Prévia do material em texto
Fármacos Simpaticomiméticos Artur Mendes e Leticia Burato Simpaticomiméticos São fármacos que imitam/potenciam a atividade do SNA simpático, aumentando a sinalização adrenérgica (α, β) e, em menor grau, dopaminérgica. Atuam de forma direita e indireta. Atuação Alvos Atuam em receptores adrenérgicos e dopaminérgicos, ou seja, os receptores acoplados à proteína G: α1 , α2 β1/β2/β3, D1/D2. Diretos Agonistas de receptores adrenérgicos (ex.: adrenalina, noradrenalina, dobutamina, fenilefrina, salbtamol). Atuação pós-sináptica Indiretos ↑ catecolaminas sinápticas por ↑liberação, ↓recaptação ↓metabolismo ou deslocamento vesicular/substituição Atuação pré-sináptica Receptores e Mecanismo α1 (Gq) → vasoconstrição, midríase, contração de esfíncteres. α2 (Gi) → inibição da adenilato ciclase, ↓ AMPc; efeito de feedback inibitório (↓ liberação de NA). β1 (Gs) → coração: ↑ frequência, ↑ contratilidade, ↑ condução AV; rins: ↑ renina. β2 (Gs) → relaxamento de músculo liso (brônquios, útero, vasos do músculo esquelético); ↑ glicogenólise e gliconeogênese. β3 (Gs) → lipólise em tecido adiposo. Receptores dopaminérgicos (D1, D2) → em baixas doses vasodilatação renal/mesentérica; em altas doses agonismo α e β (usado em choque). Farmacocinética Absorção e Biodisponibilidade Catecolaminas Baixa biodisponibilidade oral (destruição por MAO e COMT). Usadas IV, IM ou inalatórias (epinefrina inalatória). Ex: adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina Agentes indiretos Boa biodisponibilidade oral, lipossolúveis, atravessam barreira hematoencefálica (ação no SNC). Ex: anfetamina, efedrina, pseudoefedrina Imidazolínicos Ótima biodisponibilidade, usados como descongestionantes nasais, mas tóxicos se ingeridos. Ex: oximetazolina, nafazolina, xilometazolina Farmacocinética Distribuição Catecolaminas → hidrossolúveis, baixo volume de distribuição, não atravessam BHE. Indiretos (anfetamina, cocaína, efedrina) → lipossolúveis, alto volume de distribuição, ação central Metabolismo Enzimas: MAO (monoamina oxidase) e COMT (catecol-O-metiltransferase). Catecolaminas → metabolismo rápido → meia-vida de minutos. Exceções → efedrina, pseudoefedrina e derivados imidazolina são excretados quase inalterados (ação ↑ longa). Muitos sofrem metabolismo hepático pelo CYP450 Meias-vidas aproximadas Muito curtas (min): adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina. Intermediárias (1–3h): fenilefrina, cocaína. Longas (6–20h): anfetamina, pseudoefedrina, fentermina. Muito longas (≥50h): mirabegron. Efeito fisiológico e indicação clínica α1 → vasoconstrição, ↑ pressão arterial, midríase, retenção urinária. α2 → inibição da liberação de noradrenalina, efeito sedativo central. β1 → efeito cardíaco (cronotrópico, inotrópico e dromotrópico positivos). β2 → broncodilatação, relaxamento uterino, vasodilatação em músculo esquelético, ↑ glicogenólise. β3 → lipólise. D1/D2 → vasodilatação renal/mesentérica em baixas doses; em altas doses, efeitos α e β. Efeito fisiológico Cardiovasculares: choque, hipotensão, parada cardíaca (adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina). Respiratórios: broncodilatadores em asma e DPOC (salbutamol, salmeterol). Otorrino: descongestionantes nasais (pseudoefedrina, oximetazolina). Oftálmicos: glaucoma (brimonidina, fenilefrina). Neurológicos/Psiquiátricos: TDAH e narcolepsia (anfetamina, metilfenidato). Endócrinos: tratamento de obesidade (fentermina). Urológicos: incontinência urinária (mirabegron). Indicação clínica Farmacocinética Efeitos Adversos α1 predominantes (fenilefrina, noradrenalina): hipertensão, bradicardia reflexa, isquemia periférica. α2 predominantes (clonidina, brimonidina): sedação, bradicardia, boca seca, hipotensão. β1 predominantes (dobutamina, isoprenalina): taquicardia, arritmias, angina. β2 predominantes (salbutamol, salmeterol): tremores, taquicardia, hipocalemia, hiperglicemia. Indiretos (anfetamina, cocaína, efedrina): insônia, agitação, anorexia, convulsões, risco cardiovascular (IAM, AVC, dissecção de aorta). Contraindicações Hipertensão grave, coronariopatia, arritmias não controladas. Fenilefrina → contraindicado em bradicardia grave. Dobutamina → contraindicado em cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva. Cocaína → risco de eventos cardiovasculares (não usar β-bloqueadores → risco de hipertensão grave por estímulo α não bloqueado). Toxicidade Simpaticomimética Tratamento Suporte vital. Benzodiazepínicos para agitação/convulsão. Vasodilatadores (nitroglicerina, nitroprussiato) se hipertensão grave. Evitar β-bloqueadores puros em intoxicação por cocaína Toxidrome clássico SNC: agitação, alucinações, psicose, convulsões. Autonômico: taquicardia, hipertensão, sudorese, midríase, hipertermia. Muscular/renal: rabdomiólise, mioglobinúria, IRA. Metabólico: acidose, hipercalemia, hiponatremia (ingestão excessiva de água em MDMA). Guia rápido dos Simpaticomiméticos Guia rápido α1 Fenilefrina, noradrenalina (↑PA, vasoconstrição). EA: hipertensão, bradicardia reflexa, isquemia. β1 Dobutamina, isoprenalina (↑FC/contratilidade). EA: arritmias, isquemia. β2 Salbutamol/salmeterol (broncodil.). EA: tremor, taquicardia, ↓K⁺, ↑glicose. Mistos Adrenalina (PCR/anafilaxia), dopamina (dose-dependente). Indiretos Anfetamina (TDAH), pseudoefedrina/efedrina (descongest.), cocaína (bloq. recaptação). EA: SNC + CV. Metabolismo MAO/COMT (catecolaminas- t½ minutos); CYP2D6 (variável). Eliminação renal inalterada: efedrina, pseudoefedrina, fentermina, imidazolinas, metaraminol. Guia rápido VO boa: indiretos lipossolúveis (anfetamina, efedrina/pseudoefedrina), imidazolinas, midodrina, mirabegron. VO ruim/nula: adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina (degradadas por MAO/COMT). Vd baixo / não BHE: catecolaminas; Vd alto / BHE: indiretos/metilxantinas. Metabolismo rápido: catecolaminas (MAO/COMT) → t½ minutos. Renal inalterado: efedrina, pseudoefedrina, fentermina, imidazolinas, metaraminol. CYP2D6: grande variabilidade; atenção a interações e resposta clínica. Simpaticomiméticos na urologia Receptor α1 (uretra/prostática): contração → ↑ resistência ao fluxo urinário Receptor β3 (detrusor vesical): relaxamento → ↑ capacidade vesical Fármacos importantes Mirabegron (β3 agonista) Relaxa o músculo detrusor → ↑ complacência vesical Indicação: bexiga hiperativa (alternativa aos anticolinérgicos) Vantagem: menos boca seca, constipação e glaucoma comparado a anticolinérgicos Midodrina (α1 agonista) Uso principal: hipotensão ortostática Efeito colateral relevante: retenção urinária, importante em pacientes urológicos Pseudoefedrina Efedrina Agonistas mistos. Aumentam tônus do esfíncter uretral. Indicação: alguns casos de incontinência urinária. Risco: retenção urinária, sobretudo em HBP Simpaticomiméticos na urologia Receptor Fármaco Efeito Aplicação Uso Clínico Risco em Urologia β3 Mirabegron Relaxa detrusor → ↑ capacidade vesical Bexiga hiperativa, alternativa aos anticolinérgicos Pode ↑ PA em hipertensos α1 Midodrina Contração uretral/prostática Hipotensão ortostática Retenção urinária, piora da HBP α1 + β (misto) Efedrina / Pseudoefedrina ↑ tônus do esfíncter uretral Incontinência urinária de esforço (uso limitado) Retenção urinária, piora da HBP α1 descongestionantes nasais Oximetazolina, Nafazolina (uso sistêmico acidental) Contração uretral/prostática — Risco de retenção urinária em idosos com HBP Obrigado! CREDITS: This presentation template was created by Slidesgo, including icons by Flaticon, infographics & images by Freepik and illustrations by Stories image1.jpg image2.jpg image3.jpg image4.png image5.png image6.png image7.jpg image8.png image9.jpg image10.jpg