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NEUROCIÊNCIAS
Unidade III
7 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E SEUS INSTRUMENTOS
De acrodo com Costa et al. (2004, p. s111), “o principal enfoque da neuropsicologia é o desenvolvimento 
de uma ciência do comportamento humano baseada no funcionamento do cérebro”.
A avaliação neuropsicológica (AN) tem como principal objetivo compreender como diferentes 
funções cognitivas são afetadas por condições neurológicas, psiquiátricas e do desenvolvimento. Para 
isso, considera‑se a relação entre estruturas cerebrais e comportamento, buscando avaliar habilidades 
como memória, atenção, funções executivas e linguagem. Uma avaliação eficaz requer um olhar atento 
às particularidades de cada paciente, respeitando sua individualidade e história clínica, além do uso de 
instrumentos adequados e validados (Santos, F. H.; Andrade, V. M.; Bueno, O. F. A., 2015).
A AN é fundamentada em três áreas principais: neurociência clínica, psicologia experimental 
e reabilitação psiquiátrica. A neurociência clínica contribui para o entendimento das funções cerebrais e 
suas relações com déficits comportamentais, baseando‑se em pesquisas desde Paul Broca e Carl Wernicke 
até os avanços da neuroimagem funcional (Fuentes et al., 2013). Já a psicologia experimental fornece 
métodos de medição comportamental que permitiram o desenvolvimento de testes neuropsicológicos 
padronizados. Por fim, as reabilitações psiquiátrica e neuropsicológica focam na adaptação da avaliação 
conforme as necessidades do paciente, visando intervenções mais eficazes (Malloy‑Diniz et al., 2018).
7.1 Introdução à avaliação neuropsicológica e seus princípios
A avaliação neuropsicológica se baseia no princípio de que o funcionamento cerebral ocorre de forma 
integrada, com diferentes áreas cerebrais operando em conjunto para a execução de funções cognitivas 
e comportamentais. Pode‑se comparar esse funcionamento ao de uma orquestra: cada instrumento tem 
um papel específico, mas é a harmonia entre eles que produz uma composição coesa. Cada estrutura do 
cérebro contribui para o desempenho cognitivo global e qualquer alteração em uma dessas partes pode 
afetar o funcionamento do todo.
O neuropsicólogo deve compreender essa interdependência para interpretar os resultados dos testes 
com precisão. O simples levantamento de escores não é suficiente; é necessário considerar variáveis 
individuais, como histórico clínico, emocional e social do paciente. O conhecimento aprofundado do 
sistema nervoso e das patologias que afetam o cérebro é essencial para diferenciar manifestações 
normais do funcionamento cerebral de déficits patológicos.
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Unidade III
A avaliação neuropsicológica deve seguir duas regras fundamentais:
• Trate seu paciente como um indivíduo: a análise deve ser personalizada, considerando 
idade, escolaridade, contexto sociocultural e histórico médico do paciente. Aplicar a avaliação 
de forma padronizada, sem levar em conta as particularidades do indivíduo, pode levar a 
interpretações equivocadas.
• Pense a respeito do que você está fazendo: o profissional deve refletir criticamente sobre cada 
passo do processo avaliativo, desde a escolha dos instrumentos até a interpretação dos dados, 
garantindo que os achados sejam coerentes e aplicáveis à realidade do paciente.
A avaliação neuropsicológica se baseia em três pilares teóricos que a sustentam: neurociência clínica, 
psicologia experimental e reabilitação/psiquiatria.
7.1.1 Neurociência clínica
Fornece base teórica sólida para a avaliação neuropsicológica. Desde os estudos de Paul Broca e 
Carl Wernicke, que estabeleceram a relação entre áreas cerebrais e funções cognitivas, até os avanços 
na neuroimagem, a neuropsicologia tem se beneficiado do conhecimento sobre a estrutura e o 
funcionamento do cérebro (Fuentes et al., 2013).
A ressonância magnética funcional (fMRI) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET) permitiram 
a observação em tempo real da ativação de áreas cerebrais durante tarefas cognitivas, tornando a 
avaliação neuropsicológica mais precisa e fundamentada.
7.1.2 Psicologia experimental
Contribuiu significativamente para a criação de instrumentos de testagem neuropsicológica. Testes 
como o Stroop, que avalia controle inibitório e atenção seletiva, e o Wisconsin Card Sorting Test (WCST), 
que mede flexibilidade cognitiva, foram desenvolvidos a partir de experimentos controlados que permitiram 
entender os processos mentais de maneira objetiva (Malloy‑Diniz et al., 2018). Esses instrumentos 
possibilitam a avaliação de funções como memória, percepção, linguagem e planejamento, sendo essenciais 
para a prática clínica.
7.1.3 Reabilitação e psiquiatria
A avaliação neuropsicológica também tem um papel fundamental na reabilitação e na psiquiatria. 
Alexander Luria, um dos grandes nomes da neuropsicologia, defendia que a avaliação deveria ser 
funcional e adaptada às necessidades do paciente, considerando não apenas déficits, mas também 
habilidades preservadas (Santos, F. H.; Andrade, V. M.; Bueno, O. F. A., 2015).
Esse princípio continua sendo aplicado atualmente, principalmente no contexto de transtornos 
psiquiátricos, como esquizofrenia e transtorno bipolar, nos quais a avaliação neuropsicológica auxilia no 
diagnóstico diferencial e na formulação de estratégias terapêuticas personalizadas.
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NEUROCIÊNCIAS
 Lembrete
A entrevista clínica na avaliação neuropsicológica pode revelar fatores 
emocionais e motivacionais que impactam o desempenho cognitivo, 
complementando os resultados dos testes padronizados.
7.1.4 Integração com outras áreas
A avaliação neuropsicológica não opera isoladamente. Ela deve estar integrada a outras disciplinas, 
como neurologia, psiquiatria e educação. No contexto médico, auxilia na diferenciação entre demências 
e transtornos psiquiátricos. No ambiente educacional, pode ser usada para entender dificuldades de 
aprendizado e propor adaptações pedagógicas para estudantes com dislexia, TDAH ou transtornos do 
espectro autista.
A avaliação neuropsicológica é essencialmente interdisciplinar, frequentemente complementada 
por exames de imagem (como tomografia e ressonância magnética) e avaliação clínica neurológica. 
No  entanto, ela vai além dessas ferramentas ao fornecer um panorama detalhado sobre como as 
alterações cerebrais afetam as capacidades funcionais e a qualidade de vida do indivíduo (Feldman, 
2015; Fuentes et al., 2013).
7.1.5 Diretrizes éticas na avaliação neuropsicológica
A prática da avaliação neuropsicológica deve seguir diretrizes éticas rigorosas, garantindo que os 
resultados sejam utilizados de forma responsável e que o paciente receba um atendimento adequado. 
A Resolução CFP n. 6/2019 reconhece a neuropsicologia como uma especialidade e estabelece normas 
para a atuação profissional. Entre os princípios fundamentais, destacam‑se a confidencialidade das 
informações, a devolutiva adequada ao paciente e à família e o uso criterioso dos testes, respeitando 
suas limitações e evitando interpretações reducionistas (CFP, 2019).
 Observação
A ética na avaliação neuropsicológica não se limita ao consentimento 
informado, mas envolve também a responsabilidade do profissional em 
evitar interpretações inadequadas dos resultados.
Um ponto crucial dentro da ética profissional é a necessidade de evitar diagnósticos precipitados e 
modismos neuropsicológicos. Atualmente, há uma crescente tendência de supervalorização de certos 
transtornos, o que pode levar a diagnósticos rápidos e superficiais. A avaliação neuropsicológica exige 
um processo cuidadoso e detalhado, baseado não apenas nos resultados dos testes, mas também na 
observação clínica e no histórico do paciente. Apressar um diagnóstico pode gerar impactos significativos, 
tanto no tratamento quanto no bem‑estar do indivíduo, reforçando estereótipos e promovendo 
rótulos desnecessários.
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Unidade III
A forma como o diagnóstico é comunicado ao paciente e sua família deve ser feita com responsabilidade. 
A clareza na devolutiva, aliada a uma abordagemutiliza exercícios para estimular a plasticidade cerebral, a fim de 
promover a reorganização funcional em áreas lesionadas.
II – Testes neuropsicológicos são fundamentais para o planejamento de intervenções, pois permitem 
identificar déficits específicos em funções cognitivas e motoras.
III – A reabilitação motora é eficaz apenas em casos de lesões leves do sistema nervoso central.
IV – Estratégias de reabilitação podem envolver ferramentas tecnológicas, como a realidade virtual, 
para melhorar a interação e o engajamento do paciente.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) I, II e IV.
C) III e IV.
D) II, III e IV.
E) I e III.
Resposta correta: alternativa B.
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Unidade III
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: a reabilitação neuropsicológica utiliza exercícios e estratégias específicas para estimular 
a plasticidade cerebral, que é a capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões sinápticas em 
resposta a lesões ou novos aprendizados. Essa abordagem permite que áreas intactas do cérebro assumam 
parcialmente as funções de regiões lesionadas, o que contribui para a recuperação funcional. Por exemplo, 
em casos de AVC, a prática repetitiva de movimentos ou de atividades cognitivas direcionadas pode levar 
à reorganização funcional e promover a melhora das habilidades motoras, linguísticas ou cognitivas.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: os testes neuropsicológicos são ferramentas indispensáveis para identificar déficits 
específicos em funções cognitivas, emocionais e motoras. Eles permitem mapear com precisão os 
prejuízos causados por uma lesão cerebral ou condição neurológica, como memória, atenção, linguagem 
e funções executivas. Esses testes fornecem uma base sólida para o planejamento de intervenções 
individualizadas, garantindo que os programas de reabilitação sejam ajustados às necessidades 
específicas de cada paciente. Por exemplo, identificar déficits em memória de trabalho pode direcionar 
o uso de estratégias compensatórias, como o treinamento em uso de agendas eletrônicas.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: mesmo em lesões graves do sistema nervoso central, como traumas cranioencefálicos 
severos ou lesões medulares completas, intervenções reabilitadoras podem promover melhorias 
significativas. A eficácia, nesse contexto, depende de fatores como a abordagem utilizada, o tempo de 
início da intervenção e a plasticidade residual do sistema nervoso. Por exemplo, terapias que combinam 
estimulação elétrica funcional com exercícios repetitivos têm demonstrado eficácia em promover 
recuperação motora mesmo em casos complexos.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: ferramentas tecnológicas, como a realidade virtual, mostram‑se eficazes na reabilitação 
neuropsicológica por promoverem maior engajamento do paciente e oferecerem simulações interativas 
que auxiliam no reaprendizado de habilidades. Essas ferramentas permitem que os pacientes pratiquem 
tarefas em ambientes seguros e controlados, o que é especialmente útil para reabilitar funções 
motoras, cognitivas e sociais. Por exemplo, jogos de realidade virtual podem ser usados para estimular 
a coordenação motora em pacientes com ataxia ou melhorar a capacidade de planejamento e atenção 
em indivíduos com comprometimento das funções executivas.
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177
NEUROCIÊNCIAS
ANEXO
Modelo 1 – Modelo de estrutura para entrevista inicial
1. Identificação
Nome completo:
Idade:
Sexo
( ) Masculino 
( ) Feminino
( ) Outro
Escolaridade:
Profissão/ocupação:
Estado civil
( ) Solteiro(a) 
( ) Casado(a) 
( ) Separado(a) 
( ) Viúvo(a)
Nome do responsável (se for menor)
Telefone/contato:
2. Motivo da avaliação (queixa principal)
O que motivou a busca por avaliação neuropsicológica?
Por quem a queixa foi percebida?
( ) Próprio paciente 
( ) Familiares 
( ) Escola 
( ) Profissional da saúde
Há quanto tempo os sintomas começaram?
( ) Dias 
( ) Semanas
( ) Meses 
( ) Anos
3. Impacto da queixa
Sintomas interferem em:
( ) Atividades escolares 
( ) Vida profissional 
( ) Relações familiares 
( ) Vida social 
( ) Rotina diária
Como você descreve o impacto dos sintomas na sua vida?
4. Histórico de intervenções anteriores
Já realizou algum tipo de tratamento?
( ) Sim 
( ) Não
Se sim, qual(is)?
( ) Psicoterapia 
( ) Uso de medicação 
( ) Psiquiatria
( ) Neurologia 
( ) Terapia ocupacional 
( ) Fonoaudiologia 
( ) Outros:
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Modelo 2 – Modelo de entrevista de anamnese (crianças e adolescentes)
1. Identificação
Data da entrevista:
Nome civil:
Gênero
( ) Masculino 
( ) Feminino
Data de nascimento:
Idade:
Naturalidade
( ) Capital 
( ) Interior 
( ) Litoral 
( ) Grande São Paulo 
( ) Outro estado( ) Outro país
Nome da mãe:
Idade da mãe:
Escolaridade da mãe:
Ocupação da mãe:
Nome do pai:
Idade do pai:
Escolaridade do pai:
Ocupação do pai:
2. Informações gerais
Qual o principal motivo de buscar psicoterapia?
Queixa principal:
Houve algum encaminhamento (escolar, médico etc.)?
Encaminhamento:
Desde quando começaram os sinais e/ou sintomas?
História prévia da moléstia atual:
3. Estrutura familiar
Com quem reside?
Tem irmão(s)?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, quantos anos tem?
Estado civil dos pais biológicos
( ) Casados 
( ) Separados 
( ) Divorciados 
( ) Outro 
Especifique:
Se separados ou divorciados
1. Quantos anos a criança tinha na época da separação?
2. Quem tem a custódia legal da criança?
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3. Estrutura familiar
Se a criança não mora com nenhum dos pais 
biológicos, com quem mora?
( ) Pais adotivos 
( ) Pais de criação 
( ) Outros familiares 
( ) Abrigo 
( ) Outro
Especifique:
Nome do responsável legal:
Como é o relacionamento entre os pais?
Como é o relacionamento entre a mãe e a 
criança?
Como é o relacionamento entre o pai e a 
criança?
Como é o relacionamento entre os irmãos e a criança (se houver)?
4. Gestação e parto
A gestação foi planejada?
( ) Sim 
( ) Não
Posição na ordem de gestações (1ª, 2ª...):
Abortos naturais
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, quantos?
Abortos provocados
( ) Sim
( ) Não
Se sim, quantos?
Natimortos?
( ) Sim 
( ) Não
Se sim, quantos?
Causa mortis:
Fez pré‑natal?
( ) Sim 
( ) Não 
Intercorrências durante a gravidez?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Pais consanguíneos?
Grau de parentesco:
( ) Sim 
( ) Não
Teve apoio durante a gestação?
( ) Sim 
( ) Não
Se sim, de quem?
A mãe consumiu algum tipo de substância 
durante a gestação?
( ) Cigarro 
( ) Álcool 
( ) Drogas 
( ) Outras drogas
Frequência:
180
4. Gestação e parto
Tempo de gestação:
Tipo de parto
( ) Normal 
( ) Fórceps 
( ) Cesárea 
Duração:
Intercorrências no parto?
( ) Icterícia 
( ) Sofrimento fetal 
( ) Desconforto respiratório 
( ) Anóxia 
( ) Convulsões 
( ) Malformação 
( ) Outra:
Peso ao nascer:
Tamanho ao nascer:
Notas de Apgar:
Tempo de internação:
Amamentação ao seio?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, até que idade?
Uso de mamadeira?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, até que idade?
Uso de chupeta?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, até que idade?
5. Primeira infância
A) Conduta, comportamento e desenvolvimento. Algumas das condições a seguir ocorreram nos 
primeiros anos de vida?
( ) Muito quieto ( ) Cólicas
( ) Bater a cabeça na parede ( ) Inquieto
( ) Pouco alerta ( ) Não gostava de ser abraçado
( ) Sono excessivo ( ) Interessado
( ) Número excessivo de acidentes ( ) Difícil de ser acalmado
( ) Pouco sono ( ) Irritabilidade e choro frequente
B) Motor grosso – informe com qual idade a criança:
Sustentou a cabeça:
Sentou:
Engatinhou:
Ficou de pé:
Andou:
Desfraldou:
C) Motor fino – a criança consegue:
Alimentar‑se sozinha com talheres? ( ) Sim
( ) Não
Rabiscar? ( ) Sim
( ) Não
Amarrar os sapatos? ( ) Sim
( ) Não
181
5. Primeira infância
Vestir‑se sozinha (colocar meia, abotoar calças 
ou camisas)?
( ) Sim
( ) Não
D) Linguagem
Com qual idade balbuciou?
Com qual idade formou as primeiras palavras isoladas?
Quais foram essas palavras?
Com qual idade formou frases?
Apresentou ou ainda apresenta alguma 
dificuldade de fala?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
Sabe nomear ou reconhecer itens quando 
mencionados?
( ) Sim
( ) Não
E) Sono
Como classifica o sono:
( ) Calmo 
( ) Agitado 
( ) Acorda muitas vezes durante a noite 
( ) Fala dormindo
( ) Range os dentes 
( ) Olhos abertos durante o sono 
( ) Terror noturno 
( ) Pesadelos 
( ) Ronca 
( ) Enurese noturna
Dorme sozinho? ( ) Sim
( ) Não
Precisa de ajuda? ( ) Sim
( ) Não
Dorme na própria cama? ( ) Sim
( ) Não
Onde/com quem dorme?
F) Alimentação
As refeições são feitas em casa?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
Consegue comer sozinho? ( ) Sim
( ) Não
Precisa de ajuda? ( ) Sim
( ) Não
Apresenta seletividade de alimentos?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
G) Cognição social
Tem rede social de amigos?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, onde?
182
5. Primeira infância
Como é o comportamento da criança junto aos colegas?
Demonstra preferências no brincar e/ou 
atividades?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
H) Outras manifestações comportamentais
Conhece direita e esquerda?
( ) Sim
( ) Não
No caso negativo, o que acontece?
É organizado com as suas coisas?
( ) Sim
( ) Não
No caso negativo, o que acontece?
Rói unhas?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, desde quando?
Morde os lábios?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, desde quando?
Apresenta comportamentos repetitivos e/ou 
estereotipados?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
Apresenta comportamentos de autoagressão?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
Apresenta comportamentos de heteroagressão?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
183
6. Escolaridade e aprendizagem
Tem queixa da escola?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
Nome da escola:
Tipo
( ) Municipal 
( ) Estadual 
( ) Particular
Período
( ) Matutino 
( ) Vespertino 
( ) Integral
Entrou na escola com quantos anos?
Socialização/adaptação:
Mudanças de escolas:
Está alfabetizado?
( ) Sim
( ) Não
Com qual idade começou a ler?
Gosta de estudar?
( ) Sim
( ) Não
Desempenho escolar (repetência? reforço?):
Matérias com mais facilidade:
Matérias com mais dificuldade:
Hábitos de estudo?
Atividade extracurricular?
Com quem fica na volta da escola?
7. Histórico médico
Apresenta ou já teve algum sintoma ou 
diagnóstico a seguir?
( ) Paralisia cerebral 
( ) Tumor no sistema nervoso central 
( ) Crises ou epilepsia 
( ) Síndrome genética 
( ) Convulsões 
( ) Desmaios 
( ) Enxaquecas
Especifique quando/frequência:
Tem outras doenças existentes?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
Tem algum sintoma/sequela desse diagnóstico?
Toma medicação?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
184
7. Histórico médico
Apresenta dificuldade visual?
( ) Sim
( ) Não
Apresenta dificuldade auditiva?
( ) Sim
( ) Não
Apresenta dificuldade de deambulação/marcha?
( ) Sim
( ) Não
Realizou exames de imagem?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
Já precisou fazer alguma cirurgia?
( ) Sim
( ) Não
Já foi internado?
( ) Sim
( ) Não
Doenças na família?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
Mortes na família?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
Histórico de diagnósticos psiquiátricos 
na família?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
Faz acompanhamento em outras especialidades?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual(is)?
185
Modelo 3 – Modelo de entrevista de anamnese adulto
1. Identificação
Data da avaliação:
Nome civil:
Gênero
( ) Masculino 
( ) Feminino 
( ) Outro
Data de nascimento:
Idade:
Estado civil
( ) Solteiro(a)
( ) Casado(a)
( ) União estável
( ) Separado(a)
( ) Divorciado(a)
( ) Viúvo(a)
Naturalidade
( ) Capital 
( ) Interior 
( ) Litoral 
( ) Grande São Paulo
( ) Outro estado
( ) Outro país
Informante/acompanhante (se houver):
Grau de parentesco:
Profissional responsável:
CRP:
2. Informações gerais
Queixa principal:
Encaminhamento:
História prévia da moléstia atual:
Outras doenças existentes:
Sintomas/sequelas:
Faz acompanhamento em outras especialidades?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Toma medicação?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Já realizou exames?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
186
2. Informações gerais
Algum sintoma ou diagnóstico a seguir?
( ) Paralisia cerebral 
( ) Tumor no sistema nervoso central 
( ) Epilepsia 
( ) Síndrome genética 
( ) Convulsões 
( ) Desmaios 
( ) Enxaquecas
Especifique quando/frequência:
Doenças na família?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Mortes na família?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Histórico de diagnósticos psiquiátricos 
na família?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
3. Estrutura familiar
Com quem reside?
Onde reside?
Genograma (escrever oudesenhar a estrutura da família):
4. Escolaridade
Nível de escolaridade
( ) Analfabeto
( ) Analfabeto funcional
( ) Infantil incompleto
( ) Infantil completo
( ) Fundamental I incompleto
( ) Fundamental I completo
( ) Fundamental II incompleto
( ) Fundamental II completo
( ) Médio incompleto
( ) Médio completo
( ) Superior incompleto
( ) Superior completo
Começou a estudar com qual idade?
Em que ano concluiu/parou?
187
4. Escolaridade
Escola
( ) Pública 
( ) Particular
( ) Outro
Tinha bom desempenho escolar?
( ) Sim 
( ) Não
Tinha queixa da escola?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, em qual(is)?
Houve repetência?
( ) Sim 
( ) Não
Se sim, em que ano?
Dificuldade em matérias específicas?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Fez cursos extracurriculares?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
5. Ocupação profissional
Situação ocupacional
( ) Ativo 
( ) Afastado pelo INSS 
( ) Desempregado 
( ) Aposentado
Ocupação atual:
Trabalhos anteriores:
Frequência de mudanças
( ) Frequente (menos de 1 ano) 
( ) Regular (1 a 3 anos) 
( ) Baixa (a partir de 3 anos)
Há queixas relacionadas ao trabalho? 
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Quais são as perspectivas com relação ao lado profissional?
O que gosta de fazer nos momentos de lazer?
7. Aspectos de saúde geral
Alteração sensorial?
( ) Audição 
( ) Visão 
( ) Tato 
Explique:
188
7. Aspectos de saúde geral
Qualidade do sono adequada?
( ) Sim 
( ) Não 
Explique:
Qualidade do sono adequada?
( ) Sim 
( ) Não 
Explique:
Qualidade da alimentação adequada?
( ) Sim 
( ) Não 
Explique:
Antecedentes psicológicos e/ou psiquiátricos?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Ideação ou tentativa de suicídio?
( ) Sim 
( ) Não 
Especifique:
Hábitos nocivos?
( ) Sim ( ) Não 
Qual(is)?
( ) Fumo
( ) Álcool
( ) Outras drogas
Especifique:
8. Aspectos cognitivos
Alteração na atenção?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alteração de orientação?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alteração na sensopercepção?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
189
8. Aspectos cognitivos
Alteração na memória?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alteração na linguagem?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alteração de motricidade?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alteração de funcionamento executivo?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
9. Aspectos emocionais e comportamentais
Alteração do humor?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alterações das emoções e dos sentimentos?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Alterações de comportamento?
( ) Sim 
( ) Não 
Se sim, qual(is)?
Mudanças após o adoecimento?
( ) Sim ( ) Não 
Quais?
( ) Humor ( ) Alimentação ( ) Sono ( ) Sexualidade
( ) Atividades diárias ( ) Emoções/sentimentos ( ) Comportamento ( ) Socialização
( ) Lazer ( ) Financeiras ( ) Outras
Especifique alterações:
190
10. Rotina diária e interação social
Atividades de vida diária
( ) Satisfatórias 
( ) Parcialmente satisfatórias 
( ) Insatisfatórias 
Explique:
Atividades ocupacionais
( ) Satisfatórias 
( ) Parcialmente satisfatórias 
( ) Insatisfatórias 
Explique:
Atividades sociais
( ) Satisfatórias
( ) Parcialmente satisfatórias
( ) Insatisfatórias
Explique:
Interação familiar
( ) Satisfatória
( ) Parcialmente satisfatória
( ) Insatisfatória
Explique:
Relacionamento interpessoal
( ) Satisfatório 
( ) Parcialmente satisfatório 
( ) Insatisfatório 
Explique:
Com quem reside:
( ) Sozinho ( ) Amigos ( ) Família
Se morar com familiares, com qual família reside?
( ) Origem ( ) Nuclear ( ) Outros
Explique:
Tem rede de apoio?
( ) Sim ( ) Não 
Especifique:
( ) Familiares ( ) Amigos ( ) Vizinhos ( ) Outros 
Explique:
191
Modelo 4 – Modelo de entrevista devolutiva
Diretrizes para apresentação de resultados e recomendações
Abertura e contextualização
Começar com uma introdução tranquila e 
empática, ressaltando que o objetivo é fornecer 
uma visão clara dos resultados e colaborar com 
o paciente
Esclarecer a metodologia utilizada e como os 
resultados foram obtidos (testes, observações 
e entrevistas)
Apresentação dos resultados
Explicar os resultados das avaliações cognitivas 
(atenção, memória, funções executivas etc.) de 
forma clara e compreensível
Discutir os pontos fortes do paciente e as áreas 
que apresentam dificuldades
Relatar as observações clínicas e qualquer sinal 
de comorbidade ou condições associadas (como 
TDAH, ansiedade, depressão)
Diagnóstico (se aplicável)
Explicar o diagnóstico neuropsicológico, se 
houver, de forma clara e acessível
Discutir as implicações do diagnóstico na vida 
do paciente, sem estigmatizar
Recomendações e intervenções
Oferecer sugestões de tratamento e apoio, 
como psicoterapia, acompanhamento médico, 
reabilitação cognitiva etc.
Recomendar ajustes no ambiente de trabalho, 
escola ou casa, se necessário
Orientar sobre estratégias de enfrentamento 
para as dificuldades cognitivas ou emocionais
Encerramento
Reforçar a importância do seguimento e do 
trabalho em equipe (incluindo psicólogo, 
psiquiatra, familiares etc.)
Explicar próximos passos e como a intervenção 
será realizada
Abrir espaço para dúvidas e questionamentos, 
fornecendo suporte para qualquer 
necessidade adicional
Entrega de relatório escrito (se aplicável)
Informar ao paciente sobre a entrega do laudo 
neuropsicológico formal, se necessário
Orientar sobre o que será feito com os 
resultados, como a entrega a outros profissionais 
de saúde ou escolas
192
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000humanizada, pode evitar ansiedade desnecessária e 
garantir que o paciente compreenda as implicações do resultado. O profissional também tem o papel de 
desmistificar a necessidade de um diagnóstico e esclarecer que a avaliação não se reduz a um simples 
rótulo, mas trata‑se de uma ferramenta para compreender o funcionamento cognitivo e auxiliar no 
desenvolvimento de estratégias personalizadas para cada caso.
7.2 O que diferencia a avaliação neuropsicológica de outras avaliações
A avaliação neuropsicológica se diferencia de outras formas de avaliação psicológica e médica por 
sua abordagem específica no funcionamento cognitivo e suas relações com o cérebro. Enquanto a 
avaliação psicológica tradicional aborda os aspectos emocionais, comportamentais e de personalidade, 
a neuropsicológica entende como déficits em funções cerebrais impactam a cognição e o comportamento. 
A avaliação neuropsicológica difere de exames neurológicos, como EEG e neuroimagem, que identificam 
alterações estruturais e funcionais do cérebro, mas não fornecem informações detalhadas sobre o 
desempenho cognitivo do paciente em atividades do dia a dia. Lezak et al. (1995 apud Cunha, 2000, 
p. 174) observam que “ neuropsicologistas não podem estabelecer um diagnóstico neuropsicológico, 
mas podem fornecer dados e formulações diagnósticas que contribuem para as conclusões diagnósticas“.
Determinadas características distinguem a avaliação neuropsicológica tanto da avaliação psicológica 
tradicional quanto dos exames neurológicos.
A avaliação psicológica tradicional foca nos aspectos emocionais, traços de personalidade e 
psicopatologias, sendo utilizada principalmente para diagnóstico clínico de transtornos mentais, 
suporte terapêutico e orientação vocacional. A avaliação neuropsicológica investiga funções cognitivas 
como memória, atenção, linguagem e funções executivas. É fundamental para diagnosticar condições 
neurológicas como TDAH, Alzheimer, AVC e lesões cerebrais traumáticas (Malloy‑Diniz et al., 2018).
Já exames como EEG e ressonância magnética funcional (fMRI) detectam anormalidades cerebrais, 
como tumores ou padrões atípicos de ativação neural, mas não conseguem medir como essas alterações 
afetam o desempenho funcional do paciente. A avaliação neuropsicológica complementa esses exames 
ao identificar déficits específicos de cognição e comportamento que podem não ser visíveis em exames 
de imagem (Fuentes et al., 2013).
A avaliação neuropsicológica possui um papel essencial na prática clínica, com aplicações diretas 
no diagnóstico, planejamento de intervenções e acompanhamento da evolução do paciente. Ela é 
fundamental para a diferenciação de transtornos que apresentam sintomas semelhantes, como o TDAH 
e dificuldades de aprendizagem, ou para distinguir entre depressão e demência inicial, condições que 
podem ser facilmente confundidas devido à sobreposição de sintomas. O perfil cognitivo identificado 
durante a avaliação orienta a escolha de estratégias terapêuticas mais eficazes. Por exemplo, pacientes 
com dificuldades de memória podem se beneficiar de técnicas de compensação cognitiva, enquanto 
aqueles com déficits em funções executivas podem necessitar de estratégias estruturadas de 
planejamento e organização.
147
NEUROCIÊNCIAS
Esse tipo de avaliação não se restringe apenas ao diagnóstico, sendo também crucial no planejamento 
terapêutico e na reabilitação do paciente. O laudo neuropsicológico pode orientar ajustes nos contextos 
educacionais, profissionais e sociais, recomendando adaptações ambientais para indivíduos com déficits 
cognitivos. Por exemplo, ele pode indicar modificações no ambiente de trabalho ou em estratégias de 
ensino para melhorar a qualidade de vida do paciente.
A avaliação neuropsicológica possibilita a definição de estratégias de reabilitação personalizadas. 
O perfil cognitivo detalhado do paciente permite a elaboração de planos de tratamento adaptados às 
suas necessidades específicas, como reabilitação neuropsicológica, terapia ocupacional ou intervenções 
psicopedagógicas. O acompanhamento contínuo por meio de avaliações periódicas também é 
fundamental para monitorar a evolução do paciente, possibilitando ajustes na abordagem terapêutica 
conforme necessário.
Podemos citar vários exemplos práticos de intervenções baseadas nos achados da avaliação 
neuropsicológica. Por exemplo, em um paciente com AVC que apresenta afasia, pode‑se recomendar 
terapia fonoaudiológica para reabilitação da linguagem. No caso de uma criança com TDAH, pode‑se 
implementar estratégias de manejo comportamental e treinamentos voltados para as funções executivas. 
Em pessoas idosas com declínio cognitivo leve, intervenções focadas no treino de memória e o uso de 
estratégias compensatórias são essenciais para maximizar sua autonomia e qualidade de vida, como 
observado em estudos de Barkley (2017).
A avaliação neuropsicológica não apenas fornece informações cruciais para o diagnóstico, mas também 
guia o desenvolvimento de intervenções que podem melhorar significativamente o funcionamento e a 
qualidade de vida dos pacientes, respeitando suas necessidades individuais e contextos específicos.
Dessa forma, a avaliação neuropsicológica não apenas auxilia na compreensão do quadro clínico 
do paciente, mas também orienta diretamente as estratégias de intervenção para promover melhor 
qualidade de vida.
7.3 Entrevista clínica
A entrevista clínica é uma das etapas mais importantes da avaliação neuropsicológica, pois oferece 
um primeiro contato entre o profissional e o paciente, estabelecendo a base para o desenvolvimento 
de uma compreensão mais profunda sobre o histórico, as condições cognitivas e o impacto funcional de 
qualquer distúrbio neuropsicológico. A entrevista não é apenas uma conversa, mas uma ferramenta 
diagnóstica fundamental, permitindo ao neuropsicólogo coletar informações essenciais, observar o 
comportamento do paciente e identificar áreas que exigem maior investigação (Malloy‑Diniz et al., 2018).
A entrevista clínica pode ser dividida em três partes principais: entrevista inicial, anamnese e 
entrevista devolutiva. Cada uma dessas etapas tem uma função específica dentro do processo de 
avaliação neuropsicológica, contribuindo para a formulação de hipóteses e a criação de um plano 
de tratamento ou intervenção.
148
Unidade III
Para auxiliar na condução das entrevistas, anexos ao final deste material fornecerão modelos 
estruturados para cada etapa do processo:
• Modelo de entrevista inicial: com tópicos essenciais a serem explorados na coleta de informações.
• Modelo de anamnese: estrutura detalhada para registro do histórico do paciente.
• Modelo de entrevista devolutiva: diretrizes para apresentação dos resultados e recomendações 
ao paciente e seus familiares.
7.3.1 Entrevista inicial
A entrevista inicial coleta informações gerais sobre o paciente, como a queixa principal, o histórico 
médico e familiar; além de fatores sociais e ambientais relacionados ao desempenho cognitivo. 
Diferente da entrevista clínica tradicional, que evidencia predominantemente o estado emocional e 
comportamental, a entrevista inicial na avaliação neuropsicológica busca compreender a relação entre 
possíveis alterações cerebrais e o funcionamento cognitivo.
Durante essa fase, é essencial que o profissional estabeleça um vínculo de confiança com o paciente, 
utilizando uma abordagem empática e linguagem acessível. Também é importante que o avaliador 
observe sinais não verbais do paciente, como dificuldades em seguir a conversa, hesitação ao responder 
perguntas ou expressões emocionais que possam indicar ansiedade ou desconforto.
Os principais tópicos abordados na entrevista inicial incluem:
• Queixa principal: descrição dos sintomas ou dificuldades relatadas pelo paciente ou por 
seus familiares.
• Histórico médico e psiquiátrico: doenças prévias, uso de medicações, hospitalizações, traumas 
cranianos ou outras condições neurológicas.
• Histórico familiar: presença de transtornospsiquiátricos ou doenças neurodegenerativas na família.
• Aspectos sociais e educacionais: nível de escolaridade, ocupação, rotina diária, hábitos de vida 
e suporte familiar.
• Uso de substâncias: histórico de consumo de álcool, tabaco e outras substâncias que possam 
impactar a cognição.
7.3.2 Anamnese
A anamnese é uma parte mais profunda e detalhada da entrevista, em que o neuropsicólogo coleta 
informações sobre a história de vida do paciente para entender melhor o desenvolvimento das funções 
cognitivas, emocionais e comportamentais. A anamnese é fundamental para compreender o contexto 
149
NEUROCIÊNCIAS
do paciente e identificar com mais precisão as possíveis causas de disfunções cognitivas (Santos, F. H.; 
Andrade, V. M.; Bueno, O. F. A., 2015).
Os aspectos principais abordados na anamnese incluem:
• Histórico de desenvolvimento: a coleta de informações sobre o desenvolvimento da criança ou 
do paciente, caso se trate de um paciente infantil ou de um adulto com histórico de dificuldades 
cognitivas desde a infância. Inclui marcos importantes, como o início da fala, aprendizagem 
escolar etc. (Fuentes et al., 2013).
• Histórico médico e familiar: investiga‑se a história médica familiar, pois muitas condições 
neurológicas têm componentes hereditários. São verificadas condições médicas relevantes do 
paciente, como doenças neurológicas, lesões traumáticas ou cirurgias cerebrais anteriores 
(Malloy‑Diniz et al., 2018).
• Histórico emocional e psicossocial: a anamnese explora aspectos psicossociais e emocionais, 
pois condições como ansiedade, depressão ou estresse podem afetar as funções cognitivas. 
Aqui, o neuropsicólogo busca compreender o impacto desses fatores na vida do paciente e suas 
dificuldades cognitivas (Santos, F. H.; Andrade, V. M.; Bueno, O. F. A., 2015).
• Avaliação do contexto funcional: o profissional verifica como o paciente lida com suas 
atividades diárias, como o trabalho, os estudos, as relações familiares e sociais. Isso pode ajudar a 
entender o grau de comprometimento das funções cognitivas e sua relação com a qualidade de 
vida do paciente (Fuentes et al., 2013).
A anamnese deve ser conduzida de forma flexível, permitindo que o paciente ou seus familiares 
relatem informações relevantes que possam não estar incluídas em um roteiro estruturado.
7.3.3 Entrevista devolutiva
A entrevista devolutiva ocorre ao final da avaliação e objetiva apresentar os resultados ao paciente 
e seus familiares, fornecendo um panorama sobre seu funcionamento cognitivo e sugestões de 
encaminhamentos terapêuticos.
Para que a devolutiva da avaliação neuropsicológica seja eficaz, é fundamental que o neuropsicólogo 
adote algumas práticas essenciais. Primeiramente, é importante utilizar uma linguagem acessível, 
evitando o uso excessivo de termos técnicos e explicando os achados de forma clara. Isso facilita a 
compreensão dos resultados por parte do paciente e seus familiares, que, muitas vezes, não possuem 
conhecimento especializado.
O neuropsicólogo deve estar preparado para lidar com as reações emocionais que podem surgir 
durante a devolutiva. É comum que pacientes e familiares se sintam surpresos, aliviados ou até 
preocupados com os resultados. O profissional precisa estar atento a essas reações, oferecendo o 
150
Unidade III
suporte emocional necessário e ajudando o paciente a entender o significado dos achados, sem causar 
alarmismo ou pânico.
Por fim, a devolutiva deve incluir recomendações práticas e concretas. O laudo neuropsicológico deve 
ter sugestões claras de intervenções, como reabilitação cognitiva, acompanhamento psicoterapêutico, 
orientações educacionais ou até mudanças na rotina do paciente. Essas recomendações ajudam a 
direcionar o paciente e seus familiares para as próximas etapas do tratamento e intervenção, contribuindo 
para a melhoria do quadro apresentado (Malloy‑Diniz et al., 2018).
A devolutiva não se resume à simples comunicação dos resultados dos testes, mas também é uma 
oportunidade para proporcionar ao paciente uma explicação clara sobre os déficits identificados, seu 
impacto nas funções cognitivas e comportamentais e o plano de intervenção a ser seguido (Fuentes 
et al., 2013).
Os pontos principais abordados na entrevista devolutiva incluem:
• Apresentação dos resultados: o neuropsicólogo apresenta ao paciente (ou familiares, caso 
necessário) os resultados obtidos nos testes, explicando o que foi avaliado e o que os resultados 
indicam sobre as funções cognitivas do paciente (Malloy‑Diniz et al., 2018).
• Explicação dos déficits identificados: se houver déficits, o neuropsicólogo explica quais áreas 
cognitivas estão comprometidas, como memória, atenção, funções executivas, linguagem etc., 
e como isso impacta as atividades diárias do paciente (Santos, F. H.; Andrade, V. M.; Bueno, 
O. F. A. 2015).
• Discussão do diagnóstico e suas implicações: o profissional pode dar uma visão geral sobre 
o diagnóstico clínico, baseado nos resultados da avaliação neuropsicológica, sem fornecer um 
diagnóstico definitivo (caso ainda não tenha sido confirmado pelo médico responsável), mas 
esclarecendo os achados que contribuem para o diagnóstico (Fuentes et al., 2013).
• Plano de intervenção: o neuropsicólogo fornece um plano de intervenção que pode incluir 
recomendação para tratamentos médicos, terapia cognitiva, reabilitação neuropsicológica, 
entre outros, dependendo da situação. Essa etapa também envolve o esclarecimento sobre a 
continuidade do acompanhamento, a importância da adesão ao tratamento e os objetivos da 
reabilitação (Malloy‑Diniz et al., 2018).
• Orientações psicossociais: além das orientações clínicas, a entrevista devolutiva também pode 
incluir conselhos sobre como lidar com os desafios diários, estratégias de enfrentamento e apoio 
psicossocial para o paciente e seus familiares (Santos, F. H.; Andrade, V. M.; Bueno, O. F. A., 2015).
A devolutiva também desempenha um papel fundamental na adesão ao tratamento. Quando bem 
conduzida, pode ajudar o paciente e sua família a compreenderem melhor as dificuldades identificadas 
e se engajarem nas estratégias recomendadas.
151
NEUROCIÊNCIAS
7.4 Avaliação neuropsicológica: protocolos fixos versus construção 
personalizada
A avaliação neuropsicológica pode ser realizada de diferentes maneiras, sendo as duas abordagens 
principais o uso de protocolos fixos e a construção personalizada da avaliação. Ambas são valiosas e podem 
ser utilizadas de forma complementar, dependendo do objetivo clínico e das características do caso.
7.4.1 Protocolos fixos
Os protocolos fixos consistem na aplicação de baterias de testes padronizados, com sequência 
e metodologia predefinidas, para avaliar o funcionamento cognitivo do paciente. Esses testes são 
selecionados com base em normas estabelecidas por grandes estudos populacionais, o que permite uma 
comparação direta dos resultados do paciente com a média populacional (Cohen; Swerdlik, 2018).
Essa abordagem tem vantagens notáveis, como a objetividade e a reprodutibilidade dos resultados, 
o que facilita a comparação entre diferentes pacientes e diferentes momentos de avaliação. Ela possibilita 
que o psicólogo tenha acesso a dados que permitem inferir sobre distúrbios neuropsicológicos comuns, 
como déficits de atenção, memória ou funções executivas. O uso de protocolos fixos é especialmente 
útil em contextos de triagem ou quando o tempo para a avaliação é limitado, permitindo ao psicólogo 
uma rápida compreensão geral do funcionamento cognitivo do paciente (Lezak et al., 2012).
No entanto, uma desvantagem dessa abordagem é que ela pode não ser sensível o suficiente para 
detectar deficiências cognitivas em áreas específicas ou em pacientes com queixas cognitivas mais 
sutis. Por exemplo, em pacientes com quadros neurológicos raros ou com lesões cerebrais específicas, 
a avaliação padronizada pode não ser capaz de identificar de maneira aprofundada as áreas afetadas.
7.4.2 Construção personalizada da avaliação
A abordagem daconstrução personalizada da avaliação se baseia na adaptação dos testes e na 
escolha criteriosa de instrumentos que atendam às necessidades do caso clínico em questão. Nesse 
modelo, o psicólogo considera a queixa do paciente, seu histórico clínico e psicológico, e outros fatores 
contextuais para determinar quais funções cognitivas precisam ser avaliadas profundamente. Isso 
significa que a avaliação é flexível e adaptada ao paciente, podendo incluir tarefas personalizadas, além 
dos testes tradicionais.
A principal vantagem dessa abordagem é que ela oferece uma análise mais detalhada e direcionada, 
sendo útil quando o psicólogo precisa explorar áreas cognitivas específicas que não são suficientemente 
bem representadas por testes padronizados. Por exemplo, em casos de AVC, o psicólogo pode precisar 
avaliar de forma personalizada as habilidades motoras ou as funções executivas do paciente para 
compreender o impacto da lesão. Isso torna a avaliação mais sensível a déficits muito específicos, que 
podem não ser capturados pelos protocolos fixos (Nascimento; Fonseca, 2020).
152
Unidade III
 Lembrete
A flexibilidade na construção de protocolos personalizados de avaliação 
neuropsicológica é essencial para pacientes com múltiplas comorbidades, 
pois permite adaptar os testes às necessidades específicas.
A construção personalizada da avaliação é particularmente indicada em contextos clínicos 
complexos, em que há múltiplas comorbidades ou em pacientes com características que exigem 
uma investigação aprofundada. Um exemplo disso pode ser o uso dessa abordagem em crianças 
com autismo, em que as manifestações cognitivas são muito variadas e os protocolos fixos podem 
não refletir com precisão o funcionamento mental da criança em diversas situações (Goldstein; 
Beers, 2017).
7.4.3 A combinação das abordagens: uma não exclui a outra
Uma abordagem não exclui a outra e, em muitos casos, o ideal é uma combinação das duas. A aplicação 
de protocolos fixos oferece uma visão objetiva do funcionamento cognitivo geral, enquanto a construção 
personalizada se aprofunda nas áreas que demandam uma análise mais específica. Usar uma abordagem 
mista possibilita ao psicólogo um equilíbrio entre a eficiência e a precisão, permitindo uma avaliação 
mais completa e representativa das funções cognitivas do paciente.
A combinação pode ser vantajosa quando o psicólogo deseja validar ou refinar as hipóteses que 
surgem durante a avaliação personalizada. Por exemplo, após observar déficits em funções específicas 
durante a avaliação personalizada, ele pode decidir aplicar um protocolo fixo para confirmar esses 
achados e obter uma perspectiva mais comparativa e quantitativa sobre as habilidades cognitivas 
do paciente.
O uso das duas abordagens também facilita a transparência no processo diagnóstico, uma vez que 
os resultados podem ser apresentados com uma base objetiva (protocolos fixos) e complementados por 
uma visão detalhada e individualizada (avaliação personalizada), garantindo que a interpretação do 
psicólogo seja a mais precisa e fundamentada possível.
7.5 Testagem neuropsicológica
A testagem neuropsicológica é uma etapa essencial da avaliação, pois permite mensurar objetivamente 
o funcionamento cognitivo do paciente. Por meio de testes padronizados e qualitativos, o profissional 
pode investigar habilidades como atenção, memória, linguagem, raciocínio lógico e funções executivas. 
A correta seleção, aplicação e interpretação dos testes garantem que os resultados sejam fidedignos e 
úteis para o planejamento terapêutico e reabilitação.
153
NEUROCIÊNCIAS
 Saiba mais
Tecnologias de machine learning estão sendo integradas à testagem 
neuropsicológica para detectar padrões sutis de declínio cognitivo antes que 
sintomas clínicos evidentes se manifestem.
Para aprofundar o tema, consulte o artigo:
VALLENCOURT, J. D. et al. Artificial intelligence in neuropsychological 
assessment: promise and challenges. Frontiers in Psychology, v. 10, 2019.
7.5.1 Definição e objetivos da testagem neuropsicológica
A testagem neuropsicológica identifica padrões cognitivos preservados e prejudicados, auxiliando 
no diagnóstico diferencial e na formulação de estratégias de intervenção. Existem diferentes tipos de 
testes que podem ser utilizados de maneira complementar para garantir uma avaliação mais completa:
• Testes psicométricos padronizados: instrumentos normatizados, com escores quantitativos 
comparáveis a uma população de referência. Exemplos incluem o WAIS‑IV e o NEUPSILIN.
• Testes qualitativos e observacionais: avaliam o desempenho do paciente por meio da análise 
de sua estratégia de resposta e comportamento durante a realização da tarefa. São úteis para 
complementar a interpretação dos testes padronizados.
A avaliação neuropsicológica investiga diferentes domínios cognitivos, sendo os mais comuns:
• Memória (episódica, semântica, operacional, visual e verbal).
• Atenção (sustentada, alternada e dividida).
• Linguagem (compreensão, expressão, fluência verbal e nomeação).
• Funções executivas (planejamento, flexibilidade cognitiva, inibição de respostas automáticas).
7.5.2 Contextos e critérios para aplicação
A aplicação da testagem neuropsicológica deve ser adaptada ao contexto do paciente, considerando 
fatores como idade, escolaridade, condições médicas e necessidades específicas. A escolha inadequada 
dos testes pode gerar falsos positivos ou negativos, levando a interpretações errôneas.
154
Unidade III
A avaliação infantil deve considerar o desenvolvimento neuropsicológico e as variações individuais 
na maturação cognitiva. Testes como o WISC‑IV, utilizado para mensurar inteligência, e o NEUPSILIN‑INF, 
que avalia habilidades cognitivas em crianças, são amplamente empregados. A atenção deve estar 
voltada para dificuldades de aprendizagem, TDAH e transtornos do neurodesenvolvimento. Em algumas 
situações, pode ser necessário o uso de testes lúdicos e adaptações visuais ou auditivas para manter a 
motivação da criança e garantir um ambiente de avaliação mais confortável.
A testagem na avaliação de adultos deve levar em conta o contexto educacional e ocupacional do 
indivíduo, além de fatores emocionais que podem interferir no desempenho. Testes como o WAIS‑IV, 
amplamente utilizado para avaliação de inteligência e funções cognitivas em adultos, e o WCST, que 
mede funções executivas, são ferramentas importantes nesse público. É essencial considerar a influência 
do estresse, da ansiedade e da depressão nos resultados, pois sintomas emocionais podem mascarar 
déficits cognitivos reais. Em alguns casos, é recomendável associar testes projetivos, como o TAT e o CAT, 
para explorar aspectos emocionais e da personalidade, contribuindo para uma compreensão mais ampla 
do paciente.
A avaliação neuropsicológica em pessoas idosas deve diferenciar o declínio cognitivo normal do 
envelhecimento de quadros patológicos, como demências. O uso de testes como o MEEM, empregado no 
rastreamento de demências, a figura de Rey, que avalia habilidades visuoespaciais e memória visual, e o 
RAVLT, indicado para a investigação de memória verbal, são fundamentais nesse contexto. Considera‑se 
a reserva cognitiva do paciente, ou seja, sua capacidade de compensação frente ao envelhecimento, bem 
como fatores como fadiga e condições médicas pré‑existentes, que podem impactar no desempenho. 
Dependendo do perfil do paciente, pode ser necessário um tempo maior para aplicação dos testes, 
respeitando suas limitações.
Pacientes com limitações motoras podem apresentar dificuldades na realização de tarefas que 
exigem escrita ou manipulação de objetos, como ocorre em testes gráficos, incluindo a figura de Rey. 
Nesses casos, a adaptação da avaliação pode envolver a priorização de testes verbais, como o RAVLT, que 
avalia a memória auditiva verbal, minimizando a interferência de dificuldades motoras na interpretação 
dos resultados. Pacientes com afasia podem precisar de adaptações nos testes de linguagem paraque os 
déficits observados sejam corretamente atribuídos à disfunção cognitiva e não a dificuldades linguísticas. 
O uso de estratégias compensatórias, como a comunicação alternativa, pode ser fundamental para 
garantir uma avaliação precisa.
7.5.3 Principais testes neuropsicológicos validados no Brasil
A testagem neuropsicológica envolve uma variedade de instrumentos que avaliam diferentes funções 
cognitivas. A escolha dos testes deve considerar a queixa do paciente, seu perfil clínico e sua faixa etária. 
A seguir estão os principais testes utilizados na avaliação neuropsicológica no Brasil:
• WAIS‑IV e WISC‑IV (escala Wechsler de inteligência para crianças/adultos): utilizados para 
avaliação do quociente intelectual e suas subdimensões. Além da inteligência geral, investigam 
habilidades como memória operacional, velocidade de processamento, raciocínio lógico e 
compreensão verbal. O WAIS‑IV é indicado para adultos e adolescentes, enquanto o WISC‑IV 
é aplicado a crianças e adolescentes em idade escolar.
155
NEUROCIÊNCIAS
• NEUPSILIN: instrumento breve para triagem neuropsicológica que avalia múltiplas funções 
cognitivas, incluindo memória, atenção, funções executivas, linguagem e habilidades 
visuoespaciais. Sua aplicação é rápida e oferece um panorama inicial do funcionamento 
cognitivo do paciente, auxiliando na definição de hipóteses diagnósticas e na escolha de testes 
complementares para uma avaliação aprofundada.
• Stroop Test: avalia o controle inibitório e a atenção seletiva ao exigir que o paciente nomeie cores 
impressas em palavras conflitantes, como a palavra “vermelho” escrita na cor azul. É frequentemente 
utilizado para investigar dificuldades de inibição de resposta, sendo especialmente relevante na 
avaliação de pacientes com TDAH, lesões frontais ou comprometimentos em funções executivas.
• WCST (teste de classificação de cartas de Wisconsin): mede flexibilidade cognitiva e capacidade 
de adaptação a novas regras. Durante sua aplicação, o paciente deve classificar cartas com base 
em critérios que mudam ao longo do teste, exigindo que ele ajuste sua estratégia conforme 
o feedback recebido. Esse teste é amplamente utilizado na avaliação de funções executivas, 
sendo indicado para casos de transtornos do neurodesenvolvimento, esquizofrenia e lesões no 
lobo frontal.
• Figura complexa de Rey: avalia habilidades visuoespaciais e memória visual. O paciente deve 
copiar um desenho geométrico complexo e, posteriormente, reproduzi‑lo de memória. Esse teste 
é frequentemente empregado para avaliar planejamento perceptivo, habilidades de organização e 
déficits de memória visual, sendo útil na investigação de comprometimentos neurodegenerativos 
e lesões cerebrais.
• RAVLT (Rey Auditory Verbal Learning Test): mede memória verbal e aprendizado ao longo de 
diferentes tentativas. O paciente ouve uma lista de palavras e precisa recordá‑las imediatamente e 
após um intervalo. Esse teste permite avaliar a retenção de informações, a taxa de esquecimento 
e a suscetibilidade à interferência, sendo indicado para a avaliação de memória episódica, 
especialmente em casos de demência e lesões no hipocampo.
• TMT (teste de trilhas A e B): mede velocidade de processamento, atenção sustentada e 
alternância mental. O paciente deve conectar números e letras em sequência crescente o mais 
rápido possível. A versão A avalia atenção e velocidade de resposta, enquanto a versão B exige 
alternância cognitiva, sendo sensível a déficits em funções executivas.
• MEEM (miniexame do estado mental): instrumento de rastreamento amplamente utilizado 
para triagem de comprometimento cognitivo e demência. Ele avalia funções como orientação, 
memória, atenção, linguagem e praxia construtiva. Devido à sua simplicidade, é um teste inicial 
útil para identificar pacientes que necessitam de uma avaliação neuropsicológica aprofundada.
• BPA (bateria psicológica para avaliação da atenção): avalia detalhadamente os componentes 
da atenção, incluindo atenção sustentada, seletiva e dividida. É um dos instrumentos mais 
completos para análise de déficits atencionais, sendo frequentemente utilizado na avaliação de 
TDAH e em transtornos que afetam a capacidade de concentração.
156
Unidade III
• FDT (teste dos cinco dígitos): mede a velocidade de processamento e controle inibitório, sendo 
similar ao Stroop Test. O paciente nomeia números e símbolos em diferentes condições que exigem 
atenção e inibição de respostas automáticas. Esse teste é indicado para investigações de funções 
executivas e dificuldades atencionais.
• Pirâmides de Pfister: avalia padrões emocionais e de personalidade com base na escolha e na 
organização de cores. Analisa a dinâmica afetiva do paciente e pode ser utilizado como complemento 
na avaliação de aspectos emocionais que possam influenciar o desempenho cognitivo.
• HTP (house‑tree‑person): teste projetivo em que o paciente desenha uma casa, uma árvore e 
uma pessoa. A análise das características dos desenhos permite inferir aspectos da autoimagem, 
da percepção do ambiente e de conflitos emocionais. É frequentemente utilizado em conjunto 
com outros testes para uma avaliação mais abrangente da personalidade.
• CAT (children’s apperception test) e TAT (thematic apperception test): analisam aspectos 
emocionais e de personalidade por meio da interpretação de imagens. No CAT, voltado para crianças, 
as pranchas ilustradas com animais despertam narrativas que refletem a vivência emocional da 
criança. No TAT, aplicado a adolescentes e adultos, as imagens ambíguas incentivam a projeção de 
conflitos, medos e desejos, sendo útil para avaliação de aspectos inconscientes da personalidade.
7.5.4 Aplicação e interpretação dos testes
A aplicação da testagem neuropsicológica deve seguir protocolos rigorosos para garantir que os 
resultados sejam válidos e confiáveis. Cada teste possui um manual com diretrizes padronizadas de 
administração, tempo de aplicação e critérios de pontuação. O avaliador deve respeitar essas normas 
para evitar resultados enviesados e garantir que os escores obtidos sejam comparáveis às tabelas 
normativas. É essencial considerar fatores individuais do paciente, como idade, escolaridade e estado 
emocional, pois essas variáveis podem influenciar significativamente o desempenho.
A psicometria é um campo fundamental na testagem neuropsicológica, garantindo que os 
instrumentos utilizados possuam validade, fidedignidade e precisão. A validade se refere à capacidade 
do teste de medir aquilo que se propõe a avaliar, enquanto a fidedignidade assegura que os resultados 
sejam consistentes quando aplicados repetidamente nas mesmas condições. A precisão dos escores é 
essencial para que as conclusões obtidas tenham base científica e possam ser utilizadas no planejamento 
terapêutico e na tomada de decisões clínicas.
A padronização dos testes é um dos pilares para uma avaliação precisa. Cada teste passa por um 
processo de normatização, no qual é aplicado a uma amostra populacional ampla para estabelecer 
médias e desvios‑padrão que servem de referência para as pontuações individuais. Dessa forma, os 
escores obtidos pelo paciente podem ser comparados a uma base normativa apropriada para sua faixa 
etária, nível de escolaridade e contexto cultural. Qualquer variação no procedimento pode comprometer 
essa comparação e levar a interpretações equivocadas. No entanto, há situações em que adaptações 
são necessárias, especialmente em casos de déficits motores ou limitações comunicativas, devendo o 
avaliador registrar essas modificações e interpretá‑las com cautela.
157
NEUROCIÊNCIAS
Diversos fatores podem influenciar o desempenho nos testes neuropsicológicos. O nível de 
escolaridade impacta significativamente os resultados, especialmente em testes que envolvem 
habilidades linguísticas e funções executivas. Pacientes com baixa escolaridade podem apresentar 
pontuações reduzidas em determinadas tarefas não por apresentarem déficits cognitivos, mas pela faltade familiaridade com o formato dos testes. Da mesma forma, aspectos emocionais, como ansiedade, 
depressão e estresse, podem prejudicar a atenção e a memória, interferindo na performance geral. 
A fadiga também deve ser considerada, especialmente em avaliações longas, pois o cansaço pode 
comprometer o desempenho, levando a escores artificialmente reduzidos.
A integração dos dados obtidos na testagem com as informações coletadas na entrevista clínica e na 
anamnese é essencial para uma interpretação precisa. Nenhum teste deve ser analisado isoladamente, 
pois o perfil cognitivo do paciente deve ser compreendido dentro de um contexto amplo. Resultados 
discrepantes entre diferentes testes podem indicar padrões específicos de funcionamento cognitivo, 
fornecendo pistas sobre a localização e a natureza de um possível comprometimento neurológico.
O avaliador deve estar atento a erros comuns na interpretação dos testes. Um dos principais equívocos 
é supervalorizar déficits em um único teste sem considerar o quadro global do paciente. O desempenho 
reduzido em um teste isolado pode ser resultado de fatores situacionais, como desatenção momentânea 
ou falta de compreensão da tarefa, e não necessariamente de um déficit neurocognitivo significativo. 
Outro erro frequente é desconsiderar a influência cultural e socioeconômica na performance do paciente, 
o que pode levar a diagnósticos equivocados.
A correta aplicação e interpretação dos testes exige conhecimento aprofundado de psicometria, 
neurociência e fatores contextuais; garantindo que os achados sejam precisos e relevantes para a 
formulação de um diagnóstico e a definição de estratégias de intervenção.
7.5.5 Desafios e ética na aplicação dos testes
A testagem neuropsicológica exige do profissional um compromisso com a ética, a precisão científica 
e a responsabilidade na interpretação dos resultados (Sbordone; Long, 2007). Diferentemente de outras 
formas de avaliação psicológica, a neuropsicologia trabalha com funções cognitivas relacionadas ao 
funcionamento cerebral, o que implica desafios específicos, desde a seleção adequada dos testes até a 
comunicação dos resultados (Lezak et al., 2012).
Um dos principais desafios enfrentados na prática clínica é evitar vieses interpretativos. Fatores 
como idade, escolaridade e contexto sociocultural do paciente podem influenciar sua performance 
nos testes (Santos; Moraes, 2018). Um erro comum é interpretar escores reduzidos como um déficit 
cognitivo sem considerar a influência do nível de letramento ou da familiaridade do paciente com 
testes formais (Kaufman; Raiford; Coalson, 2009). Por isso, é fundamental que o profissional utilize 
tabelas normativas adequadas à realidade do paciente, evitando diagnósticos equivocados baseados em 
comparações inadequadas (Strauss; Sherman; Spreen, 2006).
158
Unidade III
A reprodutibilidade e fidedignidade dos testes também são aspectos centrais na ética da avaliação 
neuropsicológica. O profissional deve garantir que os testes aplicados sejam validados cientificamente 
e normatizados para a população avaliada (American Psychological Association, 2017). Instrumentos 
sem padronização adequada podem levar a conclusões distorcidas e comprometer o direcionamento 
terapêutico do paciente (Goldstein; Beers, 2017). O avaliador deve estar atualizado sobre revisões dos 
testes, pois muitos instrumentos passam por reformulações para corrigir limitações psicométricas e se 
adequar a novas realidades populacionais (Cohen; Swerdlik, 2018).
Outro desafio crítico na aplicação dos testes é a interpretação dos resultados em pacientes 
com transtornos psiquiátricos ou condições médicas associadas. Sintomas de depressão, ansiedade 
e  transtornos psicóticos podem impactar significativamente o desempenho nos testes (Green; 
Lees‑Haley, 2010), tornando essencial a diferenciação entre déficits neurocognitivos reais e impactos 
emocionais transitórios. A testagem em indivíduos com doenças neurológicas progressivas, como 
Alzheimer e Parkinson, também requer cautela, pois a variabilidade na performance ao longo do tempo 
pode refletir tanto o curso natural da doença quanto efeitos de medicações ou variações no estado 
clínico do paciente (Perry, 2011).
No que se refere à confidencialidade e à privacidade, a ética profissional exige que os resultados 
da avaliação sejam tratados com sigilo absoluto (American Psychological Association, 2017). O laudo 
neuropsicológico deve ser elaborado de forma clara, objetiva e acessível, evitando termos excessivamente 
técnicos que possam dificultar a compreensão do paciente e de sua família (Miller, 2015). Deve‑se 
ter um cuidado especial ao comunicar diagnósticos, principalmente quando envolvem transtornos 
neurodegenerativos ou condições que podem gerar impacto emocional significativo. O neuropsicólogo 
tem a responsabilidade de fornecer não apenas um diagnóstico, mas também orientações sobre manejo, 
prognóstico e possíveis intervenções terapêuticas (Lichtenberger; Kaufman, 2009).
Outro ponto ético fundamental é a necessidade de atualização profissional contínua. O campo 
da neuropsicologia está em constante evolução, com descobertas sobre o funcionamento cerebral e 
novas abordagens de testagem sendo desenvolvidas (Sbordone; Long, 2007). O profissional deve buscar 
aprimoramento constante, participando de cursos, congressos e formações para garantir que sua prática 
esteja alinhada às melhores evidências científicas disponíveis (Kaufman; Raiford; Coalson, 2009). Além 
disso, deve estar atento às diretrizes dos conselhos profissionais e aos avanços na legislação sobre uso 
de testes psicológicos, garantindo que sua atuação esteja dentro dos parâmetros éticos estabelecidos 
(Cohen; Swerdlik, 2018).
Um dos maiores desafios da testagem neuropsicológica é garantir que os resultados sejam utilizados 
de forma ética e responsável, sem rotular ou limitar o paciente. A avaliação neuropsicológica deve ser 
vista como uma ferramenta para compreender potencialidades e dificuldades cognitivas, auxiliando no 
desenvolvimento de estratégias para melhorar a qualidade de vida do indivíduo (Lezak et al., 2012). O 
diagnóstico não deve ser um fim em si mesmo, mas um meio para promover intervenções eficazes e 
apoiar o paciente em seu contexto pessoal, educacional ou profissional.
159
NEUROCIÊNCIAS
A aplicação de testes neuropsicológicos exige cautela, embasamento teórico sólido e compromisso 
ético, assegurando que os achados obtidos sejam utilizados com responsabilidade e sensibilidade, sempre 
em benefício do paciente (Santos; Moraes, 2018).
7.6 Laudo neuropsicológico
Um dos documentos mais importantes na prática da neuropsicologia, o laudo neuropsicológico 
sintetiza os resultados da avaliação, oferecendo compreensão clara do funcionamento cognitivo do 
paciente. Esse documento orienta sobre intervenções terapêuticas, auxilia no monitoramento de 
condições neurológicas e contribui para o diagnóstico e o planejamento do tratamento, respeitando 
sempre os preceitos éticos da profissão.
O laudo neuropsicológico tem como principal objetivo fornecer uma análise detalhada das funções 
cognitivas avaliadas, destacando os pontos fortes e as áreas que necessitam de intervenção. É 
essencial que esse documento seja uma ferramenta que ajude no entendimento dos resultados dos 
testes aplicados e na definição de estratégias para o manejo do paciente, seja no contexto clínico, 
educacional ou profissional. Segundo Fuentes et al. (2013), o laudo também pode ser utilizado como 
um acompanhamento contínuo, permitindo a avaliação das mudanças no estado cognitivo ao longo do 
tempo, especialmente em casos de doenças progressivas, como Alzheimer e Parkinson.
A ética na elaboração do laudo neuropsicológico é um dos pilares da prática, pois o psicólogo deve 
garantir que todos os aspectos da avaliação sejam conduzidos com respeito à dignidade e à privacidade 
do paciente, conforme estabelecido pela Resolução n. 7/2023, do Conselho Federal de Psicologia. 
A práticaética exige que o profissional evite modismos diagnósticos e seja cauteloso ao tirar conclusões 
precipitadas. A neuropsicologia não deve ser usada como ferramenta para rotular e/ou estigmatizar, mas 
como uma forma de entender as dificuldades cognitivas e oferecer apoio terapêutico.
É importante lembrar que, ao contrário de algumas áreas da psicologia, a neuropsicologia trabalha 
com hipóteses diagnósticas e não com diagnósticos definitivos. Isso significa que, ao longo da avaliação, 
o profissional deve ter clareza de que o laudo reflete um momento específico da condição do paciente, 
sendo sempre passível de revisão conforme novas informações ou avaliações forem coletadas. O laudo 
deve ser um reflexo de uma análise crítica dos dados coletados, e não de uma conclusão fechada ou 
imutável (Miller, 2015).
A estrutura do laudo neuropsicológico é essencial para garantir clareza, objetividade e integridade 
na comunicação dos resultados. Cada seção do laudo tem sua própria importância e deve ser abordada 
com cuidado:
• Identificação do paciente: inclui informações básicas, como nome, idade, escolaridade, entre 
outros dados relevantes. A precisão dessas informações é crucial, pois elas influenciam diretamente 
na interpretação dos resultados dos testes, como a escolha das tabelas normativas e as análises 
subsequentes (Cohen; Swerdlik, 2018).
160
Unidade III
• Queixas iniciais: são descritas as principais queixas do paciente ou de quem o acompanha, que 
motivaram a avaliação. Essa parte é importante para contextualizar os motivos pelos quais o 
paciente buscou a avaliação neuropsicológica, além de orientar o profissional sobre o que deve ser 
priorizado nos testes. A análise das queixas iniciais também ajuda a evitar vieses de interpretação, 
uma vez que o avaliador precisa estar atento ao contexto subjetivo do paciente (Lezak et al., 2012).
• Histórico médico e neuropsicológico: é essencial para traçar um panorama do histórico de 
saúde do paciente, incluindo doenças neurológicas anteriores, uso de medicações e aspectos 
relacionados à condição psíquica e social. O histórico médico oferece subsídios valiosos para a 
interpretação dos resultados dos testes e a formulação de hipóteses diagnósticas. Deve‑se ter 
cuidado para não fazer interpretações precipitadas, especialmente quando se lida com pacientes 
que apresentam condições psiquiátricas (Nascimento; Fonseca, 2020).
• Hipóteses diagnósticas: com base no histórico, nas queixas e nas avaliações iniciais, o profissional 
apresenta as hipóteses diagnósticas. Elas são formulações provisórias que devem ser analisadas 
e validadas ao longo da avaliação. O laudo nunca deve ser apresentado como um diagnóstico 
definitivo, mas como uma linha de investigação que precisa ser acompanhada de perto. Como 
afirmado por Santos et al. (2015), essa parte do laudo deve estar aberta a ajustes conforme novos 
dados sejam obtidos.
• Resultados dos testes: parte principal do laudo, pois apresenta os dados objetivos obtidos com a 
aplicação de instrumentos neuropsicológicos. Os resultados devem ser descritos de forma clara e 
objetiva, acompanhados de tabelas e gráficos, quando necessário, para facilitar a compreensão. É 
essencial que o profissional utilize as normas e as tabelas de referência adequadas, considerando 
as particularidades do paciente, como idade, escolaridade e contexto sociocultural (Strauss; 
Sherman; Spreen, 2006).
• Análise e discussão dos resultados: o psicólogo deve interpretar os resultados obtidos, 
contextualizando‑os de acordo com o quadro clínico e as hipóteses diagnósticas. É importante 
que o avaliador tenha cuidado ao interpretar os resultados, evitando conclusões simplistas ou 
desconsiderando fatores como o nível educacional e as condições emocionais do paciente, que 
podem influenciar sua performance nos testes (Barkley, 2017).
• Recomendações e plano terapêutico: o laudo deve ser finalizado com orientações sobre as 
próximas etapas do tratamento, com base nos resultados da avaliação. As recomendações podem 
envolver a necessidade de acompanhamento psicológico e a indicação de intervenções médicas 
ou psicoterapêuticas. Como aponta Abrisqueta‑Gomez (2012), as recomendações devem ser 
personalizadas e realistas, considerando as possibilidades e as limitações do paciente.
A reavaliação periódica é um aspecto fundamental na prática neuropsicológica. A condição cognitiva 
do paciente pode evoluir ao longo do tempo, seja para melhor ou para pior, e o laudo deve ser utilizado 
para monitorar essas mudanças. As reavaliações permitem que o profissional ajuste suas intervenções e 
compreenda melhor o impacto das terapias e tratamentos em curso (Goldstein; Beers, 2017).
161
NEUROCIÊNCIAS
8 REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
A reabilitação neuropsicológica é um processo terapêutico fundamental para indivíduos que 
apresentam déficits cognitivos decorrentes de lesões cerebrais ou disfunções neuropsicológicas. 
A reabilitação busca não apenas restaurar funções cognitivas afetadas, mas também ajudar o paciente a 
se adaptar aos desafios impostos pela perda de habilidades cognitivas, promovendo a maximização de 
sua qualidade de vida e independência funcional (Fuentes et al., 2013; Lezak et al., 2012).
8.1 Objetivos da reabilitação neuropsicológica
A reabilitação neuropsicológica é uma abordagem personalizada e multifacetada, com o objetivo de 
promover a recuperação ou a adaptação às limitações cognitivas dos pacientes.
O primeiro objetivo dessa intervenção é restaurar as funções cognitivas danificadas, como memória, 
atenção, funções executivas, percepção e habilidades visuoespaciais. Para isso, são aplicadas técnicas 
específicas de treino cognitivo que buscam estimular a neuroplasticidade, permitindo a recuperação 
parcial ou total dessas funções, dependendo da gravidade da lesão e do tempo de tratamento (Goldstein; 
Beers, 2017).
Em casos em que a restauração completa das funções não é possível, a reabilitação se concentra 
no desenvolvimento de estratégias compensatórias. Essas estratégias ajudam o paciente a lidar com 
as dificuldades cognitivas diárias, utilizando tecnologias assistivas e outras técnicas para facilitar a 
realização de atividades cotidianas (Strauss et al., 2006).
A reabilitação neuropsicológica tem como um de seus principais objetivos a melhoria da qualidade 
de vida do paciente. Ao promover a recuperação ou compensação das funções cognitivas, ela facilita a 
reintegração social, o retorno ao trabalho e a execução de tarefas pessoais e domésticas, proporcionando 
uma vida mais funcional e satisfatória (Lezak et al., 2012).
Quando aplicada de forma precoce, a reabilitação também tem o papel de prevenir sequelas cognitivas. 
Intervenções iniciais podem evitar a progressão de déficits cognitivos, garantindo um prognóstico mais 
favorável e melhorando a perspectiva de recuperação a longo prazo (Nascimento; Fonseca, 2020).
8.2 Avaliação neuropsicológica no processo de reabilitação
Antes de iniciar qualquer intervenção terapêutica, é essencial realizar uma avaliação neuropsicológica 
detalhada para compreender o perfil cognitivo do paciente, identificar as funções cognitivas afetadas 
e determinar a extensão das dificuldades. A avaliação, conduzida por um neuropsicólogo, envolve a 
administração de diversos testes padronizados, entrevistas clínicas e observações comportamentais 
(Cohen; Swerdlik, 2018).
A avaliação neuropsicológica fornece informações cruciais para a definição de um plano de 
reabilitação personalizado. Além de diagnosticar déficits, a avaliação identifica as áreas em que o 
paciente já apresenta estratégias compensatórias espontâneas, o que pode ser aproveitado para otimizar 
a intervenção.
162
Unidade III
 Observação
O acompanhamento neuropsicológico contínuo pode revelar padrões 
sutis de melhora cognitiva que não seriam perceptíveis em avaliações isoladas.
Testes como a escala de inteligência de Wechsler para adultos (WAIS) e os testes de função executiva 
são frequentementeusados para identificar áreas específicas que necessitam de intervenção (Kaufman; 
Raiford; Coalson, 2009). É importante que a avaliação também aborde o impacto dessas dificuldades nas 
habilidades sociais e ocupacionais, elementos que afetam diretamente a qualidade de vida do paciente 
(Miller, 2015).
8.3 Estratégias de intervenção
A reabilitação neuropsicológica envolve um conjunto diversificado de estratégias de intervenção, 
divididas em estimulação cognitiva e treinamento compensatório. Essas estratégias têm como objetivo 
melhorar diretamente as funções cognitivas ou compensar as falhas cognitivas.
8.3.1 Estimulação cognitiva
A estimulação cognitiva tem como objetivo principal a recuperação direta das funções cognitivas 
prejudicadas, melhorando as habilidades do paciente por meio de exercícios específicos que promovem 
a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões. Essa 
abordagem envolve diversas atividades, adaptadas às necessidades individuais do paciente.
Uma das principais técnicas utilizadas é o treinamento de memória, que inclui exercícios de repetição 
e associação de informações, além de estratégias de organização e categorização. Essas atividades são 
fundamentais para melhorar a memória de curto prazo e auxiliar o paciente a recuperar ou melhorar a 
retenção de informações (Fuentes et al., 2013).
Os exercícios de atenção são empregados para trabalhar a atenção seletiva e a atenção sustentada. 
Tarefas como identificar estímulos relevantes em meio a distrações ou realizar atividades de multitarefa 
controlada ajudam o paciente a melhorar seu foco e a capacidade de manter a atenção por períodos 
prolongados (Green; Lees‑Haley, 2010).
A reabilitação visuoespacial também é um componente importante da estimulação cognitiva, 
especialmente em casos de lesões em regiões cerebrais responsáveis pelo processamento visual 
e espacial. Atividades como orientação espacial, reconhecimento de padrões e navegação são utilizadas 
para melhorar a percepção e a interação com o ambiente (Lezak et al. 2012).
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NEUROCIÊNCIAS
 Saiba mais
Programas de reabilitação cognitiva baseados em realidade aumentada 
estão sendo desenvolvidos para facilitar a recuperação de funções cognitivas 
em pacientes com lesões cerebrais.
Para aprofundamento, sugerimos o livro e o artigo a seguir:
KLINGBERG, T. The learning brain: memory and brain development in 
children. Oxford: Oxford University Press, 2013.
DESPOTI, A. A. et al. Cognitive rehabilitation using virtual reality and augmented 
reality: a systematic review. Journal of the International Neuropsychological 
Society, v. 25, supl. s1, jun. 2019. Disponível em: https://shre.ink/MQbE. 
Acesso em: 22 abr. 2025.
O filme O jogo da imitação, embora não trate diretamente de realidade 
aumentada, apresenta aspectos da neurociência aplicada à reabilitação e ao 
desenvolvimento cognitivo.
O JOGO da imitação. Direção: Morten Tyldum. EUA: The Weinstein 
Company; Reino Unido: StudioCanal, 2014. 114 min.
8.3.2 Treinamento compensatório
Quando a recuperação das funções cognitivas é parcial ou limitada, a abordagem compensatória se 
torna fundamental. O treinamento compensatório visa ensinar ao paciente estratégias alternativas para 
lidar com as dificuldades cognitivas, proporcionando maior autonomia e independência. As principais 
estratégias incluem:
• Uso de tecnologias assistivas: ferramentas como aplicativos de smartphones, agendas eletrônicas, 
dispositivos de alarme e lembretes são utilizadas para compensar déficits de memória e organização 
(Nascimento; Fonseca, 2020).
• Adaptação de rotinas: o paciente é orientado a modificar suas rotinas diárias para minimizar 
os impactos das dificuldades cognitivas, como a criação de listas e o uso de horários fixos para 
realização de tarefas (Miller, 2015).
• Estratégias de resolução de problemas: o treinamento inclui ensinar técnicas para dividir 
tarefas complexas em etapas menores e mais gerenciáveis, além de promover a análise crítica e o 
pensamento estratégico, essencial para as funções executivas (Goldstein; Beers, 2017).
164
Unidade III
8.4 Importância da abordagem multidisciplinar
A reabilitação neuropsicológica, especialmente em casos mais graves ou com múltiplas 
comorbidades, deve ser realizada em um contexto multidisciplinar. O neuropsicólogo deve trabalhar 
de forma integrada com outros profissionais da saúde, como médicos, terapeutas ocupacionais, 
fisioterapeutas e fonoaudiólogos, garantindo uma abordagem holística para a recuperação do paciente 
(Lezak et al., 2012). A colaboração com outros profissionais permite a monitorização contínua do 
progresso do paciente e o ajuste das intervenções conforme necessário.
8.5 Duração e prognóstico
A duração do tratamento de reabilitação neuropsicológica varia conforme a gravidade dos déficits e 
a evolução do paciente. Em casos de lesões cerebrais graves, a reabilitação pode durar vários meses ou 
até anos. A reabilitação precoce, no entanto, tende a resultar em melhores prognósticos, pois permite a 
intervenção antes que as dificuldades cognitivas se tornem crônicas e mais difíceis de tratar (Strauss 
et al., 2006).
É importante frisar que, embora a reabilitação neuropsicológica seja altamente eficaz em muitos 
casos, o prognóstico pode variar de acordo com a natureza e a localização da lesão cerebral, bem como 
com a resposta individual do paciente à intervenção (Santos, F. H.; Andrade, V. M.; Bueno, O. F. A., 2015).
8.6 Caso clínico: paciente após AVC
Um exemplo significativo de reabilitação neuropsicológica é o caso de um paciente que sofreu 
um AVC isquêmico, resultando em déficits cognitivos, principalmente nas áreas de memória de curto 
prazo, atenção e função executiva. O paciente, um homem de 58 anos, foi internado após um AVC que 
afetou o lobo frontal e as regiões associadas ao processamento de informações e tomada de decisões. 
Após a fase aguda, iniciou‑se um programa de reabilitação neuropsicológica baseado nos princípios de 
plasticidade cerebral e treino cognitivo, com o objetivo de restaurar ou compensar as funções perdidas 
(Ramos, 2011).
A reabilitação neuropsicológica visa à promoção da plasticidade cerebral, que é a capacidade do 
cérebro de reorganizar suas funções cognitivas após lesões, e envolve a utilização de intervenções 
terapêuticas que focam no restabelecimento das funções perdidas ou no uso de compensações. No 
caso descrito, as intervenções iniciais se concentraram no treino de memória de trabalho, atenção 
seletiva e função executiva. As atividades são estruturadas para melhorar a habilidade do paciente de 
recordar informações de forma mais eficaz e tomar decisões de forma independente. Essa abordagem 
está em consonância com os princípios teóricos da reabilitação neuropsicológica, que incluem o uso de 
estratégias compensatórias e o treino de funções específicas de forma repetitiva e sistemática (Lezak 
et al., 2012).
O processo de reabilitação no caso também enfatizou o treino de habilidades relacionadas à memória 
de curto prazo. Tarefas como a repetição de números e palavras foram utilizadas para ajudar o paciente 
a melhorar sua capacidade de recordar informações no curto prazo, uma das funções mais prejudicadas 
165
NEUROCIÊNCIAS
após o AVC. Essas atividades estão diretamente relacionadas aos conceitos de treino cognitivo, que, 
segundo Fuentes et al. (2013), são fundamentais para maximizar a recuperação e minimizar os déficits. 
Ao mesmo tempo, o treinamento das funções executivas, incluindo planejamento e tomada de decisão, 
foi essencial para restabelecer a capacidade do paciente de realizar atividades da vida diária de 
forma autônoma.
Após 12 semanas de terapia intensiva, o paciente demonstrou melhorias significativas nas funções 
cognitivas e no retorno às suas atividades cotidianas. Ele foi capaz de melhorar seu desempenho em tarefas 
que exigiam planejamento e organização, como gerenciar suas finanças e programar compromissos. 
Essetipo de melhora pode ser explicado pelo conceito de plasticidade cerebral. Conforme Green e 
Lees‑Haley (2010) explicam, o cérebro possui uma incrível capacidade de adaptação, principalmente 
após danos causados por AVC, e a intervenção precoce e bem estruturada pode resultar na recuperação 
de muitas funções cognitivas, com a utilização de estratégias compensatórias para aquelas que são 
permanentemente afetadas.
A utilização de tarefas que estimulavam a memória operacional e o treinamento das funções 
executivas, como indicado por Lezak et al. (2012), foi crucial. Isso garantiu que o paciente lembrasse de 
informações e as processasse de forma eficaz e adaptativa ao seu contexto diário.
Esse caso reforça a importância de uma abordagem neuropsicológica estruturada e personalizada na 
reabilitação após um AVC, com foco na plasticidade cerebral e no uso de estratégias compensatórias. A 
intervenção neuropsicológica bem aplicada pode ter um impacto significativo na melhoria da qualidade 
de vida dos pacientes, permitindo‑lhes recuperar a independência nas atividades cotidianas. Ao integrar 
as intervenções de treinamento cognitivo e função executiva com o apoio de técnicas baseadas na 
neuroplasticidade, o paciente foi capaz de retornar a uma vida mais funcional e autônoma, o que valida 
as teorias e os métodos empregados na prática neuropsicológica.
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Unidade III
 Resumo
A avaliação neuropsicológica envolve diversos princípios fundamentados 
na neurociência clínica e na psicologia experimental. A neurociência clínica 
proporciona uma compreensão das bases biológicas dos processos mentais, 
enquanto a psicologia experimental contribui com metodologias rigorosas 
para a investigação dos aspectos cognitivos.
A avaliação neuropsicológica interage estreitamente com áreas como a 
reabilitação e a psiquiatria, ajudando a formular estratégias de intervenção 
para indivíduos com diferentes quadros clínicos. Ela exige uma abordagem 
ética rigorosa, com diretrizes claras que assegurem a privacidade do 
paciente, o consentimento informado e o uso adequado dos instrumentos. 
Essas diretrizes ajudam a estabelecer um padrão ético fundamental para 
a validade e a aplicabilidade dos resultados obtidos, além de garantir o 
respeito ao paciente em todas as fases do processo de avaliação.
O diferencial da avaliação neuropsicológica em comparação com outras 
formas de avaliação está na sua capacidade de investigar detalhadamente 
as funções cognitivas específicas do paciente, como memória, atenção, 
funções executivas, linguagem e percepção. A entrevista clínica é parte 
central desse processo, dividindo‑se em etapas como a entrevista inicial, 
a anamnese e a entrevista devolutiva, e identificando aspectos históricos 
e contextuais que influenciam seu estado atual. A entrevista devolutiva 
permite que o neuropsicólogo compartilhe os resultados da avaliação 
com o paciente, explicando de forma acessível os achados e sugerindo 
intervenções adequadas.
A avaliação pode seguir diferentes modelos: protocolos fixos, que 
utilizam instrumentos padronizados, e a construção personalizada da 
avaliação, que adapta métodos e testes de acordo com as necessidades 
do paciente. A combinação dessas abordagens é frequentemente utilizada, 
permitindo uma avaliação precisa e personalizada.
A testagem neuropsicológica é o componente crucial da avaliação, 
com testes específicos sendo aplicados conforme os contextos e os 
critérios definidos. Os principais testes neuropsicológicos validados no 
Brasil incluem escalas e baterias amplamente utilizadas, cujos resultados 
devem ser cuidadosamente interpretados, considerando as características 
individuais do paciente e o contexto clínico.
167
NEUROCIÊNCIAS
Uma vez realizada a avaliação, o neuropsicólogo elabora um laudo 
neuropsicológico detalhado, que sintetiza os achados s do processo, 
oferecendo diagnóstico claro e indicando as melhores estratégias de 
intervenção. Esse laudo é fundamental para a formulação de um plano 
terapêutico, que pode envolver a reabilitação neuropsicológica para 
restaurar ou compensar funções cognitivas comprometidas.
A reabilitação neuropsicológica é uma abordagem multidisciplinar que 
envolve estratégias como a estimulação cognitiva, voltada à promoção da 
neuroplasticidade e à recuperação de funções cognitivas danificadas, e o 
treinamento compensatório, que ensina o paciente a lidar com as limitações 
cognitivas por meio de métodos adaptativos. A importância da abordagem 
multidisciplinar na reabilitação é destacada, pois ela envolve profissionais 
de diversas áreas.
A duração da reabilitação e o prognóstico dependem de diversos 
fatores, como a gravidade da lesão cerebral, a resposta do paciente às 
intervenções e a sua rede de apoio. Embora a recuperação total de algumas 
funções possa não ser possível, a reabilitação neuropsicológica pode 
melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente, facilitando 
sua reintegração social e profissional, além de minimizar os efeitos das 
sequelas cognitivas.
Esse processo de avaliação e reabilitação neuropsicológica é fundamental 
para indivíduos com transtornos cognitivos, ajudando‑os a superar desafios 
no desempenho diário e a alcançar uma maior autonomia e bem‑estar.
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Unidade III
 Exercícios 
Questão 1. Uma psicóloga realiza uma avaliação neuropsicológica em um adolescente de 14 anos 
com histórico de dificuldades escolares. Durante a aplicação dos testes, foram observados: lentidão 
na execução de tarefas simples, dificuldade em manter o foco e erros frequentes em cálculos básicos. 
A psicóloga decidiu complementar a avaliação com informações obtidas em entrevistas com pais e 
professores para melhor contextualizar os resultados.
Com base no caso clínico apresentado, assinale a alternativa que indica corretamente a abordagem 
correta durante a condução da avaliação neuropsicológica.
A) Priorizar os resultados quantitativos dos testes neuropsicológicos, sem considerar os dados qualitativos.
B) Basear o diagnóstico exclusivamente na observação da lentidão nas tarefas durante a aplicação 
dos testes.
C) Incorporar informações dos ambientes escolar e familiar para compreender os fatores que 
influenciam o desempenho do adolescente.
D) Concluir que os erros nos cálculos refletem diretamente uma lesão no córtex parietal, sem 
necessidade de dados adicionais.
E) Considerar apenas os testes padronizados como fontes confiáveis de dados para o diagnóstico.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: apenas priorizar resultados quantitativos desconsidera o contexto individual e os 
fatores ambientais relevantes para o adolescente.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: basear o diagnóstico apenas na observação da lentidão em tarefas é insuficiente e não 
abrange a complexidade do caso.
C) Alternativa correta.
Justificativa: uma avaliação neuropsicológica eficaz deve integrar dados quantitativos e qualitativos, 
considerando os contextos escolar e familiar.
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NEUROCIÊNCIAS
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: erros em cálculos podem ter múltiplas origens e não é correto atribuí‑los diretamente 
a lesões sem uma análise abrangente.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: testes padronizados são importantes, mas não podem ser a única fonte de dados 
para diagnóstico.
Questão 2. O psicólogo desempenha importante papel na reabilitação neuropsicológica. Ele atua na 
avaliação e no acompanhamento de pacientes com déficits cognitivos, emocionais e comportamentais 
resultantes de lesões ou disfunções no sistema nervoso. Ele elabora um plano terapêutico individualizado, 
que pode incluir atividades para estimular a neuroplasticidade, as estratégias de compensação cognitiva 
e o manejo de sintomas emocionais, como ansiedade e depressão, frequentemente associados a 
essas condições.
A respeito das estratégias de reabilitação neuropsicológica, avalie as afirmativas a seguir.
I – A reabilitação neuropsicológica

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