Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 1 Vetores, Norma e Produto Interno 1.1 Introdução Em nosso quotidiano estamos acostumados a usar grandezas chamadas escalares, que são caracterizadas por um número (e sua respectiva unidade de medida): 5kg de massa, 1m2 de área, 10cm de comprimento, 4l de volume e etc. No entanto, existem outras grandezas que precisam de mais informações. Um exemplo disso são grandezas como força e velocidade, que precisam que sejam fornecidas uma direção, intensidade e um sentido. Essas grandezas são denominadas vetoriais. Na Figura acima, as flechas dão idéia da direção do comprimento e sentido das grandezas mencionados. No entanto, cada flecha é apenas um representante de um vetor. A seguir, definiremos de forma mais precisa o que vem a ser um vetor. 1.2 Segmento Orientado Um segmento orientado é determinado por um par ordenado de pontos, o primeiro chamado origem do segmento, o segundo chamado extremidade. O segmento orientado de origem A e extremidade B será representado por AB e, geometricamente, indicado por uma seta que caracteriza visualmente o sentido do segmento (conforme Figura abaixo). 1.2.1 Segmento Nulo Segmento nulo é aquele cuja extremidade coincide com a origem. 1.2.2 Segmentos Opostos Se AB é um segmento orientado, o segmento orientado BA é oposto de AB. 1.2.3 Medida de um Segmento Fixada uma unidade de comprimento, a cada segmento orientado pode-se associar um número real, não negativo, que é a medida do segmento em relação àquela unidade. A medida do segmento orientado é o seu comprimento ou seu módulo. O comprimento do segmento AB é indicado por |AB| Assim, o comprimento do segmento AB representado na Figura abaixo é de 3 unidades de comprimento: |AB| = 3 u.c. Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 2 Mesmo sentido Sentidos contrários Observações a) Os segmentos nulos têm comprimento igual a zero. b) |AB| = |BA| 1.2.4 Direção e Sentido Segmentos orientados não nulos AB e CD têm a mesma direção se as retas suportes desses segmentos são paralelas ou coincidentes: Observações: a) Só se pode comparar os sentidos de dois segmentos orientados se eles têm mesma direção. b) Dois segmentos orientados opostos têm sentidos contrários. 1.2.5 Segmentos Equipolentes Dois segmentos orientados AB e CD são equipolentes quando têm a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo comprimento (ver Figura a seguir). Se os segmentos orientados AB e CD não pertencem à mesma reta como na figura anterior, para que AB seja equipolente a CD é necessário que AB//CD e AC//BD, isto é, ABCD deve ser um paralelogramo. Observações a) Dois segmentos nulos são sempre equipolentes. b) Representaremos a equipolência entre os segmentos AB e CD por AB ~ CD 1.2.6 Propriedades da equipolência i) AB ~ AB (reflexiva) ii) AB ~ CD ⇒ CD ~ AB (simétrica) iii) AB ~ CD e CD ~ EF ⇒ AB ~ EF (Transitiva) Observação: Uma relação que goza das propriedades i) ii) e iii) se chama relação de equivalência. 1.3 Vetor Dado um segmento de reta orientado, definimos como sendo um vetor ao conjunto de todos os segmentos orientados equipolentes ao segmento orientado dado. Um vetor poder ser representado por vários segmentos orientados. Este fato é análogo ao que ocorre Retas suportes paralelas Retas suportes coincidentes Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 3 com os números racionais e as frações. Duas frações representam o mesmo número racional se o numerador e o denominador de cada uma delas estiverem na mesma proporção. Por exemplo, as frações 1 2 3, e 3 6 9 representam o mesmo número racional. De forma análoga, dizemos que dois segmentos orientados representam o mesmo vetor se possuem o mesmo comprimento, a mesma direção e o mesmo sentido. A definição de igualdade de vetores também é análoga a igualdade de números racionais. Dois números racionais a c b d = são iguais, quando ad cb= . Analogamente, dizemos que dois vetores são iguais se eles possuem o mesmo comprimento, a mesma direção e o mesmo sentido. O comprimento de um vetor vG também é chamado de módulo ou norma de vG será indicado por vG . 1.3.1 Vetores Iguais Na Figura abaixo temos 6 segmentos orientados, com origens em pontos diferentes, que representam o mesmo vetor, ou seja, são considerados como vetores iguais, pois possuem a mesma direção, mesmo sentido e o mesmo comprimento. Portanto tanto os segmento orientado AB quanto o segmento orientado CD representam o mesmo vetor vG . Se o ponto inicial de um representante de um vetor vG é A e o ponto final é B, então escrevemos v = AB JJJGG . Portanto dois vetores e AB CD JJJG JJJG são iguais se, e somente se, AB ~ CD. 1.3.2 Vetor Nulo Os segmentos nulos, por serem equipolentes entre si, determinam um único vetor, chamando vetor nulo ou vetor zero, e que é indicado por 0 G . 1.3.3 Vetores Opostos Dado um vetor v = AB JJJGG , o vetor BA JJJG é o oposto de AB JJJG e indicamos por AB−JJJG ou por v −G . 1.3.4 Vetor Unitário Um vetor é unitário se v 1=G . 1.3.5 Versor Versor de um vetor vG é o vetor unitário de mesma direção e mesmo sentido de vG . Na figura acima 1 2u e u G G são vetores unitários, visto que ambos têm norma igual a 1. Por outro lado apenas o vetor 1u G tem a mesma direção e sentido do vetor vG . Portanto 1u G é um versor de vG . 1.4 Operações com vetores 1.4.1 Soma de vetores A soma, uG + vG , de dois vetores uG e vG é determinada da seguinte forma: Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 4 • tome um segmento orientado que representa uG ; • tome um segmento orientado que representa vG , com origem na extremidade de uG ; • o vetor uG + vG é representado pelo segmento orientado que vai da origem de uG até a extremidade de vG . 1.4.1.1 Propriedades da Soma i) u v v u+ = +G G G G (Comutativa) ii) ( ) ( )u v w u v w+ + = + +G G G G G G (Associativa) iii) Existe um único vetor nulo 0 G tal que pata todo vetor vG se tem v 0 0 v 0+ = + =G G GG G (Elemento neutro). iv) Qualquer que seja o vetor vG , existe um único vetor v−G (vetor oposto de vG ) tal que v ( v) v v 0+ − = − + = GG G G G 1.4.2 Diferença de vetores Definimos a diferença vG menos wG , por v ( w)+ −G G . 1.4.3 Multiplicação por um Número Real A multiplicação de um vetor vG por um escalar α , α vG , é determinada pelo vetor que possui as seguintes características: i) é o vetor nulo, se 0α = = 0 ou v 0= GG . ii) caso contrário: a) tem comprimento | |α vezes o comprimento de vG ; b) a direção é a mesma de vG (neste caso, dizemos que eles são paralelos), c) tem o mesmo sentido de vG , se α > 0 e tem o sentido contrário ao de vG , se α < 0. Observações: Se wG = α vG , dizemos que wG é um múltiplo escalar de vG . Dois vetores não nulos são paralelos (ou colineares) se, e somente se, um é um múltiplo escalar do outro. O versor de um vetor não nulo vG é o vetor unitário 1 vu v ou u v v = = GG G GG G . Note que vvu 1v v= = = GGG G G , logo vv u=G G G , ou seja, vG é produto de sua norma pelo vetor unitário de mesma direção e sentido de vG . Comutatividade da soma Associatividade da soma Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 5 1.4.4 Propriedades do produto por escalar Sejam uG e vG vetores quaisquer e e a b números reais. Então temos: i) ( v) ( )va b ab=G G (Associativa) ii) ( )v v va b a b+ = +G G G (distributiva na adição por escalares) iii) (u v) u va a a+ = +G G G G ( distributiva na adição por vetores) iv) 1v v=G G (identidade) 1.5 Dependência e Independência Linear Dois vetores uG e vG são colineares se tiverem a mesma direção. Isso acontece se, e somente se, existe um número real k tal que u kv=G G ou v ku=G G . Diremos, então, que um vetor é escrito como combinação linear do outro, e neste caso, os vetores uG e vG são ditos linearmente dependentes (veja a Figura acima). Quando tomamos dois vetores nos quais não é possível escrever um vetor como combinação linear do outro, dizemos que os vetores são linearmente independentes. Neste caso os dois vetores não são colineares, mas são coplanares, isto é, possuem representantes pertencentes a um mesmo plano α . Se uG e vG são linearmente independentes, então, todos os vetores da forma ku tv+G G podem ser representados sobre um mesmo plano α . Reciprocamente, todo vetor wG que possua representante no plano α pode ser escrito como uma combinação linear dos vetores uG e vG , e, além disso, toda combinação linear dos vetores uG e vG pode ser representada sobre o plano α . Por essa razão, se os vetores uG e vG são linearmente independentes, diremos que eles geram um plano. Agora, se um vetor wG se escreve como uma combinação linear ku tv+G G , diremos que os vetores kuG e tvG são componentes do vetor wG na direção dos vetores uG e vG , respectivamente. Os escalares k e t são as coordenadas de wG em termos dos vetores uG e vG . Observe que, se uG e vG são linearmente independentes, então cada vetor wG que possua representante em α se escreve de maneira única como uma combinação linear dos vetores uG e vG . Se os vetores uG , vG e wG possuem representantes pertencentes em um mesmo plano α , dizemos que eles são coplanares. Observações: Dois vetores quaisquer uG e vG são sempre coplanares, pois sempre podemos tomar um ponto do espaço e, com origem nele, imaginar os dois representantes de uG e vG pertencendo a um plano α que passa por esse Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 6 ponto. Três vetores podem ser ou não coplanares (ver figuras a seguir) Se três vetores uG , vG e wG são colineares ou coplanares, ou seja, possuem representante em uma mesma reta ou em um mesmo plano respectivamente, dizemos que os vetores são linearmente dependentes. Se os vetores uG , vG e wG são colineares, com representantes em uma reta r, então os vetores geram a reta r. Na verdade qualquer vetor com representante nesta reta pode ser escrito como combinação linear de um desees vetores, uG , vG ou wG . Da mesma forma, se uG , vG e wG não colineares que possuem representantes em um mesmo plano α , então dois eles não colineares geram o plano α , isto é, qualquer vetor que possua um representante no plano α pode ser escrito como combinação linear dois destes vetores (não colineares é claro) . Também pode ser mostrado que, se uG , vG e wG são linearmente independentes, então eles geram o espaço, isto é, se xG é um vetor qualquer do espaço tridimensional, então existe um (único) temo ordenado ( , , )a b c de escalares tais que x au bv cw= + +G G G G . Chamaremos os vetores ,au bvG G e cwG de componentes do vetor xG na direção dos vetores uG , vG e wG (os números a, b e c são as coordenadas de xG em termos dos vetores uG , vG e wG . Um conjunto de três vetores linearmente independentes chama-se uma base para o espaço dos vetores. A base que consiste dos vetores uG , vG e w G , nessa ordem, será indicada por { uG , vG ·, wG }. Se escolhermos uma base { uG , vG ·, wG }, então a cada vetor xG corresponde um único terno ordenado ( , , )a b c de escalares, a saber, as coordenadas de xG em termos dessa base. Reciprocamente, a cada terno ordenado ( , , )a b c de números reais corresponde o vetor x au bv cw= + +G G G G . 1.6 Exemplos 1) Sejam ABC um triângulo e sejam M e N os pontos médios de AC e BC , respectivamente. Prove que MN é paralelo a AB e que MN é a metade de AB . Solução: Devemos mostrar que =JJJG JJJG1 2 MN AB . Observando a figura acima verificamos que uG , vG e wG são coplanares uG , vG e wG não são coplanares A B C M N Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 7 = +JJJG JJJG JJJGMN MC CN ( )= + = + =JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG1 1 1 12 2 2 2MN AC CB AC CB AB Como M é ponto médio de AC e N é ponto médio de BC , temos: =JJJG JJJG1 2 MC AC e =JJJG JJJG1 2 CN CB Portanto, temos que: ( )= + = + =JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG1 1 1 12 2 2 2MN AC CB AC CB AB como queríamos mostrar. 2) Mostre que as diagonais de um paralelogramo se cortam ao meio. Solução: Considere o paralelogramo ABCD da figura abaixo: Suponha AM MC AC1 2 = =JJJG JJJG JJJG . Queremos mostrar que BM MD BD1 2 = =JJJG JJJG JJJG . Temos que BM BC=JJJG JJJG CD DA+ +JJJG JJJG AM+ JJJG . Como BC DA= −JJJG JJJG e AM MC=JJJG JJJG temos BM CD MC MC CD MD= + = + =JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG , ou seja, BM MD=JJJG JJJG . Agora BD BM MD BM BM BM2= + = + =JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG . Portanto, 1BM BD 2 =JJJG JJJG como queríamos mostrar. 1.7 Vetores em Sistemas de Coordenadas A introdução de um sistema de coordenadas retangulares muitas vezes simplifica problemas envolvendo vetores. Por enquanto vamos restringir nossa discussão a vetores no espaço bidimensional (o plano). Seja v G qualquer vetor no plano e suponha, como na Figura abaixo, que v G tenha sido posicionado com seu ponto inicial na origem de um sistema de coordenadas retangulares. As coordenadas (v1, v2) do ponto final de v G são chamadas componentes de vG e escrevemos vG = (v1, v2). Se vetores equivalentes vG e wG são colocados com seus pontos iniciais na origem, então é óbvio que seus pontos finais coincidem (pois os vetores têm o mesmo comprimento, direção e sentido); logo os vetores possuem Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 8 os mesmos componentes. Reciprocamente, vetores com os mesmos componentes são equivalentes, pois têm o mesmo comprimento, direção e sentido. Em resumo, dois vetores vG = (v1, v2) e wG = (w1, w2) são equivalentes se e somente se v1 = w1 e v2 = w2. As operações vetoriais de adição e multiplicação por escalar são facilmente executáveis em termos de componentes. Como é ilustrado na Figura abaixo se vG = (v1, v2) e wG = (w1, w2) então v w+ =G G (v1 + w1, v2 + w2). Se vG = (v1, v2) e k é um escalar qualquer então pode ser mostrado, usando um argumento geométrico envolvendo triângulos semelhantes, que k vG = (kv1, kv2) (conforme Figura a seguir).Se tomarmos, por exemplo, vG = (3, -2) e w G = (-1, 7), temos que v w+ =G G (3 +(-1), -2 + 7) = (2, 5) e 3 vG = (3.3, 3.(-2)) = (9, -6). Note que, como ( )v w v w− = + −G G G G concluímos que v w− =G G (v1 - w1, v2 - w2). 1.8 Vetores no Espaço Tridimensional Assim como os vetores no plano podem ser descritos por pares de números reais, os vetores no espaço podem ser descritos por ternos de números reais utilizando um sistema de coordenadas retangulares. Para construir tal sistema de coordenadas, selecionamos um ponto O, denominado a origem e escolhemos três retas mutuamente perpendiculares passando pela origem, denominadas eixos coordenados. Designando estes eixos x, y e z e selecionando um sentido positivo para cada eixo coordenado, podemos estabelecer uma unidade de comprimento para medir tamanhos ( veja Figuras abaixo ). Se um vetor vG no espaço tridimensional for posicionado com seu ponto inicial na origem de um sistema de coordenadas retangulares, como na Figura abaixo então as coordenadas do ponto final são chamadas os Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 9 componentes de vG e escrevemos vG = (v1, v2, v3). Se vG = (v1, v2, v3) e wG = (w1, w2, w3) são dois vetores no espaço tridimensional, então os seguintes resultados podem ser estabelecidos usados argumentos similares aos utilizados para vetores no plano. i) vG e wG são equivalentes se, e somente se, v1 =w1, v2 = w2 e v3 = w3. ii) k vG = (kv1, kv2, kv3) onde k é um escalar qualquer. iii) vG + wG = (v1+ w1, v2+ w2, v3+ w3) . Se tomamos por exemplo vG = (2, 5, 3) e w G = (-5, 0, -1) então vG + wG = (-3, 5, 2), 4 wG =(-20, 0, -4), vG - w G = (7, 5, 4) e - w G = (5, 0, 1). Geralmente um vetor não está posicionado com seu ponto inicial na origem. Se o vetor JJJJG 0 1P P tem o ponto inicial P0(x0, y0, z0) e ponto final P1(x1, y1, z1), então 0 1P P JJJJG = (x1 - x0, y1 - y0 , z1 - z0), ou seja, os componentes do vetor 0 1P P JJJJG são obtidos subtraindo as coordenadas do ponto final (origem) das coordenadas do ponto inicial (extremidade). A Figura abaixo ilustra o vetor 0 1P P JJJJG obtido a partir de P0(x0, y0, z0) e P1(x1, y1, z1). Se tomarmos por exemplo P0(3, -2, 1) e P1(1,-1, 3) então o vetor 0 1P P JJJJG = (3 - 1, - 2 – ( - 1), 1 – 3 ) = (2, - 1, 2). O mesmo ocorre no espaço bidimensional, isto é, se o vetor 0 1P P JJJJG tem o ponto inicial P0(x0, y0) e ponto final P1(x1, y1), então 0 1P P JJJJG = (x1 - x0, y1 - y0 ). 1.9 Exercícios propostos 1) Mostre usando vetores, que o ponto médio de um segmento que une os pontos P0 = (x0,y0, z0) e P1 = (x1, y1, z1) é o ponto M = ,0 1 0 1 0 1 x + x y + y z + z, 2 2 2 ⎛ ⎞⎜ ⎟⎝ ⎠ . 2) Mostre que o segmento que une os pontos médios dos lados não paralelos de um trapézio é paralelo às bases, e sua medida é a média aritmética das medidas das bases. (Sugestão: mostre que ( )12MN AB DC= +JJJG JJJG JJJG e conclua queMNJJJG é um múltiplo escalar de AB JJJG ). 3) Esboce os seguintes vetores com ponto inicial na origem: a) v G 1= (3, 6) f) v G 6 = (0, -7) Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 10 b) v G 2 = (-4, -8) g) v G 7 = (3,4,5) c) v G 3 = (-4, -3) h) v G 8 = (3, 3, 0) d) v G 4 = (5, -4) i) v G 9 = (0, 0, -3) (e) v G 5 = (3, 0) j) v G 10 = (-3, 5, 2) 4) Encontre um vetor não-nulo u G com ponto inicial P ( -1, 3, - 5) tal que: a) u G tem a mesma direção e sentido que vG = (6, 7, -3) (b) u G tem a mesma direção mas sentido oposto ao de v G = (6, 7, -3) . Resp. a) uma resposta possível é Q(5, 10, -8) b) uma resposta possível é Q(-7, -4, -2) 5) Sejam u G = ( -3, 1, 2), v G = (4, 0, -8) e w JJG = (6, -1, --4). Encontre os componentes de: a) v G - w JJG b) 6 u G + 2 v G c) - v G + u G d) 5( v G - 4 u G ) Resp. a) (-2, 1, -4) b) (-10, 6, 4) c) (-7, 1, 10) d) (80, -20, -80) 6) Seja ABC um triângulo qualquer com medianas AD, BE e CF . Mostre que o vetor 0+ + =JJJG JJJG JJJG GAD BE CF . 1.10 Produto Interno Motivados pela expressão do trabalho em mecânica vamos definir o produto interno de dois vetores. Essa operação associa a cada par aG , bG de vetores um número real que será indicado por a b⋅ GG . 1.10.1 Ângulo entre Vetores A fim de definirmos o produto interno necessitamos do conceito de ângulo entre dois vetores. O ângulo entre os vetores não nulos aG e bG que indicaremos por ( aG , bG ), é definido como sendo o ângulo entre seus representantes. Mais precisamente, se aG = ABJJJG e bG = CDJJJG , então o ângulo entre aG e bG é, por definição, o ângulo entre os segmentos orientados AB e AC. Para que essa definição faça sentido, devemos mostrar que ( aG , bG ) não depende da colha dos representantes AB e AC. Mais precisamente, se A’B’ e A’C’ são também representantes dos vetores aG e bG , respectivamente, então (veja a Figura abaixo) o ângulo entre os segmentos orientados AB e AC é igual ao ângulo entre os segmentos orientados A’B’ e A’C’. Observemos que o ângulo (AB, AC) é o menor ângulo segundo o qual AB deve girar para se tornar colinear com AC. Esse ângulo é positivo se a rotação for no sentido contrário ao dos ponteiros de um relógio e negativo em caso contrário. Isso nos permite associar a cada ângulo ( aG , bG ) seu ângulo negativo ou oposto (bG , aG ). Sejam aG e bG vetores não-nulos. O produto interno do vetor aG pelo vetor bG , indicado por a b⋅ GG , é definido por || || || || cos( , )a b a b a b⋅ =G G GG G G Se um dos vetores aG ou bG for o vetor nulo definimos: a b⋅ GG = 0. Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 11 1.10.2 Propriedades do Produto Interno Sejam ,a b GG e cG vetores quaisquer e k um escalar. O produto interno satisfaz às seguintes propriedades: i) a b⋅ GG =b a⋅G G (Simetria) ii) k( a b⋅ GG ) = (k aG ) b⋅ G (homogeneidade) iii) ( )c a b c a c b⋅ + = ⋅ + ⋅G GG G G G G (distributividade) Note que essas propriedades são verificadas trivialmente se um dos vetores for o vetor nulo. Na verdade, 0 0 0a a⋅ = ⋅ =G G GG G é a única definição com elas, pois, pela segunda propriedade acima, temos 0 0( ) (0 ) (0 )a b a b a b= ⋅ = ⋅ = ⋅G G GG G G portanto, 0 0 0b a⋅ = ⋅ =GG GG visto que 0 0 0a b= =GG . Passemos agora à demonstração das propriedades do produto interno. i) Se aG e bG são vetores não nulos, temos: || || || || cos( , )a b a b a b⋅ =G G GG G G || || || || cos( , )b a b a= G GG G b a= ⋅G G ii) Se aG e bG são vetores não nulos e k 0≠ temos : k ( )a b⋅ GG = k || || || || cos( , )a b a bG GG G = || || || || cos( , )a b a b G GG Gk k )a b= ⋅ GG(k iii) Consideraremos primeiro o caso em que c u=G G é unitário. Escolhamos um representante PQ para o vetor uG e seja a reta r a reta que contém o segmento PQ conforme figura abaixo. Escolhamos representantes AB e BC paraos vetores aG e bG , respectivamente. Consideremos as projeções ortogonais A’ ,B' e C’ dos pontos A, B e C, respectivamente, sobre a reta r. Sejam , x y e z os escalares tais que ' , 'PA xu PB yu= =JJJG JJJJGG G e 'PC zu=JJJJG G . Observemos agora que || || cos( )u a a u a y x⋅ = ⋅ = −G G G G G e analogamente , ( )u b z y u a b z x⋅ = − ⋅ + = −G GG G G . Portanto, ( )u a b u a u b⋅ + = ⋅ + ⋅G GG G G G G . O caso geral se reduz ao anterior. Se cG é um vetor qualquer, não nulo, usando a homogeneidade do produto interno e a distributividade para vetores unitário, obtemos: ( ) || || ( ) || || cc a b c a b c ⎛ ⎞⋅ + = ⋅ +⎜ ⎟⎝ ⎠ GG GG G G GG || || || || || || c cc a b c c ⎛ ⎞= ⋅ + ⋅⎜ ⎟⎝ ⎠ G G GG GG G c a c b= ⋅ + ⋅ GG G G . Note que 2|| ||a a a⋅ =G G G , pois, cos( , ) 1a a =G G e que, se aG e b G são vetores não nulos, então Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 12 0a b⋅ =GG se, e somente se, ( , ) 2 a b kπ π= +GG ,, onde k é um número inteiro qualquer. Por essa razão, diremos que o vetor aG é perpendicular (ou ortogonal) ao vetor bG quando 0a b⋅ =GG . Portanto, de acordo com essa definição, o vetor 0G é perpendicular a todos os vetores do espaço. Na verdade, 0 G é o único vetor que possui essa propriedade, isto é, se aG é um vetor tal que 0a b⋅ =GG qualquer que seja o vetor bG , então aG = 0G . Para provar isso, basta tomar, em particular, aG = bG , donde 2|| ||a a a⋅ =G G G = 0 que implica aG = 0G . 1.10.3 Exemplo Mostre que as diagonais de um losango são perpendiculares. Queremos mostrar que 0.AC BD⋅ =JJJG JJJG Note que ( ) ( )AC BD AB BC BA AD⋅ = + ⋅ +JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG AB BA AB AD BC BA BC AD= ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG 2 2|| || || ||AB AB AD AB AD AD= − + ⋅ − ⋅ +JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG JJJG 0= visto que || || || ||AD BC=JJJG JJJG e BA AB= −JJJG JJJG . 1.11 Bases Ortonormais Uma base { , , }a b c GG G chama-se ortogonal se os seus vetores são mutuamente ortogonais, isto é, se 0a b a c b c⋅ = ⋅ = ⋅ =G GG G G G . Se, além disso, os vetores são unitários, a base { , , }a b c GG G chama-se ortonormal. O uso de bases ortonormais é bastante conveniente pois simplificam bastante os cálculos como veremos nos exemplos a seguir. 1.11.1 Exemplos 1) Se { , , }a b c GG G é uma base ortonormal e uG é um vetor qualquer, então ( ) ( ) ( )u a u a b u b c u c= ⋅ + ⋅ + ⋅G GG G G G G G G G . De fato, sabemos é que uG pode ser escrito de maneira única como uma combinação linear u a b cα β γ= + +GG G G . Calculando, então, o produto interno a u⋅G G , obtemos ( ) ( ) ( )a u a a a b a cα β γ α⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ =GG G G G G G G , pois 2|| || 1a a a⋅ = =G G G e 0a b a c⋅ = ⋅ =GG G G . Analogamente demonstramos que b uβ = ⋅G G e c uγ = ⋅G G . Observemos que, se { , , }a b c GG G fosse uma base qualquer, não necessariamente ortonormal, então as coordenadas ,α β e γ do vetor uG seriam a solução do sistema ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) a a a b a c a u b a b b b c b u c a c b c c c u α β γ α β γ α β γ ⎧ ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅⎪ ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅⎪⎨ ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅⎪⎪⎩ GG G G G G G G G G G G GG G G GG G G G G G G 2) Se { , , }a b c GG G é uma base ortonormal e 1 1 1u a b cα β γ= + + GG G G , 2 2 2v a b cα β γ= + + GG G G são vetores quaisquer, então 1 2 1 2 1 2u v α α β β γ γ⋅ = + +G G De fato, 1 1 1 2 2 2( ) ( )u v a b c a b cα β γ α β γ⋅ = + + ⋅ + + G GG G G G G G 1 2 1 2 1 2( ) ( ) ( )a a a b a cα α α β α γ= ⋅ + ⋅ + ⋅ GG G G G G 1 2 1 2 1 2( ) ( ) ( ) )b a b b b cβ α β β β γ+ ⋅ + ⋅ + ⋅ G G G GG G 1 2 1 2 1 2( ) ( ) ( )c a c b c cγ α γ β γ γ+ ⋅ + ⋅ + ⋅ GG G G G G Como { , , }a b c GG G é uma base ortonormal, seus vetores satisfazem às relações 0; 1a b a c b c a a b b c c⋅ = ⋅ = ⋅ = ⋅ = ⋅ = ⋅ =G G G GG G G G G G G G o que reduz a expressão acima a 1 2 1 2 1 2u v α α β β γ γ⋅ = + +G G Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 13 1.12 Orientação do Espaço . Veremos agora que, após escolhida uma orientação para o espaço, será possível distinguir duas classes de bases ortonormais: as positivas e as negativas. Para a adição de vetores, a multiplicação de vetores por escalares e o produto interno, a orientação do espaço não tem importância alguma, podendo ser dispensada. A escolha de uma orientação para o espaço é, entretanto, indispensável para a introdução do produto vetorial, que faremos na próxima seção. Escolhamos um ponto, O, do espaço que chamaremos origem. Um triedro é um terno ordenado (OA, OE, OC) de segmentos orientados OA, OE e OC não coplanares. Esses três segmentos dão origem, permutando a ordem dos segmentos, a seis ternos ordenados distintos. Consideremos qualquer desses ternos e o observemos de uma posição tal que o terceiro segmento orientado esteja dirigido para os nossos olhos. A seguir, consideremos a rotação (de menor ângulo) do primeiro segmento até que ele fique colinear com o segundo segmento (veja a Figura abaixo). Diremos que o triedro é positivo se a rotação for no sentido contrário ao dos ponteiros de um relógio e negativo , caso contrário. Por exemplo, o triedro (OA, OE, OC) da Figura anterior é positivo, enquanto (OE, OA, OC), é negativo. Consideremos três vetores ,a OA b OB= =JJJG JJJGGG e c OC= JJJGG . Diremos que o terno ordenado ( , , )a b c GG G é positivo (ou negativo) se o triedro (OA, OE, OC) for positivo (ou negativo). Uma base { , , }a b c GG G diz-se positiva (ou negativa) se o terno ( , , )a b c GG G é positiva (ou negativa). Fixemos um triedro positivo (OA, OE, OC) de segmentos orientados unitários e mutuamente ortogonais (veja a Figura abaixo). Sejam ,i OA j OB= =JJJG JJJGG G e k OC= JJJGG . Assim a base { i G , j G , k G } é ortonormal e positiva. Portanto, os vetores i G , j G , k G , satisfazem às seguintes relações: 0i j i k j k⋅ = ⋅ = ⋅ =G GG G G G 2 2 2 1i j k= = =GG G onde 2i i i= ⋅G G G etc. Além disso, o Exemplo 1 da seção 1.11.1 nos diz que, se aG é um vetor qualquer, então aG pode ser decomposto de maneira única como combinação linear 1 2 3a a i a j a k= + + GG GG , onde as coordenadas 1 2,a a e 3a são dadas por 1 2 3 || || cos( , ) || || cos( , ) || || cos( , ) a a i a a i a a j a a j a a k a a k = ⋅ = = ⋅ = = ⋅ = G GG G G G GG G G G GG G G Além disso o Exemplo 2da seção 1.11.1 nos diz que, se 1 2 3b b i b j b k= + + G GG G então 1 1 2 2 3 3a b a b a b a b⋅ = + + GG e 2 2 21 2 3|| ||a a a a= + +G Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 14 1.13 Projeção Ortogonal Sejam os vetores uG e vG , com 0u ≠ GG e 0v ≠ GG . Pretendemos calcular o vetor 1w G que representa a projeção de uG sobre vG . A Figura anterior ilustra as duas situações possíveis. O vetor uG foi decomposto em duas componentes normais 1w G e 2wG . Como 1w G e vG têm a mesma direção, temos que: 1 ,w kv k= ∈G G R . Temos que: 1 2 2u w w kv w= + = +G G G G G Tomando o produto escalar de vG em ambos os membros da equação acima temos: 22 2( ) || ||u v kv w v k v w v⋅ = + ⋅ = + ⋅G G G G G G G G Mas 2 0w v⋅ =G G , pois 2wG é ortogonal a vG ; portanto a equação acima nos fornece: 2 | | || || u vk v⋅= G G G Logo, 1 2 | | || || u vw v v ⋅= G GG GG Portanto, a projeção de uG sobre vG , que denotaremos por vproj uG G é: vproj uG G 2|| || u v v v ⋅= G G GG ou vproj uG G u v v v v ⋅= ⋅ G G GG G . 1.14 Exemplo Dados (1,2, 2)u = −G e 6 2 3v i j k= − + GG GG determine: a) || ||uG b) || ||vG c) u v⋅G G d) O ângulo formado por uG e vG e) vproj uG G Solução a) 2 2 2|| || 1 2 ( 2) 1 4 4 9 3u = + + − = + + = =G b) 2 2 2|| || 6 ( 2) 3 36 4 9 49 7v = + − + = + + = =G c) u v⋅G G =(1, 2, - 2).(6, - 2, 3) = 6 – 4 – 6 = -4 d) 4 4cos( , ) || || || || 3 7 21 u vu v u v ⋅ −= = = −× G GG G G G logo 4( , ) arccos 100,98º 21 u v ⎛ ⎞= − ≅⎜ ⎟⎝ ⎠ G G e) 2 2 4 24 8 12(6, 2,3) , , 49 49 49|| || 7v u vproj u v v ⋅ − − −⎛ ⎞= = − = ⎜ ⎟⎝ ⎠G G GG GG 1.15 Exercícios 1) Calcule as seguintes somas e diferenças: a) ( 2 3 ) (2 5 )i j k i j k+ − + − +G GG G G G b) ( 5 6 ) (2 ) ( 2 6 )i j k i j k i j k− + − + + − + − +G G GG G G G G G c) (2 3 ) (6 2 )i j k i j k+ − − + +G GG G G G d) ( 2 4 ) (2 5 6 ) (3 5 7 )i j k i j k i j k+ − − + + + − +G G GG G G G G G Resp. a) (3, 2, 2) b) (2, 4, -1) c) (-4, -1, -4) d) (2, -8, -3) 3) Calcule a norma de cada um dos seguintes vetores a) 2 3a i j k= − + GG GG b) cosb i sen jθ θ= +G G G c) 2 3c i j k= − + GG GG Resp. a) 14 b) 1 c) 14 4) Calcule os seguintes produtos internos: a) ( 2 3 ) (2 2 5 )i j k i j k− + ⋅ + −G GG G G G b) (3 3 4 ) ( 2 6 )i j k i j k+ − ⋅ − − +G GG G G G Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 15 c) ( 2 3 ) (3 2 7 )i j k i j k− + − ⋅ − +G GG G G G Resp. a) -17 b) -33 c) -19 5) Mostre que os vetores ,a b GH e cG são linearmente independentes se, e somente se, a equação 0a b cα β γ+ + =G GG G só possui a solução nula 0α β γ= = = . 6) Determine os ângulos do triângulo cujos vértices são os pontos A(3, 2, 1), B(3, 2, 2) e C(3, 3, 2). Resp. a) l l l45º 90ºe A C B= = = 7) Verifique se os seguintes pontos são coplanares a) A(2, 2, 1), B(3, 1, 2) e C(2, 3, 0) e D(2, 3, 2) b) A(2, 0, 2), B(3, 2, 0) e C(0, 2, 1) e D(1, 2, 0) Resp. a) Não b) Não 8) Encontre um vetor unitário ortogonal simultaneamente a uG = (1, 0, 1) e vG = (0, 1, 1). Resp. uma resposta possível é 3 3 3, , 3 3 3 ⎛ ⎞−⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠ 9) Sejam uG = (1, 1, 2) e vG = (a, 1, 2). Para quais valores de a, uG e vG são ortogonais? Resp. a = -5 10) Sejam uG = (1/ 2 , 0, 1/ 2 ) e vG = (a, 1/ 2 , -b). Para quais valores de a e b, o conjunto { uG , vG } forma uma base ortonormal do plano gerado por eles? Resp. a = ½ b = -½ ou a = -½ b= ½ 11) Determine a projeção de uG = (1, 2, -3) na direção de e vG = (2, 1, -2). Resp. 10 (2, 1, 1) 9 − 12) Qual a projeção de uG = (3, 5, 2) sobre o eixo dos x ? Resp. 3 13) Sejam uG , vG e wG vetores do �3. Prove que se u v = u w⋅ ⋅G G G G então vG - wG é ortogonal a uG . 14) Sejam uG e vG vetores quaisquer. Mostre que 2 2 2( ) 2u v u u v v± = ± ⋅ +G G G G G G e 2 2( )( )u v u v u v+ − = −G G G G G G 15) Use o resultado da questão 4) para mostrar a lei dos cossenos num triângulo ABC: 2 2 2 2 cosa b c bc Â= + − onde || ||, || ||, || ||a BC b AC c AB= = =JJJG JJJG JJJG e ( , )Â AB AC= 16) Sejam aG e bG vetores quaisquer. Mostre que a) 2 21 || || || || 4 a b a b a b⎡ ⎤⋅ = + − −⎣ ⎦ G G GG G G b) ( )2 2 2 2|| || || || 2 || || || ||a b a b a b+ + − = +G G GG G G c) | | || || || ||a b a b⋅ ≤ +G GG G (Desigualdade de Schwarz) d) || || || || || ||a b a b+ ≤ +G GG G (Desigualdade Triangular) e) || || || || || ||a b a b− ≤ −G GG G O item a) mostra que é possível definir o produto interno apenas em termos da norma, sem usar ângulos. O item b) corresponde à lei do paralelogramo, isto é, a soma dos quadrados dos comprimentos dos lados de um paralelogramo é igual à soma dos quadrados dos comprimentos das diagonais. A desigualdade de Schwarz tem muitas aplicações em matemática. A desigualdade triangular corresponde ao seguinte fato geométrico: o comprimento de um dos lados de um triângulo é menor que ou igual à soma dos comprimentos dos outros lados. 1.16 Produto Vetorial Na Seção 1.10 vimos que o produto escalar de dois vetores produz um escalar. Nós iremos definir agora um tipo de multiplicação vetorial que produz um vetor como produto, mas que é aplicável somente ao espaço tridimensional. 1.16.1 Definição Se 1 2 3( , , )u u u u=G e 1 2 3( , , )v v v v=G são vetores no espaço tridimensional, então o produto vetorial u v×G G é o Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 16 vetor definido por 2 3 3 2 3 1 1 3 1 2 2 1( , , )u v u v u v u v u v u v u v× = − − −G G ou em notação de determinante, 2 3 1 3 1 2 2 3 1 3 1 2 , , (1) u u u u u u u v v v v v v v ⎛ ⎞× = −⎜ ⎟⎝ ⎠ G G Observação: Em vez de memorizar as fórmulas acima, você pode obter os componentes de u v×G G como segue: • Forme a matriz 2 x 3 dada por 2 31 2 31 u uu v vv ⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦ cuja primeira linha contém os componentes de uG e cuja segunda linha contém os componentes de vG . • Para obter o primeiro componente de u v×G G , descarte a primeira coluna e tome o determinante; para obter o segundo componente, descarte a segunda coluna e tome o negativo do determinante; e para obter o terceiro componente, descarte a terceira coluna e tome o determinante. 1.16.2 Exemplo Se (2, 1, 1)u = −G e v i j k= + − GG GG calcule u v×G G e v u×G G . 1 1 2 1 2 1 , , (0,3,3) 3 3 1 1 1 1 1 1 u v j k ⎛ − − ⎞× = − = = +⎜ ⎟− −⎝ ⎠ GGG G 1 1 1 1 1 1 , , (0, 3, 3) 3 3 1 1 2 1 2 1 v u j k ⎛ − − ⎞× = − = − − = − −⎜ ⎟− −⎝ ⎠ GGG G Note que neste caso temos que u v×G G = - ( v u×G G ), fato que ocorre para quaisquer vetores uG e vG como mostraremos a seguir. 1.16.2 Propriedades do Produto Vetorial Sejam uG e vG vetores do espaço tridimensional e k um escalar qualquer, então: i) u v×G G = - ( v u×G G ) ii) ( )u v w u v u w× + = × + ×G G G G G G G iii) ( ) ( ) ) ( )k u v ku v u kv× = × = ×G G G G G G iv) 0 0 0u u× = × =G G GG G v) 0u u× = GG G Para provar i) basta notar que quando se troca a ordem entre uG e vG , trocam as linhas dos três determinantes da Equação (1) e portanto troca o sinal de cada componente do produto vetorial. Portanto, concluímos que u v×G G = - ( v u×G G ). As provas das demais partes são deixadas como exercício. 1.16.3 Relações entre Produtos Escalar e Vetorial Sejam uG e vG vetores do espaço tridimensional, então: i) ( ) 0u u v⋅ × =G G G ii) ( ) 0v u v⋅ × =G G G iii) 2 2 2 2|| || || || || || ( )u v u v u v× = − ⋅G G G G G G (Identidade de Lagrange) iv) ( ) ( ) ( )u v w u w v u v w× × = ⋅ − ⋅G G G G G G G G G v) ( ) ( ) ( )u v w u w v v w u× × = ⋅ − ⋅G G G G G G G G G Para provar i) sejam 1 2 3( , , )u u u u=G e 1 2 3( , , )v v v v=G . Então ( )u u v⋅ × =G G G 1 2 3 2 3 3 2 3 1 1 3 1 2 2 1( , , ) ( , , )u u u u v u v u v u v u v u v⋅ − − − 1 2 3 3 2 2 3 1 1 3 3 1 2 2 1( ) ( ) ( ) 0u u v u v u u v u v u u v u v= − + − + − = A prova de ii) é análoga a de i) Prova iii). Como 2 2 2 2 2 3 3 2 3 1 1 3 1 2 2 1|| || ( ) ( ) ( ) (2)u v u v u v u v u v u v u v× = − + − + −G G e 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 3 1 2 3 2 1 1 2 2 3 3 || || || || ( ) ( )( ) ( ) u v u v u u u v v v u v u v u v − ⋅ = + + + + − − + + G G G G a prova pode ser obtida desenvolvendo-se os lados direitos de (2) e (3) e verificando sua igualdade.As provas de iv) e v) ficam como exercício. Observações: (3) Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 17 • i ) e ii) mostram que o vetor u v×G G é ortogonal simultaneamente a uG e a vG . • De iii) obtemos 2 2 2 2 2 2|| || || || || || || || || || cos ( , )u v u v u v u v× = −G G G G G G G G 2 2 2|| || || || (1 cos ( , ))u v u v= −G G G G 2 2 2|| || || || sen ( , )u v u v= G G G G Como 0 ( , )u v π≤ ≤G G , segue que sen( , ) 0u v ≥G G , e portanto isso pode ser reescrito como || || || || || || sen( , )u v u v u v× =G G G G G G . • É fácil ver que : 0 0 0i i j j k k i j k j k i k i j j i k k j i i k j × = × = × = × = × = × = × = − × = − × = − G GG G GG G G G G G GG G G G G G G G GG G G G G G • O produto vetorial de 1 2 3( , , )u u u u=G e 1 2 3( , , )v v v v=G pode ser representado simbolicamente como um determinante 3x3: 1 2 3 1 2 3 i j k u v u u u v v v × = = GG G G G 2 3 1 3 1 2 2 3 1 3 1 2 u u u u u u i j k v v v v v v − + GG G Note que o determinante é um número e o produto vetorial é um vetor. Usa-se este abuso de notação apenas como um mecanismo facilitador para o cálculo do produto vetorial. • Não é verdade, em geral que ( )u v w× × =G G G ( )u v w× ×G G G . Por exemplo, ( ) 0 0i j j i× × = × =G GG G G G e ( )i j j k j i× × = × = −GG G G G G o que mostra que ( )i j j× × ≠G G G ( )i j j× ×G G G . Se uG e vG são vetores não-nulos, pode ser mostrado que o sentido de u v×G G pode ser determinado usando a "regra da mão direita"! (ver Figura a seguir): Seja ( , )u vG G o ângulo entre uG e vG e suponha que uG é girado pelo ângulo ( , )u vG G até coincidir com vG . Se os dedos da mão direita se fecharem apontando no sentido desta rotação, então o polegar indica (aproximadamente) o sentido de u v×G G . 1.16.4 Interpretação Geométrica do Produto Vetorial. Se uG e vG são vetores no espaço tridimensional, então a norma de uG e vG tem uma interpretação geométrica útil. Como já vimos || || || || || || sen( , )u v u v u v× =G G G G G G . Mas || || sen( , )v u vG G G é a altura do paralelogramo determinado por uG e vG como mostra a figura abaixo. Denotando por uvAGG a área do paralelogramo determinado por uG e vG , temos : ( )( ) || || || || sen( , ) || ||uvA base altura u v u v u v= = = ×GG G G G G G G . Portanto, se uG e vG são vetores no espaço Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 18 tridimensional, então || ||u v×G G é igual à área do paralelogramo determinado por uG e vG . Note que este resultado também é válido quando uG e vG são colineares, pois neste caso, temos um paralelogramo degenerado que tem área zero, e || ||u v×G G = 0. 1.16.5 Exemplo Calcule a área do triângulo de vértices A(-1, 0, 2), B(-4, 1, 1) e C(0, 1, 3). Solução: A área do triângulo ABC é dada por 1 2 A AB AC= ×JJJG JJJG ¨. ( 3,1, 1)AB = − −JJJG e ( 1,1,1)AC = −JJJG . 3 1 1 2 4 2 1 1 1 i j k AB AC i j k× = − − = − − − GG G JJJG JJJG GG G 2 2 22 ( 4) ( 2) 24 2 6AB AC× = + − + − = =JJJG JJJG Portanto, 1 2 6 6 . . 2 A u a= = 1.17 Produto Misto Se uG , vG e wG são vetores no espaço tridimensional, então ( )u v w⋅ ×G G G é chamado produto misto de uG , vG e wG . Denotaremos o produto misto de uG , vG e wG por [ uG , vG , wG ]. O produto misto de 1 2 3( , , )u u u u=G , 1 2 3( , , )v v v v=G e 1 2 3( , , )w w w w=G pode ser calculado a partir da fórmula 1 2 3 1 2 3 1 2 3 [ , , ] (4) u u u u v w v v v w w w =G G G . De fato, temos que: ( )u v w⋅ ×G G G = 2 3 1 3 1 2 2 3 1 3 1 2 v v v v v v u i j k w w w w w w ⎛ ⎞⋅ − +⎜ ⎟⎝ ⎠ GG GG 2 3 1 3 1 21 2 3 2 3 1 3 1 2 v v v v v v u i u u w w w w w w = − + 1 2 3 1 2 3 1 2 3 u u u v v v w w w = Segue de (4) que [ , , ] [ , , ] [ , , ]u v w w u v v w u= =G G G G G G G G G , pois os determinantes que representam estes produtos podem ser obtidos um do outro por duas trocas de linhas. 1.17.1 Interpretação Geométrica de Determinantes i) O valor absoluto do determinante 1 2 1 2 u u v v é igual à área do paralelogramo no espaço bidimensional determinado pelos vetores 1 2( , )u u u=G e 1 2( , )v v v=G (veja Figura 1.15.1a. abaixo) ii) O valor absoluto do determinante 1 2 3 1 2 3 1 2 3 u u u v v v w w w é igual à volume do paralelepípedo no espaço tridimensional determinado pelos vetores 1 2 3( , , )u u u u=G , 1 2 3( , , )v v v v=G e 1 2 3( , , )w w w w=G (veja Figura 1.15.1b. a seguir). Prova de i) Sabemos que a área do paralelogramo determinado por uG e vG é dada por || ||u v×G G . Contudo, o produto vetorial está definido para vetores tridimensionais, enquanto Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 19 1 2( , )u u u=G e 1 2( , )v v v=G são vetores bidimensionais. Para superar este “problema de dimensão” , veremos uG e vG como vetores do plano xy de um sistema de coordenadas xyz , no qual estes vetores são escritos como 1 2( , ,0)u u u=G e 1 2( , ,0)v v v=G conforme ilustra a Figura abaixo. 1 2 1 2 0 0 i j k u v u u v v × = = GG G G G Como || || 1k =G temos que a área do paralelogramo determinado por uG e vG é u v× =G G 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 . u u u u u u k k v v v v v v = =G G Prova ii) Conforme mostra a Figura abaixo, tomamos o paralelogramo determinado por vG e wG como base do paralelepípedo determinado por uG , vG e wG . Temos que a área da base é v w×G G , e como mostra a Figura abaixo, a altura do paralelepípedo é a projeção ortogonal de uG sobre v w×G G . Portanto ( )v w u v wh proj u v w× ⋅ ×= = ×G G G G GG G G . Assim, o volume V do paralelepípedo é ( ) ( )V área dabase altura= ⋅ = v w×G G ( ) ( )u v w u v w v w ⋅ × = ⋅ ×× G G G G G GG G que é o módulo do produto misto entre uG , vG e wG . Portanto, [ , , ]V u v w= G G G 1 2 3 1 2 3 1 2 3 u u u v v v w w w = que completa a prova. 1.18 Exercícios 1) Dados os vetores aG = (1, 2,1) e bG = (2,1, 0), calcular: a) 2 aG × ( aG + bG ) b) ( aG + 2 bG ) × ( aG - 2 bG ) Resp. a) (-2, 4, -6) b) (1, -4, -6) 2) Dados os pontos A(2, -1, 2), B(1, 2, -1) e C(3, 2,1), determinar o vetor ( )2CB BC CA× −JJJG JJJG JJJG . Resp. (12, -8, -12) 3) Determinar um vetor simultaneamente ortogonal aos vetores 2 aG + bG e b G - aG , sendo aG = (3, -1, -2) e b G =(1, 0, -3). Resp. k(3, 7, 1), k escalar 4) Dados os vetores aG = (1,-1,2), bG = (3,4,-2) e cG =(-5,1,-4), mostrar que ( ) ( )a b c a b c⋅ × = × ⋅G GG G G G Resp. ( ) 10 ( )a b c a b c⋅ × = = × ⋅G GG G G G 5) Determinar o valor de m para que o vetor aG = (1, 2, m) seja simultaneamente ortogonal aos vetores b G =(2, -1, 0) e cG = (1, -3, -1) . Resp. – 5 6) Dados os vetores ( ,5 , ) 2 cv a b= −G e wG = (-3a, x, y), determinar x e y para que 0v w× = GG G . Resp. x = 15b, y = 3 2 c 7) Verificar se são coplanares os seguintes vetores: Álgebra Linear I: Vetores – Prof. Disney 20 a) uG = (3,-1,2), vG = (1,2,1) e wG = (-2,3,4) b) uG = (2, -1, 0), vG = (3, 1, 2) e wG = (7, -1, 2) Resp. a) Não b) Sim 8) Verificar se são coplanares os pontos: a) A(1, 1, 1), B(-2, -1, -3), C(0, 2, -2) e D(-1, O, -2)b) A(1,0,2), B(-1,0,3), C(2,4,1) e D(-1,-2,2) c) A(2, 1,3), B(3, 2, 4), C(-1, -1, -1) e D(0, 1, -1) Resp. a) Sim b) Não c) Sim 9) Para que valor de m os pontos A(m, 1, 2), B(2, -2, -3), C(5, -1, 1) e D(3, -2 -2) são coplanares? Resp. m = 4 10) Determinar o valor de k para que os seguintes vetores sejam coplanares: a) aG = (2,-1,k), bG = (1, 0, 2) e cG = (k,3,k) b) aG = (2,1, 0), bG = (1, 1, -3) e cG = (k, 1, -k) c) aG = (2,k, 1), bG = (1,2,k) e cG = (3,0,-3) Resp. a) 6 b) 3 2 c) 2 ou -3 11) Sejam os vetores uG = (1, 1, 0), vG = (2, 0, 1), 1 3 2w u v= −G G G , 2 3w u v= +G G G e 3 2w i j k= + − GG GG .Determinar o volume do paralelepípedo definido por 1 2,w w G G e 3wG . Resp. 44 u.v.
Compartilhar