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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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BIANCA BARBOSA FBDG – 2019.2
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
MAURÍCIO REQUIÃO 
AULA 1 – 06.08
AV1 – 24.09
AV2 – 19.11
BIBLIOGRAFIA 
1. Manual de Cristiano Chaves
2. A obrigação como processo, de Clovis do Couto e Silva
3. Normas de textura aberta e interpretação: uma análise do inadimplemento das obrigações, Maurício Requião 
4. Obrigações, Fernando Noronha
Uma relação entre credor e devedor na qual há. o direito de receber o que lhe é devido e o dever de pagar o que se deve. 
A obrigação é uma relação jurídica que se dá entre, pelo menos, dois sujeitos, um credor / sujeito passivo é um devedor / sujeito ativo. Produzindo efeitos para os envolvidos em que o objeto da obrigação é a prestação. Essa prestação tem cunho patrimonial (no sentido de que em alguma medida sempre da para reduzir a uma esfera econômica, mesmo que não vá satisfazer o credor) e sempre é uma conduta (algo que alguém tem que realizar). O vínculo, por sua vez, é um elemento imaterial, caracterizado pelo dever (schuld) e pela responsabilidade (haftung). 
Para um sujeito ser titular de uma obrigação, ele não precisa ser capaz, tendo em vista que a discussão nesse ponto é a obrigação, que encontra-se no plano da eficácia, ou seja, o contrato já é válido. 
NOÇÕES GERAIS
A obrigação é voltada para o pagamento, e normalmente o pagamento gera a extinção da obrigação. Existem uma série de obrigações que não são tuteladas pelo direito. No Direito das Obrigações trabalha-se com a ideia de prestação, ou seja, para a obrigação se realizar é necessário que haja uma conduta de uma outra pessoa. Nos direitos potestativos também existem obrigações (o sujeito passivo está obrigado a se submeter ao direito do outro). Existem algumas situações em que o ônus é considerado uma obrigação.
Definição clássica de obrigação (visão estática): A obrigação é uma relação jurídica entre pelo menos dois sujeitos, onde um é o credor (sujeito ativo) e o outro é o devedor (sujeito passivo) – ou seja, a relação jurídica é o efeito (plano da eficácia) de um fato jurídico latu sensu que já ocorreu; o efeito do fato jurídico se estende para os dois polos da relação. O sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo uma prestação. Geralmente os sujeitos da relação já estão determinados, mas nada impede que se crie uma obrigação com um sujeito determinável (deve ser possível determinar os sujeitos). Na relação obrigacional entre credor e devedor não é necessário que os sujeitos sejam capazes (o fato que deu origem a uma obrigação pode ter como requisito de validade a capacidade, mas a obrigação em si não precisa – exemplo: criança de cinco anos é atropelada e passa a ser credora de uma obrigação). O objeto de uma relação obrigacional é uma prestação. Essa prestação sempre será uma conduta (ação ou inação). O objeto da alienação deve ser possível, lícito, determinado ou determinável, e, alguns autores defendem que o objeto deve ter valor econômico (pois sempre haverá alguma forma de extrair algum valor econômico disto, nem que seja em decorrência do inadimplemento). Em caso de inadimplemento o devedor poderá ser responsabilizado. O vínculo jurídico é o elemento imaterial da relação obrigacional. É o que une o credor e devedor em torno desta prestação jurídica. O vínculo traz a ideia de dever e de responsabilidade. O dever é o normal, e, espera-se que não se alcance o estágio da responsabilidade. Se houvesse o dever sem a responsabilidade, o índice de cumprimento das obrigações seria muito pequeno (SCHULD = dever; HAFTUNG = responsabilidade). Na relação obrigacional portanto, os elementos cerne são: os sujeitos, o objeto, o vínculo jurídico e, segundo alguns autores, a causa. A causa seria a justificativa da existência da relação.
Definição complexa ou dinâmica de obrigação (obrigação como processo): Mesmo antes de surgir a obrigação e até depois dela ser extinta, há toda uma série de atos encadeados que possuem uma finalidade. A obrigação não envolve somente a prestação principal ou primária, porém, dentro desta obrigação, existem vários deveres secundários que precisam ser cumpridos para que a obrigação alcance seu resultado. Os deveres secundários não compõem o núcleo da relação obrigacional (exemplo: compra e venda de imóvel – a obrigação principal é a entrega do imóvel, mas é necessário que ocorra a transferência do imóvel para o nome do novo dono por exemplo). Além da obrigação principal e dos deveres secundários, existem os deveres anexos (de conduta). A existência dos deveres anexos está relacionada com a ideia de boa-fé objetiva (necessidade de observância de um padrão ideal de conduta). Os deveres anexos estão presentes desde antes a obrigação se formar. Neste caso de deveres anexos as posições de credor e devedor não são tão fixas, pois ambos devem agir dentro de um padrão ideal para com o outro. O mero cumprimento da prestação principal não é garantia de adimplemento, pois todas as obrigações devem ser cumpridas.
DEVERES ANEXOS, DE CONDUTA OU FIDUCIÁRIOS
Além da obrigação principal, outros deveres de impõem na relação obrigacional, completamente desvinculados da vontade de seus participantes. Os deveres anexos são conduzidos pela boa-fé do negócio jurídico, destinando-se a resguardar o fiel processamento da relação obrigacional em que a prestação se integra. Esses deveres incidem tanto nos credores quanto nos devedores. Os deveres anexos devem ser cumpridos independentemente de qualquer acordo que tenha sido feito pelas partes.
Essa boa-fé objetiva o impacto dela vem pela via dos contratos, principalmente, vai atuar com algumas funções diferentes. Isso trabalha limitando a própria ideia da autonomia. Atua com uma função corretiva ou de coibir o abuso de direito. Uma outra função é a interpretativa, “cânone hermenêutico interpretativo” – Judith Martins Costa. Numa situação de interpretação, que haja qualquer duvida sobre como é que essa obrigação deve ser interpretada, então vou interpretar da maneira que a melhor aproxime da boa-fé (guia interpretativo). Outra função da boa-fé é a supletiva, ou função de criação de deveres jurídicos, que vai servir para criar esses deveres anexos.
AULA 2 – 13.08
1. Funções dos deveres de conduta: 
O conteúdo exato do dever de agir conforme a boa-fé terá de ser determinada em face das várias situações concretas que a vida impõe. Cada uma das partes deverá possuir conduta honesta e conscienciosa, afim de que não sejam afetados o legítimo interesse da outra. Os deveres de conduta podem ser negativos ou positivos: os positivos objetivam coadjuvar as partes para que se alcance o interesse do credor. Os negativos buscam defender as partes de intromissões danosas durante a relação obrigacional; funciona como uma blindagem. A função negativa é meio para que seja atingida a função positiva.
Os deveres anexos são:
a) Dever de informação: 
Cada um dos envolvidos na obrigação deve fornecer informações necessárias para o bom desenvolvimento daquela relação obrigacional. Envolve também o dever de esclarecimento que “é correlato à relação obrigacional desde sua origem até o seu ocaso, envolvendo as conversações preliminares e a fase pós contratual.” Para além do dever jurídico de esclarecer, há o ônus de informar-se, por isso os fatos notórios se excluem do dever de esclarecer. Se houver quebra do dever de informação, cabe como sanção a invalidação do contrato ou a indenização por perdas e danos.
b) Dever de cuidado: 
Dever que cada uma das partes tem de não causar danos à contraparte. “Proteger a contraparte de perdas e danos à sua pessoa e ao seu patrimônio na constância da relação. Mandamento de consideração com o outro”. É aquele dever relacionado à proteção e a segurança da outra parte e da sociedade como um todo. Esses deveres existem independentemente de estarem na lei e nos contratos, pois decorrem da boa-fé e da confiança.
c) Dever de assistência: 
Cada um dos sujeitos deve manter condutas que contribua para o determinado cumprimento da obrigação (sentido positivo– agir). O dever de assistência envolve a ideia de colaboração e cooperação, isso quer dizer que um mesmo credor de uma relação obrigacional tem deveres fiduciários. O dever de assistência exige que o credor promova condições adequadas para que o devedor cumpra suas prestações.
d) Dever de lealdade: 
Funciona de um modo similar ao dever de assistência, porem numa acepção negativa (não agir). Não deve existir uma conduta que prejudique o cumprimento da obrigação principal. “É um mandamento de cooperação recíproca, impondo às partes a abstenção sobre qualquer conduta capaz de falsear o objetivo no negócio jurídico ou desequilibrar o jogo das prestações por ela consignados”. O dever de lealdade também está relacionado com o dever de sigilo, mesmo após o cumprimento da relação obrigacional. Além disso, relaciona-se com a ideia de proibição geral do contratante de adotar uma postura que impeça a outra parte de obter as vantagens decorrentes daquele contrato. A sanção neste caso seria a indenização por perdas e danos.
Ex.: uma empresa entra em contato com um responsável por marketing, sugerindo que se ele fizer algumas que o cliente goste ele fecha contrato. No entanto ele não gostou, ou seja, houve uma negociação preliminar. Tempo depois, a empresa muda sua marca para algo similar às que fora: apresentadas pelo cliente, diante disso, ela está descumprindo o dever anexo de lealdade. 
NORMAS DE TEXTURA ABERTA 
1. CONCEITOS INDETERMINADOS
É uma palavra ou expressão dotado de alto grau de vaguesa semântica, ou seja, usa-se uma expressão que o preenchimento concreto tem um certo espectro. Ex.: estou descrevendo alguém e digo “ essa pessoa é alta e gorda”. Ninguém tem dúvidas do que se está falando, não havendo ambiguidade, mas aqui o que será discutido é o preenchimento. 
Ex2.: “Não pode agir de tal maneira, mas pode agir em caso de urgência” a urgência portanto é um conceito indeterminado, haja vista todos sabem o que é urgência, mas o que será discutido é o que pode ser um caso de urgência. 
Isso não significa para o juiz escolher se é ou não uma causa de urgência, ele deve, portanto deve buscar na doutrina o que seria caso de urgência e assim tomar a sua decisão. 
2. CLÁUSULAS GERAIS
Plano da técnica legislativa. O legislador pode trabalhar tanto com a técnica cáustica quanto com a ideia de cláusula geral. Na casuística já encontra-se prevista a definição e a consequência. Nas cláusulas gerais encontram-se indefinidos tanto a consequência quanto a definição para que o juiz possa usar a norma para encontrar a solução mais adequada. O comum é que se use, conceitos indeterminados para criar uma cláusula geral. 
3. PRINCÍPIOS
A maioria dos autores destinam normas regras e normas princípios, e o plano dos princípios é o tipo normativo. Princípios, que são normas, podem estar implícitos no ordenamento. Outra distinção é que o conflito entre regras se dá em abstrato, ou seja, se tenho no ordenamento duas regras que se contradizem entre si, ou uma delas vai sair do ordenamento to ou uma delas vai vira exceção da outra. O conflito entre princípios se dá no caso concreto, e não no abstrato. Pois não existe uma oposição entre a autonomia e a boa-fé. Lembrando que o juiz tem que decidir de acordo com a lei.
· Autonomia: autonomia dentro do Direto das Obrigações. Sendo assim, ela tem muito mais haver com uma obrigação negocial, pois todo e qualquer contrato é pautado na autonomia. Entretanto, ela aparece com diversas expressões diferentes como “autonomia da vontade” e “autonomia privada”. Hoje, a noção que trabalhamos é a autonomia privada, pois a autonomia da vontade é característica do momento pôs revolução francesa, sendo assim em um primeiro momento o que se queria era criar uma lei entre as partes, não colocando certos limites para a relação. Como decorrer do tempo, percebe-se que isso não funciona, pois o “eu quero” e “você quer” é utilizada no sentido de que ela deve ser regrada. 
· Boa fé objetiva: É o proceder esperado na relação. É um padrão ideal de conduta. A obrigação deve estar de acordo com a boa-fé objetiva, pois a autonomia privada não é completamente ilimitada, logo, mesmo havendo a autonomia privada, existe a necessidade de delimitar padrões de comportamento que devem ser observados na relação obrigacional. Segundo Judith Martins Costa, a boa-fé objetiva possui três funções:
a) Função de criação de deveres jurídicos, ou supletiva – a boa-fé insere algumas cláusulas na relação obrigacional (deveres anexos).
b) Função corretiva ou coibição do abuso de direito.
c) Função interpretativa, ou cânone hermenêutico-integrativo.
· Função social: A autonomia privada e a boa-fé objetiva dialogam com a função social. A função social na obrigação leva em conta que a obrigação em si tem um objetivo a atender (além do adimplemento), bem como o fato de que a obrigação não pode ser nociva à sociedade.
FONTE DAS OBRIGAÇÕES[footnoteRef:1] [1: de acordo com o livro de Fernando de Noronha] 
1. DIREITO ROMANO
No direito romano, inicialmente, encontram-se um sistema bipartido de fontes. A ideia de contractos e do delictum (mais ou menos a ideia de delito). De um lado se tem obrigações derivadas de atos de paz (acordo de vontade) e obrigações que se comparam com atos de guerra (ilícito contra o sujeito). Mas nessa primeira classificação notam que situações geram obrigações e eu não se enquadrariam nem na ideia de contracto nem de delitum, pois existiam outros modos de acordos de vontade que não se caracterizavam como contracto, assim como também não se enquadrava nessa classificação bipartida os atos unilaterais (promessa de recompensa).
Decorrentes dessas situações acaba surgindo uma outra classificação que não tem sentido técnico, o da exclusão, ou seja, se não se encaixa em nenhuma sobrecair nessa, a “variae causarum figuras”, ou seja, cabe a varias seguras. 
Surge então uma classificação quadripartida: contrato - quase contrato e delito - quase delito, no final do Direito Romano com a ideia de que o que for vinculado a vontade mas que não seja um contrato, é um quase contrato, pois a ideia de formação é a mesma e o quase deito era mais ou menos o que se entende hoje como ilícito culposo. 
2. CÓDIGO DE NAPOLEÃO 
Quando vem a Revolução Francesa, os terriços que foram formular o Direito de Napoleão diz que essa classificação é insuficiente, ou seja, alguns atos que gerariam obrigações. E nesse momento, colocam-se como fonte das obrigações a lei, uma fonte direta e fonte indireta de todas. O código Civil francês é uma classificação que se expande para todas as classificações que vem posteriormente. 
3. DIREITO BRASILEIRO
Na doutrina, é possível identificar que as fontes das obrigações são as mesmas do Código de Napoleão, entretanto, em outras palavras, e é basicamente o que se vai encontrar nos livros de Direito Civil. Fernando diz que lei não é fonte, pois ela por si só não gera obrigação. Visto que se agrupar com a lógica do suporte fático não gerará obrigação, só trará uma descrição de que caso o fato ocorra ele gerará uma obrigação. Indicando então que não há muito sentido pensar que seria adequado falar que lei é fonte. Ex.: a lei afirma que caso não pague os alimentos irá ocorrer consequências, mas quem não tem filho não tem essa obrigação. 
Fernando, diz que acha mais justo agrupar as obrigações legendo em conta a área do direito civil, ou seja, obrigações negociais (qualquer obrigação que tem origem da vontade, promessa de recompensa); obrigações relacionadas com a responsabilidade civil (haverá situações que Gere o dever de indenizar mas não é ato ilícito) e situações que geram obrigações com enriquecimento sem causa (atos unilaterais no código civil, ele se situa de modo supletivo, ou seja, só vai dizer que algo é enriquecimento sem causa se não se encaixar com nenhuma outra categoria, visto que se não for dessa forma, ele englobará tudo), é um ganho o qual não existe uma causa jurídica que o justifique – benfeitoria não indenizada; pagamento indevido (do que excede uma dívida) e surge uma obrigaçãode devolver. 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES x DIREITO DAS COISAS
1. NOÇÕES GERAIS 
O sentido da distinção é porque o direito das coisas e o direito das obrigações tratam de tudo que é patrimonial. No direito das obrigações só patrimônio se encontra de forma dinâmica e quanto no direito das coisas é estático. 
2. PONTOS DE DISTINÇÃO
2.1 Quanto ao objeto
Na obrigação em si, vimos que o objeto dela é sempre a prestação que envolve uma conduta. Dessa forma, no direito das coisas, o objeto nem sempre é uma relação jurídica, podendo ser uma situação jurídica (eu ser proprietário de). 
2.2 Quanto aos sujeitos
Sendo assim para termos uma obrigação é necessário ter dois sujeitos, um devedor e um pagador. Mas no direito das coisas, isso nem sempre é verdade, pois depende-se só do direito geral de abstenção, tendo então que respeitar, mas se ocorre uma violação do direito aí sim irá surgir uma relação jurídica entre os sujeitos. Mas é possível perceber que no direito das coisas não existe uma exigência de estar falando necessariamente que deve haver dois sujeitos para ele existir, podendo haver apenas um sujeito (ex.: posse e propriedade). 
2.3 Quanto à duração 
A obrigação, em regra, ela é criada com o objetivo de que seja cumprida e por conseguinte extinta, ou seja, tem um caráter, normalmente, transitório, uma duração pontual. Mas há situações que no existe essa vida breve de duração. Já no direito das coisas se costuma dizer que eles tendem a ir a perpetuidade, ou seja, ex.: esse meu celular é meu até quando eu quiser. Então, aqui a situação tende a si perpetuar, o mais comum é que não se dê de forma pontual, mas as relações de usufruto tem uma duração.
2.4 Quanto ao exercício 
Essa questão da duração também tem relação ao exercício, vista de duas maneiras: uma que se relaciona com o sujeito (é necessário um sujeito cumpra com sua obrigação para que a do outro ocorra) e com a duração (em regra, quando paga-se extinguir-se, ou seja, a realização do exercício do direito vai gerar a sua extinção). Mas no direito das coisas a lógica não é a mesma, pois o exercício do direito não o extingue.
AULA 3 – 22.02
3. PONTOS DE CONTATO
3.1 Obrigação “Proptor rem”
Ideia de uma obrigação em razão da coisa. É um ponto de contato, pois normalmente tem-se visto que a obrigação se fórmula em uma relação pessoal. Mas na proptor rem a obrigação está vinculado a uma ideia de propriedade. Ou seja, o sujeito é parte na obrigação, não porque ele fez um contrato, mas sim devido ao fato de ser proprietário de um certo bem. 
Ex.: dever que a pessoa tem de pagar a taxa condominial, é uma obrigação proptor rem.
Alguns autores fazem ainda uma distinção ter a obrigação proptor rem e a obrigação de ônus reais, que são obrigações pagas em virtude da propriedade de certo bem, mas se situaram como uma limitação da propriedade, e via de regra o seu pagamento não vai se transformar diretamente para o proprietário. Mas outros dizem que a proptor rem estaria limitará em termos de acompanhamento do devedor no momento que foi firmada. 
Essas duas distinções são encontradas na doutrina. 
3.2 Obrigação com eficácia real
De certo modo o sentido das coisas aqui é o posto do anterior, pois na primeira por conta de ser proprietário surge a obrigação (do direito real para a obrigação) mas na eficácia real o que acontece é que quando em virtude de um contrato (uma obrigação de direito real) vai surgir um dever para-o sujeito que tem um efeito real e não obrigacional.
Ex.: em um contrato de locação de imóvel, regulamentado pelo direito das obrigações, a lei diz que se durante esse contrato o locador quiser vender o imóvel, o locatário tem preferência em relação à todos os outros requerentes, desde que pague tudo que os terceiros tenham a oferecer. Então, esse direito de preferência é um direito real. 
3.3 Direitos reais de garantia 
A priori começamos com 3: penhor, hipoteca e a anticrese. Penhor e hipoteca tem um funcionamento ou um efeito final parecido, o qual se o devedor não pagar o que deve aquele bem dele vai poder ser vendido para indenizar o seu credor, mas o modo como se dão são diferente, pois no penhor o bem que vai ser complicado como garantia vai ser entregue para o credor, vinho que empenho o bem. Já a hipoteca tem um sistema registrar, ou seja, há uma obrigação: ex.: vou hipotecar um imóvel como garantia, então deverá ir ao cartório de imóveis para registar que o bem está como garantia de uma dívida, averbando o imóvel. 
 A anticrese é a menos utilizada, pois no fim das contas quem define a garantia é o credor. Ela de certa forma trás mais trabalho para o credor visto que vai ser entregue o bem imóvel como crédito, então se o devedor não pagar, o sujeito, credor, vai poder administrar o bem e com o frutos será pago a dívida. 
Fernando de Noranha diz que umas são postas como supergarantias, como a alienação fiduciária de garantia, pois o credor fica com o bem alienado a seu favor, ou seja, o bem fica no nome do credor e quando o devedor pagar a dívida o bem será transferido para seu nome. 
O contrato de lise, em compra e venda de automóveis se utiliza muito. Esse contrato é o qual as pessoas fazem em que há a entrega do bem e em contra partida o sujeito que recebe o bem fica pagando um valor que é tratado como aluguel, mas há Ness contrato uma opção de compra, ou seja, se pagar o valor do aluguel tantas vezes receberá o carro. 
4. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
4.1 Quanto ao objeto – prestação 
a. DAR, FAZER E NÃO FAZER
Um critério quando a natureza da obrigação, essa distinção é uma das mais comuns, comparando os ordenamentos. 
DAR: sempre que a conduta envolver a entrega de uma coisa.
FAZER: uma ação em que ela em si é o inadimplemento, ou seja, ao ministrar uma aula há o cumprimento da obrigação de fazer. Além disso, não há entrega de coisa. 
NÃO FAZER: envolve uma inação, as pessoas se obrigam a não ter determinada conduta. Ex.: dois vizinhos que fazem um acordo para não construírem um muro entre as suas casas maior que 1.5m. 
b. SIMPLES, CUMULATIVA E ALTERNATIVA
Leva-se em conta a quantidade das prestações. 
SIMPLES: significa que a obrigação tem uma única prestação.
CUMULATIVA: estamos falando de obrigação com mais de uma prestação, em específico há duas ou mais obrigações que devem ser cumpridas. 
ALTERNATIVA: obrigação com duas ou mais obrigações, entretanto há uma possibilidade de cumprimento. 
c. DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
Leva-se em conta se a prestação pode ser fracionada ou se não pode ser fracionada. Além disso, os sujeitos não estão no polo, depende apenas do objeto. 
4.2 Quanto ao sujeito
a. ÚNICAS E MÚLTIPLAS 
ÚNICA: há apenas dois sujeitos, pois há um sujeito em cada polo – um Credor é um devedor.
MÚLTIPLAS: há mais de dois sujeitos. 
b. SOLIDÁRIA: deve necessariamente ter dois sujeitos em que exista a solidariedade, ou seja, é sempre múltipla. Quando é solidária, o que se muda é a obrigacao que se dá. 
4.3 Quanto a liquidez 
a. LÍQUIDAS E ILÍQUDAS
LÍQUIDA: uma obrigação certa. 
ILÍQUIDAS: não é possível, no momento em que se cria a obrigação dizer o conteúdo da obrigação. Então, essa obrigação que será determinada a posteriori será ilíquida. 
4.4 Quanto ao conteúdo do ADIMPLEMENTO 
a. MEIO E RESULTADO
Por mais que em toda a obrigação se queira alcançar um resultado final, em alguns casos a obrigação só será cumprida se alcançar o resultado, mas em alguns casos não se da ao fato de chegar ao resultado, mas sim ao meio adequado para chegar ao resultado. 
4.5 Quanto à eficácia 
a. SIMPLES, CONDICIONAL, MODAL E TERMO
SIMPLES: quando é criada já se pode exigir
CONDICIONAL: quando coloca-se uma condição 
MODAL: quando coloca-se um encargo 
TERMO: quando se coloca um termo 
4.6 Reciprocamente consideradas 
a. PRINCIPAL E ACESSÓRIA 
Na obrigação principal há existência independente de qualquer outra. Mas na acessória a existência é vinculada a de uma obrigação principal.
Ex.: o devedor de uma fiança, é acessória, pois ela só existe pois o devedor tem uma dívida. 
4.7 Quanto à exigibilidade
a. CIVIL x NATURALNa civil é a obrigação exigível, estudada até então, ou seja, se ele não paga é possível existir. Mas há no ordenamento obrigações que surgem de certos casos, onde o legislador da a obrigação natural, ou seja, o ordenamento reconhece a existência do dever só que a outra parte do vínculo jurídico, que é a responsabilidade não é colocada no sistema para aquela obrigação. Dessa forma, a única obrigação é se o devedor quiser pagar. 
SITUAÇÕES PARA CLASSIFICAR
1. Um sujeito se obrigou a entregar ao outro o seu veículo de placa X
Obrigação de dar
2. Um dentista se obrigou a fazer uma extração de um dente
De fazer, simples, indivisível, única, líquida 
3. Um sujeito deve a outro R$500,00 em virtude de ter apostado no vitória em um bavi e perdido. 
Dra, simples, divisive, única, líquida, resultado, simples, natural
4. Dois sujeitos se obrigaram a entregar a outro um notebook
5. Um sujeito, em virtude de uma compra e venda, se obrigou a pagar certo valor no prazo de 30 dias 
6. Dois sujeitos devem a outro R$1000,00 tendo ficado determinado que tal valor poderia ser exigido integralmente de qualquer deles.
7. Um sujeito se obrigou a pintar a casando outro ou lhe pagar R$1000,00.
8. Um sujeito celebrou com outro um contrato de compra e venda em que o comprador se obrigou a apagar o preço de 1000,00 reais em 30 dias. (=5)
- dar, simples, divisível, único, líquido, resultado, a termo, principal
9. Um músico se obrigou a fazer um show caso o Vitória não seja rebaixado para a série C em 2019.
- de fazer, simples, resultado, condicional, principal, líquida, civil
10. Uma pessoa desatenta derrubou o notebook de uma colega de sala. 
- dar, única, líquida, resultado, simples, principal, civil
AULA 4 – 08.03
5. OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA
5.1 NOÇÕES GERAIS 
A coisa já se encontra determinada, distinguidas das coisas da mesma espécie. Somente a coisa estabelecida é utilizada para adimplir. “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso” (art. 233).
Aqui o código segue a mesma lógica dos bens, no qual os acessórios seguem os principais. 
No código de 1916 a redação do artigo era quase igual, mas o sentido não era o mesmo, pois não regulamentava a figura das pertenças, ou se já, tudo que não era principal era considerado acessório.
5.2 ESPÉCIES 
A importância da diferença é que essas regras funcionam de forma diferente e a consequência é diferente conforme a obrigação. 
5.2.1 Obrigação de dar coisa certa propriamente dita 
O dono da coisa, antes mesmo da obrigação é o devedor, que é também o proprietário da coisa, pois ex.: se estou vendendo um notebook, sou o devedor da entrega do notebook e esse até a realização da tradição é meu, existindo uma tradição não só da coisa mas de domínio; então, certamente o credor não é o dono.
5.2.2 Obrigação de restituir: 
O dono da coisa antes mesmo de se cria a obrigação, é o credor. Ex.: emprestei um notebook que a pessoa irá me devolver. Normalmente o dono da coisa é o credor e com certeza não é o devedor. 
5.3 PERDA E DETERIORAÇÃO 
Quando se fala em perda, entende-se que a coisa se impossibilitou, seja por ter sofrido um dano sem ter como reparar. Qualquer outro tipo de dano que seja menor, ou seja, reparável, é uma deterioração. A culpa analisada é a do devedor. Quando se fala em perda, entende-se que o objeto não terá como ser utilizado, ou seja, a obrigação não tem mais como ser cumprida. 
· Perda nas obrigações propriamente ditas sem culpa:
- Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Ex.: a pessoa tem que entregar um carro mas ele é roubado, dessa forma a pessoa não tem mais a obrigação de entregar o carro. Se o sujeito pagou o valor do carro, deverá ter seu dinheiro restituído, pois a pessoa que recebeu o dinheiro não tem mais o motivo para possuir esse dinheiro, e caso fique com ele será enriquecimento sem causa. 
· Perda nas obrigações propriamente ditas com culpa do devedor: 
- “Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos” (art.239).
Equivalente se trata do valor pecuniário do bem e perdas e danos se fala de uma indenização por conta do prejuízo que a pessoa sofreu decorrente do inadimplemento. 
· Perdas nas obrigações de restituir sem culpa:
- Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
· Perdas nas obrigações de restituir com culpa:
“Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos” (art.239).
· Deterioração nas obrigações propriamente ditas sem culpa:
“Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu” (art. 235).
Existem duas soluções, por escolha do credor: ou se resolve a obrigação ou aceita a coisa na condição que ela se encontra com um abatimento do valor, pois ela não tem mais o mesmo valor. 
· Deterioração nas obrigações propriamente ditas com culpa:
 “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos” (art.236).
· Deterioração nas obrigações de restituir sem culpa: 
- Artigo 240 “Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; 
· Deterioração nas obrigações de restituir com culpa:
- Artigo 240 “[...] se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239”. Art.239 – “(...) responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”.
5.4 MELHORAMENTOS ACRESCIDOS E FRUTOS
 – A vantagem será do dono 
· Obrigações propriamente ditas: 
(Art. 237) Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
· Obrigações de restituir: 
“Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização” (art.241); “Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé” (art.242).
- O possuidor de boa-fé tem direito à indenização em todas as benfeitorias. Nas benfeitorias úteis e necessárias surge o direito de retenção, nas voluptuárias, o dono pode não querer a benfeitoria e neste caso, não há o direito à indenização. - O possuidor de má fé só será indenizado pelas benfeitorias necessárias, mas não há o direito de retenção. O possuidor de má fé deverá indenizar o sujeito de direito por todos os frutos que ocorrerem durante a sua posse de má fé.
6. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
6.1 NOÇÕES GERAIS: 
A coisa encontra-se determinada ao menos pelo gênero e quantidade. Não é uma determinação da coisa em concreto, mas sim em abstrato. Enquanto for coisa incerta, em regra, não há como falar-se em perda e deterioração porque o gênero não perece, de forma que há a possibilidade de substituição da coisa.
6.2 ESCOLHA: 
Ato jurídico stricto sensu. É o ato de individualizar a coisa incerta. Em regra a escolha cabe ao devedor. Esta escolha não é completamente desvinculada. O devedor não poderá entregar a pior das coisas nem é obrigado a entregar a melhor (princípio do meiotermo). A obrigação é firmada com base em uma representação mental feita pelos sujeitos. Nessa representação mental tem-se uma ideia do padrão da coisa. Deve-se observar a questão do meio termo num universo geral e em um universo específico. A obrigação deve ser cumprida no universo em que foi criada, logo, os padrões mínimo e máximo podem ser diferentes do universo geral (deve-se observar o dever de informação nos casos do universo geral – o credor deve possuir conhecimento). As partes podem convencionar um padrão mínimo na obrigação. A intencionalidade é irrelevante, o que se observa é se a coisa cumpre ou não a obrigação.
· Em alguns contratos, pode haver uma cláusula onde a escolha cabe ao credor, não ao devedor. Espera-se em geral que o credor escolha o melhor produto (exemplo: comprar batatas). A partir de quando o credor já tem a ciência de qual o objeto escolhido, a obrigação passa a se guiar pela obrigação de dar coisa certa (o interesse de deixar de ser coisa incerta para coisa certa é do devedor, pois há a proteção quanto a perda e a deterioração).
6.3 GÊNERO LIMITADO: 
Casos em que o próprio gênero perece (exemplo: um colecionador tem as cinco ultimas garrafas de um determinado vinho, mas, ocorre uma chuva e as destrói. Neste caso, o devedor não tem mais como cumprir a obrigação pois não existe mais o gênero). Nessas situações em que o gênero é limitado e este perece, tenta-se fazer com que ocorra a perda e deterioração por caso fortuito ou força maior. A priori, o gênero nem precisaria perecer totalmente para que houvesse a possibilidade de alegar-se caso fortuito ou força maior.
6.4 OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA: 
A obrigação é firmada de modo nominal, é mero suporte de um valor. É a obrigação mais comum do que todas as outras. Além disso ela é uma categoria autônoma das demais, ou seja, entende-se que a execução da obrigação pecuniária é diferente da obrigação de dar, pois como são modalidades diferentes de obrigação os seus reflexos de execução também. Para mais, não é possível falar de perda ou deterioração, pois dinheiro não perece, pois é o valor que o dinheiro representa, tendo em vista que vigora o princípio do nominalismo.
AULA 5 – 15.03
7. OBRIGAÇÃO DE FAZER 
A prestação envolve uma ação do devedor (prestação positiva). Esta conduta não envolve a entrega de uma coisa. Geralmente quando há a entrega da coisa, está será um mero acessório da obrigação de fazer. Geralmente, ocorre discussão se há descumprimento do serviço (obrigação de fazer) ou se não ocorre a entrega (obrigação de dar).
7.1 ESPÉCIES 
· Obrigação de fazer fungível
O que importa é tão somente a realização da ação. Além disso, não importa quem vai realizar, somente que vai ser realizado. No caso, a obrigação foi criada levando em conta qual a ação que se espera, mas não sendo algo central quem vai realizar essa ação. 
· Obrigação de fazer infungível, intuito persona, personalíssima
Além da conduta ser realizada, para que haja adimplemento a conduta tem que ser realizada por uma pessoa específica. Muitas vezes o contrato é realizado com uma obrigação infungível porque é algo que importa para o sujeito, havendo inclusive diferenças de preço. Não importa somente a ação, mas sim quem desempenhou.
Art. 247: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.”
Art. 248: “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.”
Possibilidade de “astreinte”: multa diária pela recusa do cumprimento da obrigação.
Ex.: as autorizações de plano de saúde: quando o juiz concede a tutela específica ele incide sobre o plano as “asterintes”. 
Vale ressaltar que mesmo com o cumprimento da obrigação posterior (tutela específica), não significa que não vai haver uma indenização depois, pois pode ter havido um prejuízo para o credor. 
Art. 249: “Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.” Geralmente ocorre nas obrigações fungíveis e através dos meios judiciais. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. – Possibilidade de autotutela em casos de urgência.
Em citações práticas, pode haver uma cisão entre a obrigação de fazer e a obrigação de dar.
8. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
(Arts. 250 e 251) Os artigos só tratam do inadimplemento das situações. O sujeito se obriga a não realizar determinada conduta (obrigação negativa). A obrigação de não fazer é constituída dentro de uma circunstância na qual o sujeito regularmente poderia efetuar determinada conduta, porém se obriga a não fazer. Geralmente essas obrigações tendem a ser duradouras 
Exemplo: todo contrato de exclusividade possui uma opção de não fazer; cláusula de raio - normalmente o contrato de shopping – “em um raio de x metros não pode abrir uma loja para não concorrer com o shopping”.
· Sem culpa: resolve-se a obrigação (o ônus da prova é de quem alega).
Ex.: 
· Com culpa: praticado pelo devedor o ato que ele não deveria fazer, o credor poderá desfazer ou mandar desfazer, através das vias judiciais sem prejuízo da indenização de perdas e danos. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar terceiro desfazer, sem a necessidade de entrar com uma ação antes (depois é necessário).
9. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA 
9.1 NOÇÕES GERAIS
O conceito da obrigação alternativa é aquela em que o devedor, diante de duas ou mais prestações, se exoneram com o cumprimento de apenas uma delas. 
Não é o modo de prestação que determina que a obrigação seja alternativa, mas sim a pluralidade de prestação. 
9.2 FUNÇÃO 
É dar garantia não só ao credor, mas também ao devedor. 
9.3 PREVISÃO LEGAL 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
9.4 ESTRUTURA DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
· Teoria da pendência resolutória x Teoria da pendência suspensiva (Pontes de Miranda)
Hoje é pacificado que a obrigação alternativa informada por uma única obrigação, composta de duas ou mais prestações, do:apenas um vínculo. 
9.5 CARACTERÍSTICAS 
a) OBJETO PLURAL: é a pluralidade de prestação 
b) CONCESSÃO DE UM DIREITO DE ESCOLHA: direito potestativo que decorre da manifestação de vontade e é um ato jurídico (agente capaz) 
c) PRESTAÇÕES INDEPENDENTES ENTRE SI: não é possível dividir as obrigações; ex.: não é possível da uma quantidade de saca de café agora e o restante mais tarde 
d) CONCENTRAÇÃO: até então não se sabe qual é a obrigação, mas a partir do momento em que o credor ouro devedor ou até mesmo um terceiro, está dizendo “eu quero essa”, ele está concentrando a obrigação.
Escolha ou concentração: Na obrigação de dar coisa incerta escolhe-se a coisa que será utilizada para o adimplemento. Na obrigação alternativa escolhe-se a prestação. É possível que ocorra uma obrigação de dar coisa incerta alternativa,onde haverá duas escolhas. O sujeito escolherá dentre as prestações possíveis. As prestações têm o mesmo valor, ou seja, qualquer delas cumprirá a obrigação da mesma maneira, qualquer uma delas irá adimplir a obrigação. Em regra a escolha cabe ao devedor. Não aplica-se aqui o princípio do meio termo, já que as prestações possuem o mesmo valor. O devedor não pode criar uma nova prestação a partir das possíveis. Se houver uma obrigação alternativa de cumprimento periódico a escolha que o sujeito faz não vincula as escolhas posteriores, ou seja, o sujeito poderá escolher novamente. Se for uma obrigação alternativa divisível, fracionada, ela terá apenas um momento de escolha. A escolha não caberá ao devedor quando há uma pluralidade de optantes (os optantes – credores - devem entrar em um acordo unânime) ou quando há o direito de escolha para terceiro (exemplo – dois sujeitos firmam uma obrigação e conferem a escolha para um terceiro neutro, se o terceiro se recusar ou estiver impossibilitado de fazer a escolha, devolve-se a escolha para os sujeitos que são partes da relação obrigacional). Em ambos os casos a escolha pelo juiz é a última opção.
Existem situações em que a obrigação pode ser alternativa e cumulativa – exemplo: o sujeito deve cumprir duas de três prestações; podendo escolher quais as duas que serão cumpridas.
· É possível existir uma prestação periódica, e o entendimento é que os valores econômicos com a periodicidade pode ser alterado. Entretanto, a cada momento é uma obrigação, ou seja, é como se a obrigação se renovasse s todo tempo. Sendo assim a escolha que você faz no primeiro momento na vincula as suas escolhas posteriormente. Ex.: pagar 100 sacas de arroz /feijão 5x. 
· Uma ressalva interessante é para não confundir esse tipo de situação com uma obrigação que vá se pagar ao longo do tempo, mas aqui há uma única obrigação dividida em 5x: 100 sacas de arroz/feijão em 5x, ou seja, 20 sacas em cada um. Dessa forma é uma prestação fracionada. 
· Quando há vários sujeitos com direito de escolha, o código determina que a escolha deverá se dar de forma unânime, havendo um acordo entre os sujeitos. Entretanto, caso não haja o acordo p, o juiz vai escolher a prestação. 
· No caso de terceiro, sendo elegido, e a pessoa aceitar assume a obrigação de fazer. Mas se houver a inadimplência da obrigação de escolher impedindo que essa pessoa escolha, o §4º do artigo 250 determina que volta para as partes e ainda sim caso não queiram decidir, o juiz decide. 
9.6 IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
· Impossibilidsde superveniente
· Impossibilidade originária 
Impossibilidade da prestação: Neste caso existem duas prestações, e este fator é levado em conta.
Se ocorre impossibilidade de todas as obrigações sem culpa, ocorre a resolução.
Se ocorre impossibilidade de uma obrigação sem culpa, será cumprida a obrigação que restou.
Se ocorre impossibilidade de uma obrigação com culpa e a escolha foi do devedor, cumpre-se a prestação restante.
Se ocorre impossibilidade de uma obrigação e depois de outra, com culpa do devedor e escolha do mesmo, o devedor terá que indenizar a que por último se impossibilitou.
Se ocorre impossibilidade de uma das prestações com culpa e a escolha é do credor, ou o credor aceita a obrigação restante (sem pagamento de perdas e danos) ou ele escolhe a que se impossibilitou e recebe perdas e danos.
Se ocorre impossibilidade de ambas as prestações com culpa, e a escolha é do credor, ele deverá escolher qual das duas valerá para fins da indenização.
Se ocorre impossibilidade da primeira prestação com culpa e depois ocorre impossibilidade de cumprir a segunda obrigação sem culpa, é necessário que se despreze em qual momento houve a culpa para fins de perdas e danos (a culpa contaminaria a obrigação), neste caso, ocorreria a indenização, por analogia, da prestação que por último de impossibilitou.
Artigo 255 Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
· Independente de quem tem o direito de escolha, se for sem culpa, a solução é a subsistência da outra prestação. Mas se for com culpa: a preocupação do código é diferenciar quando as partes pactuaram que a escolha é do credor, isso significa que vai estrabtranskitindonoara o sujeito um direito potestativo que influência no crédito dele, impactando quando se dá a perda com culpa. Pois se há a prestação A e B (cumprindo ou com a A ou com a B). No caso da A se impossibilitar com culpa, se a escolha não for do credor o que o código fala é que vai cumprir com a B, pois nos vai estar prejudicando o direito do credor. Mas se o direito de escolha for do credor, há a possibilidade dele querer com a prestação que se impossibilitou pelo devedor, devendo pagar perdas e danos pela prestação que se impossibilitou. 
10. OBRIGAÇÃO FACULTATIVA 
Em origem a obrigação é simples, pois não há a ideia de alternatividade. O que lembra a alternativa é que embora não haja a alternatividade, está presente nela à possibilidade do devedor se liberar do cumprimento da obrigação realizando outra conduta. 
Ex.: Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
Ou seja, o abandono da coisa não é a prestação devida, mas sim uma prestação que surge quando o devedor não quer pagar a recompensa e as despesas). Geralmente é prevista legalmente. Se houver impossibilidade sem culpa, extingue-se a obrigação e com culpa, ocorre indenização acerca da obrigação prevista.
AULA 6 – 22.03 
11. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
11.1 NOÇÕES GERAIS
 - Leva em conta a divisibilidade da prestação (art.258).
A divisibilidade da prestação levará em conta se a coisa é divisível ou não em sua natureza. A indivisibilidade nem sempre decorre da coisa ou fato, pois pode ser que a coisa ou fato seja em sua natureza divisível, mas por outras circuntancias, aquela prestação ainda seja considerada indivisível (exemplo: pelos motivos do negócio jurídico, determinação legal). Não se deve confundir o ato de pagar (obrigação) e a prestação (ato presente na obrigação). O pagamento em regra é indivisível, a prestação não (art. 314). Se a prestação for divisível, o ato de pagar poderá ser divisível, mas, se a prestação for indivisível, o pagamento não se divide. 
Exemplo: obrigação de entregar um diamante – mesmo que o diamante seja fracionável, trata-se como algo indivisível, pois há diminuição do valor econômico da coisa. Quando há somente um credor e um devedor, não há tanta importância se a obrigação é divisível ou indivisível, pois nesse tipo de obrigação, seja divisível ou indivisível, a regra é que o devedor pagará tudo de uma vez só. Esta questão ganha mais relevância quando há uma pluralidade de sujeitos. 
11.2 ADIMPLEMENTO
· Na obrigação divisível, se alguém deve para mais de um credor, é como se houvesse a divisão da obrigação dividida em obrigações individuais. O inadimplemento de um não afeta o inadimplemento de outro. Cada devedor é responsável pela sua parte e cada credor pode cobrar a sua parte.
· Na obrigação indivisível paga-se o todo, pois não há outra possibilidade, logo, o credor pode ir a qualquer um dos devedores e cobrar a prestação. O devedor que pagar a obrigação, passa a ocupar o espaço que antes era do credor na obrigação, já que ele se sub-roga (o pagamento com sub-rogação tem o sentidose substituição – o pagamento não extingue a obrigação); o antigo credor sai da relação obrigacional. Neste caso a obrigação se torna divisível perante aos agentes restantes após o credor original ser satisfeito.
· Na obrigação indivisível, quando houverem vários credores, o credor pode cobrar tudo, mas intrinsicamente ele não possui todo o crédito; neste caso, o devedor não pode realizar o pagamento em qualquer circunstância. Para se proteger, ou o devedor reúne todos os credores e realiza o pagamento conjuntamente, ou ele paga a um credor desde que ele (o credor) tenha um documento chamado calção de ratificação (documento firmado pelos outros credores que autorizam a esse credor receber sozinho). Esse um que recebeu tem o privilégio de manter para si e pagar aos outros o que se é devido.
11.3 EXTINÇÃO PARCIAL 
Se um dos credores na obrigação indivisível resolve perdoar a dívida, ele só pode perdoar a parte dele. Os outros credores continuam podendo exigir a prestação. Em qualquer situação em que existam vários credores e haja a extinção parcial da obrigação, o credor ou os credores ainda terão direito a cobrar a obrigação, mas nasce a obrigação de pagar ao devedor o valor correspondente à parcela extinta (art. 262), ou seja, a diferença. 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão (quando um sujeito vira credor e devedor da mesma obrigação).
11.4 INADIMPLEMENTO 
A obrigação é divisível ou indivisível por conta da prestação. Uma obrigação indivisível em que ocorre o inadimplemento, e ela se resolve por perdas e danos, ela passa a ser uma obrigação divisível (art. 263). A culpa do inadimplemento, pode ser de todos os devedores ou de apenas um.  Se a culpa for de todos, todos respondem solidariamente, se a culpa for somente de um, o mesmo deverá responder por perdas e danos (prestação pecuniária), mas a responsabilidade pelo objeto continua sendo de todos os devedores. Os outros devedores que não possuíram culpa depois podem entrar com uma ação para reaver o que já havia sido pago.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1° Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2° Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. 
ATENÇÃO: o que está dizendo (Art 263 §2º) é que a exoneração dos outros é apenas das perdas e danos, mas não do equivalente, ou seja, o credor vai cobrar o equivalente de todos. 
12. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA
A solidariedade se diz respeito a um outro elemento que não é o objeto da relação, mas sim como se dá a obrigação entre os sujeitos.
Art. 264. Modifica-se o como de como se dá a relação entre os sujeitos. Via de regra, cada credor só tem direito a sua parcela de crédito. Na obrigação solidária, há um montante integral, e perante o devedor ou credor, cada credor ou devedor atua como se fosse dono do todo, mas claro que é uma única prestação. A solidariedade não pode ser presumida, decorrendo sempre da lei ou de convenção das partes. 
Há uma discussão na doutrina de que se na obrigação solidária houver um único vínculo jurídico unindo os polos ou vários vínculos. A regulamentação da obrigação solidária (artigo 266), então, pode ocorrer de modo diferente para cada um dos sujeitos, como por exemplo determinar um prazo diferenciado ou o local de pagamento, justamente por isso que entende-se majoritariamente que são vários vínculos. 
E não há como haver solidariedade se não houver uma pluralidade de sujeitos no polo da solidariedade. 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
12.1 SOLIDARIEDADE ATIVA 
· ADIMPLEMENTO
Na solidariedade ativa, tem-se necessariamente uma pluralidade de credores. Cada credor pode exigir o pagamento da prestação por inteiro. Em regra, o devedor pode e deve pagar a prestação integralmente a qualquer dos credores. A exceção é que se um dos credores entrar com a ação judicial, o devedor terá que pagar somente a ele. Os outros credores não recebem diretamente do devedor, mas sim do credor que já recebeu a prestação (exemplo: conta conjunta, o fiador formalmente não se encontra regulado nas obrigações solidárias, mas, na prática, ocorre isto). Ocorre o adimplemento quando paga-se a qualquer um dos credores da obrigação.
· FALECIMENTO DO CREDOR
Se um credor solidário falece, deixando herdeiros, estes serão credores, mas não serão credores solidários (cada um só irá receber a parte que lhe é cabível por sucessão, presumindo que há uma divisão prorrata - iguais). Se a obrigação foi indivisível, os herdeiros só poderão cobrar o todo pelo fato da indivisibilidade.
· PERDAS E DANOS
Se a obrigação indivisível for transformada em perdas e danos ela se torna divisível decorrente da prestação, e a obrigação não afeta a solidariedade por conta do vínculo entre os sujeitos.
· REMISSÃO 
Na obrigação indivisível o credor poderia remitir somente a parte dele. Na obrigação solidária, o credor pode remitir o todo, já que perante o devedor, cada credor é credor do todo, e por tanto pode-se perdoar integralmente a dividida. Os outros credores deverão receber a parte cabível, na relação interna. Dessa forma o credor que perdoa o todo se torna devedor a fração de cada.
· EXCEÇÕES PESSOAIS 
Exceção é algo que atua como um meio de defesa, não negando o direito alheio, mas colocando um outro direito como óbice do exercício daquele primeiro. Alega-se um direito que impede o direito do outro, apesar do direito ser reconhecido. A exceção pode ser geral, aplicável a qualquer pessoa (ex. prescrição) ou pessoal.
Se o devedor tem uma exceção pessoal a um dos credores solidários ele não pode opor a exceção aos demais credores solidários.
Ex.: o réu na hora de receber pode contestar ou colocar uma exceção: “eu devo esse dinheiro mas não tenho que pagar por conta do fator X.”.
· COISA JULGADA 
O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, ou seja, a coisa julgada, não irá produzir efeito para os outros credores. O julgamento favorável aproveita a todos os credores, então, atualmente, pode-se alegar a exceção pessoal sem que haja prejuízo dos outros credores.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.
12.2 SOLIDARIEDADE PASSIVA
Existem vários devedores, e perante o credor, cada devedor é colocado como dono de toda a prestação.
· ADIMPLEMENTO
Se um devedor pagar o todo, ele se sub-roga do direito do credor e pode cobrar a parcela cabível aos outros devedores. O credor pode cobrar de quem ele quiser
· FALECIMENTO DO DEVEDOR 
Cada devedor é obrigado a pagar somente a sua parte. Os devedores solidários se quiserem, podem reunir os herdeiros do falecido e cobrar dos mesmos como se fossem o devedor original. O credor não pode cobrar dos herdeiros.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
· AGRAVAMENTO DA OBRIGAÇÃO 
Os vínculos entre os sujeitos são independentes, de modo que, mesmo após a obrigação ter sido criada, se mantem a possibilidade que a obrigação seja modificada entre o credor e um dos devedores, sem a participação dos outros devedores solidários. Se aconteceuma modificação da obrigação, ela não poderá agravar a posição dos outros nesta obrigação.
· INADIMPLEMENTO 
Art. 279 e 280. Se houve inadimplemento por culpa de um, a solidariedade se mantém de modo que o equivalente continua sendo exigível de qualquer um, as perdas e danos só são exigíveis do devedor culpado. Nos juros de mora, pode-se exigir de qualquer um, só que, se quem paga não for culpado, ele poderá exigir posteriormente de quem teve a culpa. 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
· EXCEÇÕES PESSOAIS
Art. 281. O devedor pode opor o credor as exceções pessoais, exceções estas que não podem ser opostas pelos outros co-devedores (a não ser que seja geral).
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
· RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE
O credor pode renunciar a solidariedade em relação a um, a alguns ou a todos os sujeitos da relação. Renunciar a solidariedade é diferente de perdoar a dívida. Quando ocorre a renúncia, a dívida continua.
· RATEIO
da parcela do insolvente: Se houver um devedor insolvente, a dívida dele será rateada entre todos os devedores, até mesmo aqueles excluídos da solidariedade.
· DIVIDA DO INTERESSE EXCLUSIVO 
O sujeito que pagou poderá cobrar do devedor a prestação por inteiro. 
Ex.: fiador. A divisão não é prorrata, ou seja, um deve tudo e o outro não deve nada. 
AULA 7 – 29.03 
13. TRANSMISSÃO: 
Aqui não há extinção de obrigação, mas sim a mudança de um dos sujeitos. Situação que há uma transmissão de uma posição ocupada pelo sujeito na relação obrigacional. A transmissão se dá antes da prestação. “Toda forma de transmissão de obrigação se caracteriza pela conservação do negócio jurídico, que não sofre modificação em seu objeto por mais que ocorra sucessiva substituição de seus atores”, ou seja, há a permanência da obrigação, os sujeitos é que se modificam. O crédito se encontra inserido no patrimônio do credor, e por isso está sujeito à transmissão, assim como qualquer outro bem jurídico. Desde a constituição válida do negócio jurídico, o crédito já se encontra no patrimônio do credor. O direito de crédito é renunciável, onerável, transmissível por hereditariedade e alienável (gratuita ou onerosamente). Em geral, todos os créditos são transmissíveis inter vivos ou causa mortis. 
13.1 Cessão de crédito: 
A cessão de crédito, ocorre no polo ativo da relação obrigacional. Na obrigação inicialmente formulada entre os sujeitos, um terceiro passa a ocupar a posição que antes era do primeiro credor.
· Noções gerais: nessas situações o devedor chama-se de cedido; o primeiro credor é o cedente e o sujeito que assume o crédito é o cessionário. Em regra, qualquer crédito pode ser cedido. A cessão de crédito é um negócio que se realiza entre o cedente e o cessionário, portanto, para que ela seja válida e produza efeitos, o devedor sequer precisa ser informado. O débito do devedor permanece exatamente o mesmo, por isso não há interferência quando há cessão. A cessão pode não ser permitida porque a lei expressamente proíbe, porque a natureza da obrigação não permite, e por vontade das partes (credor e devedor podem acordar que um crédito que normalmente poderia ser cedido, passe a não ser – nesse caso, o terceiro tem mais dificuldades em saber que não há cessão). Quando o cessionário está de boa fé e a cláusula que retira a possibilidade de cessão se encontra em outro documento, a cessão será válida e eficaz.
Artigo 298 – exceção legal. Quando ocorre o ato da penhora, não se pode mais ceder o crédito.
Na cessão de crédito os acessórios da obrigação continuam seguindo o principal (objeto continua empenhado, fiador e hipoteca continuam, etc.).
· Eficácia em relação a terceiros: Para que haja produção de efeitos em relação a terceiro, algumas ações devem ser realizadas. Deve-se realizar mediante instrumento público ou instrumento particular revestido na forma do contrato de mandato e o registro da cessão (critica-se isto, pois, utilizar a forma do contrato de mandado não faz com que todos saibam que houve a cessão). Tudo isso ocorre pelo interesse do cessionário, pois ele é quem tem o crédito (ex: averbação na hipoteca). 
· Eficácia em relação ao devedor: Se o devedor paga ao cedente, sem saber que ocorreu uma cessão, ele torna-se adimplente, mesmo que não tenha ocorrido o pagamento ao cessionário. O ordenamento, na redação dos artigos 291 e 292, busca evitar as situações de má-fé, pois, algumas pessoas se utilizam da cessação de crédito para multiplicar o dinheiro, já que a cessão pode ser a título oneroso (e o pagamento é geralmente menor que o crédito). Devem existir medidas protetivas do crédito por parte dos envolvidos.
· Exceções: Quando da notificação, o devedor pode opor ao cessionário as exceções que há contra e ele e também contra o cedente. Aqui pode-se opor uma exceção pessoal a outro sujeito, reforçando que a notificação é benéfica ao cessionário.
· Responsabilidade do cedente: A cessão pode ser feita por liberalidade ou a título oneroso. As vantagens para o cedente são a possibilidade de receber um valor antes, e se liberar de um possível inadimplemento. Para o cessionário a vantagem é o lucro. Regulamenta-se a responsabilidade do cedente perante o cessionário e pode dizer respeito à responsabilidade pela existência do credito e pela solvência do devedor.
Existência do crédito: terá diferença se for a título gratuito ou oneroso. Quando é por título oneroso (culposamente ou não) a determinação é que o cedente responda pela existência. Quando é por título gratuito, o cedente responde se estava de má-fé. Em regra o cedente não se responsabiliza pela solvência do devedor, logo o risco fica com o cessionário, mas isto pode ser determinado pelas partes (o cedente se responsabiliza de forma limitada pela solvência do credor – art.297).
13.2 Assunção de dívidas:
· Noções gerais: Enquanto na cessão de crédito o que ocorre é uma transmissão no polo ativo, na assunção de dívidas o que ocorre é uma transmissão no polo passivo da obrigação. Para o credor, faz muita diferença saber que está devendo a ele; muitas vezes o sujeito só aceitou alguém como devedor por conta de circunstâncias específicas do mesmo. Para que haja assunção de dívida é necessário o consentimento expresso do credor, pode-se até estabelecer um prazo para que o credor se manifeste; a única exceção em que o silêncio implica aceitação se dá no art. 303, pois, mais importe que os sujeitos é o imóvel hipotecado. 
· Espécies: A assunção de dívida pode ocorrer de duas maneiras: 
Assunção de dívida por expromissão: O sujeito que quer ser o novo devedor procura diretamente o credor para assumir nova dívida.
Assunção de dívida por delegação: Negociação feita entre o terceiro e o devedor, e depois eles procuram o credor para que ele autorize o negócio.
OBS: Promessa de liberação do devedor: Ocorre aqui a criação de uma obrigação entre o terceiro e o devedor primário, cujo o conteúdo é pagar a dívida do devedor primário ao credor. Os sujeitos da obrigação continuam o mesmo, não há alteração no polo passivo, por isso não é uma assunção de dívida.
· Garantias: Na cessão de crédito a regra é pela manutenção das garantias. Na assunção de dívida a lógica é diferente. Nas obrigações, pode-se falar em garantia geral (patrimônio do devedor) e garantia especial (aquela que foi criada para aquela obrigação – hipoteca, fiador). Em regra, as garantias originariamente dadas na obrigação se extinguem no momento em que o terceiro assume a dívida. Aqui fala-se de garantias, não de outras coisas como multa, juros, etc.
As garantias podem ser mantidas (art. 301). Deve-se perceber se a garantia é prestadapelo próprio devedor ou por terceiro (assuntor). Se a garantia for prestada por terceiro, para que ela se mantenha, o terceiro deve concordar com isto.
Anulação: Existem situações em que ocorre a assunção de dívida e depois ela é anulada. Diante da anulação da assunção de dívida, as garantias (prestadas pelo devedor) retornam, as garantias prestadas por terceiro não retornam (se o terceiro tinha conhecimento do vício, ele ainda deve prestar a garantia).
· Exceções pessoais: O terceiro que assume a dívida não pode opor ao credor as exceções pessoais do devedor primitivo.
Cessão de posição contratual ou cessão de contrato: Em regra o sujeito assume tanto um polo ativo quanto um polo passivo. Um novo sujeito ingressa no contrato. Existem aqui elementos da cessão de crédito e da assunção de dívida. O contrato é mantido. Para ocorrer a concessão contratual é necessário que ocorra a autorização do vendedor. Quando há troca do comprador, o fiador não se mantém, o fiador do vendedor é mantido.
AULA 8 – 12.04
14. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO:
14.1 Noção gerais: A obrigação é criada para ser adimplida, e os acontecimentos que se dão na obrigação são direcionados ao seu cumprimento. Normalmente, quando há o adimplemento, a obrigação é extinta. Adimplemento e extinção não estão necessariamente relacionados.
14.2.Tríplice aspecto do pagamento: O pagamento não é necessariamente pecuniário; aqui, refere-se a pagamento como o cumprimento da obrigação. O primeiro aspecto é o dever-prestar: para que se fale em pagamento, deve haver uma dívida, pode até ser que um terceiro pague, mas é necessário a existência do débito. Quando se fala que houve o pagamento, houve também a satisfação objetiva do credor (segundo aspecto). A liberação do devedor seria um terceiro aspecto, que pode ou não ocorrer pois pode haver pagamento por parte de terceiro, e o devedor ainda terá que pagar a este, não estando assim liberado completamente. Se quem pagou foi o próprio devedor, a liberação ocorre no momento em que ocorre o pagamento. Até 16’
14.3.Natureza jurídica do pagamento: O pagamento é um fato jurídico em sentido amplo, mas, discute-se em qual categoria ele se encaixa. As duas maiores corrente consideram o pagamento ou ato-fato (quando há uma ação que leva a um resultado) ou ato jurídico stricto sensu (exemplo: alguém deve cem reais a Júlia e cem reais a Letícia, mas só pode pagar a uma dos duas. O devedor escolhe pagar para Letícia, porém deposita na conta de Júlia por conta de um erro no momento de anotar as contas bancárias – neste caso, o pagamento feito para Júlia será válido, e portanto, a incidência da vontade não importa aqui, logo, tem-se aqui um ato-fato jurídico).
14.4.Pontualidade (princípio da pontualidade): Quando se fala que o pagamento deve ser pontual, a ideia é de que todos os pontos presentes na obrigação devem ser cumpridos, pois adimplir não é simplesmente entregar o que se deve (observar o objeto da obrigação) , tem-se de observar outras coisas. O inadimplemento pode ser surgir por diversos motivos, como o pagamento fora do local ou da data, a inobservância dos deveres anexos e secundários.
· Teoria do Adimplemento Substancial.
14.5.Pagamento: direito ou surgimento do dever? O pagamento é um direito do credor, e um dever do devedor. O questionamento se refere a saber se o devedor, além do dever de pagar, teria o direito de pagar. A ideia maior é que o devedor tem o direito de se liberar da dívida, o devedor não pode ser refém do credor até que ele queira exercer o seu direito. Diante da recusa do credor receber o pagamento, o credor pode realizar o pagamento em consignação, por exemplo. O devedor não pode ficar ‘eternamente’ vinculado ao credor. 
Pode trazer uma ação errada dizer que é um direito, pois uma pessoa pode existir uma coisa dessa outra pessoa. 
15. ELEMENTOS DO PAGAMENTO:
15.1 Sujeitos:
15.1.1 De quem deve pagar:
· Devedor: Dos sujeitos que podem eventualmente pagar, o único que é parte é o devedor, o restante é terceiro.
· Terceiro interessado: A noção de interesse aqui é interesse jurídico. O terceiro interessado é aquele em que uma determinada obrigação pode atingir a sua esfera jurídica (exemplo: fiador, garantidores em geral, etc.). O que importa é que a obrigação seja apta a causar consequências jurídicas na esfera do terceiro. Devedor e terceiro interessado possuem os mesmos mecanismos para que se pague a dívida. O terceiro interessado ao pagar a dívida, se sub-roga no direito do devedor.
· Terceiro não interessado: Não há nenhum efeito jurídico possível causado por uma determinada obrigação, que irá influenciar na esfera jurídica do terceiro. O interesse geralmente não é jurídico, mas ocorre em outra esfera.
· Qualquer interessado na extinção da dívida pode quitá-la. O terceiro não interessado só pode ter assegurado os mecanismos de pagamento se paga em nome e a conta do devedor (é como se fosse o próprio devedor quem estivesse pagando). Para a doutrina quando o terceiro interessado paga em nome e a conta do devedor, ele está realizando uma liberalidade e por isso, não tem direito a nada. Quando o terceiro não interessado paga em nome próprio ele tem direito a reembolso, não ocorre aqui a sub-rogação: extingue-se a obrigação, e nasce uma nova obrigação em que o devedor inicial deve pagar ao terceiro não interessado aquilo que foi pago ao credor – a única coisa que se mantém da obrigação anterior é o prazo (o direito ao reembolso só pode ser exercitado após a data de vencimento da obrigação antiga).
· Proteção ao devedor: o pagamento feito por terceiro não interessado com desconhecimento ou oposição do devedor, onde o devedor possui alguma exceção contra o credor, não gera o direito de reembolso para o terceiro.
· Pagamento envolvendo transmissão de propriedade: o art.307 se relaciona mais com direito das coisas. O problema aqui não é o ato de pagar, mas o poder do sujeito de alienar a coisa.
Art. 307: Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
O parágrafo único trás uma exceção: quando se trata de coisa fungível, quem tá entregando a coisa não pode dispor, ou seja, não esta legitimada, mas o credor não sabe disso, de boa fé e consome a coisa o pagamento se torna eficaz. 
15.1.1 Daqueles a quem se deve pagar: 
· Credor representante: O pagamento pode ocorrer a outro sujeito eventualmente. O normal é que se pague ao credor ou a um representante do credor desde que este tenha poder para receber ou dar quitação. Quando se tem um credor incapaz de quitar, ele não terá como liberar o devedor, e por isso, o pagamento não é dado ao credor, mas sim ao representante. Aqui, para o pagamento ser perfeito, o que importa é o efeito, e por isso, se o devedor paga ao credor incapaz de quitar, ele deve provar que o pagamento foi revertido em favor ao credor (exemplo: pai que entrega o valor da pensão ao filho absolutamente incapaz).
· Credor putativo: Fundamenta-se a partir da boa-fé de quem paga, e na aparência que sustenta essa boa-fé (teoria da aparência). Há aqui a aparência de que um sujeito era o credor, mas ele não era. O credor real poderá ingressar posteriormente, com uma ação contra o credor putativo. Segundo o art. 309 “o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor”. Aqui é irrelevante a boa-fé ou má-fé do credor putativo.
· Portador da quitação: Fundamenta-se a partir da boa-fé de quem paga, e na aparência que sustenta essa boa-fé. A quitação é o documento que melhor serve para o devedor provar que ele pagou. A quitação tem o poder liberatório do devedor. Se o sujeito está com a posse do documento da quitação, ele está autorizado a receber o pagamento. Segundo o art. 311 “considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstânciascontrariarem a presunção daí resultante.” Ou seja, está reforce do que não é simplesmente porque o sujeito está com a quitação, mas sim pelo contexto de que se está com a quitação ele está apito a receber. 
· Sobre a penhora: Art. 312: Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. – Um sujeito deve ao outro, mas o crédito que se tem é penhorado. Quando o devedor sabe da existência da penhora, ele não deve mais pagar ao credor, mas se ele pagar ao credor ainda assim, ele poderá ser constrangido a pagar a quem o credor deve, podendo posteriormente entrar com uma ação de regresso contra o primeiro credor.
15.2 Objeto do pagamento:
· Identidade: Art.313 – O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. A prestação que pode ser utilizada para adimplir guarda necessariamente identidade com a prestação que é devida. A prestação que está apta a liberar o devedor é aquela que anteriormente foi pactuada. O devedor não pode ser obrigado a pagar com prestação diversa a qual ele deve, ainda que menos valiosa. A pessoa não será obrigada a mudar a prestação, mas, através de um acordo ela pode ser mudada.
· Indivisibilidade: A regra é que o pagamento será feito em um único ato, por força da indivisibilidade do pagamento e não da prestação. Isto pode ser mudado pelas partes através de acordo.
· Nominalismo: Se refere ao pagamento da obrigação pecuniária. É a ideia de que nas obrigações o sujeito sempre paga o valor nominal, não o valor real (ou seja, não há a avaliação de poder aquisitivo ou de quanto a moeda está valendo). Paga-se aqui o valor acordado, sem correção no momento do pagamento (forma de proteger o devedor).
· Cláusula de escala móvel: Quando existem obrigações de cumprimento sucessivo ao longo do tempo, é possível que os sujeitos fixem uma cláusula que serve para que ao longo do tempo ocorra reajuste do valor (exemplo: aluguel). 
· Curso forçado da moeda: Art.315 e 318, CC. Quando se fala de curso forçado da moeda, significa que no nosso ordenamento, a única moeda apta para pagamento das obrigações é a adotada pelo país, no caso do Brasil, o real. Para alguns autores o código só proíbe a convenção do pagamento, mas não proíbe que o contrato envolva moeda estrangeira desde que convertendo em moeda nacional, a outra corrente faz uma interpretação mais aberta. Existem algumas exceções como o contrato de câmbio e os contratos de importação e exportação.
 As normas que cuidam do pagamento da obrigação pecuniária, além de cuidar do adimplemento, são normas que acabam regulando o mercado e a economia (interferem na política econômica). Serve para diminuir a especulação.
· Onerosidade excessiva: Art.317, CC. A obrigação foi criada em um momento com a prestação sendo X. Entre o momento do cumprimento e o momento da criação, há algum evento fazendo que que haja uma alteração desconexa da prestação. O juiz pode tentar equilibrar o valor da prestação. Na lesão, a desproporção é na formação da obrigação. O art.317 não foi pensado para regular a onerosidade excessiva, mas sim a correção monetária. A Teoria aplicada no Brasil é uma junção entre a teoria da onerosidade excessiva e a teoria da imprevisão. A da onerosidade tem como elemento central o valor desproporcional e a da imprevisão tem como ponto central o surgimento de um acontecimento imprevisível de onde surge a desproporção. Há um evento imprevisível que faz com que as coisas no momento do adimplemento estão muito diferentes do que o que foi imaginado. Comprovar a parte da onerosidade é fácil, porém conseguir utilizar um evento que possa justificar o pedido de revisão é mais difícil.
· Despesas: Está expressamente claro que as partes podem determinar como bem entenderem o regulamento das despesas, mas em regra, as despesas com o pagamento e com a quitação se dá por conta do devedor. Se ocorrer aumento de despesas por parte do credor, ele deverá pagar este aumento.
· Pesos e medidas: Art. 326, CC. A unidade de peso e medida utilizada em regra, se nada for dito em contrário, será aquela utilizada pelo locar da obrigação.
15.3 Prova do pagamento: 
· Quitação: Ato jurídico stricto sensu. O caminho mais fácil para realizar a prova do pagamento é apresentar o documento de quitação. A quitação não é o único meio de provar o pagamento, pois, o sujeito pode recorrer a outros mecanismos para tentar provar que ocorreu o pagamento (ex: testemunhas). A quitação é um direito do devedor, inclusive, ele tem a possibilidade de enquanto não lhe for dada a quitação, não realizar o pagamento sem se tornar inadimplente (retenção do pagamento). O devedor pode se recusar a fazer o pagamento, mas é ideal que ele não fique inerte, inclusive para ter alguma prova de que ele queria realizar o pagamento (ex: pagamento em consignação). Sendo ato jurídico stricto sensu, não havendo inobservância da forma (art.320), o ato deveria ser nulo em tese, mas, o legislador estabeleceu que mesmo sem os requisitos do art.320, a quitação será válida e produzirá efeitos se de seus termos e circunstâncias resulta o pagamento da dívida. Quando for uma obrigação que envolva um título, e o credor houver perdido este documento, o devedor no momento do pagamento poderá exigir a quitação e também que o credor emita uma declaração inutilizando o título perdido.
· Presunções de pagamento: Não há a comprovação do pagamento de determinada parcela.
a) Quotas periódicas (art.322): Quando o pagamento for de quotas periódicas, o pagamento da última, faz presumir que estão também quitadas as prestações anteriores, até que se prove o contrário. Via de regra os sujeitos já procuram desconstituir essa presunção (que é relativa).
b) Relação entre capital e juros (art.323): Presunção relativa. O sujeito deve o principal e os juros, e vai realizar o pagamento. Se no ato do pagamento não houver nenhuma ressalva sobre o pagamento dos juros, presume-se que estes estão pagos (a dívida gerada por juros só irá gerar novos juros após um ano).
c) Entrega do título (art.324): Se há a entrega do título ao devedor, presume-se que este já pagou a dívida. A presunção aqui, inicialmente é relativa, mas, se em 60 dias o credor não provar que não houve o pagamento, a presunção passa a ser absoluta.
15.4 Lugar do pagamento: 
· Noções gerais: Via de regra, ao se falar em local do pagamento, trabalha-se com o que é colocado pelo Código como norma geral. Se nada foi dito pelas partes, pelos costumes, etc. entende-se que o local do pagamento será o domicílio do devedor. Nestes casos, fala-se que há uma obrigação quesível. Quando o pagamento se dá no domicilio do credor, chama-se a obrigação de portável. Certos efeitos da obrigação tornam o sujeito adimplente ou não a depender do local da obrigação – se a obrigação era quesível e o credor não vai ao devedor, ele é quem estará inadimplente. Se caso contrário, a obrigação fosse portável e o devedor não vai ao credor, é o devedor quem está inadimplente. Existem obrigações que não são nem quesíveis nem portáveis, pois pode-se convencionar um local onde tanto credor quanto devedor devem comparecer (se um não aparece, o que não apareceu está inadimplente; se os dois não aparecem pode-se alegar que os dois estão inadimplentes ou que os dois estão adimplentes). Deve-se perceber as consequências da mora do devedor ou do credor. Em regra a obrigação é quesível, mas quando existem vários locais como possibilidade de pagamento, o direito de escolha é do credor. Qualquer pagamento relativo a imóvel deve ocorrer no local do próprio bem.
· Motivo grave: Art.329. No momento em que criou-se uma obrigação, determinou-se o local de pagamento. Posteriormente, ocorre algum evento (não imputável ao devedor) que impede que o devedor pague no local indicado. Por se tratar de conceito indeterminado, não se pode enumerar as situações que caberiam

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