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P E R C E P Ç Ã O A mão de borracha que é capaz de enganar o cérebro C R I A N Ç A Cobrança em excesso pode causar quadro de ansiedade no futuro Por que cachorros gostam tanto de seres humanos? P S I C A N Á L I S E A s c i d a d e s o n d e v i v e m o s s ã o e x t e n s õ e s d o e s p a ç o ps íqu i co p s i c o l o g i a • p s i c a n á l i s e • n e u r o c i ê n c i a N O S M U P A A O q u e func iona na prát ica? C â m e r a s rastre iam m o v i m e n t o s d o s o lhos para d e t e c t a r para o n d e a lunos d i r e c i o n a m a a t e n ç ã o e s e n s o r e s reve lam s e os e s tudantes e s t ã o in te ressados . C ient i s tas já s a b e m q u e espera r pe las respostas , c o n v e r s a r c o m c o l e g a s e mexer o c o r p o a j u d a m a fixar in fo rmações E S P E C I A L EPIGENÉTICA E S T R E S S E Q U E V O C Ê V I V E P O D E A L T E R A R O D N A D E S E U S F I L H O S E N E T O ! B I B L I O T E C A D O P R O F E S S O R Editora Segmento 0 desejo de saber A docência e a filosofia da diferen Da psicanálise à filosofia e da sociologia à política, as opiniões e o legado de alguns dos maiores pensadores dos últimos séculos são analisados sob as mais distintas óticas nas publicações da Biblioteca do Professor da Segmento. A formação de quem ensina a pensar tem passagem obrigatória por estas páginas. À VENDA NAS LOJAS: kobo • Disponív App! Google play Acesse www.editorasegmento.com.br/ebooks e conheça outras publicações com a qualidade que só a Editora Segmento tem. segmento carta da editora D e s e j o d e s a b e r Aprender nos transforma. U m a criança que descobre a "mag ia " de juntar letras e, por meio dessa junção, inclui em seu universo palavras e seus significados, apropriando-se de informações que servem de base a ou- tras mais sofist icadas, enriquece a própria subjetividade. U m engenheiro que define, por meio de cálculos, o peso e a pressão que determinada superfície suporta é capaz de construir c idades. H á , porém, aprendizados menos óbvios, mais sutis . Alguns deles se consolidam permeados por re- flexões e vivências, modificam perspectivas, nos permitin- do olhar outras coisas - ou, talvez, as mesmas , mas sob novas perspectivas. Há nesse movimento, porém, um apa- rente paradoxo: quanto mais sabemos sobre nós mesmos e a respeito do mundo que nos cerca, mais nos damos con- ta do quanto falta nos apropriarmos. Tanto do ponto de vista do indivíduo quanto do co- letivo, a aprendizagem pode ser entendida como a mu- dança de comportamento decorrente da experiência ob- tida pela intervenção de fatores neurológicos, relacionais e ambienta is . Seguindo esse raciocínio, o aprender seria definido c o m o resultado da interação entre as estruturas menta is e o meio. É, portanto, algo vivo - e, a s s im c o m o nosso cérebro, em constante mu- dança. Nesta edição de Mente e Cérebro, a proposta é aproximar descobertas da psicologia e da neuroci- ência das salas de aula. E m vár ias partes do mundo , c ient istas têm se empenhado e m compreender os mecan i smos que concorrem para esse processo , o que o acelera e facil ita ou o dif iculta . E já que o assunto é apren- d izagem, a verdade é que sabemos pouco a esse respeito - ou , pelo m e n o s , não tanto quanto gosta- r íamos . Pior: apesar de os professores serem gran- des interessados no t e m a , infel izmente não é nada raro que não tenham acesso a descobertas que po- der iam facil itar muito seu trabalho - e t a m b é m a vida dos estudantes (e não apenas de escolas con- vencionais ou de univers idades , mas de qualquer área, inclusive a técn ica ) . Embora seja impossível deixar de lado as dificul- dades práticas entre educadores e cientistas, certa- mente há interesse na proximidade entre quem ensina e quem estuda sobre como ensinar de modo mais eficiente. E parece inegável que conhecimentos sobre os mecanismos psicológicos e cerebrais interessem à ciência, bem como a prática do ensino diga respeito direto à ciência. Precisamos de troca - de conteúdo, experiência, teoria e prática. Mas , antes de tudo, é indispensável que haja desejo de saber. E isso, felizmente, também se aprende. Boa leitura! G L Á U C I A L E A L editora-chefe glaucialeal@editorasegmento.com.br 3 1 sumário | março 2016 ãÊÊk 4 CAPA: SHUTTERSTOCK CAPA 16 Psicologia na sala de aula por Dan ie l T. W i l l i ngham Nos últimos anos, a pesquisa neurocientífica trouxe muitas contribuições para a compreensão dos processos de aquisição e apropriação de informações. Ainda ass im, poucos professores sabem como orientar seus alunos a usar técnicas comprovadamente mais eficazes na hora de estudar 26 A ciência da aprendizagem por Barbara Kantrowitz A maioria do que tem sido descoberto nos laboratórios ainda não tem aplicação prática nas escolas. Mas já é possível se beneficiar do que cientistas têm constatado 14 Velhas drogas, novos usos p o r D a i s y Y u h a s Alguns medicamentos podem ter "efeitos colaterais" sobre o cérebro, prevenindo sintomas e comportamentos indesejáveis 32 Pais exigentes demais, filhos ansiosos p o r M o r g e n E . P e c k Criação excessivamente rígida pode colaborar para que crianças tenham dificuldade de lidar com os próprios erros e sofram profundamente diante do mínimo sinal de fracasso 36 Por que os cães gostam tanto de nós? p o r J u l i e H e c h t A genética e a oxitocina, conhecida como "hormônio do amor", ajudam a explicar o fato de cachorros preferirem os humanos aos de sua própria espécie - algo raro no mundo animal 42 Espaço urbano, espaço psíquico p o r M a r i a C o n s u e l o P a s s o s Estabelecemos relações de afeto com os espaços que habitamos ou visitamos; os lugares assumem o papel de extensões do próprio eu 60 Trabalho de um lado, vida pessoal do outro p o r S h a n n o n H a l l Para lidar com cobranças e evitar conflitos, profissionais com alta remuneração "negam" identidade profissional v fe> A t m especial - emgenética 50 Q que você vive muda o DNA de seus filhos e netos % poriv\|chael K. Skinner M pclÍMichael K. Skinner Experiências, estresse, substâncias químicas e alimentos podem alterar genes; algumas variações celulares são repassadas e influenciar não só a saúde de gerações futuras, como também as características físicas, mentais e até interferir na personalidade de nossos descendentes 4 seçoes CARTA DA ED ITORA PALAVRA D O LE ITOR 8 A S S O C I A Ç Ã O L IVRE Notas sobre atualidades, psicologia e psicanálise 1 1 NA REDE O que há para ver e ler na internet 4 6 GRANDES EXPERIMENTOS DA PS ICOLOGIA A ilusão da mão de borracha por Danie la Ovadia 6 2 L IVRO A inutilidade do inútil por Gláucia Lea l 6 4 L A N Ç A M E N T O S colunas 1 2 PS ICANÁLISE Que fim levaram os maníacos? por Christ ian Ingo L e n z Dunker 6 6 LIMIAR A hora e vez de Marcus Matraga p o r Sidarta Ribeiro nas bancas O que você nem sabe que pensa EDIÇÃOESPECI J v - 1NC0NSCIEN U M E S T R A N H O NA S U A C A B E Ç A Nem sempre nos damos conta, mas estamos sujei- tos a sensações, percepções, sentimentos, anseios, conflitos e sintomas que escapam do âmbito da consciência. É bastante provável que várias vezes você tenha sido surpreendido por seus próprios pensamentos, desejos, emoções, reações e palavras - e os estranhado, quase como se não fossem seus. Ou mesmo tenha constatado o quanto suas percep- ções cognitivas, visuais, auditivas ou mesmo suas memórias podem enganá-lo. A mente humana é tão complexa que é inevitável deparamos com dife- rentes aspectos psíquicos, por vezes contraditórios. No especialMente e Cérebro 54, Inconsciente - Um estranho na sua cabeça, psicólogos, neurocientistas e psicanalistas exploram aspectos desse tema miste- rioso sob diversas abordagens. Para a teoria freudiana, o Inconsciente é compre- endido como instância psíquica, mas também há conteúdos que estão abaixo do nível da consciência e em muitos momentos se fazem presentes. Atualmente, pesquisadores estudam, em laboratório, temas como intuição e alucinações auditivas. A neurociência investiga até que ponto somos realmente livres para tomar decisões e o efeito das mensagens subliminares em nosso cérebro - e chega a conclusões surpreendentes. Não perca! no site Pesquisa, ética e informação Imagine que você fosse convidado para fazer parte de um projeto científico, participando como voluntário em uma pesquisa sobre a doença de Parkinson. A ideia seria "emprestar" seu cérebro para ser escaneado. Com o estudo, os neurocientistas esperavam comprovar que exames de neuroimagem em adultos poderiam revelar os primeiros sinais de perda de dopamina. E após a realização dos exames os cientistas não encontrassem nenhum indício desse problema, mas detectassem a "presença de algo desconhecido em sua cabeça". Foi isso que viveu o jornalista Jamie Talan, especializado em divulgação científica. Ele conta sua experiência, faz questionamentos sobre o quanto importa a leigos ter informações sobre prognósticos (que nem sempre se confirmam) de doenças sem cura e discute os impasses éticos enfrentados por cientistas. Leia no site www.mentecerebro.com.br Acompanhe a (amentecerebro no Instagram Saiba com antecedência qual será o tema da próxima capa www.mentecerebro.com.br NOTÍCIAS Notas sobre fatos relevantes nas áreas de psicologia, psicanálise e neurociência. AGENDA Programação de cursos, congressos e eventos. OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTA EDIÇÃO SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS AUTORES E NÃO EXPRESSAM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DOS EDITORES. março 2016 • mentecérebro 5 mente cérebro www.mentecerebro.com.br Presidente: Edimilson Ca rd ia I Diretoria: Carolina Martinez, Mareio Cardial, Rita Martinez e Rubem Barros Diretor editorial: Rubem Barros Editora-chefe: Gláucia Leal Subeditora: Fernanda Teixeira Ribeiro Editor de arte: João Marcelo Simões Estagiária: Jullyanna Salles (redação) Colaboradores: Denise Martins (arte), Maria Stella Valli e Ricardo Jensen (revisão), Luiz Carlos Loccoman e Karin Hetschko (tradução) Processamento de imagem: Paulo Cesar Salgado Produção gráfica: Sidney Luiz dos Santos Vendas avulsas: Cinthya Muller COMUNICAÇÃO E EVENTOS Gerente: Almir Lopes almir@editorasegmento.com.br Escritórios regionais: Brasília - Sónia Brandão (61) 3321-4304/ 9973-4304 sonia@editorasegmento.com.br Paraná - Marisa Oliveira (41) 3027-8490/9267-2307 parana@editorasegmento.com.br TECNOLOGIA Gerente: Paulo Cordeiro Analista programador: Diego de Andrade MARKETING/WEB Diretora: Carolina Martinez Gerente: Fabiana Gama Eventos: Lila Muniz Desenvolvedor: Jonatas Moraes Brito Analistas web: Lucas Carlos Lacerda e Lucas Alberto da Silva Coordenador de criação e designer: Gabriel Andrade ASSINATURAS Gerente: Mariana Monné Eventos assinaturas: Ana Lúcia Souza Vendas governo: Cláudia Santos Vendas telemarketing ativo: Cleide Orlandoni FINANCEIRO Analista: Roseli Santos Contas a pagar: Simone Melo Faturamento: Weslley Patrik Recursos humanos: Cláudia Barbosa Planejamento: Cinthya Muller Contas a receber: Viviane Carrapato Mente e Cérebro é uma publicação mensal da Editora Segmento com conteúdo estrangeiro fornecido por publicações sob licença de Scientifíc American. Geh i rng£e i s t Spektrum der Wissenschaft Verlagsgesellschaft, Slevogtstr. 3-5 69126 Heidelberg, Alemanha Editor-chefe: Carsten Kõnneker Gerentes editoriais: Hartwig Hanser e Gerhard Trageser Diretores-gerentes: Markus Bossle e Thomas Bleck MENTE E CÉREBRO ON-LINE Visite nosso site e participe de nossas redes sociais digitais. www.mentecerebro.com.br facebook.com / mentecérebro twitter.com/mentecerebro Instagram: @ mentecérebro REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões, críticas às matérias e releases. redacaomec@editorasegmento.com.br tel.: 11 3039-5600 fax: 11 3039-5610 Cartas para a revista Mente e Cérebro: Rua Cunha Gago,412 I o andar - São Paulo/SP CEP 05421-001 Cartas e mensagens devem trazer o nome e o endereço do autor. Por razões de espaço ou clareza, elas poderão ser publicadas de forma reduzida. PUBLICIDADE Anuncie na Mente e Cérebro e fale com o público mais qualificado do Brasil. almir@editorasegmento.com.br CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR Para informações sobre sua assinatura, mudança de endereço, renovação, reimpressão de boleto, solicitação de reenvio de exemplares e outros serviços São Paulo (11) 3039-5666 De segunda a sexta das 8h30 às 18h, atendi mento @ed itorasegmento.com. br www.editorasegmento.com.br Novas assinaturas podem ser solicitadas pelo site www.lojasegmento.com.br ou pela Central de Atendimento ao Leitor Números atrasados podem ser solicitados à Central de Atendimento ao Leitor pelo e-mail atendimentoloja@editorasegmento.com.br ou pelo site www.lojasegmento.com.br MARKETING Informações sobre promoções, eventos, reprints e projetos especiais. marketing@editorasegmento.com.br Editora Segmento Rua Cunha Gago, 412 - I o andar São Paulo/SP - CEP 05421-001 www.editorasegmento.com.br Edição n° 278, março de 2016, ISSN 1807156-2. Distribuição nacional: DINAP S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678. palavra do leitor esouizofreÍTa M a c o n h a S E M A C U S A Ç Ã O O U D E F E S A Tenho lido muita coisa sobre o uso da maconha na imprensa em geral, mas é raro encontrar uma reportagem que traga in- formação clara e de qualidade, baseada em es tudos (o que não quer dizer, logicamente, que sejam verdades absolutas, mas pelo menos são dados com respaldo cien- tíf ico). Por isso, fiquei em dúvida se valeria a pena investir tempo e dinheiro na edição 277 de Mente e Cérebro, que traz o tema estampado na capa . Terminei por comprar e tive uma grat íss ima surpresa com a reportagem "Efeito da maconha no cérebro", uma verdadeira "aula" sobre o tema , sem parcialidade, acusações ou defesas (em minha opinião, algo difícil de fazer quando se trata de um tema que evoca tantas pa ixões ) . Não sou de escrever para redações, mas o que é bom deve ser exaltado, por isso cumpr imento a autora, Fernanda Teixeira Ribeiro, e toda a equipe pelo trabalho. Antônio F. Lima - São Paulo, SP O PODER DO T O Q U E ANER Cl anatec C O R P O E D A N Ç A Gostei muito do título "A l inguagem da pele" e da carta da editora-chefe Gláucia Leal , bem como da matéria de capa de novembro 2015, " O poder do toque" , e também de outros artigos apresentados pela revista Mente e Cérebro. Os textos são muito oportunos e bem-vindos esses temas neste tempo de individual ismo exacerbado e, paradoxal- mente, de tanta carência de afeto e comunicação face a face. Aproveito para sugerir que publiquem um artigo sobre o s is tema biodanza, que tem um modelo teórico baseado no princípio biocêntrico e trabalha a reeducação afetiva, atuando no s is tema l ímbico-hipotalâmico. Grata , Leda Lage - Belo Horizonte, MG 1NC0MSC1ENTE S O B R E A I N T U I Ç Ã O Muito boa a edição especial Incons- ciente - Um estranho na sua cabeça. A se leção de art igos está p r imorosa . Não dá vontade de parar de ler. Gostei especia lmente da entrevista "Pensar ?ns£ com a intuição", do psicólogo Thomas Goschke . A l i ás , gostar ia de sugerir que a Mente e Cérebro pub l i casse e n t r ev i s t a s c o m m a i s f r e q u ê n c i a ; todas as vezes que publicam é muito b o m : p e r g u n t a s i n t e l i g e n t e s , e n t r e v i s t a d o s i n t e r e s s a n t e s . Quero mais ! Maria Eduarda C. - Recife, PE F E L I C I D A D E E C A F É Planejar e pensar em ter um bom futuro é impor tan te , desde que não se sacrifique d e m a i s o presente . . . a f ina l a tal felicidade é ac ima de tudo viver bem cada d ia . A vida é como café: se deixar esfriar, perde a g raça . O b o m é saborea r ainda quente e com parc imônia para aproveitar bem o prazer de cada gole. Susana Souza - via Facebook M A I S B O N I T A Mente e Cé- rebro e s t á c a d a d i a m a i s boni ta e consistente. Parabéns! Olívia Lobato - via Facebook CONCURSO CULTURAL: ESCREVA E G A N H E U M LIVRO! Mande sua opinião sobre um dos artigos desta edição para o e-mail redacaomec@editorasegmento.com.br ou uma sugestão e concorra a um livro. Por limitação de espaço, tomamos a liberdade de selecionar e editar as cartas recebidas. O premiado deste mês é Antônio F. Limo - São Paulo, SP. ^ CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃ0CAMIL0 ^ H ^ B Formando pessoas que uidam de pessoas. S ã o C a m i l o é P ó s - G r a d u a ç ã o Mais de 30 cursos de Pós-Graduação nas áreas de: LATO SENSU • A d m i n i s t r a ç ã o Hospita lar • Cuidados Pal iat ivos • E d u c a ç ã o • E n f e r m a g e m • F a r m á c i a • Fis ioterapia • Gerontologia • G e s t ã o E m p r e s a r i a l • G e s t ã o e m S a ú d e • I m a g e m e T e c n o l o g i a • M e d i c i n a • N u t r i ç ã o • O n c o l o g i a • P s i c o p a t o l o g i a • S a ú d e P ú b l i c a • A u d i t o r i a e m S i s t e m a s d e S a ú d e STRICTO SENSU • Mestrado Prof iss ional e m N u t r i ç ã o • Mestrado Prof iss ional e m E n f e r m a g e m • Mestrado, Doutorado e P ó s - D o u t o r a d o e m B i o é t i c a INSCRIÇÕES ABERTAS MAIS I N F O R M A Ç Õ E S Et 0 3 0 0 0 1 7 8 5 8 5 * Consulte os cursos disponíveis para inscrição em nosso site • EXPOSIÇÃO As cores primárias de Mondrian A R T I S T A S D O N E O P L A S T I C I S M O G A N H A M M O S T R A E M S à O P A U L O , B R A S Í L I A , B E L O H O R I Z O N T E E R I O D E J A N E I R O ; O D E S T A Q U E S à O 3 0 T E L A S D E P I E T M O N D R I A N , Q U E B U S C O U R E P R E S E N T A R U M A " R E A L I D A D E P U R A " C O M S U A A R T E A B S T R A T A # #/V s ' ' n n a s r e t a s n o s d izem a verdade", escreveu Piet J \ Mondrian (1872-1944) . Filho de um pastor, o artista holandês cresceu em um ambiente que condenava a car- reira artística e tentou ser professor antes de dedicar-se à arte e, posteriormente, criar os primeiros trabalhos que inauguraram o mov imento conhecido como neoplasti- c i smo , marcado pela busca por uma "real idade pura" , representada por l inhas retas e cores pr imárias . Trabalhos do artista, realizados em diferentes fases de sua trajetória, f icam expostos no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em São Paulo até abril e depois seguem para Brasí l ia , Belo Horizonte e Rio de Janeiro, na mostra Mondrian e o movi- mento De Stijl. A exposição traz cerca de 70 obras de artistas neoplás- t icos, sendo 30 delas de Mondr ian . De Stijl é o título da revista na qual Mondrian e outros nomes publicavam textos explicando e defendendo seu esti lo. A estética abstrata e objetiva do artista reflete, segundo estudiosos de sua bio- grafia e suas obras , uma tentativa de al inhar princípios de todas as doutrinas religiosas - questão importante para Mondrian, considerando-se sua rígida formação famil iar- , buscando representar uma espécie de verdade essencial . O crítico de arte Donald Kuspit , que escreveu sobre a obra de Mondrian da perspectiva psicanal ít ica, define sua arte l impa e abstrata como uma subl imação da visão caótica que o pintor t inha do mundo . De acordo com o curador da most ra , Pieter Tjabbes, a seleção das obras e a forma como são organizadas têm o objetivo de mostrar ao visitante todo o percurso que Mondrian percorreu antes de chegar ao seu inconfundível estilo de "ordenamento do caos" - ele produziu trabalhos com influências pós-impressionistas e cubistas , por exem- plo. "Aqueles retângulos coloridos que povoam até hoje o imaginário do moderno, e são tão facilmente reconhecíveis, não nasceram de uma hora para outra, nem por acaso" , diz Tjabbes. Grande parte do acervo é procedente do Museu Municipal de Ha ia , na Holanda, que reúne a maior coleção do mundo de obras de Mondr ian . 8 ^ * associação livre Mondrian e o movimento De Stijl. Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo. Rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo. De quarta a segunda, das gh às 2ih. Informações: (11) 3113-3651. Grátis. Até 4 de abril. Tempo- radas em outras capitais: Brasília, com início em 21 de abril; Belo Horizonte, em 20 de julho, e Rio de Janeiro, a partir de 12 de outubro. Considerada um distúrbio distinto do aut ismo até o DSM-4, a s índrome de Asperger atualmente é definida como transtorno do espectro autista (TEA) na quinta e atual versão do manua l . Ca- racteriza-se, entre outros aspectos, por dif iculdades em interagir socialmente e o interesse por áreas específicas de conhecimento. Não raro, pessoas com os s intomas chegam à vida adulta sem diagnóstico e enfrentam muitos problemas em relacionamentos e na vida profissional . Desordem que não anda só, e m cartaz em São Paulo, retrata um pouco dessa realidade ao mergulhar no universo do adolescente aspie Stevie. Filho de um pai ausente, Stevie tem problemas para expressar o que sente e entender l inguagem não literal. Ao sair à rua para procurar a i rmã que saiu às escondidas para namorar, Stevie torna-se obcecado pela ideia de que provocou um grave acidente. De acordo com o diretor da peça, Carlos Ba ld im, o protagonista representa de maneira exacerbada o que de certa forma todos nós sent imos em algum momento - des locamento, incompreensão dos próprios sent imentos e dificuldade de comunicação . Desordem que não anda só. Viga Espaço Cénico. Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros, São Paulo. Sábados, às 2ih; domingos, às içjh, e segundas, às 2ih. R$20. Até 28 de março. março 2016 • mentecérebro 9 associação l ivre P R O T Ó T I P O permite que pacientes usem talheres e escrevam, por exemplo; previsão é que entre no mercado ainda em 2016 • TECNOLOGIA Startup cria luva capaz de controlar tremores do Parkinson Tudo começou quando o estudante de medicina Faii Ong visitou uma paciente de 103 anos com sintomas avançados de Parkinson que havia perdido muito peso. "Ela demorava mais de uma hora para tomar uma sopa por causa dos tre- mores nas mãos" , diz Ong . Com outros colegas do Imperial College de Londres, pensou em uma maneira inovadora de melhorar a qualidade de vida de pessoas com a doença. Criou uma startup para captar f inanciamento e desenvolveu a GyroGlove, um protótipo de luva inteligente que usa a tecnologia de giroscópios - mecan i smos semelhantes aos que mantêm a estabil idade de satélites no espaço. Testes iniciais most ram que o disposit ivo pode reduzir os tremores em até 8 0 % , permit indo que pacientes consi- gam usar talheres e escrever, por exemplo. O protótipo está em aperfeiçoamento e a previsão é que entre no mercado ainda em 2016. • DANÇA Sintonia entre o corpo e a mente Na primeira quinzena de março, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) traz dez espetáculos inter- nacionais para os palcos paul istanos. U m dos destaques é a montagem belga An old Monk, em curta temporada no Sesc Bom Retiro. O ator Josse De Pauw, t ambém autor do texto, interpreta um velho mongeque dança , medita e pratica o si- lêncio para abordar a sintonia entre mente e corpo. Quando ela ocorre? Quando nos deixamos levar pela música? Ou quando, sós , nos si lenciamos? O u ela é impossível? Eleito portrês vezes o melhor ator da Bélgica, De Pauw faz jus à complexidade da proposta. O título em inglês do espetáculo é uma referência ao compositor de jazz Thelonious Monk. An old Monk. Sesc Bom Retiro. Alameda Nothmann, 185, Bom Retiro, São Paulo. De 9 a 13 de março, às 18h. R$ 20. Informações: (11) 3332-3600. 10 o que há para ver e ler | flâ rede O dicionário de sentimentos inomináveis TSudoclasm: a melancól ica sensjação de que não haverá l \ futuro suficiente para fazer t i ldo que se pretende; lu- < talica: o insight de que rótulos são criações da sociedade í e não são sufic ientes para definir a identidade; zenosyne: a I incómoda impressão de que os dias estão passando rápido s demais . Você já sentiu algo parecido que não conseguiu nomear? Esses são alguns dos verbetes cr iados pelo de- signer gráfico John Koenig para buscar definir o que chama de "tr istezas obscuras" . Cada palavra inventada é definida com um vídeo narrado pelo artista. O s videoverbetes, com legendas em português, estão reunidos no site do projeto: wvvw.dictionaryofobscuresorrows.com. O D E S I G N E R G R Á F I C O John Koenig cria v deoverbetes para definir o que chama de "tristezas obscuras" CENTRO DE FORMAÇ XO E ESTUDOS TERAPÊUTICOS [ A FAMÍLIA S e j a u m P r o f i s s i o n a l n a Á r e a d e H u m a n a s e S a ú d e ! L d l ) 3 0 2 1 . 7 9 7 6 | 3 0 2 1 . 0 9 0 8 w w w . c e f a t e f . c o m . b r c e f a t e f @ c e f a t e f . c o m . b r C U R S O S D E • P O S - G R A D U A Ç A O Terapia Familiar Sistémica Terapia Sexual na Saúde e Educação Serviço Social no Campo Sociojurídico Gestão Familiar na Dependência de Drogas Gestão Sistémica das Perdas, Morte e Luto Atendimento à Pessoa com Deficiência na Família, Saúde e Educação • E X T E N S à O Genograma: Um Recurso Terapêutico Perdas, Morte e Luto - Formas de Acolhimento à Dor Introdução à Terapia Cognitiva • C A P A C I T A Ç Ã O Desenho Dirigido no Atendimento à Criança e o Adolescente Elaboração de Laudos, Re/atórios e Pareceres Abordagem Familiar na Drogadependência I Serviço Social em Hospital Público e Privado V psicanálise inconsciente a céu aberto Que fim levaram os maníacos? H O J E A M A N I A P E R D E U T O D A D I G N I D A D E , R E S T A N D O - L H E E S T E E S T R A N H O T Í T U L O D E B I P O L A R I D A D E , A P E N A S P O R Q U E E L A S E T O R N O U M O D E L O E R A Z à O D E N O S S A N O R M A L O P A T I A C H R I S T I A N I N G O L E N Z D U N K E R Q uando a loucura se tornou objeto da consciência médica, em mea- dos do século 18, ela era reconhecida, sobretudo, como uma forma de mania. Hoje, quando falamos que alguém tem uma mania, é apenas um modo de dizer que está apegado demais a um tema, assunto ou ideia. Em uma época na qual nossa liberdade se define cada vez mais como uso desimpedido de nossos gos- tos, a mania quase se despatologizou. Por outro lado, o termo está reservado para um grau mais grave e elevado de inconveniência e periculosidade, presen- te na expressão "maníaco" . A melancolia-mania tem uma origem grega, assim como a esquizofrenia-pa- ranoia vem do universo judaico-cristão. Ela implica, de certa forma, alguém estar possuído pelos deuses sem perder sua humanidade. Em seu Tratado médico filosófico, de 1801, Pinel distinguia entre os alienados que perderam a razão e os maníacos intermitentes, ou seja, aqueles para os quais não há nenhuma anomalia na qualidade no pensamento, na ima- ginação, na percepção ou na memória , mas apenas alterações quantitativas. Seu discípulo Esquirol acentuou essa diferença ao postular a distinção entre a lipemania (depressão) e as monomanias (delírios temáticos). Logo em seguida, Jean-Pierre Falret mostra que depressão e mania formam um mesmo quadro, chegando à ideia de loucura circular, consagrada por Kraepl in , em 1889, c o m o loucura man íaco-depress i va . Ass im como a depressão, só que como seu contrário estrutural a mania acelera, intensifica ou adensa uma forma de vida que já estava lá, tornando-a mais vibrante. Ela não transporta o sujeito para outro mundo, mas faz com que esse mundo seja retinto de cores e bri- lhos, como que animado pelos deuses. U m a descr ição parc imoniosa de uma crise maníaca poderia ser a se- guinte: a pessoa adquire um senso de ligação ou conexidade entre co isas , pensamentos e afetos. Isso a torna des- temida e decidida habilitando-a a correr riscos e empreender desafios imprová- veis. Ao mesmo tempo, ela sente uma disposição inexaurível para o trabalho e uma implicação extremamente pessoal e envolvente em tudo que está fazendo. O ritmo de vida se acelera. O sono se torna quase desnecessário. Caminhos e rela- ções que não deram certo rapidamente são abandonados, sem custo, pois o importante é o futuro. Sua atenção é ao mesmo tempo muito focal e periférica, e sua confiança em si , inabalável. Ela adquire uma alta estima invencível, um senso de produtividade aumentado e uma elevadíssima proatividade sentindo que a vida e o mundo lhe reservam com um destino grandioso. Mudando um pouco os termos, é tudo o que um empregador gostaria de ouvir na entrevista de seleção de pesso- al, com um bónus: é tudo verdade. Ou pelo menos o sujeito acredita e pratica o que diz, apesar das consequências desast rosas que uma atitude as s im pode trazer. É o que se espera de nossos alunos, sem nos darmos conta de quan- to isso é opressivo. O modelo redivivo e feliz do indivíduo empreendedor, e de seus ideais devastadores. A máscara mais desejável para vestir em nossos amores e amigos que nos co locam "para c ima" . O mandamento laico que se encontrará em todos os manuais de autoajuda e gestão organizacional. Todos estes que nada querem saber do terrível " a m a n h ã " depressivo que espreita a mania . O u seja, hoje a mania perdeu toda dignidade, restando-lhe esse estranho título de bipolaridade, apenas porque ela se tornou modelo e razão de nossa normalopatia. CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER, psicanalista, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). 12 NISE DA SILVEIRA /H G U E R R E I R A D A P A Z A história da brasileira, discípula de Jung, que revolucionou a psiquiatria com Meto e Arte! Teatro, música e dança em um espetáculo multimídia. Dramaturgia, Direção | Performance Daniel Lobo | Monja Coen como 'A Voz do Inconsciente' Coreografa Ana Botafogo | Trilha original Joáo Carlos Assis Brasil Diretora-assistente Cilianf Bedin | Participações em vídeo Ferreira Gullar e José Celso Martinez Corrêa "Texto belíssimo! Impregnado de humor, humanidade e eventualmente de um furor semelhante ao das grandes tempestades. 0 diretor Daniel Lobo criou uma encenação fascinante." Lionel Fischer - Crítico teatral "Cerimónia da vida! Surpreendentemente bem humorado. Louvação das teses, experiências e intuições da Dra. Nise." JORNAL 0 ESTADO DE S. PAULO Jefferson Del Rios Mfhor V Trilha Original briginal / 2012; Audi tó r io M A S P U n U e v e r Av. Paulista, 1578 - Cerqueira César - SP (Metrô/Estação Trianon-MASP) Sextas e sábados 2 l h . Domingos 19h. Curta temporada - Garanta já seu ingresso www.culturanise.com - www.masp.org.br fármacos / Velhas drogas, novos usos R E C E N T E M E N T E F O I D E S C O B E R T O Q U E D E T E R M I N A D O S M E D I C A M E N T O S P O D E M T E R " E F E I T O S C O L A T E R A I S " S O B R E O C É R E B R O , P R E V EN I N D O N à O S Ó S I N T O M A S , M A S T A M B É M C O M P O R T A M E N T O S I N D E S E J Á V E I S por Daisy Yuhas, jornalista Desenvolver um fármaco não é tarefa fácil . Algo em torno de 9 5 % dos novos compostos é repro-vado antes de eles se tornarem disponíveis para o uso clínico. O s gastos são especialmente altos quando o assunto é medicamento para tratar problemas relacionados ao s i s tema nervoso central . Remédios que chegam a ser comercia l izados com sucesso somam um custo médio de US$ 1,8 bilhão. Agora, os pesquisadores recorrem cada vez mais aos produtos já existentes no mercado. Comprovadamente seguras para o c o n s u m o humano e não raro compreendidas em nível molecular, as já conhecidas pílulas de hoje podem ser a novidade médica g de amanhã . O s efeitos colaterais em um homem podem | ser a cura de outro. 14 9 > 9 9 t , > 9 f DROGAS REINVENTADAS BEXAROTENO: de quimioterapia de linfomas cutâneos para tratamento de Alzheimer MIFEPRISTONE: de abortivo para antidepressivo 1 GABAPENTINA: de prevenção da epilepsia para alívio de abstinência MINOCICLINA: de medicação contra acne e redutor de artrite para estabilizador de esquizofrenia COMO FUNCIONA No corpo, o bexaroteno ativa um receptor químico que afeta a forma como as células se desenvolvem. Ao ativar esse receptor no cérebro, o agente estimula a destruição de placas características do Alzheimer e ajuda a bloquear a ação de proteínas que causam a morte de neurónios. A mifepristona foi originalmente desenvolvida para bloquear o neurotransmissor glucocorticoide para tratar depressão. No entanto, cientistas descobriram um interessante efeito colateral: o fármaco interrompe a ação da progesterona, um neurotransmissor necessário durante a gravidez. Controvérsias sobre o aborto interromperam pesquisas sobre a substância por décadas. Agora, a droga tem sido novamente estudada para ser utilizada como antidepressivo. A ação da gabapentina é parecida com a de alguns neurotransmissores. Uma de suas funções é normalizar a atividade da amígdala, o que pode aliviar os sintomas de abstinência de dependentes químicos. A sonolência, um dos principais efeitos colaterais, pode ser uma grande aliada no tratamento de adictos, que não raro têm problemas para dormir. A minociclina é uma droga anti-inflamatória capaz de atravessar facilmente a barreira hematoencefálica. Por isso, cientistas se perguntavam se o agente químico poderia ajudar também a proteger as células cerebrais. Eles descobriram que o fármaco diminui alguns sintomas da esquizofrenia, incluindo o retraimento social e a apatia. A hipótese é que a substância bloqueia o glutamato, um neurotransmissor relacionado à psicose. EVIDÊNCIAS PRÓXIMOS PASSOS t ) 4) t ) Estudos com humanos em andamento. Pesquisas de grande porte não constataram a eficácia do fármaco até o momento. Entretanto, algumas evidências sugerem que mais pacientes poderão responder ao medicamento se receberem a dosagem apropriada. Pesquisadores investigam também novas drogas com ação similar à da mifepristona, mas sem inibir a progesterona. Um estudo com 150 usuários de maconha pretende repetir os resultados de uma ^ pesquisa anterior menos abrangente. O objetivo é reduzir os sirtomas de ^ abstinência. Outros ensaios em andamento ^ focam variados tipos de dependência. % Uma pesquisa com 175 pessoas procura replicar descobertas anteriores I e incorporara neuroimagem para compreender melhor as mudanças no cérebro associadas ao tratamento. 0 AMANTADINA: de remédio contra a gripe para provocar reações em pacientes em estado vegetativo PROPRANOLOL: de alívio de ansiedade para diminuir o racismo A amantadina pode atravessar a barreira hematoencefálica e provocar alterações nos neurotransmissores. Há muito tempo pesquisadores vêm tentando encontrar uma maneira de utilizar a substância no tratamento de doenças do cérebro. A novidade é que eles descobriram que a droga ajuda pacientes com baixa consciência ou em estado vegetativo a recuperar a consciência. Eles acreditam que o fármaco eleve gradualmente a atividade da dopamina, o que favorece a excitação cerebral e sua unidade. O propranolol reduz a pressão arterial e a ansiedade bloqueando a noradrenalina, responsável por uma parte das respostas do organismo ao estresse. Seu efeito calmante também diminui o juízo preconcebido relacionado à etnia. A eficácia da amantadina no tratamento de distúrbios da consciência levou cientistas a estudar sua ação em outras lesões cerebrais traumáticas. Pesquisadores desenvolvem um grande estudo sobre o tema. Eles estão interessados na neurobiologia relacionada ao preconceito, e não na "cura" do racismo. O trabalho também levanta questões éticas sobre como os efeitos colaterais da medicação podem influenciar atitudes pessoais. março 2016 • mentecérebro 15 C I E N T I S T A S JÁ S A B E M : M A R C A R O S T R E C H O S M A I S S I G N I F I C A T I V O S D O S T E X T O S C O M C A N E T A S C O L O R I D A S O U M E S M O R E L E R V Á R I A S V E Z E S A M E S M A L I Ç Ã O N à O A J U D A T A N T O N O P R O C E S S O D E A P R E N D I Z A D O Q U A N T O R E T O M A R O A S S U N T O E S T U D A D O A L G U M A S V E Z E S E M D I N  M I C A S D E G R U P O E C O N V E R S A S C O M O S C O L E G A S . A I N D A A S S I M , P O U C O S P R O F E S S O R E S E N C O R A J A M O S A L U N O S A O P T A R P O R T É C N I C A S C O M P R O V A D A M E N T E M A I S E F I C A Z E S por Daniel T. Willingham O AUTOR DANIEL T. W I L L I N G H A M , doutor em psicologia, professor da Universidade da Virgínia. março 2016 • mentecérebro 17 capa Um equívoco c o m u m das escolas é pensar que o ensino de conteúdo é menos importante que o de habi l idades de pensamento crít ico ou estratégias de resolução de problemas maioria dos professores concorda que é importante que os alunos se lembrem do que lêem. No entanto, u m a das coisas mais comuns em escolas e cursos universitários é vê- -los debruçados sobre livros ou foto- cópias, com canetas marca-texto na mão , destacando passagens pertinentes - que muitas vezes incluem a maior parte da página. No final do semestre os estudantes se preparam para as provas, voltando aos textos e relendo os parágrafos coloridos. Vár ias pesquisas têm mostrado, porém, que destacar trechos e relê-los está entre as mane i ras menos eficazes de as pessoas se lembrarem do conteúdo que leram. U m a téc- nica muito mais eficaz é a dinâmica de grupo. U m estudo já replicado mostra que alunos que lêem determinado texto uma vez e tentam lem- brá-lo em três ocasiões obtêm notas em torno de 5 0 % maiores nas provas, em comparação aos colegas que leram o mesmo texto e depois o releram três vezes . E ainda ass im muitos professores ins istem em e n c o r a j a r - o u pelo menos em não desencorajar - as técnicas que a ciência provou serem ineficazes (veja na pág. 21 artigo do professor Carl Wíeman, ganhador do Nobel de Física de 2001). Esse é apenas um s intoma do f racasso geral de integrar o conhecimento científico na escola . Muitas ideias comuns sobre educação desaf iam princípios de cognição e aprendi- z a g e m . U m equívoco c o m u m em a lgumas escolas é pensar que o ensino de conteúdo é menos importante que o de habilidades de pensamento crítico ou estratégias de resolu- ção de problemas. Pesquisadores sabem que cr ianças devem aprender as conexões entre letras e sons e que se beneficiam mais quando essa instru- ção é planejada e explícita. É fácil dizer que os pro- fessores devemse esforçar mais para acompanhar a c iência , mas ens inar já é uma profissão muito traba- lhosa. E é difícil para um não especialista separar pesqui- sas científicas da avalanche de falação e pseudociência. Vendedores de panaceias caras e supostamente baseadas em pesquisas científicas fazem lo- bby de produtos que podem até ter validade, mas ainda não foram profundamente testados. Teorias de aprendizagem matemática, por exem- plo, sugerem que jogos de tabuleiro lineares (mas não circulares) aumentam a prontidão para a área de exatas em pré-escolares, mas a ideia precisa de estudos em grande escala. Como os educadores devem saber quais práticas adotar? U m a instituição que consul- te pesquisas e as resuma poderia resolver o problema. A medicina fornece um precedente: médicos praticantes não têm tempo para se manter atualizados com as dezenas de milhares de artigos de pesquisa publicados anualmente, que podem sugerir uma mudança de tratamen- to. Em vez disso, eles confiam em sumários respeitáveis de pesquisas, publicados todo ano, que concluem se as evidências acumuladas apoiam mudanças na prática médica. Professo- res não têm nada semelhante a essas revisões competentes: estão por conta própria. O Departamento de Educação dos Estados Unidos ( D O E , em inglês) tentou, no passado, levar rigor científico ao ens ino. A câmara What Works, criada em 2002 pelo Instituto de Ciên- cias Educacionais do D O E , avalia currículos, programas e materiais de sala de aula, mas seus padrões são estritos e professores não têm participação no processo de verificação, t a m p o u c o na ava l iação - e isso é c ruc ia l . C ient i s tas podem ana l i sa r pesquisas , mas professores entendem de educação. O pro- pósito dessa instituição seria o de produzir informações que pudessem ser usadas para modelar o ensino e a aprendizagem. Muitos professores prec isam perder as noções de que o cérebro dos meninos é mais apto a atividades espaciais que o das meninas, por exemplo. Pode-se dizer que o trabalho de levar informações científ icas precisas sobre cognição e aprendizagem a professores seja responsabilidade de faculdades de educação, do governo e de organizações profissionais de professores, mas essas instituições em geral não colocam esse objetivo como prioridade. Talvez um conselho nacional de revisão de estudos sobre aprendizagem fosse a maneira mais simples e rápida para transpor um grande obstáculo para a melhoria em muitas escolas. 18 E m tempos de internet, quando qualquer in formação está ao 1I- cance de a lguns toques , podemos ter a impressão de que acessar os resultados na hora favorece a ab- sorção de in formação. Vários estu- dos , po rém , c h a m a m atenção para os benefícios de não receber uma resposta às nossas perguntas tão rap idamente . Quando fazemos um teste , t emos maior chance de memor i za r a alternativa correta se a ouv imos depois de a l g u r s segundos , e m vez de acessá-la ins tantaneamente . Para compreender por que isso ajuda a apurar a aprendizagem, pesquisadores da Univers idace Estadual de lowa pediram a estu- dantes universitários que dessem seu melhor palpite para perguntas triviais como " Q u e m inventou a palavra nerd?" e "Qua l é a cor do sangue dos gafanhotos?" e avalias- sem seu grau de curiosidade ?m relação ao assunto . Para metade das perguntas, os participantes t iveram acesso à informação cor- reta imediatamente depois de ter respondido às perguntas. Para as demais , t iveram de esperar q jatro segundos ou escutar a resposta ISSO FUNCIONA NA PRÁTICA! Vem crescendo o número de estudos sobre como absorvemos conte- údo. Resultados consistentes sugerem que determinadas estratégias, como lembrar aos alunos que a inteligência não é algo fixo e "pron- to" , podem ser determinantes para aprimorar a aprendizagem e o desempenho. Esse campo de pesquisa pode oferecer indicações s im- ples e preciosas que a judam a trazer muitos ganhos. Confira alguns dos mais recentes estudos que exploram esses campos . Tenha paciência e mantenha a curiosidade com intervalos imprevisíveis de dois , quatro ou oito segundos. Em seguida, os voluntários participa- ram de uma tarefa não relacionada, com o objetivo de distraí-los e, só então, foram testados sobre o quanto absorveram das questões a que haviam respondido. O s resultados desse experi- mento , publ icados em novembro 2014 na Memory G£ Cognition, con- f i rmam os benefícios dessa estra- tégia de aprendizado, mas mos- t ram que ela depende da cur iosi- dade: em testes de acompanha- mento , os participantes acertaram mais vezes quando receberam as respostas depois de um tempo , porém, apenas em relação a ques- tões de seu interesse. O s pesqui- sadores sugerem que esse atraso incentiva os a lunos a antecipar a in formação, o que aumenta o nível de atenção quando a recebem. O efeito foi mais forte quando a resposta era dada em intervalos imprev is íve is , o que está de acor- do com estudos anteriores que mos t ram que a atenção é reforça- da quando a sequência de eventos é incerta . Então, quando estudar co m um amigo, peça a ele que re- vele a informação correta somente depois de alguns segundos , sem que você saiba quantos . M a s , se preferir fazer isso soz inho , tente resistir ao desejo de pesquisar no Google ou procurar u m a resposta imediata : dê palpites antes . A l iás , quem cunhou a palavra nerd foi o escr itor e cartunista amer icano Theodor Seuss Ge i se l , conhec ido por Dr. Seuss , morto em 1991 . E o sangue dos gafanho- tos é branco. Se você estava pen- sando sobre i sso , a demora pode ter a judado a gravar essa informa- ção em sua m e m ó r i a . (Por Tori Rodriguez, jornalista) março 2016 • mentecérebro 19 Salve um arquivo para lembrar o conteúdo de outro O a rmazenamento digital de dados se tor- nou parte do cot idiano, seja na forma de l istas de contatos e eventos do smartpho- ne, seja no acesso constante aos enormes estoques de conhec imento guardados na n u v e m . Pesquisas anteriores já hav iam apontado que guardar informações nes- ses locais nos torna menos propensos a recordá-las, provavelmente porque enten- demos que não prec i samos memor izar algo que já está sa lvo . " M a s isso também pode liberar recursos menta is e memór ia para outros conteúdos" , a rgumentam os c ient istas cognit ivos Ben jamin Storm e Sean Stone, ambos da Univers idade da Cal i fórnia em Santa Cruz . O s dois conduziram uma série de expe- rimentos em que pediram aos voluntários que estudassem uma lista de oito palavras. Para um grupo, os pesquisadores disseram que deveriam salvar o arquivo e para o outro, que apenas fechassem o documento. Em seguida, os participantes estudaram uma Mexa o corpo logo depois de estudar De forma geral , manter o corpo em mov imento colabora para a saúde do cérebro, o que ajuda a apr imorar a capa- cidade de raciocinar e fixar o que apren- demos . Agora , novos estudos revelam outras constatações importantes rela- c ionadas à prática de exercícios f ís icos : marcar o horário do treino logo após adquir ir a lgum aprendizado ajuda a re- ter melhor as in formações . Em diversos exper imentos , constatou-se que pes- soas que part ic iparam de exercícios de muscu lação um pouco antes de estudar se sa í ram melhor e m testes de recorda- ção após horas , dias ou semanas . Especialistas acreditam que a excita- ção física é a chave para a fixação. Exercí- cios podem estimular o corpo de maneira similar a experiências emocionais - e sa- bemos que memórias afetivas são as que mais duram. O s pesquisadores advertem, porém, que a atividade física produz, no máximo, um efeito de suporte - o mais importante, obviamente,é se dedicar aos estudos antes de qualquer coisa. (T. R.) segunda lista. Mais tarde, um teste de memória avaliou o quanto os participantes se lembravam dos vocábulos. O s pesquisadores observaram que aqueles que salva- ram o pr imeiro arquivo se recordaram mais da lista do segundo , de acordo com artigo publ icado em feve- reiro do ano passado na revista Psychological Science. Esse efeito não foi observado quando o processo de gravação não era comprovadamente confiável ou se o documento acessado pr imeiramente mostrava apenas duas palavras . O s pesquisadores cogitam que é como se os voluntár ios t i vessem usado o a rmazenamento digital c o m o u m a capacidade externa para "transfer i r" as d e m a n d a s da memór ia . Eles sugerem que podemos aproveitar e s sa pecul iar idade, sa lvando imediatamente as in formações de que não prec isamos para consul ta posterior. A s s i m , rea locamos recursos para aprender. (Simon Makin, jornalista) Distrações úteis E m certas c i r cuns tânc ias , a distra- ção pode colaborar para o aprendi- zado . A raiz dessa argumentação está no fato de que a memór ia tende a func ionar por meio de assoc iações e o que aprendemos e m u m a s i tuação nem sempre pode ser lembrado e m outra . De maneira notável , pesquisadores já demons t r a ram que palavras deco- radas durante u m mergulho são mais fáceis de serem recordadas n u m ambiente subaquát ico do que em terra seca . Agora , ps icólogos da Univers idade Brown sugerem algo semelhante e m relação à dis- tração. Para chegar a es sa conclu- são , os pesquisadores t re inaram 48 voluntár ios para atingir u m alvo na tela de um computador uti l izan- do um touchpad instável (que po- der ia , por exemplo , mover o cursor na d iagona l ) . Depois , aval iaram a capac idade dos part icipantes de atingir rap idamente a marca . Du- 4 rante essas etapas , os voluntár ios foram selec ionados aleator iamente para fazer uma segunda tarefa rela- c ionada à capacidade de manter a atenção: contar letras em u m a tela . O s que foram distra ídos durante apenas u m a fase demonst ra ram baixo desempenho na hora do tes- te, mas aqueles que part ic iparam da tarefa de calcular letras tanto durante o t re inamento quanto durante a aval iação se sa í ram tão bem quanto os que f izeram o mes- mo , mas sem sofrer interferência, segundo artigo publ icado em feve- reiro na Psychological Science. O s cientistas concordam que o consenso entre muitos especialistas é que a distração é algo negativo para o aprendizado. No entanto, se você souber de antemão que vai passar por um teste que interfere na atenção ou que terá de enfrentar um ambiente perturbador, uma boa alternativa para evitar ser pego de surpresa é tentar s imular as distra- ções enquanto estuda ou treina. (Nathan Collins, jornalista) março 2016 • mentecérebro 21 5 > r f - Chega de aulas expositivas! A L U N O S D E C I Ê N C I A S A P R E N D E M M E N O S Q U A N D O S E N O N Í V E L U N I V E R S I T Á R I O , A E V I D Ê N C I A É C L A R A ! E S P E R A Q U E O U Ç A M P A S S I V A M E N T E A maior ia dos professores de c iênc ias , em especial os universitár ios , prega a ideia de que é preciso buscar a verdade por meio de dados e exper imentação cuida- dosa . No entanto, quando ent ram e m sala de aula , em geral usam métodos u l t rapassados e inef icazes . A f r a - ção esmagadora de cu r sos de graduação de ciências é ministrada por um professor que dá aulas exposit ivas a a lunos , mesmo diante de vár ias centenas de estu- dos que mostram que métodos de ens ino alternativos demonst ram muito maior aprendizagem dos alunos e índices mais baixos de insucesso . E s ses diversos métodos t êm vár ios n o m e s , inclu- sive aprendizagem at iva . Sua caracter í s t ica c o m u m é que , e m vez de ouvir pas s i vamente , a lunos pas sam o tempo de aula envo lv idos e m responder pergun- tas , resolver p rob lemas , d i scut indo so luções c o m os colegas e rac ioc inando sobre o mater ia l de es tudo , enquanto obtêm retorno regular de seu professor . C o m o relatado e m um estudo de 2012 pela Nat ional Academy o f Sc iences e em u m a anál i se deta lhada pu- bl icada on-l ine e m ma io na revista Proceedings ofthe National Academy of Sciences USA, e s sa abordagem melhora a aprend izagem e m todas as d isc ip l inas de c iênc ias e de engenhar ia tanto e m cursos introdutó- rios quanto nos avançados . Há muitas maneiras diferentes de introduzir a aprendizagem ativa. E m turmas menores , muitas vezes estudantes trabalham em grupos para completar uma série de etapas que compõem um problema maior. Nas turmas de 100 a 300 alunos, instrutores cos tumam usar disposit ivos que permitem aos jovens transmitir respostas ao professor instantaneamente pressionando um botão de seu assento. A s s i m , u m professor logo vê qual o índice de estudantes que compreendem o material . As melhores perguntas são desafiadoras e envolvem a compreensão e o uso de conceitos básicos , em vez de memor ização s imples . Quando a maior ia da classe erra a resposta, o professor faz os jovens discu- tirem com os v iz inhos e responderem novamente . En- quanto isso, ele escuta essas conversas e proporciona ajuda direcionada aos alunos. Com qualquer uma des- sas técnicas , o professor ainda passa u m bom tempo falando, mas os ouvintes são alunos que foram prepa- rados para aprender. Eles entendem por que o conteú- do vale a pena e como ele pode ser usado para resolver problemas. Atualmente o material está em um contexto que faz sent ido, em vez de ser dado como um conjunto de fatos e procedimentos sem sentido que os alunos só podem memor iza r sem entendimento. A pesquisa educacional sobre aulas para o jardim até o fim do ensino médio oferece uma imagem menos clara a favor da aprendizagem ativa. Isso porque a pesquisa com alunos é difícil , com muito mais (loisas fora do controle dos pesquisadores. Talvez a variável mais importante seja o nível desigual e muitas vezes o baixo domínio do assunto pelos professores. Como a aprendizagem ativa requer prática e feedback sobre pensar como um cien- tista, exige especialização consideravelmente maior do docente no assunto. Apesar das ev idências científ icas que apoiam a aprend izagem at iva , por que o uso dessas técnicas é tão raro? U m dos motivos parece ser a compreensão bas icamente falha da aprendizagem. A maior ia das pessoas ( incluindo professores e admin i s t radores de inst i tuições de ens ino) acredita que o aprendizado ocorre com u m a pessoa s implesmente ouv indo um professor. I sso é verdade se a lguém está aprendendo algo muito s imples , como "coma o fruto ve rme lho , não o verde" , mas do ponto de vista neurológico o aprendizado complexo , inclusive o pensamento cien- tíf ico, exige a interação para possibi l i tar ao cérebro a s sumi r novas capac idades . O motivo mais importante para o ensino superior não alterar metodologias, no entanto, é que não existe incentivo. O fato é que não há nenhum incentivo para o uso de técnicas de ensino eficazes baseadas em pes- quisa, além de superstição pedagógica e do hábito; na verdade, poucas, ou nenhuma, universidades monitoram o tipo de técnicas de ensino usadas em suas salas de aula. Enquanto isso for verdade, futuros alunos não terão como comparar a qualidade da educação que receberão em diferentes instituições, e ass im nenhuma instituição precisa melhorar. (Por Carl Wieman, ganhador do Nobel de Física de 2001) capa E inusitado, mas pode aumentar a criatividade e o foco Deite-se por alguns minutos para estimular insights. Pessoas nes- sa posição conseguem resolver anagramas de forma signif icat iva- mente mais rápida do que os quepermanecem em pé Vista-se para a ocasião. Se vai es- tudar, prepare-se: prefira roupas l impas e confortáveis , mas evite p i jamas . U m estudo publicado na Psychological Science mostrou que, cur iosamente , estudantes da área de biomedic ina que usavam jaleco branco demonst ra ram maior foco Sorrir mesmo quando estamos tris- tes pode ajudar a aumentar a criati- vidade. Pessoas que apresentaram estados mentais e f ís icos contradi- tórios (se recordaram de algo triste enquanto davam risada ou ouviam uma mús ica feliz com a expressão aborrecida) demonst raram mais fa- cilidade para "pensar fora da caixa" Tonificação da linguagem, educação precoce no berço Cientistas da Univers idade de Rutgers desenvolveram testes para determinar se os bebés c o m audição normal processam os sons de modo profundo dentro do cérebro (gráfico abaixo). Eles estão ana l i sando se um jogo cria- do por eles (gráfico ao lado) pode preparar cr ianças mais novas a falar, ouvir, ler e escrever. À e s p e r a d e " A h á ! " O Laboratório de Estudos sobre a Infância da Rutgers coloca uma touca de eletrodos em bebés para registrar a atividade cerebral enquanto eles ouvem sons variados. Primeiro, as crianças escutam tons de alta frequência (ao lado), que estimulam determinado padrão de ondas cerebrais (à esquerda). Tons de alturas diferentes (B) se intercalam com os tons iniciais e provocam uma mudança temporária na onda cerebral (a resposta ahá!) conforme o cérebro detecta a mudança (à direita). U m a resposta mais lenta ou mais fraca a esta alteração súbita na altura pode predizer problemas posteriores de linguagem. Padrão auditivo 1 Tons A Silêncio 1 1 Tempo • Padrão de ondas cerebrais 1 Tempo- Padrão auditivo 2 Tons A Tons B i • • i Tempo • Padrão de ondas cerebrais 2 Tempo Resposta ahá! 2 4 Tente isto: coloque uma in formação fundamenta l em um tipo de letra di- fícil de acompanhar . E m u m estudo de 2 0 1 1 , voluntários que leram algo numa fonte desconhecida ou pouco legível se recordaram mais da informa- ção do que aqueles que t iveram a lei- tura fáci l . O tamanho da letra, po rém , não fez diferença. Direção preferencial C o m a tomograf ia por ressonância magnét ica por di fusão os pesqu isadores tornam vis íveis as f ibras da substânc ia cerebral b ranca . As regiões claras cor respondem às áreas nas quais a água só pode se mover de forma l imitada (aniso- t róp ica ) , por exemplo , ao longo dos filamentos neura is . Por outro lado, estão escuras as regiões do cérebro com difusão i l imitada ( isotrópica) da água, por exemplo , nos ventr ícu los . As imagens pequenas as mos t ram em detalhe: anisotrópica (no alto) e isotrópica (embaixo). B r i n c a d e i r a s p a r a o s p e q u e n o s O s bebés na Rutgers podem aprender a processar a altura ( f requência do s o m ) de fo rma ma i s eficiente enquanto t a m b é m se d i ve r tem . A c r iança aprende a v i rar a cabeça e m resposta aos tons B (à direita), m a s não aos tons A (à esquerda), e é r e c o m p e n s a d a c o m um trecho de u m vídeo na resposta correta . O r i tmo de sequênc ias de tons se acelera , e a c r i ança aprende a responder cada vez ma i s c o m maior prec isão , nesse r i tmo acelerado. * Se estiver difícil de ler, coloque a revista na horizon- tal , pouco abaixo da altura dos olhos e a incline para frente. Tons A Tons B II Recompensa visual para uma resposta correta de virada de cabeça 1 - março 2016 • mentecérebro 25 C  M E R A S D E V Í D E O R A S T R E I A M M O V I M E N T O S D O S O L H O S P A R A D E T E C T O R P A R A O N D E A L U N O S D l R E C I O N A M S U A A T E N Ç Ã O , E S E N S O R E S D E P E L E R E V E L A M S E O S E S T U D A N T E S E S T à O I N T E R E S S A D O S O U E N T E D I A D O S . O S R E S U L T A D O S A I N D A N à O C H E G A R A M À S E S C O L A S , M A S A N O V A M E T O D O L O G I A J Á D E S A F I A C R E N Ç A S E S T A B E L E C I D A S A O M O S T R A R Q U E P R O F E S S O R E S N à O P O D E M S E R A V A L I A D O S C O M B A S E A P E N A S E M S U A S C R E D E N C I A I S A C A D É M I C A S , Q U E O T A M A N H O D A S A L A D E A U L A N E M S E M P R E É P R I M O R D I A L E Q U E A L U N O S P O D E R à O R E A L M E N T E F I C A R M A I S M O T I V A D O S S E F I Z E R E M E S F O R Ç O S P A R A C O M P L E T A R A S T A R E F A S D U R A N T E A S A U L A S , C O M S U P E R V I S à O E J U N T O C O M O S C O L E G A S por Barbara Kantrowitz MyL nna Fisher apresentava um seminário para uni- MgJÊL versitários sobre atenção edistração de crianças W W pequenas quando notou que as paredes da sala % H estavam nuas . Isso a fez refletir sobre as salas de aula da pré-escola, que c o s t u m a m ser decoradas com cartazes alegres, mapas coloridos, gráficos e trabalhos de arte. Ela se quest ionou, então, sobre que efeito todo aquele est ímulo visual exerce sobre cr ianças , que são muito mais suscetíveis à distração que seus a lunos da Universidade Carnegie Mellon. Esse tipo de decoração afeta a capacidade de aprendizado das cr ianças? Para verificar isso, a estudante de pós-graduação Karrie Godw in , or ientanda de Fisher, desenvolveu um experi- mento com cr ianças do jardim de infância da Carnegie Mellon's Chi ldren's School , uma instituição experimental que funciona no campus . Dois grupos de 12 alunos cada um sentaram-se em uma sala alternadamente decorada ou totalmente vazia e ouviram três histórias sobre ciências e m A AUTORA BARBARA KANTROWITZ é editora sénior da Hechinger Report, empresa de notícias sem fins lucrativos focada em jornalismo educativo. Ela leciona na Columbia Journalism School e foi editora e jornalista da Newsweek por mais de 20 anos, cobrindo educação, saúde e questões sociais. 26 cada ambiente . O s pequenos voluntários foram filmados pelos pesquisadores , que mais tarde observaram o quanto cada cr iança prestou atenção aos relatos. Ao fim da leitura, fizeram perguntas sobre o que ouv i ram. As da sala de pa- redes nuas eram mais propensas a prestar atenção e apre- sentaram melhores resultados em testes de compreensão. Centenas de experiências como essa fazem parte de uma iniciativa para trazer conhecimentos científicos sobre aprendizagem para as salas de aula. Nos Estados Unidos , esse movimento começou com a lei No child left behind (Nenhuma criança deixada para t rás ) , em 2002. Na oca- sião, foi fundado o Instituto de Ciência da Educação ( IES , na sigla em inglês) para incentivar cientistas a buscar o que foi descrito como "pesquisa cientif icamente vál ida" , em especial estudos controlados randomizados , que de- fensores do IES cons ideram bastante confiáveis . Também foi cr iado o What Works Clearinghouse, espécie de banco de dados com informações variadas para educadores : desde comentár ios sobre currículos específ icos até técnicas de ensino baseadas em evidências. Agora, pesquisadores americanos estão usando a tecno- logia emergente e novos métodos de análise de dados para criar experiências que teriam sido impossíveis há dez anos. Economistas descobriram como compactar os dados para simularestudos randomizados-que muitas vezes sãodifíceis e caros de adequar a escolas. Câmeras de vídeo rastreiam movimentos dos olhos para ver para onde alunos direcionam sua atenção; sensores de pele mostram se os estudantes estão interessados ou entediados. Grande parte das novas pesquisas supera a simples métrica de testes padronizados para avaliar a aprendizagem em andamento. "Estou inte- ressado em medir o que realmente importa", afirma Paulo Blikstein, professor assistente da Faculdade de Educação da Universidade Stanford, que participa do desenvolvimentode novas tecnologias e técnicas de coleta de dados para capturar o processo de aprendizagem. Conhecer o bom desempenho março 2016 • mentecérebro 27 dos alunos ao completarem uma tarefa é apenas parte da experiência. Cientistas também gravam a expressão dos alunos, a resposta galvânica da pele e as interações no grupo, entre outras coisas. Blikstein denomina essa abordagem de "análise multimodal da aprendizagem". A nova metodologia já desafia crenças am- plamente estabelecidas ao revelar que professo- res não podem ser avaliados com base apenas em suas credenciais académicas, que o tamanho da sala de aula nem sempre é primordial e que alunos poderão realmente ficar mais motivados se fizerem esforços para completar uma tarefa em sala de aula. Embora ainda haja muito a ser compreendido nesse campo, as constatações já c o m e ç a m a preencher a lgumas lacunas nesse quebra-cabeça extremamente complexo chamado educação. EM BUSCA DE PADRÕES Perguntas provocativas deflagram os resulta- dos mais surpreendentes . Em uma série de experiências com estudantes do ensino funda- mental II e médio, Blikstein tenta compreen- der a melhor forma de ensinar matemática e ciências indo a lém, por exemplo, dos testes de múltipla escolha para avaliar o conhecimento dos a lunos . "Muito do que acontece em ciên- cias exatas resulta em fracasso; é o processo de tentativa e erro que esperamos captar com essas novas ferramentas : levamos as crianças ao laboratório e passamos tarefas que envol- vem algum tipo de projeto de engenharia ou de c iências" , conta Bl ikstein. Pesquisadores colo- cam sensores no laboratório e, às vezes, nas próprias cr ianças . Depois , coletam os dados e os anal isam buscando padrões. " H á muitas coisas na forma como as pessoas aprendem que são contrárias à intuição; gostamos de desvendar esses m e c a n i s m o s mentais , por vezes equivocados, para entender o que de fato é eficiente." A aprend izagem baseada em "descober- t a s " que ocorrem quando alunos desvendam s o z i n h o s os f a t o s , e m vez de recebê-los prontos , está e m voga u l t imamente . Bliks- tein e seus colegas no Fabl_ab@School , uma rede de of ic inas educat ivas cr iada por ele em 2009 , tentam at ingir a essênc ia da quanti- dade de ins t ruções de que os a lunos real- mente p rec i sam . Pais podem não gostar de ver seus f i lhos f rus t rados na esco la , mas Bl ikste in garante que "há níveis de frustra- ção e de f racasso que são mui to produt ivos , são ó t imas mane i ras de aprender" . Em uma série de es tudos , ele e seus colegas tentaram descobr i r se a lunos aprend iam mais sobre um tópico de c iênc ia se a s s i s t i s sem primei- ramente a u m a au la ou se f i zes sem u m a at iv idade exp lora tór ia . Ele c h a m o u a aula de "ouv i r d izer e prat icar" . O s a lunos foram d i v id idos e m do i s g r u p o s . U m c o m e ç o u c o m a at iv idade expos i t iva e o outro, com a exploratór ia . Pesqu i sadores repetiram o exper imento e m vár ias ocas iões e encon- t ra ram resul tados cons i s ten tes : jovens que in ic ia ram c o m at iv idade prática se sa í ram 2 5 % melhor que aqueles que part ic iparam antes da aula expos i t i va . O professor de adminis t ração e política Jordan Matsudaira , da Universidade Cornell , ajudou a ressuscitar uma antiga ferramenta de pesquisa económica e a empregou para obser- var a utilidade de aulas de reforço. O método, estruturado nos moldes de acompanhamentos clínicos controlados e conhecido como análise de regressão-descont inu idade , c o m p a r a o rendimento de estudantes. No estudo sobre as aulas complementares, por exemplo, Matsudaira comparou alunos cujos resultados de testes ficaram pouco acima do nível que os tornava candidatos para as atividades de reforço com aqueles que estavam logo abaixo para verificar se as aulas adicionais melhoravam os resultados dos testes dos alunos. Conclusão: aulas a mais podem ser uma forma mais eficaz para melhorar o aprendizado que a redução do tamanho das turmas, por exemplo. Outros pesquisadores prospectam dados para monitorar o progresso de vários alunos ao longo do tempo. O professor Ryan Baker, da Universidade Columbia , presidente da Interna- tional Educational Data MiningSociety, lembra que, quando trabalhava em seu doutorado no início dos anos 2000, acordava todas as manhãs às 6 horas para dirigir até uma escola onde passava o dia todo em pé, fazendo anota- ções em u m a prancheta. Avance rapidamente uma década , e a rotina de trabalho de Baker parece muito diferente. Recentemente, ele e seus colegas conclu í ram uma pesquisa longi- tudinal de sete anos para estudar os registros digitais sobre como milhares de estudantes do ensino fundamenta l II usaram um programa de tutoria e m matemát ica pela internet de- nominado ASS ISTment s . O s pesquisadores rastrearam se os alunos entraram na faculdade e, se o f i zeram, para que tipo de faculdade em termos de exigência e em qual graduação para verificar se poderiam fazer conexões entre o uso do software e as conquistas académicas posteriores. " O Big Data nos permite observar duran- te per íodos longos e olhar detalhes mui to prec i sos" , a f i rma Baker. Ele e seus colegas estavam especia lmente interessados em ver o que acontec ia com a lunos que es tavam "bur lando" o s i s tema - tentando passar por um conjunto particular de problemas sem se- guir todos os passos . Acontece que burlar os problemas mais fáceis não foi tão prejudicial quanto ludibriar nos mais dif íceis. Alunos que resolveram as questões mais fáceis poderiam s implesmente estar entediados, enquanto os que trapacearam nas realmente compl icadas podem não ter entendido o mater ia l . Baker acredita que esse tipo de informação talvez aju- de professores e orientadores a descobrir não só quais a lunos correm risco de ter problemas académicos , mas também por que eles estão em risco e o que pode ser feito para ajudá-los. PROFESSOR DE ALTA QUALIDADE Novos estudos a judam a construir uma base de evidências inexistente no ens ino. Grover Whitehurst , diretor-fundador do l E S - e atual- mente diretor do Brown Center on Education Policy e membro sénior da Brookings Institu- tion - , lembra que quando começou a trabalhar no projeto em 2002, logo após o programa No child left behind entrar em vigor, o superinten- dente de um distrito predominantemente de minorias pediu-lhe que sugerisse um currículo de matemática comprovadamente eficaz para os seus alunos. "Quando respondi que não ha- via nenhum, ele não pôde acreditar estar sendo obrigado por lei a basear tudo o que fazia na pesquisa científica e não haver nenhuma na qual pudesse se fiar." Esse superintendente não estava sozinho. "Hav ia muito pouca pes- quisa que realmente atendesse às necessida- des dos educadores. A maioria dos trabalhos era escrita por académicos para serem lidos por académicos . " Muitos pesquisadores d i scordam dessa avaliação dura, mas a crítica forçou a comu- nidade a examinar e explicar seus métodos e missão. Nos primeiros anos do IES, Whitehurst e outros frequentemente comparavam a ciência da educação com os estudos sobre drogas, que indicavam que pessoas que estudam as escolas deveriam testar currículos ou práticas pedagógicas da mesma forma que um pesqui- sador farmacêutico testaria um novo fármaco. Estratégias e currículos que passassem no teste iriam para o What Works Clearinghouse. John Easton, atual diretor do IES eex-pesqui- sador educacional na Universidade de Chicago, acredita que o Clearinghouse é especialmente útil como forma de o governo vetar produtos que os distritos escolares podem se sentir pressionados a comprar. "Acho que é uma fonte muito valiosa e confiável a quese pode recorrer e descobrir se há alguma evidência de que esse produto comer- cial funciona", declara. O Clearinghouse agora abriga mais de 500 relatórios que resumem descobertas atuais sobre temas como o ensino de matemática para crianças pequenas, a escrita no ensino fundamental e auxílio a alunos no processo de candidatura à faculdade. Também revisou centenas de milhares de relatórios para auxiliar no discernimento entre a pesquisa de melhor qualidade e o trabalho mais fraco, in- março 2016 • mentecérebro 29 capa Pais podem não gostar de ver seus filhos enfrentando problemas na escola, mas cientista garante que há níveis de frustração e de fracasso que são muito produtivos e favorecem o aprendizado clusive estudos sobre temas como a eficácia das escolas conveniadas e pagamento por mérito para professo- res, que informavam sobre o debate em curso sobre essas questões. Segundo W h i t e h u r s t , u m a das c o n t r i b u i ç õ e s mais importantes da ênfa- se na ciência rigorosa foi uma mudança drástica na def in ição de u m profes- sor de alta qualidade. No passado, a qual idade era definida pelas credenciais , como um diploma ou certif icação específ ica. "Agora, trata-se de eficácia na sala de aula, medida por observa- ções e pela capacidade de um professor me- lhorar os resultados das aval iações", af i rma. Embora ainda haja controvérsia significativa sobre como mensurar a eficácia de um pro- fessor, Whitehurst acredita que a mudança na abordagem foi impulsionada pela comunidade de pesquisa , especialmente por economistas . Muitos pesquisadores se queixam de que a ênfase do IES em estudos controlados rando- mizados ignorou outras metodologias poten- cialmente úteis. Estudos de caso de distritos escolares , por exemplo, poderiam descrever práticas de aprendizado em ação da mesma for- ma como escolas de administração empregam estudos de caso de empresas. " O quadro atual é realmente um ecossistema de metodologias, o que faz sentido, porque a educação é um fenómeno complexo" , afirma o professor de psicologia da educação Anthony Kelly, da Uni- versidade George Mason. Para Easton, porém, estudos controlados randomizados t o m a m parte importante nesse processo, mas não necessariamente como "evento culminante" . Para ele, os estudos também podem ser úteis no início do processo de desenvolvimento de uma intervenção educativa para ver se algo está funcionando e se vale a pena investigar mais . NO MUNDO REAL Conseguir essa nova ciência em escolas ainda é um desaf io . " O problema com a pesquisa em educação , como em muitos outros cam- pos , é que ela norma lmente se t raduz e m longas t ra jetór ias de t r aba lho" , cons ide ra Joan Ferrini-Mundy, diretora adjunta da Direc- torate for Educat ion and H u m a n Resources . "É muito improvável que um único estudo, e m per íodo cu r to , p roduza impac to . " H á t a m b é m uma barreira de longa data entre o laboratório e a sala de aula . No passado, mui tos pesquisadores sent iam que não era sua função encontrar apl icações para seu tra- balho no mundo real . E educadores , na maior parte das vezes , acredi tam que a experiência acumulada na sala de aula superava qualquer coisa que pesquisadores poderiam lhes dizer. O What Works Clearinghouse deveria ajudar a cobrir essa lacuna, mas em 2010 o General Accountabi l i ty Off ice ( G A O ) constatou que apenas 4 2 % dos distritos escolares pesquisa- dos t inham ouvido falar dele. O levantamento do G A O verificou t ambém que apenas 3 4 % dos distritos acessaram o site do Clearinghouse pelo menos uma vez e que menos ainda o uti l izava com frequência . U m relatório atu- alizado em dezembro de 2013 mostrou que a d i s s e m i n a ç ã o pe rmanec ia problemát ica . Easton e outros reconhecem a necessidade de um melhor direcionamento para as escolas. C o m o parte da so lução , o Clearinghouse já publicou 18 "guias práticos", que estabelecem o que se sabe sobre temas como ensinar in- glês ou matemática para cr ianças pequenas. Cada um é compi lado por uma comissão que reúne pesquisadores , professores e adminis- tradores escolares. " O s guias de boas práticas também podem orientar pesquisas futuras" , af irma a professora de psicologia Sharon Car- ver, membro do comité de matemática para principiantes e diretora da Carnegie Mellon's Chi ldren's School . Ela pede a seus alunos de pós-graduação que leiam os guias relaciona- dos com seu c a m p o e busquem áreas que precisam de mais exploração. Cada pergunta da pesquisa é uma tentativa de encaixar mais uma peça de um enorme que- bra-cabeça. "Não acho que seja possível olhar para a educação pensando simplesmente se ela funciona ou não, como se fosse uma lâmpada", ressalta Joseph Merl ino, presidente da 21st Century Partnership for S T E M Education, uma organização sem fins lucrativos dos subúrbios da Filadélfia. "Não acredito que o conhecimento humano seja ass im. . . E m uma era mecânica, 30 es tamos acos tumados a pensar jnas coisas mecanicamente. Será que funciona? Você pode consertar? Não acredito que se possa corrigir a educação mais do que um pé de tomate. Você o cultiva. Você o nutre. E ele dá frutos." A organização de Merlino administrou um estudo controlado randomizado de cinco anos financiado pelo I ES sobre a eficácia da aplicação dos quatro princípios da ciência cognitiva para o ensino de ciências no ensino fundamental I I . Atr ibuíram aleatoriamente currículos mo- dificados ou não a um total de 180 escolas na Pensilvânia e no Ar izona. Uma parte do expe- rimento foi baseada em pesquisa de ciência cognitiva sobre como as pessoas aprendem por d iagramas . Pesquisadores descobr i ram que a lgumas das coisas que artistas gráficos colocam em um diagrama para incrementá- -lo, como muitas cores, na verdade distraem o aprendizado. Verificaram ainda que estudantes precisam de instruções para ler diagramas. Esse é o tipo de resultado que poderia ser integrado no projeto de adoção de um novo livro. O s professores também poderiam ter tempo para explicar o significado de símbolos diferentes em um diagrama, como setas ou cortes. Fazer de educadores uma parte importante do processo de pesquisa também gera resulta- dos significativos em sala de aula. Professores muitas vezes sentem que a experiência que adquiriram com a prática é ignorada e que em vez disso obtêm um novo currículo, suposta- mente baseado em evidências periódicas, sem muita explicação de por que o novo é muito melhor que o antigo. No passado, pesquisa- dores geralmente não sentiram que era seu papel explicar seu trabalho a professores. O compart i lhamento de conhecimento, porém, tem dois lados. No estudo sobre o currículo de ciências na Pensilvânia e no Arizona, professo- res foram envolvidos na concepção inicial dos experimentos. "Eles eram mais como mestres, ensinavam e nos deram retorno; como o estudo foi realizado em escolas de verdade, em vez de laboratório, pesquisadores treinaram os profes- sores enquanto o trabalho prosseguia", comen- ta Nora Newcombe, professora de psicologia da Universidade Temple e principal pesquisadora do Spatial Intelligence and Learning Center. O u t r o s pesqu i sadores apontam para o mode lo da F in lând ia , onde as teor ias edu- Primeiro a prática Estudo publicado on-line, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences USA, revela que estudantes de ciências ma- triculados em aulas exposi- tivas tradicionais eram mais propensos à reprovação que os colegas que usavam técnicas de aprendizagem ativa, com resolução de pro- blemas em grupo e feedback regular do instrutor C a d a l i nha rep resen ta a c o m p a r a ç ã o e m u m ún i co es tudo (67 e s t
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