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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Literatura Brasileira 1
Coordenador: André Dias
AD 2 – 2015.2
Questão 1 (Valor: 5,0)
Leia a crônica de Lima Barreto, que segue abaixo, e explique como o texto do escritor carioca ilustra perfeitamente as principais concepções teóricas que nortearam a produção da História da Literatura Brasileira, de Nelson Werneck Sodré.
As enchentes
(Lima Barreto – Jornal Correio da Noite, Rio de Janeiro, 19/01/1915)
 As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro, inundações desastrosas.
 Além da suspensão total do tráfego, com uma prejudicial interrupção das comunicações entre os vários pontos da cidade, essas inundações causam desastres pessoais lamentáveis, muitas perdas de haveres e destruição de imóveis.
 De há muito que a nossa engenharia municipal se devia ter compenetrado do dever de evitar tais acidentes urbanos.
 Uma arte tão ousada e quase tão perfeita, como é a engenharia, não deve julgar irresolvível tão simples problema.
 O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar à mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral.
 Como está acontecendo atualmente, ele é função da chuva. Uma vergonha!
 Não sei nada de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema não é
tão difícil de resolver como parece fazerem constar os engenheiros municipais, procrastinando a solução da questão.
 O Prefeito Passos, que tanto se interessou pelo embelezamento da cidade, descurou completamente de solucionar esse defeito do nosso Rio.
 Cidade cercada de montanhas e entre montanhas, que recebe violentamente grandes precipitações atmosféricas, o seu principal defeito a vencer era esse acidente das inundações.
 Infelizmente, porém, nos preocupamos muito com os aspectos externos, com as fachadas, e não com o que há de essencial nos problemas da nossa vida urbana, econômica, financeira e social.
BARRETO, Lima. “As enchentes” In. Vida urbana. São Paulo: Editora Brasiliense, 1956, p. 77. Vol. XI - Obras Completas.
Resposta: A crômica de Lima Barreto ilustra perfeitamente as principais concepções teóricas que nortearam a produção da História da Literatura Brasileira, de Nelson Werneck Sodré, porque apresenta fundamentos político-sociais, quando ele aborda o assunto sobre as enchentes e questiona o poder público dos engenheiros municipais e do próprio prefeito da cidade do Rio de Janeiro, quanto à questão das enchentes das chuvas de verão, que causam transtornos “... na vida urbana, econômica, financeira e social.”. Lima Barreto é um escritor pré-modernista com fortes críticas aos problemas da sociedade brasileira, utiliza a descrição do meio social da cidade e a crítica sobre a precariedade do sistema político-econômico refletido no transtorno que a sociedade enfrenta diante de uma enchente devido a falta de infraestrutura de um poder político competente.
Nelson Werneck Sodré é um autor de pensamento crítico em relação ao meio físico e social, onde literatura e sociedade apresentam um vínculo que especifica a obra literária. Sua visão literária é voltada para a história da cultura brasileira, uma expressão da individualidade nacionalista, ou seja, uma representação da literatura brasileira. Sodré acredita que o Brasil só alcançou autonomia literária a partir do Modernismo.
Questão 2 (Valor: 5,0)
Leia, a seguir, o conto “Um homem de consciência”, de Monteiro Lobato e aponte em que medida a designação de escritor Pré-Modernista se aplica ao autor da narrativa.
Um Homem de Consciência
(Monteiro Lobato)
 Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro,a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos queriam: mudar-se para terra melhor.
 Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
 – Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons – agora só um, e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando…
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
 – É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então eu arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
 Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada…
Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado – e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada, botou-as num burro, montou no seu cavalinho magro e partiu.
Antes de deixar a cidade, foi visto por um amigo madrugador.
– Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
– Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
– Mas como? Agora que você está delegado?
– Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro.
Adeus.
E sumiu.
(LOBATO, Monteiro. “Um homem de consciência” in. Cidades Mortas. São Paulo: 2ª ed., Editora Globo. 2009, p. 180 – 182.)
Resposta: A designação de escritor Pré-Modernista se aplica ao autor da narrativa de acordo com as características encontradas no conto “Um homem de consciência”, de Monteiro Lobato. O uso da linguagem coloquial, por exemplo: “ruinzote”, “... não vale mais nada de nada de nada...”, “... boto-me fora daqui.”. A realidade social brasileira apresentada no conto descreve uma cidadezinha do interior com evasão de moradores que buscam algo melhor: “... mudar-se para terra melhor.”. A marginalidade do personagem retrata que João Teodoro não dá valor a si mesmo, e não se acha capaz de nada, nem mesmo de ser “delegado” de uma cidadezinha daquela, aonde “ele” chega a ser um delegado. O regionalismo também está bem presente no conto quando cita que os personagens buscam por lugares melhores para se viver.

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