras de campo, imagens por sensoriamento remoto, contratos de venda e séries históricas. Tecnologias permitem hoje reduzir a subjetividade: drones, imagens de satélite e dados meteorológicos alimentam modelos que aproximam a mensuração de uma base factual. A contabilidade moderna de ativos biológicos deve abraçar a ciência de dados sem perder de vista a prudência.
Terceiro, diálogo entre contabilidade e sustentabilidade. Ativos biológicos trazem consigo externalidades — biodiversidade, sequestro de carbono, consumo de água — que afetam valor e risco. Cobrar que relatórios financeiros considerem essas dimensões é menos loucura do que responsabilidade. Jornalisticamente, os leitores já entendem que uma monocultura rente a uma nascente compromete futuro; contadores e reguladores têm de traduzir isso em informações que afetem decisões de crédito e investimento.
Reconheço objeções: valor justo pode amplificar volatilidade nos resultados; estimativas incorretas geram ruído e dúvidas. Não proponho uma substituição simplista, mas um aprimoramento pragmático: combinar mensuração a valor justo com divulgações extensivas e testes de sensibilidade que revelem cenários alternativos. Em contextos de alta incerteza, uma nota explicativa cuidadosa e um conjunto de cenários plausíveis dizem mais ao usuário do que um único número aparentemente preciso.
Como jornalista que narra e como contador que argumenta, proponho ainda a criação de guias setoriais nacionais que alinhem metodologias às especificidades locais — clima, mercados e práticas agrícolas. Países com cadeias curtas e preços pouco transparentes precisam de padrões suplementares para assegurar comparabilidade e confiabilidade. Essa é uma função que associações profissionais e reguladores podem desempenhar com benefício público.
Ao fechar esta carta, lembro uma cena que observarei sempre: o primeiro broto que rompe o solo depois de uma chuva forte. Ele é símbolo de valor que precisa ser contado corretamente, não apenas medido. Contabilidade de ativos biológicos é relato de vida econômica; exige técnica, mas também sensibilidade para entender ciclos, riscos e sustentabilidade. Peço, portanto, que profissionais, reguladores e leitores exijam relatórios que combinem rigor técnico com narrativa transparente — porque, ao final, números bem contados preservam o valor real, econômico e ambiental, do qual todos dependemos.
Atenciosamente,
[Assinatura]
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1. O que define um ativo biológico?
R: É um organismo vivo relacionado à produção agrícola, como plantas ou animais, que a entidade controla para fins econômicos.
2. Como se mensuram esses ativos segundo normas internacionais?
R: Principalmente pelo valor justo menos custos de venda; exceção para bearer plants, mensurados pelo custo como imobilizado.
3. Quais são os maiores desafios na mensuração?
R: Falta de mercados líquidos, volatilidade de preços, incertezas biológicas e ausência de dados confiáveis para estimativas.
4. Que tecnologias ajudam na avaliação?
R: Sensoriamento remoto, drones, modelagem climática e análise de séries temporais reduzem subjetividade nas estimativas.
5. Como as divulgações podem ser melhoradas?
R: Informando premissas, metodologias, testes de sensibilidade e cenários alternativos para aumentar transparência e confiabilidade.

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