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DIREITO CIVIL II - APOSTILA TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES Part.2

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11.0 Obrigação de dar coisa Incerta
Caracterização: Definida apenas pela quantidade e gênero (sem saber a qualidade). Ex.: Contrato de safrista. Não há hipótese de se eximir da obrigação de entrega. 
Responsabilidade: Quando existirem qualidades distintas (A, B, C): “Nem tanto nem tão pouco”. Regra Legal: Qualidade média deverá ser entregue! 
“Genus nunquam perit” Gênero nunca perece, ou seja, deve ser recebido exatamente o que foi prometido.
Caso Fortuito/Força Maior/Sem Culpa: Nesses casos não existe escape, pois será preciso restituir obrigatoriamente. 
Para o cumprimento da obrigação a coisa indeterminada deve tornar-se determinada, individualizada; essa individualização se faz através da - ESCOLHA - o ato de seleção das coisas constantes do gênero.
Para que a obrigação de dar a coisa incerta seja suscetível de cumprimento, será preciso que a coisa seja determinada por meio de um ato jurídico unilateral de escolha - concentração, que é a sua individuação manifestada no instante de cumprimento de tal obrigação, mediante atos apropriados, como a separação (pesagem, medição e a contagem) e a expedição. A indeterminação é transitória.
As partes estipulam a quem compete a escolha, que poderá inclusive ser delegada a terceiro (CC.
Art.485), no seu silêncio, pertence ao devedor o direito de escolha, a lei limita a liberdade de seleção do devedor, não poderá prestar coisa pior que o credor escolheria, nem será obrigado a prestar a melhor. MÉDIA.
12.0 Obrigação de solver dívida em dinheiro
Abrange prestação consistente em dinheiro, reparação de danos e pagamento de juros – dívida
Pecuniária, dívida de valor e dívida remuneratória.
Trata-se de uma modalidade de obrigação de dar, que se caracteriza pelo valor da quantia devida. Somente se o credor concordar, a dívida em dinheiro poderá ser paga de outra forma.
12.1 Obrigação Pecuniária:
Caracterização: tem por objeto uma quantia fixa em dinheiro, devendo ser satisfeita com o número de unidades monetárias estipulado no contrato, ainda que tenha sido alterado seu poder aquisitivo.
O Código Civil adotou, assim, o princípio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou cunhagem. Assim, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação.
Uma das formas de combater os efeitos maléficos decorrentes da desvalorização monetária é a adoção da cláusula de escala móvel: pela qual o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida, que podiam ser aplicados sem limite temporal.
13.0 Obrigação de Fazer
Caracterização: devedor vincula-se à um comportamento determinado, consistindo em praticar um ato ou realizar uma tarefa, que gera vantagem para o credor. Envolve uma atividade humana.
Dentro da ideia de fazer encontra-se a de dar, só que de dar a prestação de fato e não de coisa.
Obrigação de fazer é a que vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiros, em benefício do credor ou de terceira pessoa. Ex.: a de construir um Edifício, a de escrever um poema, etc.
ATIVIDADE (Lícita + Exigível) > FISICA > CULTURAL/ARTÍSTICA/CIENTÍFICA
Fungível: O que importa é o serviço, por isso pode haver substituição. 
Infungível: Contrato de Pessoalidade! Não pode haver substituição (perdas e danos muito maior, pois não pode repor).
 
Inadimplemento da obrigação de fazer: conduz, ao ressarcimento das perdas e danos, já que não há como penhorar, arrestar ou apreender o objeto da obrigação de fazer, exceto quando se tratar de declaração de vontade, que pode ser suprimida judicialmente.
Sem Culpa: pela ocorrência de força maior ou caso fortuito, a obrigação se resolve, voltam as partes ao status quo ante, havendo devolução do que, porventura, tenham recebido, prevalecendo assim o princípio de que ad impossibilita nemo tenetur, ou seja, ninguém é obrigado a efetivar coisas impossíveis.
Com Culpa: responderá este por perdas e danos, deve compor o prejuízo;
14.0 Obrigação de Não Fazer
Caracterização: É aquela em que o devedor assume o compromisso de se abster de um fato que poderia praticar, não fosse o vínculo que o prende - obrigação negativa. 
Sem Culpa: Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Com Culpa: Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único - Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
15.0 Obrigações Cumulativas (1 E outra)
Caracterização: É uma relação obrigacional múltipla, por conter duas ou mais prestações – de dar, fazer ou não fazer, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título, que deverão realizar-se totalmente, pois o inadimplemento de uma envolve o seu descumprimento total.
Não se considerará cumprida a obrigação até a execução de todas as prestações prometidas, sem exclusão de uma só. Satisfaz várias prestações como se fosse uma.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
16.0 Obrigações Alternativas (1 OU outra)
Caracterização: Obrigações que embora múltiplo seu objeto o devedor se exonera satisfazendo uma das prestações dentre as várias (nas cumulativas devem ser prestadas todas as prestações). Contém duas ou mais prestações, com objetos distintos, da qual o devedor se libera com o cumprimento de uma só delas, mediante escolha sua ou do credor.
Esse ato de escolha denomina-se de concentração – sendo feita por que tem o direito de fazê-lo, nossa legislação dá liberdade as partes de convencionarem a quem cabe a escolha, em nada se estipulando caberá a escolha ao devedor – parte mais fraca da relação. 
Uma vez escolhido torna-se coisa certa (não tem mais volta). 
Mas e se o devedor não tiver na hora? Gênero não perece é na coisa INCERTA!
Com culpa: Indenização. 
Sem Culpa: Caso fortuito ou força maior. 
Obs.: Há vantagem se o momento da escolha for no “fim” do contrato. 
A lei não obriga dizer o que não tenho, se o credor souber que não tem por culpa vai se aproveitar. 
Na escolha do devedor: Se perder todas as alternativas terá que pagar o que por último se perdeu + perdas e danos;
Na escolha do credor: Se não tiver mais nada, o credor provavelmente escolherá o mais caro. Mais caro + perdas e danos. 
17.0 Obrigação Facultativa
PS.: Prestar atenção na redação no texto, “até o vencimento entregar(devedor) coisa certa”. 
Principal + Acessório
Facilita a vida do devedor.
Importância Gradativa (A primeira prestação é a mais importante).
Se provar que tem o bem principal, poderá entregar o acessório. 
Nasce Simples (de coisa certa) e depois que nasce a faculdade de escolha do devedor. Já na alternativa, já nasce coisa certa, com um leque de opções. 
No caso de impossibilidade sem culpa do devedor, de prestar a obrigação ela se resolve, não se concentrando na prestação substitutiva. Se por culpa do devedor aplica-se por analogia o artigo 234,
2a. parte do CC, ou o cumprimento da obrigação supletória.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
18.0 Obrigações Divisíveis e Obrigações Indivisíveis
OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL: é aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor. Havendo multiplicidade de devedores ou credoresesta presumir-se-á dividida em tantas obrigações quantos forem os credores e devedores.
OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL: É aquela cuja prestação só pode ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa a parte exata da que resultaria do adimplemento integral. A indivisibilidade pode ser: física, legal, convencional ou judicial. (CC. Art. 258) Havendo pluralidade de devedores cada um será obrigado pela dívida toda (CC art. 259). 
Havendo multiplicidade de credores cada um deles poderá exigir o débito por inteiro, mas o devedor somente se desobrigará pagando a todos conjuntamente ou a um deles, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Física: não pode ser fracionada em prestações homogêneas, cujo o valor seja proporcional ao todo.
Legal: motivos variáveis que impedem sua divisão, ainda que seja naturalmente divisível.
Convencional ou contratual: advém da vontade das partes;
Judicial: através de sentença.
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Fala-se em indivisibilidade da obrigação ou em solidariedade somente quando houver mais de um devedor ou se apresentar mais de um credor.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único - O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
REGRA: divisão da obrigação em tantas obrigações independentes quantas forem as partes. (Art. 257)
VÁRIOS CREDORES: cada um deles tem direito de receber uma parte da prestação;
VÁRIOS DEVEDORES: cada um deve pagar uma fração correspondente ao seu débito.
EXCEÇÃO A ESSA REGRA: indivisibilidade e solidariedade:
CREDORES: pode exigir de cada qual o pagamento integral;
DEVEDORES: paga integralmente à um dos credores e liberta-se da dívida.
> Indivisibilidade difere de solidariedade:
NA INDIVISIBILIDADE: a prestação é exigível por inteiro de um só devedor em virtude da natureza do seu objeto, insuscetível de repartição.
NA SOLIDARIEDADE: prestação a ser prestada é exigível por inteiro, pois advém da lei que assim o determina ou da vontade das partes que assim ajustaram.

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