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• Primeiras características observadas: deterioração rápida da memória, parafasias, apraxia e desorientação espacial. • Era considerada uma demência pré-senil rara. • Observado pela primeira vez as placas senis/ placas beta amiloides. NEUROLOGIA DA DOENÇA DE ALZHEIMER: • As pessoas com DA podem exibir um ou mais transtornos cognitivos como: AFASIA: dificuldade com a linguagem APRAXIA: dificuldade com o funcionamento motor AGNOSIA: impossibilidade de reconhecer objetos. ➔ É um desenvolvimento progressivo e que impacta negativamente no desempenho social e comportamental. ➔ Cuidadores também serão impactados. • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS: Pode se confundir com frequentes lapsos de memória normais e recorrentes do envelhecimento e isso dificulta o reconhecimento da doença. A demência na doença de Alzheimer apresenta um início insidioso e um curso com deterioração progressiva. Apresenta dificuldade discretas de memória como um dos primeiros sintomas Perda de interesse e apatia. Tem 3 formas: LEVE MODERADA GRAVE ETIOLOGIA • Não totalmente elucidada. • Estudos indicam que é multifatorial e isso até dificulta os tratamentos atuais. • Fatores genéticos são totalmente relevantes, é transmitida de forma autossômica dominante, porém, a manifestação na prole não é de 50%, mas de aproximadamente 25%. • Além da idade a presença de membro da família com demência é o único fator sistematicamente associado, ocorrendo em 32% dos casos. • Sinais de doença vascular detectados por neuroimagem e o genótipo Apoε4 combinam-se para aumentar o risco da doença em indivíduos idoso. • Apesar de tudo isso, 80% dos casos são esporádicos, ou seja, sem esses fatores citados acima. • MÚLTIPLOS FATORES AMBIENTAIS E GENÉTICOS ESTÃO ENVOLVIDOS: Idade: a partir dos 65 anos Sexo: mulheres e a exposição ao estrogênio que é considerado neuro protetor. Diabetes Histórico familiar Depressão Baixa atividade física e cognitiva Hábitos de vida: alcoolismo Medicamentos Colesterol alto Educação: estimular o cérebro a neuroplasticidade. Hipertensão DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Diagnóstico clínico pois os sintomas são bem característicos, mas o diagnóstico oficial é apenas pós-morte. Estados atuais tentam observar as placas betaamilóides no paciente ainda vivo. • Utiliza-se o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e Escore Clínico de Demência (ECD) os quais avaliam a função cognitiva global. EPIDEMIOLOGIA • Aumenta com a idade: Se for genético desenvolve antes dessas idades. 2% de chance de desenvolver aos 65 anos 35% de chance de desenvolver aos 85 anos • O envelhecimento populacional se destaca como fator causador do aumento do número de casos nos próximos anos. • É o tipo de demência mais prevalente na população. PATOGÊNESE E FISIOPATOLOGIA • Doença neurodegenerativa metabólica progressiva. 1- Atinge primeiramente células hipocampais e depois pode atingir até o córtex. 2- Essas células irão sofrer estresse oxidativo, dano sináptico e apoptose devido à inflamação que será causada por: a- Placas β-amiloides ou placas senis, na parte externa das células dos neurônios. b- Na parte interna formam-se emaranhados neuro fibrilares: acontecem devido a hiperfosforilação de uma proteína que protege os microtúbulos chamada TAU. HIPÓTESES ETIOLÓGICAS PARA A DA 1- HIPÓTESE COLINÉRGICA: a estimulação colinérgica iria contribuir para a disfunção amnésica do idoso. 2- DISFUNÇÃO GLUTAMATÉRGICA: as vias glutamatérgicas causariam uma excitotoxicidade. 3- CASCATA AMILOIDE: os sintomas da doença podem ser associados ao desenvolvimento de inúmeras lesões filamentosas intraneuronais e extracelulares no córtex límbico, assim como no córtex cerebral. 4- PROTEÍNA TAU: o acúmulo de Aβ pode ser o evento ativador da hiperfosforilação da proteína TAU, porém os fatores que desencadeiam este desequilíbrio ainda não são bem entendidos. 5- OLIGOMÉRICA: a Aβ, quando forçado a permanecer em sua forma oligomérica, danifica imediatamente as sinapses neuronais, levando à morte celular, embora o mesmo não ocorra com as fibrilas de Aβ. 6- CORRELAÇÃO DA HIPÓTESE AMILOIDE E A COLINÉRGICA: o sistema colinérgico tem função reguladora sobre o processamento do peptídeo amiloide e em contrapartida os agregados amiloides induzem respostas inflamatórias capazes de danificar as células do sistema colinérgico. 7- METÁLICA: os íons metálicos endógenos, particularmente os que possuem atividade redox, tais como cobre (II) e ferro (III), além de certos íons não redox-ativos, como o zinco (II), podem contribuir na evolução de doenças neurodegenerativas, favorecendo a agregação de Aβ e aumentando a sua toxicidade. 8- DIABETES TIPO 3: a doença poderia ser considerada como uma diabetes tipo 3 devido a vias semelhantes e a dependência do cérebro pela glicose que em falta de glicose se torna incapaz de fazer sinapses. • Há associação dessas várias hipóteses e correntes e uma complementa a outra, mas nada ainda confirmado da causa principal. FISIOPATOLOGIA • A DA possui dois marcadores histopatológicos: as placas senis extracelulares, que possuem como constituinte molecular principal o peptídeo β- amilóide (Aβ) e os emaranhados neurofibrilares intracelulares formados por proteína TAU hiperfosforilada. • Apresenta anatomicamente, aumento dos sulcos e dos ventrículos por redução da massa encefálica. • Na fase mais precoce: Diminuição das áreas responsáveis pela cognição e memória do córtex e hipocampo É importante ressaltar que durante o curso da doença cerca de 80% dos neurônios hipocampais morrem e os sintomas progressivos se manifestam como distúrbios cognitivos. • A diminuição da massa é identificável em exames de imagem, mas a placa senil e os emaranhados precisam de uma análise de tecidos. 1- Hiperfosforilação da TAU: a proteína TAU envolve os microtúbulos do axônio. a- Os microtúbulos são necessários para condução do impulso nervoso. b- A proteína TAU se fosforila facilmente, então se houver excesso de fosfato haverá aumento dessa interação. c- A hiperfosforilação da TAU causa a formação de emaranhados neurofibrilares que interrompem a conformação dos microtúbulos (pois elas se desprendem do microtúbulo pra se unir ao fosfato) atrapalhando na condução de um neurônio para o outro. 2- Formação das placas senis: A APP (proteína precurssora amiloide) deveria se ligar ao peptídeo Aβ que está na membrana, mas na DA sofre clivagem expondo os peptídeos que irão se atrair/agregar e formar as placas. a- FUNÇÕES DA APP: crescimento dos neuritos, tráfego de proteínas neuronais, transdução de sinal, metabolismo do cálcio entre outras funções. b- IMPORTANTE: É pela VIA AMILOIDOGÊNICA que tem ativação da β-secretase que haverá a clivagem com sobra da Aβ que irão se atrair e forma a placa. c- As placas senis não são especificas para a DA e ocorrem naturalmente em qualquer cérebro com o avanço da idade e o problema é quando começa a se exacerbar. a- Com o avançar do estresse inflamatório a microglia não será capaz de ajudar na redução da inflamação. b- Haverá aumento da síntese de APP e da fosforilação da TAU. c- A inflamação exagerada irá ativar a apoptose do neurônio e perda da sinapse. 3- Excitotoxicidade glutamatérgicas.: a- A DA aumenta a disponibilidade de glutamato na fenda sináptica, possivelmente devido ao aumento das placas senis e hiperfosforilação da proteína TAU. b- O aumento de glutamato na fenda sináptica causa quantidade excessiva de glutamato que se ligará aos receptores NMDA. c- Essa ligação exagerada aumenta muito a entrada de cálcio na célula. d- Muito cálcio dentro da célula irá ativar as vias de caspases, fragmentar o DNA e ativar a apoptose desses neurônios glutamatérgicos. 4- Redução de neurônioscolinérgicos.: a- Haverá redução na propagação de sinapses e processos de memória pois a acetilcolina é responsável por isso. b- Os inibidores da acetilcolinesterase irão tentar manejar essa perda de neurônios, aumentando a disponibilidade de acetilcolina. FASES DA DOENÇA DE ALZHEIMER Fase Inicial (leve): • Dura de 2 a 4 anos Perda de memória, confusão e desorientação. Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. Alteração da personalidade e do senso crítico. Dificuldades com as atividades da vida diária. Fase Intermediaria (moderada): • Pode durar de 3 a 5 anos. Esta fase está correlacionada com o comprometimento cortical do lobo parietal afetando as atividades instrumentais e operativas. Dificuldade em reconhecer familiares e amigos. Perder-se em ambientes conhecidos. Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária. Dificuldades com a fala e a comunicação Movimentos e fala repetitiva. Distúrbios do sono. Problemas com ações rotineiras. Inicio de dificuldades motoras. Fase Final (severa): • Dependência total. Incontinência urinária e fecal. Tendência em assumir a posição fetal. Mutismo. Restrito a poltrona ou ao leito. Presença de úlceras por pressão (escaras) Perda progressiva de peso. Infecções urinárias e respiratórias. Término da comunicação. Fase terminal: • Morte TRATAMENTO • Nenhum tratamento é capaz de curar a doença. • Apenas 5 fármacos são aprovados pela FDA. 1- MEMANTINA: antagonista dos receptores NMDA. a- O fármaco se liga nos receptores. b- Reduz a ligação excessiva de glutamato nas células e excitotoxicidade. c- Inibe a entrada excessiva de cálcio. d- Mais útil para a fase moderada e severa. 2- DONEPEZIL, GALANTAMINA E RIVASTIGMINA: inibidores da colinesterase. a- Inibem a enzima que recapta e degrada a acetilcolina. b- Fazendo com que a acetilcolina fique mais tempo na fenda sináptica. c- Para fase inicial e moderada. 3- MEMANTINA + DONEPEZIL: associação das duas ações, tentando trazendo mais equilíbrio. a- Mais para a fase moderada e severa. 4- SOLANEZUMAB: a- é um anticorpo monoclonal contra o peptídeo Aβ b- Não apresentou redução significativa no teste de fase 3. 5- ADUCANUMAB: fase leve a- Aprovado pela FDA, no entanto, os resultados positivos apresentados não são totalmente claros e são necessários mais dados para confirmar a sua validade. 6- INIBIDORES DA BACE 1: inovação! a- A BACE produz a β-secretase da via amiloidogênica que coopera para a formação da placa β-amiloide. b- O tratamento tenta inibir essa enzima Deborah Santos Angeli – MEDICINA 2021/2