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Dispneia, Dor Torácica e Edema Problema 3 1. Revisar semiologia do aparelho cardiovascular 🫀 Semiologia do Aparelho Cardiovascular 1. Anamnese 📌 O histórico clínico é essencial para direcionar o exame físico. • Sintomas principais: o 💔 Dor torácica → avaliar início, localização, irradiação, intensidade, fatores de ghmelhora/piora (ex.: angina). o 🌬 Dispneia → classificar (esforço, repouso, ortopneia, dispneia paroxística noturna). o 🌀 Síncope/tonteira → pode indicar arritmia, obstrução ou queda de débito cardíaco. o 🦵 Edema → geralmente vespertino, melhora ao repouso, sugere insuficiência cardíaca. o 💥 Palpitações → percepção anormal dos batimentos cardíacos. • Fatores de risco: HAS, DM, dislipidemia, tabagismo, etilismo, sedentarismo, história familiar. 2. Inspeção Geral 👀 Avaliar o paciente globalmente: • Estado geral: cianose (🔵), palidez (⚪), icterícia (🟡). • Turgência jugular (🧠) → indica congestão venosa sistêmica. • Edema periférico (pés, tornozelos 🦶). • Cianose de extremidades ou central. 3. Inspeção Pré-cordial • Ictus cordis (choque da ponta) → localizado no 5º espaço intercostal esquerdo, linha hemiclavicular. o Deslocado para baixo/esquerda → cardiomegalia. • Abaulamentos, retrações ou pulsações anormais no precórdio. 4. Palpação ✋ Importante para confirmar achados: • Ictus cordis: localização, extensão, intensidade. • Frêmito: vibração palpável associada a sopros (ex.: estenose aórtica). • Choques anormais: sistólicos ou diastólicos. 5. Percussão 🥁 Hoje pouco utilizada, mas pode ajudar a delimitar área cardíaca. • Som maciço define borda cardíaca. • Usada como complemento à radiografia/técnicas modernas. 6. Ausculta Cardíaca 🎧 Etapa central da semiologia! • Focos de ausculta principais: o 🔴 Aórtico → 2º EIC direito. o 🟢 Pulmonar → 2º EIC esquerdo. o 🔵 Tricúspide → 4º/5º EIC esquerdo, paraesternal. o 🟡 Mitral (apical) → 5º EIC esquerdo, linha hemiclavicular. • Sons cardíacos: o 1ª bulha (B1): fechamento das valvas AV (mitral + tricúspide). o 2ª bulha (B2): fechamento das valvas semilunares (aórtica + pulmonar). o 3ª bulha (B3): pode ser fisiológica em jovens; em adultos → IC. o 4ª bulha (B4): sempre patológica, indica dificuldade de enchimento (hipertrofia, rigidez ventricular). Alterações: • Sopros: sons turbulentos, avaliados por tempo (sistólico/diastólico), intensidade e localização. • Estalidos (ex.: abertura da mitral). • Atrito pericárdico (ex.: pericardite). 7. Exame Complementar do Aparelho Circulatório • Pulso arterial: frequência, ritmo, amplitude, simetria. • Pressão arterial: medir corretamente em ambos os braços. • Exame venoso: turgência jugular, refluxo hepatojugular. 8. Integração dos Achados 🧩 A semiologia cardiovascular permite levantar hipóteses diagnósticas: • Insuficiência cardíaca → dispneia, estertores, B3, edema. • Doença valvar → sopros típicos (estenose/insuficiência). • Síndromes coronarianas → dor torácica típica, alterações em B4. • Arritmias → palpitações, pulso irregular. 2) Conhecer as valvopatias mais frequentes na prática clínica 🫀 Valvopatias mais Frequentes 1. Estenose Aórtica (EA) 🔴 O que é? • Obstrução à saída de sangue do VE → sobrecarga pressórica. • Geralmente degenerativa (idosos) ou congênita (válvula bicúspide). 📌 Clínica clássica (tríade de sintomas): • 🌬 Dispneia (IC esquerda). • ⚡ Angina. • 🌀 Síncope de esforço. 👂 Ausculta: • Sopro sistólico ejetivo em foco aórtico (2º EIC direito), irradia para carótidas. • Bulha A2 reduzida ou ausente. • Frêmito sistólico palpável. 2. Insuficiência Aórtica (IA) 🔵 O que é? • Refluxo de sangue da aorta para VE na diástole. • Pode ser por febre reumática, endocardite ou degeneração. 📌 Clínica: • Palpitações, dispneia, fadiga. • Pode evoluir para IC esquerda. 👂 Ausculta: • Sopro diastólico aspirativo em foco aórtico e borda esternal esquerda. • Sopro de Austin-Flint (diastólico em foco mitral). 🧪 Achados adicionais: • Pulso em “martelo d’água” (Corrigan). • PA com aumento da pressão de pulso. 3. Estenose Mitral (EM) 🟢 O que é? • Obstrução do enchimento do VE devido a estreitamento da válvula mitral. • Principal causa: febre reumática. 📌 Clínica: • Dispneia progressiva, ortopneia, palpitações. • Hemoptise em casos graves (congestão pulmonar). • Pode levar a FA e risco de tromboembolismo. 👂 Ausculta: • Sopro diastólico em ruflar em foco mitral (ápex). • Estalido de abertura da mitral após B2. • Melhor auscultado com paciente em decúbito lateral esquerdo. 4. Insuficiência Mitral (IM) 🟡 O que é? • Refluxo de sangue do VE para o AE durante a sístole. • Pode ser por febre reumática, prolapso da mitral, endocardite ou degenerativa. 📌 Clínica: • Dispneia de esforço, fadiga, palpitações. • Em casos graves → sinais de IC esquerda e direita. 👂 Ausculta: • Sopro holossistólico em foco mitral (5º EIC linha hemiclavicular). • Irradia para axila esquerda. • B3 pode estar presente (aumento de enchimento). 5. Estenose Tricúspide (ET) (menos comum, mas importante) 🟠 O que é? • Obstrução do enchimento do VD. • Causa principal: febre reumática. 📌 Clínica: • Sinais de congestão venosa sistêmica: edema, ascite, hepatomegalia. 👂 Ausculta: • Sopro diastólico em ruflar em foco tricúspide (bordo esternal inferior direito/esquerdo). • Intensifica com inspiração (sinal de Rivero-Carvallo). 6. Insuficiência Tricúspide (IT) 🟤 O que é? • Refluxo de sangue do VD para o AE durante a sístole. • Pode ser funcional (dilatação do VD) ou orgânica (endocardite, reumática). 📌 Clínica: • Turgência jugular, hepatomegalia dolorosa, ascite, edema. 👂 Ausculta: • Sopro holossistólico em foco tricúspide, que aumenta com a inspiração profunda (sinal de Rivero- Carvallo). 🎯 Resumo Rápido (mnemônico com sopros) • EA → Sopro sistólico ejetivo em foco aórtico, irradia para carótidas. • IA → Sopro diastólico aspirativo em foco aórtico, PA com pressão de pulso ↑. • EM → Sopro diastólico em ruflar no ápex + estalido de abertura. • IM → Sopro holossistólico no ápex, irradia para axila. • ET → Sopro diastólico em ruflar tricúspide, aumenta na inspiração. • IT → Sopro holossistólico tricúspide, aumenta na inspiração. 3. Estudar fisiopatologia, epidemiologia, fatores de risco, diagnóstico, manifestações clínicas da Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e preservada 🔬 ICFER – Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida 1. 🔬 Definição • Condição em que o ventrículo esquerdo não consegue se contrair adequadamente, resultando em fração de ejeçãoaté 50% em 5 anos após diagnóstico. 4. ⚠ Fatores de Risco • IAM prévio ou DAC crônica. • Miocardite, miocardiopatias dilatadas. • Uso de drogas cardiotóxicas (doxorrubicina, trastuzumabe). • HAS e diabetes. • Tabagismo, obesidade. • Doenças valvares avançadas. 5. 🤒 Manifestações Clínicas Sintomas • Dispneia de esforço (progressiva). • Ortopneia e dispneia paroxística noturna. • Fadiga, intolerância ao exercício. • Edema periférico, ascite em fases avançadas. Sinais • B3 (típico da ICFER). • Estertores crepitantes (congestão pulmonar). • Turgência jugular, refluxo hepatojugular. • Pulso fraco e fino, PA com pressão de pulso estreita. • Sinais de baixo débito: extremidades frias, oligúria, sonolência em casos graves. 6. 🧪 Diagnóstico Clínico • Baseado em sintomas + exame físico (critérios de Framingham). Complementar • BNP/NT-proBNP → elevados. • Ecocardiograma → exame de escolha (confirma FE 70 bpm, mesmo com betabloqueador. • Hidralazina + dinitrato de isossorbida → opção em intolerância a IECA/BRA/ARNI ou em pacientes negros sintomáticos. • Digoxina → melhora sintomas, reduz hospitalizações, mas não reduz mortalidade. 🔹 Para sintomas (não mudam prognóstico) • Diuréticos de alça (furosemida, bumetanida) o Controle de congestão (edema, dispneia). o Não reduzem mortalidade, apenas melhoram sintomas. 3. 🧍 Tratamento Não Farmacológico 🔸 Medidas gerais • Educação do paciente: reconhecer sinais de descompensação (edema, ganho de peso, dispneia). • Controle de peso: pesar-se diariamente → ganho > 2 kg em 3 dias sugere retenção. • Dieta hipossódica: reduzir ingestão de sal (Ressincronização Cardíaca (TRC): indicada em pacientes com QRS ≥ 130 ms (sobretudo BRE), FE ≤ 35%, sintomáticos apesar do tratamento. • Transplante cardíaco ou assistência circulatória mecânica: em casos refratários. 📌 Resumindo: • Farmacológico o Pilares que reduzem mortalidade: o IECA/BRA → ou ARNI o Betabloqueadores o Antagonista da Aldosterona o SGLT2i • Sintomas: diuréticos. • Casos selecionados: ivabradina, hidralazina+nitrato, digoxina. Não Farmacológico • Dieta (sal/água), controle de peso, exercícios supervisionados, cessar tabagismo/álcool, vacinas. Avançado • CDI, TRC, transplante. Tratamento da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada - ICFER (FE ≥ 50%) O foco principal é: 1. Controle de sintomas (congestão) 2. Controle rigoroso das comorbidades 3. Medidas não farmacológicas de estilo de vida 1. 💊 Tratamento Farmacológico 🔹 Para controle de sintomas • Diuréticos de alça (furosemida, bumetanida, torasemida) o Usados para reduzir congestão (edema, dispneia). o Melhoram qualidade de vida, mas não alteram prognóstico. 🔹 Para reduzir hospitalizações (benefício recente) • Inibidores de SGLT2 (dapagliflozina, empagliflozina) o Estudos recentes (DELIVER, EMPEROR-Preserved) mostraram redução em hospitalizações por IC. o Indicação crescente em diretrizes. 🔹 Controle das comorbidades (essencial) • Hipertensão: manter PAS