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Gêneros Textuais: Tipos e Gêneros

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12/08/2015 2. Gêneros Textuais
https://servicos.ulbra.br/conteudo/files/disciplinas/990101/conteudo/aula_2.html 1/17
Introdução
Após  a  abordagem  do  primeiro  capítulo,  Ler  e  compreender,
continuaremos nossos estudos sobre a leitura de  diferentes tipos
de texto. Espera­se que o trabalho com a leitura, a compreensão e
a produção escrita em Língua Materna deva focalizar, em primeiro
lugar,  o  desenvolvimento  de  habilidades  do  aluno,
proporcionando­lhe  a  capacidade  de  empregar  um  número
crescente de  recursos da  língua para produzir efeitos de sentido
de  forma  adequada  a  cada  situação  específica  de  interação
humana. Assim, neste capítulo,  iremos abordar o Gênero Textual
e a Tipologia Textual, mas, aguarde, antes, devemos relembrar o
que é texto. 
Nos  estudos  da  linguagem,  texto  é  o  centro  de  interesse  de
estudos  e  de  correntes  lingüísticas  e  constitui­se  na  unidade  de
comunicação  empírica;  designa  uma  unidade  lingüística
organizada  e  a  sensação  de  coerência  centrada  no  receptor  do
texto.
É por meio do  texto que as pessoas se comunicam e  todo  texto
pertence  a  um  gênero,  não  se  confundindo  texto  com  gênero.
Para  lembrar,  texto  é:  unidade;  singular;  concreto;  empírico.
Possui  começo  e  fim.  São  textos:  a  Bíblia,  o  Hino  Nacional,  a
Carta  de  Pero  Vaz  de  Caminha,  o  poema  Vozes  d’África,  uma
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placa de trânsito. Veja que não  há limite  de tamanho do texto, o
qual pode ser constituído por apenas uma palavra, PARE; por um
verso, OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS...; ou
assumir dimensões bem maiores, como um livro.
Para Bakhtin[1], um texto termina quando o enunciador considera
sua  produção  verbal  suficiente,  que  se  concretiza  por  meio  de
uma  concordância,  adesão,  objeção,  execução,  etc.  Pois  todo
texto pressupõe uma resposta, conforme o mesmo lingüista.
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TIPOS DE TEXTO
O  professor  e  teórico  Luiz  Carlos  Travaglia  destaca  que  são  os
tipos  que  entram  na  composição  da  grande  maioria  dos  textos.
Para ele, a questão dos elementos tipológicos e suas implicações
com o ensino/aprendizagem merece maiores discussões.
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Já Marcuschi afirma que tipos de texto são sequências, partes que
organizam  os  textos.    Os  gêneros  passam,  inevitavelmente,  por
um processo de progressão, são textos completos. Já os tipos de
discurso  integram  os  textos  e,  por  isso,  são  considerados
segmentos textuais. É importante destacar que são raros os textos
constituídos por apenas um tipo de discurso.
O estudo com Gênero Textual    realiza necessariamente uma ou
mais seqüências tipológicas e todos os tipos inserem­se em algum
gênero textual.
O  ensino  de  produção  de  textos,  antes  realizado  de  forma
homogeneizada,  como se  todos os  tipos de  texto  fossem  iguais,
hoje,  é  praticado  sobre  a  trilogia:  narração,  descrição  e
dissertação.
O  ensino­aprendizagem  de  leitura,  compreensão  e  produção  de
texto na perspectiva dos gêneros possibilita uma reflexão sobre as
diferentes  modalidades  textuais,  orais  e  escritas,  de  uso  social.
Assim,  o  espaço  da  sala  de  aula  pode  ser  transformado  em
verdadeira oficina de textos, sendo, pois, viabilizado pela adoção
de estratégias, como enviar uma carta ou bilhete para um colega
de  outra  sala,  escrever  um  cartão  e  ofertar  a  alguém,  elaborar
uma proposta de trabalho e enviar para a Diretoria de escola, etc.
Essas  atividades  permitem  a  participação  direta  dos  alunos  de
uma turma, assim como a socialização com outras pessoas.
A avaliação de  tais  produções desloca  seu  foco para o  seguinte
ponto:  o  bom  texto  não  é  aquele  que  apenas  apresenta
características  literárias,  mas  o  que  é  adequado  à  situação
comunicacional  para  a  qual  foi  produzido,  como  a  escolha  do
gênero, da estrutura, do conteúdo, do estilo e do nível de  língua;
se estão adequados e podem cumprir a finalidade do texto. Assim,
a tendência é o abandono dos critérios quase que exclusivamente
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literários ou gramaticais, privilegiando a totalidade do texto.
Agora  que  lembramos  o  que  significa  texto  e  quais  os  tipos
existentes, temos outra questão, você sabe o que significa Gênero
textual? Vejamos.
GÊNERO TEXTUAL
O  gênero  textual  existe  desde  quando  o  homem  começou  a  se
comunicar,  valendo­se  das  línguas  naturais.  Para  melhor
compreensão,  é  importante  acompanhar  o  desenvolvimento
histórico, muito bem explicitado por Todorov[3].
Todorov ao explicar a gênese dos gêneros afirma que o conceito
de gênero era o mesmo de gênero literário, referindo a existência
primordial  desse,  desde  as  clássicas  cantigas,  odes,  sonetos
tragédias e comédias.
A  voz:  pode­se  perceber  que  o  primeiro  poema,  Cantiga  da
Ribeirinha,  escrito  em  Língua  Portuguesa,  com  expressões
arcaicas,  possui  como  tema o  amor. O Soneto de  fidelidade,  de
Vinícius de Moraes, escrito em Língua Portuguesa, é moderno, e
ambos  têm  em  comum  a  temática  do  amor.  Note  a  linguagem
específica de cada poema, os respectivos títulos, a forma. Ambos
são  poemas  e  pertencem  ao  mesmo  gênero  textual,  mas  são
escritos de modo diferente.
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Cantiga da Ribeirinha
Paio Soares de Taveirós
No  mundo  non  me  sei
Soneto De Fidelidade
Vinícius De Moraes
De tudo, ao meu amor serei atento
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parelha,
Mentre  me  for  como  me
vai,
Cá  já  moiro  por  vós,  e  ­
ai!
Mia  senhor  branca  e
vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando  vos  eu  vi  em
saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E,  mia  senhor,  des
daqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz,  e  bem  vos
semelha
Dhaver  eu  por  vós
guarvaia,
Pois  eu,  mia  senhor,
dalfaia
Nunca de vós houve nem
Antes,  e  com  tal  zelo,  e  sempre,  e
tanto
Que  mesmo  em  face  do  maior
encanto
Dele  se  encante  mais  meu
pensamento
Quero  vivê­lo  em  cada  vão
momento
E  em  seu  louvor  hei  de  espalhar
meu canto
E  rir  meu  riso  e  derramar  meu
pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E  assim  quando  mais  tarde  me
procure
Quem  sabe  a  morte,  angústia  de
quem vive
Quem sabe a solidão,  fim de quem
ama
Eu  possa  lhe  dizer  do  amor  (que
tive):
Que  não  seja  imortal,  posto  que  é
chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
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hei
Valia dua correa.[4]
Ainda,  na  visão  histórica,  o  lingüista  Marcuschi  divide  em  cinco
fases  a  evolução  dos  gêneros  dos  textos,  como  podemos
confirmar a baixo:
­ a primeira compreende os povos primitivos de cultura oral;
­  a  segunda,  inicia­se  com  a  invenção  da  escrita,  no  século  VII
a.C., surgindo os gêneros típicos da língua escrita;
­  a  terceira,  desenvolvimentos  dos  textos  impressos,  no  século
XV;
­ a quarta, a partir do século XVIII, inicia a industrialização;
­ a quinta, atual, é da cultura eletrônica, vivemos uma explosãode
novos  gêneros  e  novas  formas  de  comunicação,  tanto  na  forma
oral como na escrita.
O  rádio,  a  televisão,  o  telefone,  a  mídia  impressa  e  a  internet
provocaram  o  surgimento  de  novos  gêneros  ou,  pelo  menos,  a
reorganização de gêneros já existentes.
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RECURSO  III  –  Interativo  Clica  na  figura  (vários  recortes
midiáticos) e abre vídeos e imagens.
Você, caro aluno, poderá perguntar se os gêneros são concretos
como  os  textos.  A  explicação  é  clara:  o  texto  é  uma  entidade
concreta  que  se  materializa  em  algum  gênero.  Sob  essa
perspectiva, o gênero é abstrato, virtual, variável,  instável que se
distingue  de  outros  dependendo  do  canal,  estilo,  conteúdo,
composição e função.
Memorize: chega­se ao gênero a partir do texto.
Já o professor Luiz Carlos Travaglia refere que o Gênero Textual
se caracteriza por exercer uma função social específica. Para ele,
essas  funções  sociais  são  pressentidas  e  vivenciadas  pelos
usuários, ou seja,  intuitivamente, sabemos que gênero empregar
em momentos específicos de interação, conforme a função social.
Nessa  perspectiva,  tomemos  como  exemplo  a  escrita  do  e­mail,
gênero bastante utilizado em diversas áreas
Quando  escrevemos  um  e­mail,  por  exemplo,  sabemos  que  tal
tipo de texto pode apresentar características de funcionamento, de
acordo,  com  o  destinatário.  Escrever  um  e­mail  para  um  amigo
não é o mesmo que escrever um e­mail para o Departamento de
Recursos Humanos de uma empresa para marcar uma entrevista
de emprego.
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SUBGÊNERO DE TEXTO
Os gêneros  textuais  aceitam subdivisões,  pormenorizações mais
refinadas, dando origem, então, a subgêneros. Estes  incorporam
os  traços  mais  gerais  dos  gêneros,  aos  quais  somam
especificidades  que  comportam  o  surgimento  de  subdivisões.  A
necessidade  de  se  criar  uma  subclassificação  decorre  da
multiplicidade de espécies de textos que a comunidade discursiva
manipula.
Por  exemplo,  podemos  destacar  as  receitas  culinárias,  as  quais
abrangem  receitas  de  bolo,  de  pudim,  de musse,  de  salada,  de
carne,  etc.  Tais  gêneros  comportam  subdivisões,  isto  é,
subgêneros  de  textos,  assim:  bolo  de  milho,  de  chocolate,  de
laranja, de baunilha; pudim de leite, de café, de queijo; musse de
morango,  de  maracujá,  de  limão,  de  doce  de  leite;  salada  de
batata,  de  rúcula,  de  alface  americana,  de  tomate,  de  cebola;
carne de panela, assada, churrasco, picadinho, etc.
Gênero Subgênero
CORRESPONDÊNCIA CARTA PESSOAL
CARTA COMERCIAL
RELATÓRIO DE VIAGEM
DE VISITA
SEMANAL
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QUINZENAL
MENSAL
DE ESTÁGIO
OFÍCIO INTERNO
EXTERNO
MISTO
Do mesmo modo, em todas as demais categorias, há subdivisões.
INTERTEXTUALIDADE
Note  que  dificilmente  são  encontrados  tipos  puros  de  texto.  Em
uma bula de  remédio, por exemplo, há várias  tipologias,  como a
descrição, a injunção e a predição. Travaglia afirma que um texto
é definido dentro de um tipo em função de sua dominância, isto é,
do  tipo  de  interlocução  que  se  pretende  estabelecer  e  que  se
estabelece.
Caro aluno, é  importante observar o seguinte: um  texto pode  ter
aspecto de um gênero, mas  ter sido construído em outro, a  isso
chama­se  intertextualidade.  Ocorre  que  um  tipo  pode  ser
empregado no lugar de outro, criando, desse modo, determinados
efeitos de sentido.
MISSA DO GALO[6]
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Nunca  pude  entender  a  conversação  que  tive  com  uma
senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela  trinta. Era
noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa
do  galo,  preferi  não  dormir;  combinei  que  eu  iria  acordá­lo  à
meia­noite.
A  casa  em  que  eu  estava  hospedado  era  a  do  escrivão
Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de
minhas  primas  A  segunda mulher,  Conceição,  e  a  mãe  desta
acolheram­me bem quando vim de Mangaratiba para o Rio de
Janeiro, meses  antes,  a  estudar  preparatórios.  Vivia  tranqüilo,
naquela  casa  assobradada  da  Rua  do  Senado,  com  os meus
livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena,
o  escrivão,  a  mulher,  a  sogra  e  duas  escravas.  Costumes
velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos;
às dez e meia a casa dormia.
[...]
Boa Conceição! Chamavam­lhe  "a  santa",  e  fazia  jus ao  título,
tão  facilmente  suportava  os  esquecimentos  do  marido.  Em
verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem
grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato,
dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências
salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado
e  passivo. O  próprio  rosto  era mediano,  nem  bonito  nem  feio.
Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de
ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não
soubesse amar.
[...]
Tinha  comigo  um  romance,  Os  Três  Mosqueteiros,  velha
tradução creio do Jornal do
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Comércio. Sentei­me à mesa que havia no centro da sala, e à
luz  de  um  candeeiro  de  querosene,  enquanto  a  casa  dormia,
trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D'Artagnan e  fui­me
às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de
Dumas.  Os  minutos  voavam,  ao  contrário  do  que  costumam
fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase
sem dar por elas, um acaso.
[...]
— Quando ouvi os passos estranhei: mas a senhora apareceu
logo.
— Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos
Mosqueteiros.
— Justamente: é muito bonito.
— Gosta de romances?
— Gosto.
— Já leu a Moreninha?
— Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
— Eu  gosto muito  de  romances, mas  leio  pouco,  por  falta  de
tempo. Que romances é que você tem lido?
— Que velha o que, D. Conceição?
[...]
Explicação:  cada  expressão  contém  vários  significados,  mas
quando inserida em certo texto, relaciona­se com outras palavras
e expressões, e o texto, então, assume significação própria.
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Resumindo:
a)  intertextualidade  intergêneros  =  um  gênero  com  a  função  de
outro. Exemplo:  uma crônica com a função de carta.
Crônica de um amor anunciado
Martha Medeiros
Toda  pessoa  apaixonada  é  um  publicitário  em  potencial.  Não
anuncia  cigarros,  hidratantes  ou  máquinas  de  lavar,  mas
anuncia seu amor, como se vivê­lo em segredo diminuísse sua
intensidade.
O  hábito  começa  na  escola.  O  caderno  abarrotado  de  regras
gramaticais,  fórmulas matemáticas  e  lições  de  geografia,  e  lá,
na  última  página,  centenas  de  corações  desenhados  com
caneta vermelha. Parece aula de ciências, mas é  introdução à
publicidade.  Em  breve  se  estará  desenhando  corações  em
árvores,  escrevendo atrás  da porta  do banheiro  e  grafitando a
parede do corredor: Suzana ama João.
A partir de uma certa  idade, a veia publicitária  vai  tornando­se
mais  discreta.  Já  não  anunciamos  nossa  paixão  em  muros  e
bancos  de  jardim.  Dispensa­se  a  mídia  de  massa  e  parte­se
para o  telemarketing. Contamos por  telefone mesmo,  para um
público  selecionado,as  últimas  notícias  da  nossa  vida  afetiva.
Mas alguns não  resistem em seguir  propagando  com alarde o
seu amor. Colocam anúncios de verdade no  jornal, geralmente
nos classificados: Kika,  te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo,
não  me  deixe  por  essa  loira  de  farmácia.  Joana,  foi  bom  pra
você também?
O  grau  máximo  de  profissionalismo  é  atingido  quando  o
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apaixonado  manda  colocar  sua  mensagem  num  outdoor  em
frente  a  casa  da  pessoa  amada.  O  recado  é  para  ela, mas  a
cidade inteira fica sabendo que alguém está tentando recuperar
seu  amor.  Em  grau  menor  de  assiduidade,  há  casos  em  que
apaixonados  mandam  despejar  de  um  helicóptero  pétalas  de
rosas no endereço do namorado, ou gastam uma  fortuna para
que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu.
A criatividade dos amantes é infinita.
O  amor  é  uma  coisa  íntima,  mas  todos  nós  temos  a
necessidade  de  torná­lo  público.  É  a  nossa  vitória  contra  a
solidão.  Assim  como  as  torcidas  de  futebol  comemoram  seus
títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também
alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém
que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo
não  sendo  adepta  do  estardalhaço, me  consterno  por  aqueles
que  amam  escondido,  amam  em  silêncio,  amam
clandestinamente.  Mesmo  que  funcione  como  fetiche,  priva  o
prazer de ter um amor compartilhado.
http://pensador.uol.com.br/anuncio_publicitario_com_rimas
b)  heterogeneidade  tipológica  =  um  gênero  com  a  presença  de
vários  tipos.  Exemplo:  história  em  quadrinhos  com  diálogos,
descrições e reflexões.
Marcuschi  afirma  que  os  gêneros  constituem­se  em  artefatos
culturais construídos historicamente pelo ser humano. Segundo o
teórico, um gênero pode continuar sendo determinado gênero sem
possuir certa propriedade.
O texto da voz será enviado posteriormente.
Ainda que o autor da carta pessoal não tenha assinado seu nome
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ao final, ela continuará sendo carta, graças às suas propriedades
necessárias e suficientes.
Outro  exemplo:  um  texto  publicitário  pode  ter  o  formato  de  um
poema  ou  mesmo  de  uma  lista  de  compras.  Importa  que  a
publicidade  divulgue  o  produto  a  ser  divulgado,  estimulando
clientes e ou usuários à compra do produto.
[1]  BAKHTIN,  Mikhail.  Estética  da  criação  verbal.  São  Paulo:
Martins Fontes, 1992.
[2]  MAINGUENEAU,  Dominique.  Análise  de  textos  de
comunicação. São Paulo: Cortez, 2002.
[3]  TODOROV,  Tzvetan.  Os  gêneros  do  discurso.  São  Paulo:
Martins Fontes, 1980.
[4] VOCABULÁRIO: Nom me sei  parelha:  não  conheço ninguém
igual a mim. 
Mentre: enquanto. 
Ca: pois. 
Branca  e  vermelha:  a  cor  branca  da  pele,  contrastando  com  o
vermelho do rosto, rosada. 
Retraya: descreva, pinte, retrate. 
En saya: na intimidade; sem manto. 
Que: pois. 
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Des: desde. 
Semelha: parece. 
D’haver eu por vós: que eu vos cubra. 
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
Alfaya: presente. 
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.
[5]  MARCUSCHI,  Luiz  Antonio.  Lingüística  de  texto:  o  que  é  e
como se faz. Debates 1. Recife: UFP, 1986.
[6]http://www.bibvirt.futuro.usp.br

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