Prévia do material em texto
BIZU dos Princípios: LEGALIDADE: Leis incriminadoras somente em SENTIDO ESTRITO(material e formal). 1. Critério Material= conteúdo 2. Critério Formal= processo legislativo Legalidade se divide em dois outros princípios, o da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. Legalidade = Anterioridade + Reserva Legal RESERVA LEGAL Ninguém é OBRIGADO A NADA senão EM VIRTUDE DE LEI. SOMENTE LEI EM SENTIDO ESTRITO pode definir condutas criminosas e estabelecer sanções penais (penas e medidas de segurança). Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medidas Provisórias, Decretos, e demais diplomas legislativos NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANÇÕES. Há FORTE divergência a respeito da possibilidade de Medida Provisória tratar sobre matéria penal, havendo duas correntes. 1. Primeira corrente – Não pode, pois, a CF/88 veda a utilização de MP em matéria penal. 2. Segunda corrente – Pode, desde que seja matéria favorável ao réu (descriminalização de condutas, por exemplo). Prevalece esta corrente no STF. OBS NORMAS PENAIS EM BRANCOS: São aquelas que dependem de outra norma penal para que sua aplicação seja possível. Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes à comercialização, transporte, posse, etc., de substância entorpecente. Mas quais seriam as substâncias entorpecentes proibidas? As substâncias entorpecentes proibidas estão descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. A Doutrina divide, ainda, as normas penais em branco em: · Homogêneas (sentido amplo): A complementação é realizada por uma fonte homóloga, ou seja, pelo mesmo órgão que produziu a norma penal em branco. Veja-se o art. 169, parágrafo único, I, do Código Penal, complementado pelo Código Civil, pois lá se encontra a definição de tesouro (art. 1.264). · Heterogêneas (norma penal em branco em sentido estrito) – A complementação é realizada por fonte heteróloga, ou seja, por órgão diverso daquele que produziu a norma penal em branco. · Lei penal em branco inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, mas o secundário reclama complementação. Nesse caso, o complemento deve ser obrigatoriamente uma lei, sob pena de violação ao princípio da reserva legal. Exemplos dessa espécie de lei penal em branco são encontrados nos artigos 1. ° a 3°, da Lei 2.889, relativos ao crime de genocídio. Norma penal em branco invertida é admissível, desde que homogênea. Segundo Masson, o princípio da reserva legal possui dois fundamentos, quais sejam: Fundamento jurídico: é a taxatividade, certeza ou determinação, pois implica, por parte do legislador, a determinação precisa, ainda que mínima, do conteúdo do tipo penal e da sanção penal a ser aplicada, bem como da parte do juiz, na máxima vinculação ao mandamento legal. Como desdobramento lógico da taxatividade, o Direito Penal não tolera a analogia in malam partem. Fundamento político: é a proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado no exercício do seu poder punitivo. Enquadra-se, destarte, entre os direitos fundamentais de 1° geração (ou dimensão). (MASSON, 2017, p. 25). a) Lex Previa: anterioridade da lei penal b) Lex stricta: inadmissibilidade da analogia in malam partem c) Lex scripta: inadmissibilidade do costume incriminador (proibição de invocar o direito consuetudinário para fundamentação e/ou agravamento da pena. d) Lex certa: taxatividade penal. A reserva legal exige, ainda, a clareza do tipo, que não pode deixar margens a dúvidas nem abusar do uso de normas gerais ou tipos incriminadores genéricos, vazios ou muito abrangentes. e) Lex tertia: ao avaliar qual lei é mais benéfica, o juiz não pode combinar disposições de diferentes legislações para criar uma terceira norma híbrida. Ele deve optar integralmente pela lei A ou pela lei B, sem mesclar aspectos favoráveis de ambas. ANTERIORIDADE A Lei deve ser ANTERIOR ao fato. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA A individualização da pena é feita em três fases distintas: Legislativa, judicial e administrativa. Na esfera legislativa, a individualização da pena se dá através da cominação de punições proporcionais à gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas mínimas e máximas, a serem aplicadas pelo Judiciário, considerando as circunstâncias do fato e as características do criminoso. Na fase judicial, a individualização da pena é feita com base na análise, pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos antecedentes do réu, etc. Na terceira e última fase, a individualização é feita na execução da pena, a parte administrativa. Assim, questões como progressão de regime, concessão de saídas eventuais do local de cumprimento da pena e outras, serão decididas pelo Juiz da execução penal também de forma individual, de acordo com as peculiaridades de cada detento. PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. A multa não é “obrigação de reparar o dano”, pois não se destina à vítima. A multa é espécie de PENA e, portanto, não pode ser executada em face dos herdeiros, ainda que haja transferência de patrimônio. Neste caso, com a morte do infrator, extingue-se a punibilidade, não podendo ser executada a pena de multa. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação. OFENSIVIDADE OFENSIVIDADE: LESIONAR ou COLOCAR em perigo um bem jurídico penalmente tutelado. Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado= Não basta que o fato seja típico. É necessário que este fato ofenda, de maneira grave, o bem jurídico pretensamente protegido pela norma penal. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE Este princípio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que possa ser considerado crime em sua essência, deve causar lesão a um bem jurídico de terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL NÃO PUNE A AUTOLESÃO. Assim, aquele que destrói o próprio patrimônio não pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente não pratica o crime de lesões corporais, etc. ADEQUAÇÃO SOCIAL Conduta tolerada pela SOCIEDADE. SÚMULA 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2o, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. SUBSIDIARIEDADE Analisa o TIPO PENAL - aqui o crime MAIS GRAVE PREVALECE. Só deve usar o direito quando as outras normas não forem suficientes. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM Por este princípio entende-se que uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Além disso, estabelece que uma pessoa não possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Daí podermos dizer que não há, no processo penal, a chamada “revisão pro societate”. Uma pessoa não pode ser duplamente processada pelo mesmo fato quando já houve decisão capaz de produzir coisa julgada material, ou seja, a imutabilidade da decisão (condenação, absolvição, extinção da punibilidade, etc.). Quando a decisão não faz coisa julgada material, é possível novo processo (Ex.: extinção do processo pela rejeição da denúncia, em razão do descumprimento de uma mera formalidade processual). INSIGNIFICÂNCIA/BAGATELA Condutas INCAPAZES de lesar o bem jurídico. BAGATELA PRÓPRIA ➟ Princípio da INSIGNIFÂNCIA ➟ Causa atipicidade MATERIAL (Mantém-sea tipicidade FORMAL) BAGATELA IMPRÓPRIA ➟ Torna a pena "DESNECESSÁRIA" ➟ NÃO leva à ATIPICIDADE ➟ EXCLUI A PUNIBILIDADE Opera afastando a tipicidade material, esta, por sua vez, entendida como a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado. Quando uma conduta é formalmente típica, ou seja, prevista como crime na Lei Penal, mas não ofende de forma significativa o bem jurídico protegido pelo tipo penal, diz-se que há insignificância penal da conduta, ou seja, a conduta é formalmente típica, mas não é materialmente típica. O princípio da intervenção mínima fundamenta a aplicação do princípio da insignificância, que é admitido tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência como causa de exclusão da tipicidade material, desde que presentes requisitos objetivos e subjetivos. A jurisprudência do STJ e do STF estabeleceu alguns critérios para a aplicação do princípio da insignificância, de forma que devem ser preenchidos os requisitos objetivos abaixo para que se possa aplicar o referido princípio: ⇒ Mínima ofensividade da conduta ⇒ Ausência de periculosidade social da ação ⇒ Reduzido (ou reduzidíssimo) grau de reprovabilidade do comportamento ⇒ Inexpressividade da lesão jurídica Requisitos subjetivos do princípio da insignificância (se relacionam ao agente e vítima): 1. Reincidência 2. Criminoso habitual 3. Condições da vítima. RHC 153.480-SP: "Admite-se, excepcionalmente, a aplicação do princípio da insignificância a crime praticado em prejuízo da administração pública quando for ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado." HC 84.412-SP: “O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material.” Tese Firmada no Tema n. 157/STJ: Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00, estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo. Furto qualificado e aplicação do privilégio do art. 155, § 2º > Nesses cenários incide a súmula 511 do STJ: · Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva (As qualificadoras objetivas do furto são aquelas que se referem ao meio utilizado para cometer o crime. São exemplos: Rompimento de obstáculos, Destruição de obstáculos, Uso de chave falsa, Concurso de pessoas). Furto qualificado e aplicação do princípio da insignificância > Nesses cenários incide o seguinte entendimento do STJ: · É possível aplicar o princípio da insignificância em caso de furto qualificado? · Em regra, não. Como regra, a aplicação do princípio da insignificância tem sido rechaçada nas hipóteses de furto qualificado, tendo em vista que tal circunstância denota, em tese, maior ofensividade e reprovabilidade da conduta. · Deve-se, todavia, considerar as circunstâncias peculiares de cada caso concreto, de maneira a verificar se, diante do quadro completo do delito, a conduta do agente representa maior reprovabilidade a desautorizar a aplicação do princípio da insignificância. · No caso concreto, a 5ª Turma do STJ aplicou o princípio da insignificância e absolveu as acusadas. Afirmou-se que “muito embora a presença da qualificadora possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias demonstra a ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância.” · A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553.872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665). INTERVENÇÃO MÍNIMA SOMENTE aplica-se a Lei em ÚLTIMA INSTÂNCIA. Origem histórica: Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789) No art. 8º desse diploma, temos a imposição de que o direito penal deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias. Isso, de certa forma, traz a ideia originária do princípio da intervenção mínima: pois o Direito Penal só deve intervir quando for estrita e evidentemente necessária. Aplicabilidade do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA deve ser analisada em conexão com os postulados DA INTERVENÇÃO MÍNIMA E FRAGMENTARIEDADE. Do princípio da intervenção mínima decorrem dois outros princípios: FRAGMENTARIEDADE O direito penal é fragmentário pois é visto como um sistema descontínuo de ilicitudes. Ou seja: o direito penal não pode e nem tem como criminalizar todas a condutas existentes, mesmo que sejam ilícitos do direito (não só ilícitos penais, mas ilícitos civis também). Nesse contexto, a fragmentariedade prevê que somente devem ser tutelados pelo direito penal os casos de relevante lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade. O princípio da fragmentariedade deve ser utilizado no plano ABSTRATO, para o fim de permitir a criação de tipos penais somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa. FRAGMENTALIDADE= GRAVE e RELEVANTE; o direito penal somente tutela uma pequena fração dos bens jurídicos protegidos nas hipóteses em que se verifica uma lesão ou ameaça de lesão mais intensa aos bens de maior relevância. SUBSIDIARIEDADE O Direito Penal deve ser encarado de acordo com a principiologia constitucional. Dentre os princípios constitucionais implícitos figura o dá intervenção penal somente é admissível quando os demais ramos do direito não conseguem bem equacionar os conflitos sociais. ABSORÇÃO/CONSUNÇÃO Analisa o FATO, a CONDUTA - um fato ABSORVE o outro. Este princípio estabelece que, quando um delito menos grave (ou meio) é necessário para a consumação de um crime mais grave (ou fim), o agente será responsabilizado apenas pelo crime mais grave. A conduta menos grave é absorvida pela mais grave, desde que haja um nexo de dependência entre as condutas. Esse princípio visa evitar a dupla punição por atos que são parte de um único comportamento criminoso mais sério. O princípio da consunção implica na absorção de um delito por outro, sendo aplicável aos casos de CRIME PROGRESSIVO, PROGRESSÃO CRIMINOSA, ANTEFATO IMPUNÍVEL e PÓS-FATO IMPUNÍVEL. Crime progressivo: o agente, para alcançar um resultado/crime, passa necessariamente por um crime menos grave, denominado crime de passagem. Exemplo: para matar o agente (homicídio), necessariamente, deve ofender a integridade corporal da vítima (lesão corporal). Progressão criminosa: há dois fatos e o agente primeiro quer o menor e depois decide praticar o maior (no âmbito de proteção do mesmo bem jurídico, havendo, portanto, substituição do dolo). Exemplo: o agente quer ferir (dolo lesão corporal). depois de ofender a integridade corporal da vítima, decide matá-la (dolo homicídio). Antefato impunível: são fatos anteriores, não obrigatórios, mas que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave, numa relação de fatos meios para fatos fins. Exemplo: violação de domicílio para furtar. O delito antecedente (antefato impunível - violação de domicílio) não é passagem necessária para o crime fim (furto). Foi meio para aquele furto. Outros furtos ocorrem sem haver violação de domicílio. Não há substituição do dolo. Pós-fato impunível: o agente, depois de já ofender o bem jurídico, incrementa a lesão. Pode ser considerado um exaurimento do crime principal. Exemplo: danificar o produto de furto. LESIVIDADEDe acordo com o doutrinador Cleber Masson, o princípio da ofensividade ou da lesividade retrata a ideia de que “(...) não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de lesão ao bem jurídico. Esse princípio atende a manifesta exigência de delimitação do Direito Penal, tanto em nível legislativo como no âmbito jurisdicional". (MASSON, Cleber. Direito Penal. Parte Geral (arts. 1º e 120) vol. 01. 14 ed. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método. 2020, p 51). CONSUNÇÃO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: o princípio da consunção está diretamente relacionado com a absorção de um delito por outro. Ou seja, existe uma relação de fins e meios (um delito é o meio para que se chegue ao outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase para o outro, sendo necessária sua execução para que se pratique o segundo tipo penal). O PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO não resolve o conflito de leis penais no tempo, mas diz respeito ao CONFLITO APARENTE DE NORMAS. · Crime progressivo: quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave, precisa passar por um crime menos grave. Ex.: Para cometer o crime de homicídio, passa-se pela lesão corporal. · Progressão criminosa: há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um resultado e, depois de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último. · Fato anterior impunível (ante factum impunível): são fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex.: Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental, visando cometer um estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do estelionato, desse modo, é um “ante factum” impunível. · Fato simultâneo impunível: também chamado de concomitante impunível, é aquele praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro). · Fato posterior impunível (post factum impunível): o fato posterior impunível retrata o exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Falsificação de documento e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela falsificação. FAPEC/PC-MS/2021/Delegado de Polícia: O princípio da consunção pode ser aplicado exemplificativamente para hipóteses de crime progressivo, progressão criminosa, antefato impunível e pós-fato impunível. (correto) FGV/PC-MA/2012/Delegado de Polícia Civil: Na progressão criminosa, o agente inicialmente pretender praticar um crime menos grave, e, depois, resolve progredir para o mais grave. (correto) CESPE/MPE-PI/2012/Promotor de Justiça: O princípio da consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial, resolve o conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessário, fase de preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente pelo último. Há incidência desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a prática do homicídio. (Correto) CESPE/PG-DF/2022/Procurador: Um dos critérios para se distinguir o crime progressivo da progressão criminosa é o aspecto subjetivo do agente, pois, naquele, há, desde o início, a intenção de causar um resultado de maior gravidade, enquanto, nesta, essa intenção surge durante o iter criminis. (Correto) ESPECIALIDADE Este princípio estabelece que, quando há uma norma geral e uma norma especial tratando do mesmo assunto, a norma especial prevalece. Princípio da Especialidade está implícito no ordenamento jurídico brasileiro, mas pode ser observado na aplicação do art. 12 do Código Penal, que indica que as disposições gerais do Código se aplicam aos crimes previstos em leis especiais, salvo disposição em contrário. Exemplo Prático: Considere uma situação onde exista uma norma geral sobre furto e uma norma especial sobre furto de energia elétrica. Se uma pessoa cometer furto de energia elétrica, a norma especial se aplica devido à especificidade do ato, em vez da norma geral sobre furto. SÚMULA 711 do STF A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. Verifica-se a continuidade delitiva quando o sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crimes da mesma espécie e que guardam entre si um elo de continuidade, em especial as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução (art. 71 do CP). “A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça compreende que, para a caracterização da continuidade delitiva, é imprescindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva (mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos), nos termos do art. 71 do Código Penal. Exige-se, ainda, que os delitos sejam da mesma espécie. Para tanto, não é necessário que os fatos sejam capitulados no mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico e sejam perpetrados pelo mesmo modo de execução.” (REsp 1.767.902/RJ, j. 13/12/2018) Ex.: o crime continuado é quando um indivíduo que rouba R$50,00 por 20 dias consecutivos não responderá pelas vinte atitudes de roubo. A lei não estabelece o tempo exato a ser observado entre uma e outra infração penal, razão pela qual coube à doutrina e à jurisprudência a tarefa de estabelecer as circunstâncias de tempo razoáveis para que uma infração possa ser considerada continuidade de outra. O prazo é, no geral, de trinta dias. Uma vez ultrapassados, quebra-se a unidade característica do crime continuado: “O art. 71, caput, do Código Penal não delimita o intervalo de tempo necessário ao reconhecimento da continuidade delitiva. Esta Corte não admite, porém, a incidência do instituto quando as condutas criminosas foram cometidas em lapso superior a trinta dias.” (AgRg no REsp 1.747.1309/RS, j. 13/12/2018) BIZU dos Princípios: ⇒ ADEQUAÇÃO SOCIAL - Conduta tolerada pela SOCIEDADE. ⇒ ABSORÇÃO/CONSUNÇÃO - analisa o FATO, a CONDUTA - um fato ABSORVE o outro. ⇒ ALTERNATIVIDADE - vários verbos - ação MÚLTIPLA do agente. ⇒ ANTERIORIDADE - a Lei deve ser ANTERIOR ao fato. ⇒ CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA - o crime CONTINUA mas com OUTRA LEI. ⇒ CULPABILIDADE - aplica-se a pena pelo FATO e não pelo autor. ⇒ ESPECIALIDADE - a Lei ESPECIAL PREVALECE sobre a geral. ⇒ EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS - única forma de INTERFERIR na liberdade do cidadão. ⇒ FRAGMENTARIEDADE - atentados contra o bem jurídico EXTREMAMENTE RELEVANTE. ⇒ INSIGNIFICÂNCIA/BAGATELA - condutas INCAPAZES de lesar o bem jurídico. ⇒ INTERVENÇÃO MÍNIMA - SOMENTE aplica-se a Lei em ÚLTIMA INSTÂNCIA. ⇒ LEGALIDADE - Leis incriminadoras somente em SENTIDO ESTRITO. ⇒ LESIVIDADE - somente patrimônio de TERCEIROS e não o próprio. ⇒ OFENSIVIDADE - LESIONAR ou COLOCAR em perigo um bem jurídico penalmente tutelado. ⇒ SUBSIDIARIEDADE - analisa o TIPO PENAL - aqui o crime MAIS GRAVE PREVALECE. ⇒ RESERVA LEGAL - ninguém é OBRIGADO A NADA senão EM VIRTUDE DE LEI. ⇒ RESPONSABILIDADE PESSOAL DO AGENTE - a pena NÃO PODE PASSAR DA PESSOA do condenado.