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Júlia Cedraz Resumo PMSUS V (AVI) Manejo da Dor no SUS Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI A dor é uma experiência sensorial, sensitiva e emocional associada a sensação desagradável por uma lesão real ou potencial. ▪ Problema de saúde pública mundial: ocasiona estresse físico e emocional, altos custos financeiros e sociais para a população e serviços envolve fatores biológicos, emocionais e sociais. Quando se torna crônico, sua avaliação e manejo requer abordagem multidimensional em todos os níveis do SUS ▪ Equipe multiprofissional objetivo de reduzir o sofrimento e promover melhorias na qualidade d vida e na funcionalidade do individuo, olhar realista com experiencia da pessoa com a doença, prevenção e promoção, projeto comum de cuidado entre o profissional e paciente garantindo melhor adesão ao plano, múltiplas abordagens com efeitos significativos na redução da dor e melhora na capacidade funcional e expectativas dos indivíduos com metas realistas eliminando a dor ou reduzindo a níveis aceitáveis (aumento da autonomia e funcionalidade) ▪ Impacto na experiencia da dor e nas opções de tratamento: status socioeconômico, território, acesso aos cuidados, disponibilidade de atividade física e aspectos culturais. Ela deve ser tratada integralmente nos diferentes ciclos de vida ▪ Condições crônicas não transmissíveis (CCNT) dor como prevalente e responsável pela incapacitação e altos custos do sistema o Epidemiologia prevalência mundial de 55% e no Brasil 35%. Sendo dor crônica responsável por 40% e a mais comum lombalgia. Maior prevalência em mulher de 45 a 65 anos ▪ A descrição verbal não é a única forma exclusiva de expressar a dor, a incapacidade de se comunicar não impede a possibilidade de sentir dor Tipo e Classificação de Dor 1. Diagnóstico FUNDAMENTAL QUE O PROFISSIONAL AGREGUE NO PROCESSOS DE DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E MONITORAMENTO os determinantes e reconhecer marcadores sociais como identidade de gênero, etnia, orientação sexual, questão laboral e iniquidade sociais e econômicas, como indicadores de saude a. Anamnese avaliar quanto a duração, localização, histórico, intensidade, qualidade, padrão, periodicidade, fatores de melhora e piora, antecedentes. Uma dor crônica pode ser causada por processo de discriminação racial, de gênero, de orientação sexual e iniquidades sociais que somatizam e se expressam em corpos biológicos como cefaleia de repetição, muscular e taquicardia b. Exame físico deve seguir a propedêutica da inspeção, palpação, marcha, testes especiais e neurológicos. Chama atenção para exame físico musculoesquelético identificando assimetrias segmentares, dimensões e deformidades (sendo diferença > 1 cm já é considerada como significativa). Avaliar se necessita de auxílio para marcha, diferentes posições e pontos dolorosos. Ale xamã físico neurológico avaliar forca, sensibilidade e reflexos. 2. Duração a. Aguda mecanismo de defesa para evitar agravamento de lesão recente b. Crônica > 3 meses, associada a processo patológico crônico que causa dor continua ou recorrente. Associada a inabilidade do corpo em Manejo da Dor no SUS Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI curar a disfunção. A lesão associada pode ultrapassar a capacidade do organismo em cura impendido que o sistema nervoso se restabeleça ao estado normal. Reduz atividade de vida diária, limita contato social, influencia negativamente na sua qualidade de vida 3. Localização 4. Histórico da dor história pregressa e atual, fatores desencadeadores e perturbadores da dor, resultado aos tratamentos prévios 5. Intensidade descritor verbal e escala numérica de dor. Nenhuma escala é padrão outro sendo necessário avaliar qual ferramenta melhor se adequa a pessoa. EVA mais conhecida e usada Questionários e escalas Escala Numérica verbal acima de 6 anos e adultos alfabetizados sem limitações cognitivas, sendo questionado de 0 a 10. 1 a 3 dor leve, 4 a 6 dor moderada, 7 a 9 dor intensa e 10 insuportável Escala visual analógica (EVA): 0 a 1 leve, 3 a 7 moderada, 8 a 10 intensa Escala BPS ou comportamental: paciente crítico, sedado, inconsciente ou com dificuldade de comunicação sob ventilação mecânica invasiva. Avalia-se a expressão facial membros superiores e adaptação a ventilação mecânica Escala de PAINAD em grupos específicos de adultos com alteração cognitiva, períodos de confusão, demência. Avalia-se a respiração, vocalização negativa, expressão facial, corporal e consolo 6. Características a. Nociceptiva lesão que acomete nociceptor: tipo profunda, peso, pontada, lateja e bem localizada b. Neuropática lesão em SNC (inervação em nervo, tronco, plexo) do tipo queimação, choque, amortecimento, alfinetada, agulhada e coceira c. Nociplástica hipersensibilidade em tecido não lesionado do tipo peso, tensão e dolorido d. Pode ainda ser misto e oncológico e. Fator importante sobre a perpetuação da dor crônica: estresse aumenta a tensão, levando a hiperatividade vegetativa e aumentando sensibilidade do receptor (pode levar a síndrome de dor miofacial 7. Padrão da dor a. Mecânico intensifica ao longo do dia com realização de sobrecarga articular e melhora ao repouso. Observada em quadros de dor causado pela espondilose, lombalgia mecânica e miofacial b. Inflamatória intensa pela manhã, rigidez articular matinal > 1 hora, diminui ao realizar atividade e afeta o sono. Exemplo em artrite reumatoide, espondilite, gota e neuropatia diabética 8. Periodicidade identificar padrão e comportamento, avaliar se continua ou intermitente a. Manhã logo ao acordar, tem como uma das principais causas o modo como a pessoa dorme b. Fim da tarde correlação com a sobrecarga mecânica durante o dia c. Noite motivo maior de preocupação. Quando a pessoa acorda evito a dor para melhorar deve-se suspeitar de dor inflamatória ou oncológica. No entanto, relato de despertar devido a dor a mudar de posição ou ao deitar-se sobre o lado acometido não caracteriza essa suspeita 9. Fatores de melhora ou piora considerar alem dos fisiológicos, como socioeconômicos, genética e culturais 10. Antecedentes pessoais para detectar fatores etimológicos e perpetuantes, bem como restrições ao tratamento sendo necessário Manejo da Dor no SUS Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI investigar os hábitos ou atividade como atividades diárias, hábitos alimentares, intestinais e qualidade do sono, transtornos do humor, dependência química, histórico de intervenção e cirurgia e sinais de alerta como febre, perda de peso. 11. Antecedentes familiares fibromialgia, câncer, doenças genéticas, osteoporose com fraturas, distúrbios neurológicos, doenças musculoesqueléticas, reumatológicas e síndrome metabólica 12. Exames complementares: não tem relação direta com o mecanismo da dor, mas contribuem para a detecção de possíveis disfunções como condições inflamatórias, metabólicas ou infecciosas. 13. Classificação em diferenciar crônica primaria, secundaria ou ambas a. Dor crônica primaria: quando nenhuma condição subjacente é responsável pela dor ou impacto como fibromialgia, síndrome de dor regional, cefaleia primária crônica, dor orofacial, dor visceral primária crônica e músculo esquelética primária crônica b. Dor crônica secundaria quando há uma condição subjacente como osteoartrite, artrite reumatoide, endometriose e colite ulcerativa Plano de gerenciamento de dor ▪ Medidas farmacológicas e não farmacológicas associada ao planejamento participativo e colaborativo levando em consideração as comorbidades ▪ Não medicamentoso técnicas educacionais, físicas, emocionais e comportamentais oferencendo ao paciente um senso de controle da situaçãoe estimulando a responsabilidade e participação no tratamento. Deve-se considerar o contexto multimodal e multifatorial, ênfase a participação ativa do paciente, estímulo as mudanças comportamentos, necessidades, preferências e valores. Exemplos: programas educativas, atividade física, pics, acupuntura, terapia manual e TCC ▪ Medicamentosa abordagem multimodal, escolha do medicamento pela natureza da dor. Associação de mais de uma classe medicamentosa atuando de forma sinergia em doses, mas baixas e menor efeitos adversos. Critérios para ajuste da dose ou troca: ausência de efeito analgésico ou efeitos colaterais. 50% de melhora ótimo resultado e 30% clinicamente significativa. O uso de opioides por tempo prolongando não é recomendado para indivíduos com dores não oncológicas ▪ Monitoramento acompanhamento pela equipe multi com atuação integrada em diferentes níveis com decisões tomadas em conjunto de acordo com a opinião e preferência o Equipe multidisciplinar (medico de família e comunidade, enfermeira, fisioterapeuta e terapia ocupacional): a cada 3 meses de acordo com a necessidade o Médico especialista e outros membros como farmacêutico, psicológico de acordo com a necessidade o Exames laboratoriais e de imagem como hemograma, função renal e hepática, sódio, potássio, colesterol e triglicerídeos anual e de acordo com a necessidade Modelo de cuidado e atenção Ação de cuidado pensada a partir da estratificação de risco e determinantes ▪ Modelo de Atenção as Condições Crônicas relação entre autocuidado e atenção profissional conforme o nível da pessoa estratificada. Quanto maior o nível, maior a complexidade e maior atenção profissional para o cuidado. MCC adaptado para a dor crônica o Autocuidado apoiado pode ser definido como prestação sistemática de servidos educacionais e de intervenções de apoio para Manejo da Dor no SUS Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI aumentar a confiança e as habilidades dos usuários no gerenciamento sobre metas que desejam atingir com alternativas para alcançar plano de ação em implementar, monitorar, realizar mudanças e recapitulação e celebrar conquistas ▪ Muito alem de prescrever, requer integralidade: equipe conhecer antes a biográfica história da pessoa, como ela sente e convive com a sua dor/comorbidades. Capacidade para autocuidado, vulnerabilidades ▪ ▪ Identificar a fase do saber ao fazer ▪ Teoria da determinação social do processo de saude e doença: processo de fortalecimento e desgaste ▪ Abordagem centrada a pessoa Estrutura um modelo de consulta clínica centrado na pessoa, em 6 etapas: Explorar a doença e a experiência da doença: unir dados objetivos (exames, sinais) com subjetivos (sentimentos, expectativas). Entender a pessoa como um todo: considerar a doença dentro do contexto de vida da pessoa (família, trabalho, ambiente). Plano conjunto de manejo: definir problemas, metas e responsabilidades em decisão compartilhada. Prevenção e promoção da saúde: não só tratar, mas também evitar novos problemas. Intensificar a relação pessoa-profissional: vínculo terapêutico é essencial para adesão. Sendo realista: elaborar planos possíveis, adequados à realidade do paciente. ▪ Construção de plano de cuidado compartilhado: levar em consideração fatores que facilitam ou dificultam o enfrentamento (COPING). Grau que experimenta o estresse psicológico é determinado entre a relação de pessoa x ambiente pela avaliação primaria (processo cognitivo e emocional) > Representa uma pirâmide de estratificação de risco, mostrando diferentes níveis de atenção para pessoas com dor crônica. Base da pirâmide (Nível 1 e 2): população geral e pessoas com dor aguda, foco em promoção da saúde e prevenção para evitar a cronificação da dor. Meio da pirâmide (Nível 3 e 4): pessoas com dor crônica, com ou sem comorbidades, que precisam de gestão clínica contínua e acompanhamento multiprofissional. Topo da pirâmide (Nível 5): pessoas com dor crônica mais complexa, que necessitam de gestão de caso individualizada, possivelmente com cirurgia e/ou reabilitação. Ao lado, aparecem os determinantes sociais da saúde, reforçando que fatores biológicos, psicológicos e sociais influenciam a condição de saúde. Manejo da Dor no SUS Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI avaliação secundária (recurso e opção de enfrentamento) > ação, comportamento e pensamento Rede de Atenção ao paciente com dor: avaliar e diagnosticar > tratamento > reabilitação > prevenção > acompanhamento ▪ Necessidade do território, atividades realizadas: consultadas programadas, renovação e prescrição de medicamentos, encaminhamento consulta especializada ou e-multi, agendar PICs, atividade física orientada ▪ APS como ordenadora do cuidado, integra de maneira vertical. Atribuições e competência: oferecer acesso para demanda programada ou espontânea, promoção de saude e prevenção individual e coletiva, acolhimento, oferecer e-multi, garantir fluxos e encaminhamentos para atenção ambulatorial especializada quando coerente com os protocolos de regulação ▪ ACS: acolhimento e busca ativa ▪ Participação familiar ▪ Prevenção e estimular autonomia Atenção a saude especializada de média complexidade ▪ Pontos de atenção: ambulatório de especialidade, serviço de reabilitação e de apoio diagnostico e terapêutico ▪ Atribuições e competências: prestar apoio matricial, assistência ambulatorial quando esgotadas as possibilidades terapêuticas, organizar o retorno (contrarreferência) e promover terapêutica de reabilitação de eventuais comodidades associadas a dor crônica Sistema de apoio e logístico: pontos institucionais onde se prestam serviços comuns a todos os pontos de atenção a saude. Constituídos pelo: 1. Sistema de apoio diagnostico e terapêutico com exames laboratoriais, patologia clinica, imagem 2. Sistema de assistência farmacêutica 3. Sistema de informação em saude Sistemas logísticos 1. Agrupamento das ações relativas a referência e a contrarreferência de pessoas e de trocas eficientes de produtos e de informações ao longo da RAS sendo a. Os sistemas de identificação e acompanhamento b. Centrais de regulação c. Registro eletrônico em saude d. Sistema de transportes sanitários 2. Atribuições a. Manter cadastro do usuário no SUS atualizado e completo b. Instrumentalizar os profissionais no sistema para bom registro e proteção de dados, bem como fornecimento para o sistema de informação em saude para atenção básica c. Realizar exames complementares ao diagnostico e tratamento de pessoas de forma racional e oportuna d. Prestar assistência farmacêutica ao tratamento clínico e. Integrar as PICS f. Realizar encaminhamento para serviços de média e alta complexidade g. Solicitar apoio técnico pela tele consultoria via Telessaude h. Garantir o cuidado compartilhado pela contrarreferência Práticas Integrativas e Complementares Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI São abordagens terapêuticas que em como objetivo prevenir agravos a saúde e promover e recuperar a saude. Visão ampliada do processo saude doença, bem como a promoção global do cuidado humano, especial o autocuidado. Foco no cuidado integral e na escuta ativa. Contempla sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos denominados pela OMS como medicina tradicional e complementar/alternativa. ▪ 1996: 10 Conf. Nacional em Saúde: aprova a incorporação ao SUS: fitoterapia, acupuntura e homeopatia contemplando as terapias alternativas e práticas populares ▪ 1999: inclusão das consultas em homeopatia e acupuntura da tabela de procedimentos ▪ 2000: 11 Conf. Nacional em Saúde: recomenda incorporar na AB práticas não convencionais de terapêutica comoAcupuntura e Homeopatia ▪ 2006: Marco legal da criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) o Portaria 971/2006: as primeiras 5 reconhecidas: MTC/acupuntura, homeopatia, fitoterapia e plantas medicinais, termalismo social e crenoterapia e Antroposófica o Portaria 849/2017: amplia com + 14: arte terapia/ayurveda, dança circular, bio dança, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, yoga e terapia comunitária integrativa e social o Portaria 702/2018: amplia e acrescentou + 10: apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição das mãos, ozônio terapia e florais Objetivos da política: ▪ Incorporar e implementar PICS na AB, voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral ▪ Contribuir para aumento da resolubilidade e ampliação ▪ Promover a racionalização das ações em saude, estimulando alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável ▪ Estimular ação referente controle e participação social, promovendo o envolvimento responsável e continuado de usuários, gestores e trabalhadores nas políticas de saúde Diretrizes ▪ Incorporação responsável ▪ Acesso universal ▪ Cuidado integral ▪ Formação profissional e capacitação de profissionais ▪ Participação social ▪ Intersetorialidade ▪ Planejamento e responsabilidade municipal: elaborar normas técnicas, orçamentos e alocação de recursos, contratar profissionais habilitados ▪ Cadastro oficial dos serviços para integrar formalização (SCNES) ▪ Financiamento via APS (não há fundo próprio) portanto, a gestão é local e fundamental para viabilizar ▪ Avaliação e monitoramento pelos sistemas de informação como SISAB, SIA, SCNES com registro e-sus AB, indicadores como número de profissionais capacitados, frequência de atendimentos, redução de medicamentos alopáticos e satisfação da população Principais PICS Prática Indicação Funcionamento Princípio usado Acupuntura (Medicina Tradicional Chinesa) Dor crônica, distúrbios musculoesqueléticos, ansiedade, insônia, cefaleia Inserção de agulhas em pontos específicos para estimular nervos e músculos Teoria do Yin-Yang e dos meridianos energéticos Homeopatia Doenças crônicas, alergias, ansiedade, quadros gripais Uso de substâncias altamente diluídas que, em doses maiores, causariam sintomas semelhantes Lei dos semelhantes: “o semelhante cura o semelhante” Práticas Integrativas e Complementares Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI Plantas Medicinais Uso popular para mal- estar, digestão, relaxamento (ex: chá de camomila para insônia) Parte vegetal in natura ou minimamente processada (chás, infusões, cataplasmas) Conhecimento tradicional e empírico Fitoterapia Tratamento de doenças leves a moderadas (ex: cápsula de valeriana para ansiedade) Uso de medicamentos fitoterápicos industrializados, padronizados, registrados na Anvisa Base em evidências científicas e padronização farmacêutica Termalismo Social Promoção da saúde, prevenção de doenças, reabilitação leve, bem- estar, redução do estresse Uso integral e social das águas minerais em balneários, spas sociais, atividades coletivas Aproveitamento da riqueza natural e cultural das águas minerais no cuidado comunitário Crenoterapia Doenças osteoarticulares (artrite, artrose, fibromialgia), dermatites (psoríase, eczema), respiratórias crônicas, estresse e ansiedade Aplicação médica das águas minerais em diferentes formas: - Balneoterapia (imersão em banheiras, duchas, piscinas) - Inalação (vapores minerais) - Ingestão (águas com propriedades digestivas/metabólicas) Uso das propriedades físico-químicas das águas minerais (sais, temperatura, radioatividade natural) para tratamento clínico Medicina Antroposófica Adoecimento crônico, saúde mental, oncologia, pediatria, reabilitação Integra medicina convencional com terapias artísticas (pintura, modelagem), terapias externas (compressas, banhos), medicamentos antroposóficos e aconselhamento biográfico Conceito dos quatro corpos: físico, vital, anímico e espiritual (Rudolf Steiner) E-multi Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI Diferentes profissionais e áreas do conhecimento que atuam juntos sendo responsável pela mesma população e território, fortalecendo articulação com outros equipamentos de saude e outros setores. ▪ Portaria 635/2023 aprimorou com o aumento, incluindo novas especialidades médicas, atendimento remoto e ampliação da carga horária. Promovendo uma equipe mais robusta para fortalecer a APS valorizando o cuidado multidisciplinar com repasse e tecnologias associada a ampliação do cuidado ▪ Diretrizes e objetivos facilitar acesso, valorizar a multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, propiciar integralidade, superar a fragmentação, ampliar o escopo, a longitudinalidade, aprimorar a resolubilidade, assistência e prevenção, promoção, vigilância e formação ▪ Composição profissionais de diversas áreas que atuam de maneira complementar e integrada a outras equipes Modalidade Nº de equipes vinculadas Carga horária mínima da eMulti (horas/semana) Carga horária máxima por categoria profissional (horas/semana) Carga horária mínima individual (por profissional) Composição fixa (mínimo exigido) Composição variável (exemplos de categorias aptas) Ampliada 10 a 12 equipes. 300 h/sem. 120 h (máx. por categoria). Padrão: 20 h para categorias não-médicas (observação: Portaria permite 10 h para especialidades médicas). No mínimo: 1 Assistente social ou 1 Farmacêutico(a) clínico(a) ou 1 Nutricionista ou 1 Psicólogo(a) + 1 Fisioterapeuta ou 1 Fonoaudiólogo(a) ou 1 Profissional de Educação Física na Saúde ou 1 Terapeuta Ocupacional. Arte educador; farmacêutico clínico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; médico (acupunturista, cardiologia, dermatologia, endocrino, geriatra, gineco/obstetra, hansenologia, homeopata, infectologista, pediatra, psiquiatra); médico veterinário; nutricionista; profissional de educação física; psicólogo; sanitarista; terapeuta ocupacional; etc. Complementar 5 a 9 equipes. 200 h/sem. 80 h (máx. por categoria). Padrão: 20 h (especialidades médicas podem ter 10 h conforme Portaria). No mínimo: mesma exigência mínima que a Ampliada — 1 Assistente social ou 1 Farmacêutico(a) clínico(a) ou 1 Nutricionista ou 1 Psicólogo(a) + 1 Fisioterapeuta ou 1 Fonoaudiólogo(a) ou 1 Profissional de Ed. Física ou 1 Terapeuta Ocupacional. Mesmas categorias listadas acima (comp. variável ampla — ver lista). Estratégica 1 a 4 equipes. 100 h/sem. 40 h (máx. por categoria). Padrão: 20 h (observação: especialidades médicas 10 h possível). No mínimo: 1 Nutricionista ou 1 Psicólogo(a) (com carga mínima conforme regra). Mesmas categorias aptas (lista variável — ver coluna anterior). E-multi Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI Observações importantes Fonte primária: Portaria GM/MS nº 635/2023 (síntese e nota técnica/FAQ no Portal do MS). As cifras e composição acima seguem o site oficial do Ministério da Saúde e o material explicativo do Conasems/Nota Informativa à Portaria. Carga horária mínima individual: o portal mostra “20 h” como referência para composição fixa, mas a Portaria explicita que especialidades médicas podem ter 10 h semanais; isso permite arranjos locais (atenção: sempre verificar o Anexo da Portaria e orientações locais ao credenciar). Arranjo intermunicipal: só a modalidade Ampliada admite arranjo intermunicipal (um conjunto de municípios pleiteia uma eMulti Ampliada). Composição variável: a lista é ampla— a Portaria e a página de composição do MS trazem categorias habilitadas (ex.: acupunturista, homeopata, farmacêutico clínico, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros). Municípios podem escolher profissionais conforme a demanda do território. Ações prioritárias 1. Atendimento individual, em grupo e domiciliar o Profissionais da eMulti podem atuar tanto em consultas individuais quanto em atendimentos coletivos e visitas domiciliares. o Exemplo: fisioterapeuta atendendo um paciente em casa após alta hospitalar; psicólogo coordenando um grupo terapêutico. 2. Atividades coletivas o Oficinas, rodas de conversa, grupos educativos e de promoção da saúde. o Exemplo: nutricionista organizando grupo de alimentação saudável para diabéticos. 3. Apoio matricial o Trabalho conjunto entre equipes, oferecendo suporte técnico e pedagógico. o Exemplo: psicólogo da eMulti orientando equipe de saúde da família em casos de depressão. 4. Discussões de casos o Reuniões entre equipes para analisar casos complexos, compartilhar saberes e construir condutas integradas. o Exemplo: equipe discutindo paciente com dor crônica que precisa de abordagem multiprofissional. 5. Atendimento compartilhado entre profissionais e equipes o Consulta realizada por dois ou mais profissionais em conjunto, garantindo integralidade do cuidado. o Exemplo: médico e fisioterapeuta atendendo juntos um paciente com sequelas de AVC. 6. Oferta de ações de saúde à distância o Teleconsultas, teleatendimentos e apoio remoto para ampliar o acesso. o Exemplo: nutricionista fazendo orientação por teleatendimento em município rural. E-multi Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI 7. Construção conjunta de projetos terapêuticos e intervenções no território o Planejamento de ações personalizadas para indivíduos e coletividades. o Exemplo: elaborar projeto terapêutico singular (PTS) para um paciente com transtorno mental grave. 8. Práticas intersetoriais o Articulação com outras áreas além da saúde (educação, assistência social, cultura). o Exemplo: parceria com escola para prevenção da obesidade infantil. A eMulti na APS atua para integrar diferentes saberes e práticas em saúde, priorizando: • O cuidado direto (individual, em grupo, domiciliar e remoto), • O apoio às equipes (matriciamento, discussão de casos, atendimento compartilhado), • A construção de soluções no território (projetos terapêuticos e ações intersetoriais). Vigilâncias em saúde Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI A vigilância significa estar atento às circunstâncias para evitar riscos. A vigilância em saude consiste em conhecer e ter atenção as diversas condições que podem oferecer riscos e prejuízos a saude das pessoas. No Brasil, a Secretaria de Vigilância em Saúde e a Agência nacional de vigilância em saude (ANVISA) ambas vinculadas ao MS, são responsáveis pela gestão da vigilância em saude e pela implementação da Política Nacional de Vigilância em Saúde (2018) ▪ Política nacional de Vigilância em Saúde (2018) traz uma definição de vigilância em saude: entende-se por vigilância em saude o processo continuo e sistemático de coleta, consolidação, analise de dados e disseminação de informações sobre eventos relacionados a saude, visando o planejamento e a implementação de medidas de saude publica, incluindo a regulação, intervenção e atuação em condicionantes e determinantes da saude, para a proteção e promoção da saude da população, prevenção e controle de riscos, agravos e doenças ▪ Princípios fundamentais: ação contínua, abordagem integrada, produção de conhecimento, intervenção e controle ▪ Ciclo da vigilância em saude: coleta de dados > análise e interpretação > disseminação da informação > planejamento de intervenções > implementação de acoes > avaliação o Processo contínuo e interativo, onde cada etapa alimenta a seguinte e a avaliação final permite o aprimoramento constate do sistema ▪ Abordagem uma só saude: reconhece que a saude esta ligada ao animal e meio ambiente, exigindo uma abordagem colaborativa multissetorial e transdiciplinaridade ▪ Desafios: fragmentação, tecnológicos, recursos humanos insuficiência de profissional capacitado em bioestatística e métodos qualitativos e resposta rápida As acoes da vigilância foram previstas desde a Constituição Federal, sendo caracterizada em sucessivas normativas ▪ Lei 8.080/1990: coloca as formas de vigilância no campo de atuação do SUS e execução sob responsabilidade municipal ▪ Política Nacional de Vigilância em Saúde (2018): regionalização da vigilância, com inclusão nas RAS, intervenções individuais ou coletivas em todos os pontos de atenção ▪ Pacto pela saude (2006) inclui a vigilância no plano diretor de investimento, cria um bloco de financiamento e todos os municípios se responsabilizam pela vigilância O financiamento das acoes de vigilância em saude são como tripartite. As atribuições de cada nível de governo são um compartilhamento de responsabilidade: 1. União: coordenador das políticas e define diretrizes nacionais 2. Estados: coordena as acoes de vigilância em âmbito estadual e estimula a descentralização 3. Municípios executa as acoes Vários são os fatores capazes de influenciar o estado de saúde de uma coletividade. Para estudar os fatores, a vigilância em saude divide-se entre seus componentes: epidemiológica, sanitária, saude do trabalhador e ambiental ▪ Epidemiológica o Conjunto de acoes que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saude individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos o Atuação: identifica condições referentes a saude, coleta e analisa Vigilâncias em saúde Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI dados, propõe e realiza intervenção e analisa os resultados da intervenção e divulga o Atividades: notificação compulsória, investigação epidemiológica de casos e surtos, análise do perfil de morbidade e mortalidade, monitoramento de doenças emergentes, recomendação de medidas de controle, vacinação ▪ Sanitária o Coordenação exercida pela ANVISA, a qual organiza o conjunto de acoes e serviços que caracterizam o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária o É o conjunto de acoes capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos a saude e de intervir aos problemas sanitários decorrentes do ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços do interesse da saude. Abrange a prestação de serviços e controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente se relacionem com a saude, compreendida em todas as etapas e processos, de produção ao consumo e descarte o Ações: predominantemente executadas em âmbito municipal (exceção de portos, aeroportos e fronteiras). Relacionadas a problemas sanitários decorrentes do ambiente, da produção e circulação de bens, alem da prestação de serviços do interesse. Exemplo: fabricas de cosméticos, restaurantes e mercados, equipamentos médicos e de proteção individual, medicamentos, hemoderivados e órgãos humanos, saneantes o Exerce a função de orientação aos estabelecimentos que exercem atividades por ela fiscalizadas que também tem prerrogativa de interditas e multar quando os serviços não estiverem condizentes (o chamado poder de polícia) o Evolução histórica: escopo de atuação pautado em acoes normativas. Seu objeto de ação se envolve no processo de saude e doenças. As primeiras acoes ocorreram com a chegada da corte portuguesa em 1808 com finalidade de controle sanitário de produtos comercializados, controle de estabelecimentos, combate a disseminação de epidemias, resolução de saneamento, fiscalizaçãoao exercício profissional ▪ 1832: Código de Posturas do Rio de Janeiro: normas para o exercício de medicina, farmácia, controle de medicamentos e alimentos ▪ 1889: Polícia sanitária regularizada nas administrações regionais mediante adoção de acoes para impedir o desenvolvimento de epidemias como inspeção em locais públicos, isolamento de Vigilâncias em saúde Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI doentes e desinfecção de ambientes ▪ 1914: diretoria geral de saude publica com foco em acoes de vigilância nos portos, polícia sanitária nos domicílios, fiscalização de lugares públicos ▪ 1970: Criação da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, reformulação do MS, modificação da fiscalização para vigilância e incremento no campo de ação. Ampliação de conceito: prevenção, monitoramento, regulação e educação ▪ 1999: criação da ANVISA o Anvisa ▪ Coordena o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, sendo uma autarquia vinculada ao ministério, porém independente administrativamen te. Estabelece normas e acompanha a execução de politicas de vigilância ▪ Principais competências ▪ Estabelecer normas, acompanhar e executar políticas e acoes de vigilância sanitária ▪ Monitorar e auditar órgãos estaduais de vigilância sanitária ▪ Interditar locais com venda de produtos e de prestação de serviços para a saude ▪ Autuar e aplicar penalidades ▪ Autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação de produtos relacionados a saude ▪ Anuir (consentir) com a importação e exportação de produtos relacionados a saude ▪ Ambiental o Conjunto de acoes e serviços que propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saude humana, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de promoção a saude, prevenção e monitoramento dos fatores de riscos relacionados as doenças ou agravos a saude o Componentes: VIGIAR, VIGIAGUA, VIGISOLO, VIGIDESASTRE, VIGIQUIM/VIGIPEQ e fatores físicos de radiações ▪ Saúde do trabalhador (VISAT) o É de responsabilidade e financiamento em todos os níveis de governo, sendo suas acoes executadas a nível municipal e estadual. Conjunto de acoes que visam promoção da saude, prevenção da morbimortalidade e redução de riscos e vulnerabilidades na população trabalhadora por meio da integração de Vigilâncias em saúde Práticas Médicas no SUS V Júlia Cedraz Curso de Medicina, FARESI acoes que intervenham nas doenças e agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de desenvolvimento, processos produtivos e de trabalho o Enfatizado como ferramenta para o desenvolvimento da saude integral dos trabalhadores o Objetivos: caracterização do território, perfil socioeconômico e ambiental da população trabalhadora, intervir nos determinantes de risco a saude, avaliar impacto de medidas de controle e utilizar os sistemas de informação Ressaltando a diferença entre a epidemiológica e sanitária. Critérios de Priorização: magnitude, transcendência e vulnerabilidade 1. VIEP: foco em doenças e monitoramento populacional a. Objeto de ação: doenças e agravos b. Metodologia: monitoramento e prevenção em dados epidemiológicos c. Abordagem: coletiva e populacional como em surtos e epidemias 2. VISA: foco em produtos e ambientes, inspeção e regulação a. Objeto: produtos, serviços e ambientes b. Metodologia: regulamenta, fiscalização e controle de riscos c. Abordagem: produtos e serviços com segurança e eficácia Apesar da diferença, ambas são complementares e integradas na estrutura do SUS, compartilhando o objetivo final de proteção e promoção da saúde Critérios de priorização em saude pública 1. Magnitude: frequência ou tamanho do problema. Avalia-se por incidência e prevalência, número de pessoas afetadas e distribuição geográfica 2. Transcendência: considera o impacto social, econômico e político do problema. Leva em consideração: gravidade clinica e letalidade, impacto econômico e relevância social a. Expressa por severidade (letalidade, hospitalização e sequela), relevância social (Estigma, medo, indignação) e relevância econômica (custo, absenteísmo) 3. Vulnerabilidade: avalia a possibilidade de intervenção eficaz com disponibilidade de tecnologias, custo efetividade das intervenções e factibilidade operacional Critérios fundamentais para a racionalização de recursos e maximização do impacto das ações