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Aulas 03 e 04 - Carboidratos e Fibras CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE CURSO BACHARELADO DE NUTRIÇÃO BROMATOLOGIA E MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS AULA 3: CARBOIDRATOS Prof. Me. Celso Ritter Roteiro Conceito Classificação Funções Aspectos bromatológicos Nutrientes Água Macronutrientes CHO PTN LIP Micronutrientes Vitaminas Hidros- solúveis Lipos- solúveis Minerais Macro minerais Elementos traço Elementos ultra traço Carboidratos Quimicamente, carboidratos são compostos orgânicos que contém carbono, hidrogênio e oxigênio, e podem ser encontrados como moléculas simples ou complexas. Os carboidratos podem ser definidos como poli- hidroxialdeídos, poli-hidroxicetonas (ou seja, aldeídos ou cetonas com múltiplas hidroxilas), poli-hidroxiálcoois (polióis), poli-hidroxiácidos, seus derivados, desoxi-açúcares e amino-açúcares, além dos polímeros desses compostos unidos por ligações glicosídicas. Características • Os carboidratos representam em média 90% da matéria seca dos vegetais. • São compostos de dupla função química (aldeído e álcool ou cetona e álcool). • Alguns possuem sabor adocicado. • Dentre as principais funções biológicas dos açúcares estão a geração de energia (4 kcal/g) e a função de fibra dietética. • Importantes carboidratos alimentares incluem açúcares simples, dextrinas, amidos, celuloses, hemiceluloses, pectinas e gomas. • Irão se transformar em glicose no corpo humano, após metabolismo e processo digestivo; • Constituintes importantes dos alimentos devido às suas mais diversas propriedades funcionais, podendo ser usados como adoçantes (edulcorantes), espessantes, estabilizadores, gelificantes e substitutos de gordura. Características • Molécula: átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio; • Quem produz? Plantas e animais (lactose e uma pequena quantidade de glicogênio); • Rendimento energético: Cada grama de CHO fornece 4Kcal; • Alimentos-fonte: • Cereais (arroz, trigo, milho, aveia, cevada); • Raízes e tubérculos (batata inglesa, batata-doce, mandioca, beterraba, inhame); • Leguminosas (feijão); • Frutas, doces, e alimentos que contenham açúcar na formulação. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESTRUTURA QUÍMICA Monossacarídeos Dissacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos 1. Monossacarídeos (açúcares simples) Contém de 3 a 9 carbonos e não sofrem hidrólise. São unidades formadoras dos dissacarídeos e polissacarídeos; • GLICOSE OU DEXTROSE • Circula no sangue e se oxida para fornecer energia; • Nos humanos todo carboidrato ingerido se transforma inicialmente em glicose; • GALACTOSE • Açúcar do leite; • Galactosemia: infantes com incapacidade de metabolizar a galactose; • FRUTOSE • É o açúcar das frutas, considerado o mais doce de todos os monossacarídeos; Transformada em gordura Armazenada como glicogênio no fígado e/ou músculo; Usada pelas células; Os monossacarídeos mais comuns são os de 6 carbonos, chamados hexoses), que contém um grupo funcional carbonila (aldeído ou cetona) e vários grupos hidroxila. A glicose é o mais comum dos monossacarídeos. É composta por uma aldose (contém uma carbonila aldeídica) e 5 hidroxilas. Monossacarídeos • São os carboidratos mais simples, apresentando as menores estruturas entre os carboidratos. • Seus representantes podem se ligar a outros monossacarídeos de modo a gerar oligossacarídeos e até mesmo polissacarídeos. • Geralmente são sólidos cristalinos e solúveis em água. • Seu menor representante apresenta três átomos de carbono na molécula (gliceraldeído), existindo monossacarídeos de até nove átomos de carbono (2-nonulose, de ocorrência em abacates), no entanto, os mais comuns apresentam seis átomos de carbono (glicose, frutose e galactose). Propriedade dos monossacarídeos • Devido principalmente à presença de grande número de grupos polares (hidroxilas) em sua estrutura, os monossacarídeos possuem elevada capacidade de adsorver água. • Mantem a umidade em alimentos e preparações. Higroscopicidade • A maioria dos monossacarídeos possui sabor doce, o que os torna muito importantes para a indústria de alimentos. Dentre os monossacarídeos, a frutose é a que possui esta característica mais destacada. Poder edulcorante 2. Dissacarídeos • SACAROSE (glicose + frutose) • Mais comum (açúcar de mesa), formado por sacarose + frutose; • LACTOSE • Açúcar do leite, formado pelo glicose + galactose; • MALTOSE • Encontrado em vegetais, função energética, junção de glicose + glicose; São duas unidades de monossacarídeos conectadas por uma ligação glicosídica; Existe uma variedade de dissacarídeos pela combinação de variados monossacarídeos; 3. Oligossacarídeos • Formados pela união de três a vinte monossacarídeos; • Encontrados na grande maioria dos legumes; Maltodextrina • Produzido a partir da hidrólise do amido de milho ou fécula, é um polímero de glicose formado em média por 5 a 10 unidades de glicose/molécula; • Mais solúvel que o amido, o que torna sua ingestão mais agradável; • Mais fácil digestão no trato gastrointestinal (TGI); • Mais rápida absorção e disposição na corrente sanguínea; Propriedades dos oligossacarídeos • Os oligossacarídeos compartilham essa propriedade com os monossacarídeos, possuindo também elevada capacidade de adsorver água. Higroscopicidade • Os oligossacarídeos também compartilham essa propriedade com os monos- sacarídeos. Dentre os oligossacarídeos, a sacarose possui o maior poder edul- corante. Poder edulcorante • Tecnicamente, a propriedade de inversão é a mudança de lado do poder rotatório do açúcar depois que ele sofrer hidrólise. Inversão dos açúcares (sacarose) 4. Polissacarídeos • Formados mais de 20 resíduos de monossacarídeos, unidos por ligações glicosídicas. • Esses açúcares possuem elevado peso molecular e baixa solubilidade em água. Dentre os principais polissacarídeos de importância nos alimentos pode-se relacionar o amido, a celulose e as pectinas. Carboidrato complexo: O amido • O amido é um polímero de glicose encontrado nos vegetais, o qual é composto por duas cadeias, a amilose e a amilopectina. • AMILOSE – linear • AMILOPECTINA - ramificada (melhor digestibilidade) • Todas as fontes de amido (arroz, batata, araruta, tapioca...) são polissacarídeos com a mesma composição química. • Lembrando que: Amidos brutos são mal digeridos; • Exemplo: batata crua, grãos crus. • O cozimento faz com que os grânulos inchem, o amido seja gelatinizado, amacie e rompa a parede celular → α – amilase. Gelatinização do amido • Embora o amido não seja solúvel em água fria, na presença de água e aquecimento, as moléculas de amido têm parte de suas ligações intermoleculares rompidas e, em consequência disso, as moléculas de água passam a interagir com o amido através de pontes de hidrogênio. • A presença da água junto ao amido provoca então aumento de volume deste, formando soluções viscosas que, quando resfriadas, formam gel. • Gel de amido constitui uma das mais importantes (senão a mais importante) função tecnológica do amido nos alimentos, uma vez que o gel de amido é formado durante a produção de diversos alimentos como massas, pães, produtos à base de milho e na preparação do arroz e do feijão cozidos. Qual papel do amido gelatinizado para indústria alimentícia? Tipo de carboidrato Componentes Fontes alimentares Monossacarídeos Glicose ”açúcar” do corpo, hidrólise da sacarose, lactose e maltose Frutose Frutas, sucos e mel Galactose Leite e derivados Dissacarídeos Sacarose Açúcar refinado, açúcar mascavo, mel Lactose Leite e derivados Maltose Beterraba, cereais e sementes Oligossacarídeos Maltodextrina Derivado de milho e mandioca Fruto-oligossacarídeos, rafinosee estaquiose Feijão, grão de bico, ervilha, lentilha Polissacarídeos Amido Milho, cereais, pães, massas, arroz, batata, feijão, ervilhas, raízes Não amido (fibras alimentares) Cascas e polpas de verduras, frutas, legumes, cereais integrais PERCENTUAL DOS CARBOIDRATOS COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE ALIMENTOS Tabela de composição centesimal CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE CURSO BACHARELADO DE NUTRIÇÃO BROMATOLOGIA E MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS AULA 4: FIBRAS Prof. Me. Celso Ritter A TAL DA FIBRA Prebióticos Fibras • São classificadas como carboidratos não digeríveis – polissacarídeos. • Humanos → ausência de celulase. • Solúveis em água • Fermentáveis pela microbiota do cólon • Forma matriz gel que absorve componentes de alimentação, retarda o trânsito intestinal Solúveis • Insolúveis em água • Fermentação limitada • Aumentam o bolo fecal e aceleram o trânsito/motilidade intestinal Insolúveis • Maçãs, morangos, cenouras, frutas cítricas. • Ligam-se a minerais lipídios e ác. biliares, aumentando a excreção de cada um, o que contribui para a diminuição do colesterol sérico. Pectinas • Aveia, legumes, goma guar, cevada. • Provoca formação de gel, diminuindo o esvaziamento gástrico, digestão lenta. Gomas • Trigo integral, farelo e vegetais – frutas e sementes comestíveis e vegetais maduros. • A fermentação produz os AGCC associados com o risco diminuído de formação turmoral. Hemicelulose • Trigo integral, farelo e vegetais • Aumenta a capacidade de retenção de água → aumenta o vol. fecal e diminui o tempo de trânsito Celulose INSOLÚVEIS SOLÚVEIS • Extraído de semente de psyllium • Possui uma alta capacidade de retenção água Psyllium • Sintetico • Substituto do açúcar Polidextrose • Extraido da chicória e da cebola • Prébiótico que estimula o crescimento das bactérias do intestino Frutanos – inulina • Aveia e farelo de aveia e isolados das algas marinhas • Reduz a concentração de colesterol sérico – formadores de gel (utilizados como espessantes) Β-glucanas • Carcaça de caranguejo ou lagosta • Reduz a concentração de colesterol sérico Quitina Fibras funcionais – extraídas de alimentos ou animais A celulose (exemplo de fibra insolúvel) • Da mesma forma que o amido, a celulose também é um polímero de glicoses, diferindo deste por ser linear (sem ramificações) e pelo tipo de ligação entre as glicoses (α-1,4). Devido a esse tipo de ligação entre as moléculas de glicose, a celulose não é digerível pelos seres humanos. • Sua estrutura linear faz da celulose um polissacarídeo bastante insolúvel em água, o que limita drasticamente seu uso como ingrediente na indústria. As pectinas (exemplo de fibra solúvel) • São polímeros do ácido galacturônico parcialmente esterificados com metanol encontrados em alimentos de origem vegetal como nas maçãs e em frutas cítricas. • Seu principal uso na área de alimentos deve-se a sua capacidade de formar géis na presença de açúcar e ácidos. Dentre os alimentos em que esta propriedade das pectinas é explorada, podem-se citar os pepinos em conserva, formulação de bebidas e sorvetes e na produção de geleias. As gomas (exemplo de fibra solúvel) • É um grupo de polissacarídeos solúveis em água que tem a capacidade de elevar a viscosidade de soluções e de formar géis. • São formadas por diversos monossacarídeos diferentes (manose, galactose, ácido glicurônico, fucose, xilose, etc.). • São utilizadas na indústria como espessantes e geleificantes. • São exemplos de gomas utilizadas na indústria a goma guar, goma arábica, o ágar, goma xantana e a goma dextrana. • Entre os alimentos que possuem gomas em sua formulação podem-se relacionar as salsichas, bebidas, molhos, sobremesas e sopas. Fibras dietéticas A fibra dietética é o conjunto de polissacarídeos que não sofre hidrólise durante o processo de digestão dos alimentos. Fazem parte da fibra dietética a celulose, as hemiceluloses, gomas, pectinas, amido resistente e polissacarídeos sintéticos. Entre as funções da fibra dietética estão a redução do colesterol sanguíneo, a redução da glicemia e a elevação da motilidade intestinal. As principais fontes de fibra dietética são os cereais, as verduras e as frutas. DÚVIDAS? Referências • FREIRIA, E. Bromatologia. 1ª edição. Editora e Distribuidora Educacional. Londrina, PR. 2018. • ARGANDONA, EJS; MALDONADE, IR; BREDA, C.A. JUSTI, PN; ALVES, AV; SILVA, TG. Roteiro de aulas práticas da disciplina de analise de alimentos. 1ª edição. UFGD editora. Assis, SP. 2017. • FERRÃO, LL. Bromatologia. 1ª edição. Editora Seses Estácio. Rio de Janeiro, RJ. 2017. • VASCONCELOS, VG. Bromatologia. 1ª edição. Editora Pearson Education do Brasil. São Paulo, SP. 2016. • DALA-PAULA, BM; GOZZI, WP; KRINGEL, DH; PELOSO, EF; CUSTODIO, FB. Química e Bioquímica de Alimentos. 1ª edição. Unifal. Alfenas, MG. 2021. • BOLZAN, R.C. Bromatologia. 1ª edição. Editora UFSM. Frederico Westphalen, RS. 2013. • PHILIPPI, Sônia Tucunduva. Tabela de composição de alimentos: Suporte para decisão nutricional. 3ª edição. Barueri, SP: Manole, 2012; • CHEMIN SMSS, JOANA D'ARC PM. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Editora Roca, 2007. • MAHAN LK, ESCOTT-STUMP S. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 11 ed. São Paulo: Roca, 2005 • MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia; RAYMOND, Janice L. Krause: Alimentos, Nutrição E Dietoterapia. 10a ed. RJ: Elsevier, 2012. • Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Água, hidratação e saúde. 2016. EDULCORANTES Artificiais: Acessulfame K, aspartame, ciclamato, sacarina e sucralose; Naturais: Sorbitol, xilitol, esteviosídeo (Stévia)