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AGENTES 
PÚBLICOS 
 
 
 
Autor: 
Michael de Jesus 
2020 
 
 
Michael de Jesus 
 
 
 Agentes Públicos 
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Sumário 
1. Agentes Públicos ......................................................................................................... 4 
2. Classificação de Agentes Públicos .............................................................................. 10 
2.1. A Expressão “Agentes Públicos” no Ordenamento Jurídico ............................................................ 14 
2.2. Agente Político ................................................................................................................................. 17 
2.3. Jurisprudência sobre Agentes Políticos ........................................................................................... 17 
2.4. Militar .............................................................................................................................................. 20 
2.4.1. Jurisprudências sobre os Militares e Segurança Pública ................................................................................... 26 
2.5. Servidores Públicos .......................................................................................................................... 28 
2.6. Servidores Públicos Estatutários ...................................................................................................... 30 
2.7. Empregados Públicos ....................................................................................................................... 31 
2.8. Servidores Temporários ................................................................................................................... 33 
2.8.1. Jurisprudência acerca dos Servidores Temporários.......................................................................................... 34 
2.9. Particulares em Colaboração com o Estado .................................................................................... 35 
3. Institutos Constitucionais Relevantes atinentes aos Agentes Públicos ....................... 36 
3.1. Regime Jurídico Único...................................................................................................................... 36 
3.1.1. Jurisprudência acerca do Regime Jurídico Único .............................................................................................. 38 
3.2. Cargo, Emprego e Funções Públicas ................................................................................................ 39 
3.2.1. Jurisprudência acerca de Cargo, Emprego e Função Públicas .......................................................................... 42 
3.3. Concurso Público.............................................................................................................................. 43 
3.3.1. Jurisprudência acerca do Concurso Público ...................................................................................................... 44 
3.4. Estabilidade ..................................................................................................................................... 50 
3.4.1. Jurisprudência acerca da Estabilidade .............................................................................................................. 53 
3.5. Remuneração ................................................................................................................................... 55 
3.6. Teto Remuneratório ........................................................................................................................ 59 
3.6.1. Jurisprudência acerca de Remuneração e Teto Remuneratório ....................................................................... 62 
3.7. Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções ............................................................................... 66 
3.7.1. Jurisprudência acerca da Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções Públicas .......................................... 67 
3.8. Direito de Greve ............................................................................................................................... 68 
3.8.1. Jurisprudência acerca da Greve ........................................................................................................................ 72 
4. Regime Disciplinar ..................................................................................................... 74 
4.1. Deveres e Proibições do Servidor Público Civil ................................................................................ 75 
 
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4.2. Vedação à Acumulação de Cargos Públicos .................................................................................... 79 
4.3. Responsabilização nas Esferas Civil, Penal e Administrativa .......................................................... 83 
5. Penalidades em Espécie ............................................................................................ 93 
5.1. Advertência ...................................................................................................................................... 94 
5.2. Suspensão ........................................................................................................................................ 95 
5.3. Demissão ......................................................................................................................................... 97 
5.4. Cassação de Aposentadoria ou Disponibilidade .............................................................................. 99 
5.5. Destituição de Cargo em Comissão ou Função Comissionada ...................................................... 100 
5.6. Disposições Comuns à Demissão é à Destituição .......................................................................... 101 
6. Autoridade Competente para Aplicação de Penalidade ........................................... 103 
7. Prazo de Prescrição da Pretensão Punitiva .............................................................. 104 
8. Procedimento Sumário de Apuração Disciplinar ...................................................... 111 
8.1. Acumulação Ilegal de Cargos, Empregos ou Funções Públicas ..................................................... 111 
8.2. Abandono de Cargo e Inassiduidade Habitual .............................................................................. 112 
9. Processo Administrativo Disciplinar ........................................................................ 114 
9.1. Considerações Iniciais .................................................................................................................... 114 
9.2. “Denúncia Anônima” ..................................................................................................................... 116 
10. Sindicância .............................................................................................................. 118 
10.1. Afastamento Preventivo como Medida Acautelatória .................................................................. 120 
10.2. Processo Administrativo Disciplinar stricto sensu - PAD ............................................................... 120 
10.3. Revisão do PAD .............................................................................................................................. 132 
11. Atos de Improbidade Administrativa ....................................................................... 134 
11.1. Sanções de atos de improbidade administrativa que acarretam enriquecimento ilícito: ............ 134 
11.2. Sanções de atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário: ....................... 135 
11.3. Sanções de atos de improbidade administrativa que atentam contra princípios da Administração 
Pública: .......................................................................................................................................................para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo 
efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. 
Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda do cargo somente ocorrerá mediante 
processo administrativo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa. 
Contudo, as disposições acerca dos servidores públicos vão muito além dos citados artigos. 
Vejamos cada uma das espécies de servidores públicos. 
2.6. Servidores Públicos Estatutários 
 
Essa categoria de servidores públicos recebe esta denominação porque a sua relação jurídica com o ente 
da Administração Pública com o qual se mantém vinculado é estabelecida em lei que costuma ser 
denominado Estatuto Jurídico dos Servidores Públicos. 
Exemplos: a) Lei Federal nº 8.112, de 1990: dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos 
civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais; 
b) Lei do Estado de São Paulo nº 10.261, de 1968: dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários 
Públicos Civis do Estado; 
c) Lei do Município de São Paulo nº 8.989, de 1979: dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários 
Públicos do Município de São Paulo. 
 
 
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Cabe ressaltar que o Estatuto é alterável unilateralmente pelo ente da Federação, desde que, nos termos 
do art. 5º, inciso XXXVI, respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. 
Portanto, não há um congelamento da relação jurídica do servidor estatutário e o ente da Federação 
pode, ao longo do tempo, alterar as disposições legais incluindo ou retirando direitos não adquiridos, deveres 
e obrigações. 
2.7. Empregados Públicos 
 
Os empregados públicos são a espécie do gênero servidor público contratados sob o regime das leis 
trabalhistas, cabe dizer a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). 
Até por esse motivo, é coloquial a utilização da expressão “servidores celetistas” para ser referir a este 
grupo. 
Importante ressaltar, contudo, que diante dos debates doutrinários e jurisprudenciais o regime celetista 
aplicado aos empregados públicos não é idêntico ao regime celetista aplicado aos profissionais privados 
comuns, visto que se impõem eventuais disposições Constitucionais aplicáveis aos Empregados Públicos. 
Dessa forma, em que pese estarem sujeitos à CLT, aos empregados públicos se aplicam as normas 
constitucionais relativas a concurso público, acumulação de cargos, vencimentos, entre outros, tratados na 
disciplina da Administração Pública pela CRFB. 
Ou seja, aos empregados públicos, em que pese a relação contratual ser predominantemente disciplina 
por regime privado, em muitos pontos ela é derrogada e submetida ao regime jurídico público. 
Cabe ressaltar também que, em função de ser competência privativa da União legislar sobre Direito do 
Trabalho, nos termos do inciso I, do art. 22, da CRFB, não podem os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios legislar para alterar disposições trabalhistas com seus eventuais empregados públicos. 
No âmbito federal, foi publicada a Lei nº 9.962, de 2000, para disciplinar o regime de emprego público do 
pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional. 
A Lei nº 9.962, de 2000, previu que o pessoal admitido como empregado público na Administração federal 
direta, autárquica e fundacional deve ter sua relação de trabalho regida pela CLT e legislação trabalhista 
correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário. 
Previu também a Lei nº 9.962, de 2000, que leis específicas devem dispor sobre a criação dos empregos 
públicos na Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, bem como sobre as 
transformações de cargos em empregos públicos. 
 
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Cabe ressaltar que estão excluídos do regime da Lei nº 9.962, de 2000, os servidores públicos estatutários 
e os cargos de provimento em comissão que são de livre nomeação e exoneração (ad nutum). 
A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas 
ou de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego. 
Além disso, previu o legislador federal que o contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será 
rescindido com base em ato unilateral da Administração pública nas hipóteses a seguir indicadas, exceto 
para as contratações que tenham ocorrido em função da autonomia de gestão de que trata o §8º do art. 37 
da CRFB: 
 
Lembre-se que o §8º do art. 37 é o fundamento constitucional, inclusive, para as Agências Executivas. 
Rememore: 
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta 
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha 
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: 
I - o prazo de duração do contrato; 
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; 
III - a remuneração do pessoal. 
prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT
acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas
necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos 
termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da Constituição 
Federal
insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se
assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito
suspensivo, que será apreciado em 30 dias, e o prévio conhecimento dos
padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de emprego,
obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das
atividades exercidas
 
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De acordo com a professora Maria Sylvia14, este contrato de gestão celebrado pela Administração deve 
conter: 
a) forma como a autonomia será exercida; 
b) metas a serem cumpridas pelo órgão ou entidade no prazo estabelecido no contrato; 
c) controle de resultado, para verificação do cumprimento ou não das metas estabelecidas. 
O professor José dos Santos Carvalho Filho cita o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade 
e Tecnologia), a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento 
da Amazônia) e a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) como exemplos de Agências 
Executiva15. 
Portanto, para essas e todas as demais contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão pode 
haver a rescisão unilateral do contrato de trabalho sem que presente uma das hipóteses incluídas no último 
diagrama. 
2.8. Servidores Temporários 
 
Essa espécie de servidor público congrega todos aqueles contratados para o exercício temporário de 
função pública, que deve se submeter a regime especial do ente da Federação. 
Nesses termos e o teor do inciso IX do art. 37 da CRFB: 
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária 
de excepcional interesse público; 
Exemplos: a) Lei Federal nº 8.745, de 1993: dispõe sobre a contratação por tempo determinado 
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do 
art. 37 da Constituição Federal; 
b) Lei Complementar do Estado de São Paulo nº 1.093, de 2009: dispõe sobre a contratação por 
tempo determinado de que trata o inciso X do artigo 115 da Constituição Estadual; 
 
14 Direito Administrativo, 30ª edição, p. 388. 
15 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 520. 
 
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c) Lei do Município deSão Paulo nº 10.793, de 1989: dispõe sobre contratação por tempo 
determinado, nos termos do artigo 37, inciso IX, da constituição federal. 
2.8.1. Jurisprudência acerca dos Servidores Temporários 
Vejamos algumas jurisprudências sobre os servidores temporários. 
➢ STF 
São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF, a autorização legislativa genérica para 
contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias. 
(...) o Tribunal, por maioria, modulou os efeitos da declaração de inconstitucionalidade para autorizar a 
manutenção dos atuais contratos de trabalho pelo prazo máximo de um ano, a contar da data da publicação 
da ata deste julgamento.[ADI 3.662, rel. min. Marco Aurélio, j. 23-3-2017, P, Informativo 858.] 
A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: CF, art. 37, II. As duas exceções à 
regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37, e a contratação de pessoal por 
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.CF, art. 37, 
IX. Nessa hipótese, deverão ser atendidas as seguintes condições: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo 
determinado; c) necessidade temporária de interesse público; d) interesse público excepcional.[ADI 
2.229, rel. min. Carlos Velloso, j. 9-6-2004, P, DJ de 25-6-2004.]= ADI 3.430, rel. min. Ricardo Lewandowski, 
j. 12-8-2009, P, DJE de 23-10-2009 
É compatível com a CF a previsão legal que exija o transcurso de 24 meses, contados do término do 
contrato, antes de nova admissão de professor temporário anteriormente contratado.[RE 635.648, voto 
do rel. min. Edson Fachin, j. 14-6-2017, P, DJE de 12-9-2017, Tema 403.] 
Reafirma-se, para fins de repercussão geral, a jurisprudência do STF no sentido de que a contratação 
por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público 
realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da CF não gera quaisquer efeitos jurídicos 
válidos em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários 
referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos 
depósitos efetuados no FGTS.[RE 765.320 RG, rel. min. Teori Zavascki, j. 15-9-2016, P, DJE de 23-9-2016, 
Tema 916.] 
Contrato por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse 
público. Típica demanda trabalhista contra pessoa jurídica de direito público. Competência da Justiça do 
Trabalho. Art. 114 da Constituição. Precedentes.[CC 7.128, rel. min. Gilmar Mendes, j. 2-2-2005, P, DJ de 
1º-4-2005.] 
 
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2.9. Particulares em Colaboração com o Estado 
 
Como última classe dos agentes públicos, temos os particulares em colaboração com o Estado, sem 
vínculo empregatício com o Poder Público, remunerado ou não. Este grupo, conforme classificação da 
professora Maria Sylvia16, pode ser subdividido em: 
 
Na subespécie dos agentes públicos enquadrados por delegação do Poder Público estariam todos aqueles: 
➢ empregados de empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos; 
➢ os que exercem serviços notarias e de registro; 
➢ leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos. 
Assim, essa subespécie representa aquelas pessoas físicas sem vínculo empregatício com o Poder Público, 
mas que podem ser remuneradas pelos usuários dos serviços por eles desenvolvidos. 
Já a subespécie dos agentes públicos particulares em colaboração com o Poder Público em função de 
requisição, nomeação ou designação é aquela que, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração, 
exercem atividades públicas de relevância, como ocorre com os jurados do tribunal do júri, os mesários nas 
eleições, os convocados para prestação do serviço militar, entre outros. 
Por fim, a subespécie dos agentes públicos particulares em colaboração com o Poder Público na condição 
de gestor de negócio é aquela que, espontaneamente assumem determinada função pública em momento 
de emergência, calamidade, epidemia, incêndio, entre outros17. 
 
 
 
 
16 Direito Administrativo, 30ª edição, p 688. 
17 Direito Administrativo, 30ª edição, p 688. 
Particulares em Colaboração com o Poder 
Público
delegação do Poder Público
requisição, desginação ou nomeação
gestores de negócio
 
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3. Institutos Constitucionais Relevantes atinentes aos Agentes 
Públicos 
 
Vamos estudar neste título alguns dos principais institutos constitucionais. 
3.1. Regime Jurídico Único 
 
O “caput” do art. 39 da CRFB, em seu texto originário, previu o seguinte: 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime 
jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das 
fundações públicas. 
Ou seja, os entes políticos da Federação deveriam instituir em sua esfera competencial um Regime 
Jurídico Único para os servidores da Administração Pública direta, das autarquias e das fundações públicas. 
Ocorre que, da leitura seca do aludido dispositivo, houve interpretações divergentes por parte da doutrina 
quanto à sua finalidade. 
Duas principais correntes de interpretação surgiram: 
1º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir para sua Administração 
Direta, bem como para suas autarquias e fundações, o Regime Estatutário para todos os servidores; 
2º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam escolher entre o Regime 
Estatutário e o Regime Celetista aquele que exclusivamente ia ser adotado para toda sua Administração 
Direta, autarquias e fundações. 
Nessa senda, a doutrina noticia entes da Federação que adotam o regime jurídico estatutário para todos 
os servidores, enquanto outros adotaram exclusivamente o celetista. 
Veja o que escreve sobre o tema o professor José dos Santos Carvalho Filho18: 
Muita polêmica se originou desse mandamento, porquanto, não tendo sido suficientemente claro, permitiu o 
entendimento, para uns, de que o único regime deveria ser o estatutário, e para outros de que a pessoa 
federativa poderia eleger o regime adequado, desde que fosse o único. Na verdade, nunca foi dirimida a dúvida. 
O certo é que havia entidades políticas em que se adotou o regime estatutário, ao lado de outras (sobretudo 
Municípios), nas quais adotado foi o regime trabalhista. 
 
18 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 649. 
 
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Ademais disso, por meio da Emenda Constitucional nº 19, de 1998, o aludido artigo foi alterado e passou 
a ter a seguinte redação: 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração 
e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. 
Com essa nova redação, houve e ainda há inúmeros debates acerca de sua correta interpretação. Uma 
das possibilidades interpretativas aponta para que o Poder Constituinte derivado buscou interromper a 
obrigação de um regime jurídico único, autorizando que os entes da Federação adotassem o regime que 
melhor lhe aprouvesse. 
Além disso, foi impetrada a ADI 2.135 no STF por alguns partidos políticos sob a alegação de que o 
processo legislativo da aludida emenda constitucional não seguira o rito previsto no §2º do art. 60 da CRFB. 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
Fato é que, em 02 de agosto de 2007, o STF, em medida cautelar, deferiu parcialmente o pedido, 
suspendendo a eficáciado “caput” do art. 39 da CRFB, com efeitos ex nunc. Ou seja, manteve-se a validade 
dos atos praticados com base nas legislações editadas durante a vigência do aludido dispositivo até o 
eventual julgamento definitivo da ADI (que até hoje não ocorreu). 
 
05/10/1988
• Texto originário do "caput" do art. 39 da CRFB prevê o
Regime Jurídico Único
• Há entes que adotaram o estatutário e há entes que
adotaram o celetista, exclusivamente
04/06/1998
• Emenda Constitucional nº 19 altera o "caput" do art. 39 e
afasta a obrigatoriedade de Regime Jurídico Único
• Os entes puderam adotar, concomitantemente, um ou outro
regime (União: Lei nº 9.962/2000)
02/08/2007
• O STF concedeu medida cautelar para suspender a
eficácia da nova redação do "caput" do art. 39 dado pela
EC nº 19/98
• Retorna o Regime Jurídico Único, com efeitos ex nunc
(preservam-se as legislações em vigor)
 
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Portanto, até que se ultime a decisão no mérito pelo STD na ADI 2.135, continua produzindo efeitos a 
redação originária do “caput” do art. 39 da Constituição. 
Importante ressaltar que no julgamento da Cautelar da aludida ADI, inclusive na ementa, consta que se 
mantém vigente a redação originária do art. 39 da CRFB que trata do regime jurídico único “incompatível 
com a figura do emprego público”. 
Ademais, no julgamento da ADI 2.310, o STF também se inclinou à posição de que a redação originária do 
“caput” do art. 39 da CRFB, e que voltou a produzir efeitos após a medida cautelar na ADI 2.135, obriga o 
regime jurídico único estatutário para a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas 
autarquias e fundações. 
Isto é, para as pessoas jurídicas de direito público, o posicionamento indicado é no sentido de que se 
aplica o regime estatutário. 
A professora Maria Sylvia, inclusive, assim discorre sobre este tópico: 
Embora tenhamos entendido, em edições anteriores, que esse regime pode ser o estatutário ou celetista, 
reformulamos agora tal entendimento, para defender a tese de que o regime estatutário é o que deve ser 
adotado, tendo em vista que as carreiras típicas de Estado não podem submeter-se a regime celetista, conforme 
entendeu o Supremo Tribunal Federal ao julga a ADI 2.310 (pertinente ao pessoal das agências reguladoras). 
Ainda que para atividades-meio o regime celetista fosse aceitável, o vínculo de natureza estatutária se impõe 
em decorrência da exigência de que o regime jurídico seja único. 
Mas, como não houve análise do mérito na integralidade da ADI 2.135, nada se definiu quanto àqueles 
entes que eventualmente adotaram a CLT. 
De todo modo, em regra, nós temos as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito público 
(Administração direta, autarquias e fundações) adotando o regime estatutário e as pessoas jurídicas com 
personalidade jurídica de direito privado adotando o regime celetista. 
3.1.1. Jurisprudência acerca do Regime Jurídico Único 
Vejamos um excerto da ementa do julgamento da ADI 2135: 
 
 
 
 
 
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➢ STF 
A matéria votada em destaque na Câmara dos Deputados no DVS 9 não foi aprovada em primeiro turno, 
pois obteve apenas 298 votos e não os 308 necessários. Manteve-se, assim, o então vigente caput do art. 
39, que tratava do regime jurídico único, incompatível com a figura do emprego público. O deslocamento 
do texto do § 2º do art. 39, nos termos do substitutivo aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo 
representou, assim, uma tentativa de superar a não aprovação do DVS [Destaque para Votação em 
Separado] 9 e evitar a permanência do regime jurídico único previsto na redação original suprimida, 
circunstância que permitiu a implementação do contrato de emprego público ainda que à revelia da regra 
constitucional que exige o quorum de três quintos para aprovação de qualquer mudança constitucional. 
Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da CF, ressalvando-se, em 
decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a subsistência, até o julgamento definitivo da ação, da 
validade dos atos anteriormente praticados com base em legislações eventualmente editadas durante a 
vigência do dispositivo ora suspenso. (...) Vícios formais e materiais dos demais dispositivos constitucionais 
impugnados, todos oriundos da EC 19/1998, aparentemente inexistentes ante a constatação de que as 
mudanças de redação promovidas no curso do processo legislativo não alteraram substancialmente o 
sentido das proposições ao final aprovadas e de que não há direito adquirido à manutenção de regime 
jurídico anterior.[ADI 2.135 MC, rel. p/ o ac. min. Ellen Gracie, j. 2-8-2007, P, DJE de 7-3-2008.] 
3.2. Cargo, Emprego e Funções Públicas 
 
O art. 37 da CRFB faz alusão às figuras dos cargos públicos, empregos públicos e funções públicas. 
Assim, é preciso distingui-los. 
Nas palavras do professor Celso Antônio Bandeira de Mello:19 
Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente, 
previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de direito público e 
criadas por lei, salvo quando concernente aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam por 
resolução (...) 
Ou seja, fazendo um paralelo com a Teoria do Órgão de Otto Mayer, os cargos seriam as células que, 
unidas, compõem os órgãos e estes, por sua vez, corporificam o ente. 
 
19 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 226 e 227. 
 
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O titular do cargo é um servidor público estatutário. 
Por seu turno, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que 
A função pública é a atividade em si mesma, ou seja, função é sinônimo de atribuição e corresponde às 
inúmeras tarefas que constituem o objeto dos serviços prestados pelos servidores públicos. 
Dessas duas definições decorre a célebre frase de Hely Lopes Meirelles20 no sentido de que todo cargo 
tem função, mas pode haver função sem cargo. 
Por fim, a expressão “emprego público” remete à identificação das funções exercidas pelo agente com 
vínculo celetista, o empregado público. 
Reitere-se que o empregado público não titulariza um cargo, mas exerce uma função, no sentido de 
exercer uma atividade com vínculo celetista. 
Portanto, quando a CRFB em seu inciso I do art. 37 afirma que os cargos, empregos e funções públicas são 
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na 
forma da lei, você já pode identificar que: 
➢ cargos são células dos órgãos públicos titularizados por servidores estatutários; 
➢ empregos remetem às funções exercidas pelos empregados públicos, portanto, sob o regime 
celetista; 
➢ funções públicas são as atividades em si. 
Importante, por oportuno, diferenciar função de confiança de cargo em comissão, bem como servidor 
ocupante exclusivamente de cargo em comissão daquele servidor que é titular de cargo efetivo e, ao mesmo 
tempo, também titulariza cargo comissionado ou função comissionada. 
Nessa linha, veja o teor dos incisos V do art. 37 da CRFB: 
V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos 
em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos 
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (...) 
Portanto, só quem pode exercer função de confiança são os servidores públicos estatutários, titulares de 
cargos efetivos. 
 
20 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 524. 
 
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A função de confiança, no dia a dia também denominada função gratificada,representa um conjunto de 
atribuições para as quais aquele que vier a exercer fará jus a uma gratificação. Ou seja, o titular do cargo 
efetivo, além das atribuições ordinárias de seu cargo efetivo, caso assuma a função de confiança, deverá 
exercer também aquele plexo de tarefas e para isto fará jus a um incremento remuneratório. 
Por outro lado, cargo comissionado pode ser exercido tanto por servidor público efetivo quanto por 
aquele que não tenha qualquer vínculo com a Administração Pública. 
O denominado “comissionado puro” é aquele servidor que não titulariza cargo efetivo, mas apenas o 
cargo comissionado que, respeitadas as condições previstas em lei, são de livre nomeação e exoneração – 
ad nutum. 
Frise-se que, de acordo com o inciso V do art. 37 da CRFB, lei deve fixar os casos, condições e percentuais 
mínimos dos cargos comissionados que serão titularizados por servidores públicos estatutários (de carreira). 
Ressalte-se, ainda, que tanto os cargos comissionados quanto as funções de confiança devem ser alocados 
apenas para atribuições de direção, chefia e assessoramento. 
Resumindo, tem-se que: 
 
Ainda no art. 37 da CRFB, importante ressaltar dois mandamentos constitucionais a serem disciplinados 
por lei: 
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e 
definirá os critérios de sua admissão; (...) 
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta 
e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. 
Cargo Efetivo
Titularizado por servidor investido 
após aprovação em concurso 
público de provas ou de provas e 
títulos
Destinação ampla, não só para 
Direção, Chefia ou Assessoramento
Função Gratificada
(Função de Confiança)
Exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo 
efetivo
Destina-se à Direção, Chefia ou 
Assessoramento
Cargo Comissionado
(Cargo de Confiança)
Livre nomeação e exoneração (ad 
nutum), respeitado o 
preenchimento mínimo por 
servidores de carreira previstos 
em lei
Pode ser titularizado tanto pelo 
"comissionado puro" quanto por 
servidor efeitvo
Destina-se à Direção, Chefia ou 
Assessoramento
 
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Por fim, importante chamar atenção para o fato de que a Lei nº 8.112, de 1990, define cargo como: 
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que 
devem ser cometidas a um servidor. 
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação 
própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. 
Ocorre que essa definição é criticada pela doutrina, em especial, pelo professor José dos Santos Carvalho 
Filho. Veja: 
O conceito da lei não é perfeito: cargo não é um conjunto de atribuições; cargo é uma célula, um lugar dentro 
da organização; além do mais, as atribuições são, isto sim, cometidas ao titular do cargo. 
3.2.1. Jurisprudência acerca de Cargo, Emprego e Função Públicas 
Vejamos algumas jurisprudências sobre cargo, emprego e funções públicas: 
➢ STF 
Súmula Vinculante 44: 
Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
Súmula 683: 
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. 
Súmula 14: 
Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade, inscrição em concurso para cargo 
público. 
Cargo público efetivo. Provimento por estrangeiro. (...) Até o advento das Emendas 11/1996 e 19/1998, 
o núcleo essencial dos direitos atribuídos aos estrangeiros, embora certamente compreendesse as 
prerrogativas necessárias ao resguardo da dignidade humana, não abrangia um direito à ocupação de 
cargos públicos efetivos na estrutura administrativa brasileira, consoante a redação primitiva do art. 37, 
I, da Lei Maior. Portanto, o art. 243, § 6º, da Lei 8.112/1990 estava em consonância com a Lei Maior e 
permanece em vigor até que surja o diploma exigido pelo novo art. 37, I, da Constituição.[RE 346.180 AgR, 
 
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rel. min. Joaquim Barbosa, j. 14-6-2011, 2ª T, DJE de 1º-8-2011.]= RE 350.626 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 
16-10-2012, 1ª T, DJE de 9-11-2012 
Estrangeiro. Acesso ao cargo de professor da rede de ensino do Estado de Roraima. Ausência de norma 
regulamentadora. (...) Por não ser a norma regulamentadora de que trata o art. 37, I, da Constituição do 
Brasil matéria reservada à competência privativa da União, deve ser de iniciativa dos Estados-membros.[AI 
590.663 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 15-12-2009, 2ª T, DJE de 12-2-2010.] 
Lei orgânica do Distrito Federal que veda limite de idade para ingresso na administração pública. 
Caracterizada ofensa aos arts. 37, I, e 61, § 1º, II, c, da CF, iniciativa do chefe do Poder Executivo em razão 
da matéria – regime jurídico e provimento de cargos de servidores públicos. Exercício do poder derivado 
do Município, Estado ou Distrito Federal. Caracterizado o conflito entre a lei e a CF, ocorrência de vício 
formal.[ADI 1.165, rel. min. Nelson Jobim, j. 3-10-2001, P, DJ de 14-6-2002.]= ADI 2.873, rel. min. Ellen 
Gracie, j. 20-9-2007, P, DJ de 9-11-2007 
Os requisitos do edital para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento 
lei em sentido formal e material. Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas 
com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.[RE 
898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, DJE de 31-5-2017, Tema 838.] 
3.3. Concurso Público 
 
Talvez seja a maior expressão do princípio da impessoalidade em todo o ordenamento jurídico, já que, 
cumpridos os requisitos bases previstos em lei, qualquer brasileiro pode ser investido em cargo efetivo ou 
emprego público, desde que seja aprovado previamente em concurso público de provas ou de provas e 
títulos. 
Frise-se que é a lei formal e material que deve fixar os requisitos para a investidura no cargo efetivo ou 
no emprego público, devendo levar em consideração a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, 
A regra para investidura em cargo ou emprego público é o concurso público de provas ou de provas e 
títulos, exceto em duas situações: 
a) cargo comissionado; e 
b) contratação de pessoal por tempo determinado para atender à necessidade temporária de 
excepcional interesse público. 
 
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Na doutrina do professor José dos Santos Carvalho Filho, ele assim define concurso público: 
Concurso Público é o procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões pessoais e selecionar os 
melhores candidatos ao provimento de cargos e funções públicas. Na aferição pessoal, o Estado verifica a 
capacidade intelectual, física e psíquica de interessados em ocupar funções públicas e no aspecto seletivo são 
escolhidos aqueles que ultrapassam as barreiras opostas no procedimento, obedecida sempre a ordem de 
classificação. 
De acordo com o texto constitucional, o prazo de validade do concurso público é de ATÉ 2 anos. 
Ou seja, um determinado concurso pode ser fixado com validade de 6 meses, 1 ano, 1 ano e 6 meses ou 
até mesmo 2 anos, mas não pode ultrapassar esse lapso temporal em sua fixação inicial de validade. 
Inicial porque este prazo pode ser prorrogado uma única vez por IGUAL período. Também não pode ser 
prorrogado por mais de uma vez. 
Portanto, a validade máxima de um concurso, considerando o período inicial e a prorrogação será de 4 
anos (2 de validade inicial + 2anos no máximo de prorrogação). 
O período de validade ampliado pela prorrogação é denominado pelo texto constitucional como o período 
de “prazo improrrogável”. Isso porque, como já externado, a prorrogação só pode ocorrer uma única vez. 
Ressalte-se, desta forma, que no período de prazo improrrogável previsto no edital, aquele candidato 
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos tem prioridade sobre novos concursados 
para assumir cargo ou emprego na carreira. 
A não observância das regras do concurso público, tanto sua realização quanto seu prazo de validade, 
implica a nulidade do ato administrativo e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. 
3.3.1. Jurisprudência acerca do Concurso Público 
Vejamos algumas jurisprudências sobre concurso público. 
➢ STF 
Súmula Vinculante 43: 
É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia 
aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual 
anteriormente investido. 
 
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Súmula 684: 
É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público. 
Súmula 16 
Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse. 
Súmula 15 
Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito à nomeação, quando o 
cargo for preenchido sem observância da classificação. 
A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas vagas ou 
a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não 
gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, 
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas 
por comportamento tácito ou expresso do poder público capaz de revelar a inequívoca necessidade de 
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo 
candidato. Assim, a discricionariedade da administração quanto à convocação de aprovados em concurso 
público fica reduzida ao patamar zero (Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito 
subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais: i) quando a aprovação ocorrer 
dentro do número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) quando houver preterição na nomeação por 
não observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando surgirem novas vagas, ou for 
aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos 
aprovados fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.[RE 
837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784.]Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar 
Mendes, j. 10-8-2011, P, DJE de 3-10-2011, Tema 161. Vide RMS 31.478, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 
9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016. 
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual 
atribuída eficácia retroativa,não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam 
houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.[RE 629.392, rel. min. Marco Aurélio, j. 8-6-2017, P, DJE 
de 1º-2-2018, Tema 454.] 
Concurso público. Correção de prova. Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, 
substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. 
(...) Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do 
concurso com o previsto no edital do certame.[RE 632.853, rel. min. Gilmar Mendes, j. 23-4-2015, P, DJE 
 
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de 29-6-2015, Tema 485.]Vide MS 30.344 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 21-6-2011, 2ª T, DJE de 1º-8-
2011Vide STA 106 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 17-9-2009, P, DJE de 9-10-2009 
Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo, 
sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse em decorrência 
de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária, 
supervenientemente revogado ou modificado.[RE 608.482, rel. min. Teori Zavascki, j. 7-8-2014, P, DJE de 
30-10-2014, Tema 476.] 
 (...) em vista do crescente número de candidatos ao ingresso nas carreiras públicas, é cada vez mais 
usual que os editais dos concursos públicos estipulem critérios que restrinjam a convocação de candidatos 
de uma fase para outra dos certames. As regras editalícias que impedem o candidato de prosseguir no 
certame, denominadas regras restritivas, subdividem-se em eliminatórias e cláusulas de barreira.As 
regras eliminatórias preveem, por exemplo, a exclusão dos candidatos que não acertarem, pelo menos, 
50% das questões objetivas de cada matéria. Outro bom exemplo de regra eliminatória é o exame de 
aptidão física. Esse tipo de regra editalícia, como se vê, prevê como resultado de sua aplicação a eliminação 
do candidato do certame público por insuficiência em algum aspecto de seu desempenho. Além disso, é 
comum que se conjugue, ainda, outra regra que restringe o número de candidatos para a fase seguinte do 
concurso, determinando-se que, no universo de candidatos que não foram excluídos pela regra 
eliminatória, participará da etapa subsequente apenas número predeterminado de candidatos, 
contemplando-se somente os mais bem classificados. Essas são as denominadas "cláusulas de barreira", 
que não produzem a eliminação por insuficiência de desempenho nas provas do certame, mas apenas 
estipulam um corte deliberado no número de candidatos que poderão participar de fase posterior, 
comumente as fases dos exames psicotécnicos ou dos cursos de formação. Assim, pode-se definir a cláusula 
de barreira como espécie de regra editalícia restritiva que, embora não elimine o candidato pelo 
desempenho inferior ao exigido (v.g.: mínimo de acertos, tempo mínimo de prova), obstaculiza sua 
participação na etapa seguinte do concurso em razão de não se encontrar entre os melhores classificados, 
de acordo com previsão numérica preestabelecida no edital. (...) (...) as regras restritivas em editais de 
concurso público, como as regras eliminatórias e as denominadas cláusulas de barreira, quando estão 
fundadas (e assim justificadas) em critérios objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato, 
concretizam o princípio da igualdade (e também o princípio da impessoalidade) no âmbito do concurso 
público. (...) Em outros termos, o denominado "afunilamento" de candidatos no decorrer das fases do 
concurso viabiliza a investidura em cargo público com aprovação em concurso de provas ou de provas e 
 
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títulos, obedecendo aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 
37, caput e inciso II, da CF). 
[RE 635.739, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 19-2-2014, P, DJE de 3-10-2014, Tema 376.] 
Dentro do prazo de validade do concurso, a administração poderá escolher o momento no qual se 
realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, 
passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder 
público. Uma vez publicado o edital do concurso com número específico de vagas, o ato da administração 
que declara os candidatos aprovados no certame cria um dever de nomeação para a própria administração 
e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. 
(...) O dever de boa-fé da administração pública exige o respeito incondicional às regrasdo edital, inclusive 
quanto à previsão das vagas do concurso público. Isso igualmente decorre de um necessário e incondicional 
respeito à segurança jurídica como princípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio da segurança 
jurídica como princípio de proteção à confiança. Quando a administração torna público um edital de 
concurso, convocando todos os cidadãos a participarem de seleção para o preenchimento de determinadas 
vagas no serviço público, ela impreterivelmente gera uma expectativa quanto ao seu comportamento 
segundo as regras previstas nesse edital. Aqueles cidadãos que decidem se inscrever e participar do 
certame público depositam sua confiança no Estado administrador, que deve atuar de forma responsável 
quanto às normas do edital e observar o princípio da segurança jurídica como guia de comportamento. Isso 
quer dizer, em outros termos, que o comportamento da administração pública no decorrer do concurso 
público deve se pautar pela boa-fé, tanto no sentido objetivo quanto no aspecto subjetivo de respeito à 
confiança nela depositada por todos os cidadãos. (...) Quando se afirma que a administração pública tem 
a obrigação de nomear os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em 
consideração a possibilidade de situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, 
devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas 
situações excepcionais podem exigir a recusa da administração pública de nomear novos servidores. Para 
justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por parte da administração pública, 
é necessário que a situação justificadora seja dotada das seguintes características: a) Superveniência: os 
eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à 
publicação do edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por 
circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade 
excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) 
 
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Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser 
extremamente necessária, de forma que a administração somente pode adotar tal medida quando 
absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e 
imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser 
devidamente motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário. (...) Esse entendimento, 
na medida em que atesta a existência de um direito subjetivo à nomeação, reconhece e preserva da melhor 
forma a força normativa do princípio do concurso público, que vincula diretamente a administração. É 
preciso reconhecer que a efetividade da exigência constitucional do concurso público, como uma 
incomensurável conquista da cidadania no Brasil, permanece condicionada à observância, pelo poder 
público, de normas de organização e procedimento e, principalmente, de garantias fundamentais que 
possibilitem o seu pleno exercício pelos cidadãos. O reconhecimento de um direito subjetivo à nomeação 
deve passar a impor limites à atuação da administração pública e dela exigir o estrito cumprimento das 
normas que regem os certames, com especial observância dos deveres de boa-fé e incondicional respeito 
à confiança dos cidadãos. O princípio constitucional do concurso público é fortalecido quando o poder 
público assegura e observa as garantias fundamentais que viabilizam a efetividade desse princípio. Ao lado 
das garantias de publicidade, isonomia, transparência, impessoalidade, entre outras, o direito à nomeação 
representa também uma garantia fundamental da plena efetividade do princípio do concurso público.[RE 
598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-8-2011, P, DJE de 3-10-2011, Tema 161.]Vide RE 837.311, rel. min. 
Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784 
Provimento derivado de cargos. (...) Dispositivos legais impugnados que afrontam o comando do art. 37, 
II, da CF, o qual exige a realização de concurso público para provimento de cargos na administração estatal. 
Embora sob o rótulo de reestruturação da carreira na Secretaria da Fazenda, procedeu-se, na realidade, à 
instituição de cargos públicos, cujo provimento deve obedecer aos ditames constitucionais.[ADI 3.857, rel. 
min. Ricardo Lewandowski, j. 18-12-2008, P, DJE de 27-2-2009.] 
É inconstitucional a lei que autoriza o sistema de opção ou de aproveitamento de servidores federais, 
estaduais e municipais sem que seja cumprida a exigência de concurso público.[ADI 980, rel. min. Menezes 
Direito, j. 6-3-2008, P, DJE de 1º-8-2008.] = ADI 3.552, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-3-2016, P, DJE de 14-
4-2016 
O concurso público pressupõe o tratamento igualitário dos candidatos, discrepando da ordem jurídico-
constitucional a previsão de vantagens quanto a certos cidadãos que venham prestando serviços à 
administração pública.[ADI 2.949, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 26-9-2007, P, DJE de 28-5-2015.] 
 
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O STF firmou sólida jurisprudência no sentido de que o art. 37, II, da CF rejeita qualquer burla à 
exigência de concurso público. Há diversos precedentes em que a tônica é a absoluta impossibilidade de 
se afastar esse critério de seleção dos quadros do serviço público (cf. ADI 2.689, rel. min. Ellen Gracie, Pleno, 
j. 9-10-2003; ADI 1.350 MC, rel. min. Celso de Mello, Pleno, j. 27-9-1995; ADI 980 MC, rel. min. Celso de 
Mello, Pleno, j. 3-2-1994); ADI 951, rel. min. Joaquim Barbosa, Pleno, j. 18-11-2004), até mesmo 
restringindo possíveis ampliações indevidas de exceções contidas na própria Constituição, a exemplo do 
disposto no art. 19 do ADCT (cf. ADI 1.808 MC, rel. min. Sydney Sanches, Pleno, j. 1º-2-1999). O rigor na 
interpretação desse dispositivo constitucional impede inclusive formas de provimento derivado de cargo 
público, por ascensão interna.[ADI 3.434 MC, voto do rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-8-2006, P, DJ de 28-
9-2007.]= RE 635.206 AgR-AgR-AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-2-2017, 1ª T, DJE de 17-3-2017. 
A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas vagas ou 
a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não 
gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, 
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas 
por comportamento tácito ou expresso do poder público capaz de revelar a inequívoca necessidade de 
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo 
candidato. Assim, a discricionariedade da administração quanto à convocação de aprovados em concurso 
público fica reduzida ao patamar zero (Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo 
à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais: i) quando a aprovação ocorrer dentro do 
número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) quando houver preterição na nomeação por não 
observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando surgirem novas vagas, ou for aberto 
novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados 
fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.[RE 837.311, 
rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784.] 
Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-8-2011,P, DJE de 3-10-2011, Tema 161. Vide RMS 
31.478, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016. 
 
 
 
 
 
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3.4. Estabilidade 
 
Fique atento porque este instituto só se aplica aos cargos efetivos, ou seja, aqueles titularizados pelos 
servidores públicos estatutários. 
Com base no atual texto da CRFB, estabilidade é alcançada pelo servidor público estatutário que passou 
a titularizar um cargo efetivo por aprovação em concurso público e permaneceu em efetivo exercício no 
cargo por 3 anos. 
A Emenda Constitucional nº 19, de 1998, alterou o art. 41 da CRFB e ampliou o tempo necessário para se 
alcançar a estabilidade. No texto originário da CRFB era de 2 anos e, desde a aludida emenda, é de 3 anos. 
É condição para a aquisição da estabilidade a obrigatória avaliação especial de desempenho 
realizada por comissão instituída para essa finalidade. 
Importante ressaltar também neste ponto a previsão do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias, já que, por meio dele, o Constituinte Originário reconheceu a estabilidade dos servidores 
públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, 
autárquica e das fundações públicas, que na data da promulgação da Constituição estavam em exercício há 
pelo menos 5 anos continuados, mesmo que não tivessem sido admitidos por meio de concurso público. 
Cabe esclarecer que essa forma de estabilidade excepcional aplicada pela Constituinte não foi extensiva 
aos: 
➢ ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão; 
➢ ocupantes de cargos, funções e empregos que a lei declarasse de livre exoneração; e 
➢ professores de nível superior, nos termos da lei. 
De acordo com o atual texto constitucional, o servidor público estável só perderá o cargo nos seguintes 
casos: 
 
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Os três primeiros casos citados que autorizam a perda do cargo pelo servidor estável se encontram no 
art. 41 da CRFB, já o último caso consta no § 4º do art. 169. 
Assim dispõe o aludido art. 169: 
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não 
poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (...) 
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei 
complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes 
providências: 
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; 
II - exoneração dos servidores não estáveis. 
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o 
cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o 
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão 
ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. 
Portanto, perceba que há um rito formal a ser seguido. 
Não sendo cumprido o percentual máximo de gasto com pessoal, a primeira ação é a redução em 20% 
dos gastos com comissionados e com funções de confiança. 
Se ainda assim, não for atingido o limite fixado, o segundo passo é exonerar todos os servidores não 
estáveis. 
Perda do Cargo pelo Servidor 
Estável
em virtude de sentença judicial transitada em julgado
mediante processo administrativo em que lhe seja 
assegurada ampla defesa
mediante procedimento de avaliação periódica de 
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada 
ampla defesa
para que se atinja os limites de despesa com pessoal ativo e 
inativo fixado em Lei Complementar, desde que seguido o 
procedimento previsto no art. 169 da CRFB
 
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Por fim, como medida extrema, para que se atinja o nível máximo de gastos com pessoal, o servidor 
estável poderá perder seu cargo, mas para isso é necessário que: 
➢ seja expedido ato normativo motivado especificando a atividade funcional, o órgão ou unidade 
administrativa objeto da redução de pessoal; 
➢ o servidor seja indenizado em montante equivalente a um mês de remuneração para cada ano de 
serviço que tenha cumprido; 
➢ o cargo desprovido deve ser considerado extinto, sendo vedada a criação de cargo, emprego ou 
função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de 4 anos. 
Cabe dizer, ainda, que compete à lei federal dispor sobre as normas gerais a serem obedecidas para a 
efetivação da perda do cargo pelo servidor estável nos termos do §4º do artigo 169 da CRFB, bem como 
estabelecer critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em 
decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. 
Não confunda essa lei federal, que pode ser uma lei ordinária, com a Lei Complementar exigida no “caput” 
do art. 169. 
Por oportuno, ressalto que é a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº 101, de 2000) 
que fixou o imite de gastos com pessoal de que trata o “caput” do art. 169 da CRFB. 
Os limites estão no art. 19 a LRF: 
 
Limite de Gastos 
com Pessoal
União: 50% da receita corrente líquida
2,5% para o Congresso Nacional, 
incluíd o TCU
6% para o Judiciário
40,9% para o Executivo
0,6% ara o MPU
Estados: 60% da receita corrente líquida
3% para o Legislativo, incluído o TCE
6% para o Judiciário
49% para o Executivo
2% para o MPE
Municípios: 60% da receita corrente líquida
6% para o Legislativo, incluído o 
TCM, se o caso
54% para o Executivo
 
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Frise-se que, no caso de ser invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, ele deve ser 
reintegrado e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a 
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao 
tempo de serviço. 
Além disso, se extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável deve ficar em 
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em 
outro cargo. 
3.4.1. Jurisprudência acerca da Estabilidade 
Vejamos algumas jurisprudências sobre a estabilidade. 
➢ STF 
Defensor público estadual: garantias e prerrogativas. (...) O prazo trienal para aquisição de estabilidade 
no cargo, fixado pela EC 19/1998, é aplicável indistintamente a todos os servidores públicos.[ADI 230, rel. 
min. Cármen Lúcia, j. 1º-2-2010, P, DJE de 30-10-2014.] 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Demissão imotivada de seus empregados. 
Impossibilidade. Necessidade de motivação da dispensa. (...) Os empregados públicos não fazem jus à 
estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior ao advento da EC 
19/1998. (...) Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e isonomia, que regem a admissão 
por concurso público, a dispensa do empregado de empresas públicas e sociedades de economia mista que 
prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se, assim, que tais princípios, observados no 
momento daquela admissão, sejam também respeitados por ocasião da dispensa. A motivação do ato de 
dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade 
por parte do agente estatal investido do poder de demitir. Recurso extraordinário parcialmente provido 
para afastar a aplicação, ao caso, do art. 41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação para legitimar a 
rescisão unilateral do contrato de trabalho.[RE 589.998, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-3-2013,P, DJE 
de 12-9-2013, Tema 131.] 
A estabilidade funcional não subsiste no caso de vínculo estabelecido com a Administração Pública 
mediante contrato temporário.[RE 1.043.653 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 5-9-2017, 1ª T, DJE de 9-11-
2017.] 
A decisão agravada está em conformidade com entendimento firmado por ambas as Turmas desta 
Corte, no sentido de que não se aplica a empregado de sociedade de economia mista, regido pela CLT, o 
 
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disposto no art. 41 da CF, o qual somente disciplina a estabilidade dos servidores públicos civis. Ademais, 
não há ofensa aos princípios de direito administrativo previstos no art. 37 da Carta Magna, porquanto a 
pretendida estabilidade não encontra respaldo na legislação pertinente, em face do art. 173, § 1º, da 
Constituição, que estabelece que os empregados de sociedade de economia mista estão sujeitos ao regime 
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas.[AI 465.780 AgR, rel. 
min. Joaquim Barbosa, j. 23-11-2004, 2ª T, DJ de 18-2-2005.]= AI 660.311 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 9-10-
2007, 2ª T, DJ de 23-11-2007 
A exigência de concurso público para a investidura em cargo garante o respeito a vários princípios 
constitucionais de direito administrativo, entre eles, o da impessoalidade e o da isonomia. O constituinte, 
todavia, inseriu no art. 19 do ADCT norma transitória criando uma estabilidade excepcional para servidores 
não concursados da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que, quando da promulgação 
da Carta Federal, contassem com, no mínimo, cinco anos ininterruptos de serviço público. A jurisprudência 
desta Corte tem considerado inconstitucionais normas estaduais que ampliam a exceção à regra da 
exigência de concurso para o ingresso no serviço público já estabelecida no ADCT Federal.Precedentes: ADI 
498, rel. min. Carlos Velloso (DJ de 9-8-1996), e ADI 208, rel. min. Moreira Alves (DJ de 19-12-2002), entre 
outros.[ADI 100, rel. min. Ellen Gracie, j. 9-9-2004, Plenário, DJ de 1º-10-2004.] 
A estabilidade prevista no art. 19 do ADCT requer tempo de serviço, à época da promulgação da Carta 
de 1988, igual a cinco anos. (...) A cessação de relação jurídica regida pela CLT, no tocante a servidor público 
que não detenha a estabilidade, prescinde da formalização de processo administrativo e, portanto, do 
contraditório.[RE 289.321, rel. min. Marco Aurélio, j. 2-12-2010, 1ª T, DJE de 2-6-2011.] 
Servidores públicos detentores da estabilidade excepcional do art. 19 do ADCT. Inclusão no regime 
próprio de previdência social. Impossibilidade. (...) Os servidores abrangidos pela estabilidade excepcional 
prevista no art. 19 do ADCT não se equiparam aos servidores efetivos, os quais foram aprovados em 
concurso público. Aqueles possuem somente o direito de permanecer no serviço público nos cargos em 
que foram admitidos, não tendo direito aos benefícios privativos dos servidores efetivos. Conforme consta 
do art. 40 da CF, com a redação dada pela EC 42/2003, pertencem ao regime próprio de previdência social 
tão somente os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.[ARE 1.069.876 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 27-10-2017, 
2ª T, DJE de 13-11-2017.] 
 
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Servidor público. Ausência de estabilidade. Cessação do vínculo. Tratando-se de servidor público 
arregimentado sem a aprovação em concurso público e que, à época da entrada em vigor da Carta de 1988, 
não contava com cinco anos de prestação de serviços, descabe cogitar de ilegalidade na ruptura do 
vínculo.[RE 223.380, rel. min. Marco Aurélio, j. 28-11-2000, 2ª T, DJ de 30-3-2001.] 
Equiparação de vantagens dos servidores públicos estatutários aos então celetistas que adquiriram 
estabilidade por força da CF. Ofensa ao art. 37, II, da CF.[ADI 180, rel. min. Nelson Jobim, j. 3-4-2003, P, DJ 
de 27-6-2003. 
A estabilidade provisória advinda de licença-maternidade decorre de proteção constitucional às 
trabalhadoras em geral. O direito amparado pelo art. 7º, XVIII, da CF, nos termos do art. 142, VIII, da 
CF/1988, alcança as militares.[RE 523.572 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 6-10-2009, 2ª T, DJE de 29-10-
2009.]= AI 811.376 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-3-2011, 2ª T, DJE de 23-3-2011 
O STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas gestantes, inclusive 
as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho, têm direito à 
licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até 5 meses 
após o parto, nos termos do art. 7º, XVIII, da Constituição do Brasil e do art. 10, II, b, do ADCT.[RE 600.057 
AgR, rel. min. Eros Grau, j. 29-9-2009, 2ª T, DJE de 23-10-2009.]= RE 634.093 AgR, rel. min. Celso de Mello, 
j. 22-11-2011, 2ª T, DJE de 7-12-2011= RE 597.989 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, 
DJE de 29-3-2011 
O STF assentou entendimento de que o art. 8º, VIII, da CF, ao fazer a distinção, no caput, entre associação 
e sindicato, teria conferido a garantia de estabilidade provisória somente ao último, ou seja, aos 
dirigentes ou representantes sindicais.[RE 777.227 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 25-8-2017, 1ª T, DJE 
de 9-8-2017.] 
 
3.5. Remuneração 
 
A CRFB estabelece que a fixação dos padrões de vencimento e do sistema remuneratório deve observar: 
➢ a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; 
➢ os requisitos para a investidura; 
➢ as peculiaridades dos cargos. 
 
 
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Há, basicamente, duas formas de remuneração no serviço público: 
1) a formada por parcelas diversas como remuneração básica adicionada de vantagens, gratificações e 
demais adicionais com denominações variadas; ou 
2) por subsídio que é aquela formada por parcela única,vedado o acréscimo de qualquer gratificação, 
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. 
A remuneração dos servidores públicos e o subsídio somente poderão ser fixados ou alterados por lei 
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na 
mesma data e sem distinção de índices. 
Quanto à primeira forma, a doutrina costuma utilizar, além do termo remuneração, o termo vencimentos 
no plural. 
Ou seja, vencimentos é a somatória de todas as parcelas que compõem o montante global a ser percebido 
pelo servidor. 
Quando se utiliza a palavra vencimento no singular, alude-se a uma das parcelas que compõem os 
vencimentos. 
Portanto, a primeira forma de remuneração do servidor congrega um somatório de parcelas, entre as 
quais o vencimento-base ou remuneração-básica, adicionado de gratificações, abonos, prêmios, verbas de 
representação ou qualquer outra espécie remuneratória. 
Ressalte-se que, por expressa determinação constitucional, os acréscimos pecuniários percebidos pelo 
servidor público não podem ser computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos 
ulteriores. Ou seja, o direito momentâneo ou transitório a determinado adicional ou acréscimo pecuniário 
não pode compor a base para futuros novos acréscimos. 
Exemplo: determinado servidor de carreira não remunerada por subsídio, tem seus vencimentos 
compostos por um vencimento base de R$ 5.000,00 e uma gratificação de 100% por desempenho, 
perfazendo, portanto, R$ 10.000,00 de vencimentos ou remuneração. Suponha agora que nova 
parcela remuneratória tenha sido criada com percentual de 20% por representação. O que o 
dispositivo constitucional remete é que a nova parcela remuneratória, em regra, deve incidir sobre 
o vencimentobase de R$ 5 mil e não sobre R$ 10 mil que era o total dos vencimentos quando 
agregada a gratificação de desempenho. Cabe esclarecer, contudo, que os estatutos eventualmente 
podem prever a incorporação de determinadas parcelas remuneratória e, neste caso, eventual 
 
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criação de gratificações podem prever a incidência sobre o valor total da remuneração 
(vencimentos) e não só sobre o vencimento base. Mas, tudo dependerá de lei. 
Também se aplica esse dispositivo em eventual alteração do Estatuto do Servidor que venha a 
extinguir a primeira gratificação existente. Não há direito adquirido do servidor por ter percebido 
aquela gratificação durante um período (exceto se havia previsão de incorporação e o tempo 
necessário já havia transcorrido). 
 
Quanto à segunda forma de remuneração, o denominado subsídio, ele é formado por parcela única, sendo 
vedada a adição de qualquer parcela remuneratória, exceto as indenizatórias. 
O regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de natureza mensal, o que 
não é o caso do 13º salário e do terço constitucional de férias, pagos a todos os trabalhadores e 
servidores com periodicidade anual. 
As parcelas de caráter indenizatório, inclusive, tais como diárias, ajudas de custo, entre outras, não 
entram no cômputo para a fixação do teto remuneratório de que trata o inciso XI do art. 37 da CRFB ou o 
§12º do aludido artigo, conforme veremos a seguir. 
O subsídio foi introduzido no texto constitucional pela Emenda nº 19, de 1998, no §4º do art. 39. 
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e 
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de 
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, 
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. 
A citação a membro de Poder alude a todos aqueles representantes diretos de um dos Poderes da 
República, ou seja: no âmbito do Poder Executivo, o presidente da república, os governadores e os 
prefeitos; no âmbito do Poder Judiciário, cada um dos juízes, desembargadores ou ministros; no 
âmbito do Poder Legislativo, cada um dos parlamentares (senadores, deputados e vereadores). Dessa 
forma, a expressão “detentor de mandato eletivo” acaba sendo um reforço da primeira expressão, 
hábil a excluir qualquer dúvida que se tivesse quanto a membro de Poder incorporar todos os citados 
integrantes do Poder Legislativo. 
 
 
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Mas não só os citados no §4º do art. 39, também devem ser remunerados por subsídio os membros do 
Ministério Público (art. 128, §5º, inciso I, alínea “c”), os integrantes da Defensoria Pública e da Advocacia 
Pública (art. 135), bem como os servidores das carreiras policiais. 
Dessa forma, devem ser remunerados por subsídio: 
➢ os membros de Poder; 
➢ o detentor de mandato eletivo; 
➢ ministros; 
➢ secretários; 
➢ membros do Ministério Público; 
➢ membros da Defensoria Pública; 
➢ Procuradores integrantes das carreiras da Advocacia Pública; 
➢ Policiais. 
Além desses, a CRFB previu em seu §8º do art. 39 que a remuneração dos servidores públicos organizados 
em carreira PODE ser fixada por subsídio. 
Os servidores públicos organizados em carreira podem ser remunerados por subsídio enquanto os 
membros de Poder, o detentor de mandato eletivo, ministros, secretários, membros do Ministério 
Público, membros da Defensoria Pública, Procuradores integrantes das carreiras da Advocacia Pública, 
Policiais, devem ser remunerados desta forma. 
A CRFB ainda fixa que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem publicar anualmente os valores 
do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos, não podendo os vencimentos dos cargos do 
Poder Legislativo e do Poder Judiciário serem superiores aos pagos pelo Poder Executivo. 
Contudo, como as atribuições dos cargos são fixadas por lei e, em regra, cada uma delas apresenta 
características peculiares, torna-se difícil ou até impossível avaliar comparativamente a remuneração dos 
cargos entre os Poderes para asseverar o cumprimento do mandamento constitucional de que a 
remuneração de cargos no Poder Legislativo e no Poder Judiciário não superam concretamente a dos do 
Executivo. 
Além disso, o texto constitucional também autoriza que leis da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios estabeleçam a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, 
obedecido, em qualquer caso, o teto remuneratório. 
 
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Ressalte-se, contudo, que é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias 
para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Esse mandamento foi incluído na CRFB pela 
Emenda nº 19, de 1998, para extirpar a farra de equiparações e o efeito em cascata que era ocasionado pelo 
reajuste de determinada carreira que era base vinculada a muitas outras. 
Cabe ressaltar também a previsão constitucional de que o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de 
cargos e empregos públicos são irredutíveis, exceto para: 
➢ respeitar o teto remuneratório; 
➢ respeitar a vedação de que acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não podem ser 
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; 
➢ incidência tributária como a do Imposto de Renda (proibida a quebra de isonomia ou privilégios e 
garantida a incidência sobre a universalidade e generalidade dos valores percebidos, bem como a 
progressividade, na forma da lei). 
3.6. Teto Remuneratório 
 
O texto constitucional fixa como limite remuneratório no serviço público, regra geral, o subsídio mensal, 
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. 
Ou seja, não se pode remunerar qualquer servidor público com vencimentos ou subsídio acima do quanto 
recebe mensalmente o Ministro do STF em espécie, isto é, desconsiderando eventuais benefícios indiretos 
(motorista com carro oficial, utilização de salas reservadas, entre outros). 
Contudo, o inciso XI do art. 37 da CRFB que fixa este limite, estabelece também subtetos da seguinte 
forma: 
 
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Perceba então que o subteto é variável. Para os Municípios, não é o subsídio do ministro do STF e sim o 
subsídio do Prefeito. Já para os Estados e o DF a variabilidade é ainda maior, já que: 
➢ para o Poder Executivo Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Governador; 
➢ para o Poder Legislativo Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Deputado Estadual ou 
Distrital; 
➢ para o Poder Judiciário Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Desembargado do Tribunal de 
Justiça, limitado a 90,25% do subsídio do Ministro do STF; 
➢ para os membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública, o subteto também 
é subsídio do Desembargador do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio do Ministro do 
STF. 
Ressalte-se que o limite remuneratório se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos 
da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes 
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, 
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza. 
Subteto remuneratório
Municípios subsídio do Prefeito
Estados e Distrito Federal
subsídio do Governador para 
o Poder Executivo
subsídio dos Deputados para 
o Legislativo
subsídio dos 
Desembargadoresdo 
Tribunal de Justiça, para o 
Poder Judiciário, para os 
membros do Ministério 
Público, para os 
Procuradores e para os 
Defensores Públicos, 
limitado a 90,25% do 
subsídio do Ministro do STF
 
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Além destes, o limite remuneratório também se aplicará às empresas públicas, às sociedades de economia 
mista e suas subsidiárias, desde que estas recebam recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou 
dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. 
Ou seja, em regra, as Estatais e suas subsidiárias não estão sujeitas ao limite remuneratório (teto ou 
subteto), mas desde que não sejam deficitárias e não necessitem de recursos públicos para pagamento de 
despesas de seu pessoal ou de custeio geral de suas atividades. 
Importante ressaltar ainda que, em 2005, por meio da Emenda Constitucional nº 47, foi incluído o §12º 
ao art. 37 de modo que facultou-se aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda 
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do 
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do STF, não se aplicando 
este limite único aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. 
Portanto, os Estados podem alterar suas Constituições (e o DF sua Lei Orgânica) para prever limite único 
a todos os servidores do seu território, incluindo-se aí os Municípios desses Estados. Não se inclui apenas os 
Deputados e vereadores, já que possuem regramento Constitucional próprio para remuneração. 
Desta forma, o subteto remuneratório único para Estados e para o DF que o adotem em suas Constituições 
ou Lei Orgânica (DF) passa a ser o subsídio mensal do Desembargado do Tribunal de Justiça, limitado a 
90,25% do subsídio do STF. 
Cabe reafirmar que não são computadas as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei para se 
avaliar a aplicação do limite remuneratório. Ou seja, como se trata de parcela indenizatória e não de 
remuneratório, está fora do teto constitucional. 
Neste particular, inclusive, há dúvidas em todos os entes da Federação quanto ao que se qualifica ou não 
como indenização. E, em muitos casos, há um abuso nessa caracterização que, ao fim e ao cabo, acaba 
competindo ao Poder Judiciário delinear os seus limites. 
Frise-se que a Emenda Constitucional nº 41, de 2003, incluiu o art. 17 no ADCT para reduzir imediatamente 
proventos e aposentadorias que estivessem sendo pagas em desacordo com o limite remuneratório 
constitucionalmente previsto, não se admitindo qualquer invocação de direito adquirido. 
Art. 17. 
Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que 
estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela 
decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer 
título. 
 
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3.6.1. Jurisprudência acerca de Remuneração e Teto Remuneratório 
Vejamos algumas jurisprudências sobre esses temas: 
➢ STF 
Súmula Vinculante 42: 
É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a 
índices federais de correção monetária. 
Súmula Vinculante 37: 
Não cabe ao poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores 
públicos sob o fundamento de isonomia. 
Súmula 682: 
Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos vencimentos de 
servidores públicos. 
Súmula 679: 
A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva. 
No que respeita ao subteto dos servidores estaduais, a Constituição estabeleceu a possibilidade de o 
Estado optar entre: a definição de um subteto por poder, hipótese em que o teto dos servidores da 
Justiça corresponderá ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 37, XI, CF, na redação 
da EC 41/2003); e a definição de um subteto único, correspondente ao subsídio mensal dos 
desembargadores do Tribunal de Justiça, para todo e qualquer servidor de qualquer poder, ficando de 
fora desse subteto apenas o subsídio dos deputados (art. 37, § 12, CF, conforme redação da EC 47/2005). 
Inconstitucionalidade da desvinculação entre o subteto dos servidores da Justiça e o subsídio mensal dos 
desembargadores do Tribunal de Justiça. Violação ao art. 37, XI e § 12, CF. Incompatibilidade entre a opção 
pela definição de um subteto único, nos termos do art. 37, § 12, CF, e definição de "subteto do subteto", 
em valor diferenciado e menor, para os servidores do Judiciário. Tratamento injustificadamente mais 
gravoso para esses servidores. Violação à isonomia.[ADI 4.900, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 11-2-
2015, P, DJE de 20-4-2015.] 
Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é 
considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.[RE 
612.975 e RE 602.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-2017, tema 377 e tema 384.] 
 
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A ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do servidor consiste em violação da 
regra constitucional da irredutibilidade de vencimentos.[ARE 660.010, rel. min. Dias Toffoli, j. 30-10-2014, 
P, DJE de 19-2-2015, Tema 514.] 
É possível ao legislador desvincular, para o futuro, a forma de calcular gratificação incorporada pelo 
servidor, em razão de ter ocupado função/cargo comissionado, submetendo-a aos índices gerais de revisão, 
sem que isso represente violação do Texto Constitucional.[ARE 1.004.555 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-8-
2017, P, DJE de 29-8-2017.] 
Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI, da Constituição da 
República também os valores percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de vantagens 
pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição dos valores recebidos em excesso de boa-fé até o 
dia 18 de novembro de 2015. O âmbito de incidência da garantia de irredutibilidade de vencimentos (art. 
37, XV, da Lei Maior) não alcança valores excedentes do limite definido no art. 37, XI, da Constituição da 
República. Traduz afronta direta ao art. 37, XI e XV, da Constituição da República a exclusão, da base de 
incidência do teto remuneratório, de valores percebidos, ainda que antes do advento da EC 41/2003, a 
título de vantagens pessoais.[RE 606.358, rel. min. Rosa Weber, j. 18-11-2015, P, DJE de 7-4-2016, Tema 
257.] 
A referência ao termo "procuradores", na parte final do inciso IX do art. 37 da Constituição, deve ser 
interpretada de forma a alcançar os procuradores autárquicos, uma vez que estes se inserem no conceito 
de advocacia pública trazido pela Carta de 1988. A jurisprudência do STF, de resto, é firme no sentido de 
que somente por meio de lei em sentido formal é possível a estipulação de teto remuneratório.[RE 
558.258, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, DJE de 18-3-2011.]= RE 562.238 AgR, rel. min. 
Teori Zavascki, j. 2-4-2013, 2ª T, DJE de 17-4-2013 
A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que, após a EC 41/2003, as vantagens pessoais, de 
qualquer espécie, devem ser incluídas no redutor do teto remuneratório, previsto no inciso XI do art. 37 da 
CF.[RE 464.876 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 16-12-2008, 1ª T, DJE de 20-2-2009.]= RE 471.070 AgR, rel. 
min. Ellen Gracie, j. 31-3-2009, 2ª T, DJE de 24-4-2009 
A acumulação de função comissionada com vencimento de cargo efetivo no âmbito de um mesmo órgão 
público deve estar em conformidade com o teto constitucional, consoante dispõe135 
11.4. Sanções de atos de improbidade administrativa por concessão ou aplicação indevida de benefício 
financeiro ou tributário: ............................................................................................................................. 135 
 
 
 
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Agente público é a designação mais genérica que existe e que é citada em alguns dispositivos do 
ordenamento jurídico e adotado pela doutrina e pela jurisprudência para se referir a todas as pessoas que 
desempenham função pública para a Administração Pública Direta ou Indireta. Assim sendo, qualquer pessoa 
que venha a agir em nome do Estado será considerado agente público, independentemente no vínculo 
jurídico, ainda que atue transitoriamente e até mesmo sem remuneração. 
É por meio dos agentes públicos que o Estado manifesta a sua vontade. Ou seja, sem os agentes públicos 
o Estado seria meramente uma “alma sem corpo”, um verdadeiro fantasma. É por isto que a manifestação 
volitiva de qualquer agente público acaba sendo imputada ao Próprio Estado. 
O termo “agentes públicos” é objeto de inúmeras definições na doutrina brasileira que, ao seu modo, 
apresenta um rol de definições que revelam o ponto de vista dos diversos doutrinadores. 
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello1 discorre que: 
Esta expressão - agentes públicos - é a mais ampla que se pode conceber para designar genérica e 
indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua vontade ou ação, 
ainda quando o façam apenas ocasional ou episodicamente. 
Importante observação é ainda feita por Celso Antônio Bandeira de Mello ao dizer que a caracterização 
de agente público exige dois elementos, quais sejam: a natureza da atividade desempenhada (critério 
objetivo) e a investidura nela (critério subjetivo).2 
Outra definição de agentes públicos e que revela um ponto de vista muito importante para compreensão 
do termo é aquele apresentado por Marça Justen Filho3 que assim preceitua: 
Agente público é toda pessoa física que atua como órgão estatal, produzindo e manifestando a vontade 
do Estado. 
Mais à frente o professor Marçal diz: 
O agente público é, necessariamente, uma pessoa física, o que exclui as pessoas jurídicas (...) 
 
1 Curso de Direito Administrativo, 33ª edição, p. 254. 
2 Curso de Direito Administrativo, 33ª edição, p. 255. 
3 Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p. 689. 
 
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O Estado é uma pessoa jurídica, e sua atuação jurídica depende da atuação material de um indivíduo. O 
agente público é aquele que forma e manifesta a vontade estatal, vinculando-se ao Estado por uma relação 
orgânica, sem se configurar como um representante em sentido próprio 
As palavras do professor Marçal Justen Filho revelam mais do que os olhos dos desatentos conseguem 
captar. Primeiro que ao se falar em agentes públicos, aquele autor, está afastando qualquer hipótese, por 
mais remota que venha a ser, de uma pessoa jurídica ser confundida com alguma das várias espécies de 
agente público. Pessoa jurídica, ao se vincular ao Estado, será no máximo um concessionário, permissionário 
ou autorizatário de serviço público, quiça um parceiro com propósitos comuns, mas nunca um “agente”. 
Acontece que, como veremos a seguir, a quem defenda a figura do agente público na condição de pessoa 
jurídica. 
Noutro ponto importante, é a definição do professor Marçal Justen Filho ressalta que o vínculo do agente 
público com o estado não é de representação, como é típico daqueles que de alguma maneira agem em 
nome de outrem por meio de um mandato, mas sim um vínculo orgânico, onde cada agente público é na 
verdade integrante, ou seja, faz parte do todo como o é um organismo em relação a um corpo e que disso 
faz nascer outros debates que veremos mais à frente. 
Outra definição importante de agentes públicos é a definição legal que consta no artigo 2º lei de 
improbidade administrativa - Lei Federal nº 8.429/1992: 
Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, 
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. 
Apesar de genéricas, a definição doutrinária, que foi apresentada por meio de dois autores diferentes, 
quanto a definição legal, o leitor precisa perceber que o conceito doutrinário e o conceito legal não se 
confundem, mas completam-se. Tão importante para entendimento do instituto é compreender não só a 
essência do conceito de agente público que a doutrina nos apresenta, mas também o conceito legal. 
O conceito legal de agentes públicos estampado no art. 2º da Lei Federal 8.429/1992 traz classificação 
que, para sua compreensão, precisa ser desmembrada em três partes (i) agentes políticos; (ii) servidores 
públicos e (iii) particulares em colaboração. 
Já o conceito doutrinário de agentes públicos impõe a necessidade de conhecer outros conceitos de 
extrema importância que são os de: (i) agente público de fato (ou puntativo); (ii) agente público usurpador 
de função e (iii) teoria do fato consumado; (iv) teoria do órgão. 
 
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Assim, ainda no campo da definição de agentes públicos, precisamos dividir os estudos em duas grandes 
partes: definição doutrinária de agentes públicos e definição legal de agentes públicos. 
Feito isto, precisaremos estudar tudo que decorre da definição doutrinária e depois tudo que decorre da 
definição legal de agentes públicos e, como já foi dito, não se trata de compreensões onde uma exclui a 
outra, mas são definições que se completam e que integram o todo que é essa nossa matéria. O fato é que 
na minha experiência como aluno, concursando e acadêmico notei claramente que os estudantes acabam 
fazendo a leitura de institutos como a definição de servidor público e a definição de agente público putativo 
sem perceber que as diversas doutrinas espalhadas pelo Brasil, quando tratam do assunto “agentes 
públicos”, em determinados momentos estão assentadas em concepções meramente doutrinarias e 
jurisprudenciais e em outros momentos estão se referindo a termos e nomenclaturas que estão 
expressamente dispostas na lei. 
É por conta disto que se mostra importante estudarmos a definição de agentes públicos deixando claro 
para o leitor que há institutos que são doutrinários e de outro modo existem institutos que são, na verdade, 
legais. 
De outro modo, antes de apresentar a classificação de agentes públicos, importante discorrer sobre a 
figura do “agente público de fato” (ou agente público putativo4) e “agente público usurpador de função”. 
Agente público de fato (ou agente público putativo) é aquele que pratica um ato estando investido 
irregularmente ou ilegalmente no cargo ou na sua função pública, mas que, diante da total impossibilidade 
de outros perceberem tal irregularidade o que existe é uma aparência de situação regular e legal e que 
impossibilita toda e qualquer pessoa de saber que aquele agente não poderia estar, naquele momento, 
desempenhando suas funções. 
A consequência disto é o reconhecimento dos efeitos do ato praticado pelo agente irregularmente ou 
ilegalmente ocupante daquele cargo. 
Cito como exemplo o agente público que no seu primeiro dia de férias, antes de sair para sua viagem em 
família, percebe que esqueceu na repartição pública que trabalha as chaves da sua casa na praia. Vai até o 
seu local de trabalho para buscar as chaves e ali, no seu primeiro dia de férias, quando não possui condições 
de desempenhar suas atividades como agente público por não estar temporariamente no desempenho das 
suas funções, acaba,o art. 37, XI, da Carta 
Magna. [MS 32.492 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 17-11-2017, 2ª T, DJE de 1º-12-2017.] 
 
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O STF fixou entendimento no sentido de que a estipulação de teto remuneratório, nos termos fixados 
pela EC 19/1998, exige a promulgação de lei em sentido formal e material. [AI 740.028 AgR, rel. min. Eros 
Grau, j. 24-3-2009, 2ª T, DJE de 24-4-2009.] 
A base de cálculo sobre a qual incidirão os descontos previdenciários e o imposto de renda é a 
remuneração/subsídios/proventos/pensões ou outras espécies remuneratórias dos servidores públicos 
(valor bruto) fixada após a definição do valor a ser recebido por força da observância do teto/subteto 
constitucional, definidos em lei.[RE 675.978, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 15-4-2015, P, DJE de 29-6-
2015, Tema 639.] 
Registre-se (...) que a norma prevista no art. 37, XI, da CF, com a redação dada pela EC 41/2003, é 
autoaplicável.[RE 372.369 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-2-2012, 2ª T, DJE de 5-3-2012.] 
Não há (...) ofensa ao disposto no art. 37, X e XII, da Constituição do Brasil. Como ponderou o min. Célio 
Borja, relator à época (...): "(...) Argui-se (...) violação do inciso XII, do art. 37, da Constituição (...). Não está 
aí proclamada isonomia remuneratória prescrita alhures (art. 39, § 1º, CF) para os cargos, aliás, de 
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O 
que o inciso XII, art. 37 da Constituição, cria é um limite, não uma relação de igualdade. Ora, esse limite 
reclama, para implementar-se, intervenção legislativa uma vez que, já não havendo paridade, antes do 
advento da Constituição, nem estando, desse modo, contidos os vencimentos, somente mediante 
redução dos que são superiores aos pagos pelo Executivo, seria alcançável a parificação prescrita".[ADI 
603, voto do rel. min. Eros Grau, j. 17-8-2006, P, DJ de 6-10-2006.] 
A jurisprudência da Corte é pacífica no que tange ao não cabimento de qualquer espécie de vinculação 
da remuneração de servidores públicos, repelindo, assim, a vinculação da remuneração de servidores do 
Estado a fatores alheios à sua vontade e ao seu controle; seja às variações de índices de correção editados 
pela União; seja aos pisos salariais profissionais.[ADI 668, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 28-
3-2014.] 
(...) é pacífico o entendimento do STF no sentido de que as normas que alteram o padrão remuneratório 
são de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Assim, é inafastável a inconstitucionalidade formal 
do art. 273 da Constituição do Estado de Alagoas. Ressalta-se que esta questão já foi enfrentada por este 
Tribunal, na sistemática da repercussão geral, no julgamento do RE 745.811, de minha relatoria. (...) 
Ademais, também é uníssona a jurisprudência desta Corte quanto à impossibilidade de vinculação de 
vencimentos de cargos distintos. Dessa forma, ao vincular a remuneração de servidores de cargo efetivo 
com subsídios de agentes políticos, isto é, com o maior cargo em comissão na estrutura de Poder, na 
espécie, de secretário de Estado, a norma em comento também é materialmente inconstitucional.[RE 
 
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759.518 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 29-5-2014, P, DJE de 24-11-2014, Tema 737.]= ADI 3.491, 
rel. min. Ayres Britto, j. 27-9-2006, P, DJ de 23-3-2007 
Esta Corte, no julgamento do RE 146.331 EDv, rel. min. Cezar Peluso, Plenário, DJ de 20-4-2007, firmou 
o entendimento de não ser absoluta a garantia da coisa julgada e afastou tal incidência no caso da aplicação 
do art. 17 do ADCT.[RE 600.658 RG, voto da rel. min. Ellen Gracie, j. 7-4-2011, P, DJE de 16-6-2011, Tema 
380.] 
A garantia constitucional da irredutibilidade da remuneração devida aos servidores públicos em 
atividade não se reveste de caráter absoluto. Expõe-se, por isso mesmo, às derrogações instituídas pela 
própria Constituição da República, que prevê, relativamente ao subsídio e aos vencimentos "dos ocupantes 
de cargos e empregos públicos" (CF, art. 37, XV), a incidência de tributos, legitimando-se, desse modo, 
quanto aos servidores públicos ativos, a exigibilidade da contribuição de seguridade social, mesmo porque, 
em tema de tributação, há que se ter presente o que dispõe o art. 150, II, da Carta Política.[ADC 8 MC, rel. 
min. Celso de Mello, j. 13-10-1999, P, DJ de 4-4-2003.] 
O art. 57, § 7º, do Texto Constitucional veda o pagamento de parcela indenizatória aos parlamentares 
em razão de convocação extraordinária. Essa norma é de reprodução obrigatória pelos Estados-membros 
por força do art. 27, § 2º, da Carta Magna. A Constituição é expressa, no art. 39, § 4º, ao vedar o acréscimo 
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória 
ao subsídio percebido pelos parlamentares.[ADI 4.587, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 22-5-2014, P, DJE 
de 18-6-2014. 
O regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de natureza mensal, o que não 
é o caso do 13º salário e do terço constitucional de férias, pagos a todos os trabalhadores e servidores com 
periodicidade anual. [RE 650.898, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 1º-2-2017, P, DJE de 24-8-2017, 
Tema 484.] 
 (...) não viola a Constituição o diploma estadual que impede o transporte, para o regime de subsídios, 
das vantagens pessoais adquiridas no passado, na medida em que autoriza os servidores a se manterem 
no sistema anterior e a optarem, em qualquer tempo, pela incidência do novo regime. Cabendo a decisão 
aos próprios servidores, não há redução forçada da remuneração ou violação ao direito adquirido. 
Tampouco há violação à isonomia, já que a desequiparação entre regimes foi estabelecida em benefício 
dos próprios servidores, que podem optar, a qualquer tempo, pelo regime mais benéfico.[ADI 4.079, rel. 
min. Roberto Barroso, j. 26-2-2015, P, DJE de 5-5-2015.] 
 
 
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3.7. Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções 
 
A CRFB proíbe a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas, exceto para os casos a 
seguir descritos e desde que haja compatibilidade de horário: 
 
Importante ressaltar que a vedação de acúmulo se estende às autarquias, fundações, empresas públicas, 
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo 
poder público. 
Além disso, há que se respeitar o teto remuneratório previsto no inciso XI do art. 37 da CRFB. 
O teto remuneratório deve ser considerado individualmente em relação à remuneração de cada um 
dos cargos, empregos ou funções que a CRFB autoriza a acumulação e não ao somatório do que 
recebido. 
Portanto, em que pese o somatório das duas remunerações superarem o teto constitucional previsto 
no inciso XI do art. 37 da CRFB, se individualmente nenhum deles ultrapassar o teto, não haverá afronta 
à constituição, sendo permitido o recebimento total dos valores. 
O texto original do inciso XVI do art. 37 da CRFB que elenca os permissivos constitucionais para 
acumulação (juntamente com o art. 95, §único, e art 128, §5º, inciso II, alínea “d”), previa inicialmente a 
possibilidade de dois cargos privativos de médico e não de profissionais de saúde, com profissões 
regulamentadas. Essa alteração foi promovida em 2001, pela Emenda Constitucional nº 34. Portanto, até a 
É vedada a acunulação de cargos, 
empregos ou funçõe públicas, exceto:
a de dois cargos de professor
a de um cargo de professor com outro técnico ou científico
a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de 
saúde, com profissões regulamentadas
a de juiz ou membro do Ministério Público com um de magistério
 
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aludida emenda, exclusivamente os médicos poderiam acumular dois cargos, empregos ou funções na área 
da saúde. A partir de 2001, todo profissional de saúde com profissões regulamentadas pode acumular, 
respeitados os demais requisitos constitucionais (compatibilidade de horário, respeito ao teto 
remuneratório e não mais que dois cargos, empregos ou funções). 
Outro ponto a ressaltar é o cuidado que se deve ter com a expressão “profissionais de saúde”. Isto exige 
que sejam profissionais que exerçam atividades técnicas ou profissionais diretamente relacionadas aos 
serviços de saúde, e não apenas indiretamente. 
Portanto, cuidado para não confundir profissionais de saúde com profissionais da área da saúde, o que 
poderia passar a falsa percepção de que atividades administrativas indiretamente relacionadas à saúde 
pudessem ser abarcadas. 
Ainda de acordo com a CRFB, também é vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria 
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, exceto: 
➢ quanto aos cargos acumuláveis nos termos da Constituição (anteriormente citados); 
➢ quanto aos cargos eletivos; 
➢ quanto aos cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. 
3.7.1. Jurisprudência acerca da Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções Públicas 
Vejamos algumas jurisprudências sobre o tema. 
➢ STF 
Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é 
considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.[RE 612.975 
e RE 602.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-2017, tema 377 e tema 384.] 
Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse sentido, afirmando a impossibilidade da acumulação 
tríplice de cargos públicos, ainda que os provimentos nestes tenham ocorrido antes da vigência da EC 
20/1998. (...) o art. 11 da EC 20/1998 possibilita a acumulação, apenas, de um provento de aposentadoria 
com a remuneração de um cargo na ativa, no qual se tenha ingressado por concurso público antes da edição 
da referida emenda, ainda que inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipótese, é vedada a acumulação 
tríplice de remunerações, sejam proventos, sejam vencimentos.[ARE 848.993 RG, voto do rel. min. Gilmar 
Mendes, j. 6-10-2016, P, DJE de 23-3-2017, Tema 921.] 
O dispositivo impugnado, ao estabelecer indistintamente que os proventos da inatividade não serão 
considerados para efeito de acumulação de cargos, afronta o art. 37, XVI, da CF, na medida em que amplia 
 
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o rol das exceções à regra da não cumulatividade de proventos e vencimentos, já expressamente previstas 
no Texto Constitucional. Impossiblidade de acumulação de proventos com vencimentos quando envolvidos 
cargos inacumuláveis na atividade.[ADI 1.328, rel. min. Ellen Gracie, j. 12-5-2004, P, DJ de 18-6-2004.] 
É possível a acumulação de um cargo de professor com um emprego (celetista) de professor. 
Interpretação harmônica dos incisos XVI e XVII do art. 37 da CF.[RE 169.807, rel. min. Carlos Velloso, j. 24-
6-1996, 2ª T, DJ de 8-11-1996.] 
A CF viabiliza a acumulação de dois cargos de saúde, uma vez verificada a compatibilidade de horário, 
tendo-se como consequência a possibilidade de dupla aposentadoria.[MS 31.256, rel. min. Marco Aurélio, 
j. 24-3-2015, 1ª T, DJE de 20-4-2015.] 
A redação original do art. 37, XVI, c, da Constituição autorizava apenas a acumulação de dois cargos 
privativos de médico, não abrangendo os cargos privativos de profissionais de saúde contemplados 
posteriormente pela EC 34/2001.[RE 570.213 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 10-5-2011, 1ª T, DJE 
de 26-5-2011.] 
A CF prevê a possibilidade da acumulação de cargos privativos de profissionais da saúde, em que se 
incluem os assistentes sociais.[RE 553.670 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 14-9-2010, 2ª T, DJE de 1º-10-
2010.]= ARE 823.904 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 30-9-2014, 1ª T, DJE de 17-10-2014 = RE 721.077, rel. min. 
Gilmar Mendes, dec. monocrática, j. 7-12-2012, DJE de 13-12-2012 
Para efeitos do disposto no art. 37, XVII, da Constituição, são sociedades de economia mista aquelas – 
anônimas ou não – sob o controle da União, dos Estados-membros, do Distrito Federal ou dos Municípios, 
independentemente da circunstância de terem sido "criadas por lei". Configura-se a má-fé do servidor que 
acumula cargos públicos de forma ilegal quando, embora devidamente notificado para optar por um dos 
cargos, não o faz, consubstanciando, sua omissão, disposição de persistir na prática do ilícito.[RMS 24.249, 
rel. min. Eros Grau, j. 14-9-2004, 1ª T, DJ de 3-6-2005.] 
3.8. Direito de Greve 
 
A CRFB garante ao servidor público o exercício do direito de greve nos termos e nos limites definidos em 
lei específica (inciso VII, do art. 37, da CRFB, com redação da Emenda Constitucional nº 19, de 1998). 
Antes da Emenda Constitucional nº 19, o dispositivo originário da Constituição exigia Lei Complementar 
para disciplinar os termos e limites para que os servidores exercitassem seu direito de greve. 
Ocorre que, tanto em um caso como no outro, o Congresso Nacional não expediu o instrumento hábil (lei 
complementar ou lei específica). 
 
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Desta forma, muitas foram as ações judiciais a reclamar a produção legislativa. Houve também inúmeros 
debates sobre se a aludida norma constitucional era de eficácia contida ou limitada, isto é, se exigiria lei 
prévia para o exercício da greve (norma de eficácia limitada) ou se esta poderia ser exercida imediatamente 
e, em eventual produção legislativa, ela seria amoldada aos novos ditames legais (norma de eficácia contida). 
Inicialmente, o STF manteve a posição de que a norma era de eficácia limitada e, dessa forma, só poderia 
ser exercida após a produção da lei complementar (ainda ao tempo da vigência do texto originário, antes da 
Emenda nº 19, de 1998). 
Nessa linha, o Mandado de Injunção 20/DF, julgado em 19 de maio de 1994, sendo o relator o Ministro 
Celso de Mello: 
➢ STF 
EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO - DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - 
EVOLUÇÃO DESSE DIREITO NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO - MODELOS NORMATIVOS NO DIREITO 
COMPARADO - PRERROGATIVA JURÍDICA ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 37, VII) - 
IMPOSSIBILIDADE DE SEU EXERCÍCIO ANTES DA EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR - OMISSÃO LEGISLATIVA - 
HIPÓTESE DE SUA CONFIGURAÇÃO - RECONHECIMENTO DO ESTADO DE MORA DO CONGRESSO NACIONAL 
- IMPETRAÇÃO POR ENTIDADE DE CLASSE - ADMISSIBILIDADE - WRIT CONCEDIDO. DIREITO DE GREVE NO 
SERVIÇO PÚBLICO: O preceito constitucional que reconheceu o direito de greve ao servidor público civil 
constitui norma de eficácia meramente limitada, desprovida, em conseqüência, de auto-aplicabilidade, 
razão pela qual, para atuar plenamente, depende da edição da lei complementar exigida pelo próprio 
texto da Constituição. A mera outorga constitucional do direito de greve ao servidor público civil não 
basta - ante a ausência de auto- aplicabilidade da norma constante do art. 37, VII, da Constituição - para 
justificar o seu imediato exercício. O exercício do direito público subjetivo de greve outorgado aos 
servidores civis só se revelará possível depois da edição da lei complementar reclamada pela Carta Política. 
A lei complementar referida - que vai definir os termos e os limites do exercício do direito de greve no 
serviço público - constitui requisito de aplicabilidade e de operatividade da norma inscrita no art. 37, VII, 
do texto constitucional. Essa situação de lacuna técnica, precisamente por inviabilizar o exercício do direito 
de greve, justifica a utilização e o deferimento do mandado de injunção. A inércia estatal configura-se, 
objetivamente, quando o excessivo e irrazoável retardamento na efetivaçãoda prestação legislativa - não 
obstante a ausência, na Constituição, de prazo pré-fixado para a edição da necessária norma 
regulamentadora - vem a comprometer e a nulificar a situação subjetiva de vantagem criada pelo texto 
constitucional em favor dos seus beneficiários. 
 
 
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Ocorre que nenhum efeito prático era advindo das concessões dos mandados de injunções coletivos 
impetrados já que o Congresso se mantinha inerte. 
Mesmo após a Emenda nº 19, de 1998, e a alteração para lei ordinária, ainda que específica, cujo quórum 
de aprovação é mais simples do que o de lei complementar, o Congresso não produziu a lei. 
Assim, o STF alterou o seu posicionamento e no julgamento do Mandado de Injunção 708, ocorrido em 
25 de outubro de 2007, o Supremo determinou que se aplicasse aos servidores públicos a Lei nº 7.783, de 
1989, que trata do direito de greve aplicável ao trabalhador da iniciativa privada, enquanto perdurar a inércia 
do legislador. 
É certo que o Supremo fez algumas ressalvas, até para compatibilizar o regime próprio dos servidores com 
um regramento que foi insculpido para a iniciativa privada, mas fato é que houve uma alteração no 
entendimento jurisprudencial. Como exemplo, buscou-se aproximar a greve dos servidores aos serviços 
essenciais descritos na Lei nº 7.783, de 1989. Veja: 
➢ STF 
(...) Direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). Evolução do tema na jurisprudência 
do STF. (...) Apesar das modificações implementadas pela EC 19/1998 quanto à modificação da reserva 
legal de lei complementar para a de lei ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o direito de 
greve dos servidores públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente 
satisfatório para garantir o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos 
constitucionais. Tendo em vista as imperiosas balizas jurídico-políticas que demandam a concretização do 
direito de greve a todos os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o 
controle judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue 
também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo. A mora legislativa em questão já foi, por 
diversas vezes, declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a permanência dessa 
situação de ausência de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis passa a invocar, 
para si, os riscos de consolidação de uma típica omissão judicial. (...) Considerada a omissão legislativa 
alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão, tão somente no sentido de que se aplique a Lei 
7.783/1989 enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei específica para os servidores 
públicos civis (CF, art. 37, VII). Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, 
não se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de 
entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve 
mais severo em razão de tratar-se de "serviços ou atividades essenciais", nos termos do regime fixado pelos 
arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes 
 
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das possibilidades de que a regulação dos serviços públicos que tenham características afins a esses 
"serviços ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados 
ditos "essenciais". O sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está aberto 
para que outras atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos 
serviços públicos e atividades estratégicas típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja 
essencialidade não está contemplada pelo rol dos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989. Para os fins desta 
decisão, a enunciação do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989 é apenas exemplificativa 
(numerus apertus). O processamento e o julgamento de eventuais dissídios de greve que envolvam 
servidores públicos civis devem obedecer ao modelo de competências e atribuições aplicável aos 
trabalhadores em geral (celetistas), nos termos da regulamentação da Lei 7.783/1989. A aplicação 
complementar da Lei 7.701/1988 visa à judicialização dos conflitos que envolvam os servidores públicos 
civis no contexto do atendimento de atividades relacionadas a necessidades inadiáveis da comunidade que, 
se não atendidas, coloquem "em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população" 
(Lei 7.783/1989, parágrafo único, art. 11). Pendência do julgamento de mérito da ADI 3.395/DF, rel. min. 
Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a apreciação das "ações oriundas da 
relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e 
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios" (CF, art. 114, I, na redação conferida 
pela EC 45/2004). Diante da singularidade do debate constitucional do direito de greve dos servidores 
públicos civis, sob pena de injustificada e inadmissível negativa de prestação jurisdicional nos âmbitos 
federal, estadual e municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais e constitucionais de 
definição de competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve instaurados 
entre o poder público e os servidores públicos civis. No plano procedimental, afigura-se recomendável 
aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei 7.701/1988 (que versa sobre especialização das turmas dos 
Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência para apreciar e julgar eventuais 
conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam suscitados até o momento de 
colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. A 
adequação e a necessidade da definição dessas questões de organização e procedimento dizem respeito a 
elementos de fixação de competência constitucional de modo a assegurar, a um só tempo, a possibilidade 
e, sobretudo, os limites ao exercício do direito constitucional de greve dos servidores públicos, e a 
continuidade na prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal passa a assegurar 
o direito de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da CF, sem desconsiderar a garantia da 
continuidade de prestação de serviços públicos – um elemento fundamental para a preservação do 
interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela sociedade. Definição dos 
 
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parâmetros de competência constitucional para apreciação do tema no âmbito da Justiça Federal e da 
Justiça estadual até a edição da legislação específica pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. (...) Em 
razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da omissão legislativa do direito de greve 
dos servidores públicos civis e em respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o prazo de sessenta 
dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, 
deferido para, nos termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 
aos conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos 
civis.[MI 708, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-10-2007, P, DJE de 31-10-2008.]= ARE 657.385, rel. min. Luiz 
Fux, dec. monocrática, j. 29-2-2012, DJE de 13-3-2012 
 
Lembre-se que para os militares, outra das espécies de agentes públicos, é proibidaa realização de greve. 
E, com base na jurisprudência do STF (como exemplo, o ARE 654.432 que foi julgado em 05 de abril de 2017 
– informativo 860, que veremos a seguir), às carreiras de segurança pública, por similitude ao serviço militar, 
no que tange a imprescindibilidade à garantia da lei e da ordem, também é vedada a realização de greve. 
3.8.1. Jurisprudência acerca da Greve 
Vejamos a jurisprudência sobre o direito de greve para os servidores públicos. 
➢ STF 
(...) constata-se que o dispositivo impugnado padece de inconstitucionalidade, na medida em que 
considera o exercício não abusivo de um direito constitucional – direito de greve – como falta grave ou 
fato desabonador da conduta no serviço público, a ensejar a imediata exoneração do servidor público 
em estágio probatório, mediante processo administrativo próprio. (...) Além disso, o dispositivo 
impugnado explicita uma diferenciação de efeitos do exercício do direito de greve entre servidores estáveis 
e não estáveis, imputando consequência gravosa apenas aos primeiros, consubstanciada no ato de 
imediata exoneração. A CF de 1988 não alberga nenhuma diferenciação nesse sentido.[ADI 3.235, voto do 
rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 4-2-2010, P, DJE de 12-3-2010.] 
A simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é justificativa para 
demissão com fundamento na sua participação em movimento grevista por período superior a trinta dias. 
A ausência de regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralisação em movimento 
grevista em faltas injustificadas.[RE 226.966, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, j. 11-11-2008, 1ª T, DJE de 21-
8-2009.] 
 
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O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos 
os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação 
do poder público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos 
termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. [ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. 
Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, Informativo 860, Tema 541.] 
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício 
do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela 
decorre, permitida a compensação em caso de acordo.O desconto será, contudo, incabível se ficar 
demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do poder público.[RE 693.456, rel. min. Dias 
Toffoli, j. 27-10-2016, P, DJE de 19-10-2017, Tema 531.] 
Súmula Vinculante 23: 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência 
do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. 
A Justiça Comum Federal ou Estadual é competente para julgar a abusividade de greve de servidores 
públicos celetistas da administração direta, autarquias e fundações de direito público.[RE 846.854, rel. p/ 
o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 1º-8-2017, P, DJE de 7-2-2018, Tema 544.] 
Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra. Ocorre, contudo, 
que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe sejam prestados plenamente, em sua 
totalidade. Atividades das quais dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a 
administração da Justiça – onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis, 
inclusive as de exação tributária – e a saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores 
alcançados por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades 
desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos quais a 
Constituição expressamente proíbe a greve (art. 142, § 3º, IV).[Rcl 6.568, rel. min. Eros Grau, j. 21-5-2009, 
P, DJE de 25-9-2009.] 
 
 
 
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4. Regime Disciplinar 
 
A Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe acerca do Regime Jurídico dos servidores púbicos da União, de suas 
Autarquias e Fundações, disciplina em seu título IV o Regime Disciplinar desses servidores e no título V o 
Processo Administrativo Disciplinar. 
 
No título IV, são fixados os deveres, as proibições, as responsabilidades e as penalidades a que se 
submetem os servidores civis da União. 
Ou seja, são fixadas as obrigações e determinadas as penalidades a que se submeterão os servidores 
estatuários e comissionados em caso de descumprimento de cada uma das obrigações. 
Cabe frisar que, em grande parte desse título, não haverá muito como fugirmos da listagem da lei. Isso, 
sem dúvida, fará com que você lance mão de um dos instrumentos mais ingratos, sem dúvida, que é a famosa 
decoreba. 
É certo que explanarei para você o contexto no qual se insere a obrigação, elencarei as obrigações de 
forma esquematizada e citarei as jurisprudências e principais doutrinas sobre os pontos polêmicos, tudo com 
o objetivo de facilitar o seu aprendizado e fixação. 
Mas, repise-se, nesse título não há muito como fugir do enfrentamento dessa dificuldade. 
E passar por esse caminho é necessário para estudarmos o Processo Administrativo Disciplinar. 
 
 
Conjunto de deveres, 
proibições e responsabilidades 
Processo Administrativo 
Disciplinar - PAD pelo 
descumprimento desse 
conjunto
 
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4.1. Deveres e Proibições do Servidor Público Civil 
 
Preliminarmente, cabe destacar o escopo de aplicação e a definição de servidor público, de acordo com a 
Lei nº 8.112, de 1990: 
 
Assim, em se tratando de Regime Jurídico aplicado aos servidores públicos civis, a Lei nº 8.112, de 1990, 
não se aplica aos militares. 
Cabe dizer, a disciplina dos membros das Forças Armadas é fixada pela Lei nº 6.880, de 1980 – Estatuto 
dos Militares. 
Ademais, adentrando na abrangência dos servidores públicos civis, esclareça-se que o Regime Jurídico 
disciplinado na Lei nº 8.112, de 1990, só se aplica aos servidores públicos civis federais. 
Destarte, compete às demais pessoas jurídicas de direito público interno estabelecerem, mediante lei 
própria do ente, o Regime Jurídico a ser aplicado aos seus servidores civis. 
Quanto à União, os servidores públicos civis que são submetidos aos princípios e regras fixados na Lei nº 
8.112, de 1990, são aqueles investidos em cargos: 
a) nos órgãos da Administração Direta da União: Presidência, Ministérios, Congresso Nacional, 
Ministério Público da União, Defensoria Pública da União, Tribunal de Contas da União e Órgãos 
Federais do Poder Judiciário, exceto para os agentes políticos e membros de Poder que possuem 
regimes próprios; 
 
Quem se submete? 
servidores públicos civis da União, das autarquias, 
inclusive as de regime especial, e das fundações 
públicas federais
Servidor Público é a pessoa legalmente investida em cargo público
Cargo Público efetivo 
ou comissionado
é o conjunto de atribuições e responsabilidades 
previstas na estrutura organizacional que devem ser 
cometidas a um servidor
 
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b) nas Autarquias Federais, inclusive as de regime especial (agências reguladoras, por exemplo): 
Banco Central, Autoridade de Governança do Legado Olímpico – Aglo, Agência Nacional de Aviação 
Civil – ANAC, Agência Espacial Brasileira – AEB, Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, Agência 
Nacional da Saúde - ANS, Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Agência Nacional do 
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP, Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, 
entre outras. 
c) nas fundações públicasfederais: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA, Fundação 
Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Nacional de Arte – FUNARTE, 
Fundação Cultural Palmares, entre outras. 
De acordo com a Lei nº 8.112, de 1990, cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades 
previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. 
Atenção: os cargos públicos para provimento em caráter efetivo ou em comissão, com denominação 
própria e vencimento pago pelos cofres públicos, são criados por lei e acessíveis a todos os 
brasileiros. 
Ainda sobre a semântica de cargo público, Celso Antônio Bandeira de Mello21 assim o define: 
 “cargo é a denominação dada a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um 
agente”. 
 Por seu turno, José dos Santos Carvalho Filho22 leciona que cargo público: 
 “é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas 
que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei ou diploma a ela 
equivalente”. 
 
 
 
21 Curso de Direito Administrativo, 33ª edição. p. 539. 
22 Manual de Direito Administrativo, 30ª edição. p. 773. 
 
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Feito este importante introito, vejamos a relação dos deveres fixados para os servidores públicos civis da 
União: 
DEVERES dos Servidores Públicos Civis da União, Autarquias e Fundações Públicas Federais: 
atender com 
presteza: 
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as 
protegidas por sigilo; 
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou 
esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. 
exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo 
ser leal às instituições a que servir 
observar as normas legais e regulamentares 
cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais 
levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade 
superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra 
autoridade competente para apuração 
zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público 
guardar sigilo sobre assunto da repartição 
manter conduta compatível com a moralidade administrativa 
ser assíduo e pontual ao serviço 
tratar com urbanidade as pessoas 
representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder 
 
Atenção: a representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade 
superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. 
 
A seguir, você terá a lista com todas as proibições elencadas na Lei nº 8.112, de 1990, conforme veremos 
de forma aprofundada oportunamente. 
 
 
 
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PROIBIÇÕES aos Servidores Públicos Federais: 
➢ Penalidade de advertência 
recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado 
ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato 
retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da 
repartição 
recusar fé a documentos públicos 
opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço 
promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição 
cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de 
atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado 
coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, 
ou a partido político 
manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou 
parente até o segundo grau civil 
➢ Demissão 
valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da 
função pública 
participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não 
personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário 
 
Atenção: essa proibição não se aplica nos seguintes casos: 
 
a) participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a 
União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade 
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e 
b) gozo de licença para o trato de interesses particulares, observada a legislação sobre 
conflito de interesses. 
 
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atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar 
de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou 
companheiro 
receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas 
atribuições 
aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro 
praticar usura sob qualquer de suas formas 
proceder de forma desidiosa 
utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares 
➢ Suspensão 
cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de 
emergência e transitórias 
exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e 
com o horário de trabalho 
4.2. Vedação à Acumulação de Cargos Públicos 
 
A Lei nº 8.112, de 1990, também disciplina a vedação à acumulação de cargos públicos, respeitadas as 
disposições previstas na Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB: 
Art. 37 (...) 
 XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de 
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI23: 
 
23 Lembre-se que o inciso XI do art. 37 da CRFB é o que trata do teto remuneratório no serviço público (XI - a remuneração e o 
subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos 
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato 
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente 
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, 
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados 
e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e 
Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros 
e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito 
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos). 
 
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a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; 
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas 
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, 
pelo poder público 
Art. 95 (...) 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; 
Art. 128 (...) 
§5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivosProcuradores-Gerais, 
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente 
a seus membros (...) 
II - as seguintes vedações: (...) 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; 
Ou seja, já no plano constitucional é estabelecida a proibição de acumulação remunerada de cargos, 
empregos e funções públicas na Administração Direta e Indireta e nas sociedades controladas direta ou 
indiretamente pelo Poder Público. 
Há, entretanto, a permissividade constitucional de acumulação de cargos, empregos ou funções públicas, 
desde que haja compatibilidade de horários: 
 
É vedada a acunulação de cargos, 
empregos ou funçõe públicas, 
exceto:
a de dois cargos de professor
a de um cargo de professor com outro técnico ou 
científico
a de dois cargos ou empregos privativos de 
profissionais de saúde, com profissões 
regulamentadas
a de juiz ou membro do Ministério Público com um de 
magistério
 
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Atente-se para o fato de que profissionais da saúde abarcam todos aqueles com profissões 
regulamentadas, tais como, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, entre outros, e não só 
os médicos. 
Cabe dizer que, antes da Emenda Constitucional nº 34, de 2001, a previsão constitucional abarcava, 
quanto a profissionais de saúde, apenas a possibilidade de acumulação de dois cargos privativos de médicos. 
Ou seja, o texto original do inciso XVI do art. 37 da CRFB previa inicialmente a possibilidade de dois cargos 
privativos de médico e não de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Essa alteração foi 
promovida em 2001, pela Emenda Constitucional nº 34. 
Portanto, até a aludida emenda, exclusivamente os médicos poderiam acumular dois cargos, empregos 
ou funções na área da saúde. A partir de 2001, todo profissional de saúde com profissões regulamentadas 
passou a poder acumular, respeitados os demais requisitos constitucionais (compatibilidade de horário, 
respeito ao teto remuneratório e não mais que dois cargos, empregos ou funções). 
Outro ponto a ressaltar é o cuidado que se deve ter com a expressão profissionais de saúde. Isto exige 
que sejam profissionais que exerçam atividades técnicas ou profissionais diretamente relacionadas aos 
serviços de saúde e não apenas indiretamente. 
Portanto, cuidado para não confundir profissionais de saúde com profissionais da área da saúde, o que 
poderia passar a falsa percepção de que atividades administrativas indiretamente relacionadas à saúde, 
pudessem ser abarcadas (seguranças, recepcionistas, equipe de limpeza, entre outros). 
Outrossim, importante também esclarecer que se entende por cargo técnico ou científico aquele que exija 
conhecimentos reconhecidamente específicos de determinada atividade ou ciência. Contrasta essa 
identificação das atividades que não necessitam de conhecimentos ou formação específicos. 
Regressando à disciplina da Lei nº 8.112, de 1990, e nos atendo ao complemento do que vimos do texto 
constitucional, ressalte-se que também será considerada acumulação indevida a percepção de vencimento 
de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram 
essas remunerações forem acumuláveis na atividade. 
Isto é, evita-se dessa maneira que um servidor aposentado pudesse acumular, após a ida para a 
inatividade, os proventos da aposentadoria com a remuneração de outro cargo que, se estivesse na 
atividade, seria incompatível. 
Portanto, as regras de permissividade de acumulação remuneratória de cargos, empregos ou função 
valem tanto para a atividade quanto para a inatividade. 
 
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Recobre-se que, ainda que lícita, a permissividade de acumulação de cargos é condicionada à comprovada 
compatibilidade de horários. 
De forma expressa, a Lei nº 8.112, de 1990, prevê a proibição de acumulação de cargo em comissão e de 
ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva, exceto nos seguintes casos: 
a) o servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para exercer, 
interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, 
devendo optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade; e 
b) remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas 
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou 
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observada 
legislação específica. 
O servidor que acumula licitamente 2 cargos efetivos deve se afastar de ambos para ser investido 
em cargo de provimento em comissão, salvo se houver compatibilidade de horário e local com o 
exercício de 1 deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou das entidades envolvidos. 
Exemplo: Mévio é assessor legislativo na Câmara dos Deputados, cargo efetivo titularizado após 
concurso público de provas e títulos. Mévio também titulariza o cargo efetivo de professor na 
Universidade de Brasília, cargo este também obtido após certame público. Ocorre que, 
recentemente, Mévio foi convidado a assumir o cargo de provimento em comissão de chefe do 
Gabinete Pessoal do Presidente da República. Questiona-se: em que condições Mévio poderá tomar 
posse no aludido cargo em comissão? 
Preliminarmente cabe esclarecer que o permissivo constitucional de acumulação de um cargo de 
professor com outro técnico ou científico, previsto na alínea “b”, do inciso XVI, do art. 37 da CRFB, 
fundamenta a regularidade da titularização dos dois cargos efetivos por Mévio, quais sejam, 
assessor legislativo da Câmara e professor da UNB, desde que demonstrada a compatibilidade de 
horários. 
Supondo cumprido o requisito de compatibilidade de horário, por exemplo, Mévio exerce a 
atividade de assessor legislativo no expediente diurno e leciona como professor no horário noturno, 
temos que, para assumir o cargo de provimento em comissão de chefe do Gabinete Pessoal do 
Presidente da República, ele terá que, em regra, se afastar dos dois cargos efetivos! 
 
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Contudo, a Lei nº 8.112, de 1990, excepciona a possibilidade de acumular o cargo de provimento 
em comissão com apenas um dos cargos de efetivo exercício se houver: 
a) compatibilidade de horário; 
b) compatibilidade de local; 
c) a declaração da compatibilidade de horário e local das autoridades máximas de cada órgão ou 
entidade envolvido. 
Assim, para que Mévio continue exercendo o cargo efetivo de assessor legislativo na Câmara dos 
Deputados e assuma o cargo de provimento em comissão no Gabinete da Presidência da República, 
deve o próprio Presidente da República e o Presidente da Câmara dos Deputados declararem haver 
a compatibilidade de horário e de local no exercício desses 2 cargos por Mévio. Quanto ao local, não 
haverá maiores problemas já que bastaria atravessar a Praça dos Três Poderes. Contudo, quanto ao 
horário, dificilmente seria possível conciliar. Mas, em tese, havendo compatibilidade de horário, 
seria possível Mévio assumir o aludido cargo comissionado e continuar exercendo seu cargo efetivo 
de Assessor Legislativo (afastando-se do cargo de professor da UNB). 
Por outro lado, para que Mévio continue exercendo o cargo efetivo de professor da UNB e 
assuma o cargo de provimento em comissão no Gabinete da Presidência da República, deve o 
próprio Presidente da República e o Reitor da UNB declararem haver a compatibilidade de horário 
e de local no exercício desses 2 cargos por Mévio. Nesse caso, também não haveria maiores 
problemas quanto à localidade. Eventualimpossibilidade decorreria de incompatibilidade de 
horários. Mas, em tese, é possível que Mévio assuma o aludido cargo comissionado e continue a 
lecionar na UNB (afastando-se do cargo de assessor legislativo). 
 
4.3. Responsabilização nas Esferas Civil, Penal e Administrativa 
 
Configurado o descumprimento de seus deveres ou a efetivação de ações proibidas no exercício de suas 
atribuições, o servidor poderá ser responsabilizado, em regra, de forma independente nas esferas civil, 
penal e administrativa, podendo, inclusive, ocorrer de as sanções serem cumulativas. 
Ou seja, a depender do caso, um único evento poderá configurar a responsabilização concomitante nessas 
três esferas. 
 
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O “em regra” na afirmação de independência das esferas civil, administrativa e penal faz sentido porque 
há de se considerar o eventual reflexo da decisão criminal na seara administrativa quando houver absolvição 
criminal que negue a existência do fato ou a autoria pelo servidor. 
A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que 
negue: 
a) a existência do fato; ou 
b) sua autoria. 
Mas atenção! Mesmo que o servidor venha a ser absolvido em processo criminal por falta de provas, 
poderá ser demitido com base em Processo Administrativo Disciplinar que comprove o ilícito praticado. 
É importante também ressaltar que, a existência de ação penal contra servidor não tem o condão de 
suspender o Processo Administrativo Disciplinar – PAD. 
Ou seja, não há que se sobrestar o PAD para aguardar o trânsito em julgado da ação penal para só depois 
avançar no processo administrativo. De igual modo, também não se deve aguardar eventual conclusão de 
ação judicial de âmbito civil para progredir com o PAD. 
Mesmo sem o conhecimento da decisão na ação judicial penal (absolvição por inexistência do fato, 
absolvição por negação da autoria, absolvição por falta de prova ou mesmo a culpabilidade, entre outras 
variações possíveis), em privilégio à independência das esferas civil, penal e administrativa, o PAD poderá 
seguir seu curso regular até a decisão final, bem como ter imediata execução da penalidade eventualmente 
imposta. 
No futuro, caso sobrevenha decisão judicial favorável ao servidor e que negue a existência do fato (fique 
comprovado que o fato não ocorreu) ou a sua autoria (fique comprovado que o fato ocorreu, mas que o 
autor foi outra pessoa), deverá ser revista a decisão administrativa que eventualmente tenha imposta 
penalidade ao servidor por meio de Processo Administrativo Disciplinar. 
São inúmeras as decisões no STF e no STJ que afirmam a independência das esferas civil, penal e 
administrativa para fins de responsabilização do servidor e tratam dos temas correlatos. 
 
 
 
 
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Nesse sentido, vejamos a jurisprudência do STF e do STJ com alguns comentários pertinentes: 
➢ STF 
PENAL E PROCESSO PENAL. DENÚNCIA. FALSIDADE IDEOLÓGICA. OMISSÃO DE INFORMAÇÃO 
JURIDICAMENTE RELEVANTE EM DOCUMENTO PÚBLICO. DOCUMENTOS QUE NÃO EXIGIAM 
INFORMAÇÃO DO SUBSCRITOR QUANTO AO ACÚMULO DE CARGOS PÚBLICOS (...) 3. (a) 
Preliminarmente, as decisões proferidas pelas esferas administrativas e jurisdicionais competentes 
são autônomas e independentes, razão pela qual o juízo criminal não está vinculado pela decisão 
proferida no âmbito administrativo, seja ela contrária ou favorável ao jurisdicionado. Ressai do art. 
125 da Lei 8.112/90 que “As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo 
independentes entre si”. (...) Inq 4105/PE Relator Ministro Luiz Fux, jugado em 30/05/2017, DJe 
20,06,2017. 
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. COBRANÇA DE PROPINA. DEMISSÃO POR IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA E PELA UTILIZAÇÃO DO CARGO PARA LOGRAR PROVEITO PESSOAL OU DE OUTREM, 
EM DETRIMENTO DA DIGNIDADE DA FUNÇÃO PÚBLICA. PROCESSO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO POR 
FALTA DE PROVAS. REPERCUSSÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. INEXISTÊNCIA. 
PRECEDENTES. PENA APLICADA POR FORÇA DE PREVISÃO LEGAL, APÓS MINUCIOSA INVESTIGAÇÃO 
NA SEARA ADMINISTRATIVA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA 
RAZOABILIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. RMS 
34.041 AgR/DF. Ministro Teori Zavascki, 29/3/2016. 
Mandado de segurança. É tranquila a jurisprudência desta Corte no sentido da independência 
das instâncias administrativa, civil e penal, independência essa que não fere a presunção de 
inocência, nem os artigos 126 da Lei 8.112/90 e 20 da Lei 8.429/92. Precedentes do STF. Inexistência 
do alegado cerceamento de defesa. Improcedência da alegação de que a sanção imposta ao 
impetrante se deu pelo descumprimento de deveres que não são definidos por qualquer norma legal 
ou infralegal. Mandado de segurança indeferido. MS 22899 AgR/SP Relator Moreira Alves, jugado em 
02/04/2003. 
MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. DEMISSÃO DE AGENTE 
DE POLÍCIA FEDERAL, DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA: 
TRANSPORTE DE MERCADORIAS CONTRABANDEADAS EM FOZ DO IGUAÇU. ALEGAÇÃO DE 
EQUIVOCADA APRECIAÇÃO DAS PROVAS E DE QUE A DECISÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DEVERIA AGUARDAR O TRÂNSITO EM JULGADO DO PROCESSO-CRIME. (...) 2. A ausência de decisão 
 
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judicial com trânsito em julgado não torna nulo o ato demissório aplicado com base em processo 
administrativo em que foi assegurada ampla defesa, pois a aplicação da pena disciplinar ou 
administrativa independe da conclusão dos processos civil e penal, eventualmente instaurados em 
razão dos mesmos fatos. Interpretação dos artigos 125 da Lei nº 8.112/90 e 20 da Lei nº 8.429/92 em 
face do artigo 41, § 1º, da Constituição. Precedentes. (...) MS 22534/PR, Ministro Maurício Côrrea, 
19/05/1999. 
MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. DEMISSÃO DE 
MOTORISTA OFICIAL DO QUADRO PERMANENTE DO MINISTÉRIO DA FAZENDA: TRANSPORTE DE 
MERCADORIAS CONTRABANDEADAS, DE FOZ DO IGUAÇU PARA GOIÁS, EM CAMINHÃO DE 
PROPRIEDADE DO GOVERNO FEDERAL. ALEGAÇÕES DE NULIDADES NO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO. 
(...) 2. Alegações improcedentes de cerceamento de defesa e de violação do princípio do 
contraditório, porque observadas as normas legais. 3. Considera-se em exercício, para os efeitos dos 
artigos 121 e 124 da Lei nº 8.112/90, o servidor que, mesmo em gozo de férias, utiliza caminhão de 
propriedade do Governo Federal para transportar mercadoria contrabandeada de Foz do Iguaçu para 
Goiás, em proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública (artigo 117, 
IX, da mesma Lei). 4. A ausência de decisão judicial com trânsito em julgado não torna nulo o ato 
demissório aplicado com base em processo administrativo em que foi assegurada ampla defesa, pois 
a aplicação da pena disciplinar ou administrativa independe da conclusão dos processos civil e penal, 
eventualmente instaurados em razão dos mesmos fatos. Interpretação dos artigos 125 da Lei nº 
8.112/90 e 20 da Lei nº 8.429/92 em face do artigo 41, § 1º, da Constituição. Precedentes. 5. Mandado 
de segurança conhecido, mas indeferido. MS 22362/PR. Ministro Maurício Corrêa, 06/05/1999. 
➢ STJ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE DE SUSPENSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DISCIPLINAR DIANTE DA EXISTÊNCIA DE AÇÃO PENAL RELATIVA AOS MESMOS FATOS. Não deve ser 
paralisado o curso de processo administrativo disciplinar apenas em função de ajuizamento de ação 
penal destinada a apurar criminalmente os mesmos fatos investigados administrativamente. As 
esferas administrativa e penal são independentes, não havendo falar em suspensão do processo 
administrativo durante o trâmite do processopenal. Ademais, é perfeitamente possível que 
determinados fatos constituam infrações administrativas, mas não ilícitos penais, permitindo a 
aplicação de penalidade ao servidor pela Administração, sem que haja a correspondente aplicação de 
penalidade na esfera criminal. Vale destacar que é possível a repercussão do resultado do processo 
penal na esfera administrativa no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua 
 
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autoria, devendo ser revista a pena administrativa porventura aplicada antes do término do processo 
penal. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013. 
ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DEMISSÃO DE SERVIDOR 
PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. ATO DE IMPROBIDADE. INDEPENDÊNCIA ENTRE 
AS SANÇÕES DISCIPLINARES E AQUELAS PREVISTAS NA LEI 8.429/92. UTILIZAÇÃO DE PROVA 
EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. PROVAS 
SUFICIENTES. EVOLUÇÃO PATRIMONIAL INCOMPATÍVEL COM A RENDA AUFERIDA. ADEQUAÇÃO DA 
PENA. ART. 132, IV DA LEI 8.112/90. ORDEM DENEGADA. 1. À luz do disposto no art. 12 da Lei 
8.429/90 e nos arts. 37, § 4º e 41 da CF/88, as sanções disciplinares previstas na Lei 8.112/90 são 
independentes em relação às penalidades previstas na LIA, daí porque não há necessidade de 
aguardar-se o trânsito em julgado da ação por improbidade administrativa para que seja editado o 
ato de demissão com base no art. 132, IV, do Estatuto do Servidor Público Federal. (...) 5. Consoante 
o princípio do pas de nulitté sans grief, não se declara a nulidade sem a demonstração de efetivo 
prejuízo para a parte que a invoca. Logo, não havendo indícios de que as provas supostamente ilícitas 
embasaram o ato decisório e a aplicação da pena, deve-se afastar a pretensão anulatória. (...) 7. A 
conclusão do processo disciplinar não está atrelada ao encerramento do procedimento fiscal. Isso 
porque são procedimentos distintos, regidos por normativos próprios e com finalidades específicas. 
MS 15.848/DF, Ministro Castro Meira, 16/08/2013. 
DIREITO ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO IMEDIATA DE PENALIDADE IMPOSTA EM PAD. Não há 
ilegalidade na imediata execução de penalidade administrativa imposta em PAD a servidor público, 
ainda que a decisão não tenha transitado em julgado administrativamente. Primeiro, porque os atos 
administrativos gozam de auto-executoriedade, possibilitando que a Administração Pública realize, 
através de meios próprios, a execução dos seus efeitos materiais, independentemente de 
autorização judicial ou do trânsito em julgado da decisão administrativa. Segundo, pois os efeitos 
materiais de penalidade imposta ao servidor público independem do julgamento de recurso 
interposto na esfera administrativa, que, em regra, não possui efeito suspensivo (art. 109 da Lei 
8.112/1990). Precedentes citados: MS 14.450-DF, Terceira Seção, DJe 19/12/2014; MS 14.425-DF, 
Terceira Seção, DJe 1/10/2014; e MS 10.759-DF, Terceira Seção 
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD). DEMISSÃO POR 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. É possível a demissão de servidor por improbidade administrativa 
em processo administrativo disciplinar. A pena de demissão não é exclusividade do Judiciário, 
sendo dever indeclinável da Administração apurar e, eventualmente, punir os servidores que 
 
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vierem a cometer ilícitos de natureza disciplinar, conforme o art. 143 da Lei n. 8.112/1990. Conforme 
o entendimento da Terceira Seção do STJ, em face da independência entre as esferas administrativas 
e penais, o fato de o ato demissório não defluir de condenação do servidor exarada em processo 
judicial não implica ofensa aos ditames da Lei n. 8.492/1992, nos casos em que a citada sanção 
disciplinar é aplicada como punição a ato que pode ser classificado como de improbidade 
administrativa, mas não está expressamente tipificado no citado diploma legal, devendo, nesses 
casos, preponderar a regra prevista na Lei n. 8.112/1990. Precedentes citados: MS 15.054-DF, DJe 
12/19/2011, e MS 12.536-DF, DJe 26/9/2008. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
26/9/2012. 
Comentários: conforme articulado nas decisões do STF e do STJ até então expostas, perceba que 
a avaliação judicial e a administrativa não estão vinculadas. Ao contrário, são independentes e 
autônomas. 
Assim, ações judiciais de caráter civil ou penal, bem como o Processo Administrativo Disciplinar, 
devem seguir seu curso ordinário e, em regra, as decisões de uma não influenciam na outra. 
Nesse sentido, atente-se para o fato de que o STF já pacificou entendimento de que o 
prosseguimento do processo na esfera administrativa, quando ainda em curso ação penal, não fere a 
presunção de inocência de que trata o inciso LVII do art. 5º da CRFB. 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
Novamente, enfatize-se que o “em regra” se aplica para o caso em que o servidor venha a ser 
absolvido da ação penal por negação da autoria ou pela comprovação da inexistência do fato. 
Atenção: a absolvição no processo criminal por falta de provas não repercute no processo 
administrativo disciplinar. 
Ademais, não se justifica o sobrestamento do PAD em função de ajuizamento de ação penal ou, 
ainda, em função do seu trâmite, com o intuito de se apurar nesta esfera fatos que estão sendo 
investigados em âmbito administrativo. 
Também é importante consignar não haverá bis in idem no caso de o servidor ser punido na esfera 
administrativa, por meio de PAD, na esfera criminal, em ação penal, e na esfera civil, por meio de 
ação de improbidade administrativa. 
 
Ainda em função dessa propalada independência, poderá o servidor público, mesmo que absolvido em 
Processo Administrativo Disciplinar, ser condenado a ressarcir o erário por comprovado prejuízo ao tesouro 
 
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em tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas de União – TCU. Isso porque a condenação pelo TCU 
independe do resultado do PAD. 
Cabe também ressaltar a possibilidade de utilização de prova emprestada entre as esferas civil, penal e 
administrativa. 
O instituto da prova emprestada está previsto no Novo Código de Processo Civil - CPC, Lei nº 13.105, de 
2015, especificamente em seu artigo 372: 
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que 
considerar adequado, observado o contraditório. 
Ou seja, a prova emprestada nada mais é do que a utilização de prova validamente produzida e constituída 
de um processo em outro. 
A solicitação da prova deverá ser realizada pela autoridade responsável pelo processo que necessitada 
da obtenção da prova já constituída em outro processo. 
Além dessa previsão legal constante no art. 372 do CPC, a jurisprudência também tem acolhida a utilização 
o PAD, de prova emprestada validamente produzida em processo criminal, independentemente do trânsito 
em julgado da sentença penal condenatória. 
É possível a utilização no PAD de prova emprestada validamente produzida em processo criminal, 
independentemente do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Atenção: inclusive poderá ser emprestada ao processo administrativo disciplinar prova constante 
em processo criminal obtida por meio de interceptações telefônicas. 
Nessa linha, veja novas jurisprudências do STF e do STJ que corroboram com o que até aqui exposto: 
➢ STF 
Agravo regimental em mandado de segurança. Tribunal de Contas da União. Violação dos 
princípios do contraditório e da ampla defesa. Não ocorrência. Independência entre a atuação do TCU 
e a apuração em processo administrativo disciplinar. (...) 2. O Tribunal de Contasda União, em sede 
de tomada de contas especial, não se vincula ao resultado de processo administrativo disciplinar. 
Independência entre as instâncias e os objetos sobre os quais se debruçam as respectivas acusações 
nos âmbitos disciplinar e de apuração de responsabilidade por dano ao erário. Precedente. Apenas 
 
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um detalhado exame dos dois processos poderia confirmar a similitude entre os fatos que são 
imputados ao impetrante. (...) MS 27.867 AgR/DF. Ministro Dias Toffoli, 18/09/2012. 
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. ATO DO MINISTRO DA FAZENDA. DEMISSÃO DE SERVIDOR PÚBLICO POR ATO DE 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DISCIPLINAR. NEGATIVA DE PROVIMENTO DO RECURSO. (...) 3. O acusado em processo administrativo 
disciplinar não possui direito subjetivo ao deferimento de todas as provas requeridas nos autos, ainda 
mais quando consideradas impertinentes ou meramente protelatórias pela comissão processante 
(art. 156, §1º, Lei nº 8.112/1990). 4. A jurisprudência desta Corte admite o uso de prova emprestada 
em processo administrativo disciplinar, em especial a utilização de interceptações telefônicas 
autorizadas judicialmente para investigação criminal. Precedentes. 5. Recurso ordinário a que se nega 
provimento. RMS 28774. Ministro Marco Aurélio. Redator para o Acórdão: Ministro Roberto Barroso, 
22/09/2015. 
➢ STJ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. UTILIZAÇÃO, EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, DE PROVA 
EMPRESTADA VALIDAMENTE PRODUZIDA EM PROCESSO CRIMINAL. 
É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente 
produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não 
repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as 
instâncias. Precedentes citados: MS 17.472-DF, Primeira Seção, DJe 22/6/2012; e MS 15.787-DF, 
Primeira Seção, DJe 6/8/2012. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013. 
ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - 
UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA DE PROCEDIMENTO CRIMINAL - INTERCEPTAÇÃO 
TELEFÔNICA - AUTORIZAÇÃO E CONTROLE JUDICIAL - PROVA ADMITIDA - PENA DE DEMISSÃO - 
CONCLUSÃO DA COMISSÃO BASEADA NA PRODUÇÃO DE VÁRIAS PROVAS - SEGURANÇA DENEGADA. 
1. A jurisprudência desta Corte pacificou-se no sentido de considerar possível se utilizar, no processo 
administrativo disciplinar, interceptação telefônica emprestada de procedimento penal, desde que 
devidamente autorizada pelo juízo criminal. 2. Não há desproporcionalidade excessivamente gravosa 
a justificar a intervenção do Poder Judiciário quanto ao resultado do Processo Administrativo 
Disciplinar originário, em que a autoridade administrativa concluiu pelo devido enquadramento dos 
 
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fatos e aplicação da pena de demissão, nos moldes previstos pelo estatuto jurídico dos policiais civis 
da União. 3. Segurança denegada. MS 16146/DF, Ministra Eliana Calmon, 22/05/2013. 
Súmula 591: 
É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente 
autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. 
 
De acordo com a Lei nº 8.112, de 1990: 
 
Caso o servidor cause prejuízo ao erário de forma dolosa, a indenização do débito deverá ser garantida 
pela via judicial. 
Entretanto, não havendo bens que assegurem a indenização, o servidor ativo, aposentado ou pensionista 
deverá ser comunicado para o pagamento no prazo de 30 dias, podendo ser parcelado o valor, a pedido do 
interessado. 
Ou seja, a legislação prioriza que, em caso de prejuízo ao erário de forma dolosa, o débito seja garantido 
judicialmente. 
De todo modo, não havendo bens do servidor para garantir a liquidação do valor devido, a Fazenda Pública 
adotará o procedimento padrão para reposição e indenização ao erário, qual seja, deve comunicá-lo para 
que quite o débito em 30 dias, podendo, desde que solicitado pelo servidor, autorizar o pagamento 
parcelado. 
Como veremos no estudo da responsabilidade objetiva do Estado, havendo prejuízo a terceiros causado 
por servidor público agindo nessa qualidade, o particular poderá ingressar com ação contra o poder público. 
A Responsabilização do 
Servidor
no âmbito civil: dependerá de ato comissivo ou omissivo, culposo ou
doloso, desde que tenha resultado em prejuízo ao erário ou a
terceiros
no âmbito penal: abrangerá os crimes e contravenções imputadas ao
servidor, desde que tenha agido na qualidade de servidor público
no âmbito civil-administrativa: resultará de ato omissivo ou comissivo
praticado no desempenho do cargo ou função
 
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A Fazenda Pública, por sua vez, poderá acionar o servidor por meio de ação regressiva para reparar o seu 
prejuízo. 
Frise-se que a obrigação de reparar o dano é extensível aos sucessores e contra eles será executada, até 
o limite do valor da herança eventualmente recebida. 
Oportunamente veremos em detalhes os requisitos, doutrina e jurisprudência acerca da responsabilidade 
objetiva do Estado. Mas desde já, saiba que o seu fundamento de validade está no §6º do art. 37 da CRFB 
que assim prevê: 
Art. 37 (...) 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa. 
O servidor que der ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, 
a outra autoridade competente para apuração de informação relativa à prática de crimes ou 
improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego 
ou função pública, NÃO poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente pelo fato 
comunicado. 
Vamos estudar a partir de agora as penalidades em espécies com todas as especificidades a elas inerentes. 
 
 
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5. Penalidades em Espécie 
 
O Estatuto dos Servidores Civis da União estabelece as seguintes penalidades disciplinares: 
 
 
A espécie de penalidade a ser aplicada ao servidor dependerá dos seguintes fatores: 
 
Assim, são 5 os tipos de penalidades possíveis: advertência, suspensão, demissão, cassação e destituição. 
Sendo que a cassação poderá ser aplicada tanto ao aposentado quanto ao servidor em disponibilidade. 
PENALIDADES
Advertência
Suspensão
Demissão
Cassação
de Aposentadoria
de Disponibilidade
Destituição
de Cargo em Comissão
de Função Comissionada
Penalidade
natureza da 
infração 
cometida
circunstâncias 
atenuantes
circunstâncias 
agravantes 
antecedentes 
funcionais
danos causados 
ao serviço público
gravidade da 
infração
 
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De modo semelhante, a destituição poderá se aplicada tanto àquele que ocupa cargo em comissão 
quanto aquele que ocupa função comissionada. 
Como visto, a dosimetria da pena a ser aplicada deve necessariamente levar em consideração a natureza 
da infração cometida, a gravidade da infração, os danos causados ao serviço público, as circunstâncias 
agravantes e atenuantes, bem como os antecedentes funcionais do infrator. 
Ademais, o ato da autoridade competente que vier a impor penalidade ao servidor sempre deverá 
mencionar o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. 
Vamos ao detalhamento de aplicação de cadauma das penalidades em espécies. 
5.1. Advertência 
 
A penalidade de menor dosimetria e com o mais baixo impacto a ser aplicada ao servidor é a advertência. 
Frise-se que a advertência será aplicada nos seguintes casos: 
 
É obrigatório que a advertência seja aplicada por escrito! 
Das 19 proibições listadas na Lei nº 8.112, de 1990, 9 dão azo à aplicação de penalidade de advertência. 
Somando-se àquelas a possibilidade de aplicação de advertência pela inobservância de dever funcional 
previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave, 
temos o total de 10 tipos descritivos que acarretam a sanção de advertência, desde que não seja caso de 
reincidência. 
 
 
 
violação a algumas das proibições estabelecidas no Estatuto dos Servidores
inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamento ou norma interna, que não 
justifique imposição de penalidade mais grave
 
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Veja a lista completa: 
 Infração cuja penalidade, em princípio, será de Advertência: 
recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado 
ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato 
retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da 
repartição 
recusar fé a documentos públicos 
opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de 
serviço 
promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição 
cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de 
atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado 
coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, 
ou a partido político 
manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou 
parente até o 2º grau civil 
inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não 
justifique imposição de penalidade mais grave 
 
Portanto, na tabela anterior, as 9 primeiras infrações são proibições que, se cometidas pelo servidor, 
ensejará, em princípio, a sanção de advertência. 
 Já a última infração da tabela, decorre de determinação direta de aplicação de advertência prevista 
no art. 129 da Lei nº 8.112, de 1990. 
5.2. Suspensão 
 
Na dosimetria de aplicação de penalidades, a suspensão é a segunda na escala de gravidade. 
 
 
 
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Assim, a suspensão será aplicada nos casos de: 
 
Portanto, é preciso ter cuidado com a suspensão. 
a) Como um dos fundamentos, a suspensão poderá ser aplicada em casos de reincidência de faltas punidas 
com advertência. 
Assim, se o servidor cometeu alguma infração que acarretou na aplicação da pena advertência e ele 
pratique novamente infração sujeita à advertência dentro do prazo de 3 anos da sanção anterior, ocorrerá 
um agravamento na sanção que passará a ser de suspensão. 
Entende-se por reincidência a pratica de nova infração disciplinar, cometida pelo mesmo infrator, 
dentro do prazo em que não cancelado o registro de penalidade anteriormente aplicada. 
Atenção: o prazo para cancelamento do registro das penalidades de advertência e de suspensão, 
dede que o servidor não pratique nova infração neste período, são: 
Advertência: 3 anos contados da data em que se tornar definitiva, administrativamente, a penalidade 
relativa à infração anterior. 
Suspensão: 5 anos contados da data em que se tornar definitiva, administrativamente, a penalidade 
relativa à infração anterior. 
Assim, em respeito ao valor constitucional de não haver penalidade de caráter perpétuo (alínea “b”, do 
inciso XLVII, do art. 5º da CRFB), ultrapassados os prazos de 3 ou 5 anos, deverá o registro da penalidade, 
respectivamente, de advertência e suspensão, ser cancelado do registro do servidor. 
Importante também destacar que o aludido cancelamento não terá seus efeitos ou repercussões 
retroativos. 
b) Outra possibilidade de aplicação da pena se suspensão ocorre em casos de violação de outras 
proibições que não tipificarem infração sujeita à penalidade de demissão. 
reincidência das faltas punidas com advertência 
violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de 
demissão
 
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Portanto, a pena de suspensão também tem um caráter residual. 
Isto é, há proibições que geram a expressa penalidade de advertência ou de demissão. Já para aquela em 
que não haja citação expressa de aplicação da advertência ou da demissão, o servidor estará sujeito à pena 
de suspensão em função do caráter residual dessa sanção. 
A penalidade de suspensão do servidor não poderá exceder a 90 dias! 
Atenção: o servidor que se recusar, injustificadamente, a ser submetido à inspeção médica 
determinada pela autoridade competente será punido com suspensão de até 15 dias, cessando os 
efeitos dessa sanção em caso de realização da inspeção médica. 
Interessante a autorização prevista na Lei nº 8.112, de 1990, para, quando houver conveniência para o 
serviço, a conversão da penalidade de suspensão em multa, na base de 50% por dia de vencimento ou 
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. 
Dessa forma, em que pese a sanção de suspensão aplicada, o servidor poderá, no interesse da 
administração pública, ser obrigado a permanecer em serviço, sendo, contudo, aplicada multa em 50% da 
sua remuneração diária ao longo do período da sanção efetivamente trabalhada. 
5.3. Demissão 
 
A sanção administrativa de maior gravidade a ser aplicada é a demissão. Para isso, deve realmente o 
servidor ter agido, contundentemente, de modo a afrontar princípios administrativos ou vedações 
normativas com grave repercussão à imagem da Administração Pública ou à dignidade dos demais 
servidores. 
A prática de ato ilícito ou irregular por um servidor traz repercussões não só a ele, mas macula a 
Administração Pública e todo o seu corpo de servidores que, ainda que de forma inconsciente, são julgados 
por membros da sociedade diariamente acerca de suas condutas. 
Desta forma, compete ao servidor um grau de zelo ainda maior com o bem público, além de exercer com 
presteza e urbanidade as suas funções ao público imediato ou mediato que é a sociedade. 
Veja os casos em que devem ser aplicadas a pena de demissão: 
Fatos em que se deve aplicar a Demissão: 
abandono de cargo inassiduidade habitual 
 
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Atenção: considera-se abandono de cargo a 
ausência intencional do servidor ao serviço por 
mais de 30 dias consecutivos. 
 
Atenção: considera-se inassidui-dade 
habitual a falta ao serviço, sem causa 
justificada, por 60 dias, interpoladamente, 
durante o período de 12 meses. 
crime contra a administração pública improbidade administrativa 
insubordinação grave em serviço aplicação irregular de dinheiros públicos 
incontinência pública e conduta escandalosa, 
na repartição 
ofensa física, em serviço, a servidor ou a 
particular, salvo em legítima defesa própria ou 
de outrem 
revelação de segredo do qual se apropriou 
em razão do cargo 
lesão aos cofres públicos e dilapidação do 
patrimônio nacional 
Corrupção acumulação ilegal de cargos, empregos ou 
funções públicas 
aceitar comissão, emprego ou pensão de 
estado estrangeiro 
praticar usura sob qualquer de suas formas 
proceder de forma desidiosa utilizar pessoal ou recursos materiais da 
repartição em serviços ou atividades 
particulares 
valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da 
função pública 
participar de gerência ou administração de sociedadepara ajudar os seus colegas, realizando um ato administrativo em favor de um 
administrado que ali estava para ser atendido. O administrado não possuía qualquer condição de saber que 
 
4 A expressão agente público putativo é utilizada pelo professor José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual de Direito 
Administrativo, 31ª edição, p. 633. 
 
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aquele agente público que o atendeu estava, na verdade, era de férias e não poderia ter praticado aquele 
ato administrativo. O existiu foi uma aparência de regularidade e legalidade. Sendo assim, por conta da teoria 
do agente público de fato (ou putativo), que se sustenta na ideia da boa-fé dos administrados, da segurança 
jurídica, do princípio da presunção de legalidade dos atos administrativos, o ato surtirá todos os seus efeitos 
como se tivesse sido pratico por um agente público regular. 
Celso Antônio Bandeira de Mello5 de maneira elucidativa lembra que a invalidade da investidura de um 
agente público, por si só, não invalida o ato por ele praticado: 
De passagem, anote-se que o defeito invalidante da investidura de um agente não acarreta, só por só, a 
invalidade dos atos que este praticou. (...) Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da 
segurança jurídica e do princípio da presunção de legalidade dos atos administrados reputam-se válidos os atos 
por ele praticados, se por outra razão não forem viciados. 
Outra importante definição que esbarra na ideia de agente público de fato (ou putativo) é a teoria do fato 
consumado. 
Como bem foi esclarecido, a aparência de legalidade e regularidade levará a manutenção do ato 
administrativo praticado pelo agente de fato (ou putativo). Todavia, nada afasta a possibilidade de se 
questionar se de fato havia uma aparência de legalidade de modo a confundir a percepção de impossibilitar 
que a situação irregular fosse percebida. 
No exemplo apresentado, se ao chegar a repartição público o administrado percebesse que o servidor 
público que o atendia estava de boia, roupa de mergulho e com a esposa buzinando do lado de fora 
mandando ele andar logo para não pegar trânsito na estrada a aparência de legalidade restaria fragilizada. 
Apesar de, neste caso, ser possível questionar se de fato o administrado estava inserido numa situação 
de aparência legalidade e regularidade ou se, ao perceber que algo estava estranho, resolveu ficar quieto 
para ser atendido logo, tal possibilidade de questionamento não pode ser realizado a qualquer momento. 
Ao se consumar o fato os seus efeitos também são consumados. 
A Teoria do Fato Consumado: está intimamente ligada à segurança jurídica e busca a estabilização de 
situações sociais ou jurídicas em função do decurso do tempo. Segundo o STF, é matéria de ordem 
eminentemente constitucional, devendo ser utilizada excepcionalmente e ser temperado pela corte 
suprema frente ao caso concreto. 
 
5 Curso de Direito Administrativo, 33ª edição, p. 255. 
 
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Relembre duas jurisprudências do STF sobre a Teoria do Fato Consumado: 
A teoria do fato consumado não se caracteriza como matéria infraconstitucional, pois em diversas 
oportunidades esta Corte manifestou-se pela aplicação do princípio da segurança jurídica em atos 
administrativos inválidos, como subprincípio do Estado de Direito, tal como nos julgamentos do MS 
24.268, DJ de 17-9-2004, e do MS 22.357, DJ de 5-11-2004, ambos por mim relatados. No entanto, no 
presente caso, não se pode invocar a teoria do fato consumado sob o manto da segurança jurídica. A 
aplicação dessa teoria enfrenta temperamentos neste Tribunal.[RE 462.909 AgR, voto do rel. min. Gilmar 
Mendes, j. 4-4-2006, 2ª T, DJ de 12-5-2006.] 
A jurisprudência deste Tribunal é no sentido da inaplicabilidade da teoria do fato consumado a casos 
nos quais se pleiteia a permanência em cargo público, cuja posse tenha ocorrido de forma precária, em 
razão de decisão judicial não definitiva.(RE 405964/RS, Relator: Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, data de 
julgamento: 24/04/2012) 
 
Sendo assim, em resumo, a teoria do agente de fato (ou putativo) não é absoluta, pode sim ser 
questionado a existência ou não se situação aparente de regularidade e legalidade. Todavia, com o decurso 
do tempo e estabilização das relações este debate não é mais apropriado. 
Outrossim, a teoria do agente de fato (ou putativo) serve para validar os efeitos dos atos por ele praticado, 
mas de imediato não serve para validar o seu vínculo ilegal com o Poder Público. 
A exemplo, aquele servidor público que leva seu filho, maior de idade, para ajudá-lo na repartição pública 
sem que seu filho possua qualquer vínculo com a Administração Pública pode até criar um cenário de agente 
de fato na medida em que a constância do jovem rapaz ali leva todos na cidade a acreditar que de fato tal 
jovem é servidor público e daí ninguém consegue questionar a validade das certidões por ele emitida. 
Possivelmente a teoria do agente de fato irá reconhecer os efeitos de tais certidões, mas, por outro lado, 
dificilmente esse rapaz será alçado à condição de agente público por meio dessa mesma teoria. Seu vínculo 
com a administração é irregular e daí então precisa ser rompido imediatamente. 
Daí então, ao se falar de teoria do agente de fato (ou putativo) é necessário entender sua amplitude, a 
qual só atinge os efeitos dos atos por ele praticado nessa condição, mas que não serve para legalizar o vínculo 
irregular com a Administração Pública, não podendo falar, neste caso, nem mesmo de estabilização dos 
efeitos para aplicação da teoria do fato consumado. 
Outra coisa é a figura do agente usurpador de função e que não pode ser confundida com o agente de 
fato (ou putativo). O agente usurpador de função é um agente público que acaba, irregularmente, usurpando 
 
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a função de outro servidor público e, neste caso, é evidente a situação de irregularidade. Não há como 
invocar a teoria do agente de fato porque não há qualquer aparência de legalidade. 
Exemplo, um médico servidor público que sempre sonhou em ser agente de trânsito e quando termina o 
seu plantão médico vai para porta do hospital, ainda vestido de branco, e emite multa a todos os pacientes 
e visitantes que estacionam seus veículos em local proibido e isto acontece justamente naquele ambiente 
onde todos sabem se tratar, na verdade, de um médico. Impossível a multa aplicada por ele surtir qualquer 
dos seus efeitos já que estamos diante de uma pessoa que praticou um ato sem que tenha recebido do Poder 
Público a função para tanto, fora que aquela circunstância é algo sem qualquer aparência de legalidade. 
Por último, temos o agente necessário que, segundo José dos Santos Carvalho Filho6 “são aqueles que 
praticam atos e executam atividades em situações excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, em 
colaboração com o Poder Público e como se fossem agentes de direito.” 
É o exemplo o salva vidas que trabalha na piscina de um clube privado e que, no seu momento de folga, 
por circunstâncias da vida, acaba tendo que ajudar os bombeiros no salvamento de pessoas que estão se 
afogando em alto mar. Trata-se agente necessário já que não se tratar de uma pessoa que foi investida no 
cargo público de bombeiro, mas que, por motivos excepcionais ligados a situação de emergência, acaba 
colaborando com o Poder Público como se fosse um agente de direito. 
A consequência direta e que nos interessa sobre o agente necessário é que, por mais que ele não detenha 
um vínculo formal com a Administração Pública, no momento que esta permite a colaboração passa então a 
ser responsabilizada pelos atos por ele praticado como se tivessem sido praticados por um agente de direito. 
 
 
 
6 Manual deprivada, personificada ou não 
personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário 
atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar 
de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou 
companheiro 
receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas 
atribuições 
 
 
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O art. 117 da Lei nº 8.112, de 1990, lista as proibições ao servidor em XIX incisos. Desses 19 incisos, os 8 
primeiros (I a VIII) e o último (XIX) são sancionados com advertência. Já os incisos IX a XVI são sancionados 
com a demissão. Portanto, em função de seu caráter residual, os incisos XVII (cometer a outro servidor 
atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias) e XVIII (exercer 
quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de 
trabalho) serão sancionados, em princípio, com a pena de suspensão. 
Importante citar aqui a jurisprudência do STJ no sentido de que não pode ser aplicado o princípio da 
insignificância em caso de infração disciplinar que gere demissão, porquanto na esfera administrativa o 
valor do proveito econômico auferido pelo servidor é irrelevante. 
➢ STJ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. IRRELEVÂNCIA DO VALOR AUFERIDO PARA A APLICAÇÃO DA PENA DE 
DEMISSÃO DECORRENTE DA OBTENÇÃO DE PROVEITO ECONÔMICO INDEVIDO. Deve ser aplicada a 
penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver proveito econômico indevido em 
razão do cargo, independentemente do valor auferido. Isso porque não incide, na esfera 
administrativa - ao contrário do que se tem na esfera penal -, o princípio da insignificância quando 
constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990. Dessa forma, o proveito 
econômico recebido pelo servidor é irrelevante para a aplicação da penalidade administrativa de 
demissão, razão pela qual é despiciendo falar, nessa hipótese, em falta de razoabilidade ou 
proporcionalidade da pena. Conclui-se, então, que o ato de demissão é vinculado, cabendo 
unicamente ao administrador aplicar a penalidade prevista. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto 
Martins, julgado em 8/5/2013. 
5.4. Cassação de Aposentadoria ou Disponibilidade 
 
A penalidade de cassação de aposentadoria ou disponibilidade tem efeitos análogos ao da demissão e é 
aplicada ao aposentado ou ao servidor em disponibilidade (e, portanto, em inatividade) que tenha 
praticado na atividade falta punível com a demissão. 
Assim, se o servidor praticou, quando na atividade, algum ato cuja penalidade prevista é a de demissão, 
mas a sanção só veio a ser aplicada quando ele se encontrava aposentado ou em disponibilidade, a sanção 
será a cassação da aposentadoria ou da disponibilidade. 
 Lembre-se que a aposentadoria é a ida remunerada do servidor à inatividade, desde que cumpridos os 
requisitos constitucionais e legais. 
 
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Já a disponibilidade, de acordo com a Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro24, é: 
a garantia de inatividade remunerada, assegurada ao servidor estável, em caso de ser extinto o cargo ou 
declarada a sua desnecessidade. 
Frise-se, contudo, que a natureza jurídica da disponibilidade é de transitoriedade. 
Isto é, garantir a remuneração ao servidor estável até o seu aproveitamento em cargo de atribuições e 
vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. 
5.5. Destituição de Cargo em Comissão ou Função Comissionada 
 
Inicialmente é preciso distinguir o servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão daquele 
servidor que é titular de cargo efetivo e, ao mesmo tempo, também titulariza cargo comissionado ou função 
comissionada. 
O denominado “comissionado puro” é aquele servidor que não titulariza cargo efetivo, mas apenas o 
cargo comissionado que, respeitadas as condições previstas em lei, são de livre nomeação e exoneração – 
ad nutum. 
Frise-se que, de acordo com o inciso V do art. 37 da CRFB, as funções de confiança são exercidas 
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo. 
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em 
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos 
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; 
 
 
 
 
 
 
 
24 Direito Administrativo, 30ª edição. p. 386. 
 
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Resumindo, tem-se que: 
 
De acordo com a Lei nº 8.112, de 1990, a destituição de cargo em comissão exercido pelo comissionado 
puro (por aquele não ocupante de cargo efetivo) será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades 
de suspensão e de demissão. 
Assim, enquanto a pena de cassação da aposentadoria ou da disponibilidade é aplicada a quem houver 
praticado na atividade punível com a demissão, a destituição de cargo em comissão é mais severa e será 
aplicada também em infrações a que o servidor efetivo responderia por suspensão. 
Cabe dizer também que, caso o ex-servidor tenha sido exonerado do cargo comissionado antes da 
aplicação da penalidade de destituição, aquela será convertida nesta, ou seja, prevalecerá no assentamento 
funcional a pena de destituição em detrimento do mero expediente administrativo de exoneração. 
5.6. Disposições Comuns à Demissão é à Destituição 
 
O Estatuto do Servidor Público estabelece que a demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos 
casos a seguir indicados, implica também a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem 
prejuízo da ação penal cabível. 
 
 
 
Cargo Efetivo
Titularizado por servidor 
investido após aprovação em 
concurso público de provas ou 
de provas e títulos
Destinação ampla, não só para 
Direção, Chefia ou 
Assessoramento
Função Comissionada
(Função de Confiança)
Exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo 
efetivo
Destina-se à Direção, Chefia ou 
Assessoramento
Cargo Comissionado
Livre nomeação e exoneração 
(ad nutum), respeitado o 
preenchimento mínimo por 
servidores de carreira previstos 
em lei
Pode ser titularizado tanto pelo 
"comissionado puro" quanto por 
servidor efeitvo
Destina-se à Direção, Chefia ou 
Assessoramento
 
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Casos em que, além da demissão ou da destituição de cargo em comissão, também deverá 
haver a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal 
cabível: 
improbidade administrativa aplicação irregular de dinheiros públicos 
lesão aos cofres públicos e dilapidação do 
patrimônio nacional 
corrupção 
 
Importante ressaltar que o ex-servidor que foi demitido ou destituído do cargo em comissão por 
infringências aos casos acima citados na tabela, bem como em caso de crime contra a administração 
pública, NÃO PODERÁ RETORNAR ao serviço público federal. 
Por outro lado, haverá a incompatibilidade do ex-servidor para nova investidura em cargo público 
federal, pelo prazo de 5 anos, nos casos de demissão ou destituição de cargo em comissão por infringência 
às seguintes proibições: 
 
Vejamos a seguir quais são as autoridades competentes para aplicação as penalidades em espécie que 
acabamos de superar. 
 
valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da 
dignidade da função pública
atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo 
quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o 
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro
 
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6. Autoridade Competente para Aplicação de Penalidade 
 
Segue, de modo esquematizado, a identificação das autoridades previstas em lei como competentes para 
aplicação de cada uma das espécies de sanções previstas no Estatuto do Servidor Público Civil da União. 
 
 
 
A
u
to
ri
d
ad
e 
C
o
m
p
et
e
n
te
 p
ar
a 
A
p
lic
aç
ão
 d
e 
P
e
n
al
id
ad
e
demissão e cassação de 
aposentadoria ou disponibilidade
Presidente da República, Presidentes das Casas do 
Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e 
Procurador-Geral da República
destituição de cargo em comissão Autoridade que fez a Nomeação
suspensão superior a 30 dias
Autoridade um nível hirárquico abaixo daqueles 
legitimados a demitirem ou cassarem 
aposentadoria/disponibilidade
advertência ou suspensão de até 30 
dias
Chefe da Repartição e outras autoridades na forma 
dos respectivos regimentos ou regulamentos
 
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7. Prazo de Prescrição da Pretensão Punitiva 
 
Em respeito ao princípio da Segurança Jurídica e da estabilidade das relações jurídicas, a Lei nº 8.112, de 
1990, fixou em seu próprio texto o prazo prescricional para a pretensão punitiva. Isto é, o limite de tempo 
que a Administração tem para iniciar a apuração da infração cometida. 
Contudo, há algumas divergências de entendimento sobre os dispositivos legais, sobretudo quanto ao 
termo de início de contagem de prazo e ao próprio período fixado, comparando-se aos estabelecidos na 
seara penal, que chegaram até o STJ. 
Portanto, vejamos não só o teor do dispositivo legal, mas também o posicionamento jurisprudencial 
acerca do tema. 
A CRFB, em seu artigo 5º, incisos XLII e XLIV, bem como eu seu art. 37, §5º, fixa as infrações cujo lapso 
temporal de pretensão punitiva é imprescritível: 
Art. 37 (...) 
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que 
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
Art. 5º (...) 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da 
lei; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
No plano legal, fixou o legislador que a contagem do prazo prescricional se inicia na data em que o fato 
se tornou conhecido e não na data da efetiva ocorrência do evento. 
Outrossim, a ocorrência de abertura de sindicância ou a instauração de Processo Administrativo 
Disciplinar propriamente dito são fatores que interrompem a prescrição até a decisão final proferida pela 
autoridade competente. 
Importante que você saiba que o instituto da interrupção do curso da prescrição acarreta o reinício da 
contagem do prazo a partir do momento em que cessada a interrupção. Ou seja, o prazo é reiniciado por 
inteiro. 
 
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Diferentemente é o que ocorre com a suspensão da contagem do prazo, quando cabível. Nesse caso, o 
prazo volta a fluir levando-se em conta o tempo anteriormente transcorrido. Ou seja, o prazo se inicia pelo 
tempo que sobrou. 
Antes de identificar os prazos de prescrição da pretensão punitiva prevista na Lei nº 8.112, de 1990, 
importante consignar a seguinte dica: 
Conforme expressa disposição legal, os prazos de prescrição previstos na lei penal se aplicam às 
infrações disciplinares capituladas também como crime. 
Vejamos, então, os prazos prescricionais para as sanções disciplinares previstos no Estatuto do Servidores 
Públicos Civis da União: 
 
Ocorre que, de acordo com o STJ, para fixação do prazo prescricional da Lei Penal nas situações em que 
as infrações disciplinares também são capituladas como crime, deve necessariamente haver apuração na 
esfera criminal. 
Portanto, é imprescindível que tenha sido proposta denúncia ou ao menos tenha sido instaurado 
inquérito policial para apurar o fato. 
Caso não esteja sendo apurado o fato na esfera criminal, aplica-se o prazo prescricional de pretensão 
punitiva de 5 anos! 
 
 
 
 
•Infrações puníveis com DEMISSÃO, CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA OU DISPONIBILIDADE E 
DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO
5 ANOS
•Infrações puníveis com SUSPENSÃO
2 ANOS
•Infrações puníveis com ADVERTÊNCIA
180 DIAS
•Infrações disciplinares também capituladas como CRIME
Prazo de Prescrição da Lei Penal
 
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Veja, nessa linha, o entendimento do STJ: 
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA E CRIMINAL. PRAZO PRESCRICIONAL. 
A Turma reiterou que a pretensão punitiva da Administração Pública em relação à infração 
administrativa que também configura crime em tese somente se sujeita ao prazo prescricional 
criminal quando instaurada a respectiva ação penal. Ademais, destacou-se que a regra constante do 
art. 4º da Lei n. 9.873/1999 não se aplica às hipóteses em que a prescrição já se haja consumado antes 
da entrada em vigor do referido diploma legal. In casu, o tribunal a quo consignou que não houve 
sequer a abertura de inquérito policial e que os fatos questionados são anteriores à edição da Lei n. 
9.873/1999, motivos pelos quais, na hipótese, torna-se inaplicável a aplicação da equiparação da 
prescrição administrativa penal. Precedentes citados: MS 14.446-DF, DJe 15/2/2011; MS 15.462-DF, 
DJe 22/3/2011; EDcl no REsp 1.099.647-RS, DJe 15/12/2010, e REsp 1.088.405-RS, DJe 1º/4/2009. 
REsp 1.116.477-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 16/8/2012 (Informativo 502). 
 
Por oportuno, cabe esclarecer o posicionamento do STJ quanto ao termo de início da contagem do prazo 
prescricional. 
Inicialmente, o STJ seguia a linha de que o termo inicial da contagem do prazo prescricional para a sanção 
administrativa era a ciência do fato por qualquer autoridade pública. 
Contudo, esse posicionamento evoluiu e, atualmente, em linha com a Lei nº 8.112, de 1990, a posição do 
STJ é de que o termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente 
para instaurar o PAD. 
(Jurisprudências Atuais - entre outros): 
 
1) EDcl no MS 11493/DF (Julgado em 09/05/2018): 2. O termo inicial do lustro prescricional para 
a apuração do cometimento de infração disciplinar é a data do conhecimento do fato pela 
autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar. A contagem da 
prescrição interrompe-se tanto com a abertura de sindicância quanto com a instauração de processo 
disciplinar. Após o decurso de 140 dias (prazo máximo conferido pela Lei n. 8.122/90 para conclusão 
e julgamento do PAD), o prazo prescricional recomeça a correr integralmente. 
 
2) AgInt no MS 23582/DF (Julgado em 10/11/2017): I - Não se verifica a presença do fumus boni 
iuris, tendo em vista que o termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela 
 
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autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar, o que, ao que tudo 
indica, teria se dado com o despacho da Chefe de Divisão de Disciplina e Ética da Corregedoria, em 
03/09/2015 (fls. 99), determinando a remessa à Auditora Fiscal do Trabalho, para análise, e não da 
ciência por outra autoridade. 
 
3) MS 21669/DF (Julgado em 23/08/2017): 1. O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva 
disciplinar estatal é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o 
processo administrativo disciplinar, a qual se interrompe com a publicação do primeiro ato 
instauratório válido, seja a abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar, sendo 
certo que tal interrupção não é definitiva, visto que, após o prazo de 140 dias,o prazo recomeça a 
correr por inteiro. 
 
4) MS 20615/DF (Julgado em 08/03/2017): A Lei 8.112/90, ao versar sobre a prescrição da ação 
disciplinar (art. 142), prevê como seu termo inicial a data do conhecimento do fato pela autoridade 
competente para instaurar o processo administrativo disciplinar (§ 1º do art. 142), cujo implemento 
constitui causa interruptiva (§ 3º do art. 142). 
 
(Jurisprudência superada): DIREITO ADMINISTRATIVO. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO DA 
PRETENSÃO PUNITIVA DE AÇÃO DISCIPLINAR. No âmbito de ação disciplinar de servidor público 
federal, o prazo de prescrição da pretensão punitiva estatal começa a fluir na data em que a 
irregularidade praticada pelo servidor tornou-se conhecida por alguma autoridade do serviço público, 
e não, necessariamente, pela autoridade competente para a instauração do processo administrativo 
disciplinar. Isso porque, de acordo com o art. 142, § 1º, da Lei 8.112/1990, o prazo prescricional da 
pretensão punitiva começa a correr da data em que a Administração toma conhecimento do fato 
imputado ao servidor. Ressalte-se que não se desconhece a existência de precedentes desta Corte no 
sentido de que o termo inicial da prescrição seria a data do conhecimento do fato pela autoridade 
competente para instaurar o PAD. No entanto, não seria essa a melhor exegese, uma vez que geraria 
insegurança jurídica para o servidor público, considerando, ademais, que o § 1º, supra, não é 
peremptório a respeito. Pressupõe, tão só, a data em que o fato se tornou conhecido. Assim, é 
patente que o conhecimento pela chefia imediata do servidor é suficiente para determinar o termo 
inicial da prescrição, levando-se em conta, ainda, o art. 143 da mesma lei, que dispõe que "A 
 
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autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua 
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao 
acusado ampla defesa". Precedentes citados do STJ: MS 7.885-DF, Terceira Seção, DJ 17/10/2005; e 
MS 11.974-DF, Terceira Seção, DJe 6/8/2007. Precedente citado do STF: RMS 24.737-DF, Primeira 
Turma, DJ 1º/6/2004. MS 20.162-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 12/2/2014 
(informativo 543). 
Comentários: perceba, portanto, que houve uma mudança de posicionamento no STJ quanto ao 
termo de início da precrição. 
Não houve qualquer alteração quanto a este se iniciar no conhecimento do fato em detrimento da 
data do evento, mas houve evolução na exegese de quem seria a autoridade necessária a tomar 
conhecimento do fato para dar início à essa contagem de prazo. 
Na jurisprudência mais recente, portanto, o termo de início da contagem de prazo prescricional se 
dá no momento em que o fato se torna conhecido pela autoridade competente para a instauração 
do PAD. 
 
Imprescindível também já abordar o fato relativo à inconstitucionalidade prevista no art. 170 da Lei nº 
8.112, de 1990. 
Art. 170. 
Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos 
individuais do servidor. 
Ou seja, de acordo com o texto legal, ainda que prescrita a pretensão punitiva da administração, em 
função do curso do lapso temporal relativa à prescrição, ainda assim deveria a autoridade julgadora 
determinar que o fato fosse registrado na ficha individual relativa ao histórico funcional do servidor. 
 
 
 
 
 
 
 
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A inconstitucionalidade foi declarada incidentalmente pelo STF no MS 23.262 que apresenta a seguinte 
ementa: 
Constitucional e Administrativo. Poder disciplinar. Prescrição. Anotação de fatos desabonadores 
nos assentamentos funcionais. Declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 170 da Lei nº 
8.112/90. Violação do princípio da presunção de inocência. Segurança concedida. 1. A instauração 
do processo disciplinar interrompe o curso do prazo prescricional da infração, que volta a correr 
depois de ultrapassados 140 (cento e quarenta) dias sem que haja decisão definitiva. 2. O princípio 
da presunção de inocência consiste em pressuposto negativo, o qual refuta a incidência dos efeitos 
próprios de ato sancionador, administrativo ou judicial, antes do perfazimento ou da conclusão do 
processo respectivo, com vistas à apuração profunda dos fatos levantados e à realização de juízo 
certo sobre a ocorrência e a autoria do ilícito imputado ao acusado. 3. É inconstitucional, por afronta 
ao art. 5º, LVII, da CF/88, o art. 170 da Lei nº 8.112/90, o qual é compreendido como projeção da 
prática administrativa fundada, em especial, na Formulação nº 36 do antigo DASP, que tinha como 
finalidade legitimar a utilização dos apontamentos para desabonar a conduta do servidor, a título de 
maus antecedentes, sem a formação definitiva da culpa. 4. Reconhecida a prescrição da pretensão 
punitiva, há impedimento absoluto de ato decisório condenatório ou de formação de culpa definitiva 
por atos imputados ao investigado no período abrangido pelo PAD. 5. O status de inocência deixa de 
ser presumido somente após decisão definitiva na seara administrativa, ou seja, não é possível que 
qualquer consequência desabonadora da conduta do servidor decorra tão só da instauração de 
procedimento apuratório ou de decisão que reconheça a incidência da prescrição antes de 
deliberação definitiva de culpabilidade. 6. Segurança concedida, com a declaração de 
inconstitucionalidade incidental do art. 170 da Lei nº 8.112/1990. MS 23262/DF. Ministro Dias Toffoli, 
23/04/2014. 
 
Após a declaração de inconstitucionalidade incidental do aludido art. 170 da Lei nº 8.112, de 1990, já 
houve decisões do STJ levando esse fato em consideração. Veja: 
DIREITO ADMINISTRATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 170 DA LEI 8.112/1990. 
Não deve constar dos assentamentos individuais de servidor público federal a informação de 
que houve a extinção da punibilidade de determinada infração administrativa pela prescrição. O 
art. 170 da Lei 8.112/1990 dispõe que, "Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora 
determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor". Entretanto, o STF 
declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do referido artigo no julgamento do MS 23.262-
 
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DF (Tribunal Pleno, DJe 29/10/2014). Nesse contexto, não se deve utilizar norma legal declarada 
inconstitucional pelo STF (mesmo em controle difuso, mas por meio de posição sufragada por sua 
composição Plenária) como fundamento para anotação de atos desabonadores nos assentamentos 
funcionais individuais de servidor, por se tratar de conduta que fere, em última análise, a própria 
CF. MS 21.598-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/6/2015, DJe 19/6/2015. 
 
 Por fim, cabe também consignar a decisão do STF que fixou o entendimento de que o Procurador 
Geral da República não possui legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança com o objetivo de 
questionar decisão que reconheça a prescrição da pretensão punitiva em processo administrativo disciplinar. 
MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. PROCEDIMENTO DE CONTROLE 
ADMINISTRATIVO. DECRETAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DISCIPLINAR CONTRA 
MAGISTRADA. PRAZO PRESCRICIONAL COMPUTADO CONSOANTE O ART. 142 DA LEI 8.112/1990. 
CONDUTA TIPIFICADA COMO CRIME. ALEGADA DESCONFORMIDADE COM ORDENAMENTO 
JURÍDICO E A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE 
SEGURANÇA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. ATUAÇÃO COMO CUSTOS LEGIS. ILEGITIMIDADE ATIVA 
AD CAUSAM. PRECEDENTE. MANDADO DE SEGURANÇA NÃO CONHECIDO. MS 33736/DF, Ministra 
Cármen Lúcia, 21/06/2016. 
 
 
 
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8. Procedimento Sumário de Apuração Disciplinar 
 
Os artigos 133 e 143 da Lei nº 8.112, de 1990, estabelecem a possibilidade de instauração de 
procedimento sumário de apuração disciplinar em 3 casos, quais sejam: 
 
Vejamos o detalhamento de cada um deles. 
8.1. Acumulação Ilegal de Cargos, Empregos ou Funções Públicas 
 
Tão logo tome conhecimento da acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade 
competente deve notificar o servidor, em tese, infrator, a optar por um deles no prazo improrrogável de 
10 dias a contar da data da ciência. 
Ressalte-se que essa notificação para opção deverá ser realizada por intermédio da chefia imediata do 
servidor, em tese, infrator. 
Caso o servidor realize a opção dentro do prazo, restará configurada sua boa-fé, hipótese em que se 
converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. 
De outro lado, transcorrido o prazo de 10 dias sem que o servidor tenha realizado a opção por um dos 
cargos, empregos ou função públicas, será adotado Procedimento Sumário para apuração e regularização 
imediata. 
São 3 as fases do Procedimento Sumário, cuja conclusão não poderá superar 30 dias, admitida uma 
prorrogação por até 15 dias: 
Procedimento Sumário de Apuração 
Disciplinar
Acumulação Ilegal de Cargos, Empregos ou Funções Públicas
Abandono de Cargo
Inassiduidade Habitual
 
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Perceba que a notificação pela autoridade competente para que o servidor realize a opção deve ser 
realizada por intermédio do chefe, enquanto a citação dele para apresentação de defesa pela Comissão 
instaurada poderá ser realizada por intermédio do chefe ou pessoalmente. 
Ademais, achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por edital, publicado no 
Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, para 
apresentar defesa cujo prazo será estendido para 15 dias a partir da última publicação do edital. 
Por fim, cabe dizer que caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé do servidor infrator, será 
aplicada a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos 
cargos, empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou 
entidades de vinculação serão comunicados. 
8.2. Abandono de Cargo e Inassiduidade Habitual 
 
O procedimento sumário também será aplicado no caso de constatação de abandono de cargo ou 
inassiduidade habitual. 
Instauração
• Publicação do ato de constituição de comissão de apuração, composta por 02 servidores estáveis
• Indicação da autoria com nome e matrícula do servidor
• Indicação da materialidade da transgressão objeto da apuração com a descrição dos órgãos ou
entidades de vinculação, datas de ingresso, horário de trabalho e o correspondente regime
jurídico
Instrução 
Sumária
• Indiciação - nesta fase a comissão, em até 3 dias após a publicação do ato que a constituiu,
lavrará termo com a indicação da materialidade e promoverá a citação do servidor indiciado
pessoalmente ou por intermédio de sua chefia imediata
• Defesa - prazo de 5 dias contados da citação, podendo dar vista do processo na repartição
• Relatório - apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência
ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a
licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à
autoridade instauradora, para julgamento
Julgamento
• A autoridade julgadora tem prazo de 5 dias, contados do recebimento do processo, para proferir
a decisão do Procedimento Sumário
 
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Na indicação da materialidade que consta na fase de instauração do Procedimento Sumário deverá 
constar a indicação: 
a) no caso de abandono do cargo: do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a 
30 dias; e 
b) caso de inassiduidade habitual: dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou 
superior a 60 dias interpoladamente, durante o período de 12 meses 
Realizada a apresentação da defesa pelo servidor acusado de abandono de cargo ou inassiduidade 
habitual, a comissão deve elaborar relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do 
servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, e opinará, na 
hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a 30 dias e 
remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento 
 
 
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9. Processo Administrativo Disciplinar 
 
O Processo Administrativo Disciplinar, em sentido amplo, é disciplinado no título V da Lei nº 8.112, de 
1990, e inclui a sindicância e o PAD propriamente dito. 
 
Isto é, a sindicância e o PAD são dois instrumentos de apuração e execução da pretensão punitiva em 
âmbito administrativo. 
Neste tópico estudaremos inúmeros temas, como o afastamento preventivo, as fases do PAD 
(instauração, inquérito e julgamento) e a possibilidade de sua revisão. 
9.1. Considerações Iniciais 
 
De acordo com o art. 143 da Lei nº 8.112, de 1990: 
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua 
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla 
defesa. 
Portanto, tão logo tenha ciência de infração, ainda que em tese, deve a autoridade competente promover 
a sua regular apuração, optando para tanto entre a sindicância ou diretamente pelo PAD, assegurado ao 
eventual infrator a ampla defesa e o contraditório. 
Frise-se que a sindicância é o procedimento instaurado para apurar infrações que comportem a pena 
máxima de suspensão de até 30 dias cuja alçada de decisão, como vimos, é do chefe da repartição ou outras 
autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos. 
Por outro lado, sempre que a infração praticada ensejar a penalidade de suspensão por mais de 30 dias, 
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será 
obrigatória a instauração de PAD. 
Processo Administrativo Disciplinar 
lato sensu
Sindicância
Processo Administrativo Disciplinar 
stricto sensu - PAD
 
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A sindicância também poderá ser utilizada para apuração e elucidação de fato cuja gravidade ainda não é 
adequadamente mensurada, embora se tenha indícios de sua ocorrência e da necessária punição a ser 
aplicada pela Administração, podendo posteriormente ser instaurado o PAD quando se conclua que a 
penalidade a ser aplicada supera a de suspensão até 30 dias. 
Ou seja, se o fato for de grande gravidade ao ponto de ser clarividente a necessidade de instauração do 
PAD, este poderá ser instaurado diretamente sem a necessidade de abertura de sindicância para apuração 
prévia. 
Nessa linha, veja a decisão a seguir do STJ: 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DEMISSÃO DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. IMPUTAÇÃO 
DE VALIMENTO DO CARGO PARA A CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ILEGALIDADE. 
MANUTENÇÃO DA PENA APLICADA. 
1. Questiona-se o ato demissional de servidor público federal acusado de se valer do cargo para 
deferir e revisar, à margem da lei, benefício previdenciário à sua companheira. 2. A mera alegação de 
suspeição ou impedimento da autoridade que determina a instauração do procedimento 
administrativo disciplinar não é suficiente para inquiná-lo de nulidade. 3. Constitui dever da 
autoridade pública instaurar, mediante sindicância ou procedimento administrativo disciplinar, a 
apuração de infraçãodisciplinar quando tiver conhecimento da sua prática (Lei nº 8.112/90, art. 
143). 4. A opção pela realização da sindicância justifica-se quando há a necessidade de elucidação 
de fatos que aparentemente constituem infração punível pela Administração Pública. Entretanto, 
quando a existência do fato é plenamente caracterizada e a respectiva autoria é conhecida, a 
Administração Pública pode optar pela instauração direta do procedimento administrativo 
disciplinar. (...) MS 16.031/DF, Ministro Humberto Martins, 26/06/2013. 
Além disso, cabe dizer que a apuração deve ser conduzida por autoridade de órgão ou entidade diverso 
daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência específica para tal finalidade, 
delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas 
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo 
Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração. 
Perceba que a delegação é apenas para apuração e não para a tomada de decisão e julgamento. 
 
 
 
 
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9.2. “Denúncia Anônima” 
 
Tema dificultoso é a eventual infração que chega a conhecimento da autoridade por meio da 
coloquialmente denominada “denúncia anônima”. 
Nesse caso, poderá a autoridade instaurar sindicância ou PAD com base em “denúncia anônima”? 
Antes de buscarmos a resposta para esse questionamento, preliminarmente cabe dizer tecermos um 
breve comentário sobre a impropriedade técnica do termo “denúncia anônima”. 
Tecnicamente, o termo denúncia é dado a ação penal pública promovida privativamente pelo Ministério 
Público. Ou seja, é a petição inicial do MP em ação penal judicial com fulcro a noticiar e requerer a 
condenação de um agente por um fato criminoso praticado. 
Assim, é inadequada a utilização técnica da expressão “denúncia anônima”. Por isso, é muito comum 
encontrar na doutrina e na jurisprudência a utilização de termos adequados tecnicamente, tais como, notícia 
anônima ou delação apócrifa. 
De acordo com o art. 144 da Lei nº 8.112, de 1990, as denúncias realizadas por escrito sobre 
irregularidades no serviço público devem ser apuradas, desde que contanham a identificação e o endereço 
do denunciante. 
Art. 144. 
As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço 
do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade. 
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia 
será arquivada, por falta de objeto. 
Portanto, em uma leitura literal do Estatuto do Servidor Público da União, vedada estaria a possibilidade 
de apurar fato baseado em “denúncia anônima”. 
Ademais, já no art. 5º, inciso IV, da CRFB (é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato), há a vedação ao anonimato o que corrobora com o texto legal. 
Contudo, a Jurisprudência do STF e do STJ tem sopesado a vedação ao anonimato com o poder-dever de 
autotutela da Administração Pública para autorizar a apuração e verificar a credibilidade do relato por 
apurações preliminares (sindicância ou PAD). 
 
 
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Nesse sentido, podemos apresentar as seguintes decisões: 
➢ STF 
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. ATO DO MINISTRO DE ESTADO 
DA JUSTIÇA. POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. CASSAÇÃO DA APOSENTADORIA. PROCESSO 
ADMINISTRATIVO. INSTAURAÇÃO A PARTIR DO RESULTADO DE SINDICÂNCIA QUE APUROU FATOS 
NARRADOS EM DENÚNCIA ANÔNIMA. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 134 DA LEI N. 
8.112/1990; OFENSA AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. ALEGADA NULIDADE 
DO PROCESSO E DA PENA APLICADA. INEXISTÊNCIA. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. RMS 
29198/DF. Ministra Cármen Lúcia, 30/10/2012. 
➢ STJ 
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PROCESSO 
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DENÚNCIA ANÔNIMA. NULIDADE. NÃO-OCORRÊNCIA. SEGURANÇA 
DENEGADA. (...) 2. A denúncia anônima é apta a deflagrar processo administrativo disciplinar, não 
havendo, portanto, qualquer ilegalidade na instauração deste com fundamento naquela, tendo em vista 
o poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por conseguinte, o dever da autoridade de 
apurar a veracidade dos fatos que lhe são comunicados. Precedentes: MS 13.348/DF; EDcl no REsp 
1096274/RJ; REsp 867.666/DF; e MS 12.385/DF. 3. Segurança denegada. RMS 10419/DF, Ministra Alderia 
Ramos de Oliveira, 12/06/2013. 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. DEMISSÃO.DECADÊNCIA. NÃO 
CONFIGURAÇÃO. DENÚNCIA ANÔNIMA. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO 
CONFIGURAÇÃO. INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL. INDEPENDÊNCIA. (...) 4. O processo 
administrativo disciplinar não está fundamentado tão somente em denúncia anônima. Extrai-se dos 
autos que as denúncias inicialmente recebidas foram objeto de investigação por comissão regularmente 
constituída, revelando a prática, pelo demandante, de superfaturamento em contratações de serviços na 
modalidade de dispensa de licitação, bem como de apropriação indevida de valores destinados às 
pequenas empresas, além da falta de prestação de contas. 5. Alegação genérica de violação da presunção 
de inocência, que se repele em razão de as instâncias penal e administrativa serem independentes. Assim 
sendo, a imposição de penalidade pela Administração Pública, quando comprovado que o servidor praticou 
ilícito administrativo, prescinde de anterior julgamento na esfera criminal. 6. Segurança denegada. MS 
7415/DF, Ministro OG Fernandes, 11/09/2013. 
 
Ou seja, a notícia anônima ou delação apócrifa (“denúncia anônima”) é um elemento informativo e 
propulsor de apuração e investigação por parte da autoridade que a recebeu, mas não elemento isolado a 
ser utilizado para aplicação direta de penalidade. 
 
 
 
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10. Sindicância 
 
Como externado anteriormente, a sindicância poderá ser instaurada em 2 situações, quais sejam: 
a) para investigação e apuração prévia acerca de infração eventualmente cometida por servidor cuja 
dosimetria da pena seja incerta em função do desconhecimento da completude do evento ocorrido; ou 
b) para aplicação de sanção cuja dosimetria indique a pena de advertência ou de suspensão de até 30 
dias. 
No primeiro caso, a sindicância funciona como uma investigação preparatório do PAD. 
Nessa linha, cabe dizer que da sindicância pode derivar os seguintes resultados: 
 
O arquivamento do processo ocorrerá em caso de não ficar demonstrado que houve infração punível no 
âmbito administrativo. 
Quando da sindicância decorre a aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 dias, 
sem a instauração do PAD, diz-se que se tratou de uma sindicância acusatória. Nesse caso, é obrigatório 
que se assegure ampla defesa e contraditório. 
Por fim, quando da sindicância for instaurado PAD é porque restou configurada a prática de infração grave 
cuja sanção poderá ser de suspensão superior a 30 dias, demissão, cassação de aposentadoria ou 
disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou de função comissionada. Nesse caso, diz-se que se 
tratou de sindicância investigatória e não há obrigatoriedade de atender ampla defesa e contraditório 
nessa fase porque o servidor poderá lançar mão desses direitos no fluxo do PAD. 
Nessa linha, veja a jurisprudência a seguir do STJ, bem como a que veda o servidor que realizou a 
sindicância e determinou a instauração do PAD seja a autoridade que aprova o relatório final da comissão 
processante: 
 
Sindicância
Arquivamento do Processo
Aplicação de penalidade de Advertênciaou de Suspensão 
até 30 dias
Instauração de PAD
 
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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. OFICIAL DE JUSTIÇA. PENA DE CENSURA. 
PROCEDIMENTO DE SINDICÂNCIA. OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. 
INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE DA DECISÃO. (...) 2. Descabido declarar a nulidade do processo 
administrativo se este transcorreu de forma escorreita, tendo sido instaurado inquérito 
administrativo por publicação de Portaria destinada a esse fim, apurando-se as denúncias mediante 
sindicância investigatória. 3. A sindicância constitui fase inicial de apuração, oportunidade em 
que apenas se perquire sobre a verossimilhança das imputações, não se fazendo necessária, 
nesse momento, a apresentação de defesa. 4. Não se verificou cerceamento de defesa no 
decorrer do processo administrativo, uma vez que, nos atos que exigiam contraditório e ampla 
defesa, a recorrente, quando não assistida por advogado constituído, teve a assistência de 
defensora dativa. 5. Agravo Regimental não provido. (AgRg nos EDcl no RMS 46.442/PR. Ministro 
Herman Benjamin, 28/04/2015) 
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD). NULIDADE POR 
IMPEDIMENTO DE SERVIDOR. 
Há nulidade em processo administrativo disciplinar desde a sua instauração, no caso em que 
o servidor que realizou a sindicância investigatória determinou, posteriormente, a abertura do 
processo disciplinar, designando os membros da comissão processante. A imparcialidade, o sigilo 
e a independência materializam os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, 
devendo nortear os trabalhos da comissão que dirige o procedimento administrativo, conforme 
dispõe o art. 150 da Lei n. 8.112/1990. O art. 18, II, da Lei n. 9.784/1999 prevê o impedimento para 
atuar em processo administrativo do servidor ou autoridade que dele tenha participado ou venha 
a participar como perito, testemunha ou representante. A instauração do PAD envolve, ainda que 
em caráter preliminar, juízo de admissibilidade, em que é verificada a existência de indícios 
suficientes a demonstrar que ocorreu transgressão às regras de conduta funcional. Por isso, não se 
pode admitir que o servidor que realizou as investigações e exarou um juízo preliminar acerca da 
possível responsabilidade disciplinar do sindicado, considerando patentes a autoria e 
materialidade de infração administrativa, determine a instauração do processo administrativo e, 
em seguida, aprove o relatório final produzido. Precedente citado: MS 14.135-DF, DJe 15/9/2010. 
MS 15.107-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/9/2012. 
 
Cabe consignar como dica que o prazo para conclusão da sindicância é de, no máximo, 30 dias 
prorrogáveis por igual período. 
 
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O prazo para conclusão da sindicância não poderá exceder 30 dias prorrogável por igual período, a 
critério da autoridade superior. 
Ressalte-se também que, acordo com o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, no caso de o 
relatório da sindicância concluir que a infração cometida pelo servidor está capitulada como ilícito penal, 
a autoridade competente deverá encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente 
da imediata instauração do processo disciplinar. 
Saiba também que os autos da sindicância obrigatoriamente devem integrar o processo disciplinar dela 
advindo, como peça informativa da instrução. 
10.1. Afastamento Preventivo como Medida Acautelatória 
 
A Lei nº 8.112, de 1990, autoriza que o servidor seja afastado do exercício do cargo pela autoridade 
competente pela instauração do PAD, sem prejuízo quanto ao recebimento de remuneração, para não 
influenciar na apuração da irregularidade. 
O afastamento cautelar para garantir o escorreito procedimento apuratório, somente poderá 
ocorrer pelo prazo de até 60 dias, prorrogável por igual período. 
Transcorrido o prazo de afastamento, ainda que não finalidado o processo, ocorrerá a cessação dos 
efeitos da medida cautela e o servidor reassumirá suas funções. 
Perceba que o prazo para afastamento não é de 60 dias e sim de até 60 dias. 
Além disso, o prazo de prorrogação, caso necessário, será por período igual ao concedido inicialmente. 
Ou seja, caso tenha sido determinado 30 dias de afastamento, em havendo a prorrogação, 
necessariamente ela será de 30 dias. 
10.2. Processo Administrativo Disciplinar stricto sensu - PAD 
 
PAD é o instrumento destinado a apurar a responsabilidade do servidor por infração praticada no 
exercício de suas atribuições ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre 
investido. 
 
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O PAD também se desenvolve em 3 fases, mas diferentemente do procedimento sumário, a fase 
intermediária é denominada inquérito administrativo que, por sua vez, também se subdivide em 3 outras 
fases, quais sejam instrução, defesa e relatório (no sumário a fase intermediária é denominada instrução 
sumária com indiciação, defesa e relatório). 
 PAD Procedimento Sumário 
Instauração Instauração 
Inquérito 
Administrativo 
Instrução Instrução Sumária Indiciação 
Defesa Defesa 
Relatório Relatório 
Julgamento Julgamento 
Veja a seguir um resumo das 3 fases do PAD: 
 
Conforme resumido no esquema acima, a apuração do PAD recai sobre uma comissão formada por 3 
servidores estáveis designados pela autoridade competente, que já indicará o presidente da comissão. 
Para auxiliar nos trabalhos administrativos da comissão (redução a termo da oitiva das testemunhas, 
agendamento de reuniões e depoimentos, convocação dos interessados, entre outros), o presidente da 
comissão designará um secretário que pode ser um dos outros membros da comissão ou não. 
Instauração
• Publicação do ato de constituição de comissão de apuração, composta por 03 servidores estáveis
• O Presidente da comissão, escolhido entre os membros, deve ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível ou ter grau de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
• O Secretário da comissão será escolhido pelo Presidente, podendo o indicado ser um dos
membros.
Inquérito
Adm.
• Instrução - a comissão promoverá a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e
peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos
• Defesa - prazo de 10 dias contados da citação, podendo dar vista do processo na repartição
(havendo 2 ou mais indiciados, o prazo será comum de 20 dias)
• Relatório - apresentada a defesa, a comissão deve elaborar relatório minucioso e conclusivo
quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, indicando neste último caso o dispositivo
legal ou regulamentar transgredido e as circuntâncias agravantes ou atenuates, onde resumirá as
peças principais dos autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua convicção
Julgamento
• A autoridade julgadora tem prazo de 20 dias, contados do recebimento do processo, para proferir a
decisão do PAD
 
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Assim, o presidente da comissão é designado pela autoridade competente, entre os membros da 
comissão. Já o secretário é designado pelo presidente da comissão e pode ser, inclusive, uma pessoa de fora 
da comissão. 
Todo o trabalho desenvolvido pela comissão deve ser realizado com independência e imparcialidade, 
devendo seus membros garantirem o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da 
administração. 
Na linha de manutenção do sigilo, as reuniões e as audiências das comissões terão caráter reservado 
Assim e para garantir qualquer alegação de conflito de interesse, a Lei nº 8.112, de 1990, veda que parente 
atéo 3º grau do indiciado participe da comissão. 
É proibido integrar comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do 
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 3º grau. 
Para facilitar seu estudo, a seguir você terá um resumo dos conceitos de parentes em linha reta, colateral 
ou transversal, bem como parentes por consanguinidade e por afinidade com base no Código Civil. 
De todo modo, fixe que para identificar o grau de parentesco basta contar o número de gerações subindo 
de um dos parentes até o ascendente comum (tronco comum na árvore genealógica) e descendo até 
encontrar o outro parente a que se quer calcular o grau. 
 
G
ra
u
 d
e
 P
ar
e
n
te
sc
o
Parentes em linha reta 
são as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e 
descendentes: 
Exemplo: Pai/Filho; Avó/Pai; Avó/Filho, entre outros.
Parentes em linha 
colateral ou transversal 
são aquelas pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra e 
contabilizadas até o 4º grau. 
Exemplo: irmãos – parentes colaterais de 2º grau; tio e sobrinho – parentes colaterais de 
3º grau, entre outros. 
Parentesco por 
consanguinidade
como o nome sugere, é o natural e advém da vinculação sanguínea. 
Exemplo: avós, pais, filhos, irmãos, tios, entre outros.
Parentesco por 
afinidade 
é aquele relacionado aos parentes do conjugue ou do companheiro, mas limitado aos 
ascendentes, descendentes e aos irmãos do conjugue ou companheiro, sendo que na 
linha reta a afinidade não se extingue mesmo que haja a dissolução do casamento ou 
união estável. 
Exemplo: uma vez sogra, sempre sogra!
 
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Ainda quanto aos trabalhos da comissão, cabe dizer que as suas reuniões devem ser registradas em atas 
para detalhar as deliberações adotadas. 
Quanto à fase do inquérito administrativo, frise-se que ela deve respeitar o contraditório e a ampla defesa 
do indiciado, com a utilização por este de todos os meios e recursos admitidos em direito. 
Assim, é assegurado ao servidor indiciado o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por 
intermédio de procurador, bem como de arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e 
formular quesitos, quando se tratar de prova pericial. 
Desde já fixe que a Súmula Vinculante nº 5 do STF estabelece que não haver advogado constituído no 
Processo Administrativo Disciplinar não o torna inconstitucional. 
Cabe ainda dizer que a OAB impetrou um pedido de cancelamento da aludida súmula no STF (PSV 58), 
mas o plenário rejeitou o cancelamento em decisão apertada de 6 votos contra 5. 
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar 
não ofende a Constituição. 
De todo modo, é prerrogativa do presidente da comissão negar requerimentos que sejam meramente 
protelatórios, impertinentes ou de nenhum interesse para os esclarecimentos dos fatos. 
Inclusive, poderá ser indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer 
de conhecimento especial de perito. 
Todas as testemunhas necessárias à elucidação dos fatos, conforme avaliados pelos membros da 
comissão, deverão ser intimadas a depor mediante mandado expedido pelo presidente da comissão, 
devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. 
Esclareça-se que, caso a testemunha seja servidor público, a expedição do mandado será imediatamente 
comunicada ao chefe da repartição onde lotado o servidor, com a indicação do dia e hora marcados para 
inquirição. 
No que tange aos depoimentos, importante ressaltar que não é considerado lícito a testemunha 
apresentá-lo por escrito junto à comissão, mas sim deverá ser prestador oralmente o seu depoimento que, 
além disso, deve ser reduzido a termo. 
No procedimento de tomada dos depoimentos, o legislador fixou a orientação de que as testemunhas 
devem ser inquiridas separadamente, mas havendo contradição ou depoimentos incompatíveis, deverá 
ser realizada acareação entre os depoentes. 
 
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Encerrada a fase de inquirição das testemunhas, deve a comissão interrogar o acusado. 
Havendo dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que 
ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. 
Esse incidente de sanidade mental dever ser processado em auto apartado e apenso ao processo 
principal, após a expedição do laudo pericial. 
Cabe dizer também que, havendo mais de um acusado, de modo análogo às testemunhas, 
preliminarmente eles devem ser ouvidos separadamente pela comissão, contudo, constadada divergência 
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, também deverá promovida a acareação entre eles. 
De acordo com a Lei nº 8.112, de 1990, são assegurados transporte e diárias ao servidor convocado para 
prestar depoimento fora da sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou indiciado, 
bem como aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede dos 
trabalhos para a realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. 
Ainda quanto ao inquérito administrativo, cabe frisar que se o acusado constituir procurador, poderá este 
assistir ao interrogatório e a inquirição das testemunhas, sendo vedada a sua interferência nas perguntas e 
respostas. 
Por outro lado, é facultado ao procurador reinquirir as testemunhas, desde que por intermédio do 
presidente da comissão. 
Encerrada as fases de inquirição das testemunhas e de interrogação dos acusados, caso a comissão 
forme convicção de que se encontra tipificada infração disciplinar, deverá ser formulada a indiciação do 
servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas. 
Então, por meio de mandado expedido pelo presidente da comissão, deve o indiciado ser citado para 
apresente defesa escrita no prazo máximo de 10 dias, sendo a este assegurado o direito de dar vistas ao 
processo na repartição onde este se encontre. 
Cabe dizer que, em caso de recusa do indiciado em dar ciência na cópia da citação, o prazo para defesa 
será contado a partir da data declarada em termo próprio pelo membro da comissão que fez a citação, com 
a assinatura de 2 testemunhas. 
Além disso, sendo desconhecido ou incerto o local do indiciado, deve ele ser citado para, em 15 dias, 
apresentar defesa por edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação na 
localidade do último domicílio conhecido. 
Como já citado no resumo esquematizado do inquérito administrativo, havendo 2 ou mais indiciados, o 
prazo para apresentação da defesa escrita será comum a eles e de 20 dias. 
 
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Ademais, fixe que o prazo para defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, em casos de diligências 
reputadas indispensáveis. 
O prazo para a defesa no PAD, havendo um só indiciado é de até 10 dias. Por outro lado, havendo 2 
ou mais indiciados, o prazo será comum a eles e de 20 dias. 
Atenção 1: o prazo para defesa poderá ser prorrogado pelo dobro. 
Atenção 2: sendo desconhecido ou incerto o local do indiciado, deve ele ser citado para, em 15 dias, 
apresentar defesa por edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação 
na localidade do último domicílio conhecido. 
Há um tema polêmico na jurisprudência que é a validade ou não de intimação do acusado mediante 
remessa via Correios sendo que o AR foi recebido por terceiro. 
Sobre o tema, há duas decisões conflitantes do STJ, uma de 2012 e outra de 2013, sendo que a mais 
recente admite a validade. 
 PROCESSUAL E ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. COMISSÃO 
PROCESSANTE. SUSPEIÇÃO DA PRESIDENTENÃO COMPROVADA. NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO. 
AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE. AMPLA DEFESA ASSEGURADA. (...) 11. Nesse ponto, deve ser aberto um 
parênteses para consignar que, assim como ocorre na esfera judicial, também no Processo 
Administrativo Disciplinar é de ser reconhecida a validade da intimação realizada pelo correio, com aviso 
de recebimento (AR), sendo dispensada a assinatura do aviso de recebimento pelo próprio destinatário, 
bastando que reste inequívoca a entrega no seu endereço. EDcl no MS 17873/DF, Ministro Mauro 
Campbell Marques, 28/08/2013 (1ª Seção do STJ) 
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. ATO DE DEMISSÃO. CIÊNCIA PESSOAL. 
(...) Ao apreciar o mérito, entendeu a Min. Relatora que a União não conseguiu comprovar, por meio 
de prova manifesta, a efetiva ciência do ora impetrante, por meio de notificação pessoal, do 
desarquivamento do processo administrativo disciplinar e do ato de anulação de sua absolvição. 
Salientou-se, por conseguinte, que a entrega de telegrama a terceiro não constitui prova suficiente de 
que seu destinatário o tenha recebido. Seguindo essa linha de raciocínio, destacou-se julgado da Corte 
Especial no sentido de que, na hipótese de citação pelo correio, seria necessária a entrega da 
correspondência pessoalmente ao destinatário, sob pena de vício insanável. Assim, diante do evidente 
prejuízo suportado pelo impetrante, que não teve assegurados os princípios da ampla defesa e do 
 
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contraditório, direitos fundamentais constitucionalmente consagrados, reputou-se necessária a 
anulação do ato demissório e, consequentemente, sua notificação pessoal para que se manifeste acerca 
da anulação do ato de sua absolvição e da possibilidade de ser aplicada a pena de demissão. Precedente 
citado: SEC 1.102-AR, DJe 12/5/2010. MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
29/2/2012. (3ª Seção do STJ) 
 
Também há previsão de aplicação do instituto da revelia no PAD. 
Ou seja, se o indiciado, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo, será ele declarado revel por 
termo próprio que será anexado aos autos do processo. 
Cientificada da revelia, a autoridade instaurada do PAD deve designar um servidor, estável ou não, 
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do 
indiciado, como defensor dativo. 
 
 
Frise-se que o defensor dativo deve agir com diligência como se acusado fosse. 
O prazo para a conclusão do PAD não excederá 60 dias, contados da data de publicação do ato que 
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o 
exigirem. 
Atenção: sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, ficando 
seus membros dispensados do ponto, até a entrega do relatório final. 
Por fim, quando do encerramento do inquérito administrativo, o PAD, com o relatório da comissão, deve 
ser enviado à autoridade que determinou a instauração para julgamento 
A autoridade julgadora tem prazo legal de 20 dias, a partir do recebimento do PAD, para proceder com 
sua decisão. 
Revelia no PAD
caso o indiciado, regulamente citado, não apresente defesa no prazo legal, 
deverá ser declarada a sua revelia nos autos do PAD e a autoridade 
instauradora deve designar um servidor, ocupante de cargo efetivo superior ou 
de mesmo nível ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado, 
como defensor dativo
 
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Ressalte-se que o julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo. 
Nessa linha, o STJ já decidiu reiteradamente que o excesso de prazo para a conclusão do PAD não gera, 
por si só, nulidade do processo. Caso, entretanto, o servidor demonstre prejuízo fundado e evidenciado em 
função dessa demora, poderá assim então macular o PAD. 
É muito comum doutrina e jurisprudência utilizarem a expressão francesa “pas de nullité sans grief” para 
se referenciar ao brocardo de que não há nulidade sem prejuízo. 
Veja jurisprudência do STJ nesse sentido de que o excesso de prazo, em regra, não gera nulidade do PAD, 
a menos que demonstrado prejuízo pela parte. 
DIREITO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE PREJUÍZO PARA O RECONHECIMENTO DE 
NULIDADE EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. O excesso de prazo para a conclusão do 
processo administrativo disciplinar não gera, por si só, qualquer nulidade no feito, desde que não 
haja prejuízo para o acusado. Isso porque não se configura nulidade sem prejuízo (pas de nulité 
sans grief). Precedentes citados: MS 16.815-DF, Primeira Seção, DJe 18/4/2012; MS 15.810-DF, 
Primeira Seção, DJe 30/3/2012. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013. 
ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DISCIPLINAR. DEMISSÃO. ESCREVENTE JUDICIAL. PRÁTICA DE ATOS PARTICULARES EM NOME DO 
JUIZADO ESPECIAL. EXCESSO DE PRAZO. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. RECURSO 
DESPROVIDO. 1. Esta Corte de Justiça firmou entendimento de que o excesso de prazo para a 
conclusão dos trabalhos, quando não trouxer prejuízo ao exercício de defesa do servidor, não gera 
nulidade do processo administrativo disciplinar. Precedentes. 2. Hipótese em que a Comissão 
Processante foi nomeada em 30/6/2006, ato que marcaria o início do processo administrativo, o qual 
se findou com a publicação do ato de demissão, ocorrido em 1º de dezembro de 2009. 3. Não 
prospera a alegação de excesso de prazo, já que várias foram as interferências promovidas pelo 
próprio recorrente, que acabaram por impedir a tramitação regular do processo disciplinar, na 
medida em que se recusou a comparecer para prestar esclarecimentos, assim como, intimado, não 
apresentou defesa, tendo recusado a defesa técnica quando nomeada em seu favor, somente vindo 
a apresentar alegações finais após meses de delonga. 4. Ademais, não houve demonstração de 
prejuízo sofrido pelo recorrente, o que faz incidir, na espécie, o princípio do pas de nullitté sans 
grief. 5. Recurso em mandado de segurança a que se nega provimento. RMS 35458/MG, Ministro OG 
Fernandes, 26/05/2014. 
 
 
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De qualquer forma, havendo a constatação de vício insanável no PAD, a autoridade que determinou a 
instauração do processo ou outra de hierarquia superior deve declarar a sua nulidade, total ou parcial, e 
ordenar, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de novo processo. 
Fixe que não há qualquer impedimento de que a nova comissão seja formada pelos mesmos membros 
da comissão anterior. 
Uma questão bem interessante que foi tratada pelo STJ é se a obtenção de prova com base em 
monitoramento de e-mail corporativo de servidor público configuraria ou não prova ilícita. 
Nessa linha, decidiu o STJ que as informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de 
servidor público não configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos “não pessoais” e de 
interesse da Administração Pública e da própria coletividade. 
Vejamos as jurisprudências anteriormente citadas, inclusive a decisão do STF pela qual também se fixa o 
entendimento de que não há obrigação legal de que o acusado seja intimado para ciência do relatório final 
da comissão: 
➢ STF 
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. ATO DO MINSTRO DA FAZENDA. DEMISSÃO DE SERVIDOR PÚBLICO POR ATO DE 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DISCIPLINAR. NEGATIVA DE PROVIMENTO DO RECURSO. 1. Não há qualquer impeditivo legal de que 
a comissão de inquérito em processo administrativo disciplinar seja formada pelos mesmos 
membros de comissão anterior que havia sido anulada. 2. Inexiste previsão na Lei nº 8.112/1990 
de intimaçãodo acusado após a elaboração do relatório final da comissão processante, sendo 
necessária a demonstração do prejuízo causado pela falta de intimação, o que não ocorreu no 
presente caso. 3. O acusado em processo administrativo disciplinar não possui direito subjetivo ao 
deferimento de todas as provas requeridas nos autos, ainda mais quando consideradas impertinentes 
ou meramente protelatórias pela comissão processante (art. 156, §1º, Lei nº 8.112/1990). 4. A 
jurisprudência desta Corte admite o uso de prova emprestada em processo administrativo disciplinar, 
em especial a utilização de interceptações telefônicas autorizadas judicialmente para investigação 
criminal. Precedentes. 5. Recurso ordinário a que se nega provimento. RMS 28774/DF, Ministro 
Roberto Barroso, 22/09/2015. 
 
 
➢ STJ 
 
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DIREITO ADMINISTRATIVO. MONITORAMENTO DE E-MAIL CORPORATIVO DE SERVIDOR 
PÚBLICO. 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não 
configuram prova ilícita quando atinentes a aspectos não pessoais e de interesse da Administração 
Pública e da própria coletividade, sobretudo quando exista, nas disposições normativas acerca do 
seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, 
bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários 
para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo. No que diz respeito à 
quebra do sigilo das comunicações telemáticas, saliente-se que os dados são objeto de proteção 
jurídica. A quebra do sigilo de dados telemáticos é vista como medida extrema, pois restritiva de 
direitos consagrados no art. 5º, X e XII, da CF e nos arts. 11 e 21 do CC. Não obstante, a intimidade e 
a privacidade das pessoas, protegidas no que diz respeito aos dados já transmitidos, não constituem 
direitos absolutos, podendo sofrer restrições, assim como quaisquer outros direitos fundamentais, os 
quais, embora formalmente ilimitados - isto é, desprovidos de reserva -, podem ser restringidos caso 
isso se revele imprescindível à garantia de outros direitos constitucionais. No caso, não há de se falar 
em indevida violação de dados telemáticos, tendo em vista o uso de e-mail corporativo para 
cometimento de ilícitos. A reserva da intimidade, no âmbito laboral, público ou privado, limita-se 
às informações familiares, da vida privada, política, religiosa e sindical, não servindo para acobertar 
ilícitos. Ressalte-se que, no âmbito do TST, a temática já foi inúmeras vezes enfrentada (TST, RR 
613/2000-013-10-0, DJe 10/6/2005). RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015, 
DJe 5/2/2016. 
 
Caso a comissão, em seu relatório final, pugne pela inocência do servidor, a autoridade instauradora 
determinará o arquivamento do PAD, exceto se for flagrantemente contrária à prova dos autos. 
De outro lado, havendo sanção a ser aplicada, a autoridade instauradora a aplicará se dentro de sua 
alçada. Caso a sanção supere a alçada da autoridade que instaurou o PAD, este deverá ser encaminhado à 
autoridade competente. 
Além disso, havendo uma pluralidade de indiciados e uma diversidade de sanções a serem aplicadas, o 
julgamento compete à autoridade que puder impor a pena mais grave. 
De acordo com a Lei nº 8.112, de 1990, salvo quando contrariar prova constante no PAD, o julgamento 
acatará o relatório da comissão. 
 
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Neste caso de contrariedade à prova dos autos, poderá a autoridade julgadora, desde que 
motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade. 
Veja jurisprudência do STJ que afirma que a autoridade julgadora não está atrelada às conclusões 
propostas pela comissão, podendo delas discordar, desde que de forma motivada. 
Aproveito também para inserir jurisprudência que veda a anulação da pena aplicada anteriormente por 
PAD para aplicar nova pena mais gravosa ao servidor. 
➢ STJ 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO DISCIPLINAR. 
RELATÓRIO DA COMISSÃO PROCESSANTE. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. 
INFRAÇÃO CAPITULADA COMO PASSÍVEL DE DEMISSÃO. ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS AO MINISTRO DE 
ESTADO DA JUSTIÇA. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA DENEGADO. (...) 4. A 
comissão que preside o inquérito administrativo não pode se sobrepor à autoridade julgadora, aplicando 
de imediato as conclusões propostas em seu relatório, ao reconhecer a prescrição da pretensão punitiva, 
pois não ostenta função judicante. 5. A autoridade julgadora não está atrelada às conclusões propostas 
pela comissão, podendo delas discordar, motivadamente, quando o relatório contrariar a prova dos 
autos, nos termos do art. 168 da Lei n.º 8.112/90. 6. Mandado de segurança denegado. (MS 16174/DF, 
Ministro Castro Meira, 17/02/2012). 
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PROCESSO 
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. CUMPRIMENTO DA PENA DE SUSPENSÃO POR TRINTA DIAS, CONVERTIDA 
EM MULTA (ART. 130, § 2º, DA LEI 8.112/90). POSTERIOR REVISÃO DO PROCESSO. APLICAÇÃO DA PENA DE 
DEMISSÃO PELOS MESMOS FATOS. OCORRÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS. SEGURANÇA CONCEDIA. 1. 
Discussão acerca da possibilidade de anulação parcial de processo findo, com sanção já cumprida, para 
aplicação de penalidade de demissão pelos mesmos fatos. 3. O que se tem aqui é anulação de processo 
findo, com sanção já cumprida, ou seja, uma revisão com reformatio in pejus, a qual está em sentido 
contrário à jurisprudência do STJ que proíbe o agravamento da penalidade imposta a servidor, após o 
encerramento do respectivo processo disciplinar, com o julgamento definitivo pela autoridade 
competente, como no caso dos autos em que já tinha sido cumprida a pena de suspensão, convertida em 
multa, quando veio nova reprimenda (demissão). Dentre outros precedentes: MS 11.554/DF, Rel. Ministro 
Og Fernandes, Terceira Seção, DJe 01/10/2013; MS 17.370/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira 
Seção, DJe 10/09/2013; MS 10.950/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Terceira Seção, DJe 01/06/2012. 4. 
Incide, na espécie, o verbete sumular n. 19/STF: "[é] inadmissível segunda punição de servidor público, 
baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira". 5. Segurança concedida para anular as 
 
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Portarias n. 1.511 e 1.512, publicadas no D.O.U de 15 de fevereiro de 2006, do Ministro da Integração 
Nacional, e, por conseguinte, determinar a reintegração dos impetrantes no cargo que ocupavam antes da 
demissão, com repercussão financeira a partir da impetração. MS 11749/DF, Ministro Benedito Gonçalves, 
11/06/2014. 
➢ STF 
Súmula 19: É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que 
se fundou a primeira. 
 
Se a infração administrativa também tipificar crime, além das providências próprias no âmbito 
administrativo, o processo disciplinar obrigatoriamente também deverá ser remetido ao Ministério Público 
para a devida instauração da ação penal. 
O último ponto que gostaria de tratar sobre o PAD e bastante importante, é a previsão do art. 172 da Lei 
nº 8.112, de 1990: 
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado 
voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada. 
Pela literalidade do dispositivo, o servidor que estiver respondendo a um PAD deveria aguardar a decisão 
final do processo e o cumprimento da penalidade, caso aplicada, para somente após poder ser exonerado a 
pedido ou aposentado voluntariamente. 
Contudo, essa não é a posição da jurisprudência que caminha no sentido de que, caso não respeitado 
prazorazoável para conclusão do PAD, não seria legítimo não deferir eventual pedido de aposentadoria 
voluntária. 
➢ STJ 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. SERVIDOR PÚBLICO. PENDÊNCIA DE PROCESSO 
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEFERIMENTO DE APOSENTADORIA AO SERVIDOR. POSSIBILIDADE. 
CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA. CABIMENTO. 1. Este Superior Tribunal de Justiça pacificou o 
entendimento, cristalizado no enunciado da Súmula 211/STJ, segundo o qual a mera oposição de 
embargos declaratórios não é suficiente para suprir o requisito do prequestionamento, sendo 
indispensável o efetivo exame da questão pelo acórdão objurgado. Precedentes. 2. Não sendo 
 
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observado prazo razoável para a conclusão do processo administrativo disciplinar, não há falar em 
ilegalidade, à luz de uma interpretação sistêmica da Lei nº 8.112/90, do deferimento de 
aposentadoria ao servidor. Com efeito, reconhecida ao final do processo disciplinar a prática pelo 
servidor de infração passível de demissão, poderá a Administração cassar sua aposentadoria, nos 
termos do artigo 134 da Lei nº 8.112/90. AgRg no REsp 916290/SC, Ministra Maria Thereza de Assis 
Moura, 26/10/2010. 
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE APOSENTADORIA 
VOLUNTÁRIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. EXTRAPOLAÇÃO DE PRAZO PARA 
JULGAMENTO. ART. 172 DA LEI N. 8.112/90. INAPLICABILIDADE. 1. O acórdão recorrido encontra-se 
em consonância com o entendimento jurisprudencial firmado por esta Corte de Justiça, no sentido 
de que, em caso de inobservância de prazo razoável para a conclusão do processo administrativo 
disciplinar, inexiste ilegalidade na concessão do pedido de aposentadoria do servidor. 2. Agravo 
regimental improvido. AgRg no REsp 1177994/DF, Ministro Nefi Cordeiro, 22/09/2015. 
10.3. Revisão do PAD 
 
Prevê o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União que o PAD poderá ser revisto, a qualquer tempo, 
de ofício ou a pedido, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias hábeis a justificar a inocência do 
servidor eventualmente punido ou a inadequação da pena aplicada, que não foram apreciados no processo 
originário. 
Cabe ao requerente o ônus de provar o alegado, não sendo justificativa para revisão a mera alegação de 
injustiça da penalidade aplicada. 
Frise-se que qualquer pessoa da família do servidor poderá requerer a revisão, em caso de falecimento 
deste, ausência ou desaparecimento. Pode também o curador requer a revisão do PAD em nome do servidor 
com incapacidade mental. 
Além disso, cabe dizer que o pedido de revisão deve ser dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade 
equivalente na estrutura do respectivo órgão, contendo dia e hora para a produção de provas e inquirição 
das testemunhas que arrolar. 
Desde que autorizada a revisão, o pedido será encaminhado ao dirigente do órgão ou entidade onde se 
originou o PAD para constituição de comissão de apuração que seguirá o rito ordinário deste procedimento 
e sendo o processo originário um apenso do processo revisional. 
 
 
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A comissão revisora terá 60 dias para conclusão dos trabalhos e a autoridade julgadora 20 dias para 
a tomada de decisão. 
Atenção: do PAD revisional não poderá resultar agravamento de penalidade. 
Julgada procedente o PAD Revisional, a penalidade anterior eventualmente aplicada se tornará sem 
efeito, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em 
comissão, que será convertida em exoneração. 
 
 
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11. Atos de Improbidade Administrativa 
 
Estão submetidos à Lei nº 8.429, de 1992, todos os atos de improbidade praticados por qualquer agente 
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio 
público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% 
do patrimônio ou da receita anual. 
São quatro as principais espécies de práticas de atos de improbidade: 
➢ os que acarretam enriquecimento ilícito; 
➢ aqueles que causam prejuízo ao erário; 
➢ aqueles de concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário; e 
➢ os que afrontam princípios da Administração Pública 
11.1. Sanções de atos de improbidade administrativa que acarretam 
enriquecimento ilícito: 
 
 
 
Enriquecimento ilícito
Perda dos bens e valores ilícitos
Ressarcimento integral do dano
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
Multa de até 3x o acréscimo patrimonial
Proibição de contratar ou receber incentivo ou crédito 
por 10 anos
 
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11.2. Sanções de atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao 
erário: 
 
11.3. Sanções de atos de improbidade administrativa que atentam contra 
princípios da Administração Pública: 
 
11.4. Sanções de atos de improbidade administrativa por concessão ou 
aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário: 
 
Prejuízo ao erário
Perda dos bens e valores ilícitos, se o caso
Ressarcimento integral do dano
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos
Multa de até 2x o valor do dano
Proibição de contratar ou receber incentivo ou 
crédito por 5 anos
Atentar contra princípios da 
Administração Pública
Ressarcimento integral do dano, se houver
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos
Multa de até 100x o valor da remuneração do agente
Proibição de contratar ou receber incentivo ou crédito por 3 
anos
Concessão ou Aplicação 
indevida de benefício 
financeiro ou tributário
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos
Multa de até 3x o valor do benefício financeiro ou tributário 
concedido
Proibição de contratar ou receber incentivo ou crédito por 5 
anosDireito Administrativo, 31ª edição, p. 623 
 
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2. Classificação de Agentes Públicos 
 
A classificação de agentes públicos não é algo pacificado, a doutrina diverge quanto às suas espécies. 
Apesar de toda divergência, por ora, é importante destacar que todas classificações apresentadas levam por 
base o regime jurídico em que os agentes públicos estão. 
Do conceito de “agente público”, Celso Antônio Bandeira de Mello classifica agentes públicos da seguinte 
maneira: 
 
De todo modo, antes de detalharmos este tópico, importante apresentarmos a classificação desenvolvida 
por outros doutrinadores. 
Ao analisar as classificações que hoje encontramos na doutrina, pode ser observado a existência de 
classificações mais sintéticas, como, por exemplo, a do professor Celso Antônio, já apresentada, e outras 
extremamente analíticas, como é o caso do professor Marçal Justen Filho. 
Então vamos a elas! 
A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro7 define agente público como toda pessoa física que presta 
serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta, subdividindo-o em quatro categorias: 
 
7 Direito Administrativo, 30ª edição, p 678. 
Agentes 
Públicos
Agentes Políticos
Exemplos: Presidente, Governadores, Prefeitos e 
seus vices; Ministros e Secretários; Senadores, 
Deputados e Vereadores 
Servidores Estatais
servidores públicos
servidores das pessoas governamentais de Direito 
Privado
Particulares em atuação 
colaboradora com o Poder Público
requisitados
gestores de negócios públicos
contratados por locação civil de serviços
concessionários, permissionários e delegatários de 
serviços públicos 
 
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Nessa linha, o professor José dos Santos Carvalho Filho8 discorre acerca da figura do agente público 
apresentando a definição e a classificação a seguir: 
A expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem 
uma função pública como prepostos do Estado. Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada ou 
gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica. 
 
 
 
8 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 629 e ss. 
Agente Público
Agentes Políticos
Militares
Servidores Públicos
Servidores Estatutários
Empregados Públicos
Servidores Temporários
Particulares em colaboração com o Poder 
Público
delegação
requisição, nomeação ou 
designação
gestor de negócio
Agente Público 
de Direito
Agentes Políticos
Servidores Públicos
Civis e Militares
Comuns e Especiais
Estatutários, Trabalhistas e Temporários
Agentes Particulares Colaboradores
Agente de Fato
Necessários
Putativos
 
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Por seu turno, a classificação de agentes públicos de acordo com a obra do professor Hely Lopes 
Meirelles9, para o qual agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou 
transitoriamente, do exercício de alguma função estatal, é a seguir apresentada: 
 
 
Por fim, incluo aqui também a classificação de agentes público do professor Marçal Justen Filho10, para 
quem agente público é, necessariamente, uma pessoa física, que atua como órgão estatal, produzindo ou 
manifestando a vontade do Estado. 
 
9 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, pp 79 a 86. 
10 Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, pp 689 e ss. 
Agentes 
Públicos
agentes políticos
Exemplos: Chefes do Executivo, Ministros, Secretários, 
Senadores, Deputados, Vereadores, Magistrados, Membros do 
Ministério Público e do Tribunal de Contas, representantes 
diplomáticos
agentes 
administrativos
servidores públicos concursados
(art. 37, II, da CRFB)
servidores públicos exercentes de cargo em comissão
(art. 37, V, da CRFB)
servidores temporários
(art. 37, IX, da CRFB)
agentes honoríficos
Exemplos: jurado, mesário eleitoral, integrante de comissão de 
estudo ou de julgamento
agentes delegados
Exemplos: concessionários, delegatários, permissionários, 
leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos
agentes credenciados
representa o Poder Público em determinado ato ou para certa 
atividade específica, mediante remuneração
 
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Importante ressaltar que há não só diferenças nas classificações, mas também conflitos entre elas. 
 
Agente Estatal 
com Vínculo 
Jurídico Fomal
vínculo de direito 
privado
com vínculo trabalhista
Poder Executivo
Poder Legislativo
Poder Judiciário
Ministério Público
Tribunal de Contas
Administração Indireta 
sem vínculo trabalhista
vínculo de 
direito público
político
executivo
mandato 
eletivo
cargo em 
comissão
legislativo
não político
civil
Executivo (e 
autarquias)
não servidor
Lei 8.666/1993
Lei 8.987/1995
Lei 9.637/1998
Lei 9.790/1999
Lei 11079/2004
servidor
servidor 
estatutário
temporário
Legislativo
servidor 
estatutário
servidor 
temporário
Judiciário
não servidor
servidor
magistrado
estatutário
temporário
Ministério 
Público
procuradores e 
promotores
estatutário
temporário
Tribunal de 
Contas
ministros e 
conselheiros
estatutários
temporários
militar
Agente Estatal 
sem Vínculo 
Jurídico Fomal
funcionário de fato
 
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Por exemplo, na obra do professor Hely Lopes Meirelles, os membros da magistratura, do ministério 
público e dos tribunais de contas são incluídos na espécie de agentes políticos, enquanto os demais autores 
citados, com as vênias de estilo, não adotam essa inclusão (Celso Antônio, Maria Sylvia11, José dos Santos 
Carvalho Filho e Marçal Justen Filho). 
Este é um ponto divergente e que, apesar disto, costuma ser cobrado em concursos públicos. Ao prestar 
os concursos da Magistratura, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas as bancas costumam classificar 
como agentes políticos os membros integrantes dessas instituições. Já os concursos de outras instituições 
segue para o raciocínio de que tais integrantes daquelas carreiras são na verdade agentes públicos da espécie 
servidores públicos de vínculo permanente e estatutário. 
Além disso, na obra do professor Hely Lopes Meirelles e de Celso Antônio Bandeira de Mello, incluem-se 
entre os agentes públicos as concessionárias e permissionárias pessoas jurídicas, fato que não é acolhido 
nem pela professora Maria Sylvia, nem por Marçal Justen Filho e nem por José dos Santos Carvalho Filho, 
que só aceitam pessoas físicas na qualidade de agentes públicos. 
 Vamos aprofundar a classificação de agentes públicos e no decorrer das explanações faremos os 
apontamentos importantes quanto à doutrina e à jurisprudência. 
2.1. A Expressão “Agentes Públicos” no Ordenamento Jurídico 
 
Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB, a expressão “agentes públicos” é 
utilizada apenas nos arts. 151, inciso II, e 216-A, inciso IV, sendo a primeira citação oriunda do Poder 
Constituinte Originário e a segunda o Poder Constituinte Derivado por meio da Emenda Constitucional nº 
71, de 2012. 
Por outro lado, a palavra agente com a conotação que a doutrina utiliza, bem como suas variações, 
aparece em inúmeros artigos da Constituição, aos quais colaciono a seguir, chamando atenção para o art. 
37, inciso XI, que cita agente político, e o seu §5º, que cita agentes, servidores ou não, já indicando ser a 
semântica de agente um gênero do qual servidor é espécie. 
 
 
 
 
11 A professora Maria Sylvia, faz uma ressalva em função do julgamento no STF do RE 228.977/SP, conforme veremos a seguir. 
 
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Art. 5º (...) 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança paraproteger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; (...) 
Art. 37 (...) 
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, 
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou 
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de 
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o 
subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais 
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa 
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos 
Procuradores e aos Defensores Públicos (...) 
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que 
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa. (...) 
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da 
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. (...) 
Art. 144. (...) 
§10 (...) 
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades 
executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. 
Art. 151. É vedado à União: (...) 
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como 
a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas 
obrigações e para seus agentes; (...) 
Art. 198 (...) 
 
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§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de 
combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas 
atribuições e requisitos específicos para sua atuação. 
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de 
saúde e agente de combate às endemias. 
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos 
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às 
endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. 
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que 
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá 
perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. 
Art. 216-A. (...) 
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, 
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios: (...) 
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural; (...) 
Portanto, não há na CRFB a definição de agente público nem a sua utilização é técnica e ordenadamente 
utilizada. Da leitura dos excertos extraídos, inclusive, é possível identificar a aludida expressão fazendo 
referências a pessoas físicas e/ou a pessoas jurídicas. 
Como já antecipamos, no direito positivo, contudo, cabe dizer que a Lei de Improbidade Administrativa, 
Lei nº 8.429, de 1992, assim define agente público: 
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente 
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura 
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. 
Perceba a amplitude da semântica de agente público, que inclui inclusive aqueles que integram os quadros 
das entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. 
E, dessa definição positivada, depreende-se a generalização e amplitude dada pela doutrina à semântica 
de “agente público”. 
Fundamenta-se, inclusive, a grande variabilidade que cada autor adota. 
 
 
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2.2. Agente Político 
 
Como já foi por nós sinalizado, não é pacífico na doutrina quais são os agentes incluídos na espécie agente 
político. Na obra do professor Hely Lopes Meirelles, os membros da magistratura, do ministério público e 
dos tribunais de contas são incluídos na espécie de agentes políticos, enquanto Celso Antônio, Maria Sylvia, 
José dos Santos Carvalho Filho e Marçal Justen Filho não fazem essa inclusão. 
Importante alertar que a professora Maria Sylvia12, citando o julgamento do RE 228.977 pelo STF, em 2002 
(vide o teor desta e de outras jurisprudências sobre agentes políticos a seguir), indica que seria necessário 
reconhecer que há uma tendência de se considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público 
entre os agentes políticos. 
De todo modo, para a professora Maria Sylvia, a ideia de agente político deve ser concedida a partir de 
critérios técnicos e que por isto está intimamente ligada à noção de governo (aspecto subjetivo) e à de função 
política (aspecto objetivo). 
Ou seja, integra a acepção de agente político aqueles que realizam atividades de governo como os Chefes 
dos Poderes Executivos, seus vices e assessores imediatos (Ministros e Secretários), bem como os Senadores, 
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores. 
Se o fundamento buscado for a doutrina, não é pacífico o entendimento de que magistrados, membro do 
Ministério Público e dos Tribunais de Contas integram os agentes políticos. Se o fundamento for a 
jurisprudência do STF há um julgado (RE 228.977) de 2002 em que se afirma ser o magistrado integrante do 
chamado agente político e houve outro julgado (RE 518.278) em 2009 em que apenas foi citado o RE 228.977. 
2.3. Jurisprudência sobre Agentes Políticos 
 
Vejamos aqui as principais jurisprudências acerca do tema Agentes Políticos. 
Chamo atenção para o Julgamento no STF do AgRg na Petição 3240. Este julgado estava suspenso desde 
2014 e foi retomado e finalizado em 10 de maio de 2018. O Pleno do STF decidiu duas questões 
importantíssimas: 
1) o foro por prerrogativa de função previsto na Constituição para infrações penais comuns não é 
extensível às ações de improbidade administrativa que tem natureza civil. Assim, compete à primeira 
 
12 Direito Administrativo, 30ª edição, pp 679 e 680. 
 
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instância processar e julgar ações de improbidade administrativa, ainda que praticados por Agentes 
Políticos; e 
2) os AgentesPolíticos, exceto o Presidente da República, encontram-se sujeitos a um duplo regime 
sancionatório, submetendo-se tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade 
administrativa (Lei nº 8.429, de 1992) quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de 
responsabilidade (Lei nº 1.079, de 1950). 
 
➢ STF 
A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os 
magistrados enquadram-se na espécie agente político, investidos para o exercício de atribuições 
constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas funções, com 
prerrogativas próprias e legislação específica. Ação que deveria ter sido ajuizada contra a Fazenda estadual 
– responsável eventual pelos alegados danos causados pela autoridade judicial, ao exercer suas atribuições 
–, a qual, posteriormente, terá assegurado o direito de regresso contra o magistrado responsável, nas 
hipóteses de dolo ou culpa. Legitimidade passiva reservada ao Estado. Ausência de responsabilidade 
concorrente em face dos eventuais prejuízos causados a terceiros pela autoridade julgadora no exercício 
de suas funções, a teor do art. 37, § 6º, da CF/1988.[RE 228.977, rel. min. Néri da Silveira, j. 5-3-2002, 2ª T, 
DJ de 12-4-2002.]= RE 518.278 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 31-3-2009, 2ª T, DJE de 24-4-2009 
Súmula Vinculante 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou 
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa 
jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão 
ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante 
designações recíprocas, viola a CF. 
Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do CNJ, a prática do nepotismo nos demais 
Poderes é ilícita. A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. Proibição 
que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF. (...) Recurso extraordinário 
conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação do servidor, aparentado com agente político, 
ocupante de cargo em comissão.[RE 579.951, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-8-2008, P, DJE de 24-
10-2008, Tema 66.]= ADI 3.745, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-5-2013, DJE de 1º-8-2013 
 
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Nomeação de irmão de governador de Estado. Cargo de secretário de Estado. Nepotismo. Súmula 
Vinculante 13. Inaplicabilidade ao caso. Cargo de natureza política. Agente político. (...) Impossibilidade de 
submissão do reclamante, secretário estadual de transporte, agente político, às hipóteses 
expressamente elencadas na Súmula Vinculante 13, por se tratar de cargo de natureza política. Existência 
de precedente do Plenário do Tribunal: RE 579.951/RN, rel. min. Ricardo Lewandowski, DJE de 12-9-2008. 
Ocorrência da fumaça do bom direito.[Rcl 6.650 MC-AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 16-10-2008, P, DJE de 21-
11-2008.]= RE 825.682 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 10-2-2015, 2ª T, DJE de 2-3-2015 
Atenção: O Ministro Marco Aurélio, em 2017, em tutela antecipada, deferiu liminar na Rcl 26.303 para 
suspender a eficácia de Decreto expedido pelo Prefeito do Rio de Janeiro ao nomear o próprio filho como 
Secretário Chefe da Casa Civil, mesmo tratando-se de cargo político, com base na súmula vinculante 13. 
Assim, é preciso avaliar os próximos julgados do STF sobre o tema. 
Improbidade administrativa. Agente político. Comportamento alegadamente ocorrido no exercício de 
mandato de governador de Estado. Possibilidade de dupla sujeição tanto ao regime de responsabilização 
política, mediante impeachment (Lei 1.079/1950), desde que ainda titular de referido mandato eletivo, 
quanto à disciplina normativa da responsabilização civil por improbidade administrativa (Lei 8.424/1992). 
Extinção subsequente do mandato de governador de Estado. Exclusão do regime fundado na Lei 
1.079/1950 (art. 76, parágrafo único). Pleito que objetiva distinguir processo civil de improbidade 
administrativa, em razão de, à época dos fatos, a autora ostentar a qualidade de chefe do Poder Executivo. 
Legitimidade, contudo, de aplicação a ex-governador de Estado do regime jurídico fundado na Lei 
8.427/1992 (...) Regime de plena responsabilidade dos agentes estatais, inclusive dos agentes políticos, 
como expressão necessária do primado da ideia republicana.[AC 3.585 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 2-9-
2014, 2ª T, DJE de 28-10-2014.] 
À incidência da regra do art. 15, III, da Constituição, sobre os condenados na sua vigência, não cabe opor 
a circunstância de ser o fato criminoso anterior à promulgação dela a fim de invocar a garantia da 
irretroatividade da lei penal mais severa: cuidando-se de norma originária da Constituição, obviamente não 
lhe são oponíveis as limitações materiais que nela se impuseram ao poder de reforma constitucional. Da 
suspensão de direitos políticos – efeito da condenação criminal transitada em julgado, ressalvada a 
hipótese excepcional do art. 55, § 2º, da Constituição, resulta por si mesma a perda do mandato eletivo 
ou do cargo do agente político.[RE 418.876, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 30-3-2004, 1ª T, DJ de 4-6-
2004.] 
 
 
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2.4. Militar 
 
O texto originário da CRFB denominava a sua seção II (artigos 39, 40 e 41) e a sua seção III (artigo 42) do 
Capítulo VII (Da Administração Pública) do Título III (Da Organização do Estado), respectivamente, como “Dos 
Servidores Públicos Civis” e “Dos Servidores Públicos Militares”. 
Contudo, a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, alterou as denominações dessas seções para, 
respectivamente, “Dos Servidores Públicos” e “Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios”. 
Portanto, no texto atual da CRFB, o tema militar é tratado especialmente: 
➢ pelo art. 42: cujo objeto são os membros das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, 
DF e Territórios; 
➢ pelos arts. 142 e 143: cujo objeto são os membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, 
Exército e Aeronáutica; e 
➢ pelo art. 144: cujo objeto é a segurança pública. 
Fato é que os militares, espécie do gênero agentes públicos, possuem regramento constitucional e legal 
próprios, já que organizados com base na hierarquia e na disciplina e indispensáveis à segurança pública no 
plano interno e nas relações internacionais. 
Aos militares das Forças Armadas, que atuam sob a autoridade suprema do Presidente da República, é 
destinada a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer dos poderes 
do Estado, a garantia da lei e da ordem. 
 
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares sob a autoridade suprema do
Presidente da República, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, e
destinadas a:
defesa da pátria
garantia dos Poderes Constitucionais
garantia da Lei e da Ordem, por iniciativa de qualquer dos Poderes da República
 
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A Lei nº 6.880, de 1980, dispõe acerca do Estatuto dos Militares e disciplina as obrigações, deveres, 
direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas. 
Como o Estatuto dos Militares é anterior à CRFB, é preciso que se fique atento quanto à compatibilidade 
e a recepção ou não frente ao texto da atual carta da República. 
Ainda no plano constitucional, fixa-se que as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares são 
instituições organizadas com base na hierarquia e na disciplinaconstituindo os militares dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Territórios. 
Cabe à lei específica dos Estados dispor sobre as carreiras de seus militares. 
Importante ressaltar, contudo, que para o Distrito Federal, a Constituição fixou que Lei Federal deve 
dispor sobre a utilização das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar por este ente (art. 32, 
§4º). 
Frise-se também que na estrutura do Poder Judiciário há uma Justiça Militar própria, formada pelo 
Superior Tribunal Militar e pelos Tribunais e juízes militares instituídos por lei. 
A seguir, consolido as principais disposições constitucionais específicas acerca dos militares, além das já 
citadas até aqui, esclarecendo que, após a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, houve uma segregação 
clara entre os servidores públicos em geral e os militares, de modo que é importante que você saiba que há 
direito aos servidores públicos que não se aplicam aos militares, bem como há restrições específicas a serem 
observadas por estes fixadas no texto constitucional. 
Disposições Constitucionais relevantes acerca dos Militares: 
é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva (inciso VII, do art. 5º) 
é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (inciso XVII, 
do art. 5º) 
Atenção: a expressão paramilitar é adotada para associações civis que de forma irregular e não 
autorizada se reúnem em grupos, armadas, e se utilizam de táticas e técnicas próprias de militares 
para, com base na força e intimidação, obterem seus objetivos que podem ser, entre outros, 
ideológicos, políticos, partidários ou religiosos. 
constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (inciso XLIV, do art. 5º) 
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente 
militar, definidos em lei(inciso LXI, do art. 5º) 
 
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não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar 
obrigatório, os conscritos13 (§2º do art. 14) 
Atenção: a expressão conscrito é utilizada para designar aquele jovem que foi recrutado para 
o serviço militar obrigatório. 
o militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
a) se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; 
b) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, 
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (§8º do art. 14). 
é vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar (§4º do art. 17) 
compete à União organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros 
militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a 
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio (art. 21, inciso XIV) 
compete privativamente à União legislar sobre requisições civis e militares, em caso de 
iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III) e normas gerais de organização, efetivos, 
material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros 
militares (art. 22, XXI) 
aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a 
ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º (trata das condições de elegibilidade do militar); 
do art. 40, § 9º (trata da contagem de tempo de contribuição para aposentadoria e do tempo de 
serviço para disponibilidade); e do art. 142, §§ 2º (não cabe habeas corpus para punições 
disciplinares militares) e 3º (fixa direitos e obrigações dos militares), cabendo à lei estadual 
específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X (trata das condições para ingresso, 
direitos, deveres, remuneração e prerrogativas), sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos 
respectivos governadores (§1º do art. 42) 
aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que 
for fixado em lei específica do respectivo ente estatal (§2º do art. 42) 
a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em 
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (§7º do art. 53) 
são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre militares das 
Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, 
remuneração, reforma e transferência para a reserva (art. 61, §1º, inciso II, alínea “f”) 
o Superior Tribunal Militar é composto de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente 
da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo 3 dentre oficiais-
generais da Marinha, 4 dentre oficiais-generais do Exército, 3 dentre oficiais-generais da 
Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e 5 dentre civis escolhidos pelo 
Presidente da República dentre brasileiros maiores de 35 anos dos quais 3 dentre advogados de 
 
13 No link a seguir há um curto texto da revista jurídica Consulex analisa o porquê, à luz da Assembléia Nacional Constituinte, 
de os conscritos não poderem votar: http://www.tre-rs.jus.br/arquivos/Santos_Afinal_conscritos.PDF 
 
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notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, e 
2, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça 
Militar (art. 123) 
a lei estadual pode criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, 
constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo 
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o 
efetivo militar seja superior a 20 mil integrantes(§3º do art. 125) 
compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes 
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a 
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças (§4º do art. 125) 
o Ministério Público da União compreende: o Ministério Público Federal; o Ministério Público 
do Trabalho;o Ministério Público Militar; e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
(art. 128) 
NÃO caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares (§2 do art. 142) 
as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo 
Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou 
reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais 
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas (inciso I, do §3º, do art. 142) 
o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, 
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c" (profissionais de saúde, com 
profissões regulamentadas), será transferido para a reserva, nos termos da lei (inciso II, do §3º, 
do art. 142) 
o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública 
civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista 
no art. 37, inciso XVI, alínea "c" (profissionais de saúde, com profissões regulamentadas), ficará 
agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser 
promovido por antiguidade, contando o tempo de serviçoapenas para aquela promoção e 
transferência para a reserva, sendo depois de 2 anos de afastamento, contínuos ou não, 
transferido para a reserva, nos termos da lei (inciso III, do §3º, do art. 142) 
ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (inciso IV, do §3º, do art. 142) 
o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos (inciso V, do 
§3º, do art. 142) 
aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, 
incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 
37, inciso XVI, alínea "c"(inciso VIII, do §3º, do art. 142) 
o serviço militar é obrigatório nos termos da lei(art. 143) 
Atenção 1:as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo 
de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir 
 
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Atenção2: compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, 
em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência 
Atenção3:entende-se por imperativo de consciência aquele decorrente de crença religiosa e 
de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente 
militar 
Cabe uma atenção especial aos órgãos integrantes da Segurança Pública. De acordo com o texto 
constitucional, a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, devendo ser 
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. 
Dentre os órgãos integrantes da Segurança Pública, conforme diagramado a seguir, apenas os agentes 
públicos das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares são considerados militares na acepção 
da palavra, embora todos estejam imbuídos da manutenção da ordem pública e social. 
Ressalte-se inclusive, que a jurisprudência do STF já se posicionou no sentido de que os serviços públicos 
desenvolvidos por grupos armados, como da Polícia Civil, são análogos, no que tange ao instituto da greve, 
aos dos militares. Ou seja, é proibida a realização de greve por esses agentes tal qual ocorre com os militares. 
Dessa forma, apresento, de acordo com a Constituição Federal, os órgãos que compõem a Segurança 
Pública interna e em seguida um rol de jurisprudência sobre o tema: 
 
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Por fim, vejamos algumas jurisprudências acerca dos Militares. 
Órgãos Integrantes 
da Segurança 
Pública
Polícia Federal
Órgão Permanente, organizado 
e mantido pela União
Estruturado em carreira para:
apurar infrações penais contra 
União ou suas entidades 
autárquicas e empresas 
públicas, assim como outras 
infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou 
internacional e exija repressão 
uniforme
prevenir e reprimir o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o contrabando e o 
descaminho
exercer as funções de polícia 
marítima, aeroportuária e de 
fronteiras
exercer, com exclusividade, as 
funções de polícia judiciária da 
União
Polícia 
Rodoviária 
Federal
Órgão Permanente, organizado 
e mantido pela União
Estruturado em carreira para, 
na forma da lei, realizar o 
patrulhamento ostensivo das 
rodovias federais
Polícia 
Ferroviária 
Federal
Órgão Permanente, organizado 
e mantido pela União
Estruturado em carreira para, 
na forma da lei, realizar o 
patrulhamento ostensivo das 
ferrovias federais
Polícias Civis
Dirigidas por Delegados de 
Polícia de carreira
Realizam as funções de polícia 
judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as 
militares, respeitadas as 
competências da União
Polícias 
Militares
polícia ostensiva para a 
preservação da ordem pública
Corpos de 
Bombeiros 
Militares
executam as atividades de 
defesa civil, sem prejuízo 
quanto às atribuições definidas 
em lei
Guarda 
Municipal
constituídas pelos Municípios 
para proteção de seus bens, 
serviços e instalações, 
conforme lei
 
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A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados à Segurança Pública 
deve ser fixada por subsídio, em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, 
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, 
o teto remuneratório constitucional. 
2.4.1. Jurisprudências sobre os Militares e Segurança Pública 
Jurisprudência acerca dos agentes públicos militares e integrantes dos órgãos do sistema de segurança 
pública. 
➢ STF 
Súmula Vinculante 6: 
 
Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças 
prestadoras de serviço militar inicial. 
Serviço militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao salário mínimo. Violação aos arts. 1º, III, 5º, caput, e 
7º, IV, da CF. Inocorrência. (...) A CF não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior 
ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores.O regime a que submetem os 
militares não se confunde com aquele aplicável aos servidores civis, visto que têm direitos, garantias, 
prerrogativas e impedimentos próprios. Os cidadãos que prestam serviço militar obrigatório exercem um 
múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos 
conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação do serviço militar 
obrigatório nas Forças Armadas.[RE 570.177, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 30-4-2008, P, DJE de 27-6-
2008, Tema 15.] 
Os militares, indivíduos que são, não foram excluídos da garantia constitucional da individualização 
da pena. Digo isso porque, de ordinário, a CF de 1988, quando quis tratar por modo diferenciado os 
servidores militares, o fez explicitamente. Por ilustração, é o que se contém no inciso LXI do art. 5º do 
Magno Texto, a saber: "ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei". Nova amostragem está no preceito de que "não caberá habeas 
corpus em relação a punições disciplinares militares" (§ 2º do art. 142). Isso sem contar que são proibidas 
a sindicalização e a greve por parte do militar em serviço ativo, bem como a filiação partidária (incisos IV e 
V do § 3º do art. 142). De se ver que esse tratamento particularizado decorre do fato de que as Forças 
 
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Armadas são instituições nacionais regulares e permanentes, organizadas com base na hierarquia e 
disciplina, destinadas à defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de 
qualquer destes, da lei e da ordem (cabeça do art. 142). Regramento singular, esse, que toma em linha de 
conta as "peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos 
internacionais e de guerra"(inciso X do art. 142). É de se entender, desse modo, contrária ao texto 
constitucional a exigência do cumprimento de pena privativa de liberdade sob regime integralmente 
fechado em estabelecimento militar, seja pelo invocado fundamento da falta de previsão legal na lei 
especial, seja pela necessidade do resguardo da segurança ou do respeito à hierarquia e à disciplina no 
âmbito castrense. Ordem parcialmente concedida para determinar ao juízo da execução penal que 
promova a avaliação das condições objetivas e subjetivas para progressão de regime prisional, na concreta 
situação do paciente, e que aplique, para tanto, o CP e a Lei 7.210/1984 naquilo que for omissa a lei 
castrense.[HC 104.174, rel. min. Ayres Britto, j. 29-3-2011, 2ª T, DJE de 18-5-2011.] 
Osservidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra.Ocorre, contudo, 
que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe sejam prestados plenamente, em sua 
totalidade. Atividades das quais dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a 
administração da Justiça – onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis, 
inclusive as de exação tributária – e a saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores 
alcançados por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades 
desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos quais a 
Constituição expressamente proíbe a greve (art. 142, § 3º, IV).[Rcl 6.568, rel. min. Eros Grau, j. 21-5-2009, 
P, DJE de 25-9-2009.]= Rcl 11.246 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 27-2-2014, P, DJE de 2-4-2014 
O Ação direta de inconstitucionalidade. Parte final do art. 117 da Lei 6.880/1980 (Estatuto dos Militares 
da União), na redação dada pela Lei 9.297/1996. Dever do oficial militar com menos de cinco anos de 
corporação de indenizar os custos decorrentes de sua formação, no caso de assunção de cargo ou 
emprego civil. (...) Ação que se julga improcedente. O desembolso pelo erário de custos adicionais, 
destinados a preparação e a manutenção de seus servidores, em especial dos militares, com a finalidade 
de aprimoramento do Corpo das Forças Armadas, não poder ser negligenciado, em razão da própria 
configuração constitucional da supremacia do interesse público e da integridade do erário. A norma 
questionada é similar a outras previstas na legislação do servidor civil, que preveem a necessidade de 
devolução pelo servidor dos valores gastos pela União com sua formação profissional. Ausente ainda 
ofensa ao princípio da proporcionalidade, na medida em que a norma é adequada para o fim que se 
 
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destina, sem agressão ou nulificação do direito de liberdade profissional.[ADI 1.626, rel. min. Dias Toffoli, 
j. 15-12-2016, P, DJE de 3-3-2017.] 
A jurisprudência consolidada desta Corte já assentou que a transferência para a reserva remunerada de 
militar aprovado em concurso público, subordina-se à autorização do presidente da República ou à do 
respectivo ministro. [AI 453.424 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 29-11-2005, 2ª T, DJ de 10-2-2006.] = RE 
601.148 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 29-9-2009, 2ª T, DJE de 23-10-2009 
Cabe exclusivamente ao presidente da República, dentro do princípio da discricionariedade que a lei lhe 
outorga para avaliar e decidir segundo seus próprios critérios de conveniência e oportunidade, autorizar 
ou não a nomeação ou admissão de oficial militar para cargo ou emprego público. A autorização do 
presidente da República é requisito essencial à passagem de oficial das Forças Armadas para a reserva 
remunerada.[MS 22.431, rel. min. Maurício Corrêa, j. 2-10-1996, P, DJ de 22-11-1996.]= MS 22.530, rel. 
min. Sydney Sanches, j. 18-2-1998, P, DJ de 4-5-2001 
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos 
os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação 
do poder público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos 
termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. [ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. 
Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, Informativo 860, Tema 541.] 
De acordo com o art. 42 da CF, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos servidores 
militares, de modo que, existindo norma específica (LC 51/1985 ou DL estadual 260/1970), não há que se 
falar em aplicação da regra prevista aos trabalhadores em geral (Lei 8.213/1991).[ARE 818.547 AgR, rel. 
min. Roberto Barroso, j. 30-9-2014, 1ª T, DJE de 15-10-2014.]= ARE 870.509 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 
12-5-2015, 2ª T, DJE de 22-5-2015 
Cabe à lei estadual, nos termos da norma constitucional do art. 142, § 3º, X, regular as disposições do 
art. 42, § 1º, da CF e estabelecer as condições de transferência do militar para a inatividade.[RE 495.341 
AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 14-9-2010, 2ª T, DJE de 1º-10-2010.] 
2.5. Servidores Públicos 
 
Seguindo a classificação dos agentes públicos exteriorizada pela professora Maria Sylvia, vamos agora 
analisar aqueles que, sem sombra de dúvidas, correspondem à maioria dos agentes públicos. 
 
 
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 Agentes Públicos 
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Os servidores públicos podem ser subdivididos em: 
 
Importante ressaltar que o ordenamento jurídico inaugurado pela CRFB em 1988 deixou de utilizar a 
nomenclatura “Funcionário Público” e passou a utilizar a expressão servidor público, de forma mais 
ampla. Na Constituição de 1967, inclusive com a emenda nº 1, de 1969, a expressão Funcionário 
Público era a empregada para designar o atual servidor público estatutário. De igual modo, era o termo 
utilizado pelas Constituições republicanas precedentes (1946, 1937, 1934, 1891). 
Atenção: as leis esparsas, em geral anteriores à CRFB, que utilizam a expressão “Funcionário 
Público”, exceto se incompatível materialmente com o texto constitucional, continuam a vigorar 
normalmente com base no instituto da recepção. Cabe ao interprete realizar as adequações 
dogmáticas necessárias às nomenclaturas e disciplinas constitucionais atuais. 
Focando na expressão servidor público no atual texto constitucional, constata-se que ele é explicitamente 
citado nos seguintes artigos: 
Art. 37 (...) 
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical; (...) 
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para 
fins de concessão de acréscimos ulteriores; (...) 
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, 
aplicam-se as seguintes disposições (...) 
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo 
em virtude de concurso público. 
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (...) 
Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei 
Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor 
Servidores Públicos
servidores estatutários
empregados públicos
servidores temporários
 
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Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta 
Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que 
trata o § 3º deste artigo. (...) 
§ 2º Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio 
do Servidor Público são preservados, mantendo-se os critérios de saque nas situações previstas nas leis 
específicas, com exceção da retirada por motivo de casamento, ficando vedada a distribuição da arrecadação de 
que trata o "caput" deste artigo, para depósito nas contas individuais dos participantes. 
§ 3º Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social 
ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, até dois salários mínimos de remuneração 
mensal, é assegurado o pagamento de um salário mínimo anual, computado neste valor o rendimento das contas 
individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até a data da promulgação desta 
Constituição. (...) 
Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias 
especiais

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