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. CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS E FUNDAMENTOS DE CONTAMINAÇÃO 1.1 Fisiopatologia da contaminação cirúrgica A probabilidade de infecção depende de 3 fatores: 1) Carga bacteriana • Mais microrganismos = maior chance de ultrapassar barreiras imunes locais. • Corte > 10⁵ UFC por grama de tecido → risco súbito de ISC. 2) Virulência do patógeno • S. aureus adere facilmente a próteses. • Enterobactérias produzem endotoxinas → inflamação sistêmica. 3) Condição do hospedeiro • Diabetes → redução da quimiotaxia neutrofílica. • Tabagismo → vasoconstrição e hipóxia tecidual. • Desnutrição → diminui síntese de colágeno → deiscência. 1.2 Classificação das cirurgias (detalhada) Cirurgias limpas • Não entram em tratos colonizados. • Sem inflamação local. • PRÓTESES = risco muito elevado para biofilme → profilaxia essencial. Risco de ISC: 1–5% Potencialmente contaminadas • Envolvem trato digestivo, genital ou urinário com controle adequado. • Sem derramamento significativo. Risco: 5–10% Contaminadas • Abertura descontrolada de vísceras. • Feridas traumáticas recentes. • Inflamação local evidente. Risco: 10–20% Infectadas • Já existe pus, necrose, contaminação fecal ou peritonite. • Aqui NÃO é profilaxia → é TRATAMENTO antimicrobiano. 2. PROFILAXIA ANTIMICROBIANA — MECANISMOS, EVIDÊNCIA E PROTOCOLOS 2.1 Por que 30–60 minutos antes? A eficácia depende de atingir concentração tecidual acima da MIC no momento da incisão. • Cefazolina → pico em 30–45 min • Vancomicina → infundir devagar (60–120 min) → risco de Red Man Syndrome 2.2 Meia-vida e necessidade de redose Antibiótico Meia-vida Redose Motivo Cefazolina 1,8h 4h Perda pelo sangramento e por metabolismo hepático Cefoxitina 0,8–1,2h 2–3h Alta depuração Clindamicina 2–4h 6h Volume de distribuição Vancomicina 4–8h Avaliar Infusão lenta Redose sempre que: • Cirurgia > 4 h • Sangramento > 1500 mL • Hemodiluição > 20–30% 2.3 Protocolos por tipo de cirurgia (EXTRACOMPLETO) Pele, ortopedia, artroplastias • Cefazolina 2g (120 kg) • Redose a cada 4h Colorretal (alta carga anaeróbia) Opções: • Cefoxitina 2g • OU Cefazolina + Metronidazol • OU Ceftriaxona 2g + Metronidazol 500 mg Duração: dose única OU até 24h. Neurocirurgia • Cefazolina 2–3g Importante pela adesão de Staphylococcus epidermidis a implantes/placas. Cesárea • Cefazolina após clampeamento do cordão Evita exposição fetal ao antibiótico. Cardíaca • Cefuroxima 1,5 g • Manter até 48h se uso de CEC (risco maior de mediastinite) 2.4 Alergia a β-lactâmicos — abordagem profissional Perguntas obrigatórias: 1. Foi anafilaxia? 2. Urticária? Broncoespasmo? Choque? 3. Ou foi apenas rash leve durante infecção viral? Se não foi IgE mediada, cefazolina ainda pode ser usada. Se foi reação grave: • Clindamicina + gentamicina • Vancomicina se risco para MRSA 3. INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO (ISC) — DIAGNÓSTICO PROFUNDO Tipos de ISC 1. Superficial: pele e subcutâneo 2. Profunda: fáscia e músculo 3. De órgão/espaço: anastomoses, cavidades, etc. Sinais precoces (realmente úteis) • Dor fora de proporção ao pós-operatório esperado • Edema tenso e quente • Eritema que progride > 2 cm por dia • Drenagem purulenta • Febre entre o 3º–5º dia (não no 1º dia!) Avaliação laboratorial • PCR extremamente útil para acompanhamento • Lactato se suspeita de sepse • TC com contraste em suspeita de abscesso profundo 4. DRENOS, SONDAS E TUBOS — INDICAÇÕES, TÉCNICA E ERROS 4.1 Drenos — quando usar (e quando NÃO usar) Indicações verdadeiras • Coleção que NÃO drena espontaneamente • Risco de hematoma perigoso (grande dissecção) • Anastomoses de alto risco Contraindicações práticas • Para “segurança” → NÃO usar • Em pequenas coleções já drenadas • Para substituir boa hemostasia 4.2 Tipos de drenos (explicação aprofundada) Drenos abertos (Penrose) • Gravidade depende do gradiente de pressão • Alto risco de infecção Usar apenas quando há drenagem de cavidades infectadas Drenos fechados (Portovac, Blake, Jackson-Pratt) • Pressão negativa suave • Menos infecção Ideais para pós-operatório limpo Dreno de tórax Dois sistemas: • Selo d’água (pneumotórax simples) • Selo + aspiração (pneumotórax persistente, hemotórax, empiema) 5. SÍNTESE CIRÚRGICA — CIÊNCIA, FIOS, AGULHAS E TÉCNICA PROFISSIONAL 5.1 Biologia da cicatrização (explicada de verdade) Fase inflamatória (0–72 h) • Neutrófilos → limpeza • Macrófagos → GF (TGF-β, PDGF) Fase proliferativa (3–21 dias) • Fibroblastos → colágeno tipo III • Aumento da força tensional Fase de remodelação (21 dias → meses) • Colágeno tipo I substitui tipo III • Força final = 70–80% do original 5.2 Escolha de fios (com profundidade) Fio Monofilamento? Absorção Força Durável Indicação racional Catgut NÃO Rápida Baixa Quase obsoleto Vicryl NÃO 60–70 dias 2–3 semanas Subcutâneo / mucosa Monocryl SIM 90–120 dias 1–2 semanas Intradérmico de pele PDS SIM 180 dias 6 semanas Fáscia, alta tensão Nylon SIM Permanente Alta Pele (retirável) Prolene SIM Permanente Alta Vasos, tendões, pele 5.3 Técnicas modernas de síntese • Simples separado = mais seguro • Donnati = alta tensão • Intradérmica contínua = resultado estético • Cola cirúrgica para pequenas lacerações 6. ANESTÉSICOS LOCAIS — FARMACOLOGIA, DOSES E MANEJO DE LAST 6.1 Como funcionam? Bloqueiam canais de sódio → impedem despolarização → não há transmissão da dor. Fibras mais sensíveis: 1. Simpáticas (B) 2. Dor/temperatura (Aδ, C) 3. Motoras (Aα) 6.2 Doses máximas SEGURAS Anestésico Dose sem vaso Dose com vaso Lidocaína 4,5 mg/kg 7 mg/kg Bupivacaína 2 mg/kg — Ropivacaína 3 mg/kg — 6.3 LAST — algoritmo clínico real 1) Reconhecer sinais precoces • Sabor metálico • Zumbido • Formigamento perioral • Agitação 2) Convulsão • Midazolam 0,05–0,1 mg/kg 3) Suporte cardiovascular • ACLS (evitar vasopressores em altas doses) 4) Tratamento definitivo EMULSÃO LIPÍDICA 20% • Bolus: 1,5 mL/kg • Infusão: 0,25 mL/kg/min • Repetir bolus x 2 se necessário 7. MANEJO PERIOPERATÓRIO — COMPLETO E MODERNO 7.1 Avaliação pré-operatória avançada • ASA não prediz risco sozinho → combinar com RCRI • Anemia é fator independente de mortalidade ← tratar com ferro EV, EPO, transfusão seletiva 7.2 Controle glicêmico Meta ideal: • 140–180 mg/dL Evita hipoglicemia e reduz mortalidade. 7.3 Profilaxia para TEV (Caprini) • Escore > 5 = ALTO RISCO → HBPM + compressão 7.4 ERAS/ACERTO — fisiologia aplicada • Jejum reduzido → evita resistência insulínica • Carboidrato pré-op → reduz cortisol e glicemia • Analgesia multimodal → preserva motilidade intestinal • Deambulação precoce → reduz atelectasia e TEV • Dieta precoce → reduz sepse abdominal 8. CONSENTIMENTO INFORMADO — COMPLETO Deve incluir: • Diagnóstico • Procedimento • Riscos comuns e RISCOS GRAVES (mesmo raros) • Alternativas • A possibilidade de reoperação • Uso de sangue e hemoderivados • Assinaturas Em emergência: → documentar justificativa detalhadamente. 9. CASOS CLÍNICOS AVANÇADOS Caso 1 — Artroplastia com colonização por MRSA Conduta correta: • Vancomicina 15 mg/kg (infusão lenta 2 h) • Ideal: descolonização com mupirocina 5 dias antes Caso 2 — Apendicite perfurada • Aqui NÃO é profilaxia • É TRATAMENTO • Piperacilina-tazobactam ou Ceftriaxona + Metronidazol • Drenagem + antibiótico 4–7 dias Caso 3 — Vazamento de anastomose colorretal no 4º dia Sinais: • Taquicardia > 120 • Febre • Dor abdominal intensa • PCR > 140 Conduta: • Tomografia → drenagem percutânea se localizada • Antibiótico amplo • Reoperação se instável 10. CHECKLIST CIRÚRGICO PROFISSIONALAntes da indução: • Identificação • Alergias • Via aérea difícil? • Profilaxia antibiótica administrada? Antes da incisão: • Equipe alinhada • Cirurgia confirmada • Exames revisados • Material e próteses presentes Antes de sair da sala: • Contagem • Nome do procedimento • Avaliação de riscos para pós-op • Plano de analgesia e retirada de drenos Pronto! 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