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DIREITO EMPRESARIAL — Prof. Bruno Miranda UNIDADE 3 – Do Empresário • 3.1. Conceito e atividades econômicas e civis; • 3.2. Espécies de Empresários e condições (pressupostos) para o exercício das atividades 3.2.1. Capacidade e incapacidade; 3.2.2. Ausência do impedimento legal; 3.2.3. Estrangeiro e servidor público; 3.2.4. Proibidos de Empresariar e o Empresário Falido; • 3.3. Obrigações Profissionais do Empresário 3.3.1. Inscrição no Registro de Empresa: finalidade e efeitos jurídicos; 3.3.2. Livros Empresariais: formalidades, natureza jurídica e valor probante; 3.3.3. Escrituração contábil: sigilo, exibição judicial, sanções. RECAP Recapitulando as Unidades 1 e 2... • Introdução ao direito empresarial • Partes do direito empresarial • Este curso – TGE e direito societário • Relações com outros ramos do direito • Evolução história do dir. empresarial (3 fases) • Teoria da empresa como paradigma atual • Princípios do direito empresarial • Fontes do direito empresarial • Características do direito empresarial • Conceito de direito empresarial RECAP RECAP RECAP TEORIA DA EMPRESA - Teoria da empresa como o novo paradigma do direito empresarial - “A espinha dorsal do direito comercial deixa de ser os atos de comércio, passando a ser a empresa” - O direito comercial/empresarial passa a se ocupar não apenas com alguns atos isolados, mas com uma FORMA ESPECÍFICA de exercer a atividade empresarial. - E que forma específica é essa? - O que é a FORMA EMPRESARIAL? Teoria da Empresa CÓDIGO CIVIL Art. 966 Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Teoria da Empresa TEORIA DA EMPRESA E SEUS CONTORNOS — Do conceito estabelecido no art. 966/CC, podemos extrair as seguintes expressões, que indicam os elementos indispensáveis à sua caracterização: 1) Profissionalmente 2) Atividade econômica 3) Organizada 4) Produção ou circulação de bens ou de serviços — Eis a chamada “forma empresarial” Teoria da Empresa TEORIA DA EMPRESA E SEUS CONTORNOS 1) Profissionalmente: exige exercício de determinada atividade econômica como PROFISSÃO HABITUAL (forma esporádica, ad hoc, não vale — exige um “constante repetir- se”) 2) Atividade econômica: atividade exercida com INTUITO LUCRATIVO, cabendo ao exercente da atividade assumir RISCOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS 3) Organizada: empresário é aquele que ARTICULA OS FATORES DE PRODUÇÃO — capital, mão de obra, insumos e tecnologia (Asquini: o empresário é responsável pela prestação de um trabalho autônomo de caráter organizador) 4) Produção ou circulação de bens ou de serviços: nenhuma atividade econômica está excluída, a priori (antagonismo com “teoria dos atos de comércio”) Teoria da Empresa TEORIA DA EMPRESA E SEUS CONTORNOS • Empresa é a atividade (critério material) • Empresário é quem exerce a atividade • Empresário é GÊNERO • ESPÉCIES: (1) empresário individual (pessoa física/natural); (2) sociedade empresária (pessoa jurídica) • Principal diferença (além da natureza): a pessoa jurídica tem patrimônio próprio, distinto do patrimônio dos sócios; o empresário individual não desfruta dessa separação patrimonial — respondendo com todos os seus bens, inclusive os pessoais, pelo risco do empreendimento • EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada Teoria da Empresa TEORIA DA EMPRESA E SEUS CONTORNOS • EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada • MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) - Pode ser reputado como um tipo de empresário, com uma limitação em razão das atividades autorizadas para exploração. Essas atividades estão descritas no Portal do Empreendedor, site governamental que orienta a criação dos MEI. Além disso, existe uma limitação de faturamento anual de 81 mil reais por exercício fiscal • SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL (SLU) - Para essa modalidade, também chamada de LTDA Unipessoal, não há exigência de capital social mínimo. A partir da edição da Lei de Liberdade Econômica (LLE, Lei nº 13.874/19), foi oficializada, noBrasil, a existência de uma “sociedade de um”. Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA • A teoria da empresa, sem se preocupar em estabelecer aprioristicamente um rol de atividades sujeitas ao regime jurídico empresarial, optou por fixar um critério material para conceituação de empresário • TODAVIA, esse critério material não se aplica a agentes econômicos específicos (a lei optou por outros critérios para determinar sua submissão ou não ao regime jurídico do direito empresarial) • ISTO É: existem agentes econômicos que, a despeito de exercerem atividades econômicas, não são considerados empresários pelo legislador. Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA — Os agentes econômicos não considerados empresários pelo CC são basicamente: 1) Profissional intelectual/liberal 2) Sociedade simples 3) Exercente de atividade rural 4) Sociedade cooperativa Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA Profissionais intelectuais - CC, Art. 966, Parágrafo único: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. - Dificuldade em torno da expressão “elemento de empresa” - Está relacionada ao requisito da ORGANIZAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO, a ser analisado no caso concreto - Há mais de um ramo de atividade sendo exercido? Há contratação de terceiros para desempenhar atividade-fim? Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA Profissionais intelectuais — “ELEMENTO DE EMPRESA”: Como exemplo, de elemento de empresa pode-se considerar a situação de um médico especialista que inicialmente atende em uma consultório particular e conta somente com a ajuda de uma secretária. Após expandir suas atividades vê a necessidade de contratar mais médicos especialistas para trabalhar no local, bem como disponibilizar serviços referentes a atividade que exercem, oferecer exames, estrutura hospitalar, atendimento personalizado passando a contar com toda uma equipe de administradores, secretários, serviço de limpeza, setor de Recursos Humanos, advogados. Assim, passa-se a constituir uma empresa, onde o médico que deu inicio será um elemento da empresa, fará parte do todo. Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA Sociedades simples - Sociedades cujo objeto social não é a exploração de atividade econômica organizada - Sociedades uniprofissionais (formada por profissionais intelectuais, cujo objeto social é a exploração da respectiva profissão intelectual de seus sócios) - Sociedades de advogados (por determinação legal — arts. 15 a 17 do EOAB) Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA Atividade econômica rural e SAF CC/2002 - Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos. Registro tem natureza CONSTITUTIVA. Teoria da Empresa AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESA Sociedades cooperativas - É o objeto da sociedade que define a sua natureza empresarial ou não. - Todavia, art. 982: Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. - Detalhe: embora não sejam sociedades empresárias, as cooperativassão registradas na Junta Comercial (a Lei de RPEM assim o determina) EMPRESÁRIO CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES - O Código Civil estabeleceu algumas vedações ao exercício individual de empresa - CC - Art. 972: “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos” - Proibições (impedimentos legais) ou incapacidade do agente econômico - Em outro giro — condições para o exercício: 1) Capacidade 2) Ausência de impedimento legal EMPRESÁRIO INCAPACIDADE - Só pode exercer empresa quem é CAPAZ, isto é, quem está no pleno gozo de sua capacidade civil - O que está em jogo aqui é o exercício individual de empresa, e não a possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária - A regra é: o incapaz nunca poderá ser autorizado a iniciar o exercício de uma empresa; apenas poderá ser autorizado, excepcionalmente, a dar continuidade a uma atividade empresaria. - A autorização será dada pelo juiz, em procedimento de jurisdição voluntária. EMPRESÁRIO Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. ESPECIALIZAÇÃO PATRIMONIAL § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) ------------------------ Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. § 1º Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente. § 2º A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados. ------------------------ Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado. EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - Diferentemente do Código Comercial de 1850, o CC/2002 não arrola casos de impedimento legal - Exceção: art. 1011, §1º do CC/2002: “Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.” - Impedimentos estão espalhados pelo ordenamento jurídico: - Lei 8112/90, art. 117, X: servidores públicos federais - LOMAN, art. 36, I: magistrados - Lei 8625/93, art. 44, III: membros do MP - Lei 6880/80, art. 29: militares EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - O caso dos estrangeiros: Estatuto do Estrangeiro, art. 99 Ao estrangeiro titular de visto temporário e ao que se encontre no Brasil na condição de estrangeiro natural de país limítrofe , é vedado estabelecer-se como empresário ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade empresária, ressalvados os casos previstos nos acordos internacionais em vigor no País4 . Em regra, o exercício de atividade econômica empresarial pelo estrangeiro depende da obtenção de um visto permanente. EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - Nova Lei de Migração (Lei nº 13445/2017) Um empresário estrangeiro pode ter impedimentos e restrições em atividades e setores específicos, como produção de armamento, energia nuclear, exploração de recursos minerais, meios de comunicação, segurança privada, entre outros, devido à necessidade de proteção de monopólios nacionais ou de regulamentação de áreas sensíveis. No entanto, a legislação brasileira tem facilitado a abertura de empresas por estrangeiros não residentes, que podem ser administradores e sócios, necessitando apenas de um procurador e um cadastro no CPF para as atividades burocráticas. EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - Impedimentos previstos diretamente na Constituição: Art. 176. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - Impedimentos previstos diretamente na Constituição: Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - Atenção: a proibição é para o exercício de empresa! - Não se veda que essas pessoas sejam sócios de sociedades empresárias - Mas é verdade que a possibilidade de participar de sociedade NÃO É ABSOLUTA: (i) somente pode ocorrer se forem sócios com responsabilidade limitada e (ii) se não exercerem funções de gerência ou administração. EMPRESÁRIO IMPEDIMENTOS LEGAIS - O caso do empresário individual CASADO - Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. - Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá- los de ônus real. EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO 1) Inscrição no Registro de Empresas 2) Escrituração EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL 1) “É obrigação de todo e qualquer empresário — individual ou sociedade empresária — se inscrever na Junta Comercial antes de iniciar a atividade, sob pena de começar a exercer a empresa irregularmente. 2) CC, art. 967 - É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 3) CC, art. 968 – Formalidades EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada comcertificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1º do art. 4º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 ; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. § 1º Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. § 2º À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. § 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) § 4º O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18- A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 , bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2º da mesma Lei. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 5º Para fins do disposto no § 4º, poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL 1) Atenção: é requisito para a regularidade; não para a caracterização 2) Enunciado 198 do CJF: “A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência”. 3) Exceção: empresário rural EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL 1) Embora o CC traga regras específicas sobre registro, o tema está disciplina em legislação especial — Lei nº 8934/94 (Lei do Registro Público de Empresas Mercantis) 2) Cria o SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis 3) 2 órgãos: (i) DREI (Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração), órgão central; (ii) Juntas Comerciais, como órgãos locais. - DREI: supervisora e orientadora - Juntas: função executora e administrativa OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL - Um caso de “subordinação hierárquica híbrida” - DREI = administração federal - Juntas = administração estadual - No plano técnico, as juntas se submetem ao DREI - No plano administrativo, se submete ao Poder Estadual - Implicação prática: competência para julgar ações judiciais contra atos das Juntas Comerciais EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL - Um caso de “subordinação hierárquica híbrida” - DREI = administração federal - Juntas = administração estadual - No plano técnico, as juntas se submetem ao DREI - No plano administrativo, se submete ao Poder Estadual - Implicação prática: competência para julgar ações judiciais contra atos das Juntas Comerciais EMPRESÁRIO RECURSO ESPECIAL. LITÍGIO ENTRE SÓCIOS. ANULAÇÃO DE REGISTRO PERANTE A JUNTA COMERCIAL. CONTRATO SOCIAL. INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. AÇÃO DE PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO. 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem decidido pela competência da Justiça Federal, nos processos em que figuram como parte a Junta Comercial do Estado, somente nos casos em que se discute a lisura do ato praticado pelo órgão, bem como nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada. 2. Em casos em que particulares litigam acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competência da justiça comum estadual, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários, almejada pelos sócios litigantes, produziria apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração e, conseqüentemente, a competência da Justiça Federal para julgamento da causa. Precedentes. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp n. 678.405/RJ, relator Ministro Castro Filho, Terceira Turma, julgado em 16/3/2006, DJ de 10/4/2006) EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO Atos de registro (art. 32, Lei nº 8934/94) - Matrícula: ato de cadastramento de alguns profissionais específicos (auxiliares do comércio – leiloeiros, tradutores públicos, trapicheiros e administradores de armazéns- gerais) - Arquivamento: ato de registro dos atos constitutivos da sociedade empresária ou do empresário individual (após, averbações) - Autenticação: refere-se aos instrumentos de escrituração contábil do empresário (livros empresariais) e dos agentes auxiliares EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO REGISTRO EMPRESARIAL - Estrutura organizacional das Juntas (órgãos definidos em lei) - Processo decisório nas Juntas - Recursos - Publicidade dos atos de registro - Exigências não previstas em lei EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO CC - Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. CC - Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO • O único livro obrigatório comum a todo e qualquer empresário é o DIÁRIO • CC, Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. • Alguns livros específicos são exigidos de certos empresários — Registro de Duplicatas, Registro de ações nominativas (para as S/A), Entrada e saída de mercadorias de armazém-geral EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO • CC, art. 1179, § 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. • LC 123/2006, Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual até o limite previsto no § 1o do art. 18- A. EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO SIGILO EMPRESARIAL • Os livros empresariais são protegidos pelo sigilo • CC, Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. • Casos em que o sigilo pode ser quebrado — lei, autoridades fazendárias, decisão judicial EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIOSIGILO EMPRESARIAL Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. § 1 o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. § 2 o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. --- Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1 o , ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros. Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário. --- Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO SIGILO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS DO EMPRESÁRIO EFICÁCIA PROBATÓRIA DOS LIVROS EMPRESARIAIS • Os livros empresariais são documentos que possuem força probante — são muitas vezes fundamentais para resolver litígios. • CPC, art. 417: “Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.” • CPC, art. 418: “Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários.” Teoria da Empresa Obrigado!