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METODOLOGIA 
Alunos: Cloud Alsaad, Gabriely Strapasson, Ketlyn Gomes, Lucas Munchen, Lya Heller e 
Maria Eduarda Benfica. 
Período: 8º Período. 
Turno: Noite. 
 
Participantes: 
O objetivo desta seção é descrever os sujeitos de pesquisa que fundamentam o estudo 
“Ditadura e Subjetividade: O Impacto das Políticas Autoritárias na Construção do Sujeito”. 
Entender a subjetividade humana em situações autoritárias requer uma análise abrangente que 
leve em conta não apenas os indivíduos diretamente impactados pela repressão, mas também 
os processos sociais e psicológicos que moldam a formação do sujeito e do coletivo. 
Para isso, leva-se em conta os diversos grupos e pessoas que, de várias maneiras, 
experienciaram ou foram afetados pelas políticas autoritárias, seja como vítimas diretas, 
agentes do Estado ou membros da sociedade submetidos ao medo e ao controle social. Para 
entender como a subjetividade é formada, reprimida e, em certas situações, convertida em 
resistência contra a opressão, é fundamental identificar esses indivíduos. 
 
1. Vítimas diretas da repressão e da tortura. 
 
Esta categoria abrange indivíduos que sofreram violência estatal direta, incluindo 
prisões injustas, tortura, desaparecimentos forçados e exílios. Coimbra (2001) afirma que a 
tortura foi institucionalizada como política de Estado durante a ditadura militar no Brasil, 
afetando um grande número de cidadãos. Jardim (2017) acrescenta que a repressão foi além 
do âmbito político, impactando a sociedade em geral e estabelecendo uma cultura de medo e 
silêncio. Entre as principais características desses indivíduos, estão: ex-prisioneiros políticos e 
torturados: pessoas que vivenciaram violência física e psicológica, cujos efeitos traumáticos 
vão além do âmbito individual e podem ser transmitidos entre gerações, afetando a saúde 
mental e o bem-estar familiar (Heberle, Obus & Gray, 2020). 
A falta de justiça e a sensação constante de ameaça criam insegurança e desconfiança 
nas instituições, mantendo o trauma ao longo das gerações. Além de envolver os familiares de 
vítimas: parentes de pessoas desaparecidas, exiladas ou torturadas, que lidaram e lidam com o 
luto não resolvido e com a constante incerteza. Suas experiências demonstram como o 
 
 
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sofrimento coletivo se mantém presente no tecido social, manifestando-se como um trauma 
compartilhado e silenciado (Jardim, 2017). Temos como parte desse grupo também os ativistas 
e opositores políticos: indivíduos que se opuseram ao regime autoritário por crença ideológica 
ou compromisso ético, transformando-se em alvos principais da repressão. Suas narrativas 
demonstram maneiras de resistência e manutenção da individualidade diante da violência 
institucional. Para entender os mecanismos de repressão e seus impactos na subjetividade 
humana, é fundamental considerar esses indivíduos. 
 
2. Agentes Estatais e Autores da Violência. 
 
Nesta categoria, estão as pessoas que participaram do apoio e implementação das 
políticas repressivas do regime. Coimbra (2001) ressalta que a capacitação desses agentes foi 
apoiada por processos de dessensibilização, submissão incondicional à autoridade e 
legitimação institucional da violência. Dentre eles, encontram-se militares e forças de 
segurança, que são representantes diretos do aparato repressivo e encarregados de realizar 
prisões, torturas e perseguições políticas. Esses indivíduos representam o aspecto institucional 
da violência do Estado e demonstram como a conformidade hierárquica pode reprimir a 
empatia e a responsabilidade ética. Profissionais que apoiam o regime como médicos, juristas, 
psicólogos e outros que, de forma direta ou indireta, contribuíram também para a perpetuação 
do autoritarismo, seja por meio de justificativas técnicas, silêncio conivente ou negação da 
violência. 
Essa participação destaca a complexidade do fenômeno autoritário e como a 
subjetividade pode ser moldada para aceitar a conformidade e a normalização da barbárie. A 
análise desses sujeitos é fundamental para compreender o que Arendt (1999) denominou 
banalidade do mal, isto é, a capacidade humana de agir de modo violento e desumano a partir 
da simples aceitação de normas impostas. Analisar suas motivações e justificativas permite 
entender os processos psicológicos que fundamentam a obediência e a desumanização do 
próximo. 
 
3. Sociedade como um todo e grupos marginalizados. 
 
Esta categoria engloba a população em geral, que foi fortemente afetada pelo clima de 
medo, censura e controle social imposto pelo regime, com foco especial nos grupos 
historicamente marginalizados. Jardim (2017) declara que a política repressiva não se limitou 
 
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apenas aos opositores, mas gerou uma cultura coletiva de silêncio e esquecimento. Heberle, 
Obus e Gray (2020) ressaltam que a violência estatal afeta de forma desproporcional as 
comunidades marginalizadas, perpetuando traumas e desigualdades. Cidadãos comuns estão 
entre os principais sujeitos: pessoas que, embora não tenham sido perseguidas diretamente, 
foram impactadas pelo medo e pela restrição de suas liberdades. Esse ambiente de repressão 
afetou comportamentos, decisões e a formação da subjetividade, frequentemente caracterizada 
pelo conformismo ou pela resistência silenciosa. Dentre esses sujeitos estão os grupos 
marginalizados: indivíduos que já enfrentam vulnerabilidades devido a fatores raciais, de 
classe, gênero ou orientação, e que são particularmente afetados pela violência do Estado e 
pela exclusão. 
Uma análise interseccional possibilita entender como esses indivíduos foram 
impactados de maneira única e mais intensa, além de mostrar como os traumas se perpetuam 
de forma coletiva e envolvendo as novas gerações: indivíduos que nasceram após a ditadura, 
mas que ainda sofrem as consequências simbólicas e psicológicas do trauma social. A luta por 
verdade e justiça se torna um esforço coletivo e intergeracional devido à cultura do silêncio e à 
falta de memória histórica (Jardim, 2017). A análise desses indivíduos demonstra como o 
autoritarismo forma a subjetividade coletiva, tanto por meio do medo e da conformidade quanto 
pela resistência e pela busca de memória. 
 
Instrumentos/Materiais: 
 
Diante da natureza teórica deste estudo, os materiais empregados concentram-se em 
fontes bibliográficas, documentais e históricas que possibilitam compreender de forma 
abrangente os efeitos das políticas autoritárias sobre a constituição da subjetividade humana. A 
escolha desses materiais visa sustentar uma análise interdisciplinar que articule elementos da 
Psicologia, da Filosofia, da Sociologia e da História, permitindo explorar como os regimes de 
poder moldam a vida psíquica e social dos sujeitos. 
 
● Fontes teóricas: Livros, artigos e capítulos que discutem a construção da subjetividade 
sob contextos de repressão e violência de Estado. Autores oferecem subsídios para 
compreender os mecanismos de controle social, obediência e resistência, bem como a 
transmissão intergeracional do trauma político. 
 
 
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● Registros históricos e documentos oficiais: Relatórios da Comissão Nacional da 
Verdade, dossiês de entidades de direitos humanos, depoimentos de ex-presos 
políticos, familiares de desaparecidos e registros de imprensa. Esses materiais 
permitem reconstruir o cenário de repressão e demonstram como as estruturas 
autoritárias afetaram não apenas os indivíduos diretamente perseguidos, mas todo o 
tecido social. 
 
● Materiais audiovisuais e narrativos: Documentários, filmes e entrevistas que retratam 
o cotidiano durante a ditadura e as marcas deixadas na subjetividade coletiva. Tais 
produções funcionam como instrumentos simbólicos de memória e resistência, ao 
revelar experiências que foram silenciadas pelo discurso oficial e institucional. 
 
A análise desses materiais se fundamenta em uma abordagem interdisciplinar, 
articulando conceitosda Psicologia, da Filosofia e das Ciências Sociais. O objetivo é 
compreender de que maneira as práticas autoritárias interferem na subjetividade, reprimindo a 
individualidade, promovendo comportamentos conformistas e, em contrapartida, impulsionando 
formas de resistência e reconstrução identitária. 
Dessa forma, os instrumentos utilizados não se limitam à coleta de dados empíricos, 
mas abrangem o estudo crítico de produções teóricas e testemunhais que evidenciam como a 
experiência autoritária se inscreve na memória, no corpo e na subjetividade humana. 
 
 
Local: 
O estudo será desenvolvido a partir de fontes bibliográficas, documentais e audiovisuais 
que abordam o regime autoritário no Brasil e seus impactos sobre a subjetividade humana. 
Embora tenha caráter teórico e documental, define-se um “local” de pesquisa para situar 
metodologicamente o ambiente de coleta e análise. A investigação ocorrerá em espaços de 
leitura e pesquisa, como bibliotecas físicas e virtuais, arquivos digitais, bases acadêmicas e 
ambientes de estudo dos pesquisadores. As fontes audiovisuais e depoimentos serão 
acessados on-line ou em sala de aula, dependendo da disponibilidade institucional. Nesse 
sentido, a “sala de campo” corresponde aos acervos históricos, relatórios oficiais e produções 
midiáticas sobre o período da ditadura militar (1964–1985). 
O contexto histórico e as condições de acesso às fontes são variáveis importantes, pois 
influenciam a interpretação dos dados. Consideram-se também os diferentes lugares 
simbólicos dos sujeitos estudados, vítimas, agentes do Estado e sociedade civil e como suas 
 
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experiências foram narradas ou registradas. Entre as limitações, destacam-se o risco de viés 
devido à predominância de materiais de grandes centros urbanos e a desigualdade no acesso 
às fontes. Para mitigar isso, busca-se incluir documentos de diferentes regiões e grupos 
sociais, assegurando representatividade e pluralidade. 
A escolha por um ambiente documental e bibliográfico justifica-se pela natureza teórica 
do tema e pela necessidade de recorrer a registros históricos e intelectuais confiáveis, que 
possibilitem compreender como o autoritarismo influenciou a formação da subjetividade no 
Brasil. 
 
Procedimentos Metodológicos Tema: Ditadura e Subjetividade: O impacto das 
políticas autoritárias na construção do sujeito 
 
A pesquisa será desenvolvida com abordagem qualitativa, pois pretende compreender 
significados, percepções e construções subjetivas dos participantes em relação ao tema. 
Também poderá incluir alguns elementos quantitativos para complementar a análise. 
 
 A coleta de dados será feita principalmente por meio de entrevistas semiestruturadas, 
permitindo que os participantes relatem suas experiências e percepções sobre o período 
ditatorial e seus reflexos na vida pessoal, social e política. Essas entrevistas terão um roteiro 
com perguntas abertas relacionadas à vivência sob políticas autoritárias, sentimentos de 
liberdade, censura, medo e formação de valores durante e após esse contexto. Além disso, 
poderão ser utilizados questionários com escalas de percepção (por exemplo, sobre sentimento 
de autonomia ou obediência à autoridade) para apoiar a análise qualitativa com dados 
complementares. Também poderão ser analisados documentos históricos, como discursos, 
notícias e registros públicos, a fim de contextualizar as experiências narradas. 
 
 A amostra será composta por pessoas adultas que tenham vivido parte de sua vida 
durante o período da ditadura militar no Brasil (1964–1985), além de alguns jovens adultos, com 
o objetivo de comparar as percepções entre gerações. Por se tratar de um estudo sobre 
subjetividade, as variáveis são principalmente interpretativas e simbólicas. Mesmo assim, é 
possível definir algumas dimensões para orientar a análise. A variável independente é o 
contexto autoritário (exposição a políticas de repressão, censura, perseguição ou vigilância), 
enquanto a variável dependente é a subjetividade do sujeito (autonomia, identidade política, 
 
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percepção de liberdade, comportamento social e crenças pessoais). A manipulação das 
variáveis ocorrerá na análise dos dados. 
 
 As entrevistas serão transcritas e codificadas por temas recorrentes, como “sentimento 
de impotência”, “resistência”, “conformismo”, “medo” e “liberdade”. Esses códigos serão 
agrupados em categorias temáticas para orientar a interpretação. Nos questionários, as 
respostas serão tabuladas e transformadas em escores descritivos, permitindo observar 
tendências e comparar perfis (por exemplo, gerações e níveis de escolaridade), sem pretensão 
inferencial. 
 
 Para assegurar confiabilidade e reduzir a influência de variáveis estranhas, serão 
adotados cuidados metodológicos: seleção equilibrada de participantes, roteiro padronizado de 
entrevista, teste-piloto para ajustes, registro de reflexividade do pesquisador, triangulação entre 
fontes (entrevistas, documentos e bibliografia) e análise ética de todo o processo. Esses 
procedimentos buscam evitar que diferenças socioeconômicas, preferências políticas ou 
experiências não relacionadas ao período estudado distorçam os resultados. 
A fundamentação teórica apoia-se em autores que relacionam política e subjetividade, 
como Alexander Dukalskis e Johannes Gerschewski (2021), que discutem a legitimação de 
regimes autoritários; Sandra Ansara (2015), que aborda impactos psicopolíticos da ditadura na 
memória social brasileira; e o The Cambridge Handbook of Political Psychology (2023), que 
apresenta conceitos sobre autoritarismo e formação de atitudes políticas em contextos 
repressivos. 
 
Referências ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 
1998. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. SANTOS, 
Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: 
Cortez, 1995. NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do regime militar brasileiro. São Paulo: 
Contexto, 2014. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011. 
 
Análise de dados 
 
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A análise dos dados será predominantemente qualitativa e orientada por uma 
perspectiva psicossocial crítica, buscando aprofundar a compreensão das estruturas simbólicas 
e subjetivas moldadas pelo contexto autoritário. O foco recai sobre a articulação entre 
sofrimento individual, as “marcas subjetivas” e os fundamentos políticos e sociais da violência 
de Estado, situando narrativas pessoais, memórias familiares e registros históricos dentro de 
um mesmo campo interpretativo. Para isso, adotaremos a Análise de Conteúdo Temática, 
conforme Bardin, aplicada tanto às entrevistas semiestruturadas (transcritas integralmente) 
quanto ao acervo documental e histórico (relatórios de Comissões da Verdade, dossiês de 
direitos humanos, depoimentos e hemerotecas). O processo inicia-se com a pré-análise: leitura 
flutuante, constituição do corpus, registro de hipóteses sensitivas e definição de indicadores 
preliminares, preservando a abertura para categorias emergentes. Na sequência, procede-se à 
exploração do material por codificação de unidades de significado que expressam relações 
entre experiências de repressão e modos de subjetivação. Espera-se o adensamento de eixos 
já delineados no procedimento: marcas subjetivas do trauma (medo, insegurança, luto não 
resolvido, desconfiança institucional, ansiedade, dificuldades de vínculo), modos de relação 
com política e autoridade (conformismo, obediência, resistência, busca por justiça e 
reconstrução democrática) e transmissão intergeracional (memórias subterrâneas, silêncios 
coletivos, reprodução de afetos e crenças sobre o Estado e a lei). 
A etapa de tratamento e interpretação agrupa códigos em categorias temáticas que 
respondam diretamente ao problema de pesquisa, produzindo sínteses narrativas e mapas 
conceituais. A interpretaçãoserá conduzida por triangulação entre três planos: narrativas 
individuais e familiares, documentação histórica e bibliografia teórica de referência. Essa 
triangulação permite tensionar convergências e discrepâncias entre testemunhos e registros 
institucionais, reduzindo o risco de leitura impressionista e fortalecendo a validade interna. A 
lente interseccional atravessa todo o percurso analítico, observando como marcadores sociais 
(raça, classe, gênero, território) modulam a experiência do trauma e do controle social, 
especialmente entre grupos historicamente vulnerabilizados. Também será realizada 
comparação intergeracional para identificar continuidades e rupturas entre participantes que 
viveram o período ditatorial e aqueles nascidos após 1985, com atenção a padrões de 
confiança/desconfiança institucional, estilos de obediência ou contestação e circulação de 
memórias no âmbito doméstico e comunitário. 
 
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Como apoio descritivo, os dados provenientes de questionários curtos (escalas de 
percepção de autonomia/obediência, confiança institucional e memórias familiares) serão 
tabulados e sintetizados por estatística descritiva básica frequências, médias e desvios-padrão 
, sem pretensão inferencial. Esses achados numéricos terão função ilustrativa e comparativa, 
ajudando a contextualizar diferenças entre perfis etários e socioculturais e a sustentar 
interpretações emergentes da análise temática. 
 
Cronograma: 
 
O cronograma de desenvolvimento da pesquisa “Ditadura e Subjetividade: o impacto 
das políticas autoritárias na construção do sujeito” foi organizado de modo a abranger todas as 
etapas necessárias à realização do estudo teórico ao longo do segundo semestre de 2025. 
No período de julho a agosto de 2025, foi definido o tema e o problema de pesquisa, 
logo em seguida foi realizado o levantamento bibliográfico inicial, com a busca e seleção de 
livros, artigos e documentos históricos que abordam a ditadura civil-militar brasileira e seus 
efeitos na formação da subjetividade. Em setembro de 2025, ocorreu a revisão teórica 
aprofundada, envolvendo leitura, fichamento e sistematização das principais referências 
utilizadas. 
Durante outubro de 2025, será conduzida a análise documental e histórica, por meio do 
estudo de relatórios, registros oficiais e depoimentos que evidenciam os impactos subjetivos e 
sociais do regime autoritário. Em novembro de 2025, ocorrerá a análise crítica e discussão dos 
dados teóricos, articulando as contribuições da Psicologia, Filosofia e Ciências Sociais. Por fim, 
será realizada a redação final do trabalho, seguida de revisão, ajustes e formatação de acordo 
com as normas da ABNT, encerrando as atividades previstas no cronograma da pesquisa. 
 
Orçamento: 
 
O presente projeto não demanda recursos financeiros diretos, uma vez que sua 
realização baseia-se em pesquisa bibliográfica e documental com acesso a materiais gratuitos 
e disponíveis em bases acadêmicas, bibliotecas públicas e digitais. Todo o levantamento 
teórico será feito a partir de obras, artigos e documentos de domínio público ou acessíveis por 
 
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meio institucional, não sendo necessário investimento financeiro para a execução das etapas 
previstas. 
	METODOLOGIA 
	Participantes: 
	O objetivo desta seção é descrever os sujeitos de pesquisa que fundamentam o estudo “Ditadura e Subjetividade: O Impacto das Políticas Autoritárias na Construção do Sujeito”. Entender a subjetividade humana em situações autoritárias requer uma análise abrangente que leve em conta não apenas os indivíduos diretamente impactados pela repressão, mas também os processos sociais e psicológicos que moldam a formação do sujeito e do coletivo. 
	Para isso, leva-se em conta os diversos grupos e pessoas que, de várias maneiras, experienciaram ou foram afetados pelas políticas autoritárias, seja como vítimas diretas, agentes do Estado ou membros da sociedade submetidos ao medo e ao controle social. Para entender como a subjetividade é formada, reprimida e, em certas situações, convertida em resistência contra a opressão, é fundamental identificar esses indivíduos. 
	Instrumentos/Materiais: 
	Diante da natureza teórica deste estudo, os materiais empregados concentram-se em fontes bibliográficas, documentais e históricas que possibilitam compreender de forma abrangente os efeitos das políticas autoritárias sobre a constituição da subjetividade humana. A escolha desses materiais visa sustentar uma análise interdisciplinar que articule elementos da Psicologia, da Filosofia, da Sociologia e da História, permitindo explorar como os regimes de poder moldam a vida psíquica e social dos sujeitos. 
	 
	Local: 
	Procedimentos Metodológicos Tema: Ditadura e Subjetividade: O impacto das políticas autoritárias na construção do sujeito 
	A pesquisa será desenvolvida com abordagem qualitativa, pois pretende compreender significados, percepções e construções subjetivas dos participantes em relação ao tema. Também poderá incluir alguns elementos quantitativos para complementar a análise. 
	​​A coleta de dados será feita principalmente por meio de entrevistas semiestruturadas, permitindo que os participantes relatem suas experiências e percepções sobre o período ditatorial e seus reflexos na vida pessoal, social e política. Essas entrevistas terão um roteiro com perguntas abertas relacionadas à vivência sob políticas autoritárias, sentimentos de liberdade, censura, medo e formação de valores durante e após esse contexto. Além disso, poderão ser utilizados questionários com escalas de percepção (por exemplo, sobre sentimento de autonomia ou obediência à autoridade) para apoiar a análise qualitativa com dados complementares. Também poderão ser analisados documentos históricos, como discursos, notícias e registros públicos, a fim de contextualizar as experiências narradas. 
	​​A amostra será composta por pessoas adultas que tenham vivido parte de sua vida durante o período da ditadura militar no Brasil (1964–1985), além de alguns jovens adultos, com o objetivo de comparar as percepções entre gerações. Por se tratar de um estudo sobre subjetividade, as variáveis são principalmente interpretativas e simbólicas. Mesmo assim, é possível definir algumas dimensões para orientar a análise. A variável independente é o contexto autoritário (exposição a políticas de repressão, censura, perseguição ou vigilância), enquanto a variável dependente é a subjetividade do sujeito (autonomia, identidade política, percepção de liberdade, comportamento social e crenças pessoais). A manipulação das variáveis ocorrerá na análise dos dados. 
	​​As entrevistas serão transcritas e codificadas por temas recorrentes, como “sentimento de impotência”, “resistência”, “conformismo”, “medo” e “liberdade”. Esses códigos serão agrupados em categorias temáticas para orientar a interpretação. Nos questionários, as respostas serão tabuladas e transformadas em escores descritivos, permitindo observar tendências e comparar perfis (por exemplo, gerações e níveis de escolaridade), sem pretensão inferencial. 
	​​Para assegurar confiabilidade e reduzir a influência de variáveis estranhas, serão adotados cuidados metodológicos: seleção equilibrada de participantes, roteiro padronizado de entrevista, teste-piloto para ajustes, registro de reflexividade do pesquisador, triangulação entre fontes (entrevistas, documentos e bibliografia) e análise ética de todo o processo. Esses procedimentos buscam evitar que diferenças socioeconômicas, preferências políticas ou experiências não relacionadas ao período estudado distorçam os resultados. 
	A fundamentação teórica apoia-se em autores que relacionam política e subjetividade, como Alexander Dukalskis e Johannes Gerschewski (2021), que discutem a legitimação de regimes autoritários; Sandra Ansara (2015), que aborda impactos psicopolíticos da ditadura na memória social brasileira; e o The Cambridge Handbook of Political Psychology (2023), que apresenta conceitos sobreautoritarismo e formação de atitudes políticas em contextos repressivos. 
	Referências ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1995. NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do regime militar brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011. 
	Análise de dados 
	A análise dos dados será predominantemente qualitativa e orientada por uma perspectiva psicossocial crítica, buscando aprofundar a compreensão das estruturas simbólicas e subjetivas moldadas pelo contexto autoritário. O foco recai sobre a articulação entre sofrimento individual, as “marcas subjetivas” e os fundamentos políticos e sociais da violência de Estado, situando narrativas pessoais, memórias familiares e registros históricos dentro de um mesmo campo interpretativo. Para isso, adotaremos a Análise de Conteúdo Temática, conforme Bardin, aplicada tanto às entrevistas semiestruturadas (transcritas integralmente) quanto ao acervo documental e histórico (relatórios de Comissões da Verdade, dossiês de direitos humanos, depoimentos e hemerotecas). O processo inicia-se com a pré-análise: leitura flutuante, constituição do corpus, registro de hipóteses sensitivas e definição de indicadores preliminares, preservando a abertura para categorias emergentes. Na sequência, procede-se à
	A etapa de tratamento e interpretação agrupa códigos em categorias temáticas que respondam diretamente ao problema de pesquisa, produzindo sínteses narrativas e mapas conceituais. A interpretação será conduzida por triangulação entre três planos: narrativas individuais e familiares, documentação histórica e bibliografia teórica de referência. Essa triangulação permite tensionar convergências e discrepâncias entre testemunhos e registros institucionais, reduzindo o risco de leitura impressionista e fortalecendo a validade interna. A lente interseccional atravessa todo o percurso analítico, observando como marcadores sociais (raça, classe, gênero, território) modulam a experiência do trauma e do controle social, especialmente entre grupos historicamente vulnerabilizados. Também será realizada comparação intergeracional para identificar continuidades e rupturas entre participantes que viveram o período ditatorial e aqueles nascidos após 1985, com atenção a padrões de confiança/desconfiança
	Como apoio descritivo, os dados provenientes de questionários curtos (escalas de percepção de autonomia/obediência, confiança institucional e memórias familiares) serão tabulados e sintetizados por estatística descritiva básica frequências, médias e desvios-padrão , sem pretensão inferencial. Esses achados numéricos terão função ilustrativa e comparativa, ajudando a contextualizar diferenças entre perfis etários e socioculturais e a sustentar interpretações emergentes da análise temática. 
	 
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	Orçamento:

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