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História do Direito Penal Brasileiro Doutrinas UJ

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25/02/2016 História do Direito Penal Brasileiro ­ Doutrinas UJ
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/884/historia_do_direito_penal_brasileiro 1/14
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ISSN 2177­028X
História do Direito Penal Brasileiro
Das origens: 
Começamos por considerar que é com as leis e os costumes da metrópole que o Brasil, até então colônia de Portugal,
inicia a sua história  jurídica,  leis e costumes esses, que  foram  trazidos pela sociedade portuguesa,  juntamente com
outros elementos da vida política e social pré­ organizados. 
As  leis portuguesas, eram extravagantes e severas,  isso sob mais de um aspecto, segundo a nossa atual realidade
política, mas exprimiam o velho Direito das nações da Europa, naquela época, e é nessa legislação que vem se apoiar
a ordem jurídica, que iria comandar a vida social, política e econômica, dentro da colônia, e os centros de colonização
que primeiro aqui se formaram, como núcleos estáveis de vida civilizada para dar inicio à história da nossa cultura. 
As práticas punitivas das tribos selvagens que habitavam o país em nada influíram, nem naquele momento, nem depois,
sobre a nova legislação penal. Situados em um grau primário de civilização, e que era subjugado pelos colonizadores,
que brutalmente  interrompiam o seu curso natural de desenvolvimento autônomo,  ignorando, ou  fazendo questão de
esquecer os seus usos e costumes, que não tiveram peso algum sobre a legislação e normas jurídicas impostos pelos
invasores, que correspondiam a um estilo de vida política muito mais avançado em relação ao dos silvícolas 
As Ordenações portuguesas 
Esses grandes sistemas de leis do velho reino sucederam à fase fragmentária dos forais e às abundantes leis gerais
sem ordem nem sistematização. O primeiro deles, as Ordenações Afonsinas, mandadas compor pelo Rei D. João I, foi
iniciada pelo Mestre João Mendes, corregedor da corte e jurista.. Este, porém, morreu sem concluí­lo, após muitos anos
de complicação, seleção e reforma das leis até então promulgadas e dos costumes nacionais ou mesmo de Castela, e
tomando em consideração o Direito romano e canônico, que resultaram a fonte mais importante da nova legislação. 
Esse esforço da elaboração jurídica de que proviriam as primeiras Ordenações iria durar cerca de 40 anos, terminando,
portanto, sob o reinado de D. Afonso V, cabendo­lhe a denominação de Ordenações Afonsinas. A essa obra, que foi o
primeiro Código completo de legislação a aparecer na Europa, depois da Idade ­ Média, chamou Cândido Mendes de
verdadeiro  monumento  e  por  si  só  um  acontecimento  notável  na  legislação  dos  povos  cristãos.  Vigoraria  essa
legislação por uns 70 anos, sendo substituída por nova codificação, empreendida por D. Manuel, o Venturoso, que quis,
assim, ou ajuntar aos seus títulos mais o de legislador, ou divulgar, pela imprensa, que então começava a generalizar­
se em Portugal, um Código mais perfeito. Por  fim, Felipe II, da Espanha, que passara a reinar sobre Portugal com o
nome de Felipe I, ordenou, "para emendar a confusão das leis e obter a estima dos portugueses", nova estruturação
dos  velhos  Códigos,  incumbindo  de  organizá­la  os  desembargadores  Paulo  Afonso  e  Pedro  Barbosa,  com  a
colaboração de Damião de Aguiar e Jorge Cabedo. Revistas, enfim, por outros juristas, são as Ordenações Filipinas
decretadas em 1603, já sob o reinado de Felipe II, e, restaurada a monarquia portuguesa, revalidadas pela lei de 29 de
janeiro de 1643, continuando em vigor por mais de dois séculos ainda. 
Nos escassos agrupamentos de gente portuguesa nas  terras da colônia, nos primeiros  tempos,  faltava a autoridade
pública, que ditasse o Direito e o fizesse respeitar, estando os poderes da metrópole longe demais para que pudessem
fazer sentir a sua vigilância. 
Já  se encontra,  porém, um  regime  jurídico nos  centros de  vida  colonial  disciplinados política e administrativamente,
como os que se criaram a partir de Martim Afonso de Souza, que para aqui trouxe os fundamentos de uma vida regular
e  de  uma  administração  organizada,  com  a  sua  autoridade  de  capitão­mor  e  governador  das  terras  do Brasil  e  os
poderes extraordinários concedidos pelas cartas­régias, que o revestiam nas suas funções e lhe davam direito à total
obediência dos habitantes da colônia. As cartas ­ régias, alvarás, regimentos estabelecem regras particulares sobre os
poderes  das  autoridades  regionais,  capitães­mores,  governadores,  etc.,  ou mesmo  soluções  especiais  para  certos
fatos  jurídicos,  mas  a  substância  do  Direito  eram  as  normas  das  Ordenações  do  Reino.  Dentro  delas  foi  que  se
desenvolveu aquela  legislação própria da colônia, emanada da metrópole para aqui  reger, ou aqui mesmo elaborada
pelos poderes públicos da  região, nos casos particulares em que  isso se  fazia. Nessas Ordenações se encontram,
portanto, as fontes primitivas do Direito Penal brasileiro. 
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25/02/2016 História do Direito Penal Brasileiro ­ Doutrinas UJ
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/884/historia_do_direito_penal_brasileiro 2/14
As  Ordenações  Afonsinas  não  apresentam,  evidentemente,  uma  estrutura  orgânica  comparável  à  dos  códigos
modernos.  Todavia,  considerando  a  época  em  que  foram  elaboradas,  teremos  de  reconhecer  que  constituem  uma
compilação notabilíssima. Os seus defeitos, sobretudo a falta de unidade de plano e as freqüentes contradições, são,
para o tempo, insignificantes. Não foi longa a vigência das Ordenações Afonsinas, pois logo no começo do século XVI
se iniciaram os trabalhos de sua reforma. E sendo substituídas no reinado de D. Manuel, depressa caíram no quase
completo esquecimento, sem terem chegado a serem impressas. 
As  Ordenações  Manuelinas  (codificação  promulgada,  em  1521,  por  D.  Manuel  I,  para  substituir  as  Ordenações
Afonsinas.) mantiveram o plano adotado nas Afonsinas, compreendendo, portanto, cinco livros subdivididos em títulos e
parágrafos.  As  matérias  distribuem­se,  aproximadamente,  segundo  a  mesma  ordem.  Mas  as  alterações  são
importantes. Quanto à substância, inseriram­se muitos preceitos novos, alguns deles consagrados em leis posteriores
às Ordenações de D. Afonso V, e interpretaram­se passagens duvidosas. Paralelamente, foram suprimidas as normas
revogadas. Assim, por exemplo: no livro II deixou de figurar a legislação especial para Judeus e Mouros, que uma lei de
5 de dezembro de 1496 expulsara do Reino, e esse mesmo livro deixou de conter, na edição de 1521, a matéria que,
entrementes, fora colocada nas Ordenações da Fazenda; no livro IV desapareceu uma importante lei sobre o direito de
avoenga.  Quanto  à  forma  das  Ordenações  Manuelinas,  a  principal  diferença  reside  no  fato  de  se  apresentarem
redigidas em estilo mais conciso e todo decretório, sendo só excepcionalmente, que aparece o extrato de algumas leis,
mas nunca a sua transcrição literal. 
Pouca  importância  tiveram,  no  Brasil,  as  Ordenações  Manuelinas,  embora,  formalmente,  estivessem  vigorando  na
época das capitanias hereditárias. Abundavam as determinações reais decretadas para a nova colônia, que aliadas
às cartas de doação, com força semelhante a dos forais , abacinavam as regras do Código Unitário. O arbítrio é que
estatuía o Direito empregado e, como cada um  tinha critério próprio, era extremamente caótico o  regime  jurídico. D.
João III, em 1548, expediu vários regimentos fixando as atribuições e encargos do funcionalismo destacado para além­
mar,  visando  a  restringir  o  arbítrio  dos  donatários.  Nas  aldeias,  alegislação  criminal  era  criação  dos missionários,
jesuítas. 
As Ordenações Afonsinas podem interessar apenas no tocante da influencia que exerceram sobre a elaboração das
Manuelinas. Estas é que foram real e efetivamente a legislação do início do regime colonial na Brasil. A legislação da
época  das  capitanias  e  dos  primeiros  tempos  dos  governadores  gerais.  Essa  legislação,  que  representava  a
estratificação de costumes jurídicos  longamente praticados, de regras de Direito de antigas culturas, uma legislação,
em  suma,  que  cresceu  acompanhando  a  evolução  de  uma  velha  sociedade  e  representando  a  expressão  de  suas
necessidades de cada dia, não era a mais apropriada para reger a sociedade incipiente dos primeiros estabelecimentos
coloniais. 
Na  realidade,  sobretudo no  regime das  capitanias,  o  que de  fato  regia  era o arbítrio  do donatário,  fonte  viva de um
Direito informal e personalista, com o qual se pretendia manter a ordem social e jurídica em núcleos tão mesclados de
homens de ambição e aventura ou de delinqüentes degredados ou vindos a procurar aqui espontaneamente couto e
homízio, que, longe da metrópole, não se sentiam muito presos às habituais limitações jurídicas e morais. 
Ao  tempo dos governos gerais, mais centralizada e mais bem disciplinada a administração da  justiça,  tornou­se um
pouco mais  efetivo  o  império  do  rei.  Mas  de  fato,  na  prática,  não  se  deu  grande  remédio  ao  regime  de  abusos  e
injustiças, que sempre continuaram. 
As Ordenações que vigoraram como legislação no Brasil, desde o mais largo tempo da colônia, até nos primeiros anos
do Império, foram as Ordenações Filipinas, e em se tratando de matéria penal, o seu famigerado Livro V, foi de grande
valia no tempo da nossa colonização. 
Baseada na idéia da intimidação pelo terror, como era comum naqueles tempos, distinguiam­se as Filipinas pela dureza
das punições, pela freqüência com que era aplicada a pena de morte e pela maneira pela qual a executavam, sendo
comum enforcamentos, e mortes pelo fogo, onde o corpo era reduzido à pó. As mortes cruéis, precedidas de torturas e
tormentos, ficavam à critério do juiz, essas torturas se resumiam, entre outras a morte por mutilações, marcas de fogo,
açoites  eram abundantemente  aplicados,  penas  infamantes,  degredos,  confiscações de bens. Aos delitos,  na maior
parte,  era  cominada a pena de morte. Ocorre,  porém, que os delitos podiam ser  de quatro espécies,  havendo uma
distância bastante considerável entre a forma mais grave e a mais leve: 
a) Morte cruel ­ a vida era tirada lentamente, em meio a suplícios. Por vezes, ficava no alvedrio do juiz ou do executor a
escolha do meio de tornar mais sofrido o passamento do réu, outras vezes constava a forma de execução do próprio
texto legal, sendo preferido, nesse caso, o vivicombúrio; 
b) Morte atroz ­ em que se acrescentavam certas circunstâncias agravantes à punição capital, tais como o confisco de
bens, a queima do cadáver ou seu esquartejamento, a proscrição de memória, etc. ; 
c)  Morte  simples  ­  limitada  à  supressão  da  vida,  sem  outros  acréscimos,  executa­se  através  da  degolação  ou  do
enforcamento, este reservado para as classes baixas, em virtude de ser considerado infamante; 
d) Morte civil ­ eliminava a vida civil e os direitos de cidadania. Além de aparecer registrada autonomamente para alguns
delitos, decorria  ipso jure de outras punições, como da deportação  (com o condenado proscrito ou desnaturado), de
relegação ( com o infrator desterrado) ou da prisão perpétua. 
Do seu rigor e crueldade pode­se julgar pela freqüência com que nela se repete o horrendo estribilho do morra por ello
. A pena de morte era, por assim dizer, a punição normal dos crimes. A esse quadro se juntava o horrível emprego de
25/02/2016 História do Direito Penal Brasileiro ­ Doutrinas UJ
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torturas para obter confissões,  também ao arbítrio do  juiz, a  infâmia transmitida aos descendentes no crime de  lesa­
majestade, que podia consistir até no fato de alguém, em desprezo do rei, quebrar ou derrubar alguma imagem de sua
semelhança,  ou  armas  reais,  postas  por  sua  honra  ou memória.  Havia  transmissão  da  infâmia  aos  descendentes,
ainda, nos crimes de sodomia. 
Não  vigorando  o  princípio  do  nulla  poena  sine  lege  ,  compreende­se  que  para  alguns  delitos  cominassem  nas
Ordenações a chamada pena crime arbitrária , ou seja, aquela que ficava ao talento do julgador fixar, conforme "lhe
bem e direito aparecer, segundo a qualidade da malícia, e a prova, que dela houver" (Livro 5.°, título CXVIII, § 1.°) . 
A matéria  criminal  está  disposta  de  forma  assistemática  e  irracional:  os  comportamentos  incriminados,  em  número
excessivo, referem­se à tipos difusos, obscuros, derramados, por vezes conflitantes; as penas são desproporcionais e,
sempre,  por  demais  cruéis;  multas  são  cominadas  não  para  atender  a  exigências  de  política  criminal  mas  com  o
evidente intuito de locupetrar o fisco; admitem­se os tormentos, as provas semiplenas, os indícios, especialmente nos
delitos mais graves. 
Eram assim as legislações penais naqueles primeiros anos do século XVII, algumas pondo ainda maiores excessos em
acentuar esse seu caráter de instrumento de terror na luta contra o crime. 
O absolutismo dos reis, a pressão da ordem religiosa, a mescla íntima entre essas duas forças sociais, confundindo o
príncipe os seus próprios interesses com os da Divindade, porque divina era também a origem dos seus privilégios; a
necessidade de manter submissos e dentro a ordem os homens, não por convicção ou claro entendimento das coisas,
mas pela força do temor dos castigos; as ambições e egoísmo de uns e o sentimento de insegurança e insatisfação de
quase todos, tudo isso refletia naqueles tempos sombrios, nas leis penais, confusas, despóticas e cruéis. Humilhante
para a cultura dos dois povos e que ela  tenha podido prevalecer até então, com as suas normas extravagantes do
campo próprio do Direito Penal, na sua confusão de moral, religião e Direito, como era corrente nas leis penais da Idade
Média, injustas na distinção de tratamento entre fidalgos e plebeus, desumanas e por vezes ridículas nas suas penas.
Segundo Batista Pereira, era "um misto de despotismo e de beatice, uma legislação híbrida e feroz, inspirada em falsas
idéias religiosas e políticas. 
A  permanência  da  corte  Portuguesa  no  Brasil,  por  mais  de  treze  anos,  não  trouxe  nenhuma  alteração  à  nossa
legislação penal. Mesmo as Bases da Constituição Política da Monarquia baixadas com o decreto de 10 de março
de 1821, e que continham normas gerais que regulavam a matéria punitiva de maneira mais liberal, segundo as idéias já
em vigor na época, ficaram sem aplicação entre nós, diante da validade que a velha legislação, ainda gozava. 
Nem o fato da independência da Colônia, veio marcar o início de um novo período na história do nosso Direito Penal. A
lei de 27 de setembro de 1823 revigorou as disposições do Livro V das Ordenações, e a lei de 20 de outubro do mesmo
ano, restabelecia penas graves cominadas naquele Livro. 
Período de dominação Holandesa 
Um parêntese no curso da vigência das leis portuguesas no Brasil foi aberto, para uma vasta região do norte do país, e
quase por um quarto de século, durante a dominação holandesa. A conquista da Holanda implicava necessariamente
na aplicação das suas leis, ajustadas, embora, às condições e interesses do domínio. O conde Maurício de Nassau,
político hábil com espírito agudo e avançado, uma vez que, ao mesmo tempo que ia criando instituições e promovendo
medidas de sentido político e cultural, que viriam dar tamanho relevo à sua administração, procurava, como era natural,
reforçar o vigor da legislação do seu país, expressão da soberania queele representava, entre as populações do seu
domínio, buscando corrigir os abusos e arbítrios dos anteriores dirigentes da colônia. Leis de inspiração idêntica à das
Ordenações da monarquia portuguesa ­ talvez mais severas ainda ­ considerando também, o tocante que se referia ao
crime, aquele direito Penal comum a toda Europa, de que a Constitutio Carolina foi o exemplo mais famoso, todas elas
refletindo a maneira pela qual a cultura do Ocidente, na época, entendia­se o crime, e os meios de combatê­lo. 
Essas leis holandesas vigoraram muito pouco dentro do país, sendo bem cedo repelidas e ouvidadas, por força de um
nacionalismo  nascente,  que  orientou  revoltas  ao  longo  do  território  nacional,  sobretudo  em  Pernambuco,  onde  a
população protestava contra o domínio holandês. 
Contudo, não foram deixados traços de nenhuma particularidade dentro da legislação definitiva do país, não passando o
domínio holândes, de um acidente histórico prontamente esquecido, voltando a reger a ordem dentro do país as leis das
Ordenações. 
O Código de 1830 
Proclamada  a  independência  do  país,  duas  ordens  de  motivo  viriam  contribuir  para  a  substituição  das  velhas
Ordenações: de um lado, a situação de vida autônoma da nação, que exigia uma legislação própria, reclamada mais
ainda pelo orgulho nacional e a animosidade contra tudo o que pudesse lembrar o antigo domínio. 
Por  outro  lado,  as  idéias  liberais  e  as  novas  doutrinas  do Direito,  do mesmo modo  que  as  condições  sociais,  vale
lembrar  que,  bem  diferentes  daquelas  que  as  Ordenações  foram  destinadas  a  reger,  exigiam  a  elaboração  de  um
Código  Penal  brasileiro,  no  plano  constitucional,  que  segundo  o  artigo  179,  18,  da  Carta  Política  do  Império,  que
impunha a urgente organização de "um Código Criminal fundado nas sólidas bases da justiça e da equidade". 
Esse artigo 179, reúne como premissas do novo regime punitivo alguns dos postulados iniciais do Direito Penal Liberal ,
sendo eles os mais opostos ao regimes das Ordenações, como o princípio da igualdade de todos perante a lei (§ 13); o
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da não retroatividade da lei penal (§ 3.°); o de que a pena não passará da pessoa do criminoso (§ 20). 
Da elaboração de um novo Código passou a ocupar­se a Câmara dos Deputados desde a sessão de 4 de maio de
1827,  quando  Bernardo  Pereira  de  Vasconcelos  apresentou  o  seu  projeto.  A  este  seguiu­se  o  trabalho  de  José
Clemente Pereira, que a 15 do mesmo mês oferecia um projeto de bases para a formação do Código e, no dia seguinte,
e projeto mesmo do Código Criminal, projeto que, embora aceito e louvado como o de Bernardo de Vasconcelos, pouco
veio a influir sobre a redação final. 
Preferido pela Comissão da Câmara, o projeto Vasconcelos, sobre este, assentaram os trabalhos da Comissão mista
da Câmara e do Senado e, por  fim, o projeto que saiu desta Comissão e que, estudado por outra de  três membros,
discutido e emendado, veio a aprovar­se a 23 de outubro de 1830 e a ser sancionado como Código Criminal do Império
a 16 de dezembro seguinte. 
Foi  esse Código  obra  legislativa  realmente  honrosa  para  a  cultura  jurídica  nacional,  como  expressão  avançada  do
pensamento penalista no seu tempo; legislação liberal, baseada no princípio da utilidade pública, como havia de resultar
naturalmente  da  influência  de  Bentham,  que  se  exerceu  sobre  o  novo  Código,  como  já  se  fizera  sentir  no  Código
francês de 1810. 
No  decurso  da  sua  longa  vigência,  foi  o  Código  do  Império  sofrendo  diversas  alterações,  mas  a  necessidade  de
modificações mais numerosas surgiu com a emancipação dos escravos, a 13 de maio de 1888. A Comissão nomeada
para estudar o projeto apresentado por João vieira de Araújo, concluiu, pelo seu relator, Batista Pereira, que mais valia
cogitar­se da  reforma  total do Código, e o mesmo Batista Pereira  recebeu do governo a  incumbência de elaborar o
respectivo projeto. 
Da promulgação do Código de Processo Criminal em 1832 
Com a promulgação do Código de Processo Criminal, em 1832, temos outro monumento legislativo que muito honra os
nossos pendores liberais e democráticos. 
Muitas  foram  as  reações  contra  esse  liberalismo  de  nossa  justiça  penal,  entre  elas  podemos  citar  a  Lei  de  3  de
dezembro  de  1841,no  plano  de  processo  criminal,  com  seu  regulamento  120,  dando  causa  a  reações  cruendas  de
movimentos revolucionários desencadeados em São Paulo e Minas Gerais. Já no campo de Direito Penal temos a Lei
de 10 de junho de 1835, que cuidava dos "escravos que matavam ou feriam seus senhores". Segundo Noé Azevedo os
textos dessas  leis  lembravam os draconianos,  imitando o que ocorria na Antiga Roma, onde o senhor  tinha sobre o
escravo o jus vitae necisque ­ o direito de vida e de morte. 
Algumas leis posteriores são de valia lembra, sendo elas: a Lei de 4 de setembro de 1850, que tratou da repressão ao
crime de tráfico negreiro; A Lei de 18 de setembro de 1851, sobre crimes militares; a Lei de 20 de setembro de 1871,
que definia crimes culposos ( não previstos no código de 1830) e tratando também do estelionato; a Lei de 4 de agosto
de 1875,  que  versava  sobre  direito  penal  internacional;  a  Lei  de  15 de outubro  de 1886,  relativa  a  crimes de dano,
incêndio e outros. 
Contudo  abolida  a  escravidão  em  13  de  maio  de  1888,  várias  alterações  sofreu  o  estatuto  penal  do  Império,
apresentando em 4 de outubro daquele ano, o deputado Joaquim Nabuco seu projeto autorizando uma edição oficial das
leis penais de  forma a adaptá­las à nova situação, não chegando nem a ser discutido; porém o prof. João Vieira de
Araújo, então deputado, apresentou ao Ministro da Justiça," um anteprojeto de nova edição do Código Criminal". 
Em 10 de outubro de 1889, opinou a Comissão que se fizesse, em lugar de uma simples revisão, reforma completa da
legislação penal, já que se impunha " a urgente necessidade de reformar­se o atual regime de repressão". Daí o então
Conselheiro Cândido de Oliveira, Ministro dos Negócios da Justiça, encarrega Batista Pereira de organizar o projeto de
reforma, missão que este aceitou de pronto. 
O  trabalho  de  Batista  Pereira  foi  interrompido  pela  Proclamação  da  República  em  15  de  novembro  de  1889,  mas
Campos Sales, Ministro da Justiça do Governo Provisório, cometeu ao mesmo  jurista a  tarefa de elaboração de um
novo Código Penal,  trabalho  logo terminado e submetido ao estudo de uma comissão presidida pelo próprio ministro,
que se transformaria finalmente por meio do Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890, no "Código Penal Brasileiro".
Pelo Decreto nº 1.127, de 6 de dezembro do mesmo ano, marcou­se o prazo de 6 meses para a sua execução no
território nacional. 
Código de 1890 e os movimentos reformistas 
O "Código dos Estados Unidos do Brasil" foi promulgado pelo Decreto de Governo Provisório, sob o n.° 847, de 11 de
outubro de 1890, só tendo entrado em vigor no ano de 1891,  face o Decreto 1.127, de 6 de dezembro de 1890, que
assinava o prazo de seis meses para a sua execução no território nacional (art.411, CP). 
O Código,  era dividido em 4  livros,  sendo que o primeiro  tratava dos  crimes e penas,  o  segundo militava  sobre os
crimes em espécie, o terceiro, das contravenções em espécie, e o quarto, das disposições gerais, sendo composto de
quatrocentos e doze artigos. 
O primeiro Código penal republicano foi menos feliz que o seu antecessor. A pressa com que foi concluído, prejudicou­o
em mais  de  um  ponto,  e  nele  a  crítica  pôde  assinalar,  fundadamente,  graves  defeitos,  embora, muitas  vezes  com
excesso de severidade. Não tardou a impor­se a idéia de sua reforma, e em menos de três anos depois dasua entrada
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em vigor, já aparecia o primeiro projeto de Código, para substituí­lo. 
Por muito tempo as idéias de reformas ficaram sem êxito, e o Código foi acrescendo de alterações e aditamentos, para
sanar­lhes  os  defeitos,  completá­lo  às  novas  condições  práticas  e  cientificas.  Essas  leis  esparsas  retificadoras  ou
complementares do Código, o desembargador Vicente Piragibe, complicou e sistematizou em um corpo de disposições
que denominou Consolidação das Leis Penais , tornando oficial, por Decreto de 14 de dezembro de 1932. 
Foi  interrompida, por muito  tempo toda a atividade dirigida à reforma penal, até que em 1916, o ministro Esmeraldino
Bandeira,  em  relatório,  declarava  urgente  a  substituição  do  Código,  e  a  7  de  janeiro  de  1911,  uma  resolução  do
Congresso autorizava o mesmo a mandar elaborar novo projeto, esforço que ficou, ainda, sem nenhum efeito. 
O movimento de reforma, entretanto tornara­se imperioso. Em 1916, o Instituto da Ordem dos Advogados, no Rio de
Janeiro,  fazia  sentir  no Congresso a  necessidade urgente  da  reforma penal  e  dois  anos depois,  uma Comissão da
Câmara e do Senado, entrava a discutir as bases de um projeto, que ficou também sem andamento. 
Por  fim, o governo de Artur Bernardes  incumbiu o desembargador Sá Pereira da elaboração de novos projetos, cuja
parte especial, com uma exposição de motivos, era publicada no Diário Oficial de 10 de novembro de 1927, e a 23 de
dezembro  de  1928,  o  projeto  completo,  inclusive  com a  parte  geral  reelaborada,  foi  publicado  também. O Golpe  de
Estado, de 10 de novembro de 1937,  interrompeu a marcha do projeto,  já aprovada pela Câmara dos Deputados, e
então submetida à apreciação da Comissão de Justiça de Senado. 
A  esse  tempo,  o  movimento  de  reforma  penal  na  Europa  chegara  a  uma  fase,  em  que  se  definia  a  posição  das
legislações penais do nosso tempo. A longa elaboração do Código suíço unitário, estava praticamente concluída, com o
projeto de 1927 e as discussões do Reichstag , que iriam conduzir ao projeto de 1930. Na Itália, o projeto renovador de
Arturo Rocco,  de 1927,  já  fora  apresentado e,  atravessava,  a  esse  tempo,  a  fase de discussões e  pareceres,  que
concluíram o Código de 1930, desde então em vigor. 
O projeto de Sá Pereira, ao qual se ofereciam tão valiosos precedentes, soube tomar, em consideração, essa enorme
soma de experiência  legislativa e doutrinária e apresentar­se como obra de estrutura geral avançada, e de  louvável
harmonia técnica e oportuna orientação cientifica, segundo os princípios da moderna política criminal. Não ficou, porém
isento de críticas, algumas delas bem árduas, mas, apesar de tudo, este projeto, representa um momento relevante no
curso dos trabalhos pela reforma penal no Brasil. 
Essas críticas, sobretudo as que se levantaram na Conferência Brasileira de Criminologia, celebrada no Rio de Janeiro,
em 1936, fizeram com que diminuíssem as simpatias em volta do projeto, justificando a idéia de elaboração de novos
trabalhos. 
Regia,  então  no  país,  a  ordem  da  política  do  "Estado Novo",  e  o ministro  Francisco Campos  resolveu  incumbir  da
redação de outro projeto ao prof. Alcântara Machado, da Universidade de São Paulo. 
Em maio de 1938, o eminente professor paulista, entregava ao Governo o anteprojeto, que correspondia à parte geral
do Código Criminal Brasileiro. Contudo, só em agosto do mesmo ano,  foi entregue o projeto completo, que  iria ser o
ponto de partida, para o Código Penal vigente. 
A redação apresentada, porém, requeria ainda, alguns reparos, para chegar­se à definitiva. O projeto foi submetido a
uma comissão constituída por Nélson Húngria, Roberto Lira, Narcélio de Queiróz e Vieira Braga, com a colaboração do
insigne Costa  e Silva.  Em  fase  dos  reparos  dessa  comissão,  foi  levado  ao  conhecimento  de Machado,  o  teor  das
críticas, que a  redação primitiva do projeto, havia provocado,  logo o então  ilustre professor,  tratou de  refazer o seu
trabalho, apresentando­o em abril de 1940, totalmente de roupas novas. 
Consolidação das Leis Penais (1932) 
DECRETO N.° 22.213, DE 14 DE DEZEMBRO DE 1932 
Aprova e adota a Consolidação das Leis Penais de autoria do Sr. Desembargador Vicente Piragibe 
O CHEFE DE GOVERNO PROVISÓRIO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL 
Considerando que, o Código Penal Brasileiro, promulgado pelo Decreto n.° 847, de 11 de outubro de 1890, tem sofrido
inúmeras modificações, quer na classificação dos delitos e  intensidade das penas, quer com a adoção de  institutos
reclamados pela moderna orientação da penalogia; 
Considerando que essas modificações constam de grande número de leis esparsas, algumas das quais já foram, por
sua vez, profundamente alteradas, o que dificulta não só o conhecimento como a aplicação da lei penal; 
Considerando que, não sendo  lícito  invocar a  ignorância do direito, devem as  leis estar ao alcance de todos,  já pela
clareza,  já pela divulgação, o que, com rigor maior, cumpre seja observado em relação às leis penais, em virtude da
particular incidência destas sobre a liberdade individual; 
Considerando que, malogradas as várias  tentativas de  reforma do Código Penal Brasileiro, a que ora se empreende
ainda  tardará  em  ser  convertida  em  lei,  não  obstante  a  dedicação  e  competência  da  respectiva  Sub­  ­Comissão
Legislativa; 
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Considerando  que,  sem  desarticular  o  sistema  do  Código  atual  nem  alterar  as  disposições  em  vigor,  é  de  todo
conveniente seja adotada uma consolidação das leis penais; 
Considerando que esse objetivo pode ser alcançado com o trabalho "Código Penal Brasileiro, completado com as leis
modificadoras  em  vigor",  de  autoria  do Sr. Desembargador Vicente Piragibe,  Juiz  da Corte  de Apelação  do Distrito
Federal, com exercício em uma das Câmaras Criminais desse alto tribunal judiciário; 
Considerando  que  a  própria  Sub­Comissão  legislativa  do  Código  Penal,  em  parecer  emitido  sobre  o  mencionado
trabalho, reconhece a sua utilidade prática e se pronuncia pela sua aprovação oficial, pensando, do mesmo modo, o
Instituto dos advogados,  o Club dos advogados e a unanimidade dos desembargadores das Câmaras Criminais da
Corte de apelação do Distrito Federal; 
Considerando que o autor da obra consente na sua adoção,  independentemente de qualquer  indenização ou prêmio,
ressalvados apenas os seus direito autorais, quanta à edição já publicada e às reedições futuras: 
DECRETA: 
Art. 1.°­ Fica aprovado e adotado, como  "Consolidação das Leis Penais", o  trabalho do Sr. Desembargador Vicente
Piragibe, publicado sob o título "Código Penal Brasileiro, completado com as leis modificadoras em vigor", que a este
acompanha, subscrito pelo Ministro da Justiça. 
§ Único­ a Consolidação, assim aprovada e adotada, não revogará dispositivo algum da legislação penal em vigor, no
caso de incompatibilidade entre os textos respectivos. 
Art. 2.°­ Ficam ressalvados os direitos do autor, quanto à edição já publicada e a futuras reedições da mesma obra. 
Art. 3.°­ Revogam­se as disposições em contrário. 
Rio de Janeiro, em 14 de dezembro de 1932, 111.° da Independência e 44.° da República. 
(aa) GETÚLIO VARGAS 
Francisco Antunes Maciel. 
O Desembargador Vicente Piragibe consolidou essas leis, e o seu trabalho recebeu o cunho oficial, pelo Decreto n.°
22.213, de 14 de dezembro de 1932. A Consolidação das Leis Penais passou a ser o novo estatuto penal brasileiro:
eram assim enfeixados em um só corpo o Código de 1890 e as disposições extravagantes. A numeraçãodos artigos foi
conservada,  colocando­se  em  parágrafos  os  preceitos  inovadores.  Para  bem  se  distinguir,  na  Consolidação,  a
proveniência  dos  textos,  os  dispositivos  do  Código  foram  impressos  em  determinado  tipo  gráfico  e  o  das  leis
posteriores em caracteres diferentes, com realce. 
Teve grande utilidade esse empreendimento de metodização e síntese. Mas prosseguiu a  faina  legislativa, e muitos
decretos­leis,  em  matéria  criminal,  continuaram  sendo  publicados.  As  últimas  edições  da  Consolidação  Piragibe
inseriram, em adendo, esses textos subsidiários. 
O Código de 1940 
Os estudos da comissão, entretanto, continuaram, sob a presidência do ministro Francisco Campos; concluindo com o
projeto definitivo, apresentado ao governo em 4 de novembro de 1940 e sancionado como Código Penal pelo Decreto­
Lei n° 2.848 de 7 de dezembro do mesmo ano, porém só entrando em vigor no dia 1° de janeiro de 1942. 
Ficou decidido excluir do corpo do Código as contravenções, que passaram a ser objeto de  lei à parte, embora não
exista diversidade ontológica entre crime e contravenção. 
O Código é composto de 8 oito títulos na parte geral, sendo que o quinto e o sexto, subdividem­se em capítulos. 
Os títulos compreendem as seguintes matérias: (1) da aplicação da lei penal; (2) do crime; (3) da responsabilidade; (4)
da co­autoria; (5) das penas; (6) das medidas de segurança; (7) da ação penal; (8) da extinção da punibilidade. 
A responsabilidade penal continua a ter como fundamento a responsabilidade moral, que pressupõe no autor do crime,
contemporaneamente à ação ou omissão, a capacidade de entendimento e a liberdade de vontade, embora nem sempre
a  responsabilidade  penal  fique  condicionada  à  plenitude  do  estado  de  imputabilidade  psíquica,  prescinde  de  sua
coexistência com a conduta, desde que esta possa ser considerada libera in causa ou ad libertatem relata. 
Na aplicação da pena, o Código dá ao juiz um grande poder de apreciação, não só em relação ao quantum da pena,
mas em determinados casos, o Código lhe confere a escolha entre as penas alternativamente cominadas, a faculdade
de aplicar cumulativamente penas de espécie diversa e mesmo de deixar de aplicá­las. 
As  penas  são  divididas  em  duas  categorias:  principais  e  acessórias.  As  primeiras  sendo  de  três  tipos:  reclusão,
detenção e multa. Enquanto que as segundas consistem: na perda da função pública, nas interdições de direitos e na
publicação da sentença. A reclusão é a mais rigorosa, executando­se de acordo com o sistema progressivo, dividindo­
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se sua duração em quatro períodos. 
As  penas  não  privativas  de  liberdade  não  admitem  absorção  e  são  aplicadas  distinta  e  integralmente,  ainda  que
previstas para um só dos crimes concorrentes. 
À reincidência são atribuídas conseqüências legais particularmente severas, quer do ponto de vista repressivo ou da
pena, quer do ponto de vista preventivo ou da medida de segurança. 
O Código não  faz classificação especial de criminosos para a  individualização da pena, não se  fazendo necessária
uma prévia catalogação, mais ou menos teórica, de espécie de criminosos, desde que ao juiz se configure um amplo
arbítrio na aplicação concreta das sanções legai, assumindo sentido marcadamente individualizador. 
Dentro do critério de medir a responsabilidade do ponto de vista da quantidade do crime e da temibilidade do agente
, dispõe, divergindo da teoria subjetiva, que a pena da tentativa é inferior (de um a dois terços) à do crime consumado. 
No tocante à culpabilidade, não conhece outras formas além do dolo e da culpa stricto sensu , e em relação à culpa
stricto sensu , absteve­se de uma conceituação teórica, limitando­se a dizer que o crime é culposo "quando o agente
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia." 
O Código de 1940 não faz distinção entre erro de direito e o erro de direito extrapenal, e entre as causas de isenção de
pena, ou de exclusão de crime, não inclui o consentimento do ofendido. Aliás, entre as causas de isenção de pena, são
disciplinadas a coação irresistível e a ordem de superior hierárquico, e é declarada a inexistência de crime nos casos
de legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. 
Não cuida o Código dos imaturos (menores de 18 anos), senão, para declará­los, inteira e irrestritamente fora do direito
penal (art.23), sujeitos apenas à pedagogia corretiva de legislação especial. 
No  art.  24,  n.°  I,  o  projeto  dispõe  que  não  isenta  de  pena  "a  emoção  ou  a  paixão".  Ao  resolver  o  problema  da
embriaguez, do ponto de vista da responsabilidade, aceitou em toda a sua plenitude a teoria da actio libera in causa
seu ad libertatem relata, quando voluntária ou culposa, ainda que plena, não isenta de responsabilidade (art. 24, n.° II)
e a habitual faz presumir, juris et de jure, a periculosidade do agente (artigo 78, n.° III), para o efeito de aplicação de
medida de segurança. 
O Código de 1940 aboliu a distinção entre autores e cúmplices (todos os que tomam parte no crime são autores), não
havendo mais diferença entre participação principal e acessória, entre auxílio necessário e secundário, entre a societas
criminis e a societas in crimine . O resultado por natureza é indivisível, e todas as condições que cooperam para a
sua produção se eqüivalem. 
A  fórmula do concurso  formal é mais completa do que a do Código de 1890, contemplando a hipótese do concurso
formal  homogêneo  (atividade  única  e múltipla  incidência  em  penas  idênticas)  e  fornecendo  um  justo  critério  para  a
gradação da pena única. 
Entre os efeitos necessários de  condenação,  foi  incluído o  confisco dos  instrumenta et producta sceleris,  feita  a
devida ressalva quanto ao direito do lesado ou de terceiros de boa­fé. 
O Código de 1940  faz  ingressar na órbita da  lei penal as medidas de segurança, e seguindo o modelo  italiano,  faz
preceder de uma série de disposições gerais a divisão e enumeração das diferentes espécies de medidas e modos de
sua execução. 
A parte especial é dividida em onze títulos, que com exceção do quarto e do nono, são todos subdivididos em capítulos,
tendo como bens tutelados os a seguir expostos: (1) dos crimes contra as pessoas; (2) dos crimes contra o patrimônio;
(3)  dos  crimes  contra  a  propriedade material;  (4)  dos  crimes  contra  o  sentimento  religioso  e  contra  o  respeito  aos
mortos; (5) dos crimes contra os costumes; (6) dos crimes contra a família; (7) dos crimes contra a paz pública; (8) dos
crimes contra a fé pública;(9) dos crime contra a administração pública. As duas partes estão divididas em 361 artigos. 
O  infanticídio  é  considerado  um  delictum  exceptum  quando  praticado  pela  parturiente  sob  a  influência  do  estado
puerperal . Ao configurar o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, contém inovações, pois é punível o
fato ainda quando se frustra o suicídio, desde que resulte lesão corporal grave, sendo a pena cominada aplicada em
dobro se o crime obedece a móvel egoístico ou é praticado contra menor ou pessoa, que por qualquer outra causa,
tenha diminuída a capacidade de resistência. Quanto às lesões de maior gravidade, também não é o coincidente com o
Código de 1890. 
Ao definir os crimes de abandono (art. 133) e omissão de socorro (art. 135), o Código, não limita a proteção penal aos
menores, mas atendendo ao ubi eadem ratio, ibi eadem dispositio amplia­a aos incapazes em geral, aos enfermos,
inválidos e feridos. 
Outra inovação do Código de 1940, em matéria de crimes contra a pessoa, é a incriminação per se da rixa. 
O tipo de constrangimento ilegal é previsto como uma fórmula unitária,e na conceituação do crime de ameaça, diverge,
em mais de um ponto, do Código de 1890, pois não é previsto que o "mal prometido" constitua crime, bastando que seja
injusto e grave . No art. 149, é previsto um tipo penal ignorado do Código de 1890, isto é, o fato de reduzir alguém, por
qualquer meio à condição análoga à de escravo. 
25/02/2016 História do Direito Penal Brasileiro ­ Doutrinas UJ
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Várias foram as inovações introduzidas pelo Código de 1940 no setor dos crimes patrimoniais . Não se distingue, para
diverso tratamento penal, entre o maior ou menor valor da lesão patrimonial. Tratando­se de furto, apropriação indébita
ou estelionato, quando a res subtraída, desviada ou captada é de pequeno valor, e desde que o autor seja primário,
pode o  juiz substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí­la de um a dois  terços, ou aplicar somente a de
multa (art. 155, § 2.°, 170, 171, § 1.°). É equiparada à coisa móvel e, conseqüentemente, reconhecida como possível
objeto de  furto a "energia" elétrica ou qualquer outra que  tenha valor econômico. Por outro  lado, somente quando há
emprego de força, grave ameaça ou outro meio tendente a suprimir a resistência pessoal da vítima, passa o furto a ser
qualificado  roubo  .  No  caso  de  violência  contra  a  coisa  bem  como,  quando  o  crime  é  praticado  com  escalada  ou
emprego  de  chave  falsa,  não  perde  o  furto  seu  nomem  iuris  ,  embora  seja  especialmente  aumentada  a  pena.  É
prevista como agravante especial do furto a circunstância de ter sido praticado "durante o período de sossego noturno".
A extorsão é definida numa fórmula unitária, suficientemente ampla para abranger todos os casos possíveis na prática.
É especialmente equiparado à apropriação indébita o fato do inventor do tesouro em prédio alheio que retém para si a
quota pertencente ao seu proprietário. 
O Código de 1940 consagra um título especial aos "crimes contra a organização do trabalho", que o Código de 1890,
sob o rótulo de "crimes contra a liberdade de trabalho", classifica entre os "crimes contra o livre gozo e exercício dos
direitos individuais". Também se afasta do Código de 1890, não só quando deixa de considerar os crimes referentes ao
culto religioso como subclasses dos crimes contra a liberdade individual, mas também quando traz para o catálogo dos
crimes lesivos do respeito aos mortos certos fatos que o Código de 1890 considerava simples contravenções como a
violatio sepulchri e a profanação de cadáver. Ao configurar o crime de corrupção de menores, não distingue, como
fazia o Código de 1890, entre corrupção efetiva e corrupção potencial, englobando as duas espécies e cominando a
mesma pena. 
O Código Penal de 1940, editado no Estado Novo, não poderia deixar de trazer os pecados do Código Rocco, editado
sob a chancela do fascismo, entretanto, ele resultou em conjunto, obra de harmoniosa estrutura, de boa técnica, bem
redigida,  clara,  concisa,  e  que  soube  aproveitar  com  equilíbrio  as  inovações  das  mais  recentes  e  autorizadas
legislações penais. 
O Código Penal de 1969 
Tendo  decidido  empreender  a  reforma  de  toda  a  legislação  codificada,  o  governo  Jânio Quadros  incumbiu  ao Min.
Nelson Hungria, em 1961, a elaboração de um anteprojeto de Código Penal. 
O  anteprojeto  apresentado  ao  Governo  e  publicado  pelo  Decreto  n.°  1.490,  de  8  de  dezembro  de  1962,  manteve
basicamente  a  estrutura  do  Código  de  1940,  cujos  defeitos  mais  graves  se  procurou  eliminar,  sendo  poucas  as
soluções inovadoras, destacando­se a eliminação das medidas de segurança detentivas para os imputáveis e a adoção
do sistema vicariante para os semi­ ­imputáveis. 
Mantinham­se os critérios anacrônicos da  legislação de 1940, agravando­os pela  inspiração rigorosa, convencido da
necessidade de tornar a lei mais severa, seu autor propunha a elevação do máximo da pena de reclusão para 40 anos
(art. 35, § 1.°), limitando o poder discricionário do juiz na aplicação das agravantes e atenuantes (art. 55), e elevando as
penas cominadas a diversos crimes na Parte Especial. Continuava a pluralidade das penas privativas da liberdade, o
sistema de agravantes e atenuantes obrigatórias,  inclusive a reincidência específica e a orientação do Código Penal
vigente quanto às custas de aumento e diminuição da pena, na Parte Especial. 
Apresentados os anteprojetos de Código Penal, de Código de Processo Penal e de Código das execuções Penais,
constituiu  o  governo  uma  comissão  revisora,  composta  pelos  três  autores  (Nelson  Hungria,  Roberto  Lyra  e  Hélio
Tornaghi), a qual começou a funcionar em janeiro de 1964,  iniciando os seus trabalhos com o anteprojeto do Código
Penal.  Pretendia­se  que  a  mesma  comissão  revisse  os  três  projetos,  que  seriam  posteriormente  enviados  ao
Congresso,  sendo que a 9 de  fevereiro de 1965, o Ministro Milton Campos  resolveu dissolver a anterior e designar
outra, composta por Nelson Hungria e pelos juristas Hélio Tornaghi, Aníbal Bruno e Heleno Fragoso. 
O Código foi promulgado pela Junta Militar que governava o país, em 21 de outubro de 1969 ( Decreto­Lei n.° 1.004).
Vários foram os adiamentos para a sua entrada em vigor, sendo que inicialmente foi estabelecida pelo art. 407 a sua
vigência  para  1°  de  janeiro  de 1970,  posteriormente,  a  Lei  n.°  5.573,  de 1°  de dezembro de 1969,  fixou para  1°  de
agosto, enquanto que a Lei n.° 5.597, de 31 de julho de 1970, alterava para 1° de janeiro de 1972. Todavia, a Lei n.°
5.749, de 1° de dezembro de 1971, estabelecia novo adiamento para 1° de janeiro de 1974. Finalmente surgiu a Lei n.°
6.063, de 27 de  junho de 1974, que determinou que o novo diploma entraria em vigor simultaneamente com o novo
Código de Processo Penal. 
Em síntese, as principais inovações trazidas pelo Código Penal de 1969, segundo a exposição assinalada por Gama e
Silva, se resumem: 
­  Quanto  à  aplicação  da  lei  penal  no  tempo,  que  é  dominada  pela  regra  da  lex  mitor,  deixou  claro  que  no
reconhecimento da lei mais favorável, a posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no
conjunto de suas normas aplicáveis ao fato; 
­ A fixação do tempo e do lugar do crime surgem em dispositivos distintos dos que tratam da aplicação da lei penal no
espaço; 
­ A regra quanto ao tempo do crime é nova e consubstancia o ensinamento de doutrina pacífica; 
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­  Quanto  ao  lugar  do  crime,  foi  mantida  solução  do  Código  de  1940,  que  consagrava  a  teoria  da  ubiqüidade,  com
especial referência as situações de participação; 
­  Aos  casos  de  extraterritorialidade,  acrescentou­se  uma  nova  situação  para  suprir  lacunas  nos  casos  dos  crimes
praticados a bordo de aeronaves ou navios brasileiros; 
­ Criou­se um novo princípio de aplicação da lei penal no espaço, o da representação, no qual o Estado a que pertence
a bandeira da aeronave ou navio se substitui àquele em cujo território ocorreu o crime, que não foi perseguido e punido
por motivos irrelevantes; 
­  Foi  mantido  o  critério  da  redução  da  pena  de  um  a  dois  terços,  como  regra  geral,  mas  em  casos  de  gravidade
excepcional, permitiu­se a aplicação da mesma pena prevista para o crime consumado; 
­ Abandonou­se, na definição da culpa stricto sensu , o critério casuístico do Código Penal de 1940, em favor de uma
definição mais ampla e correta, dando­se aplicação ao princípio básico da inexistência de responsabilidade penal sem
culpa. 
­  A  Comissão  Revisora  pronunciou­se  no  sentido  da  completa  equiparação  do  "erro  de  direito"  ao  "erro  de  fato".
Continuando a distinção tradicional, não obstante oreconhecimento da maior perfeição técnica da divisão entre erro de
tipo e erro de proibição; 
­ Na disciplina da coação, distingue a irresistível (que exclui a ação) da moral irresistível ( que exclui a culpabilidade) ; 
­ Com referência ao estado de necessidade, seguiu o sistema de distinguir os casos de exclusão de ilicitude dos que
excluem culpabilidade; 
­ Acolhe a  chamada  teoria diferenciadora, que distingue  conforme  se  trata  de  bem  jurídico  de  valor  ou  inferior  ao
ameaçado; 
­ Em relação aos semi­imputáveis, inovação importante ocorre com a regra prevista na art. 94, que adotou o sistema
vicariante , para aplicação ou da pena ou da medida de segurança; 
­ O projeto termina com o sistema duplo binário , que teve a missão de conciliar duas tendências opostas; 
­ Termina com o defeituoso sistema das medidas de segurança detentivas para os imputáveis; 
­ O limite de imputabilidade foi mantido, como regra geral, nos dezoito anos; 
­ Proclamou o Código de 1969 a regra fundamental em tema de concurso de agentes que é a de que a punibilidade de
cada  um  dos  concorrentes  é  independente  da  dos  outros,  determinando­se  segundo  a  sua  própria  culpabilidade,
abandonando­se a regra inadmissível do art. 48, parágrafo único, do Código de 1940, que representa brutal aceitação
de responsabilidade sem culpa; 
­ Manteve­se o sistema da dupla pena privativa da liberdade (reclusão e detenção), não sendo aceita a sugestão do
anteprojeto,  no  sentido  de  elevar  o  máximo  da  pena  de  reclusão,  que  foi  mantido  em  trinta  anos,  e  o  máximo  de
detenção  foi  fixado em dez anos. Para  dar  solução aos  inconvenientes mais  graves do  sistema da pluralidade das
penas privativas da liberdade, acolhe o critério das penas substitutivas; 
­ Atribui sempre importância ao ressarcimento do dano, do qual só se pode cogitar naqueles crimes em que haja dano
reintegrável, e maior ênfase foi dada ao ressarcimento com pressuposto do livramento e da suspensão condicionais; 
­ O Código declara que as penas de detenção e reclusão podem ser cumpridas em estabelecimento penal aberto, sob
regime de semiliberdade e confiança, desde que o condenado seja primário e de nenhuma ou escassa periculosidade, e
a duração da pena imposta não seja superior a seis anos; 
­ Inovação foi introduzida com a adoção do sistema do dia­multa, que provém das leis escandinavas; 
­ Estabelece previsão especial quanto aos criminosos habituais ou por tendência, e um sistema repressivo eficaz, com
a pena relativamente indeterminada; 
­  Equipara  o  concurso material  ao  concurso  formal  de  crimes,  para  o mesmo  tratamento  penal,  todavia,  se  houver
unidade de ação ou omissão, ou seja, se os diversos crimes forem praticados mediante uma só ação ou omissão, o juiz
pode diminuir a pena unificada de um sexto a um quarto; 
­ Às causas de extinção de punibilidade prevista expressamente pelo Código vigente, acrescenta o perdão judicial. 
­ Na parte especial do Código são mantidas as linhas gerais do Código Penal de 1940; 
­ Eliminou­se, no  infanticídio, a discutida  fórmula da  "influência do estado puerperal", sendo  instituindo o conceito de
crime praticado honoris causa; 
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­ Entre as modalidades do crime de aborto,  inclui­se a do cometido por motivo de honra e o aborto preterdoloso, que
figurava no capítulo das lesões corporais no Código de 1940 e passa para o capítulo próprio, com conceituação mais
precisa; 
­  No  caso  de  reciprocidade  de  lesões  corporais  leves,  não  se  sabendo  qual  dos  contendores  atacou  primeiro,  ou
quando  ocorreram  as  hipóteses  de  grande  valor  ético,  o  juiz  poderá  não  só  substituir  a  pena  de  detenção  pela
pecuniária, como conceder o perdão judicial. No que diz respeito à ação penal, estabeleceu­se que, se a lesão corporal
é leve ou culposa, somente se procede mediante representação. 
­ As figuras dos crimes de perigo de contágio venéreo ou de moléstia grave desapareceram; 
­ No crime de rixa, agora incluído no elenco dos crimes de periclitação da vida e da saúde, fez­se mais clara a distinção
entre a rixa simples , quando dela resultam lesões leves ou não resulta nenhuma, e a rixa complexa, quando ocorre
morte  ou  lesão  grave.  A  novidade  introduzida  nesta  seção  é  a  consistente  no  crime  de  violação  de  intimidade.  O
abusivo emprego de teleobjetivas e instrumentos congêneres para violar visualmente a intimidade da vida privada, ou o
uso de microfones secretos ou gravações clandestinas para violar o  resguardo das palavras ou discursos que não
foram pronunciados publicamente, constitui novo tipo que se incorpora ao elenco das infrações penais; 
­ O furto de uso  , que se  faz mais e mais  freqüente, em especial no que se  refere ao automóvel, é nesse Código
tipificado; 
­ O  roubo qualificado  tem novas modalidades:  (1) se o agente causa, dolosamente,  lesão grave ou  (2) se há morte
preterdolosa. Em conseqüência, o latrocínio existe apenas quando a morte é dolosamente ocasionada . Na extorsão
mediante seqüestro, equipara­se para os efeitos penais, a tentativa ao crime consumado; 
­ O Código  de  1969  criou  um novo  capítulo  no Título VII  ( Do  crime  contra  a moral  familiar)  e  define­se  o  incesto,
agravando­se a pena, se o crime for praticado em relação a menor de dezesseis anos; 
­ Entre os crimes contra o estado de filiação, inclui novas figuras. Assim, é crime registrar como seu o filho o de outrem,
e igualmente, a fecundação artificial, sem o consentimento do marido, com sêmen de outro homem; 
­ O Código incorporou, entre os crimes contra a assistência familiar, os dispositivos penais da Lei n.° 5.478, de 25 de
julho  de  1968,  que  modificou  o  tipo  relativo  ao  abandono  material,  a  fim  de  assegurar,  pela  ameaça  da  pena,  o
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou marojada. 
­ O abuso de radiação ionizante ou de substância radioativa constitui nova figura criminal, quando expuser a perigo de
vida ou a integridade física de outrem; 
­ A embriaguez ao volante, por criar perigo a um número  ilimitado de pessoas, na via pública, é  também erigida em
crime.  A  violação  de  regra  de  trânsito,  quando  expõe  a  incolumidade  de  outrem  a  perigo  efetivo  e  grave,  constitui
igualmente crime. O elenco dos crimes contra a saúde pública foi enriquecido com várias figuras, como a poluição de
lagos  e  cursos  de  águas  ou,  nos  lugares  habitados,  as  praias  e  atmosfera  ,  infringindo  prescrições  legais  ou
regulamentares emanadas de autoridades federais. Atendendo à evolução tecnológica, equiparou­se a documento, para
os  efeitos  penais,  o  disco  fonográfico  e  a  fita  ou  fio  de  aparelho  eletromagnético  a  que  se  incorpore  declaração
destinada à prova de fato juridicamente relevante; 
­ O Código inova numa disposição geral, ao estabelecer que, se o crime contra a fé pública for único meio empregado
na prática de outro crime, o agente responderá tão­somente pela falsidade, mas com a pena aumentada de um a dois
terços; 
­  Acolheu  o Código  de  1969,  o  crime  de exercício  ilegal  da  advocacia  ,  para  quem  prestar  assistência  jurídica  a
outrem, sem autorização e mediante remuneração. 
A Lei n.° 6.016, de 31 de dezembro de 1973, promoveu varias alterações no texto do Código de 1969 ( Decreto­Lei n.°
1.004, de 21 de outubro de 1969. 
O novo Sistema Penal 
A Lei n.° 6.416, de 24 de maio de 1977, alterou dispositivos do Código Penal de 1940, do Código de Processo Penal
(Decreto­Lei n.° 3.689, de 3/10/1941) e a Lei de Contravenções Penais (Decreto­Lei n.° 3.688, de 3/10/1941), fazendo
inúmeras modificações na legislação substantiva vigente (1940), que em resumo são: 
­ As mulherescumprem pena em estabelecimento, ou em sua falta, numa seção adequada de penitenciária ou prisão
comum, sujeitas a trabalho interno, admitindo o benefício externo; 
­ O  trabalho  externo  é  compatível  com os  regimes  fechado,  semi­aberto  e  aberto,  desde  que  tomadas  as  cautelas
próprias, contra a  fuga e em favor da disciplina; os condenados que cumprem pena em regime fechado somente se
dedicarão ao  trabalho externo em serviços ou obras públicas, sob vigilância do pessoal penitenciário. O  trabalho do
recluso será remunerado, aplicando­se o seu produto: (1) na indenização dos danos causados pelo crime, desde que
determinados  judicialmente e não reparados por outros meios; (2) na assistência à família segundo a  lei civil;  (3) em
pequenas  despesas  pessoais;  (4)  ressalvadas  outras  aplicações  legais,  em  depósito  da  parte  restante,  para
constituição do pecúlio, em caderneta de poupança da Caixa Econômica Federal, a qual será entregue no ato de ser
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posto em liberdade. A freqüência a cursos profissionalizantes, bem como de  instrução do segundo grau ou superior,
fora da prisão, só é compatível com os regimes semi­aberto e aberto; 
­ O condenado não perigoso, cuja pena não ultrapasse oito anos, poderá ser  recolhido a estabelecimento de regime
semi­aberto, desde o início, ou, se ultrapassar, após ter cumprido um terço dela em regime fechado. Se a pena não for
superior a quatro anos, poderá ser recolhido a estabelecimento de regime aberto, desde o início, ou: (1) se for superior
a quatro até oito, após ter cumprido um terço em outro regime; (2) se for superior a oito, após ter cumprido dois quintos
em outro regime, a pena poderá ser cumprida em prisão de comarca da condenação ou da residência do condenado.
Deverão ser regulamentadas por lei local ou, à sua falta, por provimento do Conselho Superior da Magistratura ou órgão
equivalente, as seguintes concessões a serem outorgadas pelo  juiz, a  requerimento do  interessado, seu cônjuge ou
ascendente, ou na falta desses, de descendente ou irmão, ou por iniciativa de órgão para isso competente, ou, ainda,
quanto às três primeiras, também de ofício: (1) cada um dos três regimes, bem como a transferência e o retorno de um
para  o  outro;  (2)  prisão­alberge,  espécie  do  regime  aberto;  (2)  Cumprimento  da  pena  em  prisão  da  comarca  da
condenação ou da residência do condenado; (4) trabalho externo; (5) freqüentar a curso profissionalizante, bem como
de  segundo  grau  ou  superior,  fora  do  estabelecimento;  (6)  licença  para  visitar  a  família,  em  datas  ou  ocasiões
especiais; (7)  licenças periódicas, combinadas ou não com as concessões dos incisos IV e V deste parágrafo, para
visitar  a  família  e  ir  à  sua  igreja,  bem  como  licença  para  participar  de  atividades  que  concorram  para  a  emenda  e
reintegração do convívio social, aos condenados que estão em regime aberto, e, com menos amplitude, aos que estão
em regime semi­aberto; 
­ Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena
e  a  infração  posterior  tiver  decorrido  período  de  tempo  superior  a  cinco  anos.  Para  efeito  de  reincidência  não  se
consideram os crimes militares ou puramente políticos. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois
anos,  pode  ser  suspensa,  por  dois  a  seis  anos,  caso  o  sentenciado  não  tenha  sofrido,  na País  ou  no  estrangeiro,
condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa de liberdade, salvo o disposto no parágrafo único do art. 46. A
suspensão  é  revogada  se,  no  curso  do  prazo,  o  beneficiário:  (a)  é  condenado,  por  sentença  irrecorrível,  a  pena
privativa de  liberdade; (b)  frustrar, embora solvente, o pagamento da multa, ou não efetuar, sem motivo  justificado, a
reparação  do  dano;  (c)  a  suspensão  pode  também  ser  revogada  se  o  sentenciado  deixa  de  cumprir  qualquer  das
obrigações  constantes  na  sentença,  infringe  as  proibições  inerentes  à  pena  acessória,  ou  é  irrecorrivelmente
condenado à pena que não seja privativa de liberdade; 
­ O juiz pode conceder livramento condicional ao condenado à pena privativa da liberdade igual ou superior a dois anos,
desde  que:  (1)  cumprida  mais  da  metade  da  pena  ou,  tratando­se  de  reincidente,  mais  de  três  quartos;  (2)  tenha
reparado,  salvo  impossibilidade  de  fazê­lo,  o  dano  causado  pela  infração. As  penas  que  correspondem a  infrações
diversas podem somar­se, para efeito do  livramento. O  libertado fica sob observação cautelar e proteção de serviço
social  penitenciário,  patronato,  conselho de comunidade ou entidades similares de que  trata o § 4.°,  do art.  698, do
Código de Processo Penal; 
­ Quando a periculosidade não é presumida por lei, deve ser reconhecido perigoso o agente: (a) se seus antecedentes
e  personalidade,  os  motivos  determinantes  e  as  circunstâncias  do  fato,  os  meios  empregados  e  os  modos  de
execução, a intensidade do dolo ou o grau da culpa, autorizam a suposição de que venha ou torne a delinqüir; (b) se, na
prática do fato, revela torpeza, perversão, malvadez, cupidez ou insensibilidade moral. Compete ao juiz que presidir a
instrução, salvo os casos de promoção, remoção, transferência ou aposentadoria, para os fins do disposto no § 5.°, do
art. 30, declarar a periculosidade do réu, valendo­se, para tanto, dos elementos de convicção constantes dos autos e
podendo  determinar  diligências.  O  juiz  poderá  dispor,  na  forma  da  lei  local,  de  funcionários  para  investigar,  coletar
dados  e  informações,  com  o  fim  de  instruir  o  requerimento  de  verificação  de  periculosidade.  A  pretensão  de
periculosidade  não  prevalece  se,  entre  a  data  do  cumprimento  ou  da  extinção  da  pena  e  o  crime  posterior,  tiver
decorrido período de tempo superior a dez anos, no caso do inciso I deste artigo, ou de cinco anos, nos outros casos. 
­ Extingue­se a punibilidade: pelo casamento da ofendida com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, salvo se
cometidos com violência ou grave ameaça e se ela não requerer o prosseguimento da ação penal no prazo de sessenta
dias a contar da celebração, e pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo; 
­ A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em  julgado para a acusação,  regula­se,  também, pela
pena aplicada e verificada nos mesmos prazos. A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, importa, tão­somente,
em renúncia do Estado à pretensão executória da pena principal, não podendo, em qualquer hipótese,  ter por  termo
inicial data anterior à do recebimento da denúncia; 
­ Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Linhas mestras da reforma de 1981, em relação à parte geral do Código Penal de 1940 
O anteprojeto de  lei modificado da parte geral do Código Penal, elaborado pela Comissão  instituída pela portaria n.°
1.043, de 27 de novembro de 1980, e mandado publicar para receber sugestões em 18 de fevereiro de 1981, busca, na
parte geral, viabilizar a imediata remodelação do sistema criminal brasileiro. 
Não  obstante  adote  o  mesmo  sistema,  há  inúmeras  modificações  principalmente  na  parte  referente  às  penas.  As
alterações  consistem,  ora  em  simples  aprimoramento  da  redação,  sem  que  se  modifique  o  sentido  das  normas
anteriores, ora na introdução de regras antes desconhecidas, quer alterando o conteúdo, quer suprimindo dispositivos
do Código de 1940. 
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Na parte referente a Aplicação da Lei Penal a Comissão procurou melhorar a redação de determinados dispositivos
penais em vigor, dando­lhes maior expressão, ou adaptando o texto de 1940 ao Código revogado de 1969, naquilo que
a reforma penal de 1967 não revisou. Quanto à apuração da benignidade, não se normatizou a combinação da lei nova
com  a  revogação,  mandando  que  fossem  consideradas  separadamente,  cada  qual  no  conjunto  de  suas  normas
aplicáveis ao fato. Tal dispositivo, repetindo o já constante na legislação penal militar (art. 2.°, § 2.°, CPM), solucionaria
divergências doutrinárias e vacilações jurisprudenciais. 
No tocante a Territorialidade foram incluídos dois parágrafos, visando a figura do território nacional por extensão, e a
ampliação às aeronaves e aos navios. Outrossim, foi corrigido o texto para posicionar em dois dispositivos separados o
"lugar do crime" e o "tempo do crime", mantidas as mesmas posturas doutrinárias do Código Penal de 1940 e repetidas
no Código revogado de 1969; ligando o momento do crime ao tempo da ação ou omissão, ainda que diverso o momento
do resultado da consagração legislativa a teoria da atividade, dominante na doutrina. 
Em  relação  à  extraterritorialidade  faz  inserir  o  patrimônio  "de  empresa  pública,  sociedade  de  economia  mista,
autarquia  ou  fundação  instituída  pelo  Poder  Público",  como  também,  o  crime  de  genocídio,  quando  o  agente  for
brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
Em relação ao tratamento do crime, seguiu­se a mesma sistemática do Código Penal de 1969, corrigiu­se o texto na
parte que trata da relação de causalidade , especificando "por ação, o que tinha causado ou, por omissão, não tenha
impedido".  Fez  em  boa  hora  introduzir  normativamente  a  "  Relevância  da  omissão  "(  "A  omissão  é  penalmente
relevante, quando o omitente devia e podia agir para o resultado. O dever de agir  incumbe a quem: (a)  tenha por  lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (c)
com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência"). 
Há  inovação no projeto de Reforma de 1981, em relação ao arrependimento posterior. Repete­se o  texto do Código
revogado de 1969 sobre a excepcionalidade do crime culposo sob a rubrica de " Agravação pelo resultado ". Fica,
através de  tal  artigo,  resolvida a  controvérsia acerca dos  crimes qualificados pelo  resultado,  tidos por alguns  como
hipóteses de agravação da pena por mera responsabilidade objetiva, ou seja, pela simples ligação causal entre a ação
e o resultado mais grave, não querido nem consentido, e considerados por outros como hipóteses de responsabilidade
a  título  de  preterdolo,  através  da  exigência  de  que,  ao  antecedente  doloso,  seja  aliado  um  conseqüente  culposo,
consistente na possibilidade de prever a realização do resultado mais grave. 
A Comissão efetivamente inova no tratamento específico do erro. Realmente, faz corrigir os equívocos do Código de
1940 e que não foram objeto de atenção pelo de 1969 ou pela reforma de 1977. Assim, cria a figura do " Erro sobre
elemento do tipo ", e do " Erro sobre a ilicitude do fato ", prevendo normativamente a balizamento da evitabilidade. 
Prevê, o anteprojeto de 1981, a figura da " Exclusão de ilicitude ", numa correta sistematização doutrinal, corrigindo­se
algumas imperfeições do texto originário sem alterar o conteúdo. É corrigido o título em relação a Imputabilidade Penal
. Segue­se, conforme a orientação do Código revogado de 1969, no tocante à embriaguez as formas de  isenção de
pena ou de redução facultativa , da mesma. 
No  que  concerne  ao  concurso,  a  Comissão  ao  chamá­lo  de  Concurso  de  Pessoa,  introduz  na  co­autoria  a
responsabilidade na medida da culpabilidade ; se a participação for de menos importância, a pena pode ser diminuída
de 1/6 a 1/3. 
A Comissão faz introduzir grandes modificações na parte referente às penas. Assim, propõe que no sistema repressivo
passem  a  constituir  as  seguintes  espécies  de  penas:  (a)  privativas  de  liberdade;  (b)  restritivas  de  direitos;  (c)
patrimoniais. Pelo anteprojeto de lei de Execução Penal , o juiz fixará na sentença o tempo de duração da pena de
prestação de serviços à comunidade , cabendo ao juiz da execução, após o trânsito em julgado, indicar a entidade ou
programa comunitário junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com suas aptidões. Serão
fixados os dias da semana em que será cumprida a pena, sendo que aos sábados, domingos e feriados, a prestação de
serviços teria a duração de quatro horas por dia. A ausência injustificada à entidade ou programa, no qual o condenado
deva prestar serviço, determinará a conversão em pena privativa de liberdade. 
Na  aplicação  da  pena  faz  introduzir,  como  parâmetro  ao  juiz,  o  comportamento  da  vítima,  e  nas  circunstâncias
agravantes faz retirar a letra "e" do art. 44 do CP de 1940 (" depois de embriagar­se propositadamente para cometê­
lo "). 
Na reincidência foi melhor disposta a figura legal englobando no inciso II os crimes propriamente militares ou políticos,
que tinham sido previstos em figura autônoma na reforma de 1977. 
A Comissão,  versando  a matéria  relativa  aos  " Limites das penas  ",  estabelece  duas  estratégias  importantes:  (a)
quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a trinta anos, devem elas ser
unificadas para  atender  ao  limite  máximo  fixado;  (b)  sobrevindo  nova  condenação  por  fato  posterior  à  unificação,
proceder­se­á  na  forma  deste  artigo  computando­se  para  esse  efeito  o  tempo  restante  da  pena  anteriormente
estabelecida.  Solucionou­se  a  perpetuidade  da  condenação  e  a  devolução  nas  penas  longas  da  prestação  ao
livramento condicional. 
Há  importante  inovação no  tratamento  da  reabilitação  ,  visto  que  passa  a  alcançar  quaisquer  penas  aplicadas  em
sentença definitiva, estinguindo os antecedentes criminais do acusado . Não constará da folha corrida, atestado ou
certidão fornecidos por autoridade policial ou por auxiliar de justiça, notícia ou referência a processo que se encerrou
com a aplicação de pena restritiva de direitos ou de pena patrimonial não cumulativa com pena privativa de liberdade, ou
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com a suspensão condicional da pena. 
Manteve a Comissão o título referente a Ação Penal que entendemos que deveria ficar restrita ao Código de Processo
Penal, dando melhor redação técnica ("ação de iniciativa privada") e tratando do perdão em figura autônoma. 
Finalmente, no que concerne ao título relativo à extinção da periculosidade , buscou­se reformar a figura do Código
revogado  de  1969.  Em  relação  à  prescrição  no  caso  de multas,  incluiu­se  o  prazo  de  dois  anos,  quando  aplicada,
isoladamente, a pena de aprendizado compulsório, bem como às penas restritivas de direito, não aplicáveis os mesmos
prazos das penas privativas de liberdade. 
No cômputo geral, as modificações propostas procuraram melhorar a sistemática estrutural do Código de 1940 face à
realidade sócio­cultural num projeto mais liberalizante e humanitário. 
A reforma do sistema penal (Lei n.° 7.209, de 11­7­84) 
Após o  insucesso da tentativa de reforma do Código Penal, o Chefe do Executivo, pela portaria n.° 1.043, de 27­11­
1980, instituiu uma comissão para a elaboração de um anteprojeto de lei de reforma da Parte Geral do Código Penal de
1940. Presidida por Francisco de Assis Toledo e constituída por Francisco Serrano Neves, Miguel Reale Junior, Renê
Ariel Dotti, Ricardo Antunes Andreucci, Rogério Lauria Tucci e Hélio Fonseca, a  comissão apresentou seu  trabalho
apoiado no princípio do nullumcrimen sine culpa e na idéia de reformulação do elenco tradicional das penas. Como
principais inovações podem ser citadas: 
1­ A reformulação do instituto do erro, adotando­se a distinção entre erro de tipo e erro de proibição como excludentes
da culpabilidade. 
2­ A norma especial referente aos crimes qualificados pelo resultado para excluir­se a responsabilidade objetiva. 
3­ A reformulação do capítulo referente ao concurso de agentes para resolver o problema do desvio subjetivo entre os
participantes do crime. 
4­ A extinção da divisão entre penas principais e acessórias e a criação das penas alternativas (restritivas de direito)
para os crimes de menor gravidade. 
5­ A criação da chamada multa reparatória. 
6­ O abandono do sistema duplo­binário das medidas de segurança e a exclusão da presunção de periculosidade. 
Em trabalho de revisão, para que se incorporasse material resultante dos debates havidos em torno do anteprojeto e
ainda sob a coordenação de Francisco de Assis Toledo e com a participação de Dínio de Santos Garcia, Jair Leonardo
Lopes  e  Miguel  Reale  Junior,  excluiu­se  do  anteprojeto  a  contestada  multa  "reparatória"  e  efetuaram­se  algumas
alterações de aperfeiçoamento do anteprojeto. Encaminhado ao Congresso o Projeto de Lei n.° 1.656­A, de 1983, foi ele
aprovado  sem  qualquer  modificação  de  vulto,  apesar  das  propostas  de  emendas  apresentadas  na  Câmara  dos
Deputados  e  no  Senado,  transformando­se  na  Lei  n.°  7.209,  de  11­07­84,  para  viger  seis  meses  após  a  data  da
publicação. 
A nova lei é resultado de um influxo liberal e de uma mentalidade humanista em que se procurou criar novas medidas
penais  para  os  crimes  de  pequena  relevância,  evitando­se  o  encarceramento  dos  seus  autores  por  curto  lapso  de
tempo.  Respeita  a  dignidade  do  homem  que  delinqüiu,  tratado  como  ser  livre  e  responsável,  enfatizando­se  a
culpabilidade como indispensável à responsabilidade penal. 
Em contrapartida, a insegurança resultante do progressivo aumento da violência urbana e da criminalidade em geral não
encontrou resposta na nova lei que, nesse passo, apenas possibilitou ao juiz a aplicação de penas mais elevadas nos
crimes  continuados  praticados  com  violência  ou  ameaça.  Parece­nos  criticável  também  o  repúdio  ao  critério  da
periculosidade  e  á  ausência  da  distinção  entre  criminosos  perigosos  e  não  perigosos  como  tema  básico  para  a
aplicação  e  execução  das  penas  e  medidas  de  segurança  (  a  lei  não  se  refere  praticamente  à  periculosidade  do
agente). Essa omissão, que só não ocorre quanto ao criminoso reincidente, pode dificultar ainda mais a repressão penal
como forma de defesa social. 
Não se assegurou assim a harmônica conciliação da defesa dos interesses sociais com a preservação dos direitos e
garantias  individuais,  que  devia  integrar  a  reforma  conforme  a  "carta  de  princípios"  Formulada  pelo  1.°  Congresso
Brasileiro de Política Criminal e Penitenciária, realizado em Brasília. Isso Já levou à afirmação de que, "sob qualquer
ângulo que se encare o problema da expansão alarmante da criminalidade, a reforma da legislação substantiva ganha
pouca relevância". 
CRONOLOGIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO 
IMPÉRIO 
CÓDIGO CRIMINAL, DE 1830. 
REPÚBLICA 
25/02/2016 História do Direito Penal Brasileiro ­ Doutrinas UJ
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/884/historia_do_direito_penal_brasileiro 14/14
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­CÓDIGO PENAL, DE 1890. 
­CONSOLIDAÇÃO LEI PENAL (1932). 
­CÓDIGO PENAL, DE 1940. 
­CÓDIGO PENAL, DE 1969. 
­CÓDIGO PENAL, DE 84/85. 
Bibliografia 
­BRANCO, Vitorino Prata Castelo. Aulas de Direito Penal (4.ªAula; pág. 44­49); 
­COSTA, Álvaro Mayrink da. Direito Penal (Capítulo 2; pág. 39­92); 
­GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal (Capítulo 5; pág.115­133); 
­NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal (pág. 54­59); 
­PIERANGELLI, José Henrique. Códigos Penais do Brasil­ Evolução Histórica ( pág. 319­325). 
Texto confeccionado por 
(1)Rodrigo Pereira Cuano 
(2)Rodrigo Pereira Cuano 
Atuações e qualificações 
(1)Estudante de Direito da Universidade Mackenzie
(2)Estudante de Direito da Universidade Mackenzie
Bibliografia:
CUANO, Rodrigo Pereira; CUANO, Rodrigo Pereira. História do Direito Penal Brasileiro. Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 06 de
jun. de 2001.
Disponivel em: < http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/884/historia_do_direito_penal_brasileiro >. Acesso em: 25 de fev. de 2016.
Renata  13/06/2013 13:33  +3
ERRATA: A lei de crimes militares não foi em 18 de setembro de 1851, mas sim em 18 de setembro de 1831.. :)
Sandra dos Santos Reis  31/03/2013 18:16 
Ótimo conteúdo desse resumo traz ampla possibilidade de assimilar datas,fatos e com linguagem clara de fácil compreensão inclusive
pelos mais leigos
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