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Tópico 04 Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Resíduos Sólidos 1. Introdução Você pensa no “lixo” que produz no seu dia a dia? Se não, deveria, porque o mundo não suporta mais tanto recurso natural sendo extraído para seu consumo exagerado e nem tem mais lugar para fazer o depósito de tanto lixo produzido. Será que a pessoa com uma consciência maior de educação ambiental produz menos “lixo” e faz escolhas melhores dos produtos que compra? Pense um pouco sobre isso antes de continuar seus estudos. Assista ao vídeo realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, e conheça os dados do último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2016. Nele, são apresentados, dentre outros, os malefícios da gestão inadequada dos resíduos que afetam mais de 78 milhões de brasileiros. Panorama dos Resíduos Sólidos 2016 - ABRPanorama dos Resíduos Sólidos 2016 - ABR…… https://www.youtube.com/watch?v=By2PpicqjMY É evidente que, com o passar dos séculos, a tipologia dos resíduos e rejeitos tende a ser diferente, e com isso, é necessário que haja uma adaptação para saber lidar com esse material, buscando por métodos que reutilizem, o máximo, resíduos e propor melhorias para que diminua o volume de rejeitos. Veja aqui um panorama mais atualizado, de 2018/2019. A composição do “lixo” do início do século XX é a mesma que a do século XXI? Em qual dos dois séculos a composição do lixo é formada mais por materiais plásticos, equipamentos eletrônicos, materiais de isopor, pilhas e bateria de celular? O impacto do descarte destes materiais no meio ambiente é o mesmo que os de matéria orgânica, predominante no início do século XX? Será que é possível reciclar 99% do “lixo” que é produzido pelos habitantes de uma cidade? Surpreenda- se com a resposta ao assistir ao vídeo realizado na cidade de Borás, na região Sul da Suécia. Parte do “lixo” é transformado em energia e os moradores pagam até 50% a menos na conta de luz. Além disso, o transporte público sai 20% mais barato. É possivel ter desenvolvimento sustentável! Basta ter conhecimento e boa vontade. http://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019/ 2. Definição e Classificação de Resíduos Sólidos A palavra “lixo” é uma palavra usada no dia a dia das pessoas, porém ela não é o termo correto. O que vamos usar de agora em diante são as palavras “Resíduos” e “Rejeitos”, pois são estas as palavras corretas para o que vulgarmente chamávamos de “lixo”. Vamos ver o que elas significam. Resíduo sólido, segundo a Lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é todo aquele Cidade de Boras na Suecia reaproveita 99% dCidade de Boras na Suecia reaproveita 99% d…… “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam, para isso, soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”. BRASIL, 2010, p.1 https://www.youtube.com/watch?v=Zy0aProp3r4 Os resíduos sólidos e semissólidos resultam de atividades de diversas origens como, por exemplo, resíduos gerados nas nossas casas/residências e nas indústrias e hospitais (ABNT, 2004). O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2015) relata que resíduo é tudo aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado e reaproveitado. Já rejeito é definido pela Lei 12.305/2010, que institui Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), como sendo todo o resíduo sólido que Logo, rejeito é todo resíduo que não pode ser mais reciclado ou reaproveitado (SEBRAE, 2015). Com o conhecimento do que é resíduo e do que é rejeito, analise as figuras abaixo e identifique o que é resíduo e o que é rejeito. Resíduo ou Rejeito? “[…] depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”. BRASIL, 2010, p.1, grifo nosso Logo, podemos observar que as imagens 1, 2 e 4 são caracterizados como resíduos. Na imagem 1, temos vários plásticos que podem ser triturados e convertidos em sacolas plásticas. Já na imagem 2, temos matérias orgânicas, excelente material para ser utilizado na compostagem, e na imagem 4, uma vez aplicada a logística reversa, partes do aparelho telefônico podem ser reaproveitadas. Na imagem 3, é caracterizado como rejeito, pois se trata de material biológico. Vamos começar falando sobre o s Resíduos Sólidos. Não podemos afirmar que todos eles são iguais, pois há vários tipos de resíduos e eles são classificados de acordo com sua composição química, origem e periculosidade. Vamos conhecê- los? Os resíduos classificados quanto a sua composição química podem ser orgânicos e inorgânicos. Os orgânicos são aqueles “provenientes de matéria viva (animal ou vegetal), como restos de alimentos, podas de jardim, papel, madeira, etc.” (SEBRAE, 2015, p.5). Já os inorgânicos são aqueles provenientes “de origem não viva e derivados especialmente de materiais como o plástico, o vidro, os metais, a borracha, etc.” (p.5). Resíduo orgânico ou inorgânico? Quanto à origem, a Lei 12.305/2010, que institui Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), no seu Art. 13, classifica os resíduos sólidos em 11 tipos: 1. Resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas. 2. Resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. 3. Resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”. 4. Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”. 5. Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”. 6. Resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais. 7. Resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Mais à frente, abordaremos sobre os resíduos sólidos urbanos (RSU). Para finalizar a classificação dos resíduos, falta falar da periculosidade. Segundo a Lei 12.305/2010, que institui Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os resíduos perigosos e não perigosos são: 3. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). 8. Resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. 9. Resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. 10. Resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira. 11. Resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios; […]. BRASIL, 2010, p.1 1. a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea ‘a’. BRASIL, 2010, p.1 Com o crescimento da produção de resíduos e rejeitosna sociedade moderna, o meio ambiente e a saúde humana têm sofrido graves problemas. Esses problemas, dentre outros, são resultados do manejo e destinação inadequada dos resíduos e rejeitos, e também da exploração intensa dos recursos naturais para fabricação dos produtos tão desejados e usados na modernidade. Para tentar organizar a forma como o Brasil lida com os resíduos e rejeitos produzidos, e para poder cobrar dos setores públicos e privados a forma correta de gerenciar seus resíduos e rejeitos, foi criada, no ano de 2010, a Lei nº 12.305, que trata sobre Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010) deixa claro que TODOS têm responsabilidade sobre os resíduos produzidos. Então, já tinha passado pela sua cabeça que VOCÊ é responsável pelo resíduo que produz? Por isso, é importante sempre estudar e adquirir novos conhecimentos, pois eles irão sempre promover novas informações que levarão à maior conscientização e transformação no nosso modo de vida. À frente, vamos estudar um pouco mais sobre o que diz essa a Lei nº 12.305/2010. Antes de continuar a ler, assista ao vídeo para se situar em relação ao problema chamado “lixo” e conhecer, de forma ilustrada, sobre a Lei nº 12.305/2010, que é sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A PNRS apresenta 15 objetivos, sendo que o primeiro já aborda a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Vamos conhecer cada um deles. No Art. 7º da Lei nº 12.305/2010, os 15 objetivos do PNRS são assim definidos: Cidades & Soluções - Política Nacional de ReCidades & Soluções - Política Nacional de Re…… I – proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; II – não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; III – estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; IV – adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; V – redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; VI – incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; VII – gestão integrada de resíduos sólidos; https://www.youtube.com/watch?v=5Wlu0YvQNfQ VIII – articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos; IX – capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; X – regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007; XI – prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: 1. a) produtos reciclados e recicláveis; 2. b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis; XII – integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; XIII – estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; XIV – incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético; XV – estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. A implantação desses objetivos promoverá um mundo melhor para TODOS. É possível colocar em prática todos esses objetivos, mas isso vai depender da força de vontade, da conscientização de que um depende do outro para ter qualidade de vida, e da educação ambiental. Não é fácil, porque, infelizmente, a maioria das pessoas pensa somente no “próprio umbigo”, mas isso está mudando. De acordo com Ecycle (2018, p.1), os objetivos presentes na PNRS são possíveis e viáveis de serem cumpridos, porque, na Lei nº 12.305/2010, há “incentivo à coleta seletiva e à reciclagem, práticas de educação sanitária e ambiental, incentivos fiscais e à logística reversa”; também há incentivo quanto à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e associações de catadores de recicláveis. Para que PNRS seja implantada, não basta somente criar uma lei e pronto. Devem-se criar formas/maneiras de essa lei ser implantada. Para que PNRS saísse do papel e estivesse no dia a dia da população, a própria PNRS deixou escrito o caminho a seguir, ou seja, a criação de um Plano. Este Plano é um documento que contempla um diagnóstico, cenário, diretrizes, estratégias e metas para cada tipo de resíduo. O Plano, que deve ser norteador dos demais, é o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, mesma sigla da Política Nacional de Resíduos Sólidos) cuja elaboração é de responsabilidade da União. Cada Estado brasileiro, em seguida, deveria criar o seu Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) com base na sua realidade. Depois, cada município deveria criar o seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). A PNRS permite que sejam criados planos entre microrregiões ou intermunicípios. O importante é que exista um Plano com o diagnóstico, diretrizes, estratégias e metas para serem seguidas; BRASIL, 2010, p.1 assim, é possível alcançar a redução dos resíduos e sua destinação adequada. Todas essas informações se encontram no Art.14 da Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010). Para ter mais informações sobre o que se deve conter no Plano de Resíduos Sólidos (Planos: Federal, Estadual ou Municipal), acesse os Art. 15, 16, 17, 18 e 19 da Lei nº 12.305/2010. Além da União, Estados e Municípios têm que ter um Plano de Resíduos Sólidos. A Lei nº 12.305/2010 apresenta, no Art. 20, que cada estabelecimento/empresa deve ter um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Preste atenção que agora está sendo falado em “gerenciamento”, ou seja, como ele vai lidar (coleta, transporte, tratamento e destinação final) com os resíduos sólidos e rejeitos. O Plano de Gerenciamento deve estar de acordo com o Plano Municipal Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), e de acordo com o Art. 21 da Lei nº 12.305/2010. Também deve conter: I – descrição do empreendimento ou atividade; II – diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados; III – observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos: a) explicitação dos responsáveis etapa a etapa do gerenciamento de resíduos sólidos; b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador; IV – identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores; V – ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes; VI – metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e reciclagem; VII – se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31; VIII – medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos; IX – periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama. § 1 O plano de gerenciamentode resíduos sólidos atenderá ao disposto no plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos do respectivo Município, sem prejuízo das normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa. § 2 A inexistência do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos não obsta a elaboração, a implementação ou a operacionalização do plano de gerenciamento de resíduos sólidos. § 3 Serão estabelecidos em regulamento: I – normas sobre a exigibilidade e o conteúdo do plano de gerenciamento de resíduos sólidos relativo à atuação de o o o A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi um grande avanço para desenvolvimento sustentável, porque regulamentou a destinação final dos resíduos, tratou da sua gestão, trouxe a obrigatoriedade da logística reversa, deixou claro que todos são responsáveis na gestão dos resíduos (responsabilidade compartilhada), incentivou a indústria de reciclagem, valorizou e cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; II – critérios e procedimentos simplificados para apresentação dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos para microempresas e empresas de pequeno porte, assim consideradas as definidas nos incisos I e II do art. 3 da Lei Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, desde que as atividades por elas desenvolvidas não gerem resíduos perigosos. BRASIL, 2010, p.1 o o Você já teve contato com um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRSS)? Se não, agora é sua chance. Visite o arquivo e saiba como é o PGRSS. Lembre-se que o PGRSS é um “documento que direciona os procedimentos relacionados à gestão dos resíduos, sendo planejado e implementado com embasamento científico e das normas vigentes estabelecidas, visando à minimização da produção dos resíduos, encaminhamento seguro e eficaz dos resíduos gerados, promoção da saúde ocupacional dos envolvidos na sua manipulação, minimização de riscos e preservação da saúde pública e do ambiente”. https://www.sema.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/36/2018/12/Caderno-Banco-de-Dados.pdf incluiu o trabalho tão importante realizado pelos catadores de material reciclável, além de proibir os “lixões” (depósitos de resíduos a céu aberto sem tratamento da área para receber os produtos). Também deu prazo de fechamento dos que existiam até 2014. Para a destinação correta dos rejeitos, deveriam ser construídos aterros sanitários (KONRAD; CALDERAN, 2011). Como toda lei, ainda há muito que se concretizar como, por exemplo, a implantação de aterro sanitário. Os lixões deveriam estar extintos desde 2014, mas ainda existem no nosso país. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2018), o Brasil ainda deposita 40,5% dos resíduos em lugares incorretos como os lixões. Segundo Ecycle (2018, p.1), “um projeto de lei está sendo analisado para uma prorrogação no prazo para substituir os lixões por aterros sanitários até 2024”. Esse tipo de atitude dos nossos governantes (de sempre prorrogar prazos) Assista ao vídeo realizado em 2019 pela Rede Globo. Nele, é relatada a situação dos lixões no Brasil e os problemas causados pela má estruturação dos aterros sanitários, afetando na qualidade de vida da população circunvizinha. Lixões no Brasil | Jornal Nacional - 27/04/20Lixões no Brasil | Jornal Nacional - 27/04/20…… https://www.youtube.com/watch?v=eH_PeM5oivY ainda demonstra pouco conhecimento sobre os efeitos maléficos dos “lixões” para a saúde da população e para qualidade de vida de todos os seres vivos. Nossos políticos não sabem o verdadeiro significado da palavra “Desenvolvimento Sustentável”. 4. Resíduos Sólidos Urbanos Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2011), os resíduos sólidos urbanos (RSU) são compostos pelos resíduos domiciliares e de limpeza urbana. Quais seriam esses resíduos domiciliares? E os de limpeza urbana? Assista também ao vídeo que faz uma análise crítica dos 5 anos após a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nele, é abordado o maior lixão da América Latina: Lixão da Estrutural em Brasília. Vale ressaltar que, em 2018, o lixão de Brasília foi fechado finalmente. Resíduos Sólidos - Momento AmbientalResíduos Sólidos - Momento Ambiental https://www.youtube.com/watch?v=2mYSbkOXl5g Os resíduos domiciliares são compreendidos pelos restos de comidas (matéria orgânica), papel e papelão, plásticos, vidro, metais e outros. Já os de limpeza urbana são decorrentes da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. Você sabia que os RSU podem ser também classificados como resíduos perigosos? Pois é, de acordo com a ABNT NBR 10004:2004, os RSU podem ser classificados como resíduos perigosos (Classe I) e não perigosos (classe II). Os não perigosos ainda são subdivididos em Classe II A (não-inertes) e classe II B (inertes). No ano de 2017, segundo o Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Espírito Santo (2019), o estado gerou cerca 861.308 toneladas de RSU. Sendo que 41% correspondem aos resíduos inertes (classe II B), seguido pelos não-inertes (classe II A) com 36%, e os perigosos (classe I) com 22%. Para melhor entendimento da classificação dos resíduos, acesse o arquivo e dê uma olhada no item 4 da NBR 10004:2004: http://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/normas/ABNT_NBR_n_10004_2004.pdf Evolução da geração estimada de RSU no Espírito Santo. Outro ponto que se pode observar quanto aos RSU é que envolvem uma grande variedade de temas interligados como a questão da logística reversa, da coleta seletiva, da atuação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, da compostagem e da recuperação energética. Sendo assim, a seguir, iremos abordar sobre duas temáticas pouco faladas e colocadas em prática no nosso dia a dia. Compostagem Dos resíduos sólidos gerados no Brasil, 52% é constituído por resíduos orgânicos (IPEA, 2015). Este tipo de material que tem como principal característica a rápida degradação, possui como destino final, na maioria das vezes, os aterros sanitários. Entretanto, neste tipo de ambiente o processo de degradação é basicamente anaeróbio, e tem como consequência a geração de Conheça a Lei nº 12.305/2010 na íntegra. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm produtos indesejáveis, tais como o chorume e o gás metano, ambos causadores de significativa poluição. Além disso, reduz o tempo de vida útil dos aterros e gera despesas que poderiam ser evitadas. Logo, fica evidente que o tratamento da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos é indispensável para eficiência da gestão ambiental das municipalidades brasileiras, de forma que essa classe de resíduos deve ser coletada e tratada em locais adequados, desviando esse material dos aterros e evitando ou diminuindo o volume desperdiçado diariamente nesses ambientes. Uma tática viável e sustentável de desviar os resíduos orgânicos dos aterros sanitários é através da compostagem. A Lei 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos corrobora com tal afirmativa, uma vez que estabelece como a destinação final ambientalmente adequada à compostagem, possibilitando evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, esclarecendo que apenas rejeitos devem ser dispostos nos aterros sanitários. A compostagem trata-se de uma decomposição biológica da substância orgânica biodegradável, sob condições controladas de aerobiose, temperatura e umidade, gerando ao final um produto estável e rico em matéria orgânica (DE BERTOLDI et al., 1983; KIEHL, 2004). Ao final do processo, essa técnica reduz em mais de 60% o volume de resíduo. Dentre os vários tipos de compostagem existentes, alguns estudos indicam a compostagem domiciliar como alternativa promissora para reciclagem da fração orgânica gerada em domicílios (ADHIKARI et al., 2010; EVANS, 2012).Para entender melhor sobre a compostagem, de forma animada, assista ao video: A compostagem domiciliar pode ser entendida como uma alternativa descentralizada de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos de pequena ou média escala. Esse processo utiliza tecnologias de baixo custo e proporciona a redução da quantidade de resíduos no local onde foi gerado e, consequentemente, de resíduos coletados pelo setor de limpeza, ocasionando a minimização nos custos com transportes (MASSUKADO, 2008). Dicas Catraca Livre: Como fazer compostageDicas Catraca Livre: Como fazer compostage…… Ficou interessado no assunto? Veja como construir uma composteira na sua casa. Compostagem: Transforme lixo em adubo paCompostagem: Transforme lixo em adubo pa…… https://www.youtube.com/watch?v=MuLKWv0TdaE https://www.youtube.com/watch?v=Z7OGx0-k3SE A compostagem contribui para o aumento da vida útil de aterros sanitários, reduz os impactos ambientais que estão associados à degradação dos resíduos orgânicos em locais inadequados e diminui investimentos em materiais de infraestrutura e energéticos para o tratamento. Logística Reversa A Logística Reversa (LR) está diretamente relacionada com o que já estudamos, ou seja, com a Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que foi regulamentada pelo decreto n° 7.404/2010. Em seus objetivos, presentes no Art.7, a LR está presente nas alíneas: No Art. 3 da PNRS, a LR é definida como sendo “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010, p.1). Ou seja, o que a indústria produz, após o uso pelo destinatário final, deve retornar para que ela (indústria) “[…] VIII – articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos; XIV – incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético; […]”. BRASIL, 2010, p.1, grifo nosso faça o reaproveitamento e/ou destinação correta sem prejudicar o meio ambiente. Na LR, todos têm responsabilidade compartilhada, ou seja, é uma responsabilidade da indústria que produz, do profissional/cidadão que usa o produto, e do governo (Federal, Estadual e Municipal) que vai gerenciar e fiscalizar todo processo. LR é uma questão de desenvolvimento sustentável e todos os profissionais da área da saúde precisam ter conhecimentos sobre o assunto, além de colocar em prática no dia a dia. Só temos um planeta para viver e precisamos cuidar bem dele! Assista ao vídeo e conheça, de forma divertida, o que é Logística Reversa. Resíduos Sólidos - Coleta Seletiva - LogísticaResíduos Sólidos - Coleta Seletiva - Logística…… Leia o artigo “LOGÍSTICA REVERSA. Sua importância no cenário ambiental, social e econômico” e conheça mais sobre a logística reversa nos diferentes cenários. https://www.youtube.com/watch?v=jYFQGF4dMrs http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/LOG%C3%8DSTICA%20REVERSA_Sua%20import%C3%A2ncia%20no%20cen%C3%A1rio%20ambiental,%20social%20e%20econ%C3%B4mico.pdf http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/LOG%C3%8DSTICA%20REVERSA_Sua%20import%C3%A2ncia%20no%20cen%C3%A1rio%20ambiental,%20social%20e%20econ%C3%B4mico.pdf 5. Conclusão Resíduos e rejeitos são as palavras corretas a serem usadas (ao invés da palavra lixo, que é tão comumente usado no dia a dia). Resíduo é tudo aquilo que pode ser reaproveitado, enquanto rejeito é tudo aquilo que já foi usado e não pode ser mais reciclado ou reaproveitado. Os resíduos e rejeitos são produzidos no dia a dia de todas as profissões e estão aumentando a cada dia, levando a problemas ambientais e de saúde humana gravíssima, quando são manejados e destinados de forma inadequada. No Brasil, para tentar minimizar os problemas com os resíduos e rejeitos produzidos, foi criada a Lei nº 12.305/2010 que trata sobre Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Para efetivação da PNRS, é importante a criação de um Plano, ou seja, de um documento que contempla um diagnóstico, cenário, diretrizes, estratégias e metas para cada tipo de resíduo para União, para Estados e para Municípios brasileiros. Sendo assim, dentre as diversas tipologias de resíduos, temos os de origem urbana que são decorrentes das atividades domésticas e de limpeza pública. Entender sobre os resíduos é fundamental para a sustentabilidade do planeta, uma vez que, identificado e destinado de maneira ambientalmente correta, auxilia na qualidade do meio ambiente e no bem-estar da sociedade. 6. Referências ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. São Paulo-SP: ABRELPE, 2018. ADHIKARI, Bijaya K. et al. Home and community composting for on-site treatment of urban organic waste: perspective for Europe and Canada. Waste Management & Research, v. 28, n. 11, p. 1039-1053, 2010. ALMEIDA, Drielle. LOGÍSTICA REVERSA Sua importância no cenário ambiental, social e econômico. 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