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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS PROF DR DISCENTE: WENDY ANGELICA DIAS MARTINS. JOSAFÁ MARTINS E INGRID ZENKER RESENHA BELÉM/PA 2022 1. Qual o panorama que se tem do Brasil nos dois textos? (Wendy) 2. Discuta como questões pertinentes ao Quinhentismo são refletidas nas duas obras? 3. Esboce uma análise acerca do etnocentrismo, eurocentrismo e alteridade que os dois textos comungam. (Wendy) 4. Pontue aspectos relevantes da visão de Hans Staden sobre costumes, crenças e ideologias dos Tupinambás. Qual o panorama que se tem do Brasil nos dois textos? A partir da leitura da adaptação em quadrinho de Oliveira (2005) das histórias de Hans Staden, foi possível identificar como a perspectiva do “novo mundo” tem várias nuances e vertentes, uma vez que por anos os povos que já habitavam as terras invadidas pelos europeus, eram retratados sempre de maneira inferior, ditos selvagens e muita das vezes não eram retratados como seres humanos comuns. Hans Staden escreveu um livro após a experiencia vivida por ele e foi lançado na Alemanha em 1557. Atualmente esse livro é conhecido no Brasil como “Duas Viagens ao Brasil”, no entanto seu nome original quando foi lançado no século XVI era: “História Verídica e descrição de uma terra de selvagens, nus e cruéis comedores de seres humanos, situada no Novo Mundo da América, desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas terras de Hessen até os dois últimos anos, visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a conheceu por experiência própria, e que agora traz a público com essa impressão”. Sabe-se que Hans Staden foi um viajante e mercenário alemão que ficou bastante conhecido por ter feito duas viagens ao Brasil durante o século XVI. Hans Staden resolveu fazer uma viagem para a América em busca de saber sobe o tal novo mundo. Seu relato ficou particularmente famoso por ter sido prisioneiro dos indígenas Tupinambás, por cera de nove meses, e após ser libertado escreveu um relato que ficou famoso na Europa na época. Seu relato é carregado de uma moral religiosa e sua visão etnocêntrica, mas também traz informações valiosas sobre a cultura dos indígenas Tupinambás e sobre a prática da antropofagia (canibalismo) que foi relatava por ele. Hans foi ameaçado durante os nove meses de ser morto e comido pelos indígenas, mas no fim dos nove meses acabou sendo libertado. Portanto, a visão que é passada do Brasil na época retratada em questão é de que a terra era muito valiosa, por suas riquezas e especiarias, mas que era habitada por seres extremamente selvagens e “comedores de carne humana”. Com isso, tinha-se a ideia de que essa terra não tinha dono, uma vez que não obtinham o modelo de civilização como nos países europeus. Por esse motivo permeia a ideia de descoberta do Brasil a partir da chegada dos europeus, especificamente os portugueses em 1500. Esboce uma análise acerca do etnocentrismo, eurocentrismo e alteridade que os dois textos comungam. A partir do que se sabe do termo eurocentrismo, que é utilizado em relação a “Europa no centro de tudo”, uma posição de centralidade e importância sobre as outras histórias e culturas. No período colonial, mais precisamente no início do século XVI, é notável a presença de um forte eurocentrismo, uma vez que as sociedades europeias, ao terem contato com o novo mundo, julgaram sua civilização superior aos dos nativos daquelas terras. Além disso, desde o período da colonização iniciada por Portugal e Espanha, a história do mundo é contada pelos principais marcos europeus, reforçando, assim, os estereótipos em relação ao resto do mundo. Já o etnocentrismo é um tipo de preconceito à cultura em que um indivíduo pertence, é considerada correta somente aquilo que vem da Europa, enquanto que as demais culturas seriam consideradas absurdas. É a ideia de que uma cultura é mais desenvolvida e importante do que a outra, sendo, portanto, necessário uma “humanização” das demais etnias. Tanto no filme quanto na história de Hans Staden é possível perceber isso em muitos aspectos, essa força do eurocentrismo e etnocentrismo. A forma preconceituosa que hoje pode-se afirmar, que os europeus tratavam os povos indígenas que viviam no Brasil na época em questão. Como se tudo que eles conhecessem não fossem valiosas e nem relevantes, como a própria catequização dos indígenas pelos europeus, o não-reconhecimento das religiões daqueles povos e a “demonização” das mesmas. Contudo, hoje é possível ter essa percepção do quanto essa invasão foi cruel, racista e silenciada por anos, e pouco debatida. Pontue aspectos relevantes da visão de Hans Staden sobre costumes, crenças e ideologias dos tupinambás. A adaptação em quadrinho de Hans mostra a sua perspectiva em relação à cosmovisão dos nativos chamados tupinambás. Ele evidencia algumas características deles, como de não usar vestimentas, já que andavam nus; o sistema hierárquico dentro da tribo, e como era organizado – com um chefe supremo, o cacique, e os demais membros; eles moravam em malocas, que eram um tipo de cabana comunitária, podendo haver várias em cada tribo. Além disso, apesar de terem raízes comuns, as diversas tribos que compunham a nação tupinambá lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança, que resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para serem devorados em rituais antropofágicos. Nesses rituais, eles acreditavam que ao comer os membros do inimigo, assim iriam ter a vingança do seu povo morto, e adquiririam as habilidades do guerreiro inimigo. O seu sistema de crenças assentava na existência de espíritos e nos heróis que ensinaram as artes essenciais à vida em sociedade. Neste contexto, sem líderes instituídos, o feiticeiro ou Pagé era o mediador entre o mundo invisível dos espíritos e os homens. REFERÊNCIA: OLIVEIRA, J. Hans Staden: um aventureiro no novo mundo/ adaptado em quadrinhos por Jô Oliveira. Conrad editora do Brasil. São Paulo, 2005. image1.jpeg