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PRINCIPAIS ASPECTOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO 
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CÁCERES 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS 
CURSO DE DIREITO 
 
PRINCIPAIS ASPECTOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA 
 
Kathiryn Taylor Aparecida Arruda da Silva1 
 
RESUMO 
O presente artigo analisa os principais aspectos da Reforma Tributária aprovada no Brasil em 
2025, destacando suas diretrizes, impactos e desafios. A reforma representa um marco na 
modernização do sistema fiscal brasileiro, com a substituição de tributos como PIS, Cofins, 
IPI, ICMS e ISS por novos impostos sobre consumo: o IBS, a CBS e o Imposto Seletivo. O 
texto discute as mudanças estruturais propostas, como a adoção da não cumulatividade plena, 
o princípio do destino e a criação de fundos de compensação e desenvolvimento regional. A 
pesquisa, de caráter qualitativo e exploratório, evidencia os benefícios esperados, como a 
simplificação tributária, a justiça fiscal e o aumento da competitividade, mas também aponta 
desvantagens, como os impactos no setor de serviços e os desafios da transição. Conclui-se 
que a efetiva implementação da reforma exige governança cooperativa, investimentos em 
tecnologia e atenção à equidade social e regional. 
 
Palavras-chave: Reforma Tributária; Sistema Fiscal Brasileiro; Justiça Fiscal; 
 
INTRODUÇÃO 
A reforma tributária é um dos temas mais recorrentes e complexos do debate público e 
político no Brasil. Historicamente, o sistema tributário brasileiro tem sido objeto de críticas 
tanto por sua elevada complexidade quanto por sua ineficiência econômica e injustiça social. 
O modelo atual, baseado em uma multiplicidade de tributos sobre o consumo, apresenta 
diversas distorções que dificultam o crescimento econômico sustentável e agravam as 
desigualdades sociais e regionais. 
Nesse cenário, a regulamentação da Reforma Tributária brasileira, aprovada pela 
Câmara dos Deputados em dezembro de 2024, representa um marco fundamental para a 
modernização do sistema tributário nacional. O projeto estabelece novos impostos sobre 
consumo, extinguindo tributos antigos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, e propõe uma 
série de mudanças estruturais, incluindo a criação do Imposto Seletivo, novas alíquotas para o 
IVA, redução tributária para setores estratégicos e regras para microempreendedores. Este 
artigo analisa os principais pontos da regulamentação, seus impactos econômicos e sociais, e 
os desafios para sua implementação, destacando a importância da simplificação tributária para 
o crescimento sustentável do Brasil. A expectativa é que a implementação desse modelo traga 
ganhos expressivos de eficiência econômica, segurança jurídica e simplificação tributária. 
1 Aluna do TCC 2, Bacharelando em Direito pela Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT. E-mail: 
kathiryn.taylor@unemat.br. 
 
 
Do ponto de vista federativo, a reforma propõe uma reestruturação significativa do 
modelo de arrecadação e distribuição das receitas tributárias. A transição do princípio da 
origem para o destino beneficiará os estados e municípios menos desenvolvidos, contribuindo 
para a redução das desigualdades regionais. Para garantir estabilidade durante a transição, 
foram instituídos fundos de compensação e desenvolvimento regional, com recursos 
escalonados e vinculados a investimentos produtivos. 
Portanto, visto que a Reforma Tributária brasileira tem sido uma pauta central no 
debate legislativo nos últimos anos, visando à simplificação do sistema tributário, à redução 
da cumulatividade e à melhoria do ambiente de negócios, a aprovação da regulamentação em 
2025 pelo Congresso Nacional configura um avanço decisivo para a implementação do novo 
modelo, que altera a estrutura de cobrança de impostos sobre consumo e amplia benefícios 
fiscais para diversos setores. Este artigo tem por objetivo analisar os principais aspectos dessa 
regulamentação, discutindo suas contribuições e desafios. 
Este trabalho utiliza uma abordagem qualitativa e exploratória, com base em revisão 
documental e bibliográfica. A análise tem caráter descritivo e interpretativo, com o objetivo 
de compreender os fundamentos, as diretrizes e os principais instrumentos da reforma 
tributária em curso. A metodologia adotada permite examinar criticamente as alterações 
propostas, suas implicações práticas e os mecanismos instituídos para viabilizar a transição 
entre os modelos. 
Além disso, tem como objetivo principal analisar os principais aspectos da Reforma 
Tributária brasileira, identificando seus fundamentos, impactos esperados e contribuições para 
a construção de um sistema tributário mais eficiente, justo e transparente. 
A abordagem é feita de forma crítica e fundamentada, valorizando o debate político e 
acadêmico que envolve a reforma tributária, tema de grande relevância para o 
desenvolvimento nacional. 
 
 
 
1. DESAFIOS DO SISTEMA TRIBUTÁRIO 
A complexidade do sistema tributário brasileiro é uma das maiores barreiras ao 
desenvolvimento econômico sustentável. As múltiplas incidências, a burocracia excessiva e a 
dificuldade de cumprimento das obrigações fiscais impactam negativamente os setores 
produtivos e o ambiente de negócios no país. A necessidade de uma reforma ampla já é 
 
reconhecida há décadas, porém só recentemente a regulamentação da proposta avançou 
significativamente na Câmara dos Deputados. 
Além do aspecto econômico, o sistema atual gera desigualdades na forma como tributa 
diferentes grupos sociais e regiões, com prejuízos à justiça fiscal e à inclusão social. A 
reforma tributária visa, portanto, não só modernizar a arrecadação, mas também contribuir 
para a redistribuição de renda e a redução das desigualdades regionais. 
O desafio da reforma é estrutural, exigindo mudanças profundas nos conceitos 
tributários e na forma como a União, estados e municípios arrecadam e partilham os recursos. 
Para tanto, a regulamentação precisa conciliar eficiência, simplicidade, transparência e justiça 
fiscal, respeitando o pacto federativo brasileiro. 
Um dos principais problemas do sistema tributário é a fragmentação das bases 
tributárias. Impostos como o ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins incidem sobre o consumo de 
maneira sobreposta e descoordenada, criando um cenário de insegurança jurídica, guerra 
fiscal e elevado custo de conformidade. As empresas enfrentam dificuldades para calcular 
corretamente seus tributos e sofrem com regimes especiais que variam entre os entes 
federativos. Esse emaranhado normativo compromete a neutralidade tributária e a 
competitividade econômica nacional. 
Além da complexidade normativa, a cumulatividade também se destaca como uma 
grave distorção. Em muitos casos, os tributos incidem sobre etapas anteriores da cadeia 
produtiva sem possibilidade de crédito integral, o que resulta na tributação em cascata. Esse 
fenômeno encarece os produtos finais, penaliza a produção nacional e reduz o potencial 
exportador das empresas brasileiras. A falta de ressarcimento ágil dos créditos acumulados 
agrava ainda mais essa realidade, gerando ineficiências e contenciosos bilionários. 
Outro ponto central é a regressividade do sistema tributário. A maior parte da 
arrecadação no Brasil decorre de tributos sobre o consumo, o que significa que os cidadãos 
mais pobres, proporcionalmente à sua renda, pagam mais impostos que os mais ricos. Essa 
estrutura compromete a função redistributiva do sistema tributário e amplia as desigualdades 
sociais. A ausência de progressividade nos tributos sobre a renda e a riqueza aprofunda esse 
cenário de injustiça fiscal. 
Nesse cenário, surge a Reforma Tributária brasileira, que representa um marco no 
esforço de modernização do sistema fiscal, buscando corrigir distorções históricas que afetam 
a produtividade e a justiça social. Entre os principais objetivos da reforma está a eliminação 
da cumulatividade, da guerra fiscale da litigiosidade excessiva, promovendo maior segurança 
jurídica e transparência. Segundo o Ministério da Fazenda, “a reforma tributária eliminará as 
 
principais distorções causadas pelo atual sistema tributário brasileiro na nossa economia” 
(Brasil, 2023, p. 1). A complexidade do modelo atual, com diferentes tributos sobre o 
consumo, dificulta o ambiente de negócios e gera ineficiências. A simplificação trazida por 
um IVA dual é, portanto, uma solução robusta para tais entraves. 
A proposta de substituição dos tributos atuais por um Imposto sobre Valor Adicionado 
(IVA) dual, composto pela CBS (federal) e o IBS (estadual e municipal), visa garantir maior 
simplicidade e uniformidade na tributação do consumo. A base de incidência será ampla, 
cobrindo operações com bens materiais, imateriais, direitos e serviços. Além disso, será 
adotada a tributação no destino, o que beneficia regiões menos desenvolvidas e contribui para 
reduzir desigualdades regionais. Esse novo arranjo combate a guerra fiscal, que hoje “leva a 
uma situação em que todos perdem” (Brasil, 2023, p. 3). A mudança de paradigma exige 
ajustes nos modelos de arrecadação, mas promete ganhos substanciais de eficiência 
econômica. 
A atual estrutura tributária, marcada por múltiplas legislações (27 para ICMS e mais 
de 5.500 para o ISS), impõe um “altíssimo custo burocrático” ao contribuinte (Brasil, 2023, p. 
3). A padronização da legislação do IBS e da CBS permitirá uma sistemática unificada e 
compreensível, com redução dos custos de conformidade e da insegurança jurídica. O novo 
modelo adota a cobrança "por fora", ou seja, o tributo será explicitamente destacado na nota 
fiscal, permitindo ao cidadão conhecer exatamente quanto está pagando. Isso representa um 
avanço em cidadania fiscal, ao permitir “que as pessoas possam atuar de forma mais efetiva 
no exercício da cidadania” (Brasil, 2023, p. 2). 
A Reforma Tributária também apresenta soluções para a cumulatividade, problema 
que onera os investimentos e a produção nacional. Hoje, há tributos cumulativos como o 
PIS/Cofins e o ISS, além de restrições à apropriação de créditos nos tributos não cumulativos 
como o ICMS. Com a CBS e o IBS, será adotada a “não cumulatividade plena”, com direito 
imediato a créditos, inclusive sobre bens de uso e consumo (Brasil, 2023, p. 5). Esse 
mecanismo garante que o imposto incida apenas sobre o valor agregado e não sobre toda a 
cadeia produtiva, tornando a economia mais competitiva, especialmente no cenário 
internacional. 
A adoção do princípio do destino também transforma a lógica de arrecadação, pois 
transfere a receita tributária para o local do consumo. Com isso, estados e municípios menos 
industrializados terão aumento na arrecadação. “Hoje, a diferença de receitas entre os 
municípios mais ricos e os mais pobres é de 200 vezes, e passará para 15 vezes com a 
reforma” (Brasil, 2023, p. 6). Essa redistribuição de receitas reduz desigualdades e fortalece a 
 
capacidade de investimento de regiões historicamente desfavorecidas. A mudança, no entanto, 
requer uma transição federativa equilibrada e sustentada por fundos de compensação. 
Um ponto de destaque é a criação do Imposto Seletivo, de caráter extrafiscal, que 
incidirá sobre bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Esse imposto 
substituirá o IPI e manterá a função regulatória, desestimulando o consumo de produtos como 
cigarro e bebidas alcoólicas. O novo tributo “não tem finalidade arrecadatória”, sendo usado 
para fins de política pública (Brasil, 2023, p. 23). A vinculação de receitas do Imposto 
Relativo às destinações do IPI será mantida, assegurando a continuidade dos repasses aos 
fundos constitucionais. 
 
2. APRIMORAMENTO DA GOVERNANÇA TRIBUTÁRIA 
A reforma também aprimora a estrutura de governança tributária com a criação do 
Conselho Federativo do IBS, composto por representantes de todos os estados e municípios. 
Esse conselho técnico terá a função de arrecadar, compensar e distribuir as receitas, além de 
uniformizar a aplicação das regras. “As deliberações no âmbito do Conselho Federativo serão 
consideradas aprovadas se obtiverem [...] a maioria absoluta dos representantes dos estados e 
mais de 60% da população do país” (Brasil, 2023, p. 10). Esse arranjo promove o federalismo 
cooperativo e evita disputas judiciais entre os entes, aumentando a segurança jurídica. 
O Fundo de Desenvolvimento Regional será um dos principais instrumentos para 
combater desigualdades territoriais. Financiado pela União, o fundo terá valores crescentes até 
atingir R$40 bilhões anuais a partir de 2033. “Os recursos serão destinados a projetos de 
infraestrutura, geração de empregos e inovação tecnológica” (Brasil, 2023, p. 19). A 
priorização de ações com impacto ambiental e social evidencia o caráter inclusivo da reforma. 
Estados do Norte e Nordeste, historicamente prejudicados pela lógica da arrecadação na 
origem, terão no fundo uma compensação essencial para impulsionar o desenvolvimento 
regional. 
A Reforma também institui o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais, voltado 
às empresas que obtiveram isenções e incentivos do ICMS até maio de 2023. O objetivo é 
indenizar perdas decorrentes da substituição do ICMS pelo IBS. “A compensação somente se 
aplica aos titulares de benefícios onerosos do ICMS regularmente concedidos” (Brasil, 2023, 
p. 21). A transição entre os regimes será feita entre 2025 e 2032, com aportes da União em 
valores decrescentes. Isso assegura a previsibilidade aos negócios que fizeram investimentos 
baseados nas regras anteriores, protegendo a confiança legítima dos contribuintes. 
 
 
3. A REGULAMENTAÇÃO DA PROPOSTA - 2025 
3.1. Contexto e principais mudanças da regulamentação 
A Reforma Tributária brasileira é uma resposta às complexidades históricas que 
permeiam o sistema fiscal nacional. Conforme destacado, o sistema vigente apresenta alta 
cumulatividade e burocracia, o que dificulta o ambiente de negócios e impacta negativamente 
o crescimento econômico (Brasil, 2025). 
A Câmara dos Deputados aprovou em dezembro de 2024 a regulamentação da reforma 
pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, estabelecendo as bases para a substituição 
de tributos tradicionais federais, estaduais e municipais por impostos unificados, buscando 
maior transparência e eficiência (Brasil, 2024). 
Essa modernização visa adequar o sistema tributário às demandas atuais, 
simplificando a arrecadação e facilitando o cumprimento das obrigações fiscais por parte dos 
contribuintes, especialmente micro e pequenos empreendedores. A regulamentação traz ainda 
mecanismos para a transição gradual, considerando a necessidade de adaptação do sistema 
tecnológico e operacional das administrações tributárias, visando a redução de impactos 
negativos durante a implementação. 
Ao integrar impostos e criar um comitê gestor com representação de União, estados e 
municípios, a reforma busca fortalecer a cooperação federativa e garantir a participação 
democrática, inclusive com atenção à diversidade, conforme previsto na lei. 
Diante desse cenário, é fundamental analisar os principais pontos da regulamentação, 
seus efeitos no sistema tributário e os desafios para garantir que as transformações propostas 
possam gerar benefícios econômicos e sociais sustentáveis. 
Em primeiro lugar, a regulamentação da reforma extingue os tributos PIS, Cofins, IPI, 
ICMS e ISS, substituindo-os por três novos impostos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), 
a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (Brasil, 2025). 
Essa substituição traz uma mudança estrutural no modelo tributário brasileiro, com o 
objetivo de simplificar a cobrança e evitar a cumulatividade de impostos que sobrecarrega a 
cadeia produtiva. O IBS e a CBS, por sua vez, abrangem todas as etapas de produção e 
circulação de bens e serviços, com o mecanismo de crédito tributário para evitaro efeito 
cascata. O Imposto Seletivo, focado em produtos com externalidades negativas como tabaco e 
bebidas alcoólicas, visa desestimular o consumo desses bens prejudiciais à saúde pública e ao 
meio ambiente, contribuindo para políticas públicas voltadas ao bem-estar social. 
Além disso, a regulamentação prevê alíquotas uniformes para o IBS, dentro de uma 
faixa estabelecida entre 26,5% e 28,6%, buscando harmonizar a tributação entre estados e 
 
municípios e promover maior previsibilidade para contribuintes e governos locais. O projeto 
inclui mecanismos para benefícios fiscais e estímulos setoriais, principalmente para setores 
que representam grande peso na economia nacional, como o agronegócio e a saúde, para 
incentivar o desenvolvimento econômico e a inovação. 
Outro ponto importante é a isenção do IBS para microempreendedores individuais que 
faturam até R$40,5 mil ao ano, medida que visa ampliar a formalização e inclusão econômica, 
promovendo justiça social e cidadania fiscal. A regulamentação também delimita que no 
máximo 1% da arrecadação do IBS será destinado aos fundos estaduais de combate à pobreza, 
uma restrição que pode impactar a capacidade dos estados de financiar políticas sociais 
essenciais, especialmente em regiões com maior vulnerabilidade. 
A criação do Comitê Gestor do IBS, composto por representantes da União, estados e 
municípios, é uma inovação institucional que busca garantir uma gestão compartilhada, 
transparente e eficiente do novo imposto, contemplando diversidade de gênero e 
representação social. Além disso, são previstas fases de transição para que os sistemas 
tecnológicos, operacionais e administrativos das administrações tributárias possam se adaptar 
às novas regras, evitando rupturas e minimizando impactos negativos no curto prazo. 
 
3.2. Impactos econômicos e sociais da reforma 
A eliminação da cumulatividade prevista pela regulamentação tende a reduzir o custo 
final dos bens e serviços ao consumidor. A incidência única e uniforme do IBS sobre o 
consumo pode diminuir o efeito cascata que atualmente eleva os preços e dificulta a 
competitividade dos produtos nacionais (Brasil, 2025). 
Essa simplificação também reduz a burocracia fiscal para as empresas, que hoje 
enfrentam múltiplas obrigações acessórias e sistemas variados conforme a esfera de governo. 
Especialmente para pequenos negócios, essa mudança pode representar uma melhora 
significativa no ambiente de negócios, incentivando o empreendedorismo. O estabelecimento 
de alíquotas fixas para o IBS traz maior previsibilidade e segurança jurídica, aspectos 
essenciais para o planejamento estratégico das empresas e para a atração de investimentos, 
inclusive estrangeiros. A previsão de incentivos fiscais para setores estratégicos, como saúde, 
agronegócio e comércio varejista, representa um estímulo ao desenvolvimento econômico 
sustentável, além de potencializar a geração de emprego e renda em áreas prioritárias. A 
isenção para microempreendedores individuais têm um efeito direto na ampliação da base 
formal da economia, conferindo maior acesso a direitos trabalhistas e previdenciários, além de 
fortalecer a inclusão social e reduzir a informalidade. 
 
No entanto, a limitação da destinação de recursos para os fundos estaduais de combate 
à pobreza pode restringir o financiamento de políticas públicas essenciais para a redução das 
desigualdades regionais, o que exige atenção por parte dos gestores públicos (Brasil, 2025). O 
Imposto Seletivo, ao onerar produtos prejudiciais, contribui para a saúde pública e para a 
preservação ambiental, ao desencorajar o consumo desses bens e internalizar os custos sociais 
e ambientais decorrentes. 
A transição para o novo sistema tributário exige investimentos em capacitação e 
tecnologia para que a fiscalização e arrecadação sejam eficazes, minimizando riscos de evasão 
fiscal e conflitos administrativos. A coordenação entre os entes federativos é fundamental 
para a distribuição adequada das receitas e para a harmonização das políticas tributárias, 
garantindo o equilíbrio fiscal e o respeito ao pacto federativo. Por fim, o sucesso da reforma 
dependerá da conjugação entre eficiência econômica, justiça fiscal e inclusão social, 
assegurando que as mudanças estruturais beneficiem toda a sociedade brasileira. 
 
4. BENEFÍCIOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA 2025 
A Reforma Tributária que será implementada em 2025 no Brasil tem como objetivo 
principal atualizar e modernizar o sistema fiscal vigente, que atualmente é reconhecido pela 
sua complexidade e burocracia excessiva. Um dos benefícios mais importantes dessa reforma 
é a simplificação da cadeia tributária (Mello, 2025). Essa simplificação visa desburocratizar 
os processos relacionados ao pagamento de impostos, reduzindo tanto o tempo quanto os 
recursos financeiros que as empresas precisam dedicar ao cumprimento das obrigações 
fiscais. O impacto dessa medida é significativo, pois contribui para a diminuição da carga 
administrativa que pesa sobre os empresários, facilitando o ambiente de negócios. 
Além da simplificação, a reforma prevê um aumento da competitividade dos setores 
produtivos brasileiros no mercado global. Um sistema tributário mais simples e eficiente 
estimula as empresas a investir em inovação e expansão, pois reduz custos operacionais e 
aumenta a previsibilidade das despesas. Com isso, espera-se que o país possa crescer 
economicamente de forma mais sustentável, aproveitando melhor suas potencialidades 
produtivas e fortalecendo sua posição no comércio internacional (Mello, 2025). A maior 
competitividade, por sua vez, pode gerar um ciclo virtuoso de desenvolvimento e geração de 
empregos. Outro aspecto fundamental da reforma é a redução dos custos empresariais 
associados à tributação. Segundo o CEO do Tax Group, cerca de 1,2% dos custos totais das 
empresas brasileiras estão ligados ao pagamento de impostos, considerando gastos diretos e 
indiretos, como despesas com softwares fiscais, consultorias, auditorias e equipes 
 
especializadas (Mello, 2025). Essa porcentagem representa um peso considerável, 
especialmente para pequenas e médias empresas, que muitas vezes enfrentam maiores 
dificuldades para administrar esses encargos. A diminuição desses custos pode liberar 
recursos para investimentos produtivos e inovação. 
A segurança jurídica é também um dos pilares do novo modelo tributário. A clareza e 
a previsibilidade das regras tributárias são essenciais para garantir um ambiente estável e 
confiável para os investidores e empresários. Quando as normas fiscais são bem definidas e 
aplicadas de maneira uniforme, os riscos de interpretações divergentes e litígios diminuem 
significativamente. Esse cenário atrai investimentos nacionais e estrangeiros, pois reduz a 
incerteza que historicamente tem sido um dos maiores obstáculos para o crescimento 
econômico no Brasil. 
Além de beneficiar as empresas, a reforma também deve impactar positivamente a 
geração de empregos e o aumento da renda (Mello, 2025). Um ambiente tributário mais 
favorável estimula a formalização das atividades econômicas e a expansão dos negócios, 
criando novas oportunidades de trabalho. A perspectiva de crescimento econômico, aliada a 
um sistema tributário mais justo e eficiente, pode contribuir para a melhoria das condições de 
vida da população, reduzindo desigualdades e fortalecendo a economia interna. 
Por fim, a reforma busca ampliar a transparência fiscal, facilitando o acesso da 
população às informações sobre os impostos embutidos nos produtos e serviços. A clareza 
nesse aspecto é fundamental para aumentar a consciência fiscal dos cidadãos, que passam a 
entender melhor o peso dos tributos e a importância de sua arrecadação para o financiamento 
das políticas públicas. A transparência contribui para a construção de uma relação mais direta 
e responsável entre o Estado e a sociedade, incentivando a cidadaniaativa e o controle social. 
 
5. DESVANTAGENS DA REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL 
A Reforma Tributária prevista para 2025 traz, além de avanços, desafios e 
desvantagens para diversos setores da economia brasileira. Um dos principais pontos é o 
aumento da carga tributária para alguns segmentos, sobretudo o setor de serviços. Essa 
possível elevação pode gerar impactos negativos sobre a competitividade das empresas, que 
terão seus custos aumentados, dificultando sua atuação no mercado. Além disso, a carga 
tributária maior pode refletir diretamente no preço final dos serviços, afetando os 
consumidores e reduzindo o consumo. 
Outro aspecto importante a considerar é que a concentração tributária em menos 
tributos, como o IVA Dual, embora vise simplificar o sistema, pode acarretar em alíquotas 
 
mais elevadas para setores que hoje têm regimes diferenciados. Tal cenário pode provocar 
uma redistribuição do ônus tributário que nem sempre é favorável a todos os segmentos 
econômicos, exigindo atenção das empresas para o planejamento financeiro e tributário. A 
complexidade dessa transição pode afetar especialmente empresas de menor porte, que 
contam com menos recursos para absorver essas mudanças. 
Além disso, é importante destacar que o setor de serviços é um dos maiores 
responsáveis pela geração de emprego no Brasil. O aumento da carga tributária nesse setor, 
portanto, pode impactar a criação de vagas e o crescimento econômico regional. Essa 
preocupação destaca a necessidade de acompanhamento criterioso e ajustes futuros na 
reforma para minimizar efeitos negativos, preservando a sustentabilidade dos negócios e a 
capacidade de gerar renda. 
Segundo Mello (2025), “certos segmentos da economia, como o de serviços, podem 
enfrentar um aumento na carga tributária devido à unificação de cinco tributos em dois, o 
Imposto sobre Valor Adicionado (IVA Dual), com possíveis alíquotas mais elevadas”. Essa 
alteração pode impactar a competitividade das empresas desse setor, que poderão ter custos 
mais elevados e maior pressão sobre suas margens. 
Além do aumento da carga tributária, o período de transição previsto para a 
implementação da reforma também apresenta desafios importantes. O período de até sete anos 
para a adaptação significa que empresas terão que conviver simultaneamente com regras 
antigas e novas, exigindo adequações contínuas nos sistemas de gestão tributária. Esse cenário 
aumenta a complexidade administrativa e pode resultar em insegurança jurídica, dificultando 
o planejamento estratégico das organizações. 
Ademais, a coexistência dos sistemas tributários pode representar uma sobrecarga 
burocrática para o fisco e para as empresas, com duplicidade de obrigações acessórias e 
fiscalização. Tal situação pode elevar o risco de erros e autuações, gerando custos adicionais e 
demandando maior atenção das equipes responsáveis pelo cumprimento fiscal. Em especial, 
empresas de médio porte podem sentir esse impacto com mais intensidade, pois dispõem de 
menos estrutura para lidar com burocracias complexas. 
Outra consequência dessa coexistência prolongada é o atraso na plena implementação 
dos benefícios prometidos pela reforma, como simplificação e redução de custos. Durante o 
período de transição, os ganhos reais poderão ser diluídos ou mesmo inexistentes, uma vez 
que a complexidade e os custos serão mantidos em níveis elevados até a consolidação do novo 
sistema tributário. Conforme aponta Mello (2025), “a coexistência de dois sistemas 
tributários, aumentando os custos de cumprimento de obrigações tributárias para as empresas, 
 
que terão que lidar com as regras do sistema antigo enquanto se adaptam às do novo”. Essa 
dupla exigência burocrática pode gerar incertezas e dificuldades operacionais, principalmente 
para micro e pequenas empresas que dispõem de menos recursos para adaptação. 
Outro ponto que merece atenção é a monetização dos saldos credores acumulados no 
regime tributário vigente, que deve ser feita rapidamente para que as empresas possam se 
adequar às novas regras. Essa necessidade impõe uma pressão financeira sobre as 
organizações, que precisam transformar créditos tributários acumulados em caixa ou outros 
ativos líquidos. Essa operação, embora necessária, pode afetar a liquidez e o planejamento 
financeiro das empresas, limitando sua capacidade de investimento e operação no curto prazo. 
Além disso, o processo de monetização pode ser complexo e envolver negociações 
com o fisco, dependência de procedimentos administrativos e riscos de interpretações 
divergentes sobre créditos acumulados. Para empresas com grande volume de créditos, esse 
processo pode significar um impacto significativo nas finanças, exigindo atenção e estratégias 
específicas para minimizar efeitos negativos. 
Por fim, a monetização rápida pode não ser adequada para todas as empresas, 
especialmente aquelas em situação financeira delicada, que poderão enfrentar dificuldades 
para realizar esses procedimentos sem comprometer a continuidade do negócio. Portanto, essa 
desvantagem requer políticas de apoio e mecanismos de mitigação para evitar impactos 
econômicos mais graves. 
Mello (2025) destaca que “a necessidade de monetizar rapidamente saldos credores 
acumulados de tributos sob o regime atual pode acarretar em desafios financeiros para as 
empresas”. Isso significa que as companhias podem enfrentar dificuldades no fluxo de caixa e 
no planejamento financeiro durante o processo de transição. Essa pressão pode afetar sua 
capacidade de investimento e até a sobrevivência de negócios mais fragilizados. 
Além disso, o processo de adequação ao novo sistema tributário implica um aumento 
dos custos operacionais. As empresas precisarão investir na configuração de seus sistemas 
internos, treinamento de equipes e contratação de consultorias especializadas para cumprir as 
novas normas. Essa adaptação pode representar um gasto elevado e inesperado, sobretudo em 
setores com margens menores, dificultando o ajuste rápido e eficiente. Também é importante 
considerar o impacto no quadro de funcionários, uma vez que o aumento da complexidade 
tributária pode exigir a contratação de profissionais especializados ou capacitação dos 
existentes. Esse fator pode ampliar os custos fixos das empresas e afetar sua estrutura 
organizacional, gerando necessidade de maior investimento em recursos humanos. 
 
Por fim, a oneração dos custos operacionais pode reduzir a competitividade das 
empresas brasileiras no mercado global, caso não seja acompanhada de outras políticas de 
incentivo e suporte. O equilíbrio entre simplificação tributária e redução dos custos indiretos é 
fundamental para garantir que os benefícios da reforma se traduzam em ganhos reais para a 
economia. Segundo Mello (2025), “com a necessidade de configurar e organizar o novo 
regramento fiscal nos sistemas das companhias, haverá uma oneração dos custos 
operacionais”. Essa oneração pode ser um entrave, sobretudo para as organizações de menor 
porte, que precisam gerenciar com cuidado seu orçamento para não comprometer a 
competitividade no mercado. 
Portanto, apesar das melhorias propostas pela Reforma Tributária, é essencial 
considerar suas desvantagens e os impactos que podem surgir durante o processo de 
implementação, para que os agentes econômicos possam se preparar adequadamente. A 
compreensão desses desafios permite o desenvolvimento de estratégias que minimizem riscos 
e potencializem os benefícios futuros. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A regulamentação da Reforma Tributária aprovada pela Câmara dos Deputados em 
2025 marca um avanço importante na simplificação e modernização do sistema tributário 
brasileiro. O novo modelo unifica tributos dispersos em impostos sobre consumo, elimina a 
cumulatividade e busca ampliar a formalização da economia, com impacto positivo sobre a 
competitividade e o crescimento econômico. Os mecanismos para incentivarsetores 
estratégicos e proteger microempreendedores indicam preocupação com a justiça fiscal e 
inclusão social. A composição do Comitê Gestor do IBS evidencia a busca por uma 
governança compartilhada, transparente e plural, fundamental para a gestão eficiente e 
democrática do sistema tributário. 
Entretanto, a limitação da destinação de recursos para fundos sociais destaca a 
necessidade de ajustes futuros e complementação das políticas públicas para garantir proteção 
social. A implementação da reforma requer atenção a desafios técnicos, políticos e sociais 
para que os benefícios sejam efetivamente alcançados. Por meio da cooperação federativa, 
investimento em tecnologia e capacitação, e diálogo com a sociedade, a reforma poderá 
contribuir para um sistema tributário mais justo, eficiente e sustentável. 
Portanto, a Reforma Tributária brasileira, ao promover maior justiça, transparência, 
simplificação e eficiência, representa uma mudança de paradigma. A transição para um 
sistema baseado em valor agregado com incidência no destino corrige distorções históricas e 
 
prepara o país para os desafios do século XXI. Os mecanismos de compensação, os regimes 
favorecidos e a preservação das vinculações constitucionais demonstram que é possível 
conciliar desenvolvimento com responsabilidade fiscal e justiça social. A implementação 
cuidadosa da reforma poderá, de fato, gerar os impactos positivos esperados: crescimento 
econômico, geração de empregos e redução das desigualdades. 
Diante do exposto, é possível afirmar que a Reforma Tributária de 2025 oferece uma 
oportunidade ímpar para a modernização do sistema tributário brasileiro, desde que suas 
desvantagens sejam cuidadosamente gerenciadas e acompanhadas por medidas que 
promovam a equidade e a eficiência. A adequação dos setores afetados e o suporte 
governamental serão fundamentais para que as expectativas positivas se concretizem e para 
que o Brasil possa avançar rumo a um ambiente tributário mais justo, transparente e 
estimulante para o desenvolvimento econômico. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Fazenda. Reforma Tributária: perguntas e respostas. Brasília: 
Ministério da Fazenda, 2023. Disponível em: 
https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/reforma-tributaria/
arquivos/perguntas-e-respostas-reforma-tributaria_.pdf. Acesso em: 15 mai. 2025. 
 
BRASIL. Projeto de Lei Complementar nº 68, de 2024. Institui o Imposto sobre Bens e 
Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS); 
cria o Comitê Gestor do IBS e altera a legislação tributária. Câmara dos Deputados, 2024. 
Disponível em: 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2430143. 
Acesso em: 15 mai. 2025. 
 
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Regulamentação da Reforma Tributária. 
Brasília: Câmara dos Deputados, 2025. 
 
MELLO, Anderson. Regulamentação da Reforma Tributária: confira os principais pontos. 
Tax Group. 7 jan. 2025. Disponível em: 
https://www.taxgroup.com.br/intelligence/regulamentacao-da-reforma-tributaria-confira-os-pr
incipais-pontos/. Acesso em: 15 mai. 2025. 
 
MELLO, Anderson. Reforma Tributária 2025: principais pontos e o que falta para entrar em 
vigor. Tax Group, 16 maio 2025. Disponível em: 
https://www.taxgroup.com.br/intelligence/reforma-tributaria-2025-principais-pontos-e-o-que-f
alta-para-entrar-em-vigor/. Acesso em: 25 mai. 2025. 
https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/reforma-tributaria/arquivos/perguntas-e-respostas-reforma-tributaria_.pdf
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https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2430143
https://www.taxgroup.com.br/intelligence/regulamentacao-da-reforma-tributaria-confira-os-principais-pontos/
https://www.taxgroup.com.br/intelligence/regulamentacao-da-reforma-tributaria-confira-os-principais-pontos/
https://www.taxgroup.com.br/intelligence/reforma-tributaria-2025-principais-pontos-e-o-que-falta-para-entrar-em-vigor/
https://www.taxgroup.com.br/intelligence/reforma-tributaria-2025-principais-pontos-e-o-que-falta-para-entrar-em-vigor/

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