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🧬 ANTINEOPLÁSICOS ASSOCIADOS AO CICLO CELULAR
(Versão explicativa completa para estudo e impressão)
🔹 1. Antimetabólitos (atuam na FASE S do ciclo celular)
Os antimetabólitos são fármacos que interferem na síntese de DNA e RNA, substituindo ou bloqueando metabólitos normais.
Agem principalmente na fase S, quando ocorre a duplicação do material genético.
🧩 A) Antagonistas do Folato – Metotrexato (MTX)
Fase do ciclo celular: Fase S
Onde age: No citoplasma e núcleo, inibindo a enzima diidrofolato redutase (DHFR).
Essa enzima é responsável por regenerar o tetra-hidrofolato (FH4), essencial na síntese de purinas e timidilato, bases do DNA.
Mecanismo de ação:
O MTX é estruturalmente semelhante ao ácido fólico e o substitui, bloqueando a DHFR.
Sem FH4 → a célula não consegue sintetizar timidina e purinas → interrompe a síntese de DNA → a célula morre na fase S.
Ativação intracelular: o MTX é convertido em poliglutamato, forma mais potente e de maior retenção celular.
Resistência: aumento da DHFR, mutações na enzima, diminuição do transporte de folato.
Toxicidade: mielossupressão, mucosite e náuseas.
Prevenção: usar leucovorina (ácido folínico) após altas doses – “resgate” das células normais.
🧩 B) Análogos de Pirimidina – 5-Fluorouracil (5-FU) e Capecitabina
Fase do ciclo celular: Fase S
Onde age: No núcleo, ligando-se à enzima timidilato sintase (TS).
Forma um complexo estável com o folato que impede a formação de dTMP, bloqueando a produção de DNA.
Mecanismo de ação:
O metabólito ativo do 5-FU (FdUMP) liga-se à TS → impede a conversão de dUMP em dTMP → sem timidina → DNA não se replica.
Outros metabólitos (FUTP) podem ser incorporados ao RNA, prejudicando sua função.
Capecitabina: é um pró-fármaco oral, convertido em 5-FU dentro do tumor.
Toxicidade: mucosite, diarreia e síndrome mão-pé (principalmente com capecitabina).
Resistência: aumento da timidilato sintase, mutações na enzima, aumento da degradação do fármaco.
🧩 C) Análogos da Citidina – Citarabina e Gencitabina
Fase do ciclo celular: Fase S
Onde age: No núcleo, incorporando-se diretamente ao DNA.
Mecanismo de ação:
Após entrar na célula, a citarabina é fosforilada a Ara-CTP.
Essa molécula compete com o nucleotídeo natural e é incorporada à cadeia de DNA, impedindo o alongamento e inibindo a DNA polimerase.
Resultado: parada da replicação e morte celular.
Toxicidade: mielossupressão, náuseas e mucosite.
🧩 D) Análogos de Purina – Mercaptopurina, Tioguanina, Fludarabina
Fase do ciclo celular: Fase S
Onde age: No citoplasma e núcleo, interferindo nas enzimas que sintetizam purinas.
Mecanismo de ação:
Esses fármacos precisam ser fosforilados dentro da célula → formam nucleotídeos falsos → bloqueiam a síntese de purinas e podem ser incorporados ao DNA e RNA, alterando suas funções.
Toxicidade: mielossupressão e risco de infecções oportunistas.
🔹 2. Agentes Alquilantes (atuam em TODAS as fases – ciclo-inespecíficos)
Esses fármacos agem diretamente no DNA, ligando-se covalentemente a suas bases e formando ligações cruzadas (crosslinks).
Isso impede que as fitas se separem e sejam copiadas, bloqueando a replicação e transcrição.
🧩 A) Ciclofosfamida e Ifosfamida
Fase do ciclo celular: Ciclo-inespecífico (maior efeito em G1 e S)
Onde age: No núcleo, diretamente no DNA (átomos de nitrogênio da guanina).
Mecanismo de ação:
São pró-fármacos ativados no fígado (CYP450) → geram fosforamida mostarda, que alquila o DNA, causando entrecruzamentos intra e inter-fitas → o DNA não se desenrola nem é copiado.
Toxicidade:
· Cistite hemorrágica causada por acroleína → prevenir com MESNA e hidratação.
· Náuseas e vômitos intensos.
Ifosfamida: também causa neurotoxicidade → tratada com azul de metileno.
🧩 B) Nitrosureias (Carmustina, Lomustina)
Fase: Ciclo-inespecífica
Onde age: No núcleo, atingindo o DNA.
Mecanismo:
São altamente lipofílicas e atravessam a barreira hematoencefálica, o que as torna úteis em tumores cerebrais.
Geram compostos que metilam o DNA, impedindo a replicação.
Toxicidade: mielossupressão e toxicidade pulmonar.
🧩 C) Triazenos (Dacarbazina, Temozolamida)
Fase: Ciclo-inespecífica
Onde age: No núcleo, metilando o DNA em O⁶-guanina e N⁷-guanina.
Temozolamida: ativa-se espontaneamente no organismo → usada em gliomas.
Toxicidade: mielossupressão, náuseas e vômitos.
🔹 3. Complexos de Platina (atuam em TODAS as fases do ciclo)
Onde agem: no núcleo, formando ligações covalentes com o DNA, o que impede a separação das fitas e a replicação.
🧩 A) Cisplatina
Mecanismo:
Dentro da célula, a cisplatina sofre aquação (troca de Cl⁻ por H₂O), formando um composto reativo que se liga ao DNA (principalmente N⁷ da guanina).
Isso provoca distorção da hélice → a célula não consegue replicar o DNA → ativa apoptose.
Toxicidade:
· Nefrotoxicidade (hidratar bem e evitar AINEs).
· Ototoxicidade, náuseas graves e neuropatia periférica.
🧩 B) Carboplatina e Oxaliplatina
Carboplatina: mesma ação, mas menos nefrotóxica.
Oxaliplatina: causa neuropatia periférica sensível ao frio.
Usada em câncer colorretal.
🔹 4. Antibióticos Citotóxicos (ciclo-inespecíficos)
Atuam no núcleo, intercalando-se entre as bases do DNA, inibindo enzimas e gerando radicais livres que quebram as fitas de DNA.
🧩 A) Antraciclinas – Doxorrubicina, Daunorrubicina
Fase: Ciclo-inespecífica
Mecanismo:
· Intercalam-se entre as bases do DNA, bloqueando a replicação.
· Inibem a Topoisomerase II, impedindo a religação das fitas cortadas.
· Geram radicais livres, que causam quebras e danos oxidativos.
Toxicidade:
· Cardiotoxicidade cumulativa (monitorar fração de ejeção).
· Mielossupressão, alopecia.
🧩 B) Bleomicina
Fase: G₂ (principalmente)
Onde age: No núcleo, ligando-se ao DNA e ferro → produz radicais livres → causa quebras nas fitas.
Toxicidade:
· Fibrose pulmonar (dose-dependente).
· Mucosite.
🔹 5. Fármacos que Agem sobre os Microtúbulos (FASE M)
Atuam no citoplasma, bloqueando a formação ou a desmontagem dos microtúbulos, estruturas essenciais para a mitose.
🧩 A) Alcaloides da Vinca – Vincristina, Vinblastina, Vinorelbina
Fase do ciclo celular: Fase M (mitose)
Onde age: No citoplasma, ligando-se à β-tubulina, inibindo a polimerização dos microtúbulos.
Mecanismo: impede a formação do fuso mitótico → bloqueio da metáfase → apoptose celular.
Toxicidade:
· Vincristina: neurotoxicidade (neuropatia periférica).
· Vinblastina: mielossupressão.
🧩 B) Taxanos – Paclitaxel, Docetaxel
Fase: Fase M
Onde age: No citoplasma, estabilizando os microtúbulos (impede a despolimerização).
Mecanismo: o fuso mitótico fica rígido → não ocorre separação dos cromossomos → a célula entra em apoptose.
Toxicidade: neutropenia, neuropatia periférica, reações alérgicas (ao solvente).
🔹 6. Inibidores da Topoisomerase (FASES S e G₂)
Essas enzimas cortam e religam o DNA para aliviar sua tensão durante a replicação.
Os fármacos estabilizam o complexo cortado, gerando quebras irreparáveis.
🧩 A) Topoisomerase I – Irinotecano, Topotecano
Fases: S e G₂
Mecanismo:
Ligam-se ao complexo Topoisomerase I–DNA e impedem a religação da fita cortada.
Quando a forquilha de replicação chega, a fita se rompe definitivamente, levando à morte celular.
Ativação: Irinotecano → convertido no fígado em SN-38 (forma ativa).
Toxicidade: diarreia intensa e mielossupressão.
🧩 B) Topoisomerase II – Etoposídeo, Teniposídeo
Fases: S e G₂
Mecanismo:
Estabilizam o complexo Topoisomerase II–DNA após a quebra das duas fitas → impedem religação → acúmulo de quebras duplas → apoptose.
Toxicidade: mielossupressão e risco de leucemia secundária.
🔹 Resumo Rápido – Fase do Ciclo Celular e Local de Ação
	Classe
	Exemplo
	Fase do Ciclo
	Local de Ação
	Mecanismo Principal
	Antagonista do folato
	Metotrexato
	S
	Núcleo (DHFR)
	Inibe síntese de timidina/purinas
	Análogo de pirimidina
	5-FU
	S
	Núcleo (TS)
	Inibe timidilato sintase
	Análogo de citidina
	Citarabina
	S
	Núcleo
	Inibe DNA polimerase
	Análogo de purina
	Fludarabina
	S
	Núcleo
	Bloqueia síntese de purinas
	Alquilantes
	Ciclofosfamida
	Todas
	Núcleo
	Ligações cruzadas no DNA
	PlatinaCisplatina
	Todas
	Núcleo
	Ligações covalentes no DNA
	Antraciclinas
	Doxorrubicina
	Todas
	Núcleo
	Intercalação + inibe Topo II
	Bleomicina
	Bleomicina
	G₂
	Núcleo
	Quebras no DNA via radicais
	Alcaloides da vinca
	Vincristina
	M
	Citoplasma
	Inibe polimerização da tubulina
	Taxanos
	Paclitaxel
	M
	Citoplasma
	Impede despolimerização
	Topoisomerase I
	Irinotecano
	S/G₂
	Núcleo
	Impede religação da fita simples
	Topoisomerase II
	Etoposídeo
	S/G₂
	Núcleo
	Impede religação da fita dupla
🧬 CICLO CELULAR – EXPLICAÇÃO COMPLETA
O ciclo celular é o conjunto de eventos que a célula realiza para crescer, duplicar seu DNA e se dividir, originando duas células-filhas geneticamente idênticas (no caso de células somáticas).
Ele é fundamental tanto para o crescimento e regeneração dos tecidos, quanto para compreender como atuam os fármacos antineoplásicos, já que muitos deles interferem em etapas específicas desse ciclo.
⚙️ Fases do Ciclo Celular
O ciclo é dividido em quatro fases principais (G1, S, G2 e M), além de uma fase de “repouso” chamada G0.
Cada uma possui funções bem definidas:
🔹 Fase G1 (Gap 1 ou Intervalo 1)
· É a fase inicial do ciclo celular, logo após o término da mitose.
· A célula cresce em tamanho, sintetiza proteínas e enzimas necessárias para a replicação do DNA.
· Ocorre a checagem do DNA existente, garantindo que não haja danos antes de seguir para a replicação.
· Ponto de checagem G1/S: se o DNA estiver danificado, o ciclo é interrompido (com ajuda do gene p53) para reparo.
👉 Importância para os antineoplásicos:
Alguns fármacos ciclo-inespecíficos podem atuar aqui, interferindo no crescimento celular e na síntese proteica antes da duplicação do DNA.
🔹 Fase S (Síntese)
· É a fase em que o DNA é duplicado (replicado).
· Cada cromossomo forma uma cópia idêntica, resultando em duas cromátides irmãs.
· Também ocorre a síntese de histonas, proteínas que embalam o DNA recém-formado.
👉 Importância farmacológica:
Essa é a fase-alvo de muitos antimetabólitos, como:
· Metotrexato (inibe síntese de timidina)
· 5-Fluorouracil (bloqueia timidilato sintase)
· Citarabina (inibe DNA polimerase)
Esses medicamentos agem somente em células que estão replicando DNA, o que explica sua maior eficácia em tumores de alta taxa proliferativa.
🔹 Fase G2 (Gap 2 ou Intervalo 2)
· A célula se prepara para a divisão, continuando a crescer e a produzir proteínas e organelas.
· O DNA duplicado é verificado quanto a erros — se houver danos, enzimas de reparo entram em ação.
· Ponto de checagem G2/M: garante que o DNA esteja intacto antes da mitose.
· Genes como Chk1 e Chk2 participam desse controle, junto com o p53.
👉 Importância farmacológica:
Fármacos como Bleomicina (atua principalmente nessa fase) e os inibidores da Topoisomerase I e II (Irinotecano e Etoposídeo) interferem na integridade do DNA e na preparação para a mitose.
🔹 Fase M (Mitose)
· É a fase da divisão celular propriamente dita.
· Ocorre a separação das cromátides irmãs e a formação de duas células-filhas.
· No final, o citoplasma também se divide (citocinese).
· A mitose é dividida em quatro etapas principais: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
🔸 Prófase
· É a primeira etapa da mitose.
· Os cromossomos começam a se condensar, tornando-se visíveis ao microscópio.
· Cada cromossomo aparece como duas cromátides-irmãs unidas pelo centrômero.
· O fuso mitótico começa a se formar a partir dos centrossomos, que migram para polos opostos da célula.
· O núcleolo desaparece e a membrana nuclear começa a se desintegrar.
👉 Resumo: a célula se prepara fisicamente para a separação do material genético.
🔸 Metáfase
· Os cromossomos se alinham no centro da célula, formando a chamada placa metafásica.
· As fibras do fuso mitótico se ligam aos centrômeros dos cromossomos, através de estruturas chamadas cinetocoros.
· Essa é uma fase crítica de checagem, pois a célula só avança se todos os cromossomos estiverem corretamente ligados às fibras do fuso.
👉 Fármacos que agem aqui:
Os Alcaloides da Vinca (Vincristina, Vinblastina) e os Taxanos (Paclitaxel, Docetaxel) impedem o funcionamento do fuso mitótico, bloqueando a célula na metáfase e levando à apoptose.
🔸 Anáfase
· As cromátides-irmãs se separam no centrômero e migram para polos opostos da célula, puxadas pelas fibras do fuso.
· Cada cromátide agora é um novo cromossomo independente.
· É a etapa que garante a distribuição igual do material genético entre as duas células-filhas.
👉 Resumo: o material genético é dividido igualmente.
🔸 Telófase
· Os cromossomos chegam aos polos da célula e começam a descondensar-se (voltam ao estado de cromatina).
· Forma-se uma nova membrana nuclear ao redor de cada conjunto de cromossomos.
· O fuso mitótico desaparece.
· No final da telófase, ocorre a citocinese, que divide o citoplasma e separa completamente as duas novas células.
👉 Resultado final: duas células-filhas geneticamente idênticas à célula original (com o mesmo número de cromossomos).
🔹 Fase G0 (Repouso ou Quiescência)
· Algumas células, ao final do ciclo, saem do ciclo ativo e entram em um estado de repouso (G0).
· Elas não se dividem, mas permanecem metabolicamente ativas.
· Exemplos: neurônios e células musculares.
· Algumas células podem reentrar no ciclo quando estimuladas por fatores de crescimento.
👉 Relevância clínica:
As células em G0 não são atingidas por drogas ciclo-específicas, o que explica por que alguns tumores respondem parcialmente à quimioterapia — nem todas as células estão se dividindo ao mesmo tempo.
📊 Resumo das Fases e Funções
	Fase
	O que acontece
	Ponto de checagem
	Fármacos que agem
	G1
	Crescimento celular e síntese de proteínas
	Verifica danos no DNA antes da replicação
	Alguns ciclo-inespecíficos
	S
	Replicação do DNA
	Corrige erros durante duplicação
	Antimetabólitos (MTX, 5-FU, Citarabina)
	G2
	Preparação para mitose, síntese de proteínas mitóticas
	Verifica DNA duplicado
	Bleomicina, Irinotecano, Etoposídeo
	M
	Divisão celular (prófase, metáfase, anáfase, telófase)
	Alinhamento e separação dos cromossomos
	Vinca (Vincristina), Taxanos (Paclitaxel)
	G0
	Repouso celular
	—
	Células fora do alcance de drogas ciclo-específicas
🔐 Controle e Regulação do Ciclo Celular
O ciclo celular é controlado por proteínas chamadas ciclinas e quinases dependentes de ciclina (CDKs).
Esses complexos ativam ou inibem a progressão entre fases, e seu equilíbrio é essencial para o controle do crescimento celular.
· Ciclinas D, E, A e B: aparecem e desaparecem conforme a fase.
· CDKs (como CDK1, CDK2, CDK4, CDK6): são ativadas pelas ciclinas correspondentes.
· p53: atua como “guardião do genoma”, parando o ciclo quando há dano no DNA.
· p21 e p27: inibem CDKs quando há dano, impedindo que a célula avance.
👉 Quando essas proteínas sofrem mutações ou perdem o controle (como ocorre em tumores), a célula se divide sem limite, originando o câncer.
🧬 OUTROS FÁRMACOS ANTINEOPLÁSICOS
📘 Introdução
O tratamento do câncer evoluiu muito nas últimas décadas, com o desenvolvimento de fármacos que atuam de forma cada vez mais específica sobre as células tumorais.
Além da quimioterapia tradicional, que destrói células que se dividem rapidamente, existem agentes com mecanismos direcionados, capazes de interferir em receptores hormonais, proteínas de crescimento celular e vias de sinalização intracelular.
Esses grupos incluem os agentes hormonais, os anticorpos monoclonais e os inibidores de quinase, fundamentais na oncologia moderna.
🧠 1. AGENTES HORMONAIS
Fármacos hormonais são usados contra tumores cujo crescimento depende de estímulos hormonais, como os de mama, próstata e endométrio. Eles interferem na produção, ação ou ligação dos hormônios às células tumorais.
💊 Agonistas dos Receptores de Glicocorticoides
📘 O que são:
Os glicocorticoides (hormônios produzidos naturalmente pelas glândulas suprarrenais) possuem ação anti-inflamatória e imunossupressora.
⚙️ Mecanismo de ação:
Esses fármacos se ligam a receptores de glicocorticoides no citoplasma das células.
Após a ligação,o complexo formado vai até o núcleo celular, onde ativa genes que produzem proteínas com efeito antiproliferativo (reduzem o crescimento celular) e proapoptótico (induzem a morte da célula tumoral).
💊 Principais fármacos:
Prednisona, Prednisolona e Dexametasona.
📈 Usos clínicos:
Tratamento de leucemias, linfomas e mieloma múltiplo.
A dexametasona também reduz a pressão intracraniana em tumores cerebrais e previne náuseas durante quimioterapia.
⚠️ Efeitos adversos:
Aumento da glicemia, imunossupressão, osteoporose e distúrbios psiquiátricos.
💊 Fármacos no Câncer de Mama
O câncer de mama pode ser hormônio-dependente, ou seja, precisa de estrogênio ou progesterona para crescer.
Por isso, são usados fármacos que bloqueiam os receptores hormonais ou reduzem a produção desses hormônios.
🧬 Moduladores Seletivos dos Receptores de Estrogênio (SERMs)
💊 Exemplo principal: Tamoxifeno.
⚙️ Mecanismo de ação:
O tamoxifeno bloqueia os receptores de estrogênio (RE) nas células do tecido mamário.
Assim, impede que o estrogênio (hormônio feminino) se ligue a esses receptores e estimule a proliferação celular.
Porém, em outros tecidos (como o endométrio e o osso), o tamoxifeno pode agir como agonista parcial, ativando o receptor — o que explica efeitos como aumento da densidade óssea e risco de câncer endometrial.
📈 Usos clínicos:
Câncer de mama receptor de estrogênio positivo (RE+), em pré e pós-menopausa.
⚠️ Efeitos adversos:
Ondas de calor, alterações menstruais, sangramento vaginal e aumento do risco de trombose e câncer endometrial.
🧬 Infrarreguladores Seletivos dos Receptores de Estrogênio (SERDs)
💊 Exemplo: Fulvestranto.
⚙️ Mecanismo de ação:
O fulvestranto é um antagonista puro do receptor de estrogênio.
Ele se liga com alta afinidade ao RE e o inativa completamente, promovendo sua degradação (destruição do receptor dentro da célula tumoral).
📈 Usos clínicos:
Câncer de mama metastático RH positivo em mulheres pós-menopausa.
⚠️ Efeitos adversos:
Náusea, fadiga, dor articular e ondas de calor.
🧬 Inibidores da Aromatase (IA)
💊 Fármacos: Anastrozol, Letrozol e Exemestano.
⚙️ Mecanismo de ação:
A aromatase é uma enzima que converte androgênios (hormônios masculinos) em estrogênios.
Os inibidores da aromatase bloqueiam essa enzima, diminuindo drasticamente a produção de estrogênio e, assim, privando o tumor do estímulo hormonal.
📈 Usos clínicos:
Câncer de mama estrogênio-dependente, principalmente em mulheres pós-menopausa.
⚠️ Efeitos adversos:
Dor articular, osteoporose, ressecamento vaginal e fadiga.
🧬 Agonistas do GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotropina)
💊 Exemplos: Gosserrelina, Leuprorrelina, Triptorelina.
⚙️ Mecanismo de ação:
Quando administrados continuamente, esses fármacos dessensibilizam os receptores de GnRH na hipófise.
Isso reduz a liberação de LH e FSH, o que, por consequência, diminui a produção de estrogênio e testosterona.
📈 Usos clínicos:
Câncer de mama em mulheres premenopáusicas e câncer de próstata.
⚠️ Efeitos adversos:
Sintomas de menopausa, perda óssea e diminuição da libido.
💊 Agonistas do Receptor de Progesterona
💊 Exemplos: Acetato de Medroxiprogesterona, Acetato de Megestrol.
⚙️ Mecanismo de ação:
Ligam-se aos receptores de progesterona no tecido mamário e endometrial, inibindo a proliferação celular.
📈 Usos clínicos:
Câncer de mama e endométrio metastático.
Também melhoram o apetite e o bem-estar em pacientes com câncer avançado.
🧬 Terapia Hormonal no Câncer de Próstata
O crescimento tumoral depende de androgênios (testosterona e di-hidrotestosterona).
A terapia de privação androgênica (TPA) reduz a ação desses hormônios.
💊 Fármacos:
Flutamida, Bicalutamida, Enzalutamida, Apalutamida, Darolutamida.
⚙️ Mecanismo de ação:
Esses fármacos bloqueiam o receptor de androgênio (RA), impedindo que a testosterona se ligue e estimule o crescimento celular.
📈 Usos clínicos:
Câncer de próstata metastático ou resistente à castração.
⚠️ Efeitos adversos:
Ginecomastia, fadiga, diarreia e disfunção sexual.
🧬 2. ANTICORPOS MONOCLONAIS
Os anticorpos monoclonais são proteínas de defesa fabricadas em laboratório.
Eles reconhecem alvos específicos nas células tumorais e bloqueiam seu funcionamento, ativando o sistema imunológico para destruí-las.
💊 Inibidores do EGFR (Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico)
💊 Fármacos: Cetuximabe, Panitumumabe.
⚙️ Mecanismo de ação:
O EGFR é um receptor de superfície que, quando ativado, estimula o crescimento celular.
Esses fármacos se ligam à parte externa do EGFR, bloqueando sua ativação.
Sem o sinal, a célula para de se multiplicar e entra em apoptose.
📈 Usos clínicos:
Câncer de cólon e reto metastático e carcinoma de cabeça e pescoço.
⚠️ Efeitos adversos:
Erupções acneiformes, prurido e hipomagnesemia.
💊 Inibidores do HER2/neu
💊 Fármacos: Trastuzumabe, Pertuzumabe.
⚙️ Mecanismo de ação:
O HER2 é um receptor que estimula o crescimento celular.
Esses fármacos se ligam a ele, impedindo a ativação e a divisão celular.
O sistema imunológico também é ativado para destruir a célula tumoral.
📈 Usos clínicos:
Câncer de mama HER2-positivo e câncer gástrico.
⚠️ Efeitos adversos:
Cardiotoxicidade, exigindo acompanhamento da função cardíaca.
💊 Inibidores do VEGF e do VEGFR
💊 Fármacos: Bevacizumabe, Ramucirumabe.
⚙️ Mecanismo de ação:
O VEGF é um fator que estimula a formação de vasos sanguíneos (angiogênese) para nutrir o tumor.
Esses anticorpos impedem essa formação, bloqueando o suprimento sanguíneo tumoral.
📈 Usos clínicos:
Câncer colorretal, renal, pulmonar e gástrico.
⚠️ Efeitos adversos:
Hipertensão, hemorragia e atraso na cicatrização.
💊 Inibidores do CD20 e Outros Alvos
💊 Fármacos: Rituximabe, Obinutuzumabe, Daratumumabe, Elotuzumabe, Blinatumomabe.
⚙️ Mecanismo de ação:
· Rituximabe e Obinutuzumabe: ligam-se ao CD20 das células B, destruindo-as.
· Daratumumabe: bloqueia CD38, usado no mieloma múltiplo.
· Elotuzumabe: ativa células NK para matar células tumorais.
· Blinatumomabe: conecta células T e B, promovendo a destruição direta.
📈 Usos clínicos:
Linfomas, leucemias e mieloma múltiplo.
⚠️ Efeitos adversos:
Reações à infusão, febre, hipotensão e risco de reativação viral.
🧬 3. INIBIDORES DE QUINASE E TERAPIA-ALVO
As quinases são enzimas que regulam o crescimento celular.
Mutações nelas fazem as células crescerem sem controle.
Os inibidores de quinase bloqueiam o local de ligação do ATP, impedindo que essas enzimas sejam ativadas.
💊 Inibidores da BCR-ABL Quinase
💊 Fármacos: Imatinibe, Dasatinibe, Nilotinibe.
⚙️ Mecanismo de ação:
Esses fármacos inibem a proteína de fusão BCR-ABL, produzida pela translocação do cromossomo Filadélfia — que gera uma quinase permanentemente ativa.
Ao bloquear o sítio de ligação do ATP, eles interrompem o sinal de crescimento celular.
📈 Usos clínicos:
Leucemia mieloide crônica (LMC) e tumores do estroma gastrointestinal (GIST).
⚠️ Efeitos adversos:
Retenção de líquidos, náusea e prolongamento do intervalo QT.
💊 Inibidores da Tirosina Quinase do EGFR
💊 Fármacos: Erlotinibe, Gefitinibe, Afatinibe.
⚙️ Mecanismo de ação:
Bloqueiam o sítio de ligação do ATP no EGFR, impedindo a transmissão de sinais de crescimento celular.
📈 Usos clínicos:
Câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC).
⚠️ Efeitos adversos:
Diarreia, erupções cutâneas e fadiga.
⚠️ Antiácidos reduzem sua absorção.
💊 Inibidores da RAF e MEK
💊 Fármacos: Vemurafenibe, Dabrafenibe, Trametinibe, Cobimetinibe.
⚙️ Mecanismo de ação:
Bloqueiam a via de sinalização RAS–RAF–MEK–ERK, responsável pela proliferação celular.
Inibem especificamente o BRAF mutado (V600E) e a enzima MEK, reduzindo a divisão celular e induzindo apoptose.
📈 Usos clínicos:
Melanoma metastático com mutação BRAF.
⚠️ Efeitos adversos:
Lesões cutâneas, fotossensibilidade e fadiga.
📚 Conclusão
Os agentes hormonais, anticorpos monoclonais e inibidores de quinase representam uma revolução na oncologia moderna.
Eles permitem tratamentos mais específicos e menos tóxicos, focando em alvos moleculares precisos dentro das células cancerosas.
Compreender seusmecanismos de ação é essencial para otimizar resultados terapêuticos e minimizar efeitos adversos.

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