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EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Empresário individual é a pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do CC). O código civil estabeleceu algumas vedações ao exercício individual de empresa. Essas vedações decorrem ou de proibições que a legislação estabelece (impedimentos legais), ou da incapacidade do agente econômico. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL • Art. 972 do CC: Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Impedimentos legais Esses impedimentos estão em normas de direito público e visam a proteger a coletividade, evitando que esta negocie com determinadas pessoas em virtude de sua função ou condição ser incompatível com o exercício livre de atividade empresarial. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Impedimento previsto na legislação: art. 1.011, § 1º do CC (condenados a certos crimes relacionados na norma); art. 117, X, da Lei 8.112/ 1990, relativo aos servidores públicos federais; art. 36, I, da LC 35/1979 – Lei orgânica da Magistratura Nacional, relativo aos magistrado; art. 44, III, da Lei 8.625/1993, relativo aos membros do Ministério Público; art. 29 da Lei 6.880/1980, relativo aos militares. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL A proibição é para o exercício de empresa, não sendo vedado, pois, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que , nesse caso, quem exerce a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica, e não seus sócios. Os impedimentos se dirigem aos empresários individuais, e não aos sócios de sociedades empresárias. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Pode-se afirmar então que os impedidos não podem se registrar na Junta Comercial como empresários individuais (pessoas físicas que exercem atividade empresarial), não significando, em princípio, que eles não possam participar de uma sociedade empresária como quotistas ou acionistas. No entanto, a possibilidade de os impedidos participarem de sociedades empresárias não é absoluta, somente podendo ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda assim, se não exercerem funções de gerência ou administração. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Há impedimentos legais que são estabelecidos em razão da própria natureza da atividade a ser empreendida. É o caso dos artigos 176,§ 1º e 222, caput, ambos da Constituição Federal. Artigo 973 do Código Civil: “a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Portanto, as obrigações contraídas por um “empresário” impedido não são nulas. Ao contrário, elas terão plena validade em relação a terceiros de boa-fé que com ele contratarem. INCAPACIDADE: de acordo com o artigo 972 do código civil, só pode exercer empresa quem é capaz, quem está no pleno gozo de sua capacidade civil. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Hipóteses excepcionais de exercício individual de empresa por incapaz: Art. 974 do CC: “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O incapaz nunca poderá ser autorizado a iniciar o exercício de uma empresa, apenas poderá ser autorizado, excepcionalmente, a dar continuidade a uma atividade empresarial. Assim, o incapaz poderá explorar atividade empresarial individualmente nos casos em que: i) ele mesmo já exercia a atividade empresarial, sendo a incapacidade, portanto, superveniente; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ii) a atividade empresarial era exercida por outrem, de quem o incapaz adquire a titularidade do seu exercício por sucessão causa mortis. Enunciado 203 do CJF da III Jornada de Direito Civil: “o exercício de empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL A autorização para que o incapaz continue o exercício da empresa será dada pelo juiz, em procedimento de jurisdição voluntária e após a oitiva do Ministério Público, conforme determina o art. 82, inciso I, do CPC. O magistrado, em ambos os casos, observará a conveniência de o incapaz exercer a atividade, segundo dispõe o art. 974, § 1º do CC. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Se o juiz entender conveniente a continuação do exercício da empresa pelo incapaz, concederá um alvará autorizando-o a tanto, por meio de representante o assistente, conforme o grau de sua incapacidade. Se o assistente ou representante for impedido, haverá a nomeação de um ou mais gerentes com aprovação do juiz, conforme dispõe o artigo 975 do CC. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente (§ 1°, art. 975 do CC). A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados (§ 2°, art. 975 do CC). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL De acordo com o § 2°, do art. 974 do CC, “não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL No alvará em que se autorizará a continuação do exercício da empresa o juiz deverá relacionar os bens que o incapaz já possuía antes da interdição, bens estes que não se sujeitarão ao resultado da empresa, ou seja, que não poderão ser executados por dívidas contraídas em decorrência do exercício da atividade empresarial. Em regra o patrimônio do empresário individual é um só. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Jurisprudência do STJ: (...)A jurisprudência do STJ já se posicionou no sentido de que a empresa individual é mera ficção jurídica, criada para habilitar a pessoa natural a praticar atos de comércio, com vantagens do ponto de vista fiscal. Assim, o patrimônio de uma empresa individual se confunde com o de seu sócio, de modo que não há ilegitimidade ativa na cobrança, pela pessoa física, de dívida contraída por terceiro perante a pessoa jurídica. Precedente,...(REsp 487.995/AP). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL A norma contida no § 2° do art. 974 do CC permite, excepcionalmente, que de estabeleça uma certa especialização patrimonial no caso de o incapaz ser autorizado a continuar o exercício de empresa. Mesmo em se tratando, nesse caso, de empresário individual, haverá uma separação patrimonial. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Os bens indicados no alvará, bens que já eram do incapaz antes da sua interdição e que não estavam afetados ao exercício da atividade empresarial, constituirão um patrimônio particular especial (patrimônio de afetação), o qual não se submeterá ao resultado da empresa, ou seja, não poderão ser executados em virtude de obrigações assumidas em consequência do exercício da atividade empresarial. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Para preservar os direitos e os interesses legítimos de terceiros, a condição de empresário incapaz autorizado deverá constar do registro mercantil, dando publicidade ao limite patrimonial decorrente de tal situação. Se não constar, o terceiro prejudicado poderá pretender a responsabilização daquele (representante ou assistente, judiciário ou Junta Comercial) diretamente responsável pela omissão (artigos 186 e 927 do CC). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Cabe salientar que não se deve confundir a hipótese em questão – exercício de atividade empresarial por incapaz, mediante autorização judicial – com o caso em que o incapaz com 16 (dezesseis) anos completos preenche os requisitos para a sua emancipação emdecorrência do estabelecimento comercial em função do qual tenha economia própria (art. 5°, parágrafo único, inciso V, do CC). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Nesse caso, não se está diante de um incapaz, mas de um menor capaz. A emancipação, antecipa a capacidade, permitindo então que o menor emancipado (que é capaz) exerça a empresa independentemente de autorização judicial. Ressalte-se que, de acordo com o art. 976, caput, do CC, “ a prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas o averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Alguns doutrinadores questionam a possibilidade de o menor emancipado ser empresário, uma vez que, não obstante seja civilmente capaz, somente o maior de 18 anos pode ser condenado por crimes falimentares que eventualmente venha a praticar, em razão de os menores de 18 anos serem penalmente inimputáveis. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL • Enunciado 197 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é reputada empresário regular se satisfizer os requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata preventiva, por não exercer regularmente a atividade por mais de dois anos”. • Art. 974, § 3° do CC EMPRESÁRIO INDIVIDUAL De acordo com o art. 978 do CC, “o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O art. 979 do CC, determina que, “além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade”. Assim, se estes atos não forem devidamente registrados na Junta Comercial, o empresário não poderá opô-los contra terceiros. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Dispõe o art. 980 do CC: “a sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis”.
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